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Unidade IV Conservação da Diversidade Botânica no Brasil

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Diversidade Botânica 
Conservação da Diversidade Botânica no Brasil
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profª. Ms. Cristine Gobbo Menezes 
Revisão Textual:
Profª. Ms. Fatima Furlan 
5
•	Conceito de espécie
•	O que é biodiversidade e para quê medi-la
•	Como as espécies se distribuem? 
Discutiremos sobre como evitar que as atividades humanas e suas consequências 
acelerem a extinção e perda de diversidade biológica. 
Sobre o que significa diversidade — um conceito muito utilizado desde a ecologia ao 
discurso político. Medi-la pode nos ajudar a ter um retrato dos ambientes, auxiliando em 
políticas de manejo e conservação. 
Espero que vocês aproveitem não apenas o conteúdo teórico, mas todas as fontes de 
referências disponibilizadas no “Material Complementar” para aprofundamento dos 
estudos. Não se esqueçam de acessar o link “Materiais Didáticos”, onde encontrarão o 
conteúdo e as atividades propostas para esta Unidade.
Em caso de dúvidas, coloquem-nas no fórum de discussão “Sanando Dúvidas”. Haverá 
um tutor em contato permanente com vocês por meio do ambiente de aprendizagem 
virtual Blackboard.
Nesta unidade vamos discutir o que de fato significa 
“Diversidade Botânica”.
Sendo muito simplista, diversidade significa quantidade, ou 
seja quantidade de espécies diferentes em um determinado 
lugar. Contudo o termo pode ser empregado com esse mesmo 
significado para outras coisas como diversidade étnica, 
diversidade cultural ou mesmo diversidade de produtos de uma 
loja. Dito isso, talvez fique fácil perceber que o uso amplo e 
genérico de um termo pode criar uma verdadeira Torre de Babel, 
por isso neste capítulo iremos discutir conceitos e premissas para 
o estudo da diversidade botânica.
Conservação da Diversidade Botânica 
no Brasil
•	Introdução
6
Unidade: Conservação da Diversidade Botânica no Brasil
Contextualização
As atividades humanas têm transformado nosso planeta sob muitos aspectos, o que também 
infelizmente tem reflexos negativos sobre diversidade biológica. Conservar e tentar recuperar 
parte da diversidade perdida é desafiador, mas deve ser considerado meta para minimizarmos 
as alterações climáticas. O texto abaixo são trechos de uma reportagem publicada pela Revista 
Fapesp em função de um encontro com especialistas da área florestal durante o Workshop on 
Monitoring Forest Dynamics: carbon stocks, greenhouse gas fluxes and biodiversity, realizado 
entre os dias 2 e 4 de setembro [de 2014] na Universidade de Brasília (UnB).
Degradação florestal no Brasil preocupa especialistas
(...) De acordo com os participantes do encontro, a degradação florestal difere do 
desmatamento, que se caracteriza pelo corte raso de árvores e responsável pela alteração 
significativa da paisagem da Amazônia brasileira, quando parcelas da floresta são convertidas 
em áreas de pastagem.
Já a degradação é definida pela perda da capacidade da floresta de realizar suas funções 
originais, como contribuir para o balanço climático, hídrico e de carbono, em razão do corte 
seletivo de árvores de interesse comercial e de queimadas intencionais, entre outros fatores.
(...) “Uma floresta degradada já não possui o mesmo estoque de carbono e a 
biodiversidade que tinha antes de ser afetada, mas, se for feito um manejo bem feito 
no prazo de 20 a 30 anos, ela pode se regenerar e até mesmo se aproximar de suas 
características originais”, explicou.
Outra diferença significativa entre os dois processos, segundo os pesquisadores, é que o 
desmatamento é mais evidente e inequívoco e pode ser observado mais facilmente pelos 
satélites usados no monitoramento ambiental. A degradação, por sua vez, é mais sutil. Trata-
se de um processo de longo prazo e deve ser acompanhada continuamente para que suas 
causas sejam identificadas.
“É preciso o acompanhamento de longo prazo não só das mudanças na cobertura da 
floresta, mas dos processos que causam essas alterações ambientais”, disse Bustamante.
“Sem isso, não é possível estimar qual será a trajetória das florestas degradadas e comparar 
com informações de estudos em campo para avaliar se vão se regenerar, se ganharão ou 
perderão carbono ou se podem evoluir para o desmatamento”. 
Elton Alisson, set/2014, Revista Fapesp. Disponível em http://agencia.fapesp.br/degradacao_florestal_no_brasil_preocupa_especialistas/19759/
7
Introdução
Segundo Melo (2008), diversidade e biodiversidade são palavras que são usadas para 
expressar tantos significados que se tornaram genéricas e superficiais. No contexto deste capítulo, 
utilizaremos diversidade como sinônimo de diversidade de espécies, o que ainda continua sendo 
bastante abrangente como veremos mais adiante.
Antes de discutirmos sobre diversidade, precisamos entender o que é uma espécie e como 
conceitos de espécies distintos podem interferir em estratégias de conservação. Afinal, qualquer 
plano de conservação de uma área, listas de espécies ameaçadas ou ações relacionadas ao 
licenciamento ambiental se basearão justamente nesse nível taxonômico. 
 
