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nocoes de direito administrativo p tecnico mpu aula 06 agentes publicos teoria 24262

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Aula 06
Curso: Noções de Direito Administrativo p/ Técnico MPU
Professor: Cyonil Borges
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AGENTES PÚBLICOS 
Concursandos de todo o Brasil, 
A aula é de agentes públicos. Certamente um dos temas mais 
³TXHULGLQKRV´� Go Cespe. Por isso, além da teoria, decidi pela 
postagem de arquivo complementar com muitas questões de fixação. 
A presente aula é apenas teórica. Peço a leitura atenta antes do 
enfrentamento da bateria de exercícios. 
Abraço forte a todos, 
Cyonil Borges. 
 
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AGENTES PÚBLICOS 
1 ± A RAZÃO DE SER DOS AGENTES PÚBLICOS 
Vocês já pensaram por que, realmente, existem agentes públicos? A 
resposta é relativamente simples. O Estado tem atribuições a serem 
cumpridas. E tais atribuições não são efetivamente desempenhadas 
pelo Estado, pois este é um ser, uma pessoa, imaterial, ou seja, sem 
existência física, enfim, o Estado não tem pernas e sequer braços. 
'HVVH� PRGR�� p� QHFHVViULR� TXH� DOJXpP� ³PDWHULDOL]H´� D� DWXDomR� GR�
Estado. Nesse contexto, surgem os agentes públicos. 
Antes da classificação dos agentes públicos, é útil conceituá-los. 
Para tanto, é possível nos socorrermos às lições doutrinárias, bem 
como, às normas. Vejamos. 
Doutrinariamente, podemos dizer que os agentes públicos 
constituem um conjunto de pessoas que, de alguma forma, 
exercem uma função pública, como prepostos do Estado. De 
pronto, vejamos o conceito de agente público nas normas jurídicas. 
Para tanto, façamos a leitura da Lei 8.429/1992, popularmente 
conhecida como "Lei de Improbidade Administrativa". O conceito que 
a norma em referência dá à categoria é o que se segue: 
Reputa-se agente público, para efeitos desta Lei, todo 
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem 
remuneração, por eleição, nomeação, designação, 
contratação ou qualquer forma de investidura ou vínculo, 
mandato, cargo, emprego ou função nas entidades 
mencionadas no artigo anterior. 
 A despeito da Lei de Improbidade dispor sobre as sanções 
aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito na 
administração pública, o conceito contido em tal norma pode ser 
utilizado para a definição geral, a qual, conforme se observa, é 
bastante ampla, englobando dos mais altos escalões 
(detentores de mandato, tal como o Presidente da República), até 
àqueles que executam as mais simples tarefas. 
Feitas essas considerações iniciais, passemos à classificação dos 
agentes públicos. 
 
