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9 - Precipitação Atmosférica.pdf 11/3/2014 1 Prof. Maciel, G.F. Meteorologia e Climatologia – CAG 083 PRECIPITAÇÃO ATMOSFÉRICA Por precipitação entende-se como sendo todas as formas de umidade transferida da atmosfera para superfície terrestre, tais como: PRECIPITAÇÃO ATMOSFÉRICA SARAIVA: é a precipitação sob a forma de pequenas pedras de gelo arredondadas com 5 mm. 11/3/2014 2 GRANIZO: é a precipitação sob a forma de pedras de gelo, podendo ser de forma arredondada ou irregular, porém com 5 mm. NEVE: é a precipitação sob a forma de cristais de gelo que durante a queda coalescem forman- do blocos de dimensões e formas variadas. ORVALHO: é a condensação do vapor d’água do ar sobre objetos expostos ao ambiente duran- te a noite. GEADA: é a formação de cristais de gelo a partir do vapor d’água, de maneira semelhante ao orvalho, porém à temperatura inferior a 0oC. CHUVISCO (NEBLINA e GAROA): são formas de precipitação da água na fase líquida muito fina e de baixa intensidade. CHUVA: é a ocorrência da precipitação na forma líquida com intensidade maior que à anterior. aprendendocomovoinho.blogspot.com www.orkugifs.com meioambiente.culturamix.com 11/3/2014 3 As precipitações constituem o mais importante componente do ciclo hidrológico, formando o elo de ligação entre a água da atmosfera e a água do solo, principalmente com respeito ao escoamento superficial. Comumente os termos PRECIPITAÇÃO e CHUVA se confundem, uma vez que a NEVE é incomum no nosso país, e as outras formas pouco contri- buem para a vazão dos rios. Formação Elemento Indispensável Umidade Atmosférica Porém, não responde sozinha por sua formação. Então o que, ainda, está faltando? Um mecanismo de resfriamento do ar; Convecção; Relevo; Ação frontal das massas; Formar as gotículas (nuvens); Atingir o ponto de saturação; Através da condensação do vapor; 11/3/2014 4 A presença de núcleos higroscópicos. Até atingir peso suficiente para vencer as forças de sustentação; Superfície de contato para condensação do vapor d’água; Concentração na atmosfera (2000 a 5000 unidades/cm3). Tipos de núcleos: partículas de poeira, sal marin- ho, óxido de enxofre e fósforo, entre outros. Tipos Como a ascensão do ar é considerada o estopim da formação das chuvas, nada mais lógico que classificá-las segundo a causa que gerou este movimento. Dessa forma, temos: Ciclônicas: i) frontal e ii) não-frontal. Convectivas Orográficas Ciclônicas: Devido ao movimento de massas de ar de regiões de alta para de baixa pressões. Podem ser do tipo frontal e não frontal. i) Frontal: Resulta da ascensão do ar quente sobre ar frio na zona de contato entre duas massas de ar de características diferentes. Fonte: FORSDSYKE, 1968 11/3/2014 5 ii) Não frontal: É devido a uma baixa barométrica. Orográficas: O ar é forçado mecanicamente a transpor barreiras impostas pelo relevo. Fonte: FORSDSYKE, 1968 As montanhas podem influenciar a precipitação em uma ou mais das seguintes maneiras (Barry e Chorley, 1976): Elas provocam a instabilidade condicional ou convectiva; Elas aumentam a precipitação ciclônica; Elas causam a convergência e a elevação através dos efeitos de afunilamento dos vales sobre as correntes de ar; Encorajam a ascensão turbulenta do ar através da fricção superficial. 11/3/2014 6 Convectivas: Devido ao aquecimento diferencial da superfície, podem existir bolsões menos densos de ar envolto no ambiente, em equilíbrio instável. Fonte: FORSDSYKE, 1968 Pluviometria Grandezas Altura pluviométrica (h): A unidade habitual é o milímetro. 1mm de chuva a 1 litro/m2. Duração (t): As unidades normalmente são o minuto ou a hora. Intensidade (i): Obtida pela relação i=h/t. Expressa-se, normalmente em mm/h. Aquisição de Dados Pluviométricos A variável precipitação pode ser quantificada pontualmente, através de dois instrumentos meteorológicos - o pluviômetro e o pluviógrafo – e espacialmente, através de radares. Os instrumentos devem ficar longe de qualquer obstáculo (prédios, árvores, relevo, etc.) que possa prejudicar a medição da precipitação pluviométrica. 11/3/2014 7 Fonte: Tucci Hidrologia v.4, pág 491, apud Studart, T.M. Relação entre altura da chuva medida no pluviômetro (H) e na proveta (h). Como resultado se obtém: Uma chuva de volume V e altura H é relaciona- da a área A de recepção do pluviômetro por: H e h – alturas medidas no pluviômetro e na proveta, respectivamente; D e d – diâmetros do pluviômetro e da proveta, respectivamente.; h: altura da chuva (mm); V: volume de água coletado (ml) ou (cm3), sendo 1ml=1cm3; A: área da seção de captação de água (cm2). Fatores que Influenciam a Precipitação As precipitações variam tanto no espaço como no tempo. O conhecimento destas variações é de grande importância para: O planejamento dos recursos hídricos como no estudo de chuvas prováveis; 11/3/2014 8 Previsão de veranicos para escalonamento de plantio das culturas agrícolas, etc. Projeto de irrigação; Estudo de chuvas intensas; Secas; Previsão de enchentes; Dimensionamento de barragens de contenção de cheias e regularização das vazões em épocas secas; Controle de erosão do solo; Dentre os fatores que influenciam a distribui- ção da precipitação estão: Latitude: influi na distribuição desigual das pressões e temperaturas no globo e na circulação geral da atmosfera. Distância do mar ou de outras fontes de água: Altitude: Orientação das encostas: Vegetação Fatores que interferem no volume da chuva captado por um dado pluviômetro em determi- nado local: Altura do pluviômetro acima do solo; Velocidade do vento; Taxa de evaporação. 11/3/2014 9 Distribuição Mundial da Precipitação Média Anual O padrão de distribuição da precipitação sobre o globo é, portanto, bastante complexo devido à influência dos inúmeros fatores que interferem nos variados processos. Estes fatores podem ser agrupados em duas classes, são elas: i) os que influenciam os movimentos verticais da atmosfera; ii) os que se relacionam com a natureza do pró- prio ar, por exemplo: as barreiras orográficas. Como exemplo: as características térmicas e de umidade. sua estabilidade ou instabilidade; convergência/divergência; distúrbios atmosféricos e; 11/3/2014 10 Variações Sazonais na Precipitação Padrões de precipitação pluvial sazonal: a) Precipitação pluvial equatorial; b) Precipitação pluvial de savana; c) Precipitação pluvial de deserto tropical; d) Precipitação pluvial mediterrânea; e) Precipitação do oeste europeu f) Precipitação pluvial continental; g) Precipitação pluvial costeira de leste; h) Precipitação pluvial polar. Variações Diurnas na Precipitação Dois de regimes diurnos de precipitação pluvial podem ser reconhecidos. Estes são: II. o tipo marítimo ou litorâneo. I. o tipo continental ou interior; 11/3/2014 11 Obrigado. 10 - Massas de Ar e Frentes.pdf 11/3/2014 1 Meteorologia e Climatologia – CAG 083 Prof. Maciel, G.F. www.ava-br.com To-campos.planetaclix.pt Massas de Ar e Frentes MASSAS DE AR Definição São grandes porções de ar que apresentam con- dições internas de temperatura e umidade relati- vamente homogêneas, influenciadas pela região onde são formadas. wp.clicrbs.com.br espacodageografia.spaceblog.com.br As massas de ar são o veículo da transferência de calor na atmos- fera através do globo. Formação É neste local que a massa de ar irá adquirir suas características de TEMPERATURA E UMIDADE. O local de formação da massa de ar é denominado região de ORIGEM. 11/3/2014 2 Exemplo Uma massa de ar que se forma sobre a Antártida, apresenta características típicas dessa região, ou seja, baixa temperatura e pouca umidade. Massa de Ar Primária: ainda não sofreu alterações significativas em suas condições originais Massa de Ar Secundária: sofreu modificações expressivas de suas condições influência das novas áreas por onde se desloca. O deslocamento das massas de ar ocorre sempre no sentido das altas para as baixas pressões. No seu deslocamento provocam alterações nas condições de tempo das regiões por onde passam e, também, alteração permanente suas próprias características. Características superficiais homogêneas; Condições para sua Formação Existência de superfícies relativamente planas e extensas; Baixa altitude; Circulação atmosférica estável. 11/3/2014 3 Quando predomina a convecção é aquecida por condução, verifica-se expressiva alteração no GT, em função da altitude e, portanto, forte instabilidade. ESTRUTURA VERTICAL Está ligada aos processos de radiação e de convec- ção que originam sua formação: Quando se resfria por radiação a partir de sua base o GT é fraco e o ar bastante estável – RADIATIVA; Quando o GTV > 0, caracteriza-se INVERSÃO TÉRMICA; CLASSIFICAÇÃO (segundo a latitude de formação) Equatorial Tropical Polar geoconceicao.blogspot.com Massas de Ar Equatoriais Formam-se nas baixas latitudes entre 5° Norte e 5° Sul; Apresentam temperaturas elevadas; Se formadas em áreas oceânicas são úmidas, e Se formadas sobre o continente, são menos úmidas. 