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O USO DE INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO: UM ESTUDO COM LICENCIANDOS1 Edison SILVA – edison.tec@gmail.com (CUML) Dra. Miriam Cardoso UTSUMI -mutsumi@terra.com.br (CUML) A denominação Tecnologia Educacional não despontou no Brasil com uma única conceituação. Desde sua chegada, os educadores se depararam com diferentes conceitos sobre o papel dos instrumentais tecnológicos no processo educativo. Em 1980, foi criada a Comissão Especial de Educação com a missão de gerar normas na área de Informática na Educação. Em 1981 realizou- se em Brasília o I Seminário Nacional de Informática na Educação, inserindo a sociedade educacional na discussão sobre Informática na Educação, o encontro resultou em um conjunto de recomendações que ainda hoje é considerado nas definições do uso de tecnologia na Educação. Desde então vários projetos foram desenvolvidos pelo governo brasileiro como forma de incentivo ao desenvolvimento e implantação de novas tecnologias na Educação. Em fevereiro de 1986, foi criado, pelo MEC, o Comitê Assessor de Informática para Educação de 1º e 2º graus (CAIE/SEPS), que idealizou em 1987 o Programa de Ação Imediata em Informática na Educação e na seqüência o Projeto Formar, que visava a formação de professores e técnicos das redes municipais e estaduais de ensino em todo o Brasil, para o trabalho com Informática Educativa, entre outros. Entretanto, conforme pode se verificar, ainda hoje estudos indicam que a utilização de Informática na Educação não atingiu todo seu potencial. Algumas instituições investem em equipamentos, mas não em treinamento. Parte dos professores por sua vez, não assumem seu papel na condução dos alunos ao conhecimento utilizando o computador e insistem em ficar à margem do processo. O presente estudo tem como objetivo identificar as representações dos licenciandos sobre o uso da informática na Educação. Para isso será efetuado um levantamento quantitativo-qualitativo junto aos licenciandos de uma instituição particular de ensino através de questionários. Em seguida as informações serão analisadas com intuito de preparar uma intervenção, na qual será realizado um treinamento direcionado a solução dos problemas apontados pelos licenciandos que participaram do processo anterior. Será aplicado, então, um novo questionário àqueles que participaram da capacitação, a fim de se avaliar as possíveis mudanças na postura dos mesmos com relação a utilização da informática. Palavras-chave: informática, educação, formação inicial de professores. 1 Este artigo foi elaborado a partir de um estudo que está sendo desenvolvido pelo primeiro autor, como iniciação científica, orientado pela segunda autora. INTRODUÇÃO Após dez anos de pesquisa no meio educacional os computadores “transpuseram os muros das faculdades” e chegaram as instituições públicas e privadas. Caberia agora a aplicação dos métodos concebidos pelas instituições que participaram do processo de implantação dos computadores na Informática Educativa. Até o momento, a quantidade de professores qualificados não era expressiva e os computadores ainda não tinham um preço acessível, com isso não foi possível elevar rapidamente o número de escolas com tecnologia computacional à disposição de alunos e professores. Vislumbrado uma ferramenta com grande potencial pedagógico e publicitário as escolas particulares fizeram da Informática Educacional seu diferencial, algumas com uma proposta séria formaram equipes de treinamento e produção de programas que pudessem auxiliar o processo ensino-aprendizagem, conseguindo desta forma progredir tanto na quantidade de alunos matriculados quanto na qualidade de suas aulas utilizando o computador em sala de aula e laboratórios. Outras escolas fizeram uso apenas de laboratórios capacitando os alunos em ferramentas de uso comercial, como o pacote Office da Microsoft, cumprindo parte da tarefa da escola de preparar seus alunos para o mercado de trabalho, uma vez que mesmo para os cargos mais simples, em empresas de qualquer porte, conhecimentos de informáticas são imprescindíveis. De forma mais lenta, com um número muito maior de escolas a informatizar e professores a capacitar, as escolas públicas também partiram para a informatização, porém sem produção própria de conteúdo específico, ficou a cargo dos professores nem sempre qualificados, remunerados ou dispostos a utilizarem recursos tecnológicos ou pelo menos analisarem criticamente os programas enviados pelas secretarias de educação e aplicá-los ou não. Com isso a quantidade de professores utilizando tecnologia educacional em relação ao total de escolas que deveriam utilizar este recurso está muito aquém do ideal. Com realidades diferentes entre escolas públicas e privadas, quem sai perdendo é aquele aluno com condições sociais menos privilegiadas que acaba não tendo acesso a tecnologia computacional, ele não usa o computador e nem tem essa tecnologia inserida nas aulas de seus professores. No princípio os computadores ofereciam poucos recursos gráficos aos usuários. Basicamente o professor precisava ser mais que um simples usuário se quisesse tirar um proveito razoável da máquina, ou utilizar uns poucos programas que muitas vezes tinham que ser adaptados para uso educacional. Hoje esta realidade é diferente, com a Internet a quantidade de softwares livres, para utilização dos professores é muito grande, as maiores empresas do ramo apresentam preços diferenciados de seus produtos para as escolas. Quando nenhumas das soluções acima são viáveis, fica a possibilidade do professor prover seu próprio conteúdo eletrônico utilizando programas específicos gratuitos ou pagos. O problema é que, na maioria das vezes, o educador não esta preparado nem do ponto de vista intelectual nem do ponto de vista técnico para elaborar seus programas. Existe uma grande diferença entre criar um programa de computador e criar um conteúdo eletrônico para apoio pedagógico. Muitas vezes o professor sente-se na obrigação de primeiro saber tudo sobre informática para somente depois utilizar os computadores em suas aulas. Com essa postura, além de não utilizar programas prontos em suas aulas, ele também não cria conteúdos próprios que podem ser até melhores do que os comprados, pois podem levar em consideração, por exemplo, aspectos regionais, contextualizando de forma mais adequada algumas de suas aulas. A visualização de situações cotidianas pode ser um facilitador no processo ensino aprendizagem, como evidenciado por Sampaio (1999): Professora 3 da UERJ: “Eu acho que falta falar um pouco sobre as questões mais local, regional. Quando a gente fala do mundo atual me dá uma idéia desse mundo que ‘taí’, global. Mas, e as peculiaridades, as regionalidades? Porque essa coisa da tecnologia facilita muito essa coisa do ser global – a infovia, a Internet, a TV, massificação. Para ficar mais adequado à formação de professores falta essa discussão mais local, de um planejamento mais participativo baseado nas características regionais, principalmente se a gente pensa num professor de 1ª a 4ª séries”. (SAMPAIO, p. 87) Para que o professor seja produtor de conteúdo eletrônico ele necessita ser usuário de computador e não programador, ou seja, precisa ter conhecimentos básicos do sistema operacional que gerencia o funcionamento da máquina e de alguns programas para montagem de suas “aulas eletrônicas”. Para tanto precisa de um treinamento técnico, onde, através de procedimentos mecânicos ele poderá irá inserir o conteúdo de sua pesquisa ou seu próprio material intelectual em sua apresentação. Percebe-se que este é um fato menor se comparado a importância de um educador no processo ensino-aprendizagem, pois dominar a ferramenta é algo que pode ser feitopor qualquer pessoa, uma secretária, um médico, um engenheiro, um officeboy, todos podem dominar a tecnologia. Porém o professor tem a capacidade intelectual para dispor o conteúdo de forma a facilitar o aprendizado de seus alunos. Portanto não basta capacitar o professor tecnicamente, é necessário que aperfeiçoe a maneira de passar o conteúdo, sua capacidade criativa tem que ser desenvolvida, pois somente ele pode dispor das informações de maneira adequada. As empresas produtoras de conteúdo eletrônico voltado à educação contam com várias pessoas para produzirem os programas, mas apenas os professores é que definem o conteúdo, este inclusive é um grande limitante na criação de conteúdo eletrônico educacional. Segundo Sampaio (1999) após pesquisa realizada com professores de 1º e 2º graus e da educação superior não há divergências significativas quanto ao conceito em si, contudo, pode-se notar uma desigualdade em relação à postura, à forma de encarar a Informática: os professores do ensino médio das escolas estaduais utilizaram o termo “abandono e sucateamento da escola pública”, com um clima de bastante desânimo, enquanto os professores universitários demonstraram possuir em geral, uma visão mais ampla da tecnologia e mais