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Projeto de pesquisa Natalia

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UNIVERIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS
UNIDADE ACADÊMICA DE DIREITO
PROJETO DE PESQUISA:
PROVAS OBTIDAS MEDIANTE INVASÃO DE DOMICILIO POR POLICIAIS SEM MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO E O PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS
NATALIA DIAS COSTA
SOUSA – PB
2018
Natalia Dias Costa
PROVAS OBTIDAS MEDIANTE INVASÃO DE DOMICILIO POR POLICIAIS SEM MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO E O PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS
Projeto de pesquisa apresentado ao Curso de Direito da Universidade Federal de Campina Grande a ser utilizado como diretriz para elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso. 
Orientadora: Vanina Oliveira Ferreira de Sousa 
SOUSA – PB
2018
1 PROBLEMÁTICA
A decisão do Supremo Tribunal Federal, em sede de Recurso Extraordinário, com repercussão geral, possibilita a entrada forçada em domicílio sem mandado de busca e apreensão quando ampara em fundadas razões, sendo justificados posteriormente indicando que dentro da casa verifica-se uma situação de flagrante delito. O que discute é até onde a busca pela verdade no processo pode chegar sem que fira direitos e garantias fundamentais. 
2 HIPÓTESE
Com o ilícito penal surge o processo penal, que será composta pelo autor do processo, réu e magistrado. A vítima imediata é toda a sociedade, representada pelo Ministério Público. 	No processo penal deve ser assegurado os direitos e garantias fundamentais, mantendo um processo justo tanto para o Estado quanto para o acusado. Devem ser respeitados os princípios da legalidade/obrigatoriedade, da verdade real/material, da indisponibilidade da ação penal, da oficialidade, da publicidade e do contraditório. 
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL 
Analisar o Princípio da Inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos, disciplinado no art. 5º, inciso LVI, da Constituição Federal.
3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO
Estudar o dispositivo constitucional citado no objetivo geral juntamente ao art. 157, §3º, do Código de Processo Penal;
Examinar a decisão do Supremo Tribunal Federal, em sede de Recurso Extraordinário (603616), com repercussão geral;
Compreender os julgados, os entendimentos doutrinários e o ordenamento jurídico sobre as provas ilícitas no processo penal.
4 JUSTIFICATIVA
Diante de diversos posicionamentos doutrinários e do tema ser presente em discussões no STF, fez-se necessário trazer a tona e apresentar os textos de leis e situações que ocorrem diante da busca pela verdade com a produção de provas. 
É necessário lembrar que os meios probatórios admitidos no processo penal devem ser obtidos de forma lícita, devendo o judiciário travar uma busca constante pela verdade real/material para servir de base na tomada de decisões. Por isso a importância de análise e correta interpretação das provas que adentram no processo, pois elas que formularam o entendimento e, posteriormente, o convencimento do magistrado, elas que caracterização o ato ilícito. 
É importante deixar claro que a intenção ao trabalhar esse tema não é julgar qual a melhor ou a correta teoria. A finalidade é explicar e até exemplificar qual a teoria adotada por nosso ordenamento e doutrinadores e a sua aplicação em casos práticos. 
Um estudo mais aprofundado do tema é capaz de esclarecer entendimentos e compreender situações que são corriqueiras nos julgados. Entender o posicionamento do Estado na tentativa de defender o Estado Democrático de Direito e respeitar o Princípio do Contraditório. 
A área aqui abordada será a prova ilícita no processo penal, mais especificadamente as provas obtidas por invasão domiciliar, dando espaço para adentra ao Direito Constitucional, onde versa a respeito do principio da inviolabilidade do domicílio. 
É de suma importância que a sociedade tenha conhecimento de até onde o direito do Estado pode chegar sem que o direito da sociedade seja atingido. 
Destaca-se a viabilidade do tema abordado, visto que quase não se tem despesas financeiras e o material utilizado é de amplo e fácil acesso, levando-se em considerações as diversas doutrinas de Direito Processual, como também de Direito Constitucional, sem contar com os inúmeros artigos que tratam das provas ilícitas. Sem a necessidade de equipamentos materiais de difícil acesso.
Além de fácil compreensão a escolha do tema se deve à intenção de incentivar o debate a respeito da recente decisão que traz consigo importantes consequências para o sistema, motivo pelo qual se faz necessário discuti-lo. 
5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Nestor Távora e Rosmar Rodrigues de Alencar (2017, p. 618): 
Prova é tudo aquilo que contribui para a formação do convencimento do magistrado, demonstrando os fatos, atos, ou até mesmo o próprio direito discutido no litígio. Intrínseco no conceito está a sua finalidade, o objetivo, que é a obtenção do convencimento daquele que vai julgar, decidindo a sorte do réu, condenando ou absolvendo.
Ou seja, prova é todo elemento pelo qual se procura mostrar a existência e a veracidade de um fato. Sua finalidade, no processo, é influenciar no convencimento do julgador. Acrescenta ainda o CPP, em seu art. 155, que o magistrado não poderá fundamentar “sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação”.
Quanto à produção destas provas o CPP disciplina, no art. 156, I e II, que: 
Art. 156.  A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:                        
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Dos meios para obtenção dessas provas, destacamos o mandado de busca e apreensão, com previsão legal no artigo 240 do CPP e conceituada por Nestor Távora e Rosmar Alencar (2017, p. 741): 
A busca tem por objetivo encontrar objetos ou pessoas, ao passo que a apreensão é a medida que a ela se segue. Temos que distinguir os institutos: a busca é a procura, a diligência que objetiva encontrar o que se deseja, ao passo que a apreensão é medida de constrição, para acautelar, pôr sob custódia determinado objeto ou pessoa. Nada impede que exista busca sem apreensão, e vice-versa. Na primeira hipótese, a diligência pode ser frustrada, não se encontrando o que se procura, ou ter simplesmente o objetivo de identificar determinada circunstância, como, por exemplo, gravar imagens de um determinado local. Já a apreensão também pode ser realizada sem a prévia busca, quando, por exemplo, o objeto é entregue voluntariamente à autoridade.
	Aury Lopes Jr. (2016, p. 597), confronta e afirma que a busca encontra-se em constante conflito com as garantias Constitucionais, pois 
encontra-se em constante tensão com a inviolabilidade do domicílio, dignidade da pessoa humana, intimidade e a vida privada e incolumidade física e moral do indivíduo.
Diante do exposto, levando em consideração a doutrina e o ordenamento, fica clara a importância da prova para o processo, mas é evidente também a preocupação do ordenamento, como também dos doutrinadores, quanto ao limite imposto ao Estado para a produção dessas provas, pois caso permitida essa conduta estaríamos diante de um abuso de poder estatal. 
Recapitulando um pouco da história, temos, no Século XIX, pela Constituição Americana a adoção da teoria da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos, sustentada pela tutela dos direitos fundamentais. Somente na Constituição Federal de 1988 esta teoria foi adotada no Brasil, estando prevista no art. 5º, LVI, onde disciplina que “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”. Adotando essa ideia, o CPP, em seuart. 157, §3º, passou a considerar:
Art. 157.  São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
§3º preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.
	
Trazendo para a atualidade, Renato Brasileiro, em seu livro “Manual de Processo Penal”, define prova ilícita quando se tratar daquela prova obtida ( 2017, p. 621):
Através da violação de regra de direito material (penal ou constitucional). Portanto, quando houver a obtenção de prova em detrimento de direitos que o ordenamento reconhece aos indivíduos, independentemente do processo, a prova será considerada ilícita. São várias as inviolabilidades previstas na Constituição Federal e na legislação infraconstítucional para resguardo dos direitos fundamentais da pessoa: inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra, da imagem (CF, art. 5°, X), inviolabilidade do domicílio (art. 5°, XI), inviolabilidade do sigilo das comunicações em geral e dos dados (CF, art. 5°, XII), vedação ao emprego da tortura ou de tratamento desumano ou degradante (CF. art. 5°, UI), respeito à integridade física e moral do preso (CF, art. 5°, XLIX), etc. 
Nessa mesma linha o Ministro Celso de Mello, em julgado pela 2ª turma do STF no ano de 2007 afirmou que:
Ninguém pode ser investigado, denunciado ou condenado com base, unicamente, em provas ilícitas, quer se trate de ilicitude originária, quer se cuide de ilicitude por derivação. Qualquer novo dado probatório, ainda que produzido, de modo válido, em momento subsequente, não pode apoiar-se, não pode ter fundamento causal nem derivar de prova comprometida pela mácula da ilicitude originária.
Fica evidente que mesmo diante de uma prova relevante, bem como de prova derivada, se esta partir de meio ilícito não será aceita nos autos do processo.
Em se tratando de direito fundamental da pessoa já mencionado acima, dispõe o art. 5º, inciso XI, da Constituição Federal:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
	Tema de Repercussão Geral, o Recurso Extraordinário 603616, que teve como relator o Ministro Gilmar Mendes, discutido pelo Supremo Tribunal Federal, revestiu-se do entendimento em que disciplina que: 
A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados.
	Vivemos em um Estado Democrático de Direito e o processo penal deve funcionar como um meio necessário e eficaz de garantias dos direitos, tanto do Estado como do acusado. É um instrumento de garantia contra a arbitrariedade do Estado e de satisfação de direitos fundamentais. Como afirma Ada Pelegrini Grinover (1982, p. 20) 
O processo penal não pode ser entendido, apenas, como instrumento de persecução do réu. O processo penal se faz também – e até primacialmente – para a garantia do acusado. (…) Por isso é que no Estado de direito o processo penal não pode deixar de representar tutela da liberdade pessoal; e no tocante à persecução criminal deve constituir-se na antítese do despotismo, abandonando todo e qualquer aviltamento da personalidade humana. O processo é uma expressão de civilização e de cultura e consequentemente se submete aos limites impostos pelo reconhecimento dos valores da dignidade do homem.
6 METODOLOGIA 
O método de pesquisa utilizado é o dedutivo, método racional, que parte do geral para o particular quando busca um raciocínio. No que se refere à natureza, a pesquisa será básica, quanto à forma de abordagem do problema será qualitativa. No que se refere ao objeto geral será utilizado o método descritivo e quanto aos procedimentos técnicos será utilizada a pesquisa bibliográfica e documental para basear as linhas do tema discutido neste projeto de pesquisa.
7 CRONOGRAMA 
	Atividades/período	
	4° trimestre
2018
	1º trimestre
2019
	2º trimestre
2019
	3º trimestre
2019
	4º trimestre
2019
	Escolha do tema
	x
	
	
	
	
	Levantamento bibliográfico
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	Elaboração do projeto de pesquisa
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	Entrega do projeto de pesquisa
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	Coleta de dados
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	Análise dos dados
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	Redação do TCC
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	Depósito do TCC
	
	
	
	
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	Defesa pública do TCC
	
	
	
	
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil : promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).
BRASIL. Presidência da República. Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm>. Acesso em: 16 out. 2018.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 603616. Relator Ministro Gilmar Mendes, Brasília, 05 de novembro de 2015.
BRITO, Graziele Cristine Nascimento. Teoria geral da prova no processo penal . 2015. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/39595/teoria-geral-da-prova-no-processo-penal>. Acesso em: 17 out. 2018.
CRUZ, Vagno Jacó da. Da Busca e Apreensão Como Meio de Prova no Processo Penal. . 2017. Disponível em: <https://vagner92.jusbrasil.com.br/artigos/528856977/da-busca-e-apreensao-como-meio-de-prova-no-processo-penal>. Acesso em: 17 out. 2018.
LOPES JR., Aury. Direito processual penal. 13.ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
MONOGRAFIA, Guia da. Pesquisa Bibliográfica: O que é? Disponível em: <https://guiadamonografia.com.br/pesquisa-bibliografica/>. Acesso em: 16 fev. 2018.
MOREIRA, Rômulo. STF enfim acerta quanto a invasão de domicílio, sem mandado, pela polícia . 2017. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-abr-30/romulo-moreira-stf-enfim-acerta-quanto-inviolabilidade-domicilio>. Acesso em: 17 out. 2018.
PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 21.ed. São Paulo: Atlas, 2017.
TÁVORA, NESTOR. Curso de direito processual penal/ Nestor Távora, Rosmar Rodrigues Alencar - 12. ed. rev. e atu<~L- Salvador: Ed. JusPodivm. 2017.
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único I Renato Brasileiro de Lima- 5. ed. rev .. ampl. e atual.- Salvador: Ed. JusPodivm, 2017.

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