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2018.1 FILOSOFIA DO DIREITO Prof. Felipe Jacques

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PROGRAMA DO CURSO 
1ª UNIDADE 
Nº1 - CONCEPÇÕES DE FILOSOFIA, CIÊNCIA E FILOSOFIA DO DIREITO 
Nº2 - VISÃO CÓSMICA DO MUNDO – FILOSOFIAS CLÁSSICAS 
→ SOFISTAS 
→ PRÉ-SOCRÁTICOS 
→ SÓCRATES 
→ ARISTÓTELES 
Nº3 - VISÃO CRISTA DO MUNDO – FILOSOFIAS CRISTA 
→ SANTO AGOSTINHO 
→ SÃO TOMAS DE AQUINO 
Nº4 - ESCOLA CLÁSSICA DO DIREITO NATURAL – FILOSOFIAS 
JUSNATURALISTA 
Nº5 - VISÃO BURGUESA DE MUNDO – IDEOLOGIA ILUMINISTA 
Nº6 - A QUESTÃO DO CONHECIMENTO – CRITICISMO DE KANT 
Nº7 - VISÃO CRÍTICA DO MUNDO – FILOSOFIA MARXISTA 
Nº8 - POSITIVISMO JURÍDICO – NORMATIVISMO DE HANS KELSEN 
Nº9 - CONCEPÇÕES SISTÊMICAS E EXTRA SISTÊMICAS 
Nº 10 - CONCEPÇÕES PÓS-POSITIVISTAS 
 
2ª UNIDADE 
Nº 1 - DIREITO E JUSTIÇA 
Nº 2 - DIREITO, MORAL E ÉTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FILOSOFIA, CIÊNCIA E FILOSOFIA DO DIREITO 
 
1. CONCEITO DE FILOSOFIA – O QUE É FILOSOFIA 
O professor Felipe Jacques, inicia o curso nos indagando o que é filosofia? 
Várias definições foram traçadas pelos alunos, tais como “a filosofia é o amor à 
sabedoria”, “a filosofia é uma forma de pensamento” etc. 
Para o professor a filosofia pode ser definida como “o ato de questionar o 
objeto em busca da verdade”. 
 
 
 
Observando Marilena Chauí, na obra Convite à Filosofia, a Filosofia não se 
confunde com Ciência, mas pode ser entendida como reflexão crítica sobre os 
procedimentos e conceitos científicos, pois se trata de um saber que é 
cronologicamente anterior ao surgimento da própria ciência; não é tampouco Religião, 
antes, porém reflexão crítica sobre as origens e formas das crenças religiosas; não se 
reduz à Arte, mas se vê diante de uma reflexão crítica sobre os conteúdos, formas, 
significações da obra de arte e do trabalho artístico; também não pode ser considerada 
Sociologia ou Psicologia, mas reflexão crítica sobre os fundamentos dessas ciências 
humanas de suma importância; a Filosofia não se limita à esfera Política, mas se 
configura como possível interpretação, compreensão e reflexão sobre a origem, a 
natureza e as formas do poder; por fim, Filosofia não é História, e sim interpretação 
do sentido dos acontecimentos enquanto inseridos no tempo e no espaço e a 
compreensão do que seja o próprio tempo. A Filosofia está na história, pois é produto 
cultural do homem; um saber do homem situado. A Filosofia busca desvelar as 
interpretações e limites de cada época. 
ETIMOLOGIA 
A palavra filosofia vem do grego, philosophia (Φιλοσοφία). Philo 
vem de philia (φιλια), que significa amizade ou amor fraterno. Já 
sophia (σοφία ou Σοφία), vem de sophos (σοφός), que traduzido 
para nossa língua exprime sabedoria. O vocábulo filosofia significa 
amor pelo conhecimento, pela sabedoria ou pelo saber. O termo 
filosofia, foi criado pelo filósofo e matemático Pitágoras de Samos 
(570 a.C – 490 a.C). Ele foi um importante pensador pré-socrático. 
Pode-se então definir Filosofia como a fundamentação teórica e crítica dos 
conhecimentos e práticas. Trata-se de um saber que se preocupa com as origens, 
causas, forma e o conteúdo dos valores éticos, políticos, artísticos e culturais. O seu 
olhar observa com cuidado as transformações históricas, a consciência em suas 
várias modalidades: imaginação, percepção, memória, linguagem, inteligência, 
experiência, reflexão, comportamento, vontade, desejo, paixões; busca compreender 
as idéias ou significados gerais: realidade, mundo, natureza, cultura, história, 
subjetividade, objetividade, diferença, repetição, semelhança, conflito, contradição e 
mudança. O olhar filosófico se afasta das crenças, sentimentos, prejuízos, 
preconceitos; toma distância para interrogar e não aceitar as coisas passivamente. A 
Filosofia diz “não” ao senso comum, para indagar “o que é”, “como é” e “por que é” – 
momentos que constituem o pensamento crítico. O seu conhecimento se realiza por 
reflexão que se configura no momento em que o pensamento se volta para si mesmo 
a fim de indagar como é possível o próprio pensamento. Sua reflexão é radical, 
porquanto investiga a raiz, a origem de tudo o que existe. A Filosofia é um pensamento 
sistemático, o que significa dizer que não é mera opinião. Na verdade, a Filosofia 
segue uma lógica de enunciados precisos e rigorosos, opera com conceitos ou idéias 
obtidos por procedimentos de demonstração e prova. Assim, a Filosofia enquanto 
saber exige fundamentação racional do que é enunciado e pensado e deve formar um 
conjunto coerente de idéias racionalmente demonstráveis. 
Além do conceito oferecido, o professor destaca outros pontos que fazem parte 
de um conceito para o que vem a ser filosofia: 1ª a busca dos porquês, 2ª a busca 
da verdade, 3ª teoria sobre o objeto. 
OBS.: TALES DE MILETO - foi o primeiro a questionar a verdade. Isso porque, a partir 
do século VII a.C., os homens e as mulheres não se satisfazem mais com uma 
explicação mítica da realidade. O pensamento mítico explica a realidade a partir de 
uma realidade exterior, de ordem sobrenatural, que governa a natureza. O mito não 
necessita de explicação racional e, por isso, está associado à aceitação dos indivíduos 
e não há espaço para questionamentos ou críticas. É em Mileto, situado na Jônia 
(atual Turquia), no século VI a.C. que nasce Tales que, para a Aristóteles é o iniciador 
do pensamento filosófico que se distingue do mito. Tales propôs que a origem de 
tudo está relacionada à água. Não é estranho que Tales tenha pensado ser a água 
o elemento que deu origem a todas as coisas e o elemento sobre o qual a Terra está 
colocada, pois podemos encontrar umidade em quase tudo na natureza e observar a 
importância da água para a vida. Ao dizer que um elemento material deu origem a 
todas as coisas, Tales inaugurou esta nova forma de tentar responder sobre a gênese 
(início) do mundo. 
 
➢ TEORIA SOBRE O OBJETO 
Filosofar constitui-se na atitude de refletir, criticar e especular sobre as 
condições do ser humano e dos outros seres vivos, tendo em mente, principalmente, 
seus papéis no universo. Portanto, é o estudo e reflexão sobre o objeto. Desta 
maneira, a filosofia envolve todas as concepções de ciência, conhecimento e saber 
racional. O filósofo chega, então, às suas conclusões a partir de uma pesquisa interna, 
voltada para si. Ele se move por um sentimento de curiosidade. De uma perspectiva 
social, a filosofia não é uma forma de conhecimento em si, mas um comportamento, 
uma atitude natural das pessoas quanto a si próprias e ao mundo. 
 
2. DIVISÕES DA FILOSOFIA - COMO A FILOSOFIA SE DIVIDE? 
A filosofia é dívida em vários ramos, que incluem, por exemplo, lógica, a teoria, 
a prática etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FILOSOFIA
LÓGICA
FORMAL
MATERIAL
TEÓRIA
NATURAL
META-FISICA
PRÁTICA
ÉTICA
MORAL
DIREITO
DECOROESTÉTICA
➢ LÓGICA 
Derivada do grego (logos), quer dizer pensamento / estudo. É a ciência que 
estuda a funcionalidade dos métodos de pensamento, que tem uma origem 
matemática, visando uma exatidão no que seja um método, buscando, assim, 
diferenciar um pensamento ou método relativo de um pensamento exato e lógico. 
Pode-se dizer, sem equívocos, que a lógica é uma espécie de reguladora do 
pensamento, do bem pensar, ou seja, um pensamento (ou a busca dele) que visa à 
verdade, uma vez que a propriedade principal do conhecimento é essa, segundo a 
Filosofia. A lógica fundamenta-se em buscar a exatidão para que se criem métodos 
seguros de pensamento, uma vez que o pensar é a manifestação visível ou não do 
conhecimento e que o conhecimento é, em suma, a busca da verdade, independente 
do que seja essa verdade, conforme a linha de pensamentosque se exerce. 
 
LÓGICA FORMA 
É aquela que não precisa saber a substancia de cada 
elemento. 
LÓGICA MATERIAL 
É aquela que precisa saber a substancia dos elementos. 
Essa é a lógica que interessa ao direito. 
 
Para Miguel Reale a Lógica formal é o estudo das estruturas formais do 
conhecimento, ou do “pensamento sem conteúdo”, isto é, dos signos e formas 
expressionais do pensamento, em sua consequêncialidade essencial. No campo da 
Lógica formal, o que importa é a consequência rigorosa das proposições entre si, e 
não a adequação de seus enunciados com os objetos a que se referem. Já Lógica 
material tem por objeto o estudo dos diversos processos que devem disciplinar a 
pesquisa do real, de acordo com as peculiaridades de cada campo de indagação. 
 
➢ TEÓRICA 
A filosofia teórica é a parte da filosofia que analisa as grandes questões gerais 
sobre a estrutura da realidade e do conhecimento humano. Ela concentra seus 
estudos na natureza e na metafisica. 
NATUREZA 
Investiga os princípios e as causas dos seres ou coisas 
que existem na Natureza. A natureza e o homem se 
relacionam amplamente, cabendo a antropologia 
analisa as características do ser humano, explicando as 
peculiaridades humanas e seu destino. 
 