ligada aos aspectos sociais e políticos. Dentre as maiores preocupações dos professores com relação a utilização de tecnologia educacional foram ressaltadas: seu despreparo para utilização da tecnologia; necessidade de tempo para aprender a lidar com as novas tecnologias; falta de vontade e disposição para este novo aprendizado; más condições das gerais das escolas e a burocracia impedindo que esse aprendizado se concretizasse. A entrada dos computadores na Educação não pode ser vista de forma isolada, desconectada de uma realidade social na qual a tecnologia tem um papel decisivo no processo produtivo, cultural e científico. Com a utilização crescente de computadores em vários setores, bancos, indústrias, medicina e telecomunicações, das mais diversas formas, criou-se um aumento na demanda por profissionais qualificados no segmento de informática. A repercussão no seio da escola não tarda: ela é chamada a formar indivíduos capacitados para este novo mercado de trabalho. Pode se dizer que está sendo criada uma nova realidade econômico-cultural e a escola tem papel fundamental em sua estruturação. No ano de 1980 a entrada de países do terceiro mundo, entre eles o Brasil, na área de informática representa uma modificação na divisão internacional do trabalho, pois estes deixaram de ser, exclusivamente, responsáveis pela produção e exportação de manufaturados de menor valor agregado e passaram a produzir uma quantidade crescente de serviços de informações vitais para a gestão de suas economias. (OLIVEIRA, 1997, p. 22) Devido ao mercado de informática ser bastante disputado, as tentativas de países em desenvolvimento, no caso o Brasil, de entrarem neste segmento bastante rentável foram dificultadas, externamente, pelos países do primeiro mundo e internamente, pela ausência de pessoas capacitadas para o desenvolvimento de pesquisas na área. Dessa forma, as questões relacionadas Política de Informática Educativa ficam ligadas à Política Nacional de Informática, pois, os assuntos relacionados a computadores não se restringem somente a educação, trata-se de algo muito maior, com reflexos externos e internos, principalmente no segmento de eletro-eletrônicos. Após os diversos debates realizados no ano de 1984, foi aprovada pelo congresso nacional a reserva de mercado, para as indústrias nacionais de aparelhos ligados à informática. Os dados do crescimento da indústria nacional, segundo OLIVEIRA (1997), mostram que, em 1984, a taxa de crescimento da indústria eletrônica brasileira era estimada entre 20% a 30% ao ano, estando entre as dez maiores do mundo e, 60% da indústria nacional trabalhava com equipamentos desenvolvidos no país. Entre os anos de 1984 e 1987, o Brasil, chegou a ser classificado como ao sexto Maior Mercado de microcomputadores. Diante de números tão expressivos, em 1985 o Brasil enfrentava um sério problema: as universidades eram as principais e quase exclusivas formadoras de recursos humanos. Ficou claro então, que não caberia somente a escola de ensino superior a formação de profissionais aptos a utilizarem informática, mas também as de ensino fundamental e médio. Neste momento o setor de Educação tornou-se um dos prioritários, visando a garantia da Política Nacional de Informática. Surgia então um novo capítulo na história da educação brasileira: o governo federal realizaria uma série de ações com o intuito de levar computadores às escolas públicas de educação básica, constituindo assim, a política brasileira de Informática Educativa. AS PRIMEIRAS AÇÕES Em 1980, quando iniciaram as ações no Brasil visando levar os computadores às escolas públicas de educação básica, já havia em outros países experiências que nos serviram de referência. Segundo Oliveira (1997) nos Estados Unidos, em 1983, 53% das escolas já utilizavam computadores. Na França desenvolvia-se o programa “Informática para todos”, que postulava a formação de milhares de professores, visando atender a 11 milhões de alunos e, na Espanha, o “Projeto Atenea” era iniciado com dimensões não menos invejáveis. A forma com que os computadores foram inseridos no meio educacional nesses países é considerada importante: nos Estados Unidos, a sociedade participou do processo de implantação, ou pelo menos tomou conhecimento do que se passava. Com o envolvimento da sociedade o computador nas escolas não se tornou apenas um modismo, pois, além dos professores, os pais acreditaram e prestigiaram o processo, aumentando assim as possibilidades de sucesso. Não existiu uma fórmula mágica para a implantação de computadores na Educação, cada país procurou criar seu próprio modelo; alguns países como a França procuraram qualificar os professores para uso de tecnologia em informática, já outros países procuraram ter o maior número possível de equipamentos instalados nas escolas. Diferentemente do modelo americano, no Brasil, a sociedade e os educadores, ficaram de fora das discussões que definiriam qual seria a melhor maneira de se inserir o computador nas instituições de ensino. Coube aos altos escalões do governo decidir o papel da escola pública nesse processo. De acordo com Oliveira (1997), em 1979, a Secretaria Especial de Informática - SEI escolheu os setores agrícola, de saúde, industrial e de educação como sendo aqueles que receberiam maior apoio, visando viabilizar a utilização de recursos computacionais. No ano seguinte, foi criada a Comissão Especial de Educação, que tinha a responsabilidade de colher subsídios visando gerar normas e diretrizes para a área de informática na educação. Em 1981 foi realizado o I Seminário Nacional de Informática na Educação promovido pela SEI, Ministério da Educação e Cultura (MEC) e Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), considerado o marco inicial. O evento tinha o intuito de inserir a comunidade educacional no processo de informática aplicada à educação, visto que até aquele momento o computador vinculado à educação figurava apenas no âmbito burocrático. No encontro ficaram claras algumas preocupações dos educadores participantes, que iam desde o uso indiscriminado de programas estrangeiros que pudessem influenciar os conceitos e padrões culturais, até questões de âmbito econômico. Uma das principais preocupações da comunidade educacional era a de que houvesse por parte do MEC, uma definição para investir em tecnologia educacional, como se esta fosse a solução para a crise do sistema educacional brasileiro. Entre as recomendações do Seminário estava a de criar projetos-piloto, de caráter experimental e implantação limitada, objetivandoa realização de pesquisas sobre a utilização de informática no processo educacional. Entretanto, nenhuma medida nesse sentido foi tomada. No ano seguinte, foi realizado o II Seminário Nacional de Informática na Educação com o tema central “O impacto do computador na escola: Subsídios para uma experiência piloto do uso do computador no processo educacional brasileiro, a nível de 2º grau”. Este simpósio apresentou uma dinâmica diferente do primeiro encontro, pois, além da participação de pesquisadores das áreas de educação, havia profissionais e pesquisadores das áreas de informática, psicologia e sociologia. Dentre as recomendações feitas para a implantação da experiência-piloto podemos citar aquelas mais significativas: • O grupo de sociologia recomendou que os núcleos fossem vinculados às universidades, priorizassem o ensino médio, sem deixar, porém, de envolver os outros graus de ensino e que tivessem caráter interdisciplinar. • O grupo de educação reafirmou as preocupações do seminário anterior com relação a esta área: para eles o computador deveria ter limites em sua utilização, pois, o computador seria um meio de auxiliar o processo educacional e não poderia ser encarado como um fim em si mesmo. Deveria, pois, submeter-se aos fins da educação e não determiná-los, e acrescentaram que as pesquisas não deveriam ser restritas a uma área específica do ensino, cabendo aos centros piloto as definições sobre as áreas e os conteúdos a serem trabalhados. • O grupo de psicologia destacou a necessidade da formação de professores para o trabalho com Informática Educativa. • O grupo de informática reafirmou uma das recomendações feitas no I Seminário de que os equipamentos utilizados nas experiências-piloto deveriam servir à interesses ligados a objetivos educacionais, sem sofrer imposições de mercado, e propôs que toda tecnologia a ser utilizada fosse de procedência nacional. Em 1983 foi criado o Conselho Especial de Informática na Educação (CE/IE), ficando o mesmo no âmbito da SEI, subordinada ao Conselho Segurança Nacional (CSN) e à Presidência da República, integradas por representantes do MEC, SEI, CNPq e Finaciadora de estudos e projetos (Finep) e posteriormente por membros da Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel). Cabia ao Conselho a responsabilidade de desenvolver discussões e implementar ações para levar os computadores às escolas públicas brasileiras. PROJETOS a) Projeto Educom A primeira ação oficial visando levar computadores às escolas públicas foi a criação do Projeto Educom. Seguindo as recomendações do I Seminário Nacional de Informática este projeto tinha como objetivo principal estimular o desenvolvimento de pesquisa multidisciplinar, voltada para a aplicação de tecnologias de informática no processo ensino- aprendizagem. Após a criação do projeto Educom, continuava, por parte dos pesquisadores envolvidos com a Informática Educativa, a cobrança de uma definição mais clara, por parte do MEC dos rumos que seriam tomados, exigindo-se cada vez mais do governo federal, o delineamento de uma política a ser seguida. Nessa perspectiva foi criado em 1986, no âmbito do MEC, o Comitê Assessor de Informática para Educação de 1º e 2º graus (CAIE) com a função de assessorar a Secretaria de Ensino de 1º e 2º graus (SEPS), sobre a utilização de computadores na educação básica. Em suas primeiras discussões, o Comitê definiu que as ações prioritárias a serem desenvolvidas pelo MEC na área de informática seriam (OLIVEIRA, 1997, p. 42): 1. Realização de concursos nacionais de software, como forma de estimular a produção nesta área; 2. Redação de um documento de Política Nacional de Informática na Educação; 3. Implantação de Centros de Informática Educacional – CIEs para atender a aproximadamente 100 mil usuários, com mil unidades de máquinas, em convênio com as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação; 4. Definição da organização de cursos de formação de professores dos CIEs; 5. Avaliação, e se fosse o caso, a reorientação do Projeto Educom. b) Programa de Ação Imediata na Educação. Elaborado pelo CAIE em 1987, esse programa teve, entre outros objetivos, os de (OLIVEIRA, 1997, p. 44): 1. Gerar subsídios para o estabelecimento de uma Política Nacional de Informática na Educação Básica; 2. Estimular e disseminar as aplicações de Informática Educativa junto aos sistemas estaduais e municipais de ensino; 3. Estimular pesquisas referentes ao uso de informática no processo de ensino- aprendizagem; 4. Promover, em integração com o MEC, secretarias estaduais de recursos humanos voltados para a utilização de informática no ensino fundamental e médio; 5. Acompanhar e avaliar planos, programas e projetos voltados para o uso de computadores no processo educativo. Dessa forma foram sugeridos vários programas, com objetivos variados, que iam desde levantamentos de necessidades, passando pela instalação de computadores em escolas públicas, até a capacitação de recursos humanos, destacando-se o Projeto Formar e o Projeto CIED. c) Projeto Formar Idealizado pelo CAIE em 1986, tinha por objetivo formar professores e técnicos das redes municipais e estaduais de ensino de todo o Brasil, para o trabalho com Informática Educativa. Tal capacitação serviria para que pudessem ser desenvolvidas as atividades de implantação dos CIEs, e para que estes profissionais viessem a ser agentes catalisadores da Informática Educativa em suas redes de ensino, a fim de contribuir na investigação do uso de computadores na educação básica. O objetivo maior do curso era o de que os educadores se iniciassem na discussão do uso de computadores para que dessa forma fosse ampliada a rede de investigadores e, possivelmente, defensores desta tecnologia. (OLIVEIRA 1997). d) Projeto CIEd Os CIEds foram pensados desde 1986 com a instalação do CAIE, mas começaram a ser implantados apenas em 1988, tendo ocorrido entre este ano e 1992 o início de atividades em dezenove Centros de Informática. A criação desses centros representou um novo momento nas ações que visavam levar o computador às escolas. A partir daquele momento as intervenções para utilização de tecnologia educacional deixaram de ser concentradas no âmbito do MEC e passaram a contar com a participação das Secretarias Municipais e Estaduais de Educação. O Projeto Formar foi importantíssimo na implementação dos centros, uma vez que os professores nele formados foram os agentes responsáveis pela implantação dos centros atuando junto às secretarias de origem. Dessa forma, a Informática Educativa no Brasil não estava mais limitada as universidades, a partir desse momento passou a ocupar as escolas públicas em alguns estados brasileiros. Em 1991, a informática educativa ganhou espaço na lei que regula a Política de Informática no Brasil, com ações de responsabilidade do Ministério da Educação visando a formação de recursos humanos na área de informática e com a inclusão na parte orçamentária de recursos para a implementação de