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PROGRAMA DO CURSO 1ª UNIDADE Nº1 - CONCEPÇÕES DE FILOSOFIA, CIÊNCIA E FILOSOFIA DO DIREITO Nº2 - VISÃO CÓSMICA DO MUNDO – FILOSOFIAS CLÁSSICAS → SOFISTAS → PRÉ-SOCRÁTICOS → SÓCRATES → ARISTÓTELES Nº3 - VISÃO CRISTA DO MUNDO – FILOSOFIAS CRISTA → SANTO AGOSTINHO → SÃO TOMAS DE AQUINO Nº4 - ESCOLA CLÁSSICA DO DIREITO NATURAL – FILOSOFIAS JUSNATURALISTA Nº5 - VISÃO BURGUESA DE MUNDO – IDEOLOGIA ILUMINISTA Nº6 - A QUESTÃO DO CONHECIMENTO – CRITICISMO DE KANT Nº7 - VISÃO CRÍTICA DO MUNDO – FILOSOFIA MARXISTA Nº8 - POSITIVISMO JURÍDICO – NORMATIVISMO DE HANS KELSEN Nº9 - CONCEPÇÕES SISTÊMICAS E EXTRA SISTÊMICAS Nº 10 - CONCEPÇÕES PÓS-POSITIVISTAS 2ª UNIDADE Nº 1 - DIREITO E JUSTIÇA Nº 2 - DIREITO, MORAL E ÉTICA FILOSOFIA, CIÊNCIA E FILOSOFIA DO DIREITO 1. CONCEITO DE FILOSOFIA – O QUE É FILOSOFIA O professor Felipe Jacques, inicia o curso nos indagando o que é filosofia? Várias definições foram traçadas pelos alunos, tais como “a filosofia é o amor à sabedoria”, “a filosofia é uma forma de pensamento” etc. Para o professor a filosofia pode ser definida como “o ato de questionar o objeto em busca da verdade”. Observando Marilena Chauí, na obra Convite à Filosofia, a Filosofia não se confunde com Ciência, mas pode ser entendida como reflexão crítica sobre os procedimentos e conceitos científicos, pois se trata de um saber que é cronologicamente anterior ao surgimento da própria ciência; não é tampouco Religião, antes, porém reflexão crítica sobre as origens e formas das crenças religiosas; não se reduz à Arte, mas se vê diante de uma reflexão crítica sobre os conteúdos, formas, significações da obra de arte e do trabalho artístico; também não pode ser considerada Sociologia ou Psicologia, mas reflexão crítica sobre os fundamentos dessas ciências humanas de suma importância; a Filosofia não se limita à esfera Política, mas se configura como possível interpretação, compreensão e reflexão sobre a origem, a natureza e as formas do poder; por fim, Filosofia não é História, e sim interpretação do sentido dos acontecimentos enquanto inseridos no tempo e no espaço e a compreensão do que seja o próprio tempo. A Filosofia está na história, pois é produto cultural do homem; um saber do homem situado. A Filosofia busca desvelar as interpretações e limites de cada época. ETIMOLOGIA A palavra filosofia vem do grego, philosophia (Φιλοσοφία). Philo vem de philia (φιλια), que significa amizade ou amor fraterno. Já sophia (σοφία ou Σοφία), vem de sophos (σοφός), que traduzido para nossa língua exprime sabedoria. O vocábulo filosofia significa amor pelo conhecimento, pela sabedoria ou pelo saber. O termo filosofia, foi criado pelo filósofo e matemático Pitágoras de Samos (570 a.C – 490 a.C). Ele foi um importante pensador pré-socrático. Pode-se então definir Filosofia como a fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e práticas. Trata-se de um saber que se preocupa com as origens, causas, forma e o conteúdo dos valores éticos, políticos, artísticos e culturais. O seu olhar observa com cuidado as transformações históricas, a consciência em suas várias modalidades: imaginação, percepção, memória, linguagem, inteligência, experiência, reflexão, comportamento, vontade, desejo, paixões; busca compreender as idéias ou significados gerais: realidade, mundo, natureza, cultura, história, subjetividade, objetividade, diferença, repetição, semelhança, conflito, contradição e mudança. O olhar filosófico se afasta das crenças, sentimentos, prejuízos, preconceitos; toma distância para interrogar e não aceitar as coisas passivamente. A Filosofia diz “não” ao senso comum, para indagar “o que é”, “como é” e “por que é” – momentos que constituem o pensamento crítico. O seu conhecimento se realiza por reflexão que se configura no momento em que o pensamento se volta para si mesmo a fim de indagar como é possível o próprio pensamento. Sua reflexão é radical, porquanto investiga a raiz, a origem de tudo o que existe. A Filosofia é um pensamento sistemático, o que significa dizer que não é mera opinião. Na verdade, a Filosofia segue uma lógica de enunciados precisos e rigorosos, opera com conceitos ou idéias obtidos por procedimentos de demonstração e prova. Assim, a Filosofia enquanto saber exige fundamentação racional do que é enunciado e pensado e deve formar um conjunto coerente de idéias racionalmente demonstráveis. Além do conceito oferecido, o professor destaca outros pontos que fazem parte de um conceito para o que vem a ser filosofia: 1ª a busca dos porquês, 2ª a busca da verdade, 3ª teoria sobre o objeto. OBS.: TALES DE MILETO - foi o primeiro a questionar a verdade. Isso porque, a partir do século VII a.C., os homens e as mulheres não se satisfazem mais com uma explicação mítica da realidade. O pensamento mítico explica a realidade a partir de uma realidade exterior, de ordem sobrenatural, que governa a natureza. O mito não necessita de explicação racional e, por isso, está associado à aceitação dos indivíduos e não há espaço para questionamentos ou críticas. É em Mileto, situado na Jônia (atual Turquia), no século VI a.C. que nasce Tales que, para a Aristóteles é o iniciador do pensamento filosófico que se distingue do mito. Tales propôs que a origem de tudo está relacionada à água. Não é estranho que Tales tenha pensado ser a água o elemento que deu origem a todas as coisas e o elemento sobre o qual a Terra está colocada, pois podemos encontrar umidade em quase tudo na natureza e observar a importância da água para a vida. Ao dizer que um elemento material deu origem a todas as coisas, Tales inaugurou esta nova forma de tentar responder sobre a gênese (início) do mundo. ➢ TEORIA SOBRE O OBJETO Filosofar constitui-se na atitude de refletir, criticar e especular sobre as condições do ser humano e dos outros seres vivos, tendo em mente, principalmente, seus papéis no universo. Portanto, é o estudo e reflexão sobre o objeto. Desta maneira, a filosofia envolve todas as concepções de ciência, conhecimento e saber racional. O filósofo chega, então, às suas conclusões a partir de uma pesquisa interna, voltada para si. Ele se move por um sentimento de curiosidade. De uma perspectiva social, a filosofia não é uma forma de conhecimento em si, mas um comportamento, uma atitude natural das pessoas quanto a si próprias e ao mundo. 2. DIVISÕES DA FILOSOFIA - COMO A FILOSOFIA SE DIVIDE? A filosofia é dívida em vários ramos, que incluem, por exemplo, lógica, a teoria, a prática etc. FILOSOFIA LÓGICA FORMAL MATERIAL TEÓRIA NATURAL META-FISICA PRÁTICA ÉTICA MORAL DIREITO DECOROESTÉTICA ➢ LÓGICA Derivada do grego (logos), quer dizer pensamento / estudo. É a ciência que estuda a funcionalidade dos métodos de pensamento, que tem uma origem matemática, visando uma exatidão no que seja um método, buscando, assim, diferenciar um pensamento ou método relativo de um pensamento exato e lógico. Pode-se dizer, sem equívocos, que a lógica é uma espécie de reguladora do pensamento, do bem pensar, ou seja, um pensamento (ou a busca dele) que visa à verdade, uma vez que a propriedade principal do conhecimento é essa, segundo a Filosofia. A lógica fundamenta-se em buscar a exatidão para que se criem métodos seguros de pensamento, uma vez que o pensar é a manifestação visível ou não do conhecimento e que o conhecimento é, em suma, a busca da verdade, independente do que seja essa verdade, conforme a linha de pensamentosque se exerce. LÓGICA FORMA É aquela que não precisa saber a substancia de cada elemento. LÓGICA MATERIAL É aquela que precisa saber a substancia dos elementos. Essa é a lógica que interessa ao direito. Para Miguel Reale a Lógica formal é o estudo das estruturas formais do conhecimento, ou do “pensamento sem conteúdo”, isto é, dos signos e formas expressionais do pensamento, em sua consequêncialidade essencial. No campo da Lógica formal, o que importa é a consequência rigorosa das proposições entre si, e não a adequação de seus enunciados com os objetos a que se referem. Já Lógica material tem por objeto o estudo dos diversos processos que devem disciplinar a pesquisa do real, de acordo com as peculiaridades de cada campo de indagação. ➢ TEÓRICA A filosofia teórica é a parte da filosofia que analisa as grandes questões gerais sobre a estrutura da realidade e do conhecimento humano. Ela concentra seus estudos na natureza e na metafisica. NATUREZA Investiga os princípios e as causas dos seres ou coisas que existem na Natureza. A natureza e o homem se relacionam amplamente, cabendo a antropologia analisa as características do ser humano, explicando as peculiaridades humanas e seu destino. METAFISICA Considerar o ser enquanto ser (uma ontologia), isto é, simultaneamente, sua essência e os atributos que lhe pertencem enquanto ser. A metafísica tem como objetivo principal buscar a essência, a natureza específica de todas as coisas, fornecendo uma visão ampliada e dinâmica do mundo, que reúna os diversos aspectos da realidade, estudando além do que a experiência sensorial possa descrever, transcendendo o que o podemos ver ou tocar. Ou seja, estuda coisas interiores e exteriores ao ser, coisas que possam ser da existência dependente ou derivada, coisas que existam por si próprias ou que dependam de outras para existir. A metafísica, que reúne, como disse Aristóteles, as questões e problemas que surgem da realidade física, mas que estão além do que as ciências