 
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2 ± CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS 
A doutrina clássica divide agentes públicos da seguinte 
forma: políticos; administrativos; honoríficos; delegatários; e 
credenciados. Já a doutrina moderna enquadra-os em: políticos, 
particulares em colaboração, servidores públicos estatais e 
agentes militares. Vejamos, abaixo, a clássica. 
Os Agentes Políticos são aqueles incumbidos das mais altas 
diretrizes estabelecidas pelo Poder Público, em outros termos, são 
aqueles que desenham o destino da nação. Ocupam os mais elevados 
postos da Administração Pública, sejam cargos, funções, mandatos 
ou comissões, com ampla liberdade funcional e com normas 
específicas para sua escolha. São exemplos unânimes entre os 
doutrinadores: Membros do Legislativo (Deputados, Senadores e 
Vereadores), Chefes de Poder Executivo (Presidente da República, 
Governadores e Prefeitos), assessores diretos destes (Ministros e 
Secretários), e os membros de carreira diplomática. 
Gosto de apontar, em turma, que os agentes políticos 
³WUDQVSLUDP´� R� SRGHU�� 6mR� DTXHOHV� TXH� YRFr� OHPEUD� TXDQGR� VH�
menciona poder constituído. Quando se pensa em Poder Executivo 
Federal, qual a 1ª imagem que vem à lembrança? O Presidente da 
República, o Ministro de Estado. São agentes políticos, como vimos. E 
assim se sucede no poder legislativo. 
O amigo se questiona: a classificação acima é dita unânime, 
HQWmR� TXDO� D� GLYHUJrQFLD� H[LVWHQWH"� 'HVYHQGD� µ0LVWHU� 0¶. Vamos a 
ela. 
Há certa discussão doutrinária a respeito da possibilidade de 
inclusão de alguns agentes na categoria dos agentes políticos, 
tais como os Magistrados; membros do Ministério Público 
(Procuradores da República e Promotores do Ministério Público dos 
Estados), e dos Tribunais de Contas. 
Alguns autores mostram-se a favor; outros se apresentam 
contrários a tal inclusão. Então como se comportar na PROVA? 
Informamos que o STF no Recurso Extraordinário 228.977/SP, 
referindo-se especificamente aos Magistrados, tratou-os como 
agentes políticos, investidos para o exercício de atribuições 
constitucionais, sendo dotados de plena liberdade funcional no 
desempenho de suas funções, com prerrogativas próprias e legislação 
específica. 
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Assim, sem maiores discussões, além dos integrantes do 
Legislativo, Chefes de Executivo (e seus auxiliares diretos), os 
Magistrados podem ser enquadrados na categoria de agentes 
políticos. 
Legal. E os membros dos Tribunais de Contas? 
A doutrina clássica enquadra-os como agentes políticos. Porém, 
o STF, estranhamente, afirmou, com todas as letras, que os 
membros dos TCs são agentes administrativos. 
Quanto aos membros do Ministério Público, ou seja, 
promotores de justiça e procuradores da república, de modo geral, a 
corrente moderna não os situa como agentes políticos. 
Duas são as principais características comuns dos agentes 
políticos: 
a) boa parte de suas competências é obtida diretamente da 
Constituição; e, 
b) de regra não se submetem às regras comuns aplicáveis 
aos servidores públicos. É o caso dos Juízes, os quais não se 
submetem à Lei 8.112/1990, por exemplo. 
Os Agentes Administrativos, por sua vez, constituem o maior 
contingente dos agentes públicos e são os que exercem cargos, 
empregos ou funções públicos, no mais das vezes, de caráter 
permanente. Não são membros de Poder do Estado, sequer 
exercem atribuições políticas ou governamentais. Integram, 
sim, o quadro funcional dos entes da federação, bem como o 
das entidades da Administração Indireta. 
Os agentes administrativos submetem-se à hierarquia 
funcional e ao regime jurídico estabelecido pela entidade à qual 
pertencem. São agentes administrativos: servidores públicos 
ocupantes de cargos efetivos; exercentes, exclusivamente, de 
cargos em comissão; exercentes de empregos ou funções 
públicos; e os servidores temporários (estes últimos são referidos 
no inc. IX do art. 37 da CF/1988). Isso mesmo. Os temporários são 
agentes públicos, apesar de não ocuparem cargo ou emprego público. 
Mas, se temporário não ocupa cargo, nem emprego, ocupa o quê? 
Ocupa a tal função temporária. 
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No caso da União, a Lei que rege os temporários é Lei 8.745, de 
1993. Mas não se preocupem em ler tal norma, pois ela não cai, 
reiteradamente, na prova, ok? E quando cai, é umdesastre geral, 
porque ninguém sabe o gabarito, nem os Professores, que precisam 
consultar a lei, rsrs... 
Por sua vez, os Agentes Honoríficos são cidadãos 
(particulares em colaboração) que, em razão de sua condição 
cívica, sua honorabilidade ou de sua reconhecida capacidade 
profissional, são convocados para colaborar transitoriamente com o 
Estado, sem vínculos empregatícios ou estatutários, e, no mais das 
vezes, não recebendo remuneração por tal atividade (esta é a 
principal característica dos honoríficos: não são remunerados em 
espécie ± GLQGLP��QR�Pi[LPR��XP�µYDOH�FR[LQKD¶���0DV�SRGHP�UHFHEHU 
compensações, como, por exemplo, folgas por terem trabalhado nas 
eleições como mesários. 
A despeito de os agentes honoríficos (particulares em 
colaboração) não serem servidores públicos (são agentes), 
exercem função pública, sendo, por consequência, considerados 
funcionários públicos, ao menos para fins penais. Vejamos o 
que estabelece o art. 327 do Código Penal: 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os 
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou 
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função 
pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce 
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e 
quem trabalha para empresa prestadora de serviço 
contratada ou conveniada para a execução de atividade 
típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000) 
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os 
autores dos crimes previstos neste Capítulo forem 
ocupantes de cargos em comissão ou de função de 
direção ou assessoramento de órgão da administração 
direta, sociedade de economia mista, empresa pública 
ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela 
Lei nº 6.799, de 1980) 
Em razão da transitoriedade do vínculo, a função pública 
desempenhada pelos agentes honoríficos não há de ser 
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considerada para efeitos de acumulação de cargos, funções 
ou empregos públicos. São agentes honoríficos: jurados, os 
mesários eleitorais, os comissários de menores. 
Os Agentes Delegados ou delegatários são particulares 
em colaboração com Estado que têm sob sua incumbência a 
execução de certas atividades, obras ou serviços públicos, por sua 
conta e risco, enfim, em seu nome próprio. Sujeitam-se às normas 
e à fiscalização permanente do Estado, em especial do Poder 
Público delegante (Administração Direta e, excepcionalmente, 
Agências Reguladoras). 
São exemplos de agentes delegatários: concessionários, 
permissionários e autorizatários de serviços públicos; os 
titulares �³GRQRV´��de cartório; leiloeiros; e tradutores oficiais. 
Lembro, por relevante, que, da lista apresentada, os tabeliães 
submetem-se a concurso público de provas E títulos (art. 236 
da CF/1988). 
Por fim, os Agentes Credenciados são os que recebem a 
incumbência da Administração para representá-la em 
determinado ato ou praticar certa atividade específica, 
mediante remuneração do Poder Público, em momento ou 
tempo certo. É o caso, por exemplo, dos peritos credenciados 
pela Justiça, para que elaborem laudos necessários à tomada de 
decisão por parte do magistrado. Muitas vezes, o magistrado precisa 
determinar, por exemplo, a indisponibilidade de bens de um 
particular, para fazer frente a uma eventual dívida que vai ser 
satisfeita judicialmente. Só que Juiz não sabe quanto custa um 
imóvel (ilustrativamente). Daí ocorre a designação do perito 
credenciado para fazer a avaliação. 
Bom, apenas para finalizar. Foram apresentados exemplos de 
cada uma das categorias desses agentes, os quais são infindáveis. 
Então, se poupem de ficar se perguntando se este ou aquele agente 
público é administrativo, honorífico etc. Entendam os conceitos, logo 
fica mais fácil acertar na prova, ok? 
3 ± CONCEITOS BÁSICOS 
3.1 CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES 
Cargos públicos podem ser vistos como as mais simples e 
indivisíveis unidades de competência a serem exercidas por um 
agente regido por estatuto próprio, que, no caso federal, é a 
8.112/1990. 
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Esta definição está em linha com o disposto na Lei 8.112/90, 
que estatui o regime jurídico dos servidores públicos da União, 
na Administração Direta, bem como nas Autarquias (inclusive as 
de regime especial) e nas fundações públicas, em âmbito 
FEDERAL. É importante destacar, desde logo, que: 
I) A Lei 8.112, de 1990, não abrange os servidores das 
demais esferas federativas, uma vez que estados e 
municípios tem sua própria autonomia, devendo, 
portanto, estabelecer seu próprio regime jurídico de 
servidores; e, 
II) A Lei 8.112, de 1990, não alcança sociedades mistas 
e empresas públicas da União. Assim, o campo de 
abrangência da Lei é a Administração Direta, 
Autarquias e Fundações Públicas FEDERAIS. 
Apenas para ilustrar, vejamos o art. 2º da Lei 8.112/1990, que 
define cargo público como: o conjunto de atribuições e 
responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem 
ser cometidas a um servidor. 
Sinceramente, esse conceito aí não é muito útil não... Se 
³HVFRQGHUPRV´�D�SDUWH�ILQDO��cometidas a servidor) o conceito serve, 
praticamente, para qualquer coisa, de goleiro de time de futebol até 
astronauta... 
Por isso, parte da doutrina prefere conceituar cargo público 
como um lugar inserido na organização do serviço público, 
regido por norma própria (no caso federal, a Lei 8.112, de 1990) a 
ser preenchido por servidor público, com funções próprias e 
remuneração fixada em lei. 
Esclareço que os cargos na Lei 8.112, de 1990, são de 
provimento efetivo ou comissionado. Ou seja, aqueles que 
ocupam exclusivamente cargos em comissão também ocupam, 
obviamente, cargos. Só que tais cargos não são efetivos, mas sim 
comissionados. Mas é importante registrar essa informação, pois 
COMISSIONADOS NÃO SÃO EMPREGADOS PÚBLICOS, NÃO 
SÃO REGIDOS PELA CLT. Peço não confundir o fato de tais 
servidores seguirem o RGPS (sistema de previdência) com a 
natureza jurídica do cargo: comissionado. 
Vejamos o conceito de emprego, então. 
O cargo público difere do emprego público essencialmente 
no que se refere ao vínculo que une o ocupante ao Estado: no caso 
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do cargo público, o vínculo é estatutário, institucional, unilateral, 
legal (de novo: no caso da União, a Lei 8.112, de 1990); no do 
emprego público, o vínculo é contratual, bilateral, sob a regência 
da Consolidação das Leis do Trabalho ± CLT. 
Os empregados públicos, a despeito de não terem direito à 
estabilidade constitucional referente ao exercício de cargo público 
ou ao regime próprio de previdência dos servidores públicos, 
devem ser admitidos mediante concurso, ante o que estabelece o 
inc. II do art. 37 da Constituição Federal. 
Questão interesVDQWH� p� VH� ³é possível, HOJE, a contratação 
sob o regime de emprego público (CLT) na Administração 
Direta, Autárquica e Fundacional FEDERAL"´�� 
Bom, isso diz respeito à redação do caput do art. 39 da 
CF/1988, que teve sua constitucionalidade apreciada mediante a Ação 
Declaratória de Inconstitucionalidade ± ADI 2135. 
Em tal julgado, o Supremo deferiu, cautelarmente, para 
suspender a vigência do dispositivo, em razão de aparente 
inconstitucionalidadeno rito formal para sua aprovação. Assim, por 
conta das nuances do processo de controle de constitucionalidade, 
com a suspensão da vigência do caput do art. 39, volta a valer a 
redação anterior de tal dispositivo, que é a seguinte: 
Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, 
regime jurídico único e planos de carreira para os 
servidores da administração pública direta, das 
autarquias e fundações. 
 Assim, primeiro de tudo: com a ADI 2135, a Lei 8.112, de 
1990, pode voltar a ser chamada de regime jurídico único. 
Vejamos outros detalhes a respeito. 
A Lei 8.112/1990 instituiu, para a União (pessoas jurídicas de 
Direito Público), o chamado Regime estatutário, legal, 
institucional. É um sistema legal, e não contratual, por se tratar 
de uma Lei, à qual os ocupantes de cargos efetivos e 
comissionados em nível federal aderirão. 
Seu campo de abrangência diz respeito, repetimos, à UNIÃO e 
não aos estados/municípios, os quais detêm competência para 
editar suas próprias leis referentes aos servidores de sua esfera, em 
razão da autonomia concedida pelo art. 18 da CF/1988. 
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&DEH��DTXL��H[SOLFLWDU�R�VHQWLGR�GD�H[SUHVVmR�³5HJLPH�-XUtGLFR´�
constante do art. 1o da Lei 8.112/1990. Regime jurídico é um 
conjunto de regras que regula determinado instituto. No caso, a Lei 
8.112/1990 trata da vida funcional do servidor público, de seu 
ingresso originário até sua saída, com ou sem extinção definitiva do 
vínculo, nessa ordem, aposentadoria e readaptação, por exemplo. 
Necessário ressaltar que o Estatuto, mesmo em âmbito 
federal, abrange não a totalidade dos agentes públicos, mas 
somente os servidores públicos das pessoas jurídicas de 
Direito Público (Administração Direta e Indireta de Direito 
Público, inclusive, agências especiais), no conceito dado pela Lei, 
ou seja, os ocupantes de CARGOS PÚBLICOS. 
O Código dos Servidores Civis não abrange, por exemplo, 
os agentes políticos (Presidente da República, Deputados, 
Magistrados, por exemplo), tampouco os particulares que 
colaboram com o poder público (Leiloeiros e tradutores, por 
exemplo), ou mesmo empregados públicos (os tais celetistas). 
 
Bom, finalmente, a Função pública, de maneira residual, pode 
ser definida como o conjunto de atribuições às quais não 
corresponde cargo ou emprego público. Não se pode dizer que as 
funções, no sentido de desempenho de atribuições, sejam 
excludentes com relação aos cargos/empregos públicos. De fato, na 
clássica assertiva do mestre Hely Lopes, todo cargo tem função, 
mas pode haver função sem cargo. Por isso que se diz que é 
possível que a função não corresponda a cargo. Com efeito, quando 
se fala em funções públicas, têm-se claras pelo menos duas 
situações: 
I) Na contratação temporária de servidores, em razão 
de necessidade temporária de excepcional interesse 
público (inc. IX do art. 37 da Constituição Federal). Em 
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razão da transitoriedade que a contratação visa a 
atender, muitas vezes em caráter de urgência, dispensa-
se mesmo a realização de concurso público, dado que o 
trâmite normal de um procedimento complexo como o 
concurso público para seleção de pessoal inviabilizaria o 
atendimento da situação excepcional. Tais agentes são 
submetidos, maior parte das vezes, a processo seletivo 
simplificado; 
II) No preenchimento de funções de confiança, referentes 
à chefia, assessoramento ou outro tipo de atividade 
para as quais o legislador não haja criado cargos de 
natureza efetiva. Ressalto, desde logo, que há uma 
distinção conceitual importantíssima para concursos 
públicos entre as funções de confiança e os cargos 
em comissão. Essa distinção será trabalhada mais à 
frente. 
Mata rápido essa: temporários fazem concurso? NÃO! Mas 
como, temporário não faz concurso? Um dia desses eu vi um para o 
IBGE... Olha só, gente, vamos ler, juntos, o inc. IX do art. 37 da 
CF/1988: 
a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo 
determinado para atender a necessidade temporária de 
excepcional interesse público. 
Assim, uma primeira observação. Para a contratação 
temporária exige-se LEI. 
 