Centros de Informática Educativa. Ainda em 1991 foi desenvolvido o Plano de Ação Integrada (1991-1993), que redimensionou e aprofundou ações estatais de forma a se garantir a continuidade do processo. Passaram-se quase dez anos para se definir o modelo de informatização de ensino, seguindo basicamente as orientações do I e II Seminários de Informática na Educação. Pode- se perceber que ao longo desses anos, as ações governamentais foram muito tímidas na área de informática na educação, e ainda continuam sendo; os investimentos em equipamentos e na capacitação dos recursos humanos para utilização efetiva de recursos computacionais no processo ensino-aprendizagem, estão muito aquém de um mínimo necessário, se comparadosas instituições privadas que fazem investimentos substanciais, com isso aumentando ainda mais a distância entre os estudantes das escolas públicas e privadas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base na literatura revista podemos concluir que há uma grande similaridade nos assuntos relacionados à postura e as preocupações dos professores, uma maioria vê o computador como algo que auxilia o processo-ensino aprendizagem, mas não se sentem capacitados a participar do processo de implantação das tecnologias educacionais ligadas as informática, criando suas aulas ou adequando programas de mercado. Na maioria dos casos apresentados a maior barreira é a técnica, com grande condição intelectual eles acreditam que utilizar, mesmo que minimamente, computadores é algo além de sua capacidade, o que não deixa de parecer uma contradição: teoricamente, esta maior intelectualidade deveria ser um facilitador na compreensão de novos processos. Existem milhares de professores que atuam nas redes municipais, estaduais e federais de ensino, que necessitam serem treinados no uso do computador em suas aulas. Quanto às escolas, o ideal é que todas possuíssem laboratórios de informática para capacitação dos alunos que enfrentarão a concorrência no mercado de trabalho com alunos de escolas particulares que tiveram treinamento e acesso à tecnologia. Durante anos as escolas cobraram de seus professores uma atuação mais contundente no que diz respeito a utilização de computadores, entendendo que sua utilização seria um facilitador na compreensão dos conteúdos pedagógicos. Alguns professores aderiram a idéia e se prepararam para que isso se tornasse uma realidade, mesmo assim, ainda há uma certa dificuldade no sentido de ter-se um profissional que reúna qualidades de conteúdo pedagógico e que saibam utilizar novas tecnologias com desenvoltura. Uma forma de se inverter esta situação em que o professor primeiro inicia-se no ofício e depois é treinado, enfrentando todas as dificuldades já descritas, seria a participação das instituições de ensino superior em licenciatura tanto públicas como privadas na capacitação de seus alunos. Algumas instituições têm em sua programação disciplinas de informática, porém muitas vezes abordam linguagens inadequadas para uso em educação, em outros casos ensinam a ferramenta fora de um contexto educacional, não direcionando seu uso no processo ensino-aprendizagem. A presente pesquisa pretende investigar as representações de licenciandos sobre o uso de informática em Educação, a fim de identificar os problemas apontados por esses licenciandos e preparar uma intervenção visando a capacitação desses futuros professores para utilização de tecnologia educacional de forma que sua utilização possa ser vista como o simples uso de uma ferramenta. Trata-se de uma pesquisa de campo, de natureza qualitativa, que se utilizará de questionários para o levantamento dos dados que ocorrerão em dois momentos: antes e após a intervenção. Dessa forma, acredita-se que ela possa contribuir para a formação desses professores, pois, sem constrangimentos junto aos alunos, o professor deve sentir-se à vontade para utilizar o computador assim como utiliza, um mapa, uma régua, um compasso, um giz ou o apagador que no final também são somente ferramentas. REFERÊNCIAS: ARRUDA, Eucídio Pimenta. Ciberprofessor – novas tecnologias, ensino e trabalho docente. Belo Horizonte: Autêntica FCH-FUMEC, 2004 FERNANDEZ, Natal Lânia Roque. Professores e computadores: navegar é preciso. Porto Alegre: Mediação, 2004 SAMPAIO, Marisa Narcízo. Alfabetização tecnológica do professor. Petrópolis, RJ: Vozes 1999 OLIVEIRA, Ramon de. Informática educativa: dos discursos à sala de aula. Campinas: Papirus 1997
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