METAFISICA 
 
Considerar o ser enquanto ser (uma ontologia), isto é, 
simultaneamente, sua essência e os atributos que lhe 
pertencem enquanto ser. A metafísica tem como 
objetivo principal buscar a essência, a natureza 
específica de todas as coisas, fornecendo uma visão 
ampliada e dinâmica do mundo, que reúna os diversos 
aspectos da realidade, estudando além do que a 
experiência sensorial possa descrever, transcendendo 
o que o podemos ver ou tocar. Ou seja, estuda coisas 
interiores e exteriores ao ser, coisas que possam ser da 
existência dependente ou derivada, coisas que existam 
por si próprias ou que dependam de outras para existir. 
 
 
A metafísica, que reúne, como disse Aristóteles, as questões e problemas que 
surgem da realidade física, mas que estão além do que as ciências naturais 
particulares estudam. Esta problemática e crítica análise da realidade, também 
chamada ontologia ou ciência do ser, deve levar em conta as contribuições das 
ciências naturais e biológicas, e pensar sobre os problemas que essas ciências 
deixam em aberto. 
Outro ponto de interesse da metafisica são os problemas do conhecimento. É 
a parte da filosofia que é chamada teoria do conhecimento (também chamada de 
gnoseologia ou epistemologia). Esta parte da filosofia estuda a origem, os limites e 
as pretensões do conhecimento e da verdade. Ou como afirma Miguel Reale – “indaga 
das condições do conhecimento pertinentes ao sujeito que conhece (gnoseologia)”. 
 
➢ PRÁTICA 
Na Filosofia Prática a ênfase é colocada na procura pessoal, ativa e crítica de 
respostas as condutas humanas, ou seja, da exteriorização do agir humano. Tomando 
emprestada as palavras de Miguel Reale podemos dizer, então que a filosofia prática 
vai se ater a atitude do homem perante o homem e para o mundo, e a projeção dessa 
atitude como atividade social e histórica. A filosofia prática se divide em ética e estética 
ÉTICA 
Área da Filosofia que investiga os problemas 
colocados pelo agir humano enquanto relacionado com 
valores morais. Busca discutir e fundamentar os juízos 
de valor que se referem às ações; reflexão que se 
propõe a discutir, problematizar e interpretar o 
significado dos valores morais. 
A ética se divide em moral, direito e decoro. 
A MORAL, nascida de posturas externas, revela um conjunto de prescrições 
vigentes numa determinada sociedade e consideradas como critérios válidos para a 
orientação do agir de todos os seus membros. Designa o costume: comportamento 
coletivo, sedimentado e reiterado que por sua necessidade e/ou utilidade social é 
aceito como regra de conduta obrigatória, aprovada pela tradição (principalmente 
através da educação familiar, religiosa e escolar) e exigida pela consciência popular, 
sem que o Poder Público a tenha estabelecido. Nesse sentido, a Moral está ligada às 
vivências específicas de cada povo, ao sistema de valores próprio de cada cultura. 
Através da Moral podemos avaliar a qualidade das condutas (éticas) individuais, 
podendo a atitude moral (compartilhada) resultar no que chamamos moralidade, 
imoralidade, amoralidade, moralismo, etc. 
DECORO é o mesmo que agir com decência e pudor, seguindo as normas 
morais e éticas previstas em uma sociedade. Este termo também está relacionado 
com o comportamento de recato e respeito tido por alguém em determinada 
circunstância. Quando se diz que uma pessoa age com decoro significa que se 
comporta de forma correta, do ponto de vista da moral e ética vigente em determinado 
grupo ou sociedade. A falta de decoro, por outro lado, se refere ao comportamento 
oposto, ou seja, agir sem respeito, dignidade e compostura em situações onde está é 
adequada. Exemplo: Decoro parlamentar - Consiste no comportamento 
exemplar que é esperado dos representantes políticos. Todas as regras 
comportamentais referentes ao decoro dos legisladores estão previstas nos 
regimentos internos da Câmara dos Deputados e do Senado. Caso haja a 
chamada "quebra de decoro", ou seja, o parlamentar infrinja uma das regras de 
conduta, este deverá ser punido. 
 
ESTÉTICA 
Do grego: aisthésis; que quer dizer percepção ou 
sensação. Estuda basicamente e, primordialmente, a 
natureza do que é belo e das características e 
fundamentos da arte. É o estudo da arte, em suma, seja 
ela criada ou natural. A estética estuda o julgamento 
frente ao belo, observando as percepções individuais e 
coletivas de uma reação gerada por um fenômeno 
estético, desde a admiração da natureza em si, até as 
obras criadas por mãos humanas. 
 
3. PARÂMETROS DA FILOSOFIA DO DIREITO OCIDENTAL 
A filosofia ocidental se mostra muito diferente da filosofia oriental. Isso porque 
ao analisarmos suas fontes percebemos que elas receberam influencias diferentes ao 
longo das épocas. A filosofia do direito ocidental, tem como origem a filosofia da 
Grécia, pois, foi lá que nasceu filosofia como nos conhecemos. Outra influencia da 
filosofia do direito ocidental, foi o direito romano. Além, dessas influências, temos outra 
de cunho religioso, que é a religião judaico-cristã, que nos influenciou no que diz 
respeito a moral, a conduta etc. 
 
ORIGEM: GRÉCIA / DIREITO: ROMANO / RELIGIÃO: JUDAICO-CRISTÃ 
 
 
4. SENSO COMUM, FILOSOFIA E CIÊNCIA 
4.1. SENSO COMUM 
Senso comum ou conhecimento vulgar é a compreensão do mundo resultante 
da herança fecunda baseada nas experiências acumuladas por um grupo social. O 
senso comum descreve as crenças e proposições que aparecem como "normais", 
sem depender de uma investigação detalhada para se alcançar verdades mais 
profundas, como as científicas. O senso comum é a forma de conhecimento mais 
presente no dia a dia das pessoas que não se preocupam prioritariamente com 
questões científicas. É uma forma de pensamento superficial, ou seja, não está 
preocupado com causas e fundamentos primeiro de algo, apenas faz afirmações, 
irrefletidas, imediatas. Isso não quer dizer que não haja conhecimento científico entre 
essas pessoas ou que não haja senso comum no âmbito científico. 
O senso comum é transmitido de geração para geração nas sociedades. Por 
meio dele, o homem embasa o cotidiano e explica a realidade em que vive. 
O senso comum é a matriz para a ciência e a filosofia (busca dos princípios e 
as verdades das coisas). 
 
4.2. FILOSOFIA – RAZÃO/SISTEMA/MÉTODOS/CAUSAL E LOGICA/PORQUÊS? 
RAZÃO. A filosofia se alimenta da razão, do refletir sobre o objeto em busca 
dos princípios e das verdadesdas coisas. Miguel Reale demostra isso ao esclarecer 
que “a Filosofia, por ser a expressão mais alta da amizade pela sabedoria, tende a 
não se contentar com uma resposta, enquanto esta não atinja a essência, a razão 
última de um dado "campo" de problemas. Há certa verdade, portanto, quando se diz 
que a Filosofia é a ciência das causas primeiras ou das razões últimas: trata-se, 
porém, mais de uma inclinação ou orientação perene para a verdade última, do que a 
posse da verdade plena”. 
SISTEMA. A filosofia é um sistema, onde há perguntas concatenadas em busca 
da verdade. As perguntas se organizam através de métodos. Esclarece Miguel Reale, 
que “a filosofia, com efeito, procura sempre resposta a perguntas sucessivas, 
objetivando atingir, por vias diversas, certas verdades gerais, que põem a 
necessidade de outras: daí o impulso inelutável e nunca plenamente satisfeito de 
penetrar, de camada em camada, na órbita da realidade, numa busca incessante de 
totalidade de sentido, na qual se situem o homem e o cosmos. Ora, quando atingimos 
uma verdade que nos dá a razão de ser de todo um sistema particular de 
conhecimento, e verificamos a impossibilidade de reduzir tal verdade a outras 
verdades mais simples e subordinantes, segundo certa perspectiva, dizemos que 
atingimos um princípio, ou um pressuposto. Quando se afirmar que Filosofia é a 
ciência dos primeiros princípios, o que se quer dizer é que a Filosofia pretende 
elaborar uma redução conceituai progressiva, até atingir juízos com os quais se possa 
legitimar uma série de outros juízos integrados em um sistema de compreensão total. 
Assim, o sentido de universalidade revela-se inseparável da Filosofia. Vê-se, pois, que 
a Filosofia representa perene esforço de sondagem nas raízes dos problemas. É uma 
ciência cujos cultores somente se considerariam satisfeitos se lhes fosse facultado 
atingir, com certeza e universalidade, todos os princípios ou razões últimas 
explicativas da realidade, em uma plena interpretação da experiência humana; mas, 
nas vicissitudes do tempo, tal paixão pela verdade sempre se renova; surgem teorias, 
sistemas, posições pessoais, perspectivas diversas, em um dinamismo que nos é 
conatural e próprio, de maneira que a universalidade dos problemas não pode 
contar com resultados ou soluções todos universalmente válidos. Poder-se-ia dizer, 
porém, que é em nossa procura total da verdade que se manifesta a verdade total. 
Parafraseando a reflexão agostiniana de Blaise Pascal, diríamos do filósofo com 
relação à verdade: "tu não me procurarias, se já não me tivesses encontrado"”. Vale 
lembrar que as perguntas são concatenadas de forma causal e logica. 
CONCLUSÕES. A filosofia não chega a conclusões. As perguntas estão dentro 
do conhecimento. Na filosofia não se refuta conclusões, mas se critica o 
conhecimento. Com relação as conclusões da filosofia, esclarecedora as palavras de 
Miguel Reale, onde “a Filosofia não existiria se todos os filósofos culminassem em 
conclusões uniformes, idênticas. A Filosofia é, ao contrário, uma atividade perene do 
espírito ditada pelo desejo de renovar-se sempre a universalidade de certos 
problemas, embora, é claro, as diversas situações de lugar e de tempo possam 
condicionar a formulação diversa de antigas perguntas: o que distingue, porém, a 
Filosofia é que as perguntas formuladas por Platão ou Aristóteles, Descartes ou Kant, 
não perdem a sua atualidade, visto possuírem um significado universal, que 
ultrapassa os horizontes dos ciclos históricos. A universalidade da Filosofia está de 
certa forma mais nos problemas do que nas soluções, o que não deve causar 
estranheza se lembrarmos, com Jorge Simmel, que a Filosofia mesma é, por assim 
dizer, o primeiro de seus problemas, revertendo o seu problematicismo sobre a sua 
própria essência. A pesquisa das razões últimas das coisas e dos primeiros princípios 
implica a possibilidade de soluções diversas e de teorias contrastantes, sem que isto 
signifique o desconhecimento de verdades universais que se imponham ao espírito 
com a força irrefragável da evidência”. 
 