naturais particulares estudam. Esta problemática e crítica análise da realidade, também chamada ontologia ou ciência do ser, deve levar em conta as contribuições das ciências naturais e biológicas, e pensar sobre os problemas que essas ciências deixam em aberto. Outro ponto de interesse da metafisica são os problemas do conhecimento. É a parte da filosofia que é chamada teoria do conhecimento (também chamada de gnoseologia ou epistemologia). Esta parte da filosofia estuda a origem, os limites e as pretensões do conhecimento e da verdade. Ou como afirma Miguel Reale – “indaga das condições do conhecimento pertinentes ao sujeito que conhece (gnoseologia)”. ➢ PRÁTICA Na Filosofia Prática a ênfase é colocada na procura pessoal, ativa e crítica de respostas as condutas humanas, ou seja, da exteriorização do agir humano. Tomando emprestada as palavras de Miguel Reale podemos dizer, então que a filosofia prática vai se ater a atitude do homem perante o homem e para o mundo, e a projeção dessa atitude como atividade social e histórica. A filosofia prática se divide em ética e estética ÉTICA Área da Filosofia que investiga os problemas colocados pelo agir humano enquanto relacionado com valores morais. Busca discutir e fundamentar os juízos de valor que se referem às ações; reflexão que se propõe a discutir, problematizar e interpretar o significado dos valores morais. A ética se divide em moral, direito e decoro. A MORAL, nascida de posturas externas, revela um conjunto de prescrições vigentes numa determinada sociedade e consideradas como critérios válidos para a orientação do agir de todos os seus membros. Designa o costume: comportamento coletivo, sedimentado e reiterado que por sua necessidade e/ou utilidade social é aceito como regra de conduta obrigatória, aprovada pela tradição (principalmente através da educação familiar, religiosa e escolar) e exigida pela consciência popular, sem que o Poder Público a tenha estabelecido. Nesse sentido, a Moral está ligada às vivências específicas de cada povo, ao sistema de valores próprio de cada cultura. Através da Moral podemos avaliar a qualidade das condutas (éticas) individuais, podendo a atitude moral (compartilhada) resultar no que chamamos moralidade, imoralidade, amoralidade, moralismo, etc. DECORO é o mesmo que agir com decência e pudor, seguindo as normas morais e éticas previstas em uma sociedade. Este termo também está relacionado com o comportamento de recato e respeito tido por alguém em determinada circunstância. Quando se diz que uma pessoa age com decoro significa que se comporta de forma correta, do ponto de vista da moral e ética vigente em determinado grupo ou sociedade. A falta de decoro, por outro lado, se refere ao comportamento oposto, ou seja, agir sem respeito, dignidade e compostura em situações onde está é adequada. Exemplo: Decoro parlamentar - Consiste no comportamento exemplar que é esperado dos representantes políticos. Todas as regras comportamentais referentes ao decoro dos legisladores estão previstas nos regimentos internos da Câmara dos Deputados e do Senado. Caso haja a chamada "quebra de decoro", ou seja, o parlamentar infrinja uma das regras de conduta, este deverá ser punido. ESTÉTICA Do grego: aisthésis; que quer dizer percepção ou sensação. Estuda basicamente e, primordialmente, a natureza do que é belo e das características e fundamentos da arte. É o estudo da arte, em suma, seja ela criada ou natural. A estética estuda o julgamento frente ao belo, observando as percepções individuais e coletivas de uma reação gerada por um fenômeno estético, desde a admiração da natureza em si, até as obras criadas por mãos humanas. 3. PARÂMETROS DA FILOSOFIA DO DIREITO OCIDENTAL A filosofia ocidental se mostra muito diferente da filosofia oriental. Isso porque ao analisarmos suas fontes percebemos que elas receberam influencias diferentes ao longo das épocas. A filosofia do direito ocidental, tem como origem a filosofia da Grécia, pois, foi lá que nasceu filosofia como nos conhecemos. Outra influencia da filosofia do direito ocidental, foi o direito romano. Além, dessas influências, temos outra de cunho religioso, que é a religião judaico-cristã, que nos influenciou no que diz respeito a moral, a conduta etc. ORIGEM: GRÉCIA / DIREITO: ROMANO / RELIGIÃO: JUDAICO-CRISTÃ 4. SENSO COMUM, FILOSOFIA E CIÊNCIA 4.1. SENSO COMUM Senso comum ou conhecimento vulgar é a compreensão do mundo resultante da herança fecunda baseada nas experiências acumuladas por um grupo social. O senso comum descreve as crenças e proposições que aparecem como "normais", sem depender de uma investigação detalhada para se alcançar verdades mais profundas, como as científicas. O senso comum é a forma de conhecimento mais presente no dia a dia das pessoas que não se preocupam prioritariamente com questões científicas. É uma forma de pensamento superficial, ou seja, não está preocupado com causas e fundamentos primeiro de algo, apenas faz afirmações, irrefletidas, imediatas. Isso não quer dizer que não haja conhecimento científico entre essas pessoas ou que não haja senso comum no âmbito científico. O senso comum é transmitido de geração para geração nas sociedades. Por meio dele, o homem embasa o cotidiano e explica a realidade em que vive. O senso comum é a matriz para a ciência e a filosofia (busca dos princípios e as verdades das coisas). 4.2. FILOSOFIA – RAZÃO/SISTEMA/MÉTODOS/CAUSAL E LOGICA/PORQUÊS? RAZÃO. A filosofia se alimenta da razão, do refletir sobre o objeto em busca dos princípios e das verdadesdas coisas. Miguel Reale demostra isso ao esclarecer que “a Filosofia, por ser a expressão mais alta da amizade pela sabedoria, tende a não se contentar com uma resposta, enquanto esta não atinja a essência, a razão última de um dado "campo" de problemas. Há certa verdade, portanto, quando se diz que a Filosofia é a ciência das causas primeiras ou das razões últimas: trata-se, porém, mais de uma inclinação ou orientação perene para a verdade última, do que a posse da verdade plena”. SISTEMA. A filosofia é um sistema, onde há perguntas concatenadas em busca da verdade. As perguntas se organizam através de métodos. Esclarece Miguel Reale, que “a filosofia, com efeito, procura sempre resposta a perguntas sucessivas, objetivando atingir, por vias diversas, certas verdades gerais, que põem a necessidade de outras: daí o impulso inelutável e nunca plenamente satisfeito de penetrar, de camada em camada, na órbita da realidade, numa busca incessante de totalidade de sentido, na qual se situem o homem e o cosmos. Ora, quando atingimos uma verdade que nos dá a razão de ser de todo um sistema particular de conhecimento, e verificamos a impossibilidade de reduzir tal verdade a outras verdades mais simples e subordinantes, segundo certa perspectiva, dizemos que atingimos um princípio, ou um pressuposto. Quando se afirmar que Filosofia é a ciência dos primeiros princípios, o que se quer dizer é que a Filosofia pretende elaborar uma redução conceituai progressiva, até atingir juízos com os quais se possa legitimar uma série de outros juízos integrados em um sistema de compreensão total. Assim, o sentido de universalidade revela-se inseparável da Filosofia. Vê-se, pois, que a Filosofia representa perene esforço de sondagem nas raízes dos problemas. É uma ciência cujos cultores somente se considerariam satisfeitos se lhes fosse facultado atingir, com certeza e universalidade, todos os princípios ou razões últimas explicativas da realidade, em uma plena interpretação da experiência humana; mas, nas vicissitudes do tempo, tal paixão pela verdade sempre se renova; surgem teorias, sistemas, posições pessoais, perspectivas diversas, em um dinamismo que nos é conatural e próprio, de maneira que a universalidade dos problemas não pode contar com resultados ou soluções todos universalmente válidos. Poder-se-ia dizer, porém, que é em nossa procura total da verdade que se manifesta a verdade total. Parafraseando a reflexão agostiniana de Blaise Pascal, diríamos do filósofo com relação à verdade: "tu não me procurarias, se já não me tivesses encontrado"”. Vale lembrar que as perguntas são concatenadas de forma causal e logica. CONCLUSÕES. A filosofia não chega a conclusões. As perguntas estão dentro do conhecimento. Na filosofia não se refuta conclusões, mas se critica o conhecimento. Com relação as conclusões da filosofia, esclarecedora as palavras de Miguel Reale, onde “a Filosofia não existiria se todos os filósofos culminassem em conclusões uniformes, idênticas. A Filosofia é, ao contrário, uma atividade perene do espírito ditada pelo desejo de renovar-se sempre a universalidade de certos problemas, embora, é claro, as diversas situações de lugar e de tempo possam condicionar a formulação diversa de antigas perguntas: o que distingue, porém, a Filosofia é que as perguntas formuladas por Platão ou Aristóteles, Descartes ou Kant, não perdem a sua atualidade, visto possuírem um significado universal, que ultrapassa os horizontes dos ciclos históricos. A universalidade da Filosofia está de certa forma mais nos problemas do que nas soluções, o que não deve causar estranheza se lembrarmos, com Jorge Simmel, que a Filosofia mesma é, por assim dizer, o primeiro de seus problemas, revertendo o seu problematicismo sobre a sua própria essência. A pesquisa das razões últimas das coisas e dos primeiros princípios implica a possibilidade de soluções diversas e de teorias contrastantes, sem que isto signifique o desconhecimento de verdades universais que se imponham ao espírito com a força irrefragável da evidência”. 