Conceito de espécie
Numa revisão feita por MAYDEN (1997), foram levantados pelo menos 24 conceitos de espécies 
distintos. Desses, o conceito biológico de espécies (CBE) é certamente o mais didático.O CBE 
foi proposto na década de 1940 e defendido por renomados cientistas como Ernst Mayr e 
Theodosius Dobzhansky. Segundo o CBE, um grupo de populações com potencial de se 
intercruzar e que estejam reprodutivamente isoladas de outros grupos é considerado uma 
espécie. Embora no meio acadêmico não exista consenso entre o conceito de espécie mais 
adequado, o CBE tem sido utilizado para ensinar o público em geral. Outras propostas mais 
recentes buscam integrar a informação evolutiva ao conceito de espécie, desta forma uma 
espécie seria uma linhagem monofilética, ou seja, organismos compartilhando um ancestral 
comum próximo. 
 
 
Explore
Para saber mais sobre os diferentes conceitos de espécies e suas implicações para a 
conservação leia os artigos de QUEIROZ, K. 2007. Species Concepts and Species 
Delimitation. Syst. Biol., 56(6): 879-886. Disponível em:
 » http://sysbio.oxfordjournals.org/content/56/6/879.full.pdf+html;
e ALEIXO, A. 2009. Conceitos de Espécies e suas Implicações para a Conservação. 
Megadiversidade, 5(1-2): 87-95. Disponível em:
 » http://www.conservation.org.br/publicacoes/files_mega5/Conceitos_de_especie.
Por outro lado, a descrição de espécies novas é tema exclusivo da Taxonomia que possui 
regras baseadas no conceito de arquétipos dos antigos gregos. Isto porque ao descrever uma 
nova espécie o autor deve, obrigatoriamente, eleger pelo menos uma amostra — no caso de 
plantas, uma exsicata — como espécime-tipo. A ideia embutida nessa prática é a de que esse 
espécime sirva de referência para a identificação da nova espécie descrita, ou seja, um ou 
poucos espécimes de uma espécie deve representar toda a diversidade morfológica observada 
naquela espécie.
8
Unidade: Conservação da Diversidade Botânica no Brasil
Para Pensar
Se você nunca, em momento algum da sua vida, tivesse visto um cachorro doméstico e 
ao se deparar com alguns cachorros assumisse a tarefa de descrever a espécie, como você 
faria? Você incluiria as diferentes “raças” em uma única espécie? Como definiria o espécime-tipo?
Mais recentemente, tem sido defendida a ideia de que ao invés de buscarmos conservar 
espécies deveríamos nos concentrar em Unidades Evolutivamente Significativas (UES). Essa 
ideia baseia-se na dinâmica evolutiva das espécies que se reflete na capacidade dos organismos 
responderem de modos distintos a pressões e desastres ambientais. Portanto, conservar UES 
significa na prática reconhecer linhagens divergentes dentro do que antes era considerado uma 
espécie — linhagens que poderiam divergir e formar novas espécies — e assim garantirque os 
processos evolutivos em curso sejam protegidos. Portanto, uma proposta em total oposição ao 
pensamento de arquétipo imutável.
Porém, essa proposta sofre com uma questão prática: uma UES não é um táxon formal, 
portanto não poderia integrar listas de espécies ameaçadas ou estar sujeita aos planos de 
conservação. Alguns autores, dentre eles ALEIXO (2009), propõem que os taxonomistas 
busquem identificar as Unidades Evolutivamente Significativas dentro de cada espécie, 
descrevendo-as como espécies ou, alternativamente, como subespécies para que dessa 
forma possam ser consideradas na produção de listas de espécies ameaçadas e outras ações 
visando à conservação.
Essa discussão merece ser aprofundada através da literatura sugerida para que não fujamos 
ao escopo do capítulo. Mas, aproveito para ressaltar alguns pontos que talvez não tenham 
ficado claros até aqui:
I. A nomenclatura botânica visa estabilidade dos nomes, por isso existem muitas 
regras para a descrição das espécies e manutenção de registro-testemunho, como 
por exemplo um espécime-tipo. Porém, isso não significa que as espécies sejam 
imutáveis, na verdade observamos exatamente o contrário.
II. Um nome de uma espécie representa uma entidade observada em um momento 
da história e em um local definido. É como uma “fotografia” que descreve um 
momento na evolução daquela linhagem de organismos. 
III. Ao empregar um nome científico em qualquer publicação, seja científica, técnica, de 
divulgação ou didática se deve utilizar, ao menos uma vez no texto, o binômio (ou seja, 
gênero seguido de epíteto específico) seguido do nome do autor da espécie. O nome 
do autor identificará a qual das “fotografias” você está se referindo, já que a descrição 
das espécies também se altera ao longo do tempo, por meio de revisões taxonômicas.
IV. Não existe em taxonomia “espécie correta” ou “incorreta”, existem definições 
diferentes para uma mesma “entidade”, algumas mais amplamente aceitas que 
outras. Cabe à quem pretenda utilizar um binômio conhecer as opções e escolher 
conscientemente entre elas.
V. Além disso, a quantidade de espécies varia em função dos critérios ou conceitos 
empregados para descrevê-las. Um efeito frequentemente associado à identificação 
de UES é o aumento de espécies descritas.
9
O que é biodiversidade e para quê medi-la
Biodiversidade foi um termo adotado após o National Forum on BioDiversity que ocorreu 
em 1986 na cidade de Washington (EUA) em referência à diversidade de espécies, contudo tem 
um significado bastante genérico. Nos últimos 30 anos, a biodiversidade, sua conservação e 
métodos para estimá-la tem sido alvo tanto da biologia da conservação quanto de preocupações 
governamentais e acordos internacionais.
A biodiversidade é medida por meio de índices de diversidade, que tentam estimar a 
diversidade total de espécies através de uma amostra. Isso porque para conhecer toda a 
diversidade de um determinado local seria necessário realizar um “censo” com todos os 
indivíduos de todas as espécies daquele local. Além disso, informações sobre espécies raras 
e frequentes podem ser incluídas no cálculo dos índices, tornando-os ferramentas úteis para 
ações de planejamento de áreas para proteção e seu monitoramento. 
 