4.3. CIÊNCIA 
A ciência tem a ver com experiências, métodos, conceitos e conhecimentos. A 
ciência presta-se a refutar uma conclusão anterior. Ciência refere-se a qualquer 
conhecimento ou prática sistemáticos. Em sentido estrito, ciência refere-se ao sistema 
de adquirir conhecimento baseado no método científico bem como ao corpo 
organizado de conhecimento conseguido através de tais pesquisas. A ciência, então, 
deverá representar o conhecimento sistematizado, especializado, testado, 
organizado, diluído em uma trama de postulados metodológicos. Trata-se de uma 
pratica racional da qual resultam conhecimentos mais rigorosamente testados que 
aqueles adquiridos informalmente. 
Segundo o professor, a ciência presta-se a refutar uma conclusão anterior. 
Nesse sentido, temos o entendimento de Miguel Reale, onde - “Toda ciência depende, 
em seu ponto de partida, de certas afirmações, que se aceitam como condição de 
validade de determinado sistema ou ordem de conhecimentos. E até mesmo quando 
se pretende abstrair de toda ordem dada, a fim de que a "indagação" ou a "pesquisa" 
possa determinar as verdades de maneira livre e autônoma, ainda assim se pressupõe 
a validade da pesquisa experimental como produtora ou reveladora de "assertivas 
garantidas"”. 
 
 
As conclusões da ciência podem ser expressa de três formas: 1) Lei cientifica, 2) 
Teoria ou 3) Hipótese. 
 
❖ LEI CIENTIFICA - A lei descreve determinados fenômenos naturais sob 
determinadas condições. A lei é usada para descrever uma ação sob certas 
circunstâncias. Para o professor haverá lei cientifica quando houver comprovação 
categórica de todas as hipóteses. 
 
❖ TEORIA - Uma teoria científica consiste em uma ou mais hipóteses que foram 
suportadas em testes repetitivos. Segundo o professor haverá uma teoria, quando 
nem todas as hipóteses forem comprovadas, ou seja, possui um menor grau de 
certeza. 
 
❖ HIPÓTESE - Uma hipótese é uma suposição razoável baseada em um 
conhecimento anterior ou na observação. Hipóteses são comprovadas e refutadas o 
tempo todo. As hipóteses desempenham um papel importante no método científico, 
pois, a partir dele, formula-se uma pergunta (baseada em um problema estabelecido 
em um conhecimento anterior), desenvolve-se uma hipótese, pensa-se nas 
consequências em que essa hipótese poderia ser testada, e, em seguida, a testa e 
analisa os seus dados. De outra forma, uma hipótese precisa ser testada e retestada 
muitas vezes e em condições controláveis, antes que ela seja aceita na comunidade 
científica como sendo verdadeira. 
 
 
 
 
 
 
MÉTODO CIENTIFICO = PROBLEMA + HIPÓTESE(EXPERIMENTAÇÃO) = CONCLUSÃO 
OBSERVAÇÃO: CIÊNCIA DO DIREITO - constitui um conjunto ordenado e 
sistemático de princípios e regras que tem por tarefa definir e sistematizar o 
ordenamento jurídico, que o Estado impõe à sociedade e apontar solução 
para os problemas ligados à sua interpretação, aplicação e fontes. 
 
 
 
 
5. FILOSOFIA DO DIREITO 
O direito como objeto, pode ser estudado sob dois ângulos: um zetetitco e um 
dogmático. O refletir dogmático (dokein) vincula-se ao desenvolvimento de opinião, 
enquanto o zetético (zatetikós) liga-se a dissolução das opiniões pela investigação e 
seu pressuposto basilar é a dúvida. O pensamento dogmático é uma forma de enfoque 
teórico no qual as premissas da sua argumentação são inquestionáveis. O método 
zetético é analítico e, para resolver algum problema ou investigar a razão das coisas, 
questiona as premissas de argumentação, procede por pesquisas, investiga. O 
enfoque dogmático é mais fechado,preso a conceitos fixos, adaptando os problemas 
as premissas, enquanto o enfoque zetetico dissolve as opiniões e as coloca em 
dúvida, exercendo função especulativa explicita e infinita. 
Entende-se, a partir desses dizeres, que a filosofia seja zetética. O direito, por 
sua vez, é mais dogmático. Contudo, as céleres transformações do mundo moderno 
ordenem, para uma compreensão mais apurada das necessidades humanas, seja 
introduzindo a forma zetetica de pensar o Direito, sob o risco de torna-lo ineficaz. 
Nesse ponto, ressalta-se o grande valor da Filosofia para o Direito. Pensar o Direito 
denota problematização da realidade e reformulação dos conceitos vetustos, por 
vezes tidos como insuficientes para dirimir as novas contendas. Se ao Direito cabe 
acompanhar a evolução social, precisa desnudar-se de preconceitos conferidos pelo 
dogmatismo jurídico. 
 
5.1. MOMENTO HISTÓRICO 
A. FILOSOFIA DO DIREITO IMPLÍCITA 
Se prolonga, no mundo ocidental, desde os pré-socráticos até Kant. É implícito, 
pois, durante este período somente filósofos produzia, debatia e questionava o direito. 
 
B. FILOSOFIA DO DIREITO EXPLICITA 
consciente da autonomia de seus títulos, por ter intencionalmente cuidado de 
estabelecer as fronteiras de seu objeto próprio nos domínios do discurso filosófico. O 
surgimento da Filosofia do Direito como disciplina autônoma foi o resultado de longa 
maturação histórica, tornando-se uma realidade plena na época em que se deu a 
terceira fundação da Ciência Jurídica ocidental, isto é, a cavaleiro dos séculos XVIII e 
XIX. Segundo o professo a Filosofia do Direito se torna autônoma à partir de Hegel. 
 
5.2. CONCEITO 
Miguel Reale, esclarece que o termo Filosofia do Direito pode ser empregado 
em acepção lata, abrangente de todas as formas de indagação sobre o valor e a 
função das normas que governam a vida social no sentido do justo, ou em acepção 
estrita, para indicar o estudo metódico dos pressupostos ou condições da experiência 
jurídica considerada em sua unidade sistemática. 
Eduardo Bittar, ensina, que a Filosofia do Direito é um saber critico a respeito 
das construções jurídicas erigidas pela Ciência do Direito e pela própria práxis do 
Direito. Mais que isso, é sua tarefa buscar os fundamentos do Direito, seja para 
cientificar-se de sua natureza, seja para criticar o assento sobre o qual se fundam as 
estruturas do raciocínio jurídico. 
O professo Felipe Jacques, entende a Filosofia do Direito, como um ramo de 
estudo racional, mais amplo, que investiga o fundamento do direito e de suas normas, 
bem como todas as causas, consequências, necessidades e utilidades públicas do 
direito. 
 
5.3. OBJETIVOS 
→ Proceder à critica das práticas, das atitudes e atividades dos operadores do direito; 
→ Avaliar e questionar a atividade legiferante, bem como oferecer suporte reflexivo ao 
legislador; 
→ Proceder à avaliação do papel desempenhado pela ciência jurídica e o próprio 
comportamento do jurista ante ela; 
→ Depurar a linguagem jurídica, os conceitos filosóficos e científicos do Direito, bem 
como analisar a estrutura lógica das proposições jurídicas; 
→ Investigar a eficácia dos institutos jurídicos, sua atuação social e seu compromisso 
com as questões sociais, seja no que tange a indivíduos, seja no que tange a 
grupos, seja no que tange a coletividade, seja no que tange a preocupações 
humanas universais; 
→ Desmascarar as ideologias que orientam a cultura da comunidade jurídica, os pré-
conceitos que orientam as atitudes dos operadores do Direito e descortinar as 
críticas necessárias para a reorientação da função de responsabilidade ético-social 
que repousa nas profissões jurídicas. 
 
5.4. HISTORIA DA FILOSOFIA DO DIREITO 
5.4.1. MOMENTOS 
REVOLUÇÃO FRANCESA - Sob o mote “liberté, égalité, fraternité”! (liberdade, 
igualdade, fraternidade!), populares tomaram, em 14 de julho de 1789, um dos 
símbolos do totalitarismo francês de então, localizado na capital, Paris: a Bastilha, 
prisão onde eram encarcerados adversários do regime. Esse foi o estopim do que 
ficou conhecido como a Revolução Francesa. No entender de muitos historiadores, 
ao romper com um status quo instituído há 50 gerações (cerca de 500 anos) por 
influência do clero, a Revolução Francesa passou a constituir o marco divisor entre a 
Idade Moderna e a Idade Contemporânea, e ainda teria sido o evento de maior 
importância da humanidade, produzindo frutos até hoje. A Revolução Francesa, 
também foi um importante marco, para a filosofia, pois, marcou a divisão entre a 
filosofia pré-contemporânea e a filosofia contemporânea. 
 
5.4.2. FILOSOFIA DO DIREITO PRÉ-CONTEMPORÂNEA 
A filosofia do direito pré-contemporânea é muito vasta, e em geral corresponde 
a formas específicas de relação do direito e da apreciação do justo com o todo da vida 
social. Havendo três grandes modos de produção nessa história do direito pré-
contemporânea, há também três grandes níveis gerais de reflexão jusfilosófica: uma 
filosofia do direito antiga, eminentemente greco-romana, que corresponde às 
formas superiores da organização do modo de produção escravagista; uma filosofia 
do direito medieval, eminentemente cristã, que corresponde ao modo de produção 
feudal; uma filosofia do direito moderna, construída no embate entre uma lógica 
religiosa-absolutista e uma perspectiva burguesa racionalista, e que, ao seu final, 
antecipou o arcabouço do direito positivo contemporâneo. 
 
5.4.2.1. FILOSOFIA ANTIGA 
A. FASE PRÉ-HELÊNICA 
Segundo Paulo Nader, é na Grécia antiga onde vamos encontrar, propriamente, 
o início da Filosofia do Direito, malgrado as primeiras reflexões dessa natureza 
tenham precedido ao pensamento helênico, pois o Direito, de maneira empírica, 
envolto ainda com a Religião, Moral, Regras de Trato Social, surgira concomitante ao 
florescimento das civilizações do passado e, como se sabe, o pensamento jurídico 
exerce uma vis atractiva em relação ao filosófico. Onde o espírito religioso predominou 
pouco se pode cogitar a respeito de um pensamento jusfilosófico, pois a lei era 
considerada a expressão da vontade divina, e o seu acatamento, uma imposição de 
fé. 
 