11/3/2014 4 Massas de Ar Tropicais Formam-se entre as latitudes 25° e 30° (norte e sul); São massas de ar bastante úmidas; Se formadas em áreas continentais, normalmen- te, são secas. Massas de Ar Polares Formam-se próximas aos pólos Norte e Sul; Sempre em latitudes superiores a 50° (são ex- tremamente frias); A polar continental é mais fria e mais seca; A polar oceânica é mais úmida. Massas de Ar que Atuam no Brasil Verão Inverno geoconceicao.blogspot.com 11/3/2014 5 Massa Equatorial Atlântica – mEa Massa de ar quente e úmida; Atua principalmente durante a primavera e o verão no litoral do Norte e Nordeste. Conforme avanço para dentro do país, perde umida- de. Os valores de PAC são baixos, pois estas massas de ar não causam chuvas significativas. Massa Equatorial Continental – mEc É originada na Amazônia central; Fatores que influenciam sua formação: A atuação (ZCIT) O alto calor associado à alta umidade da região Atuação constante na região norte; Provoca valores elevados de PAC. No verão atinge o Centro-Oeste, parte do NE e SE e pequena área mais ao Noroeste da região Sul; 11/3/2014 6 Massa Tropical Continental – mTc Esta massa de ar é também conhecida como Bloqueio Atmosférico; Forma-se no interior do continente; Durante o final de maio e começo de junho é comum ocorrer fortes episódios; A ocorrência maior é durante os meses de primave- ra, começo do outono e final do inverno. A principal característica é ser seca e quente; Grande atuação nas regiões centro-oeste e sudeste, parte do nordeste e norte e quase toda a região sul. espacodageografia.spaceblog.com.br Massa Tropical Atlântica – mTa Massa de Ar quente e úmida; Origina-se no atlântico sul; Atua na faixa litorânea e é praticamente constante durante todo o ano; No inverno, encontra a mPa, e provoca as chuvas frontais no litoral nordestino; No Sul e Sudeste, provoca as chuvas orográficas. 11/3/2014 7 geossistema.blogspot.com Massa Polar Atlântica – mPa De ar frio e úmido; Atua principalmente no inverno; Em virtude das baixas altitudes da área central do território brasileiro, no inverno essa massa chega a atingir a Amazônia ocidental, e provoca queda da temperatura; A mPa encontra a mTa no litoral do Nordeste no inverno, provocando as chuvas frontais. 11/3/2014 8 FRENTES (ou zona de DESCONTINUIDADE ATMOSFÉRICA) Conceitos São zonas de transição entre duas massas de ar de características físicas diferentes. Encontro de duas massas de ar com características diferentes, ou seja, zona de descontinuidade atmosféricas (TÉRMICA, ANEMOMÉTRICA, BAROMÉTRICA, HIGROMÉTRICA) no interior da atmosfera. O processo de dissipação das frentes é conhecido como FRONTÓLISE. A superfície de descontinuidade é estreita e inclinada, onde as variáveis meteorológicas apresentam bruscas variações. O processo de formação (origem) das frentes é deno- minado de FRONTOGÊNESE. CLASSIFICAÇÃO DAS FRENTES Contato entre as massas de ar glacial ártico (mais frias) e as massas de ar polares vindas dos oceanos (menos frias). FRENTE ÁRTICA Mais ativa no inverno do HN; 11/3/2014 9 Contato entre as massas de ar glacial antártico (mais frias) e as massas de ar polares vindas dos oceanos (menos frias). FRENTE ANTÁRTICA Mais ativa no inverno do HS, Predomina nas faixas de médias e baixas latitudes; FRENTE POLAR Separa o ar polar do ar tropical. O ar quente (menos denso) avança sobre a região com ar frio (mais pesado), configurando o formato de cunha. Frente Fria: DIVISÃO DA FRENTE POLAR O ar polar (mais frio e pesado) avançando sobre a região com ar quente tropical (mais leve) empur- rando-o para cima e para frente. Frente Quente: SIMBOLOGIA DAS FRENTES METEOROLÓGICAS F. FRIA F. QUENTE F. OCLUSA F. ESTACIONÁRIA 11/3/2014 10 CARACTERÍSTICAS DAS FRENTES FRENTE FRIA (FF): Faixa onde uma massa de ar fria está a substituir uma massa de ar mais quente e úmido; As FF deslocam-se dos pólos para o equador; Predominante de Noroeste (HN) e de Sudoeste (HS); As FF movem-se forçando o ar quente a subir; A passagem de uma FF pode baixar mais de 5oC só durante a primeira hora; Uma FF é representada simbolicamente por uma linha sólida com triângulos que apontam para o ar quente e na direção do movimento; As FF movem-se a 35 km/h e tem uma de Inclinação de 1/100. dammous.com wwwpaulotempo.blogspot.com 11/3/2014 11 FRENTE QUENTE (FQ): Faixa onde uma massa de ar quente e úmido está a substituir uma massa de ar fria; As FQ deslocam-se do equador para os pólos; Uma FQ é representada simbolicamente por uma linha sólida com semicírculos que apontam para o ar frio e na direção do movimento. As FQ movem-se a 25 km/h. A inclinação é de 1/200. www.clicrbs.com.br meteomadeira.blogspot.com FRENTE ESTACIONÁRIA (FE): Faixa entre o ar quente e o ar frio que resulta quando uma FF ou uma FQ deixa de se mover. Quando ela se volta a mover, volta a ser fria ou quente. Uma FE é representada simbolicamente por uma linha sólida com triângulos que apontam para o ar quente e semicírculos que apontam para o ar frio. 11/3/2014 12 blogtempo.blogspot.com www.sma.df.gob.mx blogtempo.blogspot.com FRENTE OCLUSA (FO): Faixa onde uma FF, movendo-se mais rapidamente, ultrapassa (e obstrui) uma FQ, fazendo elevar-se todo o ar quente. A chuva contínua característica das FQ é seguida imediatamente pelos aguaceiros associados às FF. Simbolizada por uma linha sólida com triângulos e semicírculos alternados que apontam na direção em que a frente se move. 11/3/2014 13 Obrigado 11 - Classificação Climática.pdf 11/3/2014 1 Disciplina: Meteorologia e Climatologia – CAG 083 Professor: Maciel, G.F. Classificação Climática Curso: Engenharia Ambiental Diferentes combinações de processos no sistema climático da Terra produzem muitas variações no clima, de local para local e de uma época para outra. 1. Introdução A caracterização de um clima de certa região é determinada por um certo número de fatores, tais como: Relevo local. Latitude, Altitude; Distância de massas de água; 1. Introdução 11/3/2014 2 Vale salientar que a direção dos ventos predo- minantes afeta os climas apenas em locais próximos a grandes massas de água e em áreas onde a posição e direção das montanhas mudam o movimento e a temperatura de grandes massas de ar. 1. Introdução Para fins prático, estudaremos apenas os dois tipos de classificações climáticas mais conheci- das e utilizadas mundialmente, que são: Thornthwaite (Charles Warren Thornthwaite). Köppen (Wladimir Peter Köppen) Porém, vale salientar que existem diversos modelos de classificação climática que, no entanto, não são bem difundidos e, como consequência apresenta baixa utilização desses modelos: Modelo de Zonas de Vida de Holdridge; Modelo de Walter; Modelo de Strahler; de Martonne; Müller; Peguy; Budyko; 11/3/2014 3 2. Classificação Climática de Köppen Em 1884, um climatologista alemão chamado Köppen, sugeriu a divisão da Terra nas seguintes zonas de temperatura: Tropical: Todos os meses acima de 20°C; Subtropical: 4 a 11 meses acima de 20°C; 1 a 8 meses entre 10 e 20°C; Temperado: 4 a 12 meses entre 10°C e 20°C; Frio: 1 a 4 meses entre 10°C e 20°C; 8 a 11 meses abaixo de 0°C; Polar: Todos os meses abaixo de 10 °C; As zonas de temperatura foram subdivididas com base na quantidade e distribuição da chuva anual. Em 1918, Köppen publicou a segunda versão do seu trabalho sobre as zonas climáticas do planeta. 2. Classificação Climática de Köppen Baseia-se muito na distribuição natural da vegetação como resposta ao macroclima As variações da vegetação são determinadas principalmente pelos seguintes elementos cli- máticos: i) a temperatura em latitudes elevadas, e ii) a precipitação nas latitudes mais baixas. 11/3/2014 4 Mistura climas secos tropicais e não tropicais e desconsidera a duração da estação seca; Não distingue o clima das montanhas tropicais; Desconsidera aspectos não climáticos na determinação dos cerrados (savanas). As zonas fundamentais, agora denominadas de grupos fundamentais são designadas por cinco letras maiúsculas, conforme o quadro que segue. GRUPO NOME DESCRIÇÃO A Tropical Úmido Todos os meses com temperatura médiaacima de 18oC. B Seco Evapotranspiração maior que a precipitação. C Subtropical ou Temperado Quente Temperatura média do mês mais quente acima de 10°C e do mês mais frio entre -3 e 18oC. D Temperado Frio Temperatura média do mês mais quente acima de 10°C e do mês mais frio abaixo de - 3°C. E Polar Temperatura média do mês mais quenteabaixo de 10°C. Em nosso País temos apenas os grupos funda- mentais A, B e C, diversos tipos fundamentais e algumas variedades. 11/3/2014 5 Uma classificação climática segundo Köppen pode ter de dois a três símbolos, sendo que: Resumindo: a) o primeiro é sempre maiúsculo e define o grupo fundamental; b) o segundo símbolo pode ser maiúsculo ou minúsculo e define o tipo fundamental; c) o terceiro símbolo é sempre minúsculo, e define a variedade do clima. Para fazer a classificação climática, basta se conhecer as NORMAIS CLIMATOLÓGICAS dos seguintes elementos climáticos: TEMPERATURA PRECIPITAÇÃO Do local que se pretende determinar a Fórmula Climática. Os quadros que seguem serão utilizados para identificar os seguintes elementos: O grupo fundamental; O tipo fundamental, e; A variedade. 