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CETOACIDOSE DIABÉTICA E ESTADO HIPERGLICÊMICO HIPEROSMOLAR NÃO-CETÓTICO LEONARDO FONSECA MAIA CAD- INTRODUÇÃO Hiperglicemia + cetonemia+ ac. Metabólica com ânion gap elevado Complicação aguda característica do DM 1 30% dos adultos e 15-67% das crianças ao diagnóstico Principal causa de óbito entre diabéticos com menos de 24a Pouco frequente no DM2 Pode ocorrer nos casos de DM secundário (acromegalia, feocromocitoma, Cushing, etc), pancreatite, medicações e diabetes gestacional Frequencia: infecções, omissão ou uso inadequado de insulina, diabetes de início recente CAD FATORES PRECIPITANTES Deficiência absoluta de insulina - Diabetes recém-diagnosticado, omissão do tratamento insulínico e pancreatite - Mal funcionamento da bomba de infusão de insulina Deficiência relativa de insulina - Doença aguda(estresse): Infecção, IAM, AVC, hemorragia gastrointestinal - Disturbios endócrinos: hipertiroidismo, feocromocitoma, acromegalia, Cushing - Drogas: glicocorticóides, agonistas adrenérgicos, fenitoísa, betabloqueadores, tiazídicos, diazóxido, pentamidina, inibidores de proteáses, antipsicóticos( clozapina, olanzapina), álcool, cocaína - Desidratação: oferta inadequada de água, uremia, diálise, diarréia, sauna.... - Outros: ingestão excessiva de refrigerantes ou líquidos contendo açúcar... CAD- FISIOPATOLOGIA CAD- FISIOPATOLOGIA Ação da insulina A diminuição da insulina circulante, junto ao aumento das catecolaminas e outros hormônios contra-reguladores levam a lipólise A oxidação dos AG leva a formação de acetil-coA A oxidação excessiva de AG no fígado em estados não controlados de DM leva a formação de corpos cetônicos(acetoacetato, -hidroxibutirato e acetona). Estes são lançados na circulação e utilizados por outros tecidos como fonte de acetil-coA CAD- FISIOPATOLOGIA CAD- SINAIS E SINTOMAS O surgimento é precedido por 1 dia ou mais de poliúria, polidipsia, polifagia, fraqueza acentuada, náuseas, vômitos e torpor que pode progredir para coma. Taquicardia Coma (10%) Alteração do sensório Respiração de Kussmaul Desidratação Hiperestesia abdominal Hipotenção ou choque Hiper ou hipotermia Hálito cetônico CAD DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Glicemia – elevada (400-800mg/dl) Osmolalidade plasmática - <330 (coma >340) Posm= 2(Na) + glicemia/18 + uréia/2,8 (N=280 – 295mOsm/kg) Na sérico – normal, ou (corporal total baixo) Na corrigido= Na + 1,6 x (glicose-100)/100 K sérico – normal, ou Cetonúria – fortemente positiva pH sanguíneo - <7,3 com ânion gap(AG) elevado AG= Na – (Cl + HCO³) N= 8 a 12 ou AG= (Na+K)-(Cl+HCO³) N=12 a 20 Bicarbonato – baixo (<15 mEq/l) Leucograma – leucocitose, mesmo sem infecção Uréia, amilase, tranaminases, CK-MB – pouco elevadas CAD EXAMES DIAGNÓSTICOS ECG Rx tórax Culturas (urocultura, hemocultura, etc.) CAD DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Acidose lática Uremia Cetoacidose alcoólica Intoxicação por drogas (ex: salicilatos, metanol,cianeto, estricnina, etilenoglicol, ferro, tolueno, paraldeído, monóxido de carbono) EHHNC Coma hipoglicêmico CAD FORMAS INCOMUNS CAD EUGLICÊMICA Pctes com boa hidratação, TFG aumentada(grávidas) e infusão insuficiente de insulina CAD ALCALÊMICA Quando a CAD primária está associado a uma alcalose metabólica primária (ex: pctes com vômitos intensos). AG CAD NÃO CETÓTICA Erro laboratorial. Exames dosam acetoacetato Normal = Rel. acetoacetato: beta-hidroxibutirato= 1:5 Hipoxemia tissular= 1:20 Optium Exceed ® dosa glicemia capilar e cetonemia (inclusive beta-hidroxibutirato) CAD- TRATAMENTO OBJETIVOS Combater o fator precipitante Corrigir as alterações hidroeletrolíticas Melhorar a perfusão tissular Reduzir a glicemia Reverter a cetonemia e acidose CAD- TRATAMENTO MEDIDAS GERAIS Manutenção de vias aéreas Medir glicemia e cetonemia horária até correção do pH (depois, de 4/4h) Ionograma e gasimetria de 3/3h SNG em pacientes torporosos Cateter vesical para avaliar diurese em pacientes inconscientes CAD- TRATAMENTO HIDRATAÇÃO Objetivos: repor déficit de água, manter PA, reduzir glicemia, melhorar perfusão renal e tecidual Iniciar reposição com SF 0,9% mas se o Na sérico for >150mEq/l utiliza-se SF0,45% Ringer lactato pode ser usado, mas deve ser usado com cautela no início por conter K CAD-TRATAMENTO INSULINOTERAPIA Utiliza-se IR (humana) Bolus 0,15U/kg EV para sensibilizar receptores Infusão EV 0,1U/kg/h – queda de 50-75mg/dl da glicemia/h. Caso contrário, dobrar dose de IR Evitar queda da glicemia maior que 100mg/dl (risco de hipoglicemia e edema cerebral) Infusão contínua deve ser mantida enquanto houver cetonúria ou até normalização do pH ou bicarbonato sérico Preparação da sol. de IR: 50U IR + 500ml SF0,9% Esq. alternativo: bolus 0,3U/kg EV +0,1U/kg IM h/h Em CAD não complicada pode ser usado análogos da insulina de ação ultra-rápida (Lispro e Aspart) via SC a cada hora Iniciar NPH quando paciente iniciar alimentação CAD-TRATAMENTO POTÁSSIO K sérico: N ou Hidratação e insulinoterapia levam a queda do K Iniciar reposição do K quando houver diurese e K<5mEq/l A velocidade de reposição, do K não pode ultrapassar 0,5mEq/kg/h na criança Repor o K com 2/3 de KCl e 1/3 de KPO4 K sérico Conduta <3,3mEq/l Adm. 40mEq/h até k>3,3 >3,3 e <5,0 20-30mEq/h por L de SF >5,0 Não adm K mas checar de 2/2h CAD-TRATAMENTO BICARBONATO A reposição do bicarbonato é controverso Pode-se usar em pacientes com pH <7,0 pH<6,9 – 400ml SF0,45% + NaCO³100mmol (200ml/h) pH>6,9 e<7,0 – 200ml SF0,45%+NaCO³50mmol(200ml/h) Em crianças evitar ao máximo (o uso de bicarbonato está rel. com edema cerebral – principal causa de mortalidade por CAD nesta faixa etária) BIC oferecido(mEq)= (BIC desejado- BIC encontrado)x0,3xpeso BIC desejado=12mEq Administra-se metade da dose calculada diluida em água destilada na proporção 1:1 em 2h. CAD-TRATAMENTO FOSFATO Pode-se considerar repor fosfato nas seguintes condições: Disfunção cardíaca Anemia Depressão respiratória Fosfato sérico <1,0mg/dl Fosfato de potássio 20-30mEq/l a uma velocidade de 3-4mEq/h Corrigir fator precipitante SNG em pctes torporosos O2 nasal se PO2<80mmHg Heparinização profilática (5000UI SC 8/8h) se risco de TEP Antibiótico (se infecção) Hidratação( SF 0,9%) 1L rápido 1L em 1h 1L em 2h 1L em 4h 1L em 8h Correção de dist. Eletrolítico (K e BIC) insulinoterapia IR 0,15U/kg em bolus seguido de IR 0,1U/kg/h em BIC + cont. glicêmico a cada hora. Dobrar dose de IR se glic. Não diminuir 50-75mg/h Glicemia<250mg/dl = SG 5% + SF0,45% e IR EV 0,05-0,1U/kg/h ou 5-10U SC 2/2h. Manter glicemia entre 150-200mg/dl até controlr metabólico (evitar hipoglicemia e edema cerebral) Iniciar insulina NPH quando o paciente voltar a alimentar-se. INSULINOTERAPIA EM CRIANÇA IR 0,1U/kg EV bolus e 0,1U/kg/h se glic>300mg/dl. Quando glic. <300mg/dl reduzir IR para 0,05U/kg/h até corrigir acidose IR SC é utilizada após correção do pH, a cada 4-6h conforme glicemia capilar: Até 250 =0,2U/kg 180-250 =0,1U/kg 150-179 = observar 80-149 = Alimentação ou, se houver sint. de hipoglicemia, glicose EV Iniciar NPH na manhã em que a CAD estiver controlada, com o paciente hidratado e aceitando alimentação CAD- COMPLICAÇÕES Edema cerebral 1% em crianças. Raro em adultos. Mortalidade=70% FR= id<5a; diag. Recente, hiperidratação, acidose grave, uso de BIC, hipocapnia, hipoglicemia e aumento do Na sérico Sintomas: Cefaléia, queda do nível de consciência, incontinência esfincteriana, vômitos, agitação, desorientação, oftalmoplegia, alt. Pupilares, convulsões, bradicardia e parada respiratória SARA Reposição de fluidos, insulina e eletrólitos. Caracterizada por dispnéia súbita, infiltrado pulmonar difuso e hipoxemia Acidose hiperclorêmica Caracterizada por BIC baixo, pH normal a baixo, ânion gap normal e cloreto elevado Usualmente não leva a dano. Pode ser evitadapor uso de SF 0,45% CAD- COMPLICAÇÕES Trombose vascular Devido a desidratação e aumento da viscosidade e coagulabilidade sangüíneas Mucormicose Infecção fúngica rara. Clínica: dor facial, descarga nasal sanguinolenta, edema de órbita e visão turva EHHNC INTRODUÇÃO Complicação quase exclusiva do DM2 Alta taxa de mortalidade (15%) Pior prognóstico em idosos e na presença de hipotenção e coma Descrito em crianças com DM2 EHHNC PATOGÊNESE Aumento da glicemia Presença de insulina evita lipólise e cetogênese Glicemia elevada leva a hiperosmolalidade Diurese osmótica leva a perda de água e eletrólitos EHHNC FATORES PRECIPITANTES Infecções IAM AVC Trauma Álcool Pancreatite Drogas (corticóides, tiazídicos, etc) Dist. Endócrinos (acromegalia, tireotoxicose, etc) EHHNC DIAGNÓSTICO Início – lento (dias a semanas) Usualmente idosos Queda do nível de consciência Hiperosmolalidade (>320mOsmkg/H2O) Na sérico N ou mas o Na está subestimado pela glicemia (calcular o Na corrigido) Glicemia>600 mg/dl Uréia e creatinina elevadas K sérico N ou Cetonas ausentes ou pouco elevadas BIC >15mEq/l pH normal (pode estar se houver ac. lática) EHHNC TRATAMENTO Corrigir hipovolemia Corrigir distúrbios eletrolíticos Corrigir hiperglicemia Identificar fator precipitante EHHNC HIDRATAÇÃO 1-2L SF 0,9% em 2h SF 0,45% 500ml/h por 3l Após, a hidratação vai depender da PA, diurese, eletrólitos, PVC e quadro clínico. Usualmente 6-8l de SF em 12h Iniciar SG 5% quando glicemia= 250-300mg/dl EHHNC REPOSIÇÃO DE ELETRÓLITOS K sérico (mEq/l) >5 4-5 3-4 <3 Reposição (mEq/h) Nada 10 20 30 EHHNC INSULINA A glicemia tende a cair com reposição hídrica, portanto só iniciar insulina após início da reposição hidroeletrolítica. Pctes são mais sensíveis a insulina EHHNC COMPLICAÇÕES Trombose vascular Hipoglicemia Hipocalemia Hiperglicemia Edema cerebral para evitar, deve-se diminuir a osmolalidade plasmática a uma velocidade de 3mOsm/kgH2O/h. A glicemia deve ser mantida em 250mg/dl até melhora da osmolalidade e do quadro neurológico. Quadro clínico EHHNC CAD Geral Desidratação mais importante Freq. Comatosos Sem hiperventilação Menos desidratados 10% coma Hiperventilação Idade >40a <40a Tipo DM 2 1 Diag. Prévio de DM 50% 33 a 85% Pródomos Vários dias 1 dia Alteração neurológica Comuns Raros Nefro e cardiopatia 85% 15% Glicemia(mg/dl 600-2400 250-800 cetonúria 1+ 3+ Na sérico N ou Usualmente baixo K sérico N N ou Bicarbonato N pH N (>7,3) (<7,3) Osmolalidade plasmática >330 mOsm/kg Variável (em geral <330) Mortalidade 15% 5% HIPOGLICEMIA Classificação Assintomática Sintomática leve Sintomática grave Sinais e sintomas Sintomas neuroglicopênicos Hipoglicemia leve a moderada tonturas cefaléia fraqueza parestesias distúrbios visuais distúrbios de conduta dilatação pupilar confusão mental Hipoglicemia grave convulsões torpor coma hemiplegia dilatação pupilar postura de decorticação Sintomas hiperatividade autonômica tremor* sensação de fome** sudorese (pele fria e úmida)* palidez* taquicardia* náuseas/ vômitos** * SNS ** SNP Tratamento Pacientes conscientes Pacientes inconscientes glicose 50% EV Manitol 20% 200ml EV (caso permaneça em coma) OBS: em pacientes que fazem uso de acarbose, deve-se usar comprimidos de glicose ou glucagon IM. OBRIGADO!
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