EGITO → No Egito antigo, o famoso Livro dos Mortos tanto revela o sentimento 
de justiça daquele povo quanto o domínio da Religião sobre o Direito. Perante o 
Tribunal de Osíris, conforme a narrativa, para obter a felicidade eterna o morto 
precisava proferir, di ante da deusa Maat, vocábulo que significa lei, uma oração, cujo 
teor mostra o sentido religioso do dever de justiça, bem como a percepção de 
princípios e regras devidamente ajustados ao Direito Natural. 
 
ÍNDIA → Na Índia primitiva destacaram-se as doutrinas do bramanismo, 
budismo e jainismo. Um dos princípios filosóficos que se eternizaram no âmbito social, 
hoje desdobrado em várias diretrizes do pensamento, foi o da igualdade da natureza 
humana, proclamado por discípulos de Buda (563-484 a.C.), ao combaterem o regime 
de castas. 
 
CHINA → Conhecido no mundo ocidental por Confúcio (551 -479 a.C.), Kung-
fu-tsé, ou “Mestre Kung”, projetou o pensamento chinês no âmbito da Filosofia, 
escrevendo algumas obras jurídico-filosóficas: Ta-hio, ou Grande Estudo; Chon-yung, 
ou Da Invariabilidade do Justo Médio; Lin-yu, ou Conversas Filosóficas. Para ele o 
valor do justo era fundamental: “Se se dispõe de homens justos, o governo 
prosperará; sem eles, o governo desaparecerá”; “pode -se obrigar ao povo a 
seguir os princípios da justiça e da razão, mas não se pode obrigar a 
compreendê-los” (Lin-yu, VIII, 9). Além de Confúcio, destacou-se o pensamento de 
seu discípulo Mêncio e de Laot sé, sendo que este, ao lado de Chuang-tsé,criou a 
chamada filosofia do taoísmo. 
 
HEBREUS → Entre os hebreus, a reflexão jurídica se manifestou em livros 
religiosos, basicamente no Pentateuco, também denominado Torá ou Lei. Atribuída a 
Moisés, aquela ob ra apresenta cinco livros: Gêneses, Êxodo, Levítico, Números e 
Deuteronômio, que reúnem preceitos religiosos e legais, dispersos em narrativas 
históricas. 
B. PRÉ-SOCRÁTICOS 
Os filósofos pré-socráticos foram os primeiros sábios gregos a formular uma 
explicação racional para o mundo sem recorrer ao sobrenatural. Alguns aspectos 
comuns entre eles podem ser apontados: em primeiro lugar, eram estudiosos da 
natureza (physis). Por buscarem entender a organização racional do universo, a partir 
de princípios e leis que o regem, dizemos que eram voltados para a cosmologia, ou 
seja, a busca por entender a razão que rege o universo. Em segundo lugar, tentavam 
encontrar uma relação de causalidade entre os fenômenos da natureza. Por fim, todos 
buscavam um princípio ou elemento primordial a partir do qual explicariam os 
fenômenos naturais. O que une os filósofos pré-socráticos, é a preocupação de 
compreender a natureza do mundo, abandonando a explicação do Universo que 
apelava para os deuses (religião), procuraram formular ideias sobre a gênese do 
cosmos a partir da observação da realidade imediata. 
 
 
ESCOLA JÔNICA → Escola Jônica (séc. VI a.C.), de índole materialista, 
pesquisou no âmbito terrestre o elemento que seria a origem do mundo sensível. A 
filosofia desenvolvida pelos jônios foi de natureza cosmológica, e seu ponto de contato 
com a nossa disciplina operou-se ao conceber o Direito como fenômeno natural. 
Anaximandro de Mileto, um de seus integrantes, identificou a noção de justiça com o 
Universo, enquanto Empédocles, que desenvolvera a teoria dos quatro elementos 
(água, ar, fogo e terra), recorria ao valor justiça para explicar o cosmo. 
PRINCIPAIS FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS (E SUAS ESCOLAS) 
ESCOLA JÔNICA 
→ Tales de Mileto 
→ Anaximenes de Mileto 
→ Anaximandro de Mileto 
→ Heráclito de Éfeso 
ESCOLA ITÁLICA 
OU 
PITAGÓRICA 
→ Pitágoras de Samos 
→ Filolau de Crotona 
→ Árquitas de Tarento 
ESCOLA ELEÁTICA 
→ Xenófanes 
→ Parmênides de Eleia 
→ Zenão de Eleia 
→ Melisso de Samos. 
ESCOLA ELEÁTICA → Com a Escola Eleática (séc. VI a V a.C), a filosofia 
grega não alterou o rumo de suas investigações, mantendo -se ainda no período 
cosmológico. Entretanto, os eleatas, com Parmênides, Xenofontes, Zenão de Eleia e 
Meliso de Samos foram mais profundos em suas reflexões, passando a um plano 
metafísico ao sustentarem que o ser verdadeiro é uno, imutável e eterno. Para os 
membros dessa Escola, o ser não pode surgir do não ser. Segundo Parmênides, o 
Direito seria o fator da imutabilidade do ser, pois tudo no universo se achava 
subordinado à justiça, e esta não permitia que algo nascesse ou fosse destruído. 
Nesse grupo famoso de pensadores, as questões filosóficas concentram-se na 
comparação entre o valor do conhecimento sensível e o do conhecimento racional. 
De suas reflexões, resultou que o único conhecimento válido é aquele fornecido pela 
razão. 
 
ESCOLA PITAGÓRICA → No período pré-socrático foi a doutrina da Escola 
Pitagórica, ou itálica, a que desenvolveu noções mais atinentes à nossa disciplina. 
Pitágoras de Samos (582 a 500 a.C.), seu fundador, fixou-se em Crotona, Sul da Itália, 
onde fundou uma academia, na qual se cultivou uma rigorosa filosofia moral. Por 
motivos de natureza política os membros da Escola foram perseguidos e expulsos de 
Crotona, ocorrendo a dissolução daquela associação de pensadores. Ao que tudo 
indica, Pitágoras não escreveu livros, mas o seu pensamento encontra-se registrado 
na obra Sobre a Natureza, de Filolau, seu mais notável seguidor. Pensavam os 
pitagóricos que a Filosofia era o meio de purificação interna, ideia essa que séculos 
mais tarde influenciou o idealismo ético de Platão. Objetivando a academia o preparo 
e formação de dirigentes, aqueles pensadores promoveram uma aproximação, em 
seus estudos, da Filosofia com a Política. A doutrina da Escola Pitagórica pode ser 
defini da como um sistema filosófico fundado em números, considerados a essência 
de todas as coisas. Tal concepção foi aplicada aos domínios da Filosofia do Direito, 
pois definiram a justiça como igualdade entre o fato e a conduta correspondente: um 
crime, uma penalidade; uma tarefa, uma retribuição. Expressa na fórmula “aquilo que 
um sofre por algo”, considerada certeira por Truyol y Serra, a noção pitagórica de 
justiça como igualdade foi mais tarde desenvolvida pelo gênio Estagirita. O valor 
justiça foi simbolizado pela figura geométrica do quadrado, em razão da absoluta 
igualdade de seus lados, e pelos algarismos 4 e 9, pois resultantes da multiplicação, 
por si mesmos, de um número par e de um ímpar. Quanto ao Direito, este foi definido 
por Pitágoras como o igual múltiplo de si mesmo, concepção essa que não logrou 
senão vagas interpretações, entendendo Pontes de Miranda que aquele sábio 
desejou, possivelmente, “expressar o imutável que há na sucessão das formas e a 
despeito delas”. 
 
C. SOFISTAS 
QUEM ERAM? O aparecimento da Sofística, no século V a.C., que teve em 
Protágoras, Górgias, Hípias, Trasímaco, os seus corifeus, não se registrou por acaso, 
mas em decorrência do fato histórico da democratização de Atena s que, à época de 
Péricles, renunciara ao regime aristocrático. Os sofistas eram cidadãos cultos, bons 
oradores, que desejavam ensinar a arte e a técnica política e por isso dedicavam 
especial atenção à Retórica, visando ao preparo de novos dirigentes. Outro fato que 
motivava os sofistas e valorizava as suas orientações era a circunstância de que, na 
Ágora, os cidadãos expunham oralmente, diante dos juízes, as suas próprias causas. 
Pelo fato de não terem deixado escritos, suas ideias são conhecidas pelas obras de 
seus adversários, especialmente pelos diálogos platônicos. 
PRINCIPAIS SOFISTAS. Entre os sofistas, destacamos Protágoras e Górgias, 
que pareciam mais preocupados com a distinção entre natureza e convenção, de uma 
forma geral. Por essa razão, tinham como um de seus principais objetivos depreciar o 
estudo da natureza e, desta maneira, toda a linha filosófica existente até essa época. 
I) Protágoras alegou que o homem é a medida de todas as coisas, tanto das coisas 
que são o que são como das coisas que não são, o que não são. Isto significa que 
tudo é como parece ao homem – não apenas aos homens em geral, mas a cada 
indivíduo em particular. Esta tese, leva a um relativismo total, sem possibilidade 
alguma de verdade absoluta. II) Górgias foi ainda, mais radicalmente oposto à 
natureza e a seu estudo. Escreveu um livro no qual formulou uma tripla alegação: 1) 
nada há; 2) mesmo que houvesse alguma coisa, não poderíamos conhecê-la; e 3) 
mesmo que pudéssemos conhecê-la não poderíamos comunicá-la aos demais. 
Poderíamos descrever isto como um argumento mediante “retirada estratégica”: caso 
a posição mais radical não seja julgada convincente, volta-se para outra, menos 
radical., mas até mesmo esta última elimina a possibilidade de estudo da natureza. 
Górgias ensinava retórica, enquanto que Pródico, especializava-se em linguagem e 
gramática em geral, ao passo que Hípias ensinava o treinamento da memória. Todas 
estas aquisições eram úteis em uma sociedade que tanto dependia da capacidade de 
influenciar a opinião pública na assembleia. 
PENSAMENTO. Os sofistas convergiram seu estudo para idêntico alvo: o 
homem e seus problemas psicológicos, morais e sociais. Entre os autores, são 
classificados com as individualistas e subjetivistas, além denegadores da ciência, pois 
entendiam que toda pessoa tem o seu modo próprio de ver as coisas, fato esse que 
in viabilizaria qualquer ciência, pois nenhuma delas pode constituir-se por meras 
opiniões isoladas. Em decorrência dessa premissa, admitiram apenas o caráter 
relativo da justiça e do Direito, que seriam contingentes e de expressão 
convencional. Colocando em análise a indagação se a justiça se fundava na 
ordem natural, de um modo geral negaram, sob o argumento de que “se 
existisse um justo natural, todas as leis seriam iguais”. Coube a um sofista – 
Protágoras – a proclamação de que “o homem é a medida de todas as coisas”, ideia 
essa que fortalece a tese em torno da existência de um direito que reúne princípios 
eternos, imutáveis e universais, pois fundado n o homem, em sua natureza. 
 