A CF exige concurso público para CARGOS E EMPREGOS 
públicos (inc. II do art. 37 da CF/1988), daí, não há necessidade 
de concurso para os temporários. MAS COMO NÃO? 
O concursando se pergunta: os TEMPORÁRIOS NÃO TÊM 
CARGO/EMPREGO? Não! Então, os temporários possuem o quê? 
FUNÇÕES públicas temporárias. Passemos, então, a falar um 
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pouco mais sobre tais funções temporárias, já que o assunto está se 
tornando comum em provas recentes. 
 
³'H� FDUD´�� VHUmR� GHVWDFDGRV� MXOJDGRV� GR� 67)� TXH� YrP�
consolidando posição mais conservadora da Corte a respeito das 
contratações temporárias: estas não podem ser utilizadas 
indiscriminadamente, para atividades da rotina 
administrativa. 
O caso mais ³FOiVVLFR´� �p� QRYR�� PDV� Mi� p� FOiVVLFR�� p� R�
relacionado às atividades da Defensoria Pública. Vejamos o que diz a 
ADIN 3700, apreciada em 2008 e noticiada no informativo do 
Supremo do modo que se vê: 
Contratação Temporária de Advogado e Exercício da 
Função de Defensor Público 
Por vislumbrar ofensa ao princípio do concurso público 
(CF, art. 37, II), o Tribunal julgou procedente pedido 
formulado em ação direta ajuizada pelo Conselho Federal 
da Ordem dos Advogados do Brasil, para declarar a 
inconstitucionalidade da Lei 8.742/2005, do Estado do 
Rio Grande do Norte, que dispõe sobre a contratação 
temporária de advogados para o exercício da função de 
Defensor Público, no âmbito da Defensoria Pública do 
referido Estado-membro. Considerou-se que, em razão 
de desempenhar uma atividade estatal permanente 
e essencial à jurisdição, a Defensoria Pública não 
convive com a possibilidade de que seus agentes 
sejam recrutados em caráter precário. Asseverou-se 
ser preciso estruturá-la em cargos de provimento efetivo, 
cargos de carreira, haja vista que esse tipo complexo de 
estruturação é que garante a independência técnica das 
Defensorias, a se refletir na boa qualidade da assistência 
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a que têm direito as classes mais necessitadas. 
Precedente citado: ADI 2229/ES (DJU de 25.6.2004). 
O destaque não consta do texto original. O caso é incidental, ou 
seja, tratou ESPECIFICAMENTE das atividades dos defensores. Daí, 
mais recentemente, o STF fixou parâmetros para as contratações 
temporárias de forma mais clara: 
ADI N. 3.430-ES 
RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. LEI ESTADUAL CAPIXABA 
QUE DISCIPLINOU A CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE 
SERVIDORES PÚBLICOS DA ÁREA DE SAÚDE. POSSÍVEL 
EXCEÇÃO PREVISTA NO INCISO IX DO ART. 37 DA LEI 
MAIOR. INCONSTITUCIONALIDADE. ADI JULGADA 
PROCEDENTE. 
I ± A contratação temporária de servidores sem 
concurso público é exceção, e não regra na 
Administração Pública, e há de ser regulamentada por 
lei do ente federativo que assim disponha. 
II ± Para que se efetue a contratação temporária, énecessário que não apenas seja estipulado o prazo de 
contratação em lei, mas, principalmente, que o serviço 
a ser prestado revista-se do caráter da temporariedade. 
III ± O serviço público de saúde é essencial, jamais 
pode-se caracterizar como temporário, razão pela 
qual não assiste razão à Administração estadual 
capixaba ao contratar temporariamente servidores 
para exercer tais funções. 
IV ± Prazo de contratação prorrogado por nova lei 
complementar: inconstitucionalidade. 
V ± É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de 
não permitir contratação temporária de servidores para a 
execução de serviços meramente burocráticos. Ausência 
de relevância e interesse social nesses casos. 
VI ± Ação que se julga procedente. 
* noticiado no Informativo 555 
O trecho negritado é para que se registre o seguinte: as 
atividades que sejam consideradas essenciais não podem ser 
objeto de contratação direta. 
 
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3.2 ± CARGOS VITALÍCIOS, EFETIVOS E EM COMISSÃO 
Inicialmente, vejamos o que diz o inc. V do art. 37 da CF/1988: 
V - as funções de confiança, exercidas 
exclusivamente por servidores ocupantes de cargo 
efetivo, e os cargos em comissão, a serem 
preenchidos por servidores de carreira nos casos, 
condições e percentuais mínimos previstos em lei, 
destinam-se apenas às atribuições de direção, 
chefia e assessoramento 
 Os destaques, mais uma vez, não constam do texto original: 
funções de confiança são para servidores de cargos EFETIVOS, 
enquanto que os cargos em comissão devem ser preenchidos por 
servidores de CARREIRA, nos casos/condições/percentuais 
mínimos estabelecidos em LEI. 
Alguns pontos comuns entre as funções e os cargos 
comissionados: 
I) destinam-se à Direção e ao Assessoramento Superior. 
É por isso que, recorrentemente, referem-se a tais cargos como os de 
D.A.S. Ressalto que tanto os cargos em comissão, como as 
funções de confiança, devem ter por finalidades atribuições de 
comando ou de assessoria. Um cargo de motorista não pode ser, 
por exemplo, um cargo comissionado (exclusivamente), pois não é de 
comando ou assessoria, apesar de ser um cargo de direção..., rsrs.... 
II) são preenchidos sem a necessidade de concurso público 
prévio, não oferecendo garantia de permanência do titular no 
cargo (estabilidade). Dispensam, ainda, motivação para a 
exoneração de seus ocupantes, com exceção feita, por exemplo, aos 
Diretores de Agências Reguladoras, que, a despeito de exercerem 
cargos de direção, não são exoneráveis (demissíveis) ad nutum, uma 
vez que contam com mandato; 
III) não há nomeação para FUNÇÕES DE CONFIANÇA, 
mas tão só mera designação. De fato, como para ocupar FUNÇÃO DE 
CONFIANÇA o sujeito já tem que ser detentor de cargo efetivo, será 
meramente DESIGNADO para a função de confiança. Vejamos o que 
diz o § 4o do art. 15 da Lei 8.112: 
O início do exercício de função de confiança 
coincidirá com a data de publicação do ato de 
designação, salvo quando o servidor estiver em licença 
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ou afastado por qualquer outro motivo legal, hipótese em 
que recairá no primeiro dia útil após o término do 
impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da 
publicação. 
Perceba que o início do exercício da função de confiança é 
IMEDIATO, e tem início com a publicação do ato que designa 
para tal. A razão é uma só: como o sujeito já possui cargo efetivo, 
então por que nomeá-lo, novamente? Assim, será DESIGNADO para 
a função de confiança. 
Por fim uma breve nota sobre cargos vitalícios: esses são de 
previsão constitucional, isto é, cargos vitalícios são aqueles 
previstos na CF de 1988. Após a aquisição da vitaliciedade, 
somente por meio de processo judicial com sentença 
transitada em julgado poderá ocorrer a perda do cargo pelo 
vitalício. Podem ser citados como exemplos de tais cargos: o dos 
Magistrados (art. 95, I, CF); o de membros do Ministério Público 
(art. 128, §5º��,��³D´��&)��H�GRV�membros dos Tribunais de Contas 
(art. 73, §3º, CF). 
3.3 ± CRIAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS 
Aqui, a observação é singela: cargos públicos são criados 
por LEI. Seria, praticamente, só isso. Mas tem um segredinho, como 
sempre... 
Como a criação de cargos se faz por lei (com exceção dos 
cargos de legislativo, que são criados por Resolução), a extinção 
também se faz por Lei, ante um princípio válido para o direito, de 
modo geral, que chamamos de ³VLPHWULD´ (ou paralelismo de 
forma), é dizer, como se faz, desfaz-se. Se o cargo público é 
criado por lei, por lei deve ser extinto. Mas é bom recordar que a 
CF/1988 dá a possibilidade de extinção de cargos públicos VAGOS 
por decreto (vejam o inc. VI do art. 84 da CF/88). 
Detalhe: cargos públicos preenchidos também podem ser 
extintos. Só que, neste caso, é necessária a edição de uma LEI, 
por conta do nosso princípio da simetria. 
 
 
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3.4 ± PADRÃO, CLASSE, CARREIRA, CARGOS ISOLADOS E 
QUADRO. 
Essa passagem é para que os amigos possam ter uma breve 
noção a respeito de como se organizam os quadros de pessoal da 
Administração Pública. Vamos lá. 
Os cargos a serem ocupados por servidores públicos 
organizados em carreira são distribuídos em padrões e classes. 
 Classes constituem o agrupamento de cargos da mesma 
profissão, com idênticas atribuições, responsabilidades e 
vencimentos�� &ODVVHV�� SRUWDQWR�� FRQVWLWXHP� RV� ³GHJUDXV´� GH�
crescimento em uma carreira. 
 Interessante notar que PADRÃO é a subdivisão de uma 
classe, ou seja, DENTRO DAS CLASSES, TEMOS OS PADRÕES. 
 
 Quando um servidor ocupante de cargo organizado em 
carreira muda de CLASSE é PROMOVIDO. Já quando ele muda 
de padrão, SEM MUDAR DE CLASSE, é PROGREDIDO. 
 
A Lei 8.112/1990 fala só de PROMOÇÕES e não de 
progressões funcionais. E, detalhe: segundo a Lei, a promoção é 
forma simultânea de provimento e vacância. Confiram nos arts. 
8º e 33 da norma. Depois voltaremos a esse assunto (provimento e 
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vacância). Mas, antes, continuemos a entender a organização dos 
quadros da Administração. 
 Carreira é o agrupamento de classes de uma mesma 
profissão ou atividade, organizadas sob o fundamento da 
hierarquia. Para o ingresso em uma carreira referente a cargos 
efetivos, o provimento deverá ser originário (a ocorrer por 
nomeação), devendo ser precedido, sob a égide da atual 
Constituição Federal, de concurso público (nesse ponto, uma 
paradinha, e leiam ao art. 37, inc. II, CF). 
 De outra parte, há cargos que não se encontram 
organizados em carreira, sendo únicos em sua categoria. São tais 
cargos ditos isolados. Um exemplo destes é o cargo de Ministro. 
1R� DQR� ³;´�� WHP� GHWHUPLQDGDV� DWULEXLo}HV� H� UHPXQHUDomR�� QR� ano 
³<´��DV�DWULEXLo}HV�H�UHPXQHUDomR�VmR�DV�PHVPDV��2X�VHMD��não há 
alteração na complexidade das atribuições, à semelhança do que 
ocorre com os cargos organizados em carreira. 
 Ao somatório de carreiras, cargos isolados, e, ainda, das 
funções de um mesmo órgão ou Poder dá-se a denominação de 
quadro. 
E assim se organizaa Administração: cargos organizados em 
carreira, exemplo, técnico de controle externo do TCU, e cargos 
isolados, exemplo, auditor, o que substitui os Ministros, do TCU. 
Ah! Um último detalhe. Se um sujeito de cargo de nível médio 
galga todas as classes e níveis de sua carreira, chegando ao topo de 
tal carreira, mesmo que ele seja excelente, não poderá ser 
³DVFHQGLGR´� D� XPD� FDUUHLUD� GH� QtYHO� VXSHULRU, uma vez que o 
STF vem decidindo que isso é inconstitucional, por se tratar de uma 
situação que não é mais autorizada pela atual constituição. Ou seja, 
se o sujeito em questão quiser passar para uma carreira de nível 
superior, terá de prestar novo concurso. 
4 ± ACESSIBILIDADE A CARGOS PÚBLICOS 
A acessibilidade quer dizer como se faz para termos acesso aos 
cargos e empregos públicos. Então, o que é preciso fazer para 
ingressar em um cargo efetivo? Não vale responder fazer cursinho! 
Em realidade, a resposta é CONCURSO PÚBLICO. Então, para 
podermos falar sobre o ingresso dos servidores nos quadros da 
Administração, a primeira coisa é falar sobre os concursos. A seguir. 
 
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4.1 ± A REGRA DO CONCURSO PÚBLICO 
Repassemos, inicialmente, os conteúdos gerais a respeito do 
concurso público, a partir do regramento constitucional estabelecido 
no inc. II do art. 37 da CF, que assim dispõe: 
A investidura em cargo ou emprego público depende 
de aprovação prévia em concurso público de provas 
ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a 
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista 
em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em 
comissão declarado em lei de livre nomeação e 
exoneração. 
Várias observações podem ser feitas em relação a este inciso. 
Primeiro: a exigência de concurso público ocorre não só 
com relação aos servidores estatutários, mas também com relação 
aos empregados públicos. Perceba que, mesmo as empresas 
estatais exploradoras de atividades econômicas (§1º do art. 173 da 
CF), como as Sociedades de Economia Mista e as Empresas Públicas, 
devem contratar seu pessoal por meio de concurso público. Esse, 
inclusive, é o entendimento do STF. Mas, responde rápido aí: todo 
acesso a cargo público demanda concurso público. Sem entrar em 
detalhes, um item assim estaria ERRADO, uma vez que cargos em 
comissão não demandam concurso. Tenham atenção, então! 
Nesse primeiro ponto também ressalto que o inc. I do art. 37 
da CF, com redação dada pela EC 19/98, dispõe: 
os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis 
aos brasileiros que preencham os requisitos 
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na 
forma da lei. 
Verifica-se a possibilidade de não só os brasileiros, natos ou 
naturalizados, terem acesso a cargos/empregos/funções públicos, 
mas também os estrangeiros. Contudo tal acesso permitido aos 
estrangeiros não é amplo e irrestrito: há cargos privativos de 
brasileiro natos. São exemplos de cargos privativos de brasileiros 
natos: Presidente e Vice-Presidente da República; Presidente da 
Câmara dos Deputados; Presidente do Senado Federal; e, Ministro de 
Estado da Defesa. 
Segundo: o concurso pode ser só de provas ou de provas e 
títulos, não se admitindo concurso só de títulos (releiam o inc. 
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II do art. 37). O amigo então se questiona: e o famoso exame 
curricular? Não é cabível? 
Esclareço que as contratações temporárias, por 
excepcional interesse público, referidas no inc. IX do art. 37 da 
CF/1988, e já objeto de comentários acima, não estão sujeitas à 
regra do concurso público, cabendo, no entanto, conforme o 
caso, processo seletivo simplificado mediante provas, provas e 
títulos, ou ANÁLISE CURRICULAR. Da mesma forma, alerto para a 
inexigibilidade de concurso para o preenchimento de determinados 
cargos vitalícios, tais como os de Ministros do STF e do Tribunal de 
Contas da União, dentre outros. 
Pois bem. Seguindo adiante, podemos ver o concurso como um 
procedimento administrativo composto de várias etapas, tais como a 
inscrição, a aprovação e a nomeação do candidato, para citar apenas 
algumas. 
A inscrição não gera ao candidato o direito à realização das 
provas, haja vista que a Administração pode alterar a data ou mesmo 
desistir de realizá-las, tratando-se, pois, de uma expectativa de 
direito dos candidatos. 
Na doutrina, boa parte dos autores tem entendido que a 
aprovação gera ao candidato expectativa de direito à 
investidura no cargo ou emprego em questão, ou seja, o 
aprovado em concurso público tem mera expectativa de 
direito à nomeação. Contudo, as coisas vêm mudando. 
 Por uma questão de moralidade, de respeito aos cidadãos 
ainda bem que a jurisprudência vem mudando. No STJ, decisões 
como as seguintes passaram a surgir: 
Servidor público - Concurso - Aprovação de 
candidato dentro do número de vagas previstas 
em edital - Direito líquido e certo à nomeação e à 
posse no cargo. (Recurso em Mandado de Segurança 
n° 19.922) 
 2�GHVWDFDGR�³DLQGD�EHP´�GD�IUDVH�DQWHULRU�p�SRU�FRQWD�GD�FHUWD�
tranquilidade de que as decisões como essa citada podem trazer para 
centenas, milhares, de candidatos, os quais aprovados em concurso 
público, NAS VAGAS PREVISTAS NO EDITAL, simplesmente não 
são chamados pela Administração. Com tais precedentes, muitos 
WHUmR�FKDQFH�GH�QmR�VHUHP�³GHL[DGRV�GH�ODGR´�SHOD�$GPLQLVWUDomR�� 
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Agora, já notaram como passaram a proliferar concursos 
com cadastros de reserva? 
Pois é, se não há vagas previstas no edital, não tem como 
que se falar de direito à nomeação. Essa a razão de concurso com 
cadastro de reserva. 
E, agora, o martelo foi batido pelo STF (RE 598099). O 
Supremo reconheceu o direito subjetivo à nomeação. Segundo 
a Corte, a Administração Pública deverá agir eficientemente ao 
deflagrar concurso público para provimento de cargos públicos 
e nomear os candidatos aprovados em número igual ao dos 
cargos vagos previstos no edital do certame, homenageando-se a 
profissionalização da função pública. 
Terceiro ponto: a validade do concurso (melhor seria 
eficácia, mas deixa pra lá) está prevista no inc. III do art. 37 da 
CF/1988: 
o prazo de validade do concurso público será de até 
dois anos, prorrogável uma vez, por igual período 
Apesar de ser uma questão mais do que batida em concurso 
atentem que a vigência do concurso é de ATÉ dois anos, 
PRORROGÁVEL por igual período, ou seja, FACULTADO à 
Administração prorrogar, tratando-se, portanto, de ato 
discricionário da Administração. 
Uma observação, aliás, três interessantes: 
I) o prazo inicial determina a prorrogação. Assim, um 
concurso pode ter vigência de seis meses, prorrogáveis por mais seis; 
II) o concurso só pode ter seu prazo de vigência 
prorrogado caso ainda esteja em vigor. Assim, concursos 
vencidos não podem ser prorrogados, pois não existem mais; 
e, 
 III) a contagem de prazo de vigência ocorre a partir da 
homologação do resultado mesmo, enfim, oportunidade em que a 
Administração reconhece a legitimidade de todas as etapas do 
concurso. 
 Quarto ponto: a questão do ingresso dos deficientes nos 
quadros da Administração. Vamos nós de novo na CF/1988: 
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VIII - a lei reservará percentual dos cargos e 
empregos públicos para as pessoas portadoras de 
deficiência e definirá os critérios de sua admissão 
De pronto, percebam que o dispositivo constitucional não isenta 
os portadores de deficiência de prestar concurso para ingresso nos 
quadros da Administração. O que se preserva, contudo, é o direito de 
tais pessoas de participarem de concursos públicos, para cargos que 
sejam compatíveis com as deficiências que portem. 
A propósito, a Lei 8.112/90, ao regulamentar a matéria, 
estatui: 
Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito 
de se inscrever em concurso público para provimento de cargo 
cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de 
que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 
20% das vagas oferecidas no concurso. 
Percebe-se, pelo dispositivo transposto, que o limite é 
máximo. 
Mas, interessante notar que, a partir de decisões judiciais, 
pode-se afirmar que nem todo concurso precisa reservar vagas 
para deficientes. Tratemos, sinteticamente, do Mandado de 
Segurança 26310/STF. 
Com base nesse entendimento, a Suprema Corte considerou 
legítimo o edital de concurso para o preenchimento de duas vagas 
que não reservou nenhuma para deficientes. Entendeu a Corte 
Suprema que reservar uma vaga, ou seja, cinquenta por cento das 
vagas existentes, implicaria majoração indevida dos percentuais 
legalmente estabelecidos. Então, simplesmente a partir desse 
julgado, podemos dizer que NEM TODO CONCURSO PÚBLICO 
RESERVARÁ VAGAS PARA DEFICIENTES. Aliás, a própria definição 
de deficiência por vezes traz polêmica. Vejamos, por exemplo, a 
questão dos monoculares. 
O STF, ao tratar do RMS 26.071 entendeu que J.F.A., portador 
de visão monocular, tinha o direito de ocupar o cargo de técnico 
judiciário do Tribunal Superior do Trabalho (TST). A decisão foi 
adotada por unanimidade da Primeira Turma do Supremo Tribunal 
Federal (STF). 
No caso, os ministros da Turma concordaram com o 
entendimento do relator de que visão monocular é uma necessidade 
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especial e legitima o portador a concorrer às vagas especiais nos 
concursos públicos. 
Agora, vejam só: o candidato, a despeito de ser possuidor de 
visão em um olho só, não era considerado deficiente, por conta das 
normas que tratam da matéria, pois teria plena capacidade visual no 
olho direito. Ora, é gritante que tal situação (monocular) deve ser 
considerada deficiência, na linha do decidido pelo STF. Destaque-se 
que esse é mesmo posicionamento do STJ (visão monocular é 
deficiência, para efeitos de participação em concurso). 
 É de incumbência de junta médica oficial avaliar se o 
portador de deficiência possui condições de exercer o cargo 
pretendido, ou, ainda, informar se o candidato é mesmo deficiente. 
Caso não seja deficiente, o candidato que houver concorrido para a 
vaga nessa qualidade terá sua aprovação invalidada, e deverá ser 
convocado o deficiente seguinte na ordem de classificação, para que 
se adote o mesmo procedimento verificatório. 
Quinto ponto: o estabelecimento de limitações ao acesso a 
cargos e empregos públicos, ou seja, firmar que só a partir de 
determinada altura, tal sexo, determinada condição física, e 
outros, o candidato pode ter acesso ao cargo ou emprego pretendido. 
As limitações ao acesso aos cargos/empregos públicos só 
devem ser aceitas quando razoáveis e em consonância com a 
ordem jurídica. No caso de veto à participação de candidato, 
deverá SEMPRE ser motivada. Tal regra encontra-se consolidada na 
Súmula 684, do STF: É inconstitucional o veto não motivado à 
participação de candidato a concurso público. 
 Também não devem ser admitidas as odiosas restrições 
discriminatórias, em relação à origem, sexo, raça, religião, etc. De 
toda forma, há necessidade de estabelecimento de requisitos 
que permitam aferir a aptidão do interessado em ingressar no 
serviço público. Tais requisitos, em virtude do princípio da 
legalidade, devem gozar de previsão legal, e não apenas no 
edital do certame. Nesse quadro, cumpre trazer à lume o RE 
184.432-RS, apreciado pelo STF: 
O edital de concurso não é instrumento idôneo para o 
estabelecimento de limite de idade para a inscrição em 
concurso público; para que seja legítima tal exigência é 
imprescindível a previsão em lei. Nada impede que o edital 
mencione ou mesmo reproduza o que dispõe a Lei, a título de 
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exigência. O que se veda é realização de exigências 
exclusivamente por meio de edital. 
 O momento de exigência dos requisitos para o exercício 
das atribuições do cargo também é importante: devem ser cumpridos 
quando da posse, e não no momento de inscrição, conforme a 
Súmula 266 do STJ. Quanto às carreiras específicas da área jurídica, 
Juízes e Membros do MP, há outras regras. Mas não vêm ao caso no 
curso de Direito Administrativo. 
 Com relação às limitações de idade, o STF entende ser 
razoável (Súmula 683) a sua existência, desde que a natureza das 
atribuições do cargo as exija. Por exemplo: idade máxima para 
agentes da Polícia Federal, haja vista a necessidade de vigor 
físico. 
 Por fim, a questão da exigência dos exames psicotécnicos, 
que pode ser entendida, em certa medida, como uma espécie de 
limitação. 
Se fossemos citar a jurisprudência do STF a respeito do 
assunto, passaríamos horas aqui. Mas basta apenas uma súmula para 
entendermos. É a Súmula 686 da Corte Constitucional, que assim 
estabelece: 
Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a 
habilitação de candidato a cargo público. 
Não há dúvida, portanto: só a LEI possibilita a exigência de 
exames psicotécnicos. 
 Quinto ponto: o concurso para seleção de servidores é 
diferente do concurso modalidade de licitação. Pode parecer 
bobo, mas isso ainda cai em prova... 
Os de lá (de licitações) têm por objeto a escolha de um ALGO 
(trabalho ± técnico, artístico, científico), e os de cá (Lei 
8.112/1990), a escolha de ALGUÉM. Não podem ser 
confundidos. 
4.2 ± PROVIMENTOS: FORMAS E TIPOS 
 Podemos dizer que o início da relação do candidato com o cargo 
público e com a Administração Pública se dá com o provimento. 
Provimento é o ato administrativo mediante o qual uma 
pessoa passar a ser a detentora do cargo, ou seja, é o 
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preenchimento de cargo. A forma originária de provimento de 
cargos públicos é a nomeação. Antes dela, a pessoa é mera 
pretendente a um cargo, é dizer, um concursando. 
Importante que os cargos em comissão também têm 
provimento. Basta ver o que diz o art. 9º da 8.112/1990, que diz 
que os provimentos são EFETIVOS (para o cargo efetivo, 
obviamente) e EM COMISSÃO, para cargos dessa natureza. 
Daí, algo importante: as outras formas de provimento só 
são aplicáveis aos cargos efetivos, não aos cargos em 
comissão. Vamos tratar de todas as formas de provimento, 
começando pela nomeação. 
 A nomeação, forma de provimento originário, é que 
inaugura tal vínculo, sendo uma das formas de provimento previstas 
na Lei 8.112/1990 (art. 8º). 
Muita gente confunde nomeaçãocom posse. São coisas 
distintas. NOMEAÇÃO é o primeiro provimento. POSSE é o ato 
formal em que o NOMEADO firma o compromisso de exercer o 
cargo, ou seja, é o compromisso solene, no qual se afirma: eu 
quero o cargo! 
É o momento em que se investe servidor, coloca a capa com 
3RGHUHV��DOJR�GR�WLSR� µ%DWPDQ¶��$SHVDU�GH� ID]HUHP�SDUWH�GR�PHVPR�
procedimento (o concurso), a nomeação e a posse não podem ser 
confundidas, embora só possamos falar em posse se tiver ocorrido, 
preliminarmente, nomeação (vejam o § 4º do art. 13 da Lei nº 
8.112/1990). 
Mais uma forma de provimento da Lei nº 8.112/1990: a 
promoção. 
Como sobredito, as formas de provimento, de acordo com a 
Lei 8.112/1990, são sete: Nomeação, Aproveitamento, 
Promoção, REintegração, REcondução, REadaptação e 
REversão. 
O concursando pensa: nossa, que coisa chata! Cheio de nomes! 
Sabe o que nós fazemos para memorizar? N P A RE RE RE RE! O 
que é isso? As iniciais de cada uma das formas de provimento 
apontadas pela Lei nº 8.112/1990. 
Fazer o quê? Tem que dar um jeito de lembrar. Tem um 
mnemônico da Professora Elaine, olha aí ± o Rei Narciso Reformou o 
Pátio da Amada Rainha Regina ± escolham! Ah ± para cada uma 
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das formas de provimento que começam com RE colocamos uma 
palavra-chave para memorização. Exemplo: reintegração ± palavra 
chave: DEMISSÃO. 
Vejamos, então, cada uma delas, apenas deixando de lado a 
nomeação, já abordada. 
O aproveitamento, em regra, diz respeito ao retorno ao 
serviço público de servidor que estava em disponibilidade. 
Disponibilidade não é nada mais que estar sem trabalhar, 
ocorrendo em razão da extinção do cargo ou da declaração da 
desnecessidade deste. 
O servidor em disponibilidade permanece com 
remuneração proporcional ao tempo de serviço, conforme 
estabelece o § 3º do art. 41 da atual Constituição Federal, até o 
adequado aproveitamento, em cargo com atribuições compatíveis 
com o cargo anteriormente ocupado. 
Já a promoção é o movimento no âmbito de uma mesma 
carreira, com adição de vencimentos e de responsabilidades, 
ocorrendo pela mudança de CLASSE. Lembrem-se do que já foi 
dito: a mudança de CLASSES é promoção, enquanto que a 
mudança de PADRÕES dentro de uma classe é PROGRESSÃO 
FUNCIONAL. 
 
Não há promoção com relação a cargos isolados, uma vez 
que estes não compõem uma carreira. A promoção pode ocorrer 
por merecimento ou por antiguidade (tempo de serviço). Chamo 
atenção, ainda, para dois pontos com relação à promoção: 
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I) muitos doutrinadores criticam a inserção da promoção como 
forma de provimento. De fato, ao ser promovido, o servidor continua 
ligado ao cargo público, sendo discutível, doutrinariamente, ver-se a 
promoção como forma de provimento. Todavia, para fins de 
concurso público, não cabe tal discussão, uma vez que a Lei 
8.112/1990 coloca, textualmente, a promoção como forma de 
provimento; 
II) não há que se falar de promoção de uma carreira para 
outra, como de Analista para Auditor da Receita, por exemplo. Nesse 
caso, a hipótese é diferente. Seria uma HVSpFLH�GH�³DVFHQVmR´, o 
que é inadmissível, na visão do STF; 
III) a promoção é também uma forma de vacância, prevista 
no art. 33 da Lei 8.112/1990. Atentem para essa informação, uma 
YH]�TXH�R�H[DPLQDGRU�DGRUD�³EULQFDU´�FRP�DV�formas simultâneas 
de VACÂNCIA E DE PROVIMENTO. 
Por sua vez, a reintegração ocorre no caso de desfazimento 
de decisão que levou à demissão de servidor estável. A palavra-
chave para a reintegração é, portanto, DEMISSÃO. A invalidação 
(desfazimento) da decisão pode ser administrativa ou judicial. 
Mas, vem a pergunta: e se o cargo do sujeito que foi demitido estiver 
ocupado? Vai ser reintegrado aonde? 
Se o cargo do reintegrado estiver ocupado, o ocupante, 
se estável, deverá ser reconduzido ao seu cargo de origem (se 
ainda estiver vago). Se o cargo anterior estiver preenchido, o 
servidor estável será aproveitado em outro cargo, ou mesmo 
posto em disponibilidade, sem qualquer indenização. 
 
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Esse esqueminha acima é do amigo Sapo da Vez. 
Interessante anotar que a condição para a 
reintegração/recondução do servidor público é a ESTABILIDADE. 
Apesar de extremamente criticável, é o que dispõe a CF/1988 (veja o 
§ 2º do art. 41 da CF). Ressalte-se, ainda, que a Lei 8.112/1990 
assegura ao injustamente demitido o ressarcimento de todas as 
vantagens (remunerações, por exemplo) que faria jus, o que não 
acontece, repito, com o eventual ocupante, que, a depender da 
natureza do vínculo com a Administração, poderá ou não ser 
reconduzido ou posto em disponibilidade ou aproveitado em outro 
caso. 
Já a recondução ocorre em duas hipóteses ± na reintegração 
do ocupante do cargo e na inabilitação de estágio probatório e 
a palavra-chave é RETORNO AO CARGO ANTERIOR. 
A 1ª hipótese já foi abordada acima. No caso da inabilitação em 
estágio probatório, o inabilitado deverá ter ocupado cargo 
anterior, no qual já era estável. Desse modo, ao ser inabilitado no 
novo cargo, deverá retornar ao anteriormente ocupado. 
Interessante questão diz respeito à possibilidade da 
recondução a pedido. Imaginemos o seguinte: um servidor Federal 
logrou êxito (foi aprovado) no concurso para Perito da Polícia Federal. 
O servidor Federal, que já era estável no serviço público, resolve 
tomar posse e entrar em exercício no cargo de perito. 
Posteriormente, descontente com o novo cargo, revolve pedir para 
ser reconduzido. 
Tal situação é juridicamente possível, dado se tratar de um ato 
menos gravoso do que a reprovação do servidor no estágio 
probatório, que poderia dar motivo à recondução. Inclusive, esse foi o 
entendimento perfilhado pelo STF ao apreciar, dentre outros, o RMS 
22.933-DF, de 1998. Portando, não há dúvida: reconhece-se o 
direito do servidor estável à recondução enquanto durar o 
estágio probatório do novo cargo. 
Ficamos assim. Seja pela inabilitação no novo cargo, ou 
mesmo em razão de pedido do servidor, o STF tem resguardado 
esse direito do servidor, ENQUANTO DURA O ESTÁGIO 
PROBATÓRIO NO NOVO CARGO. 
Ah! Antes que alguém pergunte, o estágio probatório, PELA 
JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS SUPERIORES, tem duração de 
36 MESES. O QUÊ???? É, é isso mesmo! Já volto a falar sobre isso. 
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Pergunta capciosa: é possível a recondução entre esferas 
distintas da Federação? Noutras palavras: servidor público federal 
passa em um concurso para um cargo estadual, arrepende-se, pede 
para voltar. Pergunta-se: é possível a recondução do servidor em 
questão? Resposta difícil... 
Na visão da AGU, TCU e Tribunais Superiores há o 
entendimento de que é sim possível a recondução entre 
diferentes esferas da Federação. Guarda aí com carinho esta 
informação, afinal a ilustre organizadora CESPE também compartilha 
desse entendimento. 
A readaptação, por sua vez, trata da possibilidade de 
recolocação do servidor que tenha sofrido limitação (que é nossa 
palavra-chave para esta forma de provimento), físicaou sensível 
(mental), em suas habilidades, impeditiva do exercício das 
atribuições do cargo que ocupava. Portanto, por meio da 
readaptação, o servidor será remanejado para um cargo 
compatível com sua nova situação laboral. 
Para que possa ocorrer a readaptação, o novo cargo terá que 
ser compatível com o anterior, é dizer, com atribuições afins, nível 
de escolaridade compatível etc. Desse modo, não pode um auditor 
do INSS ± cargo de atribuição de nível superior, por exemplo, ser 
readaptado na condição de motorista ± cargo de atribuição de nível 
médio, com atribuições nitidamente diferenciadas. Ressalte-se que, 
na hipótese de inexistência de cargo vago, o readaptando 
exercerá suas atribuições na condição de excedente. 
ATENÇÃO: EXCEDENTE é diferente de DISPONÍVEL. 
Excedente, trabalha, e, por isso, recebe normalmente sua 
remuneração. Disponível não está trabalhando, recebendo, por 
conseguinte, remuneração proporcional ao tempo de serviço. 
Reversão é o retorno do servidor aposentado à atividade 
(Aposentou, voltou! Volta por reversão). Pode ocorrer em decorrência 
de duas situações. 
Na 1ª, a insubsistência de motivo de invalidez (reversão 
DE OFÍCIO), a causa que levou à aposentadoria (uma enfermidade) 
não existe mais. 
Em tal situação, o servidor em processo de reversão deverá ser 
submetido ao exame da junta médica oficial, a qual, então, deverá 
declarar que inexiste (insubsistente) o fato motivador da 
aposentadoria. Estando provido o cargo do servidor revertido, 
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este exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de 
vaga. 
Na 2ª situação, a reversão ocorre a pedido do servidor, 
desde que haja interesse da administração (ato discricionário), e se 
cumpridas as seguintes condições: 
- pedido do servidor, o qual deveria ser estável na atividade; 
- aposentadoria ocorrida nos cinco anos anteriores à 
solicitação��VHQGR�TXH�HVVD�DSRVHQWDGRULD�WHP�TXH�WHU�VLGR�³a 
pedido´� voluntária. Não há que se falar em reversão 
para: 
I) aposentados pela compulsória, pois completaram a idade 
máxima para o exercício de cargos EFETIVOS; 
II) aposentados por invalidez: neste caso, se não existir 
mais o motivo de invalidez e não for impossível a 
reversão pelo transcurso de prazo decadencial, o servidor 
será revertido DE OFÍCIO; e, 
- necessidade de cargo vago. ATENÇÃO: não há que se 
falar em excedente na reversão a pedido, pois a Lei EXIGE 
a existência de cargo vago para tal hipótese. 
 
Depois de aferidos todos os requisitos anteriores, a reversão a 
pedido é ATO DISCRICIONÁRIO da Administração Pública, ou 
seja, ficam a critério desta. Isso serve para que a Administração 
avalie se a reversão em questão refere-se a um servidor que tem um 
histórico dH�³~WLO´�DR�LQWHUHVVH�S~EOLFR�� 
Não fosse assim, a Administração teria de reverter alguns que, 
absolutamente, não teriam contribuição significativa a dar ao poder 
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público, por seu histórico. Daí, bem racional que a reversão a 
pedido do servidor fique a critério da Administração Pública. 
Por fim, uma última informação: REMOÇÃO e 
REDISTRIBUIÇÃO �WDPEpP�FKDPDGD�µUHORWDomR¶��não são formas 
de PROVIMENTO, são formas de DESLOCAMENTO do servidor ou 
cargo público, respectivamente. 
A remoção é deslocamento do servidor, com ou sem 
mudança de sede, para desempenhar suas atribuições em outra 
unidade do mesmo quadro. Redistribuição é o deslocamento do 
cargo efetivo, ocupado ou não, no âmbito do quadro geral de 
pessoal, para outro órgão ou atividade. Ambos não são hipóteses 
de provimento ou vacância. 
Vejamos dois exemplos, para situarmos a questão: 
1D� VDOD� GH� GHWHUPLQDGR� yUJmR� µ;¶�� HP� 6mR� 3DXOR�� WHP� ���
cadeiras ± cargos -, sendo que apenas sete existem pessoas sentadas 
± VHUYLGRUHV�� 1R� yUJmR� µ<¶�� ORFDOL]DGR� QR� 5LR� Ge Janeiro, tem 12 
cadeiras, sendo que apenas 10 estão preenchidas. Assim, o servidor 
pode ser removido de São Paulo para o Rio de Janeiro, pergunta-se: 
quantas vagas foram criadas? Quantos servidores entraram? Não 
houve vacância e sequer provimento, exatamente porque o número 
de servidores e de cargos permaneceu constante. 
$JRUD�� R� yUJmR� µ;¶� SUHFLVD� GH� QRYDV� FDGHLUDV� HP� XP� QRYR�
departamento que acaba de ser criado. Bom, como vimos, a criação 
de novas cadeiras (cargos) depende de lei, no entanto, como das 12 
cadeiras no RJ apenas 10 estão preenchidas, e como em SP, há três 
cadeiras subutilizadas, que tal deslocarmos as cadeiras para o 
novo departamento, isso mesmo, que tal redistribuir, promover a 
relotação das cadeiras? Notem que, igualmente, não houve redução 
ou acréscimo do quantitativo de servidores, não sendo, 
portanto, o caso de se falar em vacância ou em provimento. 
Acrescento que a redistribuição pode acarretar o deslocamento de 
cadeiras ocupadas. Por exemplo: houve a criação de um novo 
departamento da Receita, com a reunião de tarefas afetas à matéria 
previdenciária. Assim, é possível redistribuir as cadeiras do INSS para 
a Receita, e, conforme o caso, os servidores sentados nas cadeiras 
serão igualmente redistribuídos. 
Já a remoção pode ocorrer de ofício (no interesse da 
administração) ou a pedido do servidor. 
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Na remoção de ofício, caso seja necessária a mudança de 
sede do servidor, este fará jus à ajuda de custo (com um 
máximo de até três remunerações, conforme regulamento), para 
compensar despesas ocorridas. 
Na remoção de ofício, fica garantido o direito do servidor e de 
seu cônjuge, filhos, enteados ou menor sob sua guarda, de se 
matricular em instituições de ensino congênere, em qualquer época, 
independente de vaga ou de época (cuidado! Instituições 
congêneres...Não tem o filho do servidor, civil e militar, estudante de 
faculdade particular, direito de matricular-se na Universidade de 
Brasília ou públicas em geral, em razão da remoção de ofício, a não 
ser, obviamente, que o curso só seja oferecido pela instituição 
pública). 
Notaram o negrito na expressão DE OFÍCIO neste parágrafo? É 
que existem outras formas de remoção, que são bem diferentes. 
 
A remoção a pedido pode a ser a critério da administração 
ou independente do interesse desta. 
Na primeira hipótese, o servidor faz o pedido e a 
Administração avalia a conveniência (é ato discricionário). Já 
remoção a pedido, independente do interesse da 
administração, ocorre nas seguintes hipóteses: 
- Para acompanhamento do cônjuge, que também deve ser 
servidor, ou militar, de qualquer dos poderes da União, dos 
Estados, dos Municípios, que foi deslocado no interesse da 
administração. Em outros termos, se o cônjuge passou em 
concurso ou solicita remoção, ele é quem criou o problema (talvez, 
não queira mais você! Rsrsrs...), não tendo a Administração o 
dever de removê-lo, assim entende o STJ; 
- Por motivo de doença do servidor, cônjuge, ou dependente 
que viva às suas expensas, sendo que deverá constar do 
assentamento funcional do servidor; 
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- Em virtude de concurso de remoção, emque o número de 
interessados é superior ao número de vagas na unidade de 
destino. 
 
Em todas as hipóteses, SEMPRE que a 
remoção/redistribuição implicar o exercício de atribuições do 
servidor em outro município, será concedido um prazo àquele de 
10 a 30 dias contados da publicação do ato para a retomada do 
efetivo desempenho de suas atividades, estando incluso, nesse 
prazo, o tempo de deslocamento para a nova sede. 
Estando o servidor afastado, ou de licença, o prazo aqui 
referenciado deverá ser contado a partir do término do 
impedimento. 
 Ah! Um último detalhe nessa passagem. Peço que se esqueçam 
da vida de vocês da expressão TRANSFERÊNCIA. O STF declarou-a 
inconstitucional, por ferir o princípio do concurso público. 
 Bom, vamos resumir o que vimos nesse item na já famosa 
tabelinha: 
FORMA DE PROVIMENTO RAZÃO/PALAVRA-CHAVE 
Nomeação Provimento originário 
Aproveitamento 
Em regra, retorno à atividade do 
servidor que estava em 
disponibilidade 
Promoção Crescimento na carreira 
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Reintegração Demissão. Voltou. Reintegrou. 
Recondução 
Voltar ao cargo anteriormente 
ocupado. 
Readaptação 
Servidor sofreu limitação em sua 
capacidade de trabalho. Sendo 
possível, será readaptado. 
Reversão 
O aposentado voltou ao exercício de 
cargo ativo. 
OBSERVAÇÃO: 
remoção/redistribuição 
Não são formas de provimento, e 
sim de deslocamento de servidor 
ou cargo 
4.3 ± POSSE x EXERCÍCIO 
$� SRVVH�� QD� YHUGDGH�� ³DSHUIHLoRD´� D� QRPHDomR�� p� GL]HU�� VHP�
posse, de nada vale a nomeação. É por isso que se a doutrina diz que 
se o nomeado não tornar posse, o ato jurídico [de nomeação] 
será tornado sem efeito. O prazo para a posse é de trinta dias, 
improrrogáveis, contados da nomeação. 
Ah, três informações importantes: 
- na posse��QmR�Ki�TXH�VH� IDODU�HP�³DVVLQDWXUD�GH�FRQWUDWR´��
mas sim de um termo, no qual são firmados os compromissos do 
servidor; 
- é possível posse mediante procuração específica (§ 3º 
do art. 13 da Lei 8.112/1990). Ora, se é possível casamento por 
procuração, claro que pode se tomar posse procuração; 
- não se pode confundir posse com exercício. Este último 
quer dizer começar a trabalhar. Pode não coincidir com a posse. 
Olhem só o que diz o § 1º do art. 15 da Lei 8.112, de 1990: É de 
quinze dias o prazo para o servidor empossado em cargo público 
entrar em exercício, contados da data da posse. 
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Bom, só para registro: o servidor faz jus à remuneração a 
partir do EXERCÍCIO e não da POSSE, ok? Tem que trabalhar, 
feliz e infelizmente... 
E outra: não é possível exercício por procuração, claro. O 
VHUYLGRU�³;´��SURILVVLRQDO�HP�FRQFXUVRV��SDVVD�QR�FDUJR�³<´�H�RXWRUJD�
SURFXUDomR� DR� FDQGLGDWR� ³$´�� 'HSRLV�� SDVVD� QR� FDUJR� ³:´��
outorgando procuUDomR� DR� FDQGLGDWR� ³%´��1D� ERD�� LVVR� LD� YLUDU� XPD�
indústria das provas. 
Exercício tem uma relação com a posse como se fosse o 
casamento e a Lua de Mel. É possível casamento (posse) por 
procuração. Já para a lua de mel (o exercício), é bom entrar em 
exercício. E que ele seja efetivo! 
4.4 ± POSSIBILIDADES DE ACUMULAÇÃO DE CARGOS E 
EMPREGOS PÚBLICOS. 
De antemão, registre-se que a regra geral é que se veda a 
acumulação remunerada de cargos, empregos e funções públicos, 
seja na Administração Direta, seja na Administração Indireta. A 
regra da não acumulação abrange, portanto, também autarquias, 
fundações, empresas públicas, e sociedades de economia mista, em 
quaisquer esferas da federação (União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios). 
 
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A partir da EC 19/1998, a regra da não acumulação passou a 
abarcar as subsidiárias daquelas entidades, bem como as sociedades 
controladas direta ou indiretamente pelo Poder Público. Por 
consequência, a presente regra não é impeditiva de ocupações 
privadas por parte do servidor público, desde que, obviamente, 
tais ocupações não sejam incompatíveis com o cargo exercido 
pelo servidor (p. ex.: a Lei 8.112/1990 veda a gerência de sociedades 
empresariais, ressalvando conselhos Fiscal e de Administração de 
entidades sob o domínio do Estado, por exemplo). 
Há que se ter um pressuposto para que possa ocorrer a 
acumulação remunerada: a compatibilidade de horários. Não 
existindo compatibilidade de horários, TODA E QUALQUER 
acumulação de cargos/empregos públicos será vedada. 
A jurisprudência do TCU admite acumulação com jornada 
máxima de 60 horas, ou seja, um cargo/emprego público de 40 
horas + um cargo/emprego público de 20 horas, por exemplo. 
Outro ponto a ser levado em consideração diz respeito à 
observância dos tetos constitucionais remuneratórios, estabelecidos 
no art. 37, XI, da CF, os quais, no caso de acumulação (acima 
listados), não poderão ser superados. Aguardem, já falarei sobre os 
tais tetos remuneratórios (geral e subtetos nos Estados). 
 De acordo com o inc. XVI do art. 37 da CF é permitida a 
acumulação de cargos e empregos públicos nas seguintes 
situações: 
a) dois cargos de professor; 
b) um cargo de professor com outro técnico ou científico; 
c) a de dois cargos ou empregos privativos de 
profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. 
 
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Não há maiores controvérsias no que diz respeito à acumulação 
de dois cargos de professor. Todavia, não é o que se verifica nas duas 
outras hipóteses. 
Há falta de precisão no que se refere à definição de cargo 
técnico ou científico, o que tem provocado algumas dúvidas na 
interpretação que se faz da expressão. A despeito das controvérsias, 
pode-se afirmar que há possibilidade de cargos de nível médio serem 
tidos como técnicos, desde que as características de seu exercício 
possam ser entendidas como técnicas. 
Como exemplo de cargos de nível médio que podem ser 
entendidos como de características técnicas citamos: Programador, 
Técnico de laboratório, Técnico de Contabilidade, Auxiliar de 
Enfermagem, e desenhista. Cargos de nível médio, cujas 
atribuições sejam de baixa complexidade, no mais das vezes fazendo 
parte da rotina administrativo-burocrática do Estado, não devem ser 
considerados ³WpFQLFRV� RX� FLHQWtILFRV´, não podendo, por 
consequência, serem acumulados com outro de professor. São 
exemplos de tais tipos de cargos, de acordo com o parecer H ± 194, 
da extinta Consultoria Geral da República: Agentes Administrativos, 
Agente de Portaria, etc. 
No mesmo sentido, podemos afirmar que não são todos os 
cargos de nível superior. Exemplo disso: analistas administrativos, 
de modo geral, que não tenham por atribuição tarefas técnicas, 
como analistas da área meio (administrativa) de tribunais judiciais. 
Logo, não cabe cogitar de acumulação neste caso, pois, ainda 
que se trate de um cargo de professor, o outro não é visto 
como técnico (o de analista da área meio do tribunal judicial em 
referência). A propósito, vejamos a questão exigida em prova 
anterior elaborada pelo CESPE: 
10 - (2006/CESPE/TRF-5/JUIZ) Suponha que Pedro 
seja professor em umauniversidade pública. Nesse 
caso, ele poderá acumular o seu cargo de professor 
com um cargo de analista judiciário, área meio, em 
tribunal regional federal. 
Gabarito: ERRADO 
Como o Pedro da questão é analista da área meio, não poderia 
acumular o cargo com o de professor, como pré-falado. Daí o 
erro da questão. Aliás, esse tema de acumulação de cargos e 
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empregos públicos já foi até tema de prova dissertativa. Mas tudo 
tem seu tempo. Prossigamos, por ora, em nossas análises. 
Falemos um pouco do acúmulo de cargo/empregos públicos por 
parte de aposentados. Havia certa controvérsia doutrinária se estes 
poderiam, ou não acumular os proventos da aposentadoria 
com a retribuição pecuniária do cargo, emprego ou função. Tal 
dúvida foi dirimida, contudo, com a redação dada pela EC 19/98 ao § 
10º do art. 37 da CF, que diz: 
É vedada a percepção simultânea de proventos de 
aposentadoria decorrente do art. 40 ou dos arts. 42 e 
142 com a remuneração de cargo, emprego ou 
função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na 
forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos 
em comissão declarados em lei de livre nomeação e 
exoneração. 
Assim, o aposentado pode acumular os proventos 
recebidos com: 
I) a retribuição pecuniária de outro 
cargo/emprego/função, desde que a hipótese de 
acumulação fosse permitida caso em atividade estivesse; 
II) cargos eletivos (de Deputado, Prefeito, Governador, 
etc.); e 
III) cargos em comissão. 
Há que se destacar, ainda, que as hipóteses de acumulação 
referem-se a DOIS cargos, empregos ou funções públicos. Assim, 
não se admite o acúmulo de três ou mais cargos/empregos, 
ainda que algum deles provenha da aposentadoria. Há apenas uma 
hipótese de acumulação de três cargos, em virtude da norma 
temporária contida no § 1º do art. 17 da ADCT: dois de médico 
civil, com outro de médico militar. Mas, em concursos públicos, 
de cinco anos para cá, não temos visto as organizadoras tratar do 
assunto. Se isso cair em prova, pode chorar de alegria, só vocês vão 
acertar! Garanto! 
 
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A vedação à acumulação também não abrange empregos 
da iniciativa privada, conforme já dito anteriormente. Assim, é 
possível, por exemplo, que o servidor público seja vigilante de posto 
de gasolina, sem problemas. 
Outras hipóteses de acumulação permitida são as seguintes: 
a) Mandato de Vereador com as vantagens de 
cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração 
do cargo eletivo. Deve haver, óbvio, compatibilidade de 
horários, e servidor deve exercer seu cargo; 
b) Ministro do TCU com outra função de 
magistério (art. 73, §3º, da CF/88); 
c) Magistrado com uma função de magistério (art. 
95, § único, I, da CF 88); e, 
d) Membro do Ministério Público com outra 
função pública de magistério (art. 128, § 5º, II, d, da 
CF/1988). 
 
Mais uma vez, vale a lembrança: é vedada a acumulação de 
cargos/empregos/funções públicos, admitindo-se tão só os casos 
de previsão constitucional, desde que haja compatibilidade de 
horários no exercício das ocupações públicas. 
4.5 ± FORMAS DE VACÂNCIA PREVISTAS NA 8.112/1990 
DEFININDO... Vacância é a situação em que o cargo público 
está vago, sem ocupante, tornando-o passível de ser provido por 
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alguém. As formas de vacância previstas na Lei 8.112/1990 são 
(art. 33): exoneração, demissão, promoção, readaptação, 
aposentadoria, posse em outro cargo inacumulável e 
falecimento. ATENÇÃO: a ascensão e a transferência foram 
expressamente revogadas pela Lei 9.527/1997. A questão sobre 
ascensão e transferência cai mais do que chuva nas tardes de Belém! 
Inicialmente, cabe fazer diferença entre exoneração e 
demissão. Esta última é uma penalidade, prevista na Lei nº 
8.112/1990, bem como no Código Penal (inc. I do art. 92 do CP). Já 
os casos de exoneração não constituem punições, tratando-se de 
hipóteses específicas, com previsão na Lei 8.112/1990 (arts. 34 e 
35). 
Destaques pertinentes à vacância: 
I) Promoção é, a um só momento, vacância, em cargo 
inferior, e provimento, em cargo superior, no âmbito de uma 
carreira. Pode ser por antiguidade ou por merecimento. A despeito de 
muitos doutrinadores criticarem a inserção da promoção como forma 
simultânea de provimento/vacância, por razões que, com sinceridade, 
não são importantes para nossas exposições aqui, MEMORIZEM: 
PROMOÇÃO ± FORMA SIMULTÂNEA DE 
PROVIMENTO/VACÂNCIA; 
II) além da promoção, há outra forma simultânea de 
vacância/provimento, de acordo com a Lei 8.112/1990 (art. 8º e 
33): a readaptação. De fato, ao passar pela limitação na 
capacidade laboral, o servidor é readaptado, caso possível, noutro 
cargo, compatível com tal limitação, deixando o primeiro vago, ao 
tempo que provê o segundo; 
III) apesar de não ser indicada expressamente na Lei como 
forma de vacância, a recondução, em decorrência de inabilitação 
em estágio probatório, é, de acordo com apontamentos da 
doutrina, forma simultânea de vacância, dado que o servidor 
deixará vago o último cargo, no qual foi inabilitado, voltando a prover 
o primeiro. Nessa última hipótese, o servidor, caso estável, deverá 
ser reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, provendo-o 
de forma derivada. 
Há quem aponte, ainda, para a posse em outro cargo não 
acumulável, forma de vacância expressa, sendo entendida como 
provimento implícito. 
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Inclusive, vejamos uma questão bem recente de ESAF (ano 
2012 ± Assistente Técnico Administrativo), que pode ser espelho 
futuro para o Cespe. Abaixo: 
Abaixo se encontram relacionadas algumas hipóteses de vacância do cargo 
público. Analise cada uma das hipóteses e assinale (1) caso ela implique 
simultaneamente o provimento de novo cargo pelo servidor e (2) para aquelas 
que não se relacionem a provimento de novo cargo. 
Após a análise, assinale a opção que contenha a sequência correta. 
1. Demissão ( ) 
2. Exoneração ( ) 
3. Promoção ( ) 
4. Aposentadoria ( ) 
5. Posse em outro cargo inacumulável ( ) 
6. Readaptação ( ) 
a) 2 / 2 / 2 / 1 / 1 / 1 
b) 2 / 2 / 1 / 2 / 1 / 1 
c) 1 / 2 / 1 / 2 / 1 / 1 
d) 2 / 1 / 1 / 2 / 1 / 2 
e) 2 / 2 / 1 / 2 / 2 / 1 
A resposta foi letra B. Perceba que a banca seguiu o entendimento 
doutrinário de que a posse em outro cargo não acumulável acarreta 
vacância e provimento. Nunca vi esse entendimento adotado por 
Cespe. Em todo caso, fica aí a dica! 
5 ± ESTABILIDADE x ESTÁGIO PROBATÓRIO 
Alguém aí já deve ter pensado: ih, lá vem confusão... essa 
interminável história a respeito de estabilidade X estágio probatório... 
pois é, como a intenção é só facilitar a vida dos amigos, vamos direto 
DR�³kPDJR´���� 
Inicialmente, cumpre registrar que o estágio probatório sempre 
³DQGRX� MXQWR´� FRP� D� HVWDELOLGDGH�� D� GHVSHLWR� GH� VHUHP��
conceitualmente, figuras distintas. 
Estágio probatório é o período a que deve ser submetido o 
servidor ESTATUTÁRIO nomeado para cargo de provimento 
efetivo. No estágio probatório, a capacidade e a aptidão do 
servidor

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