4.3. CIÊNCIA A ciência tem a ver com experiências, métodos, conceitos e conhecimentos. A ciência presta-se a refutar uma conclusão anterior. Ciência refere-se a qualquer conhecimento ou prática sistemáticos. Em sentido estrito, ciência refere-se ao sistema de adquirir conhecimento baseado no método científico bem como ao corpo organizado de conhecimento conseguido através de tais pesquisas. A ciência, então, deverá representar o conhecimento sistematizado, especializado, testado, organizado, diluído em uma trama de postulados metodológicos. Trata-se de uma pratica racional da qual resultam conhecimentos mais rigorosamente testados que aqueles adquiridos informalmente. Segundo o professor, a ciência presta-se a refutar uma conclusão anterior. Nesse sentido, temos o entendimento de Miguel Reale, onde - “Toda ciência depende, em seu ponto de partida, de certas afirmações, que se aceitam como condição de validade de determinado sistema ou ordem de conhecimentos. E até mesmo quando se pretende abstrair de toda ordem dada, a fim de que a "indagação" ou a "pesquisa" possa determinar as verdades de maneira livre e autônoma, ainda assim se pressupõe a validade da pesquisa experimental como produtora ou reveladora de "assertivas garantidas"”. As conclusões da ciência podem ser expressa de três formas: 1) Lei cientifica, 2) Teoria ou 3) Hipótese. ❖ LEI CIENTIFICA - A lei descreve determinados fenômenos naturais sob determinadas condições. A lei é usada para descrever uma ação sob certas circunstâncias. Para o professor haverá lei cientifica quando houver comprovação categórica de todas as hipóteses. ❖ TEORIA - Uma teoria científica consiste em uma ou mais hipóteses que foram suportadas em testes repetitivos. Segundo o professor haverá uma teoria, quando nem todas as hipóteses forem comprovadas, ou seja, possui um menor grau de certeza. ❖ HIPÓTESE - Uma hipótese é uma suposição razoável baseada em um conhecimento anterior ou na observação. Hipóteses são comprovadas e refutadas o tempo todo. As hipóteses desempenham um papel importante no método científico, pois, a partir dele, formula-se uma pergunta (baseada em um problema estabelecido em um conhecimento anterior), desenvolve-se uma hipótese, pensa-se nas consequências em que essa hipótese poderia ser testada, e, em seguida, a testa e analisa os seus dados. De outra forma, uma hipótese precisa ser testada e retestada muitas vezes e em condições controláveis, antes que ela seja aceita na comunidade científica como sendo verdadeira. MÉTODO CIENTIFICO = PROBLEMA + HIPÓTESE(EXPERIMENTAÇÃO) = CONCLUSÃO OBSERVAÇÃO: CIÊNCIA DO DIREITO - constitui um conjunto ordenado e sistemático de princípios e regras que tem por tarefa definir e sistematizar o ordenamento jurídico, que o Estado impõe à sociedade e apontar solução para os problemas ligados à sua interpretação, aplicação e fontes. 5. FILOSOFIA DO DIREITO O direito como objeto, pode ser estudado sob dois ângulos: um zetetitco e um dogmático. O refletir dogmático (dokein) vincula-se ao desenvolvimento de opinião, enquanto o zetético (zatetikós) liga-se a dissolução das opiniões pela investigação e seu pressuposto basilar é a dúvida. O pensamento dogmático é uma forma de enfoque teórico no qual as premissas da sua argumentação são inquestionáveis. O método zetético é analítico e, para resolver algum problema ou investigar a razão das coisas, questiona as premissas de argumentação, procede por pesquisas, investiga. O enfoque dogmático é mais fechado,preso a conceitos fixos, adaptando os problemas as premissas, enquanto o enfoque zetetico dissolve as opiniões e as coloca em dúvida, exercendo função especulativa explicita e infinita. Entende-se, a partir desses dizeres, que a filosofia seja zetética. O direito, por sua vez, é mais dogmático. Contudo, as céleres transformações do mundo moderno ordenem, para uma compreensão mais apurada das necessidades humanas, seja introduzindo a forma zetetica de pensar o Direito, sob o risco de torna-lo ineficaz. Nesse ponto, ressalta-se o grande valor da Filosofia para o Direito. Pensar o Direito denota problematização da realidade e reformulação dos conceitos vetustos, por vezes tidos como insuficientes para dirimir as novas contendas. Se ao Direito cabe acompanhar a evolução social, precisa desnudar-se de preconceitos conferidos pelo dogmatismo jurídico. 5.1. MOMENTO HISTÓRICO A. FILOSOFIA DO DIREITO IMPLÍCITA Se prolonga, no mundo ocidental, desde os pré-socráticos até Kant. É implícito, pois, durante este período somente filósofos produzia, debatia e questionava o direito. B. FILOSOFIA DO DIREITO EXPLICITA consciente da autonomia de seus títulos, por ter intencionalmente cuidado de estabelecer as fronteiras de seu objeto próprio nos domínios do discurso filosófico. O surgimento da Filosofia do Direito como disciplina autônoma foi o resultado de longa maturação histórica, tornando-se uma realidade plena na época em que se deu a terceira fundação da Ciência Jurídica ocidental, isto é, a cavaleiro dos séculos XVIII e XIX. Segundo o professo a Filosofia do Direito se torna autônoma à partir de Hegel. 5.2. CONCEITO Miguel Reale, esclarece que o termo Filosofia do Direito pode ser empregado em acepção lata, abrangente de todas as formas de indagação sobre o valor e a função das normas que governam a vida social no sentido do justo, ou em acepção estrita, para indicar o estudo metódico dos pressupostos ou condições da experiência jurídica considerada em sua unidade sistemática. Eduardo Bittar, ensina, que a Filosofia do Direito é um saber critico a respeito das construções jurídicas erigidas pela Ciência do Direito e pela própria práxis do Direito. Mais que isso, é sua tarefa buscar os fundamentos do Direito, seja para cientificar-se de sua natureza, seja para criticar o assento sobre o qual se fundam as estruturas do raciocínio jurídico. O professo Felipe Jacques, entende a Filosofia do Direito, como um ramo de estudo racional, mais amplo, que investiga o fundamento do direito e de suas normas, bem como todas as causas, consequências, necessidades e utilidades públicas do direito. 5.3. OBJETIVOS → Proceder à critica das práticas, das atitudes e atividades dos operadores do direito; → Avaliar e questionar a atividade legiferante, bem como oferecer suporte reflexivo ao legislador; → Proceder à avaliação do papel desempenhado pela ciência jurídica e o próprio comportamento do jurista ante ela; → Depurar a linguagem jurídica, os conceitos filosóficos e científicos do Direito, bem como analisar a estrutura lógica das proposições jurídicas; → Investigar a eficácia dos institutos jurídicos, sua atuação social e seu compromisso com as questões sociais, seja no que tange a indivíduos, seja no que tange a grupos, seja no que tange a coletividade, seja no que tange a preocupações humanas universais; → Desmascarar as ideologias que orientam a cultura da comunidade jurídica, os pré- conceitos que orientam as atitudes dos operadores do Direito e descortinar as críticas necessárias para a reorientação da função de responsabilidade ético-social que repousa nas profissões jurídicas. 5.4. HISTORIA DA FILOSOFIA DO DIREITO 5.4.1. MOMENTOS REVOLUÇÃO FRANCESA - Sob o mote “liberté, égalité, fraternité”! (liberdade, igualdade, fraternidade!), populares tomaram, em 14 de julho de 1789, um dos símbolos do totalitarismo francês de então, localizado na capital, Paris: a Bastilha, prisão onde eram encarcerados adversários do regime. Esse foi o estopim do que ficou conhecido como a Revolução Francesa. No entender de muitos historiadores, ao romper com um status quo instituído há 50 gerações (cerca de 500 anos) por influência do clero, a Revolução Francesa passou a constituir o marco divisor entre a Idade Moderna e a Idade Contemporânea, e ainda teria sido o evento de maior importância da humanidade, produzindo frutos até hoje. A Revolução Francesa, também foi um importante marco, para a filosofia, pois, marcou a divisão entre a filosofia pré-contemporânea e a filosofia contemporânea. 5.4.2. FILOSOFIA DO DIREITO PRÉ-CONTEMPORÂNEA A filosofia do direito pré-contemporânea é muito vasta, e em geral corresponde a formas específicas de relação do direito e da apreciação do justo com o todo da vida social. Havendo três grandes modos de produção nessa história do direito pré- contemporânea, há também três grandes níveis gerais de reflexão jusfilosófica: uma filosofia do direito antiga, eminentemente greco-romana, que corresponde às formas superiores da organização do modo de produção escravagista; uma filosofia do direito medieval, eminentemente cristã, que corresponde ao modo de produção feudal; uma filosofia do direito moderna, construída no embate entre uma lógica religiosa-absolutista e uma perspectiva burguesa racionalista, e que, ao seu final, antecipou o arcabouço do direito positivo contemporâneo. 