6. SÓCRATES (469 A.C. - 399 A.C) 
6.1. BIOGRAFIA 
Nascido nas planícies do monte Licabeto, próximo a 
Atenas. Filho de um escultor e de uma parteira ateniense, 
Sócrates era uma figura desconcertante, sempre visto, 
andando vagarosamente pelas praças, mercados e ruas 
de Atenas. Não militar na política, não exercer cargos 
administrativos, foi visto como um filósofo 
verdadeiramente livre: ninguém o financiava, ninguém o 
patrocinava: não precisava agradar a ninguém. Acusado de corromper a juventude de 
Atenas e não reconhecer a existência dos deuses, ele foi condenado à morte. Por 
mais que seus amigos quisessem libertá-lo, o sábio se recusava, pois fugir de sua 
condenação seria renegar as próprias ideias: “Conservando a vida, eu me tornaria 
indigno. Não me peças que eu mate a minha palavra”. Ele suicidou-se antes de sua 
execução com um cálice de cicuta. 
 
 
 
6.2. MOMENTO HISTÓRICO 
Sócrates conviveu com o povo ateniense do século V a.C (século de Péricles), em plena 
glória da civilização grega na Antiguidade, e nas praças publicas (agorá) e no solo da cidade 
(pólis) inscreveu seu método e suas preocupações. 
Sócrates, vivencio a guerra do Peloponeso, um conflito armado entre Atenas (centro 
político e civilizacional do mundo ocidental no século V a.C.) e Esparta (cidade-Estado de 
tradição militarista e costumes austeros), de 431 a 404 a.C, onde, todos os homens entre 15 e 
45 anos de idade foram enviados para lutar. 
Os atenienses viam um comercio abundante, seu desenvolvido artesanato e suas artes, 
sua cultura, seu cosmopolitismo, e, principalmente seu arranjo político excepcional – a 
democracia – possibilitaram a Atenas a dianteira dos pensamentos filosófico. Foi nesse cenário 
que Sócrates desenvolveu seu pensamento, ou seja, no apogeu da vida cultural e social 
ateniense. 
 
6.3. AUSENCIA DE PRODUÇÃO ESCRITA 
Apesar de não haver registro de qualquer produção escrita da autoria de Sócrates. Seus 
pensamentos e ideias são conhecido principalmente através dos relatos em obras de outros 
filósofos, especialmente dois de seus alunos, Platão e Xenofonte, bem como pelas peças teatrais 
de seu contemporâneo Aristófanes. As principais obras que relatam o pensamento de Sócrates 
são sobretudo: 
 
→APOLOGIA DE SÓCRATES (PLATÃO) – uma das únicas fontes de referencia escrita a 
respeito da filosofia socrática. 
→ CRÍTON (PLATÃO) – é um diálogo entre Sócrates e seu amigo rico Críton em matéria de 
justiça, injustiça, e a resposta apropriada a injustiça. Sócrates acha que a injustiça não pode ser 
respondida com a injustiça e se recusa a oferta de Críton de financiar sua fuga da prisão. Este 
diálogo contém uma declaração antiga da teoria do contrato social do governo. 
→FÉDON (PLATÃO) – é um dos grandes diálogos de Platão de seu período médio, 
juntamente com A República e O Banquete. Fédon, que retrata a morte de Sócrates, também é 
o quarto e último diálogo de Platão a detalhar os últimos dias do filósofo depois das obras 
Eutífron, Apologia de Sócrates e Críton. O tema da obra Fédon é considerado ser a imortalidade 
da alma. 
→DITOS E FEITOS MEMORÁVEIS DE SÓCRATES (XENOFONTE) 
→APOLOGIA DE SÓCRATES (XENOFONTE) 
→AS NUVENS (ARISTÓFANES) - compara Sócrates aos sofistas, mestres da retórica, e 
acusa o filósofo grego de exercer uma influência nefasta sobre a sociedade. 
 
Portanto, o que se conhece de Sócrates é, portanto, mais fruto de leitura dos 
diálogos platônicos que de uma obra por ele escrita. 
 
6.4. PORQUE É UM MARCO NA FILOSOFIA? 
A filosofia socrática possui um método, e esse método faz o filósofo, como 
homem, radicar-se em meio aos homens, em meio à cidade (pólis). É do convívio, da 
moralidade, dos hábitos e praticas coletivas, das atitudes do legislador, da linguagem 
poética... que surgem os temas da filosofia socrática. O conhecimento para Sócrates, 
reside no próprio interior do homem. Conhecendo-se a si mesmo, pode-se conhecer 
melhor o mundo. 
Sócrates foi um marco na filosofia, pois, rompeu com o pensamento anterior. 
É, sem duvida alguma, um divisor de águas para a filosofia, sobretudo pelo fato de 
situar seu campo de especulações não na cosmovisão das coisas e da natureza, mas 
na natureza humana e em suas implicações ético-sociais. 
 
6.4.1. DIFERENTE DOS SOFISTAS 
Os sofistas, grupo de filósofos (título negado por Platão) originários de várias 
cidades, viajavam pelas pólis, onde discursavam em público e ensinavam suas artes, 
como a retórica, em troca de pagamento. Sócrates se assemelhava exteriormente a 
eles, exceto no pensamento. Platão afirma que Sócrates não recebia pagamento por 
suas aulas. Sua pobreza era prova de que não era um sofista. Para os sofistas tudo 
deveria ser avaliado segundo os interesses do homem e da forma como este vê a 
realidade social (subjetividade), segundo a máxima de Protágoras: "O homem é a 
medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não 
são, enquanto não são.". Isso significa que, segundo essa corrente de pensamento, 
as regras morais, as posições políticas e os relacionamentos sociais deveriam ser 
guiados conforme a conveniência individual. Para este fim qualquer pessoa poderia 
se valer de um discurso convincente, mesmo que falso ou sem conteúdo. Os sofistas 
usavam, de fato, complicados jogos de palavras, no discurso para demonstrar a 
verdade daquilo que se pretendia alcançar. Este tipo de argumento ganhou o nome 
de sofisma. 
A sofística destruía os fundamentos de todo conhecimento, já que tudo seria 
relativo (relativismo) e os valores seriam subjetivos, assim como impedia o 
estabelecimento de um conjunto de normas de comportamento que garantissem os 
mesmos direitos para todos os cidadãos da pólis. Tanto quanto os sofistas, Sócrates 
abandonou a preocupação em explicar e se concentrou no problema do homem. No 
entanto, contrariamente aos sofistas, Sócrates travou uma polêmica profunda com 
estes, pois procurava um fundamento último para as interrogações humanas ("O que 
é o bem?" "O que é a virtude? "O que é a justiça?); enquanto os sofistas situavam as 
suas reflexões a partir dos dados empíricos, o sensório imediato, sem se preocupar 
com a investigação de uma essência da virtude, da justiça do bem etc., a partir da 
qual a própria realidade empírica pudesse ser avaliada. Sócrates contribuiu para que 
as pessoas se apercebessem da descoberta da evidência que é a manifestação do 
mestre interior à alma. Conhecer-se a si mesmo seria conhecer Deus em si. 
 
 
SOFISTAS SÓCRATES 
O sofista é um professor ambulante. 
Sócrates é alguém ligado aos destinos 
de sua cidade. 
O sofista cobra para ensinar. Eram 
chamados de prostituidos. 
Sócrates vive sua vida e essa confunde-
se com a vida filosófica: “Filosofar não é 
profissão, é atividade do homem livre” 
O sofista “sabe tudo” e transmite um 
saber pronto, sem crítica (que Platãoidentifica com uma mercadoria, que o 
sofista exibe e vende). Afasta a verdade 
porque a considera uma convenção. 
Sócrates diz nada saber e, colocando-se 
no nível de seu interlocutor, dirige uma 
aventura dialética em busca da verdade, 
que está no interior de cada um. 
O sofista faz retórica (discurso de forma 
primorosa, porém vazio de conteúdo). 
Sócrates faz dialética (bons 
argumentos). Na retórica o ouvinte é 
levado por uma enxurrada de palavras 
que, se adequadamente compostas, 
persuadem sem transmitir conhecimento 
algum. 
Na dialética, que opera por perguntas e 
respostas, a pesquisa procede passo a 
passo e não é possível ir adiante sem 
deixar esclarecido o que ficou para trás. 
O sofista refuta por refutar, para ganhar 
a disputa verbal. 
Sócrates refuta para purificar a alma de 
sua ignorância. 
6.4.2. DIFERENTE DOS PRÉ-SOCRÁTICOS 
Enquanto os filósofos pré-Socráticos, chamados de naturalistas, procuravam 
responder a questões do tipo: "O que é a natureza ou o fundamento último das 
coisas?" Sócrates, por sua vez, procurava responder à questão: "O que é a natureza 
ou a realidade última do homem?". 
 
6.5. MÉTODO MAIÊUTICO (IRONIA/PARIR IDEIA) 
Sócrates se dedicava àquilo que ele considerava a arte ou ocupação mais 
importante: maiêutica, o parto das ideias. Tal técnica deve seu nome "socrático" a 
Sócrates, o filósofo grego do século V a.C., que teria sido o primeiro a utilizá-la. O 
filósofo não deixou nenhuma obra escrita, mas seus diálogos nos foram transmitidos 
por seu discípulo Platão. Nesses textos Sócrates, utilizando um discurso caracterizado 
pela maiêutica (levar ou induzir uma pessoa, por ela própria, ou seja, por seu próprio 
raciocínio, ao conhecimento ou à solução de sua dúvida) e pela ironia, levava o seu 
interlocutor a entrar em contradição, tentando depois levá-lo a chegar à conclusão de 
que o seu conhecimento é limitado 
 
Daí que a maiêutica consistisse num autêntico parto de ideias, pois, mediante 
o questionamento dos seus interlocutores, Sócrates levava-os a colocar em causa os 
seus preconceitos acerca de determinado assunto, conduzindo-os a novas ideias 
acerca do tema em discussão, reconhecendo, assim, a sua ignorância e gerando 
novas ideias, mais próximas da verdade. Ou seja: a maiêutica primeiro demole, depois 
ajuda a reconstruir conceitos, transitando do básico ao elaborado, “parindo” noções 
cada vez mais complexas. 
Conta-se que um dia Sócrates foi levado junto à sua mãe para ajudar em 
um parto complicado. Vendo sua mãe realizar o trabalho, Sócrates logo 
“filosofou”: Minha mãe não irá criar o bebê, apenas ajudá-lo-á a nascer e 
tentará diminuir a dor do parto. Ao mesmo tempo, se ela não tirar o bebê, 
logo ele irá morrer, e igualmente a mãe morrerá! Sócrates concluiu então 
que, de certa forma, ele também era um parteiro. O conhecimento está 
dentro das pessoas (que são capazes de aprender por si mesmas). 
Porém, eu posso ajudar no nascimento deste conhecimento. Concluiu 
ele. Por isso, até hoje os ensinamentos de Sócrates são conhecidos por 
maiêutica (que significa parteira em grego). 
 
6.6. CONHECIMENTO ÉTICO DE SÓCRATES 
6.6.1. ÉTICA SIGNIFICA CONHECIMENTO 
O pensamento socrático é profundamente ético. Reveste-se, em todas as suas 
latitudes, de preocupação ético-social, envolvendo-se em seu método maiêutico todo 
tipo de especulação temática impassível de solução. O ensinamento ético de Sócrates 
reside no conhecimento e na felicidade. Ética significa conhecimento, tendo-se em 
vista que, ao praticar o mal, crê-se praticar algo que leve à felicidade, e, normalmente, 
esse juizo é falseado por impressões e aparências puramente externas. Para saber 
julgar acerca do bem e do mal, é necessário conhecimento, este sim verdadeira 
sabedoria e discernimento. O conhece-te a ti mesmo é esse mandamento que 
inscreve como necessária a gnose interior para a construção de uma ética sólida. 
 
6.6.2. A FELICIDADE É A BUSCA DE TODA ÉTICA 
A felicidade, a busca de toda a ética, para Sócrates, pouco tem a ver com a 
posse de bens materiais ou com o conforto e a boa situação entre os homens; tem ela 
a ver com a semelhança com o que é valorizado pelos deuses, pois parecem estes 
ser os mais beatos dos seres. O cultivo da verdadeira virtude, consistente no controle 
efetivo das paixões e na condução das forças humanas para a realização do saber, é 
o conduz o homem a felicidade. 
 
6.7. PRIMADO DA ÉTICA DO COLETIVO SOBRE A ÉTICA INDIVIDUAL 
Para Sócrates a ética é o respeito às leis, e, portanto, a coletividade. O homem 
enquanto integrado ao modo politico de vida deve zelar pelo respeito absoluto, mesmo 
em detrimento da própria vida, às leis comuns a todos, às normas políticas. O homem, 
assim radicado naturalmente na forma de vida comunitária, tem como dever o 
cumprimento de seu papel como cidadão participativo, e, assim, integrado nos 
negócios públicos, deve buscar a manutenção da sacralidade e da validade das 
instituições convencionada que consentem o desenvolvimento da harmonia 
comunitária. 
A ética socrática reside no conhecimento e em vislumbrar na felicidade o fim 
da ação. Essa ética tem por objetivo preparar o homem para conhecer-se, tendo em 
vista que o conhecimento é a base do agir ético. Ao contrário de fomentar a desordem 
e o caos, a filosofia de Sócrates prima pela submissão, ou seja, pelo primado da ética 
do coletivo sobre a ética do individual. Neste sentido, para esse pensador, a 
obediência à lei era o limite entre a civilização e a barbárie. Segundo ele, onde residem 
as ideias de ordem e coesão, pode-se dizer garantida a existência e manutenção do 
corpo social. Trata-se da ética do respeito às leis, e, portanto, à coletividade. 
A abnegação pela causa da educação dos homens e pelo bem da coletividade, 
levou Sócrates a se curvar ante o desvario decisório dos homens de seu tempo. 
Acusado de estar corrompendo a juventude e de cultuar outros deuses, foi condenado 
a beber cicuta pelo tribunal ateniense. Sócrates resignou-se à injustiça de seus 
acusadores, em respeito à lei a que todos regia em Atenas. Para esse proeminente 
filósofo grego, o homem enquanto integrado ao modo político de vida deve zelar pelo 
respeito absoluto às leis comuns a todos, mesmo em detrimento da própria vida. O 
ato de descumprimento da sentença imposta pela cidade representava para Sócrates 
a derrogação de um princípio básico do governo das leis, qual seja, a eficácia. 
Segundo Sócrates, com a eficácia das leis comprometida, a desordem social reinaria 
como princípio. 
 
 
LEI PARA SÓCRATES 
Lei para Sócrates é o conjunto de preceitos inquestionáveis, pois, a única forma de 
manter o ideal cívico e a organização da cidade, é por meio de sua obediência. 
Sócrates vislumbra nas leis um conjunto de preceitos de obediência incontornável, 
não obstante possam estas serem justas ou injustas. O direito, pois, aparece como 
um instrumento humano de coesão social, que visa à realização do bem comum, 
consistente no desenvolvimento integral de todas as potencialidades humanas, 
alcançável pelo cultivo das virtudes. Sendo assim, um juízo subjetivo sobre o certo 
e o errado, o justo ou injusto não pode ser considerado o bastante para se violar 
as leis da polis. É perceptível a oposição ao pensamento dos sofistas, pois estes 
relevaram a efemeridade e contingência das leis variáveis no tempo e espaço, ao 
passo que Sócrates empenhou-se em restabelecer para a cidade o império do ideal 
cívico, liame indissociável entre o indivíduo e a sociedade. Ao aceitar a sua pena 
de morte, ao invés de fugir, deu exemplo deste seu pensamento, substituindo o 
princípio da reciprocidade, segundo o qual se respondia ao injustocom injustiça, 
pelo princípio da anulação de um mal com seu contrário, assim, da injustiça com 
um ato de justiça. 
6.8. LEI POSITIVA X LEI MORAL – CRITICA INTERNA 
Embora tivesse conhecimento de que a lei humana (nomos) – artifício humano 
e não da natureza – poderia ser justa ou injusta, Sócrates pregava a irrestrita 
obediência à lei. O Direito – conjunto de leis, em termos simplistas – seria um 
instrumento de coesão social que levaria à realização do bem comum, entendido 
como o "desenvolvimento integral de todas as potencialidades humanas, alcançadas 
por meio do cultivo das virtudes", ensina Eduardo Bittar. A lei seria elemento de ordem 
no todo da cidade (pólis) e, por isso, não deveria ser contrariada, mesmo que se 
voltasse contra si mesmo, sob pena de se instalar a desordem social. "O homem 
integrado enquanto integrado ao modo político de vida deve zelar pelo respeito 
absoluto, mesmo em detrimento da própria vida, às leis comuns a todos, às normas 
políticas (nómos póleos)", completa Bittar. 
O indivíduo nas suas elucubrações poderia questionar os critérios de justiça de 
uma lei positiva (externa), mas somente criticá-la, sem desobedecê-la, evitando, 
assim, o caos por levar outras pessoas a desobedecê-la. Diz Eduardo Bittar: "Em 
outras palavras, para Sócrates, com base num juízo moral, não se podem derrogar 
leis positivas. O foro interior e individual deveria submeter-se ao exterior e geral em 
benefício da coletividade." Prossegue Leite (p. 25): "Efetivamente, a justiça, para 
Sócrates, consiste no conhecimento e, portanto, na observância das verdadeiras leis 
que regem as relações entre os homens, tanto das leis da cidade como das leis não-
escritas. Segundo Sócrates, que propugna pela obediência incondicional às leis da 
cidade, o justo não se esgota no legal, posto que acima da justiça humana existe uma 
justiça natural e divina”. 
Elucidativa são as palavras de Eduardo Bittar: “Sócrates serviu-se de sua 
própria experiencia para fazer com que a verdade acerca do justo e do injusto viesse 
à tona. A lei interna que encontra guarida no interior de cada ser, lei moral por 
excelência, poderia julgar acerca da justiça ou da injustiça de uma lei positiva, e a 
respeito disso opinar, mas esse juizo não poderia ultrapassar os limites da crítica, a 
ponto de lesar a legislação politica pelo descumprimento. Em outras palavras, para 
Sócrates, com base num juizo moral, não se podem derrogar leis positivas. O foro 
interior e individual deveria submeter-se ao exterior e geral em beneficio da 
coletividade”. 
LEI POSITIVA = DEVERIA SER OBEDECIDA → CRIADA PARA COLETIVIDADE 
LEI MORAL = A LEI QUE SE ENCONTRA NO INTERIOR DE CADA SER 
6.9. CONCEITO DE DIREITO 
Segundo o entendimento de Eduardo Bittar, Sócrates vislumbra nas leis um 
conjunto de preceitos de obediência incontornável, não obstante possam estas serem 
justas ou injustas. Para Sócrates, o direito, aparece como um instrumento humano de 
coesão social, que visa à realização do Bem Comum, consistente no desenvolvimento 
integral de todas as potencialidades humanas, alcançável por meio do cultivo das 
virtudes. Em seu conceito, que nos foi transmitido pelos diálogos platônicos de 
primeira geração, as leis da cidade são inderrogáveis pelo arbítrio da vontade 
humana. 
 
6.10. NOÇÃO DE JUSTIÇA 
Efetivamente, a Justiça, para Sócrates, consiste no conhecimento e, portanto, 
na observância das verdadeiras leis que regem as relações entre os homens, tanto 
das leis da cidade como das leis não escritas. Segundo Sócrates, que propugna pela 
obediência incondicional às leis da cidade, o justo não se esgota no legal, posto que 
acima da justiça humana existe uma justiça natural e divina. Ademais, refuta o 
conceito de justiça proclamado à época (beneficiar os amigos e prejudicar os 
inimigos), afirmando que fazer o mal não se revela justo de modo algum e que não foi 
sábio aquele que disse que o homem justo deve prejudicar os inimigos e beneficiar os 
amigos. Assim, a justiça é, segundo ele, a base para todas as virtudes a que o homem 
quer ter. A justiça deveria estar contida nas virtudes (temperança, valor – o amor das 
– e sabedoria – gosto pelo saber) e na alma (dividida em desejo, coragem e razão) do 
homem, sendo que a virtude que deveria prevalecer seria a justiça. 
 
7. PLATÃO (427 A.C. – 347 A.C.) 
7.1. BIOGRAFIA 
Platão nasceu em Atenas. De família nobre, estudou leitura, 
escrita, música, pintura, poesia e ginástica. Serviu no exército 
entre 409 e 404 a.C., final da Guerra do Peloponeso. Após a 
guerra, estabeleceu-se uma oligarquia em Atenas, em 404 a.C., 
o chamado governo dos Trinta Tiranos (um deles Carmides, tio 
de Platão), antes de, em seguida, a democracia ser 
restabelecida. Começou seus trabalhos filosóficos após 
estabelecer contato com outro importante pensador grego: Sócrates. Platão torna-se 
seguidor e discípulo de Sócrates. Em 387 a.C., fundou a Academia, uma escola de 
filosofia com o propósito de recuperar e desenvolver as ideias e pensamentos 
socráticos. Em pouco tempo, a Academia tornou-se um dos maiores centros culturais 
da Grécia, tendo recebido políticos e filósofos como Aristóteles, Demóstenes, Eudoxo 
de Cnido e Esquines, entre outros. 
 
7.2. MOMENTO HISTÓRICO 
A vida de Platão transcorreu em meio a agitações políticas e a desordens 
devido à Guerra do Peloponeso, à instabilidade política reinante na cidade de Atenas 
que foi tomada pela Oligarquia dos Quatrocentos e assim submeteu-se ao governo 
dos Trinta Tiranos. Platão foi convidado a participar da vida política. Mas, a situação 
política após a restauração da democracia ateniense em 403 também o desagradou, 
sendo um ponto de viragem na vida de Platão, a execução de Sócrates em 399 a.C, 
que o abalou profundamente, levando-o a avaliar a ação do Estado contra seu 
professor, como uma expressão de depravação moral e evidência de um defeito 
fundamental no sistema político. Ele viu em Atenas a possibilidade e a necessidade 
de uma maior participação filosófica na vida política e tornou-se um crítico agudo. 
Essas experiências levaram-no a aprovar a demanda por um estado governado por 
filósofos. 
Quando Sócrates morreu, desiludiu-se com a política e dedicou-se à filosofia. 
Resolveu eternizar os ensinamentos do mestre, que não havia redigido nenhum livro, 
escreveu vários diálogos onde a figura principal é Sócrates. Platão opôs-se à 
democracia ateniense e abandonou sua terra. Viajou para Megara, onde estudou 
Geometria, foi ao Egito, onde dedicou-se à Astronomia, em Cyrene (Norte da África) 
dedicou-se à matemática, em Crotona (Sul da Itália) reuniu-se com os discípulos de 
Pitágoras. Esses estudos deram-lhe a formação intelectual necessária para formular 
suas próprias teorias, aprofundando os ensinamentos de Sócrates. Quando voltou à 
Atenas, por volta de 387 a.C., fundou sua escola filosófica "Academia", onde reunia 
seus discípulos para estudar Filosofia, Ciências, Matemática e Geometria. Tal foi a 
influência de Platão, que sua Academia subsistiu, mesmo após sua morte. 
 
 
 
 
7.3. OBRAS 
O pensamento de Platão é vasto, utilizando-se dos diálogos como meio de 
exposição de seu pensamento. No geral, os diálogos relatam conversas que têm por 
principal interlocutor Sócrates, travando palestras com inúmeros personagens. A 
história da filosofia dedicou-se, sempre com muita controvérsia, a saber da veracidade 
de tais diálogos. É possível que, em vários casos, tenha mesmo Sócrates 
desenvolvido tais ideias. Mas, também, é certo que, principalmente nos diálogos 
escritos em sua maturidade, Platão utiliza Sócrates muito mais como mote para o 
desenvolvimento de suas próprias ideias do quepropriamente como personagem de 
quem se relate fielmente seus fatos havidos. Podemos dividir a produção filosófica de 
Platão em 3(três) momentos: 
DIÁLOGOS 
SOCRÁTICOS 
 
→ Apologia 
→ Criton 
→ O Banquete 
→ Fedon 
 
MATURIDADE 
 
→ A República 
 
VELHICE 
 
→ Sofista 
→ O Político 
→ As Leis 
 
 
→ O BANQUETE – é um diálogo platônico escrito por volta de 380 a.C. Constitui-se 
basicamente de uma série de discursos sobre a natureza e as qualidades do amor 
(eros). O Banquete é, juntamente com o Fedro, um dos dois diálogos de Platão em 
que o tema principal é o amor. 
 
→ A REPÚBLICA – é um diálogo socrático escrito por Platão, filósofo grego, no século 
IV a.C. Todo o diálogo é narrado, em primeira pessoa, por Sócrates. O diálogo parte 
de uma busca acerca de uma definição pelo que consiste em a Justiça (de modo 
característicos dos seus primeiros diálogos), o que leva Platão a especular tanto 
acerca do seu antônimo (a injustiça) como entre os mais diversos temas, não só 
éticos, mas também políticos, epistemológicos, metafísicos, psicológicos, entre 
outros. Em suma, se destaca no texto as divagações do filósofo quanto a filosofia 
ético-política (ainda que não seja sua única e mais madura obra dedicada ao tema, 
como exemplo podemos citar seu diálogo da velhice "Leis"), nesse diálogo Platão 
discorre acerca características dos diferentes regimes políticos e a proposta do próprio 
Platão de uma cidade ideal, cuja é designada como "Kallipólis", que significa "cidade 
bela". A República contém diversos temas filosóficos, sociais e políticos entrelaçados. 
A questão chave é a da justiça em seu sentido amplo, oportunidade que Platão 
aproveita para tecer comentários sobre a educação e o tema genérico do 
conhecimento das coisas. O livro I goza de uma certa independência, sendo que os 
demais (ao todo são X), se dispersam em temas variados: A formação das lideranças 
(os guardiões), nos livros II, III, IV e V. A formação dos governantes, classe especial 
dos guardiões, nos livros VI e VII. Uma vez compreendida a tarefa pública, Platão a 
compara com o que acontece nas cidades existentes (livro VIII). Diante do desafio de 
Trasímaco ao tratar das conveniências da tirania (livro IX), Platão termina (livro X), 
com a proposição de um mito (sobre a arte, o destino e a liberdade). 
 
→ SOFISTA – é um diálogo platônico que ocupa-se com os conceitos de sofista, 
homem político e filósofo. Além disso, o diálogo aborda a questão do não-ser. Nesta 
obra encontra-se uma posição de Platão sobre o conhecimento e também uma 
explicitação detalhada do método da investigação filosófica. 
 
→ POLÍTICO – é um diálogo platônico que ocupa-se, como o nome indica, com o 
perfil do homem político. O diálogo visa indicar o conhecimento necessário ao político 
para que ele exerça um governo justo e bom. 
 
→ AS LEIS – é um diálogo platônico que ocupa-se com uma vasta gama de assuntos. 
A discussão das Leis, a fim de compreender a conduta do cidadão e da promulgação 
de leis, perpassa por elementos da psicologia, gnosiologia, ética, política, ontologia e 
mesmo astronomia e matemática. É o último diálogo de Platão e também o mais 
extenso. As Leis é um diálogo inacabado e não conta com a presença de Sócrates 
como personagem. Em A República o governante-filósofo, por suas próprias virtudes, 
infunde legitimidade à legislação, ao passo que nas Leis o legislador se coloca entre 
os deuses e os homens, necessitando do consentimento dos governados, da 
comunidade, do povo, para legitimar a legislação. Na República ocupavam o lugar 
central a teoria das ideias e a ideia do bem, já nas Leis a ideia do bem somente é 
mencionada ao final, como conteúdo educacional para o governante. Nas Leis Platão 
destaca o papel do legislador, que deve ser "um verdadeiro educador dos cidadãos" 
e sua missão principal não consiste em castigar transgressões cometidas, mas em 
prevenir que se cometam tais transgressões. Platão reconhece, portanto, que tanto 
em Atenas, como na maioria das cidade-estado gregas, não havia uma regulação 
legislativa dos problemas da educação pública. O personagem principal do diálogo 
não tem nome, chama-se "O Ateniense" e seus interlocutores são "Clínias de Creta" 
e "Megilo de Lacedemônia (Esparta)". 
 
7.4. CRITICA DOS SOFISTAS 
Os sofistas eram mestres na arte da retórica e da persuasão. Eles viajavam 
cidades e, dizendo que tudo sabiam e tudo podiam ensinar e refutar, cobravam para 
transmitir conhecimento a quem estivesse interessado. Sendo assim, os sofistas 
foram considerados os primeiros professores da história. Platão foi um grande crítico 
das condutas sofísticas. Em sua obra “Sofista”, através de um diálogo entre o 
Estrangeiro de Eléia e Teeteto, ele discute a impossibilidade de que um homem saiba 
de tudo. O filósofo diz ser impossível que um homem consiga ensinar todas as coisas 
a outro em um pequeno período de tempo e cobrando pouco por isso, como faziam 
os sofistas. Portanto, Platão intitula essa atitude como uma “brincadeira”, visto que os 
homens não conseguem adquirir conhecimento completo em todas as áreas do saber. 
A partir disso, o filósofo diz que os sofistas, com sua desenvolvida capacidade 
de persuasão e refutação, induzem as pessoas a acreditarem que eles possuem 
sabedoria para falar de qualquer assunto, quando na verdade estão apenas imitando 
e reproduzindo a realidade. 
Assim, Platão conclui que os Sofistas, na verdade, não passam de mágicos 
imitadores, pois encantam as pessoas com sua retórica e reproduzem a realidade de 
modo a fazerem-nas acreditar que são oniscientes e que tudo podem refutar. 
Também, Platão, junto a Sócrates e Aristóteles, criticava a atitude dos sofistas 
de cobrar para repassar conhecimento. Os três filósofos sustentavam que a busca 
pelo conhecimento deveria vir como forma de descoberta da verdade e de 
enobrecimento da alma, sem nenhuma finalidade lucrativa. 
Por fim, Platão possuía uma ideologia diferente da dos sofistas. O filósofo 
defendia a universalidade das ideias, enquanto estes acreditavam no relativismo das 
ideias. Para reafirmar sua posição, Platão mostra, na sua Teoria dos Dois Mundos, 
que o mundo sensível – onde estão os homens – é o mundo frágil e das aparências. 
Sofistas Platão 
A verdade é relativa e particular, ou 
seja, a verdade muda consoante o 
homem que percebe o objecto. 
A verdade é objetiva e universal 
(sempre a mesma para todas as 
pessoas) e é conhecida pela razão. 
Quanto ao problema da origem do 
conhecimento assumiam uma 
perspectiva empirista (conhecimento 
tem por base a experiência) e quanto à 
possibilidade de conhecimento eram 
cépticos pois negavam a existência de 
verdades ou valores absolutos, 
universais. Argumentos: 1) não existe 
uma realidade permanente que subjaz e 
justifica as aparências, e 2) os órgãos 
de conhecimento são falíveis. 
O objetivo do filósofo é distinto do 
objetivo do sofista, pois visa descobrir a 
verdade universal enquanto que o do 
sofista é o de conquistar o poder pela 
manipulação. 
Se a verdade é relativa e particular, e 
não absoluta e universal, então o 
conhecimento reduz-se à opinião e o 
bem, à utilidade. Consequentemente, 
reconhece-se a relatividade da verdade 
e dos valores morais, que mudariam 
segundo o lugar e o tempo. 
Platão e Sócrates opunham-se ao 
cepticismo e à retórica, assim como às 
pretensões pedagógicas dos sofistas de 
ensinarem a virtude política. 
 
7.5. MÉTODO 
O pensamento de Platão é vasto, utilizando-se dos diálogos como meio de 
exposição de seu pensamento. No geral, os diálogos relatam conversas que têm por 
principal interlocutor Sócrates, travando palestrascom inúmeros personagens. 
No filósofo grego, o método principal é a dialética. Platão define a dialética 
como a arte de pensar, questionar e hierarquizar ideias. O termo dialético é utilizado 
por Platão na referência a qualquer método que possa ser recomendado como veículo 
da filosofia. Para Platão, a dialética é um instrumento que permite o alcance a verdade. 
A dialética é o método que permite sair do mundo sensível e alcançar as ideias. 
Enquanto atrito de percepções, fatos, opiniões e diálogos, a dialética supera o nível 
das imagens e das definições dos dados sensíveis. 
O professor, esclarece que Platão, expões suas ideias através de mitos, como 
exemplo temos o “Mito de Er” e o “Mito da caverna”. 
 
 
MITO DE ER 
Er é um guerreiro, que morto em uma batalha, teve seu corpo encontrado entre os 
outros cadáveres de guerreiros, mas diferente dos demais, Er estava são e integro. Foi 
então levado de volta à sua terra e velado por doze dias e, no último dia em que era velado 
recobra a vida e conta àqueles que ali se encontravam tudo o que havia visto no Hades. O 
recém ressurreto então começa a narrar como seria a vida no Além, contando que, ao 
deixar o corpo sua alma foi para um lugar maravilhoso em uma grande pradaria onde se 
encontravam muitas almas e onde se avistavam quatro buracos, dois no solo e dois no céu. 
Havia juízes que avistavam os justos e lhes recomendava entrarem no buraco que conduzia 
para o céu e aos injustos era recomendado que se dirigisse ao buraco que se encontrava 
no solo. 
Esses juízes dizem a Er que não deve ir nem a um nem a outro buraco para que 
possa testemunhar o mundo espiritual e que retorne aos homens. O guerreiro então vê as 
almas sujas e empoeiradas que estão no buraco que se encontra no solo e ouve seus 
relatos de dor e sofrimento pela vida injusta que levaram. Por sua vez, as almas puras e 
felizes relatam os prazeres e a felicidade da vida justa. Er permanece ali na pradaria por 7 
dias, ao final do que, juntamente com almas que acabaram de morrer dirige-se a uma 
coluna luminosa onde se encontram as deusas do passado, presente e futuro e que, que 
após cada alma ser por estas entrevistadas encontram-se com a deusa da Necessidade e 
recebem o seu espírito protetor para novamente viver na Terra. É durante a noite que as 
almas que encaminham para a nova vida e antes de encontrar-se novamente no mundo 
terreno devem beber da água do rio Amelete, o rio do esquecimento, mas Er não o faz, 
porque recebera a incumbência de relatar tudo o que tinha visto até então aos homens. O 
guerreiro retorna, então para o seu corpo no campo de batalha e é encontrado, velado e 
recobra a consciência para relatar todas s maravilhas que presenciara. (O Mito de Er é 
encontrado no Livro X, nos diálogos de “A República”) 
ENTENDIMENTO 
No mito de Er, o essencial é que fossem quais fossem as 
injustiças cometidas e as pessoas prejudicadas, as almas 
injustas pagavam a pena de quanto houvessem feito em vida, a 
fim de purificarem a alma. 
MITO (ALEGORIA) DA CAVERNA 
Na narrativa dada a Platão a tal mito, havia presos agrilhoados que, de dentro de 
uma caverna e de costas à luminosidade do exterior, observavam a movimentação da 
realidade externa e, a partir das sombras dos objetos e seres que estavam no exterior da 
caverna, faziam juízo a seu respeito, sobre sua forma, sua aparência, seu tamanho. Na 
verdade, no entanto, viam apenas as sombras desses seres projetadas no interior da 
caverna. Em uma certa ocasião, libertando-se dos grilhões que os prendiam, um daqueles 
que se situavam na caverna sobe ao alto, e tal subida é difícil, já que o corpo até então 
agrilhoado não está acostumado ao movimento. Ao chegar ao exterior, cega-se, num 
primeiro momento, com a luz solar que brilhava. Mas, após se acostumar a enxergar sob a 
claridade da luz, passa a compreender que as sombras que via projetadas na caverna, na 
verdade, eram imagens distorcidas. A verdade não estava naquilo que suas percepções 
corrompidas viam a partir das sombras. A luminosidade do ser só brilhou quando da 
libertação das imagens e dos conceitos imperfeitos. 
No mito proposto pela boca de Sócrates na República, há ainda a incompreensão 
daqueles que, de dentro da caverna, ouvem daquele que subiu, em sua volta, o relato da 
verdade do mundo exterior. Suas imagens distorcidas que sempre viram não correspondem 
ao relato tido por fantasioso e absurdo do homem que se libertou. A luz que brilhou e 
possibilitou que o liberto da caverna visse a plena verdade não é bem aceita pelos seus, 
que passam a persegui-lo e o matam, numa simbologia muito forte, a respeito do próprio 
destino que os atenienses deram a Sócrates. 
ENTENDIMENTO 
Os seres humanos têm uma visão distorcida da realidade. No 
mito, os prisioneiros somos nós que enxergamos e acreditamos 
apenas em imagens criadas pela cultura, conceitos e 
informações que recebemos durante a vida. A caverna simboliza 
o mundo, pois nos apresenta imagens que não representam a 
realidade. Só é possível conhecer a realidade, quando nos 
libertamos destas influências culturais e sociais, ou seja, quando 
saímos da caverna. Segundo o pensamento platônico, que foi 
bastante influenciado pelos ensinamentos de Sócrates, o mundo 
sensível era aquele experimentado a partir dos sentidos, onde 
residia a falsa percepção da realidade; já o chamado mundo 
inteligível era atingido apenas através das ideias, ou seja, da 
razão. 
Na Alegoria da Caverna, Platão descreve a educação do filósofo, 
que passa do conhecimento sensível para o conhecimento 
inteligível. Ele procura mostrar a superioridade do conhecimento 
inteligível em relação ao sensível. O primeiro é o conhecimento 
daquilo que é real e o segundo é o conhecimento das aparências. 
ILUSTRAÇÃO DO 
MITO DA CAVERNA 
 
 
7.6. TEORIA SOBRE O CONHECIMENTO 
Platão associa a Teoria do Conhecimento ao Mito da Caverna, uma de suas 
mais conhecidas e valiosas contribuições. Trata-se da apresentação de uma parábola 
milenar de vasto e profundo significado, o qual está exposto no livro VII da República. 
Platão conceitua as duas realidades (a “visível” e a “invisível”) como “mundo visível” e 
“mundo inteligível”. 
 
7.6.1. CONHECIMENTO SENSÍVEL 
Através das sensações (visão, audição, olfato, tato e paladar) nós conhecemos 
o mundo. A partir das sensações proferimos frases que tentam expressar 
objetivamente aquilo que se sentiu, por exemplo 'a maçã é doce', ou 'limão é azedo', 
ou 'o dia é claro'. Conseguimos lidar com o mundo a partir deste tipo de conhecimento. 
O conhecimento sensível, de acordo com Platão, permite, no máximo, opiniões. Os 
sofistas eram os mestres na arte de melhorar as opiniões (retórica persuasiva). 
O mundo concreto e sensível: trata-se de um mundo acessível pelos sentidos 
ou material. É o mundo que conhecemos pelo olfato, paladar, audição, visão e tato. A 
opinião, fundamentada nas sensações, tem uma “falsa consciência” de si mesma, 
julgando-se correta. Esse mundo, em Platão, é um engano, um falseamento. O mundo 
sensível parte das compreensões pessoais daquilo que não é verdadeiro. 
 
7.6.2. CONHECIMENTO IDEAL 
Através da inteligência, faculdade superior da alma, podemos conhecer as 
coisas do mundo. De acordo com Sócrates, Platão e Aristóteles, este conhecimento 
(episteme = opinião verdadeira) é a verdade objetiva. Por exemplo, 'a Terra gira em 
torno do Sol' é uma proposição obtida através de cálculos matemáticos e não através 
das sensações. Sócrates do livro Críton permanece na prisão porque ele conhece a 
verdade inteligível: justiça. O conhecimento inteligível se estabelece pelo 'logos', 
linguagem coerente, pertinente e imanente. Esta linguagem racional expressa a 
verdade. O conhecimento inteligível mais exemplar á a matemática. 
 
7.6.3. ENTENDIMENTO

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