 Diálogo com o Autor
Saber a diversidade de espécies numa área é fundamental para a compreensão da natureza e, 
por extensão, para otimizar o gerenciamento da área em relação a atividades de exploração de 
baixo impacto, conservação de recursos naturais ou recuperação de ecossistemas degradados. O 
reconhecimento da importância de se conhecer a diversidade tem estimulado a criação nos últimos 
anos de diversos tipos de inventários. Em áreas de difícil acesso e/ou em iminente perigo de destruição, 
governos e organizações não-governamentais (ONGs) têm empregado inventários rápidos na 
avaliação de diversidade. De forma mais detalhada, instituições de pesquisa têm implementado e 
acompanhado por vários anos (ou mesmo décadas) inventários de plantas (principalmente árvores) 
em grandes parcelas permanentes. (...) No Brasil, o Programa Biota-Fapesp implantou e mantém 
quatro parcelas de 10,24 ha em diferentes formações florestais em São Paulo (http://www.biota.org.
br/projeto/index?show+212). MELO (2008).
Índices de riqueza e diversidade
Um problema de medir a riqueza (quantidade absoluta) de espécies de um lugar é que o 
valor obtido dificilmente poderá ser comparado com a riqueza observada em outros lugares. 
Isso porque a riqueza de espécies é altamente influenciada pela área estudada: uma ilha em 
geral tem menor riqueza que uma área continental. Mas, se estudarmos duas áreas continentais 
de igual tamanho poderíamos utilizar a riqueza de espécies para comparação? Nesse caso, 
ainda precisamos nos certificar de que o esforço de coleta foi equivalente ou que as áreas sejam 
equivalentes (p.e.: apresentam a mesma formação fitogeográfica). Digamos que uma dessas 
áreas foi visitada apenas uma vez no ano e que a outra, foi visitada uma vez por mês durante 
um ano. É fácil perceber que a segunda área terá um levantamento da riqueza mais preciso, 
porque abrangerá espécies de vida curta, por exemplo, que poderiam estar ausentes naquela 
primeira visita. Precisamos considerar ainda o cenário pouco provável de que em cada visita 
todos os indivíduos de todas as espécies foram incluídos no levantamento para que a riqueza 
da área fosse obtida.
10
Unidade: Conservação da Diversidade Botânica no Brasil
Uma maneira de tentar relativizar os valores de riqueza observados e assim torná-los mais 
facilmente comparáveis é calcular o índice de riqueza de espécies. O índice de riqueza de 
espécies normaliza a quantidade de espécies observadas (S) pela área amostrada, ou mais 
frequentemente diretamente pelo número total de indivíduos observados (N) ou alguma 
transformação de N, por exemplo: 1 , ln
S S
N N
− ou ainda, 2S N . Também é possível utilizar de 
métodos de rarefação ou padronização do tamanho da amostragem para tornar os resultados 
mais facilmente comparáveis. 
Um meio de fazer essa padronização é empregando a fórmula: E(S)= 1 1
S
i
N Ni
n
N
n
=
 −  
  