5.4.2.1. FILOSOFIA ANTIGA A. FASE PRÉ-HELÊNICA Segundo Paulo Nader, é na Grécia antiga onde vamos encontrar, propriamente, o início da Filosofia do Direito, malgrado as primeiras reflexões dessa natureza tenham precedido ao pensamento helênico, pois o Direito, de maneira empírica, envolto ainda com a Religião, Moral, Regras de Trato Social, surgira concomitante ao florescimento das civilizações do passado e, como se sabe, o pensamento jurídico exerce uma vis atractiva em relação ao filosófico. Onde o espírito religioso predominou pouco se pode cogitar a respeito de um pensamento jusfilosófico, pois a lei era considerada a expressão da vontade divina, e o seu acatamento, uma imposição de fé. EGITO → No Egito antigo, o famoso Livro dos Mortos tanto revela o sentimento de justiça daquele povo quanto o domínio da Religião sobre o Direito. Perante o Tribunal de Osíris, conforme a narrativa, para obter a felicidade eterna o morto precisava proferir, di ante da deusa Maat, vocábulo que significa lei, uma oração, cujo teor mostra o sentido religioso do dever de justiça, bem como a percepção de princípios e regras devidamente ajustados ao Direito Natural. ÍNDIA → Na Índia primitiva destacaram-se as doutrinas do bramanismo, budismo e jainismo. Um dos princípios filosóficos que se eternizaram no âmbito social, hoje desdobrado em várias diretrizes do pensamento, foi o da igualdade da natureza humana, proclamado por discípulos de Buda (563-484 a.C.), ao combaterem o regime de castas. CHINA → Conhecido no mundo ocidental por Confúcio (551 -479 a.C.), Kung- fu-tsé, ou “Mestre Kung”, projetou o pensamento chinês no âmbito da Filosofia, escrevendo algumas obras jurídico-filosóficas: Ta-hio, ou Grande Estudo; Chon-yung, ou Da Invariabilidade do Justo Médio; Lin-yu, ou Conversas Filosóficas. Para ele o valor do justo era fundamental: “Se se dispõe de homens justos, o governo prosperará; sem eles, o governo desaparecerá”; “pode -se obrigar ao povo a seguir os princípios da justiça e da razão, mas não se pode obrigar a compreendê-los” (Lin-yu, VIII, 9). Além de Confúcio, destacou-se o pensamento de seu discípulo Mêncio e de Laot sé, sendo que este, ao lado de Chuang-tsé,criou a chamada filosofia do taoísmo. HEBREUS → Entre os hebreus, a reflexão jurídica se manifestou em livros religiosos, basicamente no Pentateuco, também denominado Torá ou Lei. Atribuída a Moisés, aquela ob ra apresenta cinco livros: Gêneses, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, que reúnem preceitos religiosos e legais, dispersos em narrativas históricas. B. PRÉ-SOCRÁTICOS Os filósofos pré-socráticos foram os primeiros sábios gregos a formular uma explicação racional para o mundo sem recorrer ao sobrenatural. Alguns aspectos comuns entre eles podem ser apontados: em primeiro lugar, eram estudiosos da natureza (physis). Por buscarem entender a organização racional do universo, a partir de princípios e leis que o regem, dizemos que eram voltados para a cosmologia, ou seja, a busca por entender a razão que rege o universo. Em segundo lugar, tentavam encontrar uma relação de causalidade entre os fenômenos da natureza. Por fim, todos buscavam um princípio ou elemento primordial a partir do qual explicariam os fenômenos naturais. O que une os filósofos pré-socráticos, é a preocupação de compreender a natureza do mundo, abandonando a explicação do Universo que apelava para os deuses (religião), procuraram formular ideias sobre a gênese do cosmos a partir da observação da realidade imediata. ESCOLA JÔNICA → Escola Jônica (séc. VI a.C.), de índole materialista, pesquisou no âmbito terrestre o elemento que seria a origem do mundo sensível. A filosofia desenvolvida pelos jônios foi de natureza cosmológica, e seu ponto de contato com a nossa disciplina operou-se ao conceber o Direito como fenômeno natural. Anaximandro de Mileto, um de seus integrantes, identificou a noção de justiça com o Universo, enquanto Empédocles, que desenvolvera a teoria dos quatro elementos (água, ar, fogo e terra), recorria ao valor justiça para explicar o cosmo. PRINCIPAIS FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS (E SUAS ESCOLAS) ESCOLA JÔNICA → Tales de Mileto → Anaximenes de Mileto → Anaximandro de Mileto → Heráclito de Éfeso ESCOLA ITÁLICA OU PITAGÓRICA → Pitágoras de Samos → Filolau de Crotona → Árquitas de Tarento ESCOLA ELEÁTICA → Xenófanes → Parmênides de Eleia → Zenão de Eleia → Melisso de Samos. ESCOLA ELEÁTICA → Com a Escola Eleática (séc. VI a V a.C), a filosofia grega não alterou o rumo de suas investigações, mantendo -se ainda no período cosmológico. Entretanto, os eleatas, com Parmênides, Xenofontes, Zenão de Eleia e Meliso de Samos foram mais profundos em suas reflexões, passando a um plano metafísico ao sustentarem que o ser verdadeiro é uno, imutável e eterno. Para os membros dessa Escola, o ser não pode surgir do não ser. Segundo Parmênides, o Direito seria o fator da imutabilidade do ser, pois tudo no universo se achava subordinado à justiça, e esta não permitia que algo nascesse ou fosse destruído. Nesse grupo famoso de pensadores, as questões filosóficas concentram-se na comparação entre o valor do conhecimento sensível e o do conhecimento racional. De suas reflexões, resultou que o único conhecimento válido é aquele fornecido pela razão. ESCOLA PITAGÓRICA → No período pré-socrático foi a doutrina da Escola Pitagórica, ou itálica, a que desenvolveu noções mais atinentes à nossa disciplina. Pitágoras de Samos (582 a 500 a.C.), seu fundador, fixou-se em Crotona, Sul da Itália, onde fundou uma academia, na qual se cultivou uma rigorosa filosofia moral. Por motivos de natureza política os membros da Escola foram perseguidos e expulsos de Crotona, ocorrendo a dissolução daquela associação de pensadores. Ao que tudo indica, Pitágoras não escreveu livros, mas o seu pensamento encontra-se registrado na obra Sobre a Natureza, de Filolau, seu mais notável seguidor. Pensavam os pitagóricos que a Filosofia era o meio de purificação interna, ideia essa que séculos mais tarde influenciou o idealismo ético de Platão. Objetivando a academia o preparo e formação de dirigentes, aqueles pensadores promoveram uma aproximação, em seus estudos, da Filosofia com a Política. A doutrina da Escola Pitagórica pode ser defini da como um sistema filosófico fundado em números, considerados a essência de todas as coisas. Tal concepção foi aplicada aos domínios da Filosofia do Direito, pois definiram a justiça como igualdade entre o fato e a conduta correspondente: um crime, uma penalidade; uma tarefa, uma retribuição. Expressa na fórmula “aquilo que um sofre por algo”, considerada certeira por Truyol y Serra, a noção pitagórica de justiça como igualdade foi mais tarde desenvolvida pelo gênio Estagirita. O valor justiça foi simbolizado pela figura geométrica do quadrado, em razão da absoluta igualdade de seus lados, e pelos algarismos 4 e 9, pois resultantes da multiplicação, por si mesmos, de um número par e de um ímpar. Quanto ao Direito, este foi definido por Pitágoras como o igual múltiplo de si mesmo, concepção essa que não logrou senão vagas interpretações, entendendo Pontes de Miranda que aquele sábio desejou, possivelmente, “expressar o imutável que há na sucessão das formas e a despeito delas”. C. SOFISTAS QUEM ERAM? O aparecimento da Sofística, no século V a.C., que teve em Protágoras, Górgias, Hípias, Trasímaco, os seus corifeus, não se registrou por acaso, mas em decorrência do fato histórico da democratização de Atena s que, à época de Péricles, renunciara ao regime aristocrático. Os sofistas eram cidadãos cultos, bons oradores, que desejavam ensinar a arte e a técnica política e por isso dedicavam especial atenção à Retórica, visando ao preparo de novos dirigentes. Outro fato que motivava os sofistas e valorizava as suas orientações era a circunstância de que, na Ágora, os cidadãos expunham oralmente, diante dos juízes, as suas próprias causas. Pelo fato de não terem deixado escritos, suas ideias são conhecidas pelas obras de seus adversários, especialmente pelos diálogos platônicos. PRINCIPAIS SOFISTAS. Entre os sofistas, destacamos Protágoras e Górgias, que pareciam mais preocupados com a distinção entre natureza e convenção, de uma forma geral. Por essa razão, tinham como um de seus principais objetivos depreciar o estudo da natureza e, desta maneira, toda a linha filosófica existente até essa época. I) Protágoras alegou que o homem é a medida de todas as coisas, tanto das coisas que são o que são como das coisas que não são, o que não são. Isto significa que tudo é como parece ao homem – não apenas aos homens em geral, mas a cada indivíduo em particular. Esta tese, leva a um relativismo total, sem possibilidade alguma de verdade absoluta. II) Górgias foi ainda, mais radicalmente oposto à natureza e a seu estudo. Escreveu um livro no qual formulou uma tripla alegação: 1) nada há; 2) mesmo que houvesse alguma coisa, não poderíamos conhecê-la; e 3) mesmo que pudéssemos conhecê-la não poderíamos comunicá-la aos demais. Poderíamos descrever isto como um argumento mediante “retirada estratégica”: caso a posição mais radical não seja julgada convincente, volta-se para outra, menos radical., mas até mesmo esta última elimina a possibilidade de estudo da natureza. Górgias ensinava retórica, enquanto que Pródico, especializava-se em linguagem e gramática em geral, ao passo que Hípias ensinava o treinamento da memória. Todas estas aquisições eram úteis em uma sociedade que tanto dependia da capacidade de influenciar a opinião pública na assembleia. PENSAMENTO. Os sofistas convergiram seu estudo para idêntico alvo: o homem e seus problemas psicológicos, morais e sociais. Entre os autores, são classificados com as individualistas e subjetivistas, além denegadores da ciência, pois entendiam que toda pessoa tem o seu modo próprio de ver as coisas, fato esse que in viabilizaria qualquer ciência, pois nenhuma delas pode constituir-se por meras opiniões isoladas. Em decorrência dessa premissa, admitiram apenas o caráter relativo da justiça e do Direito, que seriam contingentes e de expressão convencional. Colocando em análise a indagação se a justiça se fundava na ordem natural, de um modo geral negaram, sob o argumento de que “se existisse um justo natural, todas as leis seriam iguais”. Coube a um sofista – Protágoras – a proclamação de que “o homem é a medida de todas as coisas”, ideia essa que fortalece a tese em torno da existência de um direito que reúne princípios eternos, imutáveis e universais, pois fundado n o homem, em sua natureza. 6. SÓCRATES (469 A.C. - 399 A.C) 6.1. BIOGRAFIA Nascido nas planícies do monte Licabeto, próximo a Atenas. Filho de um escultor e de uma parteira ateniense, Sócrates era uma figura desconcertante, sempre visto, andando vagarosamente pelas praças, mercados e ruas de Atenas. Não militar na política, não exercer cargos administrativos, foi visto como um filósofo verdadeiramente livre: ninguém o financiava, ninguém o patrocinava: não precisava agradar a ninguém. Acusado de corromper a juventude de Atenas e não reconhecer a existência dos deuses, ele foi condenado à morte. Por mais que seus amigos quisessem libertá-lo, o sábio se recusava, pois fugir de sua condenação seria renegar as próprias ideias: “Conservando a vida, eu me tornaria indigno. Não me peças que eu mate a minha palavra”. Ele suicidou-se antes de sua execução com um cálice de cicuta. 6.2. MOMENTO HISTÓRICO Sócrates conviveu com o povo ateniense do século V a.C (século de Péricles), em plena glória da civilização grega na Antiguidade, e nas praças publicas (agorá) e no solo da cidade (pólis) inscreveu seu método e suas preocupações. Sócrates, vivencio a guerra do Peloponeso, um conflito armado entre Atenas (centro político e civilizacional do mundo ocidental no século V a.C.) e Esparta (cidade-Estado de tradição militarista e costumes austeros), de 431 a 404 a.C, onde, todos os homens entre 15 e 45 anos de idade foram enviados para lutar. Os atenienses viam um comercio abundante, seu desenvolvido artesanato e suas artes, sua cultura, seu cosmopolitismo, e, principalmente seu arranjo político excepcional – a democracia – possibilitaram a Atenas a dianteira dos pensamentos filosófico. Foi nesse cenário que Sócrates desenvolveu seu pensamento, ou seja, no apogeu da vida cultural e social ateniense. 6.3. AUSENCIA DE PRODUÇÃO ESCRITA Apesar de não haver registro de qualquer produção escrita da autoria de Sócrates. Seus pensamentos e ideias são conhecido principalmente através dos relatos em obras de outros filósofos, especialmente dois de seus alunos, Platão e Xenofonte, bem como pelas peças teatrais de seu contemporâneo Aristófanes. As principais obras que relatam o pensamento de Sócrates são sobretudo: →APOLOGIA DE SÓCRATES (PLATÃO) – uma das únicas fontes de referencia escrita a respeito da filosofia socrática. → CRÍTON (PLATÃO) – é um diálogo entre Sócrates e seu amigo rico Críton em matéria de justiça, injustiça, e a resposta apropriada a injustiça. Sócrates acha que a injustiça não pode ser respondida com a injustiça e se recusa a oferta de Críton de financiar sua fuga da prisão. Este diálogo contém uma declaração antiga da teoria do contrato social do governo. →FÉDON (PLATÃO) – é um dos grandes diálogos de Platão de seu período médio, juntamente com A República e O Banquete. Fédon, que retrata a morte de Sócrates, também é o quarto e último diálogo de Platão a detalhar os últimos dias do filósofo depois das obras Eutífron, Apologia de Sócrates e Críton. O tema da obra Fédon é considerado ser a imortalidade da alma. →DITOS E FEITOS MEMORÁVEIS DE SÓCRATES (XENOFONTE) →APOLOGIA DE SÓCRATES (XENOFONTE) →AS NUVENS (ARISTÓFANES) - compara Sócrates aos sofistas, mestres da retórica, e acusa o filósofo grego de exercer uma influência nefasta sobre a sociedade. Portanto, o que se conhece de Sócrates é, portanto, mais fruto de leitura dos diálogos platônicos que de uma obra por ele escrita. 6.4. PORQUE É UM MARCO NA FILOSOFIA? A filosofia socrática possui um método, e esse método faz o filósofo, como homem, radicar-se em meio aos homens, em meio à cidade (pólis). É do convívio, da moralidade, dos hábitos e praticas coletivas, das atitudes do legislador, da linguagem poética... que surgem os temas da filosofia socrática. O conhecimento para Sócrates, reside no próprio interior do homem. Conhecendo-se a si mesmo, pode-se conhecer melhor o mundo. Sócrates foi um marco na filosofia, pois, rompeu com o pensamento anterior. É, sem duvida alguma, um divisor de águas para a filosofia, sobretudo pelo fato de situar seu campo de especulações não na cosmovisão das coisas e da natureza, mas na natureza humana e em suas implicações ético-sociais. 6.4.1. DIFERENTE DOS SOFISTAS Os sofistas, grupo de filósofos (título negado por Platão) originários de várias cidades, viajavam pelas pólis, onde discursavam em público e ensinavam suas artes, como a retórica, em troca de pagamento. Sócrates se assemelhava exteriormente a eles, exceto no pensamento. Platão afirma que Sócrates não recebia pagamento por suas aulas. Sua pobreza era prova de que não era um sofista. Para os sofistas tudo deveria ser avaliado segundo os interesses do homem e da forma como este vê a realidade social (subjetividade), segundo a máxima de Protágoras: "O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são.". Isso significa que, segundo essa corrente de pensamento, as regras morais, as posições políticas e os relacionamentos sociais deveriam ser guiados conforme a conveniência individual. Para este fim qualquer pessoa poderia se valer de um discurso convincente, mesmo que falso ou sem conteúdo. Os sofistas usavam, de fato, complicados jogos de palavras, no discurso para demonstrar a verdade daquilo que se pretendia alcançar. Este tipo de argumento ganhou o nome de sofisma. A sofística destruía os fundamentos de todo conhecimento, já que tudo seria relativo (relativismo) e os valores seriam subjetivos, assim como impedia o estabelecimento de um conjunto de normas de comportamento que garantissem os mesmos direitos para todos os cidadãos da pólis. Tanto quanto os sofistas, Sócrates abandonou a preocupação em explicar e se concentrou no problema do homem. No entanto, contrariamente aos sofistas, Sócrates travou uma polêmica profunda com estes, pois procurava um fundamento último para as interrogações humanas ("O que é o bem?" "O que é a virtude? "O que é a justiça?); enquanto os sofistas situavam as suas reflexões a partir dos dados empíricos, o sensório imediato, sem se preocupar com a investigação de uma essência da virtude, da justiça do bem etc., a partir da qual a própria realidade empírica pudesse ser avaliada. Sócrates contribuiu para que as pessoas se apercebessem da descoberta da evidência que é a manifestação do mestre interior à alma. Conhecer-se a si mesmo seria conhecer Deus em si. SOFISTAS SÓCRATES O sofista é um professor ambulante. Sócrates é alguém ligado aos destinos de sua cidade. O sofista cobra para ensinar. Eram chamados de prostituidos. Sócrates vive sua vida e essa confunde- se com a vida filosófica: “Filosofar não é profissão, é atividade do homem livre” O sofista “sabe tudo” e transmite um saber pronto, sem crítica (que Platãoidentifica com uma mercadoria, que o sofista exibe e vende). Afasta a verdade porque a considera uma convenção. Sócrates diz nada saber e, colocando-se no nível de seu interlocutor, dirige uma aventura dialética em busca da verdade, que está no interior de cada um. O sofista faz retórica (discurso de forma primorosa, porém vazio de conteúdo). Sócrates faz dialética (bons argumentos). Na retórica o ouvinte é levado por uma enxurrada de palavras que, se adequadamente compostas, persuadem sem transmitir conhecimento algum. Na dialética, que opera por perguntas e respostas, a pesquisa procede passo a passo e não é possível ir adiante sem deixar esclarecido o que ficou para trás. O sofista refuta por refutar, para ganhar a disputa verbal. Sócrates refuta para purificar a alma de sua ignorância. 6.4.2. DIFERENTE DOS PRÉ-SOCRÁTICOS Enquanto os filósofos pré-Socráticos, chamados de naturalistas, procuravam responder a questões do tipo: "O que é a natureza ou o fundamento último das coisas?" Sócrates, por sua vez, procurava responder à questão: "O que é a natureza ou a realidade última do homem?". 6.5. MÉTODO MAIÊUTICO (IRONIA/PARIR IDEIA) Sócrates se dedicava àquilo que ele considerava a arte ou ocupação mais importante: maiêutica, o parto das ideias. Tal técnica deve seu nome "socrático" a Sócrates, o filósofo grego do século V a.C., que teria sido o primeiro a utilizá-la. O filósofo não deixou nenhuma obra escrita, mas seus diálogos nos foram transmitidos por seu discípulo Platão. Nesses textos Sócrates, utilizando um discurso caracterizado pela maiêutica (levar ou induzir uma pessoa, por ela própria, ou seja, por seu próprio raciocínio, ao conhecimento ou à solução de sua dúvida) e pela ironia, levava o seu interlocutor a entrar em contradição, tentando depois levá-lo a chegar à conclusão de que o seu conhecimento é limitado Daí que a maiêutica consistisse num autêntico parto de ideias, pois, mediante o questionamento dos seus interlocutores, Sócrates levava-os a colocar em causa os seus preconceitos acerca de determinado assunto, conduzindo-os a novas ideias acerca do tema em discussão, reconhecendo, assim, a sua ignorância e gerando novas ideias, mais próximas da verdade. Ou seja: a maiêutica primeiro demole, depois ajuda a reconstruir conceitos, transitando do básico ao elaborado, “parindo” noções cada vez mais complexas. Conta-se que um dia Sócrates foi levado junto à sua mãe para ajudar em um parto complicado. Vendo sua mãe realizar o trabalho, Sócrates logo “filosofou”: Minha mãe não irá criar o bebê, apenas ajudá-lo-á a nascer e tentará diminuir a dor do parto. Ao mesmo tempo, se ela não tirar o bebê, logo ele irá morrer, e igualmente a mãe morrerá! Sócrates concluiu então que, de certa forma, ele também era um parteiro. O conhecimento está dentro das pessoas (que são capazes de aprender por si mesmas). Porém, eu posso ajudar no nascimento deste conhecimento. Concluiu ele. Por isso, até hoje os ensinamentos de Sócrates são conhecidos por maiêutica (que significa parteira em grego). 6.6. CONHECIMENTO ÉTICO DE SÓCRATES 6.6.1. ÉTICA SIGNIFICA CONHECIMENTO O pensamento socrático é profundamente ético. Reveste-se, em todas as suas latitudes, de preocupação ético-social, envolvendo-se em seu método maiêutico todo tipo de especulação temática impassível de solução. O ensinamento ético de Sócrates reside no conhecimento e na felicidade. Ética significa conhecimento, tendo-se em vista que, ao praticar o mal, crê-se praticar algo que leve à felicidade, e, normalmente, esse juizo é falseado por impressões e aparências puramente externas. Para saber julgar acerca do bem e do mal, é necessário conhecimento, este sim verdadeira sabedoria e discernimento. O conhece-te a ti mesmo é esse mandamento que inscreve como necessária a gnose interior para a construção de uma ética sólida. 6.6.2. A FELICIDADE É A BUSCA DE TODA ÉTICA A felicidade, a busca de toda a ética, para Sócrates, pouco tem a ver com a posse de bens materiais ou com o conforto e a boa situação entre os homens; tem ela a ver com a semelhança com o que é valorizado pelos deuses, pois parecem estes ser os mais beatos dos seres. O cultivo da verdadeira virtude, consistente no controle efetivo das paixões e na condução das forças humanas para a realização do saber, é o conduz o homem a felicidade. 6.7. PRIMADO DA ÉTICA DO COLETIVO SOBRE A ÉTICA INDIVIDUAL Para Sócrates a ética é o respeito às leis, e, portanto, a coletividade. O homem enquanto integrado ao modo politico de vida deve zelar pelo respeito absoluto, mesmo em detrimento da própria vida, às leis comuns a todos, às normas políticas. O homem, assim radicado naturalmente na forma de vida comunitária, tem como dever o cumprimento de seu papel como cidadão participativo, e, assim, integrado nos negócios públicos, deve buscar a manutenção da sacralidade e da validade das instituições convencionada que consentem o desenvolvimento da harmonia comunitária. A ética socrática reside no conhecimento e em vislumbrar na felicidade o fim da ação. Essa ética tem por objetivo preparar o homem para conhecer-se, tendo em vista que o conhecimento é a base do agir ético. Ao contrário de fomentar a desordem e o caos, a filosofia de Sócrates prima pela submissão, ou seja, pelo primado da ética do coletivo sobre a ética do individual. Neste sentido, para esse pensador, a obediência à lei era o limite entre a civilização e a barbárie. Segundo ele, onde residem as ideias de ordem e coesão, pode-se dizer garantida a existência e manutenção do corpo social. Trata-se da ética do respeito às leis, e, portanto, à coletividade. A abnegação pela causa da educação dos homens e pelo bem da coletividade, levou Sócrates a se curvar ante o desvario decisório dos homens de seu tempo. Acusado de estar corrompendo a juventude e de cultuar outros deuses, foi condenado a beber cicuta pelo tribunal ateniense. Sócrates resignou-se à injustiça de seus acusadores, em respeito à lei a que todos regia em Atenas. Para esse proeminente filósofo grego, o homem enquanto integrado ao modo político de vida deve zelar pelo respeito absoluto às leis comuns a todos, mesmo em detrimento da própria vida. O ato de descumprimento da sentença imposta pela cidade representava para Sócrates a derrogação de um princípio básico do governo das leis, qual seja, a eficácia. Segundo Sócrates, com a eficácia das leis comprometida, a desordem social reinaria como princípio. LEI PARA SÓCRATES Lei para Sócrates é o conjunto de preceitos inquestionáveis, pois, a única forma de manter o ideal cívico e a organização da cidade, é por meio de sua obediência. Sócrates vislumbra nas leis um conjunto de preceitos de obediência incontornável, não obstante possam estas serem justas ou injustas. O direito, pois, aparece como um instrumento humano de coesão social, que visa à realização do bem comum, consistente no desenvolvimento integral de todas as potencialidades humanas, alcançável pelo cultivo das virtudes. Sendo assim, um juízo subjetivo sobre o certo e o errado, o justo ou injusto não pode ser considerado o bastante para se violar as leis da polis. É perceptível a oposição ao pensamento dos sofistas, pois estes relevaram a efemeridade e contingência das leis variáveis no tempo e espaço, ao passo que Sócrates empenhou-se em restabelecer para a cidade o império do ideal cívico, liame indissociável entre o indivíduo e a sociedade. Ao aceitar a sua pena de morte, ao invés de fugir, deu exemplo deste seu pensamento, substituindo o princípio da reciprocidade, segundo o qual se respondia ao injustocom injustiça, pelo princípio da anulação de um mal com seu contrário, assim, da injustiça com um ato de justiça. 6.8. LEI POSITIVA X LEI MORAL – CRITICA INTERNA Embora tivesse conhecimento de que a lei humana (nomos) – artifício humano e não da natureza – poderia ser justa ou injusta, Sócrates pregava a irrestrita obediência à lei. O Direito – conjunto de leis, em termos simplistas – seria um instrumento de coesão social que levaria à realização do bem comum, entendido como o "desenvolvimento integral de todas as potencialidades humanas, alcançadas por meio do cultivo das virtudes", ensina Eduardo Bittar. A lei seria elemento de ordem no todo da cidade (pólis) e, por isso, não deveria ser contrariada, mesmo que se voltasse contra si mesmo, sob pena de se instalar a desordem social. "O homem integrado enquanto integrado ao modo político de vida deve zelar pelo respeito absoluto, mesmo em detrimento da própria vida, às leis comuns a todos, às normas políticas (nómos póleos)", completa Bittar. O indivíduo nas suas elucubrações poderia questionar os critérios de justiça de uma lei positiva (externa), mas somente criticá-la, sem desobedecê-la, evitando, assim, o caos por levar outras pessoas a desobedecê-la. Diz Eduardo Bittar: "Em outras palavras, para Sócrates, com base num juízo moral, não se podem derrogar leis positivas. O foro interior e individual deveria submeter-se ao exterior e geral em benefício da coletividade." Prossegue Leite (p. 25): "Efetivamente, a justiça, para Sócrates, consiste no conhecimento e, portanto, na observância das verdadeiras leis que regem as relações entre os homens, tanto das leis da cidade como das leis não- escritas. Segundo Sócrates, que propugna pela obediência incondicional às leis da cidade, o justo não se esgota no legal, posto que acima da justiça humana existe uma justiça natural e divina”. Elucidativa são as palavras de Eduardo Bittar: “Sócrates serviu-se de sua própria experiencia para fazer com que a verdade acerca do justo e do injusto viesse à tona. A lei interna que encontra guarida no interior de cada ser, lei moral por excelência, poderia julgar acerca da justiça ou da injustiça de uma lei positiva, e a respeito disso opinar, mas esse juizo não poderia ultrapassar os limites da crítica, a ponto de lesar a legislação politica pelo descumprimento. Em outras palavras, para Sócrates, com base num juizo moral, não se podem derrogar leis positivas. O foro interior e individual deveria submeter-se ao exterior e geral em beneficio da coletividade”. LEI POSITIVA = DEVERIA SER OBEDECIDA → CRIADA PARA COLETIVIDADE LEI MORAL = A LEI QUE SE ENCONTRA NO INTERIOR DE CADA SER 6.9. CONCEITO DE DIREITO Segundo o entendimento de Eduardo Bittar, Sócrates vislumbra nas leis um conjunto de preceitos de obediência incontornável, não obstante possam estas serem justas ou injustas. Para Sócrates, o direito, aparece como um instrumento humano de coesão social, que visa à realização do Bem Comum, consistente no desenvolvimento integral de todas as potencialidades humanas, alcançável por meio do cultivo das virtudes. Em seu conceito, que nos foi transmitido pelos diálogos platônicos de primeira geração, as leis da cidade são inderrogáveis pelo arbítrio da vontade humana. 6.10. NOÇÃO DE JUSTIÇA Efetivamente, a Justiça, para Sócrates, consiste no conhecimento e, portanto, na observância das verdadeiras leis que regem as relações entre os homens, tanto das leis da cidade como das leis não escritas. Segundo Sócrates, que propugna pela obediência incondicional às leis da cidade, o justo não se esgota no legal, posto que acima da justiça humana existe uma justiça natural e divina. Ademais, refuta o conceito de justiça proclamado à época (beneficiar os amigos e prejudicar os inimigos), afirmando que fazer o mal não se revela justo de modo algum e que não foi sábio aquele que disse que o homem justo deve prejudicar os inimigos e beneficiar os amigos. Assim, a justiça é, segundo ele, a base para todas as virtudes a que o homem quer ter. A justiça deveria estar contida nas virtudes (temperança, valor – o amor das – e sabedoria – gosto pelo saber) e na alma (dividida em desejo, coragem e razão) do homem, sendo que a virtude que deveria prevalecer seria a justiça. 7. PLATÃO (427 A.C. – 347 A.C.) 7.1. BIOGRAFIA Platão nasceu em Atenas. De família nobre, estudou leitura, escrita, música, pintura, poesia e ginástica. Serviu no exército entre 409 e 404 a.C., final da Guerra do Peloponeso. Após a guerra, estabeleceu-se uma oligarquia em Atenas, em 404 a.C., o chamado governo dos Trinta Tiranos (um deles Carmides, tio de Platão), antes de, em seguida, a democracia ser restabelecida. Começou seus trabalhos filosóficos após estabelecer contato com outro importante pensador grego: Sócrates. Platão torna-se seguidor e discípulo de Sócrates. Em 387 a.C., fundou a Academia, uma escola de filosofia com o propósito de recuperar e desenvolver as ideias e pensamentos socráticos. Em pouco tempo, a Academia tornou-se um dos maiores centros culturais da Grécia, tendo recebido políticos e filósofos como Aristóteles, Demóstenes, Eudoxo de Cnido e Esquines, entre outros. 7.2. MOMENTO HISTÓRICO A vida de Platão transcorreu em meio a agitações políticas e a desordens devido à Guerra do Peloponeso, à instabilidade política reinante na cidade de Atenas que foi tomada pela Oligarquia dos Quatrocentos e assim submeteu-se ao governo dos Trinta Tiranos. Platão foi convidado a participar da vida política. Mas, a situação política após a restauração da democracia ateniense em 403 também o desagradou, sendo um ponto de viragem na vida de Platão, a execução de Sócrates em 399 a.C, que o abalou profundamente, levando-o a avaliar a ação do Estado contra seu professor, como uma expressão de depravação moral e evidência de um defeito fundamental no sistema político. Ele viu em Atenas a possibilidade e a necessidade de uma maior participação filosófica na vida política e tornou-se um crítico agudo. Essas experiências levaram-no a aprovar a demanda por um estado governado por filósofos. Quando Sócrates morreu, desiludiu-se com a política e dedicou-se à filosofia. Resolveu eternizar os ensinamentos do mestre, que não havia redigido nenhum livro, escreveu vários diálogos onde a figura principal é Sócrates. Platão opôs-se à democracia ateniense e abandonou sua terra. Viajou para Megara, onde estudou Geometria, foi ao Egito, onde dedicou-se à Astronomia, em Cyrene (Norte da África) dedicou-se à matemática, em Crotona (Sul da Itália) reuniu-se com os discípulos de Pitágoras. Esses estudos deram-lhe a formação intelectual necessária para formular suas próprias teorias, aprofundando os ensinamentos de Sócrates. Quando voltou à Atenas, por volta de 387 a.C., fundou sua escola filosófica "Academia", onde reunia seus discípulos para estudar Filosofia, Ciências, Matemática e Geometria. Tal foi a influência de Platão, que sua Academia subsistiu, mesmo após sua morte. 7.3. OBRAS O pensamento de Platão é vasto, utilizando-se dos diálogos como meio de exposição de seu pensamento. No geral, os diálogos relatam conversas que têm por principal interlocutor Sócrates, travando palestras com inúmeros personagens. A história da filosofia dedicou-se, sempre com muita controvérsia, a saber da veracidade de tais diálogos. É possível que, em vários casos, tenha mesmo Sócrates desenvolvido tais ideias. Mas, também, é certo que, principalmente nos diálogos escritos em sua maturidade, Platão utiliza Sócrates muito mais como mote para o desenvolvimento de suas próprias ideias do quepropriamente como personagem de quem se relate fielmente seus fatos havidos. Podemos dividir a produção filosófica de Platão em 3(três) momentos: DIÁLOGOS SOCRÁTICOS → Apologia → Criton → O Banquete → Fedon MATURIDADE → A República VELHICE → Sofista → O Político → As Leis → O BANQUETE – é um diálogo platônico escrito por volta de 380 a.C. Constitui-se basicamente de uma série de discursos sobre a natureza e as qualidades do amor (eros). O Banquete é, juntamente com o Fedro, um dos dois diálogos de Platão em que o tema principal é o amor. → A REPÚBLICA – é um diálogo socrático escrito por Platão, filósofo grego, no século IV a.C. Todo o diálogo é narrado, em primeira pessoa, por Sócrates. O diálogo parte de uma busca acerca de uma definição pelo que consiste em a Justiça (de modo característicos dos seus primeiros diálogos), o que leva Platão a especular tanto acerca do seu antônimo (a injustiça) como entre os mais diversos temas, não só éticos, mas também políticos, epistemológicos, metafísicos, psicológicos, entre outros. Em suma, se destaca no texto as divagações do filósofo quanto a filosofia ético-política (ainda que não seja sua única e mais madura obra dedicada ao tema, como exemplo podemos citar seu diálogo da velhice "Leis"), nesse diálogo Platão discorre acerca características dos diferentes regimes políticos e a proposta do próprio Platão de uma cidade ideal, cuja é designada como "Kallipólis", que significa "cidade bela". A República contém diversos temas filosóficos, sociais e políticos entrelaçados. A questão chave é a da justiça em seu sentido amplo, oportunidade que Platão aproveita para tecer comentários sobre a educação e o tema genérico do conhecimento das coisas. O livro I goza de uma certa independência, sendo que os demais (ao todo são X), se dispersam em temas variados: A formação das lideranças (os guardiões), nos livros II, III, IV e V. A formação dos governantes, classe especial dos guardiões, nos livros VI e VII. Uma vez compreendida a tarefa pública, Platão a compara com o que acontece nas cidades existentes (livro VIII). Diante do desafio de Trasímaco ao tratar das conveniências da tirania (livro IX), Platão termina (livro X), com a proposição de um mito (sobre a arte, o destino e a liberdade). → SOFISTA – é um diálogo platônico que ocupa-se com os conceitos de sofista, homem político e filósofo. Além disso, o diálogo aborda a questão do não-ser. Nesta obra encontra-se uma posição de Platão sobre o conhecimento e também uma explicitação detalhada do método da investigação filosófica. → POLÍTICO – é um diálogo platônico que ocupa-se, como o nome indica, com o perfil do homem político. O diálogo visa indicar o conhecimento necessário ao político para que ele exerça um governo justo e bom. → AS LEIS – é um diálogo platônico que ocupa-se com uma vasta gama de assuntos. A discussão das Leis, a fim de compreender a conduta do cidadão e da promulgação de leis, perpassa por elementos da psicologia, gnosiologia, ética, política, ontologia e mesmo astronomia e matemática. É o último diálogo de Platão e também o mais extenso. As Leis é um diálogo inacabado e não conta com a presença de Sócrates como personagem. Em A República o governante-filósofo, por suas próprias virtudes, infunde legitimidade à legislação, ao passo que nas Leis o legislador se coloca entre os deuses e os homens, necessitando do consentimento dos governados, da comunidade, do povo, para legitimar a legislação. Na República ocupavam o lugar central a teoria das ideias e a ideia do bem, já nas Leis a ideia do bem somente é mencionada ao final, como conteúdo educacional para o governante. Nas Leis Platão destaca o papel do legislador, que deve ser "um verdadeiro educador dos cidadãos" e sua missão principal não consiste em castigar transgressões cometidas, mas em prevenir que se cometam tais transgressões. Platão reconhece, portanto, que tanto em Atenas, como na maioria das cidade-estado gregas, não havia uma regulação legislativa dos problemas da educação pública. O personagem principal do diálogo não tem nome, chama-se "O Ateniense" e seus interlocutores são "Clínias de Creta" e "Megilo de Lacedemônia (Esparta)". 7.4. CRITICA DOS SOFISTAS Os sofistas eram mestres na arte da retórica e da persuasão. Eles viajavam cidades e, dizendo que tudo sabiam e tudo podiam ensinar e refutar, cobravam para transmitir conhecimento a quem estivesse interessado. Sendo assim, os sofistas foram considerados os primeiros professores da história. Platão foi um grande crítico das condutas sofísticas. Em sua obra “Sofista”, através de um diálogo entre o Estrangeiro de Eléia e Teeteto, ele discute a impossibilidade de que um homem saiba de tudo. O filósofo diz ser impossível que um homem consiga ensinar todas as coisas a outro em um pequeno período de tempo e cobrando pouco por isso, como faziam os sofistas. Portanto, Platão intitula essa atitude como uma “brincadeira”, visto que os homens não conseguem adquirir conhecimento completo em todas as áreas do saber. A partir disso, o filósofo diz que os sofistas, com sua desenvolvida capacidade de persuasão e refutação, induzem as pessoas a acreditarem que eles possuem sabedoria para falar de qualquer assunto, quando na verdade estão apenas imitando e reproduzindo a realidade. Assim, Platão conclui que os Sofistas, na verdade, não passam de mágicos imitadores, pois encantam as pessoas com sua retórica e reproduzem a realidade de modo a fazerem-nas acreditar que são oniscientes e que tudo podem refutar. Também, Platão, junto a Sócrates e Aristóteles, criticava a atitude dos sofistas de cobrar para repassar conhecimento. Os três filósofos sustentavam que a busca pelo conhecimento deveria vir como forma de descoberta da verdade e de enobrecimento da alma, sem nenhuma finalidade lucrativa. Por fim, Platão possuía uma ideologia diferente da dos sofistas. O filósofo defendia a universalidade das ideias, enquanto estes acreditavam no relativismo das ideias. Para reafirmar sua posição, Platão mostra, na sua Teoria dos Dois Mundos, que o mundo sensível – onde estão os homens – é o mundo frágil e das aparências. Sofistas Platão A verdade é relativa e particular, ou seja, a verdade muda consoante o homem que percebe o objecto. A verdade é objetiva e universal (sempre a mesma para todas as pessoas) e é conhecida pela razão. Quanto ao problema da origem do conhecimento assumiam uma perspectiva empirista (conhecimento tem por base a experiência) e quanto à possibilidade de conhecimento eram cépticos pois negavam a existência de verdades ou valores absolutos, universais. Argumentos: 1) não existe uma realidade permanente que subjaz e justifica as aparências, e 2) os órgãos de conhecimento são falíveis. O objetivo do filósofo é distinto do objetivo do sofista, pois visa descobrir a verdade universal enquanto que o do sofista é o de conquistar o poder pela manipulação. Se a verdade é relativa e particular, e não absoluta e universal, então o conhecimento reduz-se à opinião e o bem, à utilidade. Consequentemente, reconhece-se a relatividade da verdade e dos valores morais, que mudariam segundo o lugar e o tempo. Platão e Sócrates opunham-se ao cepticismo e à retórica, assim como às pretensões pedagógicas dos sofistas de ensinarem a virtude política. 7.5. MÉTODO O pensamento de Platão é vasto, utilizando-se dos diálogos como meio de exposição de seu pensamento. No geral, os diálogos relatam conversas que têm por principal interlocutor Sócrates, travando palestrascom inúmeros personagens. No filósofo grego, o método principal é a dialética. Platão define a dialética como a arte de pensar, questionar e hierarquizar ideias. O termo dialético é utilizado por Platão na referência a qualquer método que possa ser recomendado como veículo da filosofia. Para Platão, a dialética é um instrumento que permite o alcance a verdade. A dialética é o método que permite sair do mundo sensível e alcançar as ideias. Enquanto atrito de percepções, fatos, opiniões e diálogos, a dialética supera o nível das imagens e das definições dos dados sensíveis. O professor, esclarece que Platão, expões suas ideias através de mitos, como exemplo temos o “Mito de Er” e o “Mito da caverna”. MITO DE ER Er é um guerreiro, que morto em uma batalha, teve seu corpo encontrado entre os outros cadáveres de guerreiros, mas diferente dos demais, Er estava são e integro. Foi então levado de volta à sua terra e velado por doze dias e, no último dia em que era velado recobra a vida e conta àqueles que ali se encontravam tudo o que havia visto no Hades. O recém ressurreto então começa a narrar como seria a vida no Além, contando que, ao deixar o corpo sua alma foi para um lugar maravilhoso em uma grande pradaria onde se encontravam muitas almas e onde se avistavam quatro buracos, dois no solo e dois no céu. Havia juízes que avistavam os justos e lhes recomendava entrarem no buraco que conduzia para o céu e aos injustos era recomendado que se dirigisse ao buraco que se encontrava no solo. Esses juízes dizem a Er que não deve ir nem a um nem a outro buraco para que possa testemunhar o mundo espiritual e que retorne aos homens. O guerreiro então vê as almas sujas e empoeiradas que estão no buraco que se encontra no solo e ouve seus relatos de dor e sofrimento pela vida injusta que levaram. Por sua vez, as almas puras e felizes relatam os prazeres e a felicidade da vida justa. Er permanece ali na pradaria por 7 dias, ao final do que, juntamente com almas que acabaram de morrer dirige-se a uma coluna luminosa onde se encontram as deusas do passado, presente e futuro e que, que após cada alma ser por estas entrevistadas encontram-se com a deusa da Necessidade e recebem o seu espírito protetor para novamente viver na Terra. É durante a noite que as almas que encaminham para a nova vida e antes de encontrar-se novamente no mundo terreno devem beber da água do rio Amelete, o rio do esquecimento, mas Er não o faz, porque recebera a incumbência de relatar tudo o que tinha visto até então aos homens. O guerreiro retorna, então para o seu corpo no campo de batalha e é encontrado, velado e recobra a consciência para relatar todas s maravilhas que presenciara. (O Mito de Er é encontrado no Livro X, nos diálogos de “A República”) ENTENDIMENTO No mito de Er, o essencial é que fossem quais fossem as injustiças cometidas e as pessoas prejudicadas, as almas injustas pagavam a pena de quanto houvessem feito em vida, a fim de purificarem a alma. MITO (ALEGORIA) DA CAVERNA Na narrativa dada a Platão a tal mito, havia presos agrilhoados que, de dentro de uma caverna e de costas à luminosidade do exterior, observavam a movimentação da realidade externa e, a partir das sombras dos objetos e seres que estavam no exterior da caverna, faziam juízo a seu respeito, sobre sua forma, sua aparência, seu tamanho. Na verdade, no entanto, viam apenas as sombras desses seres projetadas no interior da caverna. Em uma certa ocasião, libertando-se dos grilhões que os prendiam, um daqueles que se situavam na caverna sobe ao alto, e tal subida é difícil, já que o corpo até então agrilhoado não está acostumado ao movimento. Ao chegar ao exterior, cega-se, num primeiro momento, com a luz solar que brilhava. Mas, após se acostumar a enxergar sob a claridade da luz, passa a compreender que as sombras que via projetadas na caverna, na verdade, eram imagens distorcidas. A verdade não estava naquilo que suas percepções corrompidas viam a partir das sombras. A luminosidade do ser só brilhou quando da libertação das imagens e dos conceitos imperfeitos. No mito proposto pela boca de Sócrates na República, há ainda a incompreensão daqueles que, de dentro da caverna, ouvem daquele que subiu, em sua volta, o relato da verdade do mundo exterior. Suas imagens distorcidas que sempre viram não correspondem ao relato tido por fantasioso e absurdo do homem que se libertou. A luz que brilhou e possibilitou que o liberto da caverna visse a plena verdade não é bem aceita pelos seus, que passam a persegui-lo e o matam, numa simbologia muito forte, a respeito do próprio destino que os atenienses deram a Sócrates. ENTENDIMENTO Os seres humanos têm uma visão distorcida da realidade. No mito, os prisioneiros somos nós que enxergamos e acreditamos apenas em imagens criadas pela cultura, conceitos e informações que recebemos durante a vida. A caverna simboliza o mundo, pois nos apresenta imagens que não representam a realidade. Só é possível conhecer a realidade, quando nos libertamos destas influências culturais e sociais, ou seja, quando saímos da caverna. Segundo o pensamento platônico, que foi bastante influenciado pelos ensinamentos de Sócrates, o mundo sensível era aquele experimentado a partir dos sentidos, onde residia a falsa percepção da realidade; já o chamado mundo inteligível era atingido apenas através das ideias, ou seja, da razão. Na Alegoria da Caverna, Platão descreve a educação do filósofo, que passa do conhecimento sensível para o conhecimento inteligível. Ele procura mostrar a superioridade do conhecimento inteligível em relação ao sensível. O primeiro é o conhecimento daquilo que é real e o segundo é o conhecimento das aparências. ILUSTRAÇÃO DO MITO DA CAVERNA 7.6. TEORIA SOBRE O CONHECIMENTO Platão associa a Teoria do Conhecimento ao Mito da Caverna, uma de suas mais conhecidas e valiosas contribuições. Trata-se da apresentação de uma parábola milenar de vasto e profundo significado, o qual está exposto no livro VII da República. Platão conceitua as duas realidades (a “visível” e a “invisível”) como “mundo visível” e “mundo inteligível”. 7.6.1. CONHECIMENTO SENSÍVEL Através das sensações (visão, audição, olfato, tato e paladar) nós conhecemos o mundo. A partir das sensações proferimos frases que tentam expressar objetivamente aquilo que se sentiu, por exemplo 'a maçã é doce', ou 'limão é azedo', ou 'o dia é claro'. Conseguimos lidar com o mundo a partir deste tipo de conhecimento. O conhecimento sensível, de acordo com Platão, permite, no máximo, opiniões. Os sofistas eram os mestres na arte de melhorar as opiniões (retórica persuasiva). O mundo concreto e sensível: trata-se de um mundo acessível pelos sentidos ou material. É o mundo que conhecemos pelo olfato, paladar, audição, visão e tato. A opinião, fundamentada nas sensações, tem uma “falsa consciência” de si mesma, julgando-se correta. Esse mundo, em Platão, é um engano, um falseamento. O mundo sensível parte das compreensões pessoais daquilo que não é verdadeiro. 7.6.2. CONHECIMENTO IDEAL Através da inteligência, faculdade superior da alma, podemos conhecer as coisas do mundo. De acordo com Sócrates, Platão e Aristóteles, este conhecimento (episteme = opinião verdadeira) é a verdade objetiva. Por exemplo, 'a Terra gira em torno do Sol' é uma proposição obtida através de cálculos matemáticos e não através das sensações. Sócrates do livro Críton permanece na prisão porque ele conhece a verdade inteligível: justiça. O conhecimento inteligível se estabelece pelo 'logos', linguagem coerente, pertinente e imanente. Esta linguagem racional expressa a verdade. O conhecimento inteligível mais exemplar á a matemática. 7.6.3. ENTENDIMENTO
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