11/3/2014 6 Quadro 3: Sequência para Identificação do Grupo Fundamental. Máximo Máximo de de Chuvas Chuvas no no InvernoInverno PaPa > > 2T2Taa Climas Climas ÚmidosÚmidos TTmfmf > 18> 18 AA Tropical Tropical chuvosochuvoso --3 < 3 < TTmfmf < 18< 18 CC Temperado Temperado quentequente --3 > 3 > TTmfmf 10 < 10 < TTmm DD Temperado Temperado friofrio TTmqmq < 10< 10 EE PolarPolar PPaa < < 2T2Taa Climas Climas SecosSecos BB SecoSeco GrupoGrupo CaracterísticaCaracterística Pa:Precipitação média anual (cm); Ta:Temperatura média anual (°C); Tmf:Temp. média do mês mais frio (°C); Tmq:Temp. média do mês mais quente (°C); Quadro 3: Sequência para Identificação do Grupo Fundamental. Chuvas Chuvas +/+/-- Bem Bem DistribuiDistribui-- dasdas PaPa > 2(T> 2(Taa + + 7)7) Climas Climas ÚmidosÚmidos TTmfmf > 18> 18 AA Tropical Tropical chuvosochuvoso --3 < 3 < TTmfmf < 18< 18 CC Temperado Temperado quentequente --3 > 3 > TTmfmf 10 < 10 < TTmm DD Temperado Temperado friofrio TTmqmq < 10< 10 EE PolarPolar PPaa < 2(T< 2(Taa + + 7)7) Climas Climas SecosSecos BB SecoSeco GrupoGrupo CaracterísticaCaracterística Máximo Máximo de de Chuvas Chuvas no no VerãoVerão PaPa > 2(T> 2(Taa + 14)+ 14) Climas Climas ÚmidosÚmidos TTmfmf > 18> 18 AA Tropical Tropical chuvosochuvoso --3 < 3 < TTmfmf < 18< 18 CC Temperado Temperado quentequente --3 > 3 > TTmfmf 10 < 10 < TTmm DD Temperado Temperado friofrio TTmqmq < 10< 10 EE PolarPolar PPaa < 2(T< 2(Taa + 14)+ 14) Climas Climas SecosSecos BB SecoSeco Quadro 3: Sequência para Identificação do Grupo Fundamental. GrupoGrupo CaracterísticaCaracterística 11/3/2014 7 Quadro 4: Identificação do Tipo Fundamental Grupo Tipo Características AA PPmsms > 6> 6 AfAf Trop. Chuvosode Selva PPmsms < 6< 6 PPaa > (250 > (250 –– 25.25.PPmsms)) AmAm Trop. Chuvosode Bosque PPaa < (250 < (250 –– 25.25.PPmsms)) AwAw Trop. Chuvosode Savana Pms = Precipitação média do mês mais seco (cm) Pa = Precipitação média anual (cm) Quadro 4: Identificação do Tipo Fundamental BB Máximo de Chuvas no inverno PPaa < T< Taa BWBW Seco de deserto PPaa < T< Taa < 2T< 2Taa BSBS Seco de estepes Chuvas Bem Distribuída PPaa < (T< (Taa + 7)+ 7) BWBW Seco de deserto (T(Ta a + 7) < + 7) < PPaa < < 2(T2(Ta a + 7)+ 7) BSBS Seco de estepes Máximo de Chuvas no Verão PPaa < (T< (Taa + 14)+ 14) BWBW Seco de deserto (T(Ta a + 14) < + 14) < PPaa < < 2(T2(Ta a + 14)+ 14) BSBS Seco de estepes Grupo Tipo Características Ta = Temperatura média anual (oC) Quadro 4: Identificação do Tipo Fundamental CC PPmvmv > 10 > 10 PPmsms Chuvas de Inverno Cw Temperado Quente e seco no inverno PPmvmv < 10 < 10 PPmsms Chuvas de Verão Cf Temperado quente constantemente úmido PPmimi < 3 < 3 PPmsms Chuvas de Inverno Cs Temperado Frio e seco no inverno PPmimi > 3 > 3 PPmsms Pms < 3 Cfs Temperado quente época mais seca no verão Pms > 3 GrupoGrupo TipoTipo CaracterísticasCaracterísticas 11/3/2014 8 DD PPmvmv > 10 > 10 PPmsms DwDw Temperado frio e seco no inverno PPmvmv < 10 < 10 PPmsms DfDf Temperado frio constantemente úmido EE 0 < 0 < TTmqmq < 10< 10 ETET Tundra TTmqmq < 0< 0 EFEF Gelo perpétuo TTmqmq < 10< 10 EBEB Clima de altitude GrupoGrupo TipoTipo CaracterísticasCaracterísticas Quadro 4: Identificação do Tipo Fundamental Pmv/Pmi= Precip. média máxima de verão/inverno (cm) Tmq = Temperatura média do mês mais quente (oC) Q ua dr o 5 – Se q. p ar a Id en ti fic aç ão da s Pr in ci pa is V ar ie da de s GrupoGrupo VariedadeVariedade CaracterísticasCaracterísticas AA (Tmq – Tmf) < 5 ii IsotérmicoIsotérmico BB Ta > 18 TTmfmf > 18> 18 h'h' Muito QuenteMuito Quente TTmfmf < 18< 18 hh QuenteQuente Ta < 18 TTmqmq > 18> 18 kk FrioFrio TTmqmq < 18< 18 k'k' Muito FrioMuito Frio C C / D/ D 4 meses ou mais com Tm > 10 TTmqmq > 22> 22 aa SubSub--TropicalTropical TTmqmq < 22< 22 bb Temperado Temperado propriamente propriamente ditodito Menos de 4 meses com Tm > 10 TTmqmq < 22 e < 22 e TTmfmf > > --3838 cc FrioFrio TTmqmq < 22 e < 22 e TTmfmf < < --3838 dd Muito FrioMuito Frio Ta – Temperatura média anual (oC) Tm – Temperatura média mensal (oC) Tmq – Temperatura média do mês mais quente (oC) Tmf – Temperatura média do mês mais frio (oC) ExercícioExercício 11:: ConsidereConsidere osos dadosdados dede temperaturatemperatura (ºC)(ºC) ee precipitaçãoprecipitação (mm)(mm) abaixoabaixo:: LocalidadeLocalidade:: SãoSão GonçaloGonçalo –– SousaSousa –– PBPB Latitude: TemperaturaTemperatura PrecipitaçãoPrecipitação 06º 45´ Sul 27,3 120,0 Longitude: 26,5 183,7 38º 13´ Oeste 26,1 248,6 Altitude: 25,9 178,2 233,05 m 23,4 72,5 25,1 48,8 26,2 23,3 26,3 21,6 26,5 14,1 27,8 20,3 27,8 23,0 27,9 49,2 Média / Total 11/3/2014 9 3. Classificação Climática de Thornthwaite Esta classificação é semelhante à de Köppen, no que diz respeito a: Por empregar uma nomenclatura simbólica na designação dos tipos climáticos. Determinar limites climáticos críticos para a distribuição de vegetação, e Ser quantitativa; Por outro lado, difere por fazer uso de dois conceitos climáticos novos, que são: Umidade Efetiva Eficiência de Temperatura 3. Classificação Climática de Thornthwaite Baseia-se no balanço hídrico obtido de dados meteorológicos precisos. Os dados básicos de input do modelo são: Índice de temperatura efetiva = T/EP. Temperatura (T) Precipitação (P) Evapotranspiração potencial (EP) Índice precipitação efetiva = P/EP Outros dados necessários são: 11/3/2014 10 AsAs classesclasses dede vegetaçãovegetação emem ordemordem decrescentedecrescente dede UMIDADEUMIDADE EFETIVAEFETIVA ee EFICIÊNCIAEFICIÊNCIA TÉRMICATÉRMICA:: A –– FlorestaFloresta úmidaúmida B –– FlorestaFloresta C –– CamposCampos DD –– EstepesEstepes EE –– DesertosDesertos A' –– FlorestaFloresta tropicaltropical úmidaúmida B' –– FlorestaFloresta temperadatemperada úmidaúmida C‘ –– FlorestaFloresta microtérmicamicrotérmica úmidaúmida D‘ –– TundraTundra E‘ –– GeloGelo perpétuoperpétuo (não(não háhá vegetação)vegetação) UMIDADE EFETIVA EFICIÊNCIA TÉRMICA r: precipitação em todas as estações; s: precipitação insuficiente no verão; chove no inverno (climas A, B, C2); : excesso de água no verão (climas C1, D, E); Quanto a Distribuição Sazonal da UMIDADE EFETIVA, temos: s2: idem, grande deficiência de água (A, B, C2); : idem, grande excesso de água (C1, D, E); d: precipitação insuficiente em todas as estações; w: precipitação insuficiente no inverno; chove no verão (climas A, B, C2) : excesso de água no inverno (climas C1, D, E) w2: idem, grande def. de água (A, B, C2); : idem, grande excesso de água (C1, D, E); Quanto a Distribuição Sazonal da UMIDADE EFETIVA, temos: 11/3/2014 11 Quanto à distribuição da EFICIÊNCIA TÉRMICA (ETP) ao longo do ano tem-se: Quanto à distribuição da EFICIÊNCIA TÉRMICA (ETP) ao longo do ano tem-se: a': Menos de 48 % da ETP anual concentrada no verão; típico de climas tropicais; b‘: Entre 48 e 68 % da ETP anual concentrada no verão; c‘: Entre 68 e 88 % da ETP anual concentrada no verão; d‘: Mais de 88 % da ETP anual concentrada no verão; típico de climas de latitudes elevadas. Relembrando: A classificação climática tem como base, os seguintes elementos: Relembrando: A classificação climática tem como base, os seguintes elementos: (a) Umidade Efetiva; (b) Eficiência da Térmica (EP); (c) Distribuição Sazonal da Umidade Efetiva; (d) Distribuição Sazonal da Eficiência Térmica. A fórmula climática é estabelecida por uma combinação de QUATRO LETRAS, com exceção os climas D' e E', que são designados unicamente por suas características de temperatura, e são chamados de tundra e gelo perpétuo, respecti- vamente. Resumindo A fórmula climática, segundo esse método, obedece a seguinte sequência: 11/3/2014 12 Primeiro aparecem as condições de umidade, na forma de letras maiúsculas (A até E); Seguida pela letra que representa a variação sazonal da distribuição da precipitação efetiva (r, s, w, d), em letras minúsculas; A terceira letra da fórmula, também maiúscula e seguida de um apóstrofo, representa uma das cinco possíveis combinações da eficiência de temperatura (de A' até E'); A quarta e última letra, minúscula é seguida por um apóstrofo, representa a distribuição sazonal da ETP. Para quantificar os limites de cada classe, já especificadas, deve-se buscar informações do BALANCO HÍDRICO CLIMÁTICO DE THORNTHWAITE & MATHER (1955), quais sejam: o somatório de EXC Anual (EXC); o somatório da DEF Anual (DEF); o somatório da EP Anual. De posse dessas informações, calcula-se os índi- ces que seguem: 11/3/2014 13 ETP EXC.100I h ETP DEF.100I a ETP )DEFEXC.(100III ahu Índice Hídrico Índice de Aridez Índice de Umidade Quadro 6: Tipos Climáticos Segundo Thornthwaite, 1948, baseados no ÍNDICE DE UMIDADE. Tipos Climáticos Vegetação Associada Iu A: Superúmido Floresta Úmida 100 Iu B4: Úmido Floresta 80 Iu 100 B3: Úmido Floresta 60 Iu < 80 B2: Úmido Floresta 40 Iu < 60 B1: Úmido Floresta 20 Iu 40 C2: Subúmido Campos 0 Iu 20 C1: Subúmido Seco Campos -33,3 Iu < 0 D: Semi-árido Estepes 6,7 Iu E: Árido Desertos -100 < Iu < -66,7 Deve-se ressaltar o fato de que, num clima úmido, o que interessa é a deficiência de água, enquanto que, num clima seco, interessa é o período de excesso hídrico. Deve-se ressaltar o fato de que, num clima úmido, o que interessa é a deficiência de água, enquanto que, num clima seco, interessa é o período de excesso hídrico. 11/3/2014 14 Quadro 7: Subdivisão dos Tipos Climáticos com Base na DISTRIBUIÇÃOSAZONAL DA UMIDADE EFETIVA. Tipo Subdivisão Índice (Ia / Ih) Úmido A, B, C2 r – def. d’água pequena ou nula 0,0 Ia < 16,7 s – def. d’água moderada no verão 16,7 Ia < 33,3 w – def. d’água moderada no inverno 16,7 Ia < 33,3 s2 – grande def. d’água no verão 33,3 Ia w2 – grande def. d’água no inverno 33,3 Ia Seco C1, D, E d – exc. d’água pequeno ou nula 0 Ih < 10 s – exc. d’água moderado no verão 10 Ih < 20 w – exc. d’água moderado no inverno 10 Ih < 20 s2 – grande exc. d’água no verão 20 Ih w2 – grande exc. d’água no inverno 20 Ih Quadro 8: Subdivisões do Tipo Climático com Base no ÍNDICE DE EFICIÊNCIA TÉRMICA (ETP). Tipos Climáticos Vegetação Associada ETP Anual (mm) A’: Megatérmico Flor. tropical úmida 1140 ETP B’4: Mesotérmico Flor. temperada úmida 997 ETP< 1140 B’3: Mesotérmico Flor. temperada úmida 855ETP< 997 B’2: Mesotérmico Flor. temperada úmida 712ETP< 855 B’1: Mesotérmico Flor. temperada úmida 570ETP<712 C’2: Microtérmico Flor. microtérmica úmida 427 ETP< 570 C’1: Microtérmico Flor. microtérmica úmida 285 ETP< 427 D’: Tundra Tundra 142 ETP< 285 E’: Gelo Perpétuo Não há vegetação 142 < ETP Quadro 9: Subdivisões do Tipo Climático com Base na Porcentagem da ETP no “Verão” (ETV) em Relação ao Total Anual. Subtipo Climático ETV / ETP (%) a' 48,0 > ETV / ETP b'4 48,0 ETV/ETP < 51,9 b'4 51,9 ETV/ETP < 56,3 b'4 56,3 ETV/ETP < 61,6 b'4 61,6 ETV/ETP < 68,0 c'2 68,0 ETV/ETP < 76,3 c'1 76,3 ETV/ETP < 88,0 d' 88,0 ETV/ETP 11/3/2014 15 Muito obrigadoMuito obrigado 13_Variações e Mudanças Climáticas.pdf 11/3/2014 1 Prof.: Maciel, G.F. Disciplina: Meteorologia e Climatologia – CAG 083 Variações e Mudanças Climáticas Curso: Engenharia Ambiental A atmosfera não é estática; 1. Introdução: Existem interações importantes dentro da atmosfera, que podem ser resultantes ou mesmo causadoras de tais mudanças; Não existem simples processos unidireci-o- nais de causa e efeito; As mudanças podem ser internamente ou externamente induzidas, respectivamente, dentro do sistema Terra-atmosfera e por fatores extraterrestres. 1. Introdução: Variações do TEMPO ATMOSFÉRICO. Variações climáticas. 11/3/2014 2 Termos usados para descrever as variações no clima: Variabilidade Climática; Ciclos Climáticos; Tendências Climáticas; Mudança Climática. Flutuações Climáticas; Figura 1: Nomenclatura das mudanças climáticas. 2. Indicadores de climas passados As mudanças climáticas do passado nas diferen- tes escalas de tempo são estudadas com a utili- zação de diferentes técnicas e evidências. Nosso conhecimento do clima predominante na fase anterior à história registrada vem de fontes indiretas de evidência na crosta terrestre. 11/3/2014 3 2. Classificação dos indicadores de climas passados: a) Indicadores Biológicos Os indicadores biológicos dos climas pas- sados incluem fósseis (remanescentes de plantas e animais antigos preservados em rochas sedimentares), pólens e anéis de árvores. b) Indicadores Litogenéticos 2. Classificação dos indicadores de climas passados: Estão as camadas anuais de aluviões lacustres (varvitos), os depósitos de sal (evaporitos), fenômenos de intemperismos como as lateritas, os depósitos glaciais como as morenas e os solos fósseis, entre outros. Temos os inseibergs, os terraços fluviais, as dunas fósseis e os aspectos glaciais, como os corries (escavações circulares na encosta de uma montanha), os eskers e as formas residuais de relevo. 2. Classificação dos indicadores de climas passados: c) Indicadores Morfológicos 11/3/2014 4 3. Causas das Mudanças Climáticas Uma mudança no clima implica uma mudança na circulação geral da atmosfera. i) Componentes do Sistema Climático A Criosfera. A Atmosfera; A Hidrosfera A Biosfera A Litosfera, e ii) Fatores que determinam o clima ou dos quais é dependente: 3. Causas das Mudanças Climáticas a) a natureza dos componentes que formam o sistema climático e as interações entre os vários componentes; b) a natureza das condições geofísicas exteriores ao sistema climático e as influências que exercem sobre o sistema climático. Figura 2: O sistema climático mundial Fonte: Ayoade, 1983. 11/3/2014 5 4. Fatores dos quais depende o estado climático em qualquer momento: c) a natureza da interação dos processos entre os vários componentes do sistema climático. a) a quantidade de energia proveniente do Sol recebida pelo sistema climático; b) a maneira pela qual esta energia é distribu-í- da e absorvida sobre a superfície da Terra; Nenhuma teoria isolada de mudança climática conseguirá, de forma satisfatória, explicação de todas as variações que ocorreram no clima mundial. a. Causas Terrestres 5. As teorias de mudança climática Tentam relacionar as mudanças do clima às variações nas condições terrestres, tais como: Migração polar e deriva continental; Mudanças na topografia da Terra; Variações na composição atmosférica; Mudanças na distribuição das superfícies continentais e hídricas; Variações na cobertura de neve e de gelo. 11/3/2014 6 5. As teorias de mudança climática b. Causas Astronômicas Mudanças na excentricidade da órbita ter- restre; Mudanças na precessão dos equinócios; Mudanças na obliqüidade do plano de eclíptica. 5. As teorias de mudança climática b. Causas Extraterrestres Variações na quantidade de radiação solar; Variações na absorção da radiação solar ex- terior à atmosfera terrestre 6. O clima do mundo durante os períodos geológicos O clima tem variado muito durante a história da Terra, muito embora as causas destas variações ainda não estejam completamente entendidas. Estima-se que a Terra possua cerca de 3 a 6 bilhões de anos A paleoclimatologia cobre mais ou menos 500 – 600 milhões de anos. 11/3/2014 7 Era Período Idade por meio de radiatividade (em milhões de anos) Clima Quaternária Recente (Holoceno) l Glaciações nas latitudes Pleistoceno temperadas Terciária Plioceno 13 Moderadamente frio Mioceno 30 Moderado Oligoceno 60 Moderado para moderadamente quente Eoceno .. Moderado tornando-se quente Mesozóica Cretáceo 110 Moderado Jurássico 155 Moderadamente quente e invariável Triássico 190 Moderadamente quente e invariável Paleozóica Permiano 210-240 Glacial a princípio, tornando-se moderado Carbonífero 260-300 Moderadamente quente a princípio, tornando- se glacial Devoniano 310-340 Moderado tornando-se quente Siluriano 340 Moderadamente quente Ordoviciano 400 Moderado para quente Cambriano 510 Frio, tornando-se moderadamente quente Pré-Cambriana 560 Glacial Tabela 1: Climas dos vários períodos geológicos (conforme Brooks, 1949) Figura 3: Variações das temperaturas durante os períodos geológicos. Fonte: Ayoade, 1983. Figura 4: Variações da temperatura do globo terrestre nos últimos 850.000 anos. Fonte: Ayoade, 1983. 11/3/2014 8 6. O clima do mundo durante a história registrada. As evidências são obtidas a partir de uma vari-e- dade de fontes incluindo arqueologia, antropolo- gia, evidência documentária e, mais recentemen- te, registros instrumentais. OBRIGADO Apostila_Meteorologia Agricola - Sentelhas e Pereira - 2007.pdf LCE 306 (Edição Revista e Ampliada) Antonio Roberto Pereira Luiz Roberto Angelocci Paulo Cesar Sentelhas Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Departamento de Ciências Exatas Piracicaba, SP Fevereiro de 2007 Meteorologia Agrícola 306 1oSemestre/2007 Pereira / Angelocci / Sentelha PREFÁCIO Desde o descobrimento do novo mundo, acreditou-se que sua imensidão territorial era fonte inesgotável de recursos naturais. A agricultura, fonte primária do desenvolvimento econômico, pautou seu crescimento simplesmente pela substituição de florestas e campos por cultivos necessários ao atendimento das necessidades alimentares da nova população. Estima-se que, até o momento, mais de 90% da floresta atlântica, mais da metade dos cerrados, e mais de um sexto da floresta amazônica tenham sido utilizados em nome da produção de alimentos, energia, e fibras. Apesar de cinco séculos de exploração, a fronteira agrícola continua a se expandir pelas mesmas práticas, ou seja, derrrubada, queimada, e implantação de monocultivos que, em muitas situações, são logo abandonados, deixando um rastro de degradação ambiental. A agricultura é um sistema tecnológico criado pelo homem,e há necessidade de se entender sua perspectiva ecológica. É preciso reconhecer também que essa mesma tecnologia conseguiu reverter áreas naturalmente improdutivas em campos férteis, mas com enfoque apenas na produção, sem perspectiva conservacionista. Com a crescente tendência na tentativa de se minimizar os efeitos adversos da exploração agrícola sobre o ambiente, com os consumidores impondo restrições e especificando condições de produção de alimentos, o planejamento do uso da terra com base nos aspectos climáticos procura fornecer elementos para desenvolvimento da agricultura sustentável. Os conceitos aqui apresentados e discutidos são fundamentais para que o equilíbrio entre aumento da produção de alimentos, fibras, e energia, e preservação dos ecossistemas seja alcançado. Este texto, originário de anotações de aula, e fruto de quase cinco décadas de estudos agrometeorológicos brasileiros, procura descrever tópicos meteorológicos e climatológicos, e suas aplicações às atividades agrícolas. Os primeiros capítulos são voltados para a descrição do meio físico e suas forçantes, sendo seguidos por capítulos em que se procurou descrever as interações dos elementos meteorológicos com meio biótico. O objetivo é fornecer conhecimentos básicos necessários para se analisar e entender as relações entre o ambiente e as atividades agrícolas, visando maximizar a exploração econômica dos recursos naturais, porém, consciente da necessidade de preservação do ambiente para gerações futuras. A intenção é que este texto seja utilizado como referência básica, principalmente em escolas de agricultura. Um alerta! O leitor não encontrará aqui um discurso ecológico, mas apenas relatos das relações energéticas e suas conseqüências, numa interpretação física das respostas biológicas do sistema agrícola. Sendo a agricultura um sistema extremamente dinâmico, espera-se que o leitor encontre aqui estímulo para observar, analisar, e entender as nuances de cada situação particular, e pautar suas decisões em bases mais compatíveis com a realidade de cada ambiente. Não há nenhuma fórmula ou receita mágica. Verão de 2007 Os autores Meteorologia Agrícola 306 1oSemestre/2007 Pereira / Angelocci / Sentelhas i SUMÁRIO CAPÍTULO 1 . INTRODUÇÃO À AGROMETEOROLOGIA 1 1.1. Introdução 1.2. Meio (Ambiente) e Sistema 1.3. Condicionantes Climáticos / Meteorológicos da Produtividade Agrícola 1.4. Objetivos e Atuação da Meteorologia Agrícola 1.5. Perspectivas CAPÍTULO 2. DEFINIÇÕES E CONCEITOS 4 2.1. Clima e Tempo 2.2. Elementos e Fatores Climáticos / Meteorológicos 2.3. Escala Temporal dos Fenômenos Atmosféricos 2.4. Escala Espacial dos Fenômenos Atmosféricos 2.5. Estações do Ano CAPÍTULO 3. A ATMOSFERA TERRESTRE 10 3.1. Estrutura Vertical da Atmosfera 3.2. Composição Básica da Atmosfera 3.3. Efeitos da Atmosfera sobre o Balanço de Energia Radiante 3.3.1. Absorção da Radiação Solar 3.3.2. Difusão da Radiação Solar CAPÍTULO 4. MOVIMENTOS ATMOSFÉRICOS 15 4.1. Circulação Geral da Atmosfera / Ventos Predominantes 4.2 Ciclones e Anticiclones 4.3. Circulaçâo na América do Sul 4.4. El Niño e La Niña 4.5. Estrutura Vertical dos Ventos 4.6. Circulações e Ventos Locais 4.6.1. Brisas Terra-Mar 4.6.2. Brisa de Montanha e de Vale 4.6.3. Vento Foehn ou Chinook 4.7. Massas de Ar / Frentes 4.7.1. Frentes CAPÍTULO 5. RADIAÇÃO SOLAR 24 5.1. Introdução 5.2. Definições 5.3. Leis da Radiação 5.3.1. Lei de Stefan – Boltzmann 5.3.2. Lei de Wien 5.4. Distribuição da Energia Solar na Superfície Terrestre 5.5. Projeção e Direção de Sombra de um Objeto 5.6. Cálculo do Fotoperíodo 5.7. Irradiância Solar em Superfícies Paralelas ao Plano do Horizonte 5.7.1. Valores Diários Desconsiderando-se os Efeitos da Atmosfera 5.7.2. Valores Diários Considerando-se os Efeitos da Atmosfera 5.8. Radiação Solar Incidente numa Superfície Inclinada 5.9. Medidas da Irradiância Solar Global 5.10. Medidas de Irradiância Direta e Difusa 5.11. Medida do Número de Horas de Brilho Solar 5.12. Estimativa da Irradiância Solar Global Diária (Qg) 5.13. Radiação Fotossinteticamente Ativa 5.14. Exercícios Propostos Meteorologia Agrícola 306 1oSemestre/2007 Pereira / Angelocci / Sentelhas ii CAPÍTULO 6. TEMPERATURA 36 6.1. Introdução 6.2. Temperatura do Ssolo 6.2.1. Fatores Determinantes da Temperatura do Solo 6.2.2. Variação Temporal da Temperatura do Solo 6.3. Temperatura do ar 6.3.1. Variação Temporal e Espacial da Temperatura do Ar 6.4. Termometria 6.5. Cálculo da Temperatura Média do Ar e do Solo 6.6. Estimativa da Temperatura Média Mensal do Ar 6.7. Estimativa da Temperatura do Solo em Função da Temperatura do Ar 6.8. Exercícios Propostos CAPÍTULO 7. UMIDADE DO AR 46 7.1. Introdução 7.2. Definições 7.3. Equipamentos Utilizados na Determinação da Umidade Relativa do Ar 7.4. Variação Temporal da Umidade do Ar 7.5. Orvalho 7.5.1. Medida do Orvalho e de sua Duração 7.5.2. Estimativa da Duração do Período de Molhamento por Orvalho 7.5. Exercícios Propostos CAPÍTULO 8. CHUVA 53 8.1. Introdução 8.2. Condensação na Atmosfera 8.3. Formação da Chuva 8.4. Tipos de Chuva 8.5. Medida da Chuva 8.6. Probabilidade de Ocorrência de Chuva 8.7. Período de Retorno 8.8. Índice de Erosividade das Chuvas 8.9. Interceptação da Chuva pela Vegetação 8.9.1. Redistribuição da Chuva ao Interagir com a Vegetação 8.9.2. Estimativa de Parm e da Pint 8.10. Exercícios Propostos CAPÍTULO 9. VENTO 61 9.1. Introdução 9.2. Escala Espacial de Formação dos Ventos 9.3. Medida do Vento 9.4. Direção Predominante dos Ventos 9.5. Velocidade dos Ventos 9.6. Escala de Velocidade dos Ventos 9.7. Exercícios Propostos CAPÍTULO 10. BALANÇO DE ENERGIA 65 10.1. Introdução 10.2. Balanço de Radiação 10.3. Medida e Estimativa do Balanço de Radiação 10.4. Balanço de Radiação em Ambiente Protegido 10.5. Fundamentos do Balanço de Energia em Sistemas Vegetados 10.6 Exercícios Propostos Meteorologia Agrícola 306 1oSemestre/2007 Pereira / Angelocci / Sentelhas iii CAPÍTULO 11. REGIME RADIATIVO DE UMA VEGETAÇÃO 72 11.1. Introdução 11.2. Interação com a vegetação 11.3. Regime Radiativo Acima da Vegetação 11.4. Regime Radiativo Dentro da Vegetação 11.5. Balanço de Radiação Acima de uma Vegetação CAPÍTULO 12. EVAPO(TRANSPI)RAÇÃO 78 12.1. Introdução 12.2. Definições 12.3. Determinantes da ET 12.3.1. Fatores Climáticos 12.3.2. Fatores da Planta 12.3.3. Fatores de Manejo e do Solo 12.3.4. Interrelação Demanda Atmosférica - Suprimento de Água pelo Solo 12.4. Medida da Evaporação e da Evapotranspiração 12.4.1. Evaporação 12.4.2. Evapotranspiração 12.5. Estimativa da Evapotranspiração Potencial (ETP ou ETo) 12.6. Critério para Escolha de Método de Estimativa da ETP 12.7. Evapo(transpi)ração no Interior de Estufas Plásticas 12.8. Exercícios Propostos CAPÍTULO 13. BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO 92 13.1. Introdução 13.2. Elaboração do Balanço Hídrico Climatológico 13.2.1. Determinação da CAD 13.2.2. Roteiro para a Elaboração do Balanço Hídrico Climatológico 13.2.3. Inicialização do Balanço Hídrico Climatológico Normal 13.2.4. Aferição dos Cálculos 13.2.5. Representação Gráfica do Balanço Hídrico 13.3. Aplicações do Balanço Hídrico Climatológico 13.4. Balanço Hídrico Climatológico Seqüencial 13.4.1. Aplicações do Balanço Hídrico Climatológico Seqüencial 13.5. Exercícios Propostos CAPÍTULO 14. BALANÇO HÍDRICO DE CULTIVOS 102 14.1. Introdução 14.2. Determinação da CAD 14.3. Elaboração do Balanço Hídrico de Cultivo 14.4. Balanço Hídrico para Controle da Irrigação 14.4.1. Roteiro para Monitoramento da Irrigação 14.5. Exercícios Propostos CAPÍTULO 15. CLIMATOLOGIA 111 15.1. Introdução 15.2. Fatores do Clima 15.2.1 Fatores do Macroclima 15.2.2. Fatores do Topoclima 15.2.3. Fatores do Microclima 15.3. Climograma 15.4. Classificação Climática 15.4.1. Classificação de Köppen 15.4. 2. Classificação de Thornthwaite Meteorologia Agrícola 306 1oSemestre/2007 Pereira / Angelocci / Sentelhas iv 15.5. Mudança, Variabilidade e Anomalias do Clima 15.5.1. Mudança e variabilidade do Clima 15.5.2. Anomalias Climáticas CAPÍTULO 16. TEMPERATURA COMO FATOR AGRONÔMICO 126 16.1. Introdução 16.2. Temperatura e Produtividade Animal 16.2.1. Conforto Térmico 16.2.2. Índices de Conforto Higro-Térmico para Animais Homeotermos 16.3. Temperatura e Produtividade Vegetal 16.3.1. Temperatura e Dormência de Plantas de Clima Temperado 16.3.2. Temperatura do Ar e Desenvolvimento de Plantas 16.3.3. Determinação de Zonas de Maturação 16.3.4. Temperatura do Ar e Desenvolvimento de Insetos 16.3.5. Temperatura e Outros Processos nos Vegetais 16.4. Aplicação de Defensivos 16.5. Exercícios Propostos CAPÍTULO 17. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA - UMIDADE DO AR 139 17.1. Introdução 17.2. Duração do Período de Molhamento e Doenças de Plantas 17.3. Interação Temperatura - Umidade e Fitossanidade 17.4. Influência de Práticas Agrícolas na Fitossanidade 17.5. Estações de Aviso Fitossanitário 17.6. Risco de Ocorrência de Incêndios CAPÍTULO 18. IMPORTÂNCIA AGROECOLÓGICA DOS VENTOS 147 18.1. Introdução 18.2. Efeitos dos Ventos 18.3. Práticas Preventivas Contra os Efeitos Desfavoráveis do Vento 18.4. Tipos de QV 18.5. Características Desejáveis dos QV Vegetais 18.6. Aspectos Agronômicos do Uso de QV Vegetais 18.7. Vantagens do Uso de QV Vegetais CAPÍTULO 19. GEADA 153 19.1. Introdução 19.2. Tipos de Geada 19.3. Fatores de Formação de Geadas no Brasil 19.3.1. Fatores Macroclimáticos 19.3.2. Fatores Topoclimáticos 19.3.3. Fatores Microclimáticos 19.4. Agravantes Naturais de Geadas 19.5. Efeitos da Geada nos Vegetais 19.6. Medidas para Minimização dos Efeitos da Geada 19.6.1. Medidas Topo e Microclimáticas 19.6.2. Uso de Produtos Químicos 19.6.3. Proteção Direta (no dia de ocorrência) 19.6.4. Uso de Coberturas Protetoras 19.7. Exercícios Propostos CAPÍTULO 20. CONDICIONAMENTO CLIMÁTICO DA PRODUTIVIDADE POTENCIAL 165 20.1. Introdução 20.2. Bioconversão de Energia Solar 20.3. Aspectos Fisiológicos da Produtividade 20.4. Efeitos do Ambiente na Bioconversão Meteorologia Agrícola 306 1oSemestre/2007 Pereira / Angelocci / Sentelhas v 20.5. Estimativa da Produtividade Potencial 20.6. Efeito da Deficiência Hídrica sobre a Produtividade 20.7. Exercícios Propostos CAPÍTULO 21. ZONEAMENTO AGROCLIMÁTICO 173 21.1. Introdução 21.2. Metodologias para a Elaboração do Zoneamento Agroclimático 21.2.1. Caracterização das Exigências Climáticas das Culturas 21.2.2. Elaboração de Cartas Climáticas Básicas 21.2.3. Elaboração de Cartas de Zoneamento 21.3. Considerações Finais CAPÍTULO 22. INFORMAÇÕES (AGRO)METEOROLÓGICAS 177 22.1. Previsão do Tempo 22.2. Previsão do Tempo no Brasil 22.3. Observações Meteorológicas de Superfície 22.3.1. Estações Meteorológicas 22.4. Sistemas de Informações Agrometeorológicas 22.4.1. Benefícios das Informações Agrometeorológicas 22.4.2. SIA's existentes no Brasil REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 184 Meteorologia Agrícola 306 1oSemestre/2007 Pereira / Angelocci / Sentelhas 1 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À AGROMETEOROLOGIA 1.1. Introdução Meteorologia é o ramo da ciência que se ocupa dos fenômenos físicos da atmosfera (meteoros). Seu campo de atuação abrange o estudo das condições atmosféricas em dado instante, ou seja, das condições do tempo. Tais condições resultam da movimentação atmosférica, que é originada pela variação espacial das forças atuantes na massa de ar. Portanto, a atmosfera é um sistema dinâmico, em contínua movimentação, embora se tenha, em algumas situações, a sensação de que o ar esteja "parado". Mas isso ocorre esporadicamente em alguns locais e apenas por alguns instantes, em virtude do equilíbrio dinâmico das forças atuantes naquele local. Um dos desafios da ciência é prever, com razoável antecedência, os resultados dessa movimentação e suas possíveis conseqüências. A isso se denomina Previsão do Tempo, e essa é a parte visível da meteorologia, e que ganha cada vez mais espaço na tomada de decisões operacionais, principalmente nas atividades agrícolas cotidianas. Outro aspecto importante dessa movimentação atmosférica é sua descrição estatística, em termos de valores médios seqüenciais. Desse modo, faz-se uma descrição do ritmo anual mais provável de ocorrência dos fenômenos atmosféricos. É esse seqüenciamento médio que define o clima de um local, e que determina quais atividades são ali possíveis. Essa caracterização média define a Climatologia. Isto significa que a Meteorologia trabalha com valores instantâneos enquanto a Climatologia utiliza valores médios (de longo período). Tendo como critério a influência das condições atmosféricas sobre as atividades humanas, a Meteorologia possui divisões especializadas com objetivos bem focados sendo uma delas a Agrometeorologia (ou Meteorologia Agrícola), voltada para as condições atmosféricas e suas conseqüências no ambiente rural. As condições climatológicas indicam o tipo de atividade agrícola mais viável de um local, e as condições meteorológicas determinam o nível de produtividade para aquela atividade, num certo período, além de interferir na tomada de decisão com relação às diversas práticas agrícolas. 1.2. Meio (ambiente) e sistema Do ponto de vista termodinâmico, (meio) ambiente é tudo que envolve e interage com um sistema. No caso da agricultura, a atmosfera, o solo, e a água fazem parte do ambiente, enquanto que as plantas, os animais, e os microrganismos são os sistemas. Do ponto de vista ecológico, costuma-se separá-los em meio biótico (plantas, animais e microrganismos) e abiótico (atmosfera, solo e água). A água faz parte tanto do meio biótico como do abiótico, sendo encontrada natural e simultaneamente nas três fases físicas (sólida, líquida, gasosa). A presença ou ausência da água afeta profundamente o balanço de energia do sistema. Havendo água em abundância, cerca de três quartos da energia solar disponível serão utilizados no processo de mudança de fase líquida para gasosa (calor latente de evaporação) com conseqüente amenização da temperatura (calor sensível). O planeta Terra pode ser comparado a uma gigantesca fábrica que contêm toda a matéria prima necessária para sua produção, e a energia para os diversos processos é provida diariamente pelo Sol. A captação da energia solar é feita pelas plantas e algas que, pela fotossíntese, transformam-na em produtos necessários à manutenção da vida na presente forma. Evidentemente, dentro desta “fábrica” existem inúmeros departamentos, que são os grandes sistemas ecológicos naturais. Cada departamento é constituído por diversas seções, que são agrupamentos de indivíduos, nem sempre da mesma espécie. Em geral, quanto mais próximo do equador terrestre, maior o número de espécies presentes, isto é, maior a biodiversidade natural, em função do ambiente. 1.3. Condicionantes climáticos/meteorológicos da produtividade agrícola A agricultura é um sistema tecnológico artificial desenvolvido pelo homem com o objetivo de se obter alimento, fibra, e energia em quantidade suficiente para garantir sua subsistência por um certo período. As plantas foram gradativamente sendo domesticadas até permitir que extensas áreas fossem cobertas com indivíduos com mesma composição genética. Nessa condição, a interação com o ambiente depende do estádio de desenvolvimento das plantas visto que, num dado instante, todos os indivíduos daquela comunidade têm a mesma idade, com porte semelhante, e também com mesma suscetibilidade aos rigores impostos pelo meio. Quanto mais homogênea for a população de plantas, maior será sua suscetibilidade às condições ambientais. O ritmo da disponibilidade de energia e de água de uma região determina o seu potencial de produtividade agrícola. A energia radiante, a temperatura, e a umidade afetam o desenvolvimento e o crescimento dos vegetais, dos insetos e dos microrganismos. A produção de biomassa está diretamente relacionada à disponibilidade energética no meio, que condiciona a produtividade potencial de cada cultura. A estimativa da potencialidade produtiva das culturas em uma região é feita com modelos agroclimáticos, que também podem servir de subsídio para a previsão de safras. A duração das fases e do ciclo de desenvolvimento dos vegetais e dos insetos é condicionada pela temperatura, e pelo tempo que ela permanece dentro de limites específicos. Um índice bioclimático que tem sido usado para estudar essa relação é denominado de graus-dias, ou seja, quantos graus de temperatura ocorreram Meteorologia Agrícola 306 1oSemestre/2007 Pereira / Angelocci / Sentelhas 2 durante um dia e que efetivamente contribuíram de maneira positiva com o metabolismo do organismo considerado. O efeito térmico é fundamental para a produção das frutíferas de clima temperado, que necessitam entrar em repouso durante o inverno, e para tal exigem certo número de horas de frio, para quebrar a dormência das gemas e retomarem o crescimento vegetativo e o desenvolvimento após o inverno. O fotoperíodo (número máximo possível de horas de brilho solar) é outro condicionante ambiental que exerce influência no desenvolvimento das plantas, pois algumas espécies só iniciam a fase reprodutiva quando da ocorrência de um valor crítico de fotoperíodo por elas exigido. O ritmo anual desses elementos permite a escolha de melhores épocas de semeadura, visando ajustar o ciclo das culturas anuais às melhores condições locais de clima, minimizando-se riscos de adversidades meteorológicas, para que expressem sua potencialidade produtiva. O ciclo vital dos fitopatógenos é constituído por fases típicas, e no caso de fungos, por exemplo: pré- penetração, penetração, pós-invasão, e liberação/dispersão de esporos. Com exceção da pós-invasão, as outras fases, por ocorrerem fora da planta, são totalmente dependentes das condições ambientais, pois temperatura e duração do molhamento da parte aérea das plantas, por orvalho ou chuva, são essenciais para a germinação dos esporos e sua penetração nos tecidos vegetais. O vento e a chuva atuam como agentes de dispersão carregando esporos, além do vento causar lesões nas plantas, por atrito e agitação, e que favorecem a penetração de patógenos nos tecidos. Conhecendo-se os efeitos desses elementos condicionantes das infestações, pode-se inferir a existência de condições ambientais favoráveis ou não para ocorrência de pragas e de doenças, como base para seu controle e orientação quanto a esquemas de alerta fitossanitários eficientes, econômica e ambientalmente, e de aplicação de defensivos agrícolas. A disponibilidade de água depende do balanço entre chuva e evapotranspiração, sendo esta última dependente das condições da superfície (tipo de cobertura, tipo de solo) e da demanda atmosférica (disponibilidade energética, umidade do ar, e velocidade do vento). A disponibilidade hídrica no solo pode ser quantificada pelo balanço hídrico climatológico, evidenciando as flutuações temporais de períodos com excedente e com deficiência, permitindo planejamento das atividades agrícolas, visando minimizar perdas. Também o teor de açúcares, a qualidade de bebida e de fibras, e o aspecto dos frutos são afetados pelas condições ambientais. As exigências hídricas das culturas e sua relação com as condições ambientais embasam o suporte ao planejamento e quantificação da irrigação. As condições meteorológicas representam fatores exógenos que afetam a fecundidade, o período de gestação e, portanto, a eficiência reprodutiva dos animais. Durante sua vida, o animal responde diretamente às condições físicas do ambiente, que podem lhe causar estresse físico por excesso ou deficiência de chuvas, por temperaturas elevadas ou baixas, por ventos fortes e constantes. As condições de conforto térmico afetam diretamente seu ganho de massa corporal (produção de carne), bem como de outros produtos (leite e ovos), além da sua qualidade (lã). Há também efeitos indiretos, causados pelo clima, sobre o crescimento das pastagens e surtos de doenças. 1.4. Objetivos e Atuação da Agrometeorologia Das atividades econômicas, a agricultura é sem dúvida aquela com maior dependência das condições do tempo e do clima. As condições atmosféricas afetam todas as etapas das atividades agrícolas, desde o preparo do solo para semeadura até a colheita, o transporte, o preparo, e o armazenamento dos produtos. As conseqüências de situações meteorológicas adversas levam constantemente a graves impactos sociais, e a enormes prejuízos econômicos, muitas vezes difíceis de serem quantificados. Mesmo em regiões com tecnologia avançada e com organização social suficiente para diminuir esses impactos, os rigores meteorológicos muitas vezes causam enormes prejuízos econômicos. Como as condições adversas do tempo são freqüentes e muitas vezes imprevisíveis a médio e longo prazo, a agricultura constitui-se em atividade de grande risco. Exemplos são as ocorrências de secas prolongadas, os veranicos (períodos secos dentro de uma estação úmida), as geadas, e os períodos de chuva excessiva muitas vezes acompanhadas de granizo. Segundo Smith (1975), a “Meteorologia Agrícola tem por objetivo colocar a ciência da Meteorologia à serviço da Agricultura em todas suas formas e facetas, para melhorar o uso da terra, para ajudar a produzir o máximo de alimentos, e a evitar o abuso irreversível dos recursos da terra”. Tendo essa descrição em mente, o objetivo do presente texto é fornecer conhecimentos necessários para se analisar e entender as relações entre o ambiente e as atividades agrícolas, visando maximizar a exploração econômica dos recursos naturais, porém consciente da necessidade de preservação do ambiente para gerações futuras. 1.5. Perspectivas Com a crescente tendência na tentativa de se minimizar os efeitos adversos da exploração agrícola sobre o ambiente, com os consumidores impondo restrições e especificando condições de produção de alimentos, o planejamento do uso da terra com base nos aspectos forçantes do clima procura fornecer elementos para desenvolvimento da agricultura sustentável. A delimitação da aptidão das regiões aos cultivos quanto ao fator clima resulta no Zoneamento Agroclimático. Essa delimitação climática, juntamente com a aptidão edáfica (solos), Meteorologia Agrícola 306 1oSemestre/2007 Pereira / Angelocci / Sentelhas 3 compõem o Zoneamento Agroecológico (clima e solo), que se juntando ao levantamento das condições sócio- econômicas, definem o Zoneamento Agrícola, base para o planejamento racional do uso da terra. Desde a semeadura até a colheita, os tratos culturais (aplicação de defensivos, irrigações, movimento de máquinas agrícolas, etc.) são condicionados pelas condições ambientais. Logo, a tomada de decisões e o planejamento de operações cotidianas dependem do conhecimento das condições meteorológicas prevalecentes. O acompanhamento diário dessas condições e a utilização da previsão do tempo constitui-se em ferramenta fundamental para a operacionalização das atividades agrícolas. A esse monitoramento diário das condições ambientais existentes e à elaboração de informes específicos denomina-se de Agrometeorologia Operacional. Essa é uma atividade em que se procura estabelecer harmonia entre as condições reinantes, a previsão meteorológica, e as atividades necessárias para bom desempenho econômico. Essa é uma maneira prática de se reduzir o impacto agroambiental imposto pela exploração desenfreada dos recursos naturais, na tentativa de se prover alimentos, energia, e fibras para uma população crescente. Resumindo, a Agrometeorologia tem sua principal aplicação no planejamento e na tomada de decisões numa propriedade agrícola, seja na produção animal ou vegetal, sendo ferramenta indispensável àqueles envolvidos no processo produtivo rural. Meteorologia Agrícola 306 1oSemestre/2007 Pereira / Angelocci / Sentelhas 4 CAPÍTULO 2. DEFINIÇÕES E CONCEITOS 2.1. Clima e tempo A atmosfera é uma massa em contínuo movimento e isto induz variações nas condições predominantes numa região. O estado da atmosfera pode ser descrito por variáveis que caracterizam sua condição energética. Para um local, essa descrição pode ser tanto em termos instantâneos, definindo sua condição atual, como em termos estatísticos, definindo uma condição média. Portanto, introduz-se uma escala temporal na descrição das condições atmosféricas. Denomina-se tempo à descrição instantânea, enquanto que a descrição média é denominada de clima. Logo, tempo é o estado da atmosfera num local e instante, sendo caracterizado pelas condições de temperatura, pressão, concentração de vapor, velocidade e direção do vento, precipitação; e clima é a descrição média, valor mais provável, das condições atmosféricas nesse mesmo local. Com a descrição climática sabe-se antecipadamente que condições de tempo são predominantes (mais prováveis) na região e, consequentemente, quais atividades agrícolas têm maior possibilidade de êxito. Clima é uma descrição estática que expressa as condições médias (geralmente, mais de 30 anos) do seqüenciamento do tempo num local. O ritmo das variações sazonais de temperatura, chuva, umidade do ar, etc, caracteriza o clima de uma região. O período mínimo de 30 anos foi escolhido pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) com base em princípios estatísticos de tendência do valor médio. Desse modo, inclui-se anos com desvios para mais e para menos em todos os elementos do clima. Ao valor médio de 30 anos chama-se Normal Climatológica. A Figura 2.1 mostra a variação anual da temperatura do ar próximo da superfície (≈ 1,5m acima do solo) e da chuva na região de Piracicaba, SP. É uma visualização do ritmo desses elementos climáticos ao longo do ano. Provavelmente, nunca ocorreu um ano igual ao normal, mas esta é a descrição do seqüenciamento das condições mais prováveis na região. Portanto, em termos médios, a temperatura da região varia entre o mínimo de 10 °C, em Julho, e o máximo de 30 °C, em Fevereiro. Com respeito à chuva, o período primavera-verão (Out - Mar) contribui com 78% do total anual. O período menos chuvoso corresponde aos meses mais frios. Portanto, o clima de Piracicaba, SP, apresenta verão chuvoso e quente, e inverno ameno e seco. 0 5 10 15 20 25 30 35 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Te m pe ra tu ra d o ar (o C) Temp. média Temp. máxima Temp. mínima 0 50 100 150 200 250 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ch uv a (m m /m ês ) Figura 2.1. Seqüenciamento dos valores normais (1917 - 1999) de temperatura do ar e chuva em Piracicaba, SP. 2.2. Elementos e Fatores Climáticos / Meteorológicos Elementos são grandezas (variáveis) que caracterizam o estado da atmosfera, ou seja: radiação solar, temperatura, umidade relativa, pressão, velocidade e direção do vento, precipitação. Esse conjunto de variáveis descrevem as condições atmosféricas num dado local e instante. Fatores são agentes causais que condicionam os elementos climáticos. Fatores geográficos tais como latitude, altitude, continentalidade/oceanalidade, tipo de corrente oceânica, afetam os elementos. Por exemplo, quanto maior a altitude menor a temperatura e a pressão. A radiação solar pode ser tomada ou como fator condicionador ou como elemento dependente da latitude, altitude, e época do ano. 2.3. Escala Temporal dos Fenômenos Atmosféricos A face da Terra voltada para o Sol (dia) está sempre mais quente que a face oposta (noite). Com o movimento de rotação da Terra, um local experimenta uma variação diária em suas condições meteorológicas (temperatura, pressão, nebulosidade, chuva, umidade relativa, etc). Essa variação diária ocorre em todos locais, com maior ou menor intensidade, e é um fenômeno natural. Em geral, quanto mais árido (seco) maior a variação diária da temperatura (calor sensível) e, consequentemente, da pressão. Portanto, essa é a escala diária de variação das condições meteorológicas. Meteorologia Agrícola 306 1oSemestre/2007 Pereira / Angelocci / Sentelhas 5 Uma escala maior de variação das condições meteorológicas é a anual, que é devida ao posicionamento relativo entre a Terra e o Sol, gerando as estações do ano. As diferenças sazonais são mais intensas à medida que se afasta da linha do Equador. Na região equatorial, em função de uma certa constância de incidência da radiação solar ao longo do ano, as distinções entre as estações são menos intensas. À medida que se caminha em direção aos pólos, há acentuação nessa intensidade. Note-se que a radiação solar é o principal elemento controlador das variações tanto na escala diária como na anual. Essas são variações que ocorrem com uma periodicidade (ciclo) previsível. Nesse ponto, é importante fazer distinção entre as variações que ocorrem rotineiramente e aquelas que indicam mudanças no clima. Quando se fala em mudança climática, fala-se de tendências que ocorrem nas condições regionais, num período razoavelmente longo de tempo (décadas, séculos), para uma grande região. Os causadores dessa mudança são os fenômenos naturais (vulcões, atividade solar), sem qualquer influência humana, e mais aqueles desencadeados realmente pelas atividades humanas (desmatamento, poluição, urbanização). Por exemplo, a necessidade de incorporar novas áreas na produção de alimentos pressiona o desmatamento e sua substituição por plantas de ciclo menor, com impacto sobre o clima local e regional. A Figura 2.2 é uma representação da variação do total anual de chuvas ocorridas em Piracicaba, SP, desde 1917 até 1999. Percebe-se que períodos razoavelmente longos (15 a 25 anos) de tendência de aumento foram interrompidos por quedas bruscas nos totais de chuvas. Nota-se que, de 1917 até 1930 houve aumento significativo no total de chuva anual que passou de 1110mm para cerca de 1600mm. Embora tenha ocorrido uma flutuação muito grande, a tendência geral foi de aumento. Entre 1933 e 1948, houve tendência semelhante ao período anterior. Entre 1952 e 1965, e entre 1969 e 1975 a tendência de aumento se repetiu. De 1977 até 1982, houve um aumento brusco seguido de uma queda igualmente brusca. De 1983 até 1999, a flutuação esteve ao redor do valor médio. A tendência do século como um todo foi de leve aumento no total anual das chuvas. O pico de chuva de 1983 (2018mm) foi imediatamente após o episódio do El Niño mais intenso até então, e as chuvas de outono-inverno representaram 45% do total anual. Nota-se, por este exemplo, que a análise de períodos relativamente curtos (10 a 20 anos) invariavelmente conduz a conclusões inconsistentes. 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 19 18 19 23 19 28 19 33 19 38 19 43 19 48 19 53 19 58 19 63 19 68 19 73 19 78 19 83 19 88 19 93 19 98 20 03 To ta l A nu al (m m /a no ) Figura 2.2. Seqüenciamento dos totais anuais de chuva em Piracicaba, SP. Essa análise mostra que o total anual de chuvas em Piracicaba, SP teve pouco efeito da substituição da floresta nativa por cultivos agrícolas, principalmente pela cana-de-açúcar. Isso pode ser visto na Figura 2.3 que mostra a variação do total anual de chuvas em Campinas, SP, desde 1890 até 1992, e da porcentagem de cobertura florestal no Estado de São Paulo, que caiu de mais de 60%, no início do século, até cerca de 15% no final (Sentelhas et al., 1994). Comparando-se as Figuras 2.2 e 2.3, observa-se que o mesmo fato ocorreu em Piracicaba, onde as chuvas seguiram o mesmo ritmo encontrado em Campinas. No entanto, isso não é prova de que não haja tal Meteorologia Agrícola 306 1oSemestre/2007 Pereira / Angelocci / Sentelhas 6 associação, mas apenas que a localização geográfica da região mascarou qualquer associação entre porcentagem de cobertura florestal e índices pluviométricos, nos dois locais. Figura 2.3. Média móvel (ordem 10) da chuva anual em Campinas, SP, e a porcentagem de cobertura florestal do Estado de São Paulo, desde 1890 até 1992. Adaptado de Sentelhas et al. (1994) Análise semelhante deve ser feita com a temperatura do ar. É obvio que tais tendências adquirem importância quando diversos locais mostram variações num mesmo sentido (aumento ou decréscimo). No entanto, é importante ter em mente que algumas tendências detectadas num local podem indicar que o fenômeno seja global, como é o caso do aumento da concentração de CO2 atmosférico, no Havaí (ver Capítulo 3). 2.4. Escala Espacial dos Fenômenos Atmosféricos Os fenômenos atmosféricos ocorrem de forma continuada, havendo influência de uma escala sobre outra. No entanto, visando a facilitar o entendimento de suas ocorrências e os efeitos possíveis da ação humana, pode-se separá-las em três grandes categorias, ou seja, macro, meso, e micro-escala, que são importantes para a previsão do tempo e para o manejo agrícola. A macro-escala trata dos fenômenos em escala regional ou geográfica, que caracteriza o clima de grandes áreas pelos fatores geográficos (latitude, altitude, etc.). Nessa escala, descreve-se, por exemplo, o (macro)clima de uma região. Esta escala é o foco quando se fala em mudança climática. A meso-escala se refere aos fenômenos em escala local, em que a topografia condiciona o (topo ou meso)clima pelas condições do relevo local. A exposição (N, S, E ou W), a configuração (vale, espigão, meia encosta), e o grau de inclinação do terreno determinam o clima local. Portanto, dentro do macroclima da região é possível que existam vários topoclimas. A configuração e a exposição do terreno podem modificar bastante os climas regionais, sendo de grande importância na agricultura, devendo ser levado em consideração no planejamento agrícola. Por exemplo, nas regiões S e SE do Brasil, os terrenos com face voltada para o Norte são mais ensolarados, mais secos e mais quentes. Os de face voltada para o Sul são menos ensolarados, mais úmidos e mais frios, sendo batidos pelos ventos SE predominantes na circulação geral da atmosfera. No inverno, terrenos à meia encosta ou convexos permitem boa drenagem do ar frio, ao passo que terrenos côncavos acumulam o ar frio, agravando os efeitos da geada em noites de intenso resfriamento. Logo, a meso-escala deve ser considerada no planejamento de implantação e manejo de um cultivo. A micro-escala é aquela que condiciona o clima em pequena escala (microclima), sendo função do tipo de cobertura do terreno (solo nú, gramado, floresta, cultura rasteira, represa, etc.), que determina o balanço local de energia. O fator principal é a cobertura do terreno e cada tipo de cobertura tem influência própria sobre o microclima. Isso significa que dentro de um topoclima podem existir inúmeros microclimas, condição mais comum na natureza. Desse modo, enfatizando extremos, florestas não têm variações térmicas acentuadas no decorrer do dia, enquanto que culturas de menor porte e menos compactas ou cobertura morta intensificam a amplitude térmica. Meteorologia Agrícola 306 1oSemestre/2007 Pereira / Angelocci / Sentelhas 7 2.5. Estações do Ano A época do ano é caracterizada pela posição relativa Terra – Sol tomando-se o equador terrestre como referencial. Traçando-se um raio imaginário ligando o centro da Terra à posição do Sol, forma-se um ângulo em relação ao plano equatorial terrestre. A tal ângulo denomina-se de declinação solar (δ). O Sol tem dois movimentos aparentes em torno da Terra, um no sentido E – W decorrente da rotação do planeta, e outro no sentido N – S devido ao movimento de translação. A declinação solar está relacionada ao movimento aparente no sentido N – S, sendo variável ao longo do ano entre os valores de 23° 27’ S (ou –23,45°) e de 23° 27’ N (ou +23,45°). Esses valores extremos são conseqüências da inclinação que o eixo terrestre faz com a linha normal ao plano de translação do planeta em torno do Sol (plano da Eclíptica), e determinam na Terra, respectivamente, os Trópicos de Câncer e de Capricórnio. Em função da variação da posição relativa Terra - Sol ao longo do ano, algumas dessas posições foram adotadas como características, determinando as principais efemérides (comemoração de um fato) astronômicas que definem as estações do ano. Define-se Equinócio quando o Sol aparentemente se encontra sobre a linha do Equador terrestre (δ = 0°); e isto ocorre duas vezes por ano (ao redor de 21/03 e de 23/09). Logo, os equinócios indicam o início do outono e da primavera. Solstício é quando o Sol atinge seu afastamento máximo da linha do equador, e isto ocorre também duas vezes por ano. Em torno de 22/06, o Sol está aparentemente sobre o Trópico de Câncer (Hemisfério Norte), e determina o início do inverno no hemisfério sul; mas em 22/12, quando ele está sobre o Trópico de Capricórnio (Hemisfério Sul), inicia-se o nosso verão. Em seu movimento de translação, a Terra descreve uma elipse com excentricidade muito pequena (Figura 2.4). Logo, durante uma época do ano a Terra está mais próxima do Sol, enquanto que seis meses mais tarde ela estará mais longe. Define-se Afélio quando a Terra se encontra mais afastada do Sol (≈1,52 108 km), e isto ocorre aproximadamente no dia 04/07 (no inverno). Periélio é quando a Terra se encontra mais próxima do Sol (≈1,47 108 km), no início de Janeiro (cerca de 03/01). A distância média Terra - Sol (1,496 1011 m) é tomada como padrão de medida em Astronomia, sendo definida como Unidade Astronômica (UA). D Afélio (04/07) Periélio (03/01) Equinócio de Primavera (23/09) Equinócio de Outono (21/03) Solstício de Inverno (23/06) Solstício de Verão (22/12) TERRA SOL Plano da Eclíptica Figura 2.4. Representação esquemática do movimento de translação da Terra ao redor do Sol. Adaptado de Hartmann (1994). No período de um ano, a Terra percorre aproximadamente 9,4 108 km ao redor do Sol, ou seja, ela possui velocidade média de ≈ 30 km/s. Pela Segunda lei de Kepler, que diz que uma linha ligando a Terra ao Sol descreve áreas iguais em tempos iguais, deduz-se que
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