  − 
      
∑ onde E(S) é o 
número esperado de espécies em uma amostragem aleatória, S é o número total de espécies 
registradas, N é o número total de indivíduos registrados, Ni é o número total de indivíduos 
registrados para a espécie i, e n é o tamanho padronizado da amostra, por exemplo, o tamanho 
da menor amostra.
 
 Explore
Um exemplo prático do cálculo de curvas de rarefação, assim como uma revisão 
teórica compreensível sobre índices de diversidade foi elaborada por Ronald S. M 
Barros, “Medidas de Diversidade Biológica” e está disponível em:
 » http://www.ufjf.br/ecologia/files/2009/11/Estagio_docencia_Ronald1.pdf
Índices de diversidade, contudo, levam em conta a riqueza de espécies e também sua 
equabilidade (quão parecida é a distribuição das espécies no ambiente) e podem incluir 
informações filogenéticas, morfológicas, ecológicas ou distribuição de frequências de 
determinados grupos. 
 
 Diálogo com o Autor
Para entendermos o componente de equabilidade, imagine duas florestas ambas com 100 árvores 
distribuídas em 10 espécies. Na primeira, suponha que cada espécie esteja representada por 10 
indivíduos. Na segunda, uma das espécies teria 91 indivíduos e as espécies restantes teriam cada 
uma um indivíduo. Embora a riqueza de espécies seja a mesma (10), na segunda teremos uma 
‘sensação’ de menor diversidade ou de maior monotonia; sempre veremos uma mesma espécie e 
apenas raramente veríamos outras. MELO (2008).
Os índices de diversidade mais comuns são os chamados não-paramétricos, porque não 
se baseiam numa distribuição de frequências, e empregam valores de riqueza de espéciese 
equabilidade em diferentes fórmulas. Como esses índices variam quanto ao peso dado tanto à 
riqueza, quanto à sua abundância e equabilidade, é impossível comparar os resultados obtidos 
por diferentes índices, assim como sua interpretação não é direta, dependendo sempre da 
comparação com outras áreas. 
11
O índice de Simpson, contudo, possui uma interpretação mais direta, pois mede a probabilidade 
de que dois indivíduos retirados ao acaso pertençam à mesma espécie. Portanto, quanto mais 
diversa a área, menor será o valor de D obtido e maior a probilidade expressa por 1-D. Onde 
D=∑	 2pi e pi= proporção de indivíduos da área amostrada que pertençam à espécie i.
Como dito até aqui, os índices de diversidade podem sintetizar informações do ambiente 
estudado, contudo sua interpretação dependerá também de informações qualitativas. Melo 
(2008) em sua revisão sugeriu alternativas como o uso dos índices de riqueza — desde que o 
esforço amostral e áreas sejam comparáveis —, emprego do diagrama de Whittaker, diagramas 
de dispersão de riqueza de espécies e equabilidade ou o uso de perfis de diversidade.
 
 
Explore
A revisão em linguagem simples sobre o uso, vantagens e desvantagens dos 
índices de diversidade feita por Melo (2008). O que ganhamos ‘confundindo’ 
riqueza de espécies e equabilidade em um índice de diversidade? Biota Neotrop. 
2008, 8(3): 021-027. Disponível em: http://www.biotaneotropica.org.br/v8n3/pt/
fullpaper?bn00108032008+pt 
Como as espécies se distribuem? 
Como já discutimos a diversidade botânica não se distribui de modo homogêneo — cerca de 
60% da diversidade de plantas e animais se distribui em 1,4% da superfície terrestre — e isso se 
deve tanto à variabilidade ambiental e condições microclimáticas quanto às condições intrínsecas 
às espécies como sua história evolutiva, requerimentos nutricionais e sucesso reprodutivo. 
Assim, chamamos de nativas todas as espécies naturais de uma determinada região/ habitat/ 
bioma, onde surgiram e se distribuíram sem interferência do homem. Por outro lado, se essas 
espécies possuírem área de distribuição extremamente restritas — as classificações variam entre 
10.000 km² e 50.000km² —, são chamadas de raras. Plantas endêmicas, são também exclusivas 
de uma determinada região ou área, contudo, não necessariamente são raras. Sendo assim, 
essas três classificações são complementares e não-excludentes. Podemos utilizar a família 
Bromeliaceae — tipicamente neotropical — para exemplificar: i) uma espécie pode ser nativa, 
endêmica e rara, como Vriesea artropurpurea Silveira; ii)) nativa e endêmica, mas não rara 
como Vriesea altodaserrae L.B.Sm., ou ainda iii) nativa, mas não-endêmica como Vriesea 
simplex (Vell.) Beer (FORZZA et al, 2014b). 
Utilize o sistema de busca da Lista de Espécies da Flora Brasileira (disponível em: http://
floradobrasil.jbrj.gov.br/) utilizando os campos da seção “Abrangência Geográfica” para explorar 
espécies nativas, endêmicas ou naturalizadas (introduzidas pelo Homem) presentes na Flora 
Brasileira. Fonte: FORZZA et al. (2014a).
12
Unidade: Conservação da Diversidade Botânica no Brasil
A maneira como as espécies se distribuem está relacionada às ameaças que enfrentarão, 
sendo que espécies endêmicas e raras estão mais vulneráveis à fragmentação dos seus 
habitats, assim como eventos ambientais imprevisíveis — também chamados estocásticos 
— como enchentes, incêndios ou estiagem prolongada. Suas populações também podem 
ser alteradas por fatores ecológicos que influenciem sua reprodução ou estabelecimento 
de sua prole, como a redução da diversidade genética ou redução da população de seus 
polinizadores e dispersores. Por essas razões, frequentemente a identificação de espécies 
endêmicas e raras estão incluídas no planejamento de áreas prioritárias para a conservação, 
como veremos adiante.
Em 1988, o Dr. Norman Myers criou o conceito de Hotspots, ou seja, áreas que concentram 
alto grau de endemismo e que já perderam mais de 75% de sua área original. Atualmente, são 
reconhecidos 25 hotspots e dois desses localizam-se no Brasil: Mata Atlântica e Cerrado (MYERS, et 
al., 2000; MITTERMEYER, et al., 1998). Esses são ambientes altamente ameaçados por atividades 
humana e mais vulneráveis aos eventos estocásticos. Contudo, considerando o acelerado processo de 
degradação ambiental, tem sido defendida como medida complementar à conservação dos hotspots, 
a identificação de áreas conservadas (com 75% ou mais da sua área original intacta) e com baixa 
densidade populacional (menos que 5 pessoas/ km²) como prioritárias para conservação. Essas áreas 
são chamadas de Tropical Wilderness Areas e a porção brasileira da Floresta Amazônica está incluída 
nessa lista (MITTERMEYER, et al., 1998). O emprego das duas estratégias permitiria a conservação 
tanto de espécies endêmicas e altamente ameaçadas, quanto de locais bem conservados que abrigam 
espécies ameaçadas ou não, mas com condições melhores para sua permanência.
 
 Diálogo com o Autor
As principais áreas tropicais naturais (Tropical Wilderness Areas) representam 
um importante estoque de biodiversidade e das principais bacias hidrográficas, 
funcionando como um controle contra o qual podemos comparar os hotspots mais degradados, 
além de terem um papel fundamental na estabilidade do clima. Frequentemente essas áreas são 
os últimos lugares onde populações indígenas podem manter seu estilo de vida tradicional. Elas 
estão assumindo valor recreativo, estético e espiritual crescentes em um planeta cada vez mais 
superlotado. (tradução livre a partir de MITTERMEYER et al. 1998)
 Figura 1. Distribuição global dos 25 hotspots (em vermelho). Fonte: MYERS et al. (2000).
Fonte: Wikimedia Commons
13
Figura 1. Pode ser questionável a priorização de áreas para conservação baseado em alto 
grau de endemismo. Isso porque muitas espécies endêmicas, e recém-descritas, entram para 
a lista de espécies ameaçadas por ocorrerem em área restrita. Outras propostas baseiam-se 
na biodiversidade ou, mais frequentemente, na riqueza de espécies, dessa forma pode-se 
identificar hotspots usando critérios diferentes. Um estudo semelhante foi realizado por 
Orme e colaboradores (2005; Figura 2) que compararam a congruência entre hotspots 
baseados na riqueza de espécies, riqueza de espécies ameaçadas e riqueza de espécies 
endêmicas de aves. Embora tenham encontrado incongruência entre os resultados das 
suas simulações, a identificação de hotspots a partir de espécies endêmicas abrangeu, além 
de 60% de todas as espécies endêmicas, também 58% da riqueza de espécies e 41% das 
espécies ameaçadas. 
O uso de grau de endemismo para identificação de hotspots, ou ainda o uso dessa 
metodologia para identificação de áreas prioritárias para conservação ainda é questionável. 
Especialmente porque seus resultados podem variar em função do grupo de organismos 
utilizado como modelo: se plantas, vertebrados ou exclusivamente aves. Contudo, áreas 
com alto grau de endemismo parecem refletir áreas de refúgios, onde as espécies puderam 
se manter durante períodos de mudanças climáticas passadas, e por esse motivo conseguem 
captar maior riqueza de espécies.
Figura 2. Distribuição geográfica de três aspectos da diversidade (à esquerda) e Hotspots de biodiversidade para três 
aspectos da diversidade (à direita). a) Riqueza total de espécies (à esquerda) e Hotspot de riqueza de espécies (à direita); 
b) Riqueza total de espécies ameaçadas (à esquerda) e Hotspot de riqueza de espécies ameaçadas (à direita); c) Riqueza 
total de espécies endêmicas (à esquerda) e Hotspot de riqueza de espécies endêmicas (à direita). A escala colorida sobre os 
mapas à esquerda se referem à riqueza máxima em cada simulação. 
Fonte: ORME et al. (2005)
14
Unidade: Conservação da Diversidade Botânica no BrasilDiálogo com o Autor
Conservacionistas estão distantes de conseguir proteger todas as espécies sob 
ameça, mesmo que apenas por falta de investimento. Isso exige prioridades: como 
podemos proteger a maioria das espécies com o menor custo? Uma maneira é identificar “hotspots 
de biodiversidade”, onde há excepcional concentração de espécies endêmicas passando por 
perda excepcional de habitat. Cerca de 44% das plantas vasculares e 35% de todas as espécies de 
vertebrados estão confinadas a 25 hotspots que se estendem por apenas 1,4% da superfície da Terra. 
Fonte: MYERS et al. (2000)
Como vimos, esses critérios nos ajudam a reconhecer áreas relevantes para conservação 
em escala global. E podem, claramente, guiar ações dos governos locais para proteção e 
conservação da biodiversidade.
 
 ExploreNavegue na página da IUCN (www.iucn.org) e leia o texto (em inglês) Scientists identify 
the world’s most irreplaceable protected areas (Cientistas identificam as áreas protegidas 
mais insubstituíveis do mundo) em que os autores fazem um ranking das áreas protegidas 
que concentram mais da metade das espécies globalmente ameaçadas.
Listas brasileiras de espécies ameaçadas
 
 Diálogo com o Autor
As listas são o resultado de um processo científico que permite a classificação das 
espécies de acordo com seu risco de extinção. Elas exercem o importante papel 
de fornecer aos dirigentes informações documentadas, com o intuito de respaldar o processo de 
estabelecimento de prioridades de conservação por parte da sociedade. Dessa forma, ajudam a 
garantir que os dados científicos adequados sejam considerados quando da elaboração de políticas. 
Assim sendo, as listas vermelhas podem atuar como o elo que faltava e que irá exercer o papel de 
ponte entre a ciência e a política, suscitando planos de conservação mais realistas e ações mais 
eficazes. Fonte: MORAES e MARTINELLI (2013).
A lista de flora ameaçada produzida para o Livro Vermelho da Flora do Brasil baseia-se 
nas classificações (Figura 3) e critérios de avaliação empregados pela IUCN versão 3.1. Os 
critérios levam em conta questões relativas à dinâmica das populações, número de indivíduos 
maduros, como a redução da população diretamente mensurada ou estimada, por exemplo, 
pela reconhecida fragmentação dos ambientes onde se distribuem.
15
Figura 3. Classificação de ameaça dos táxons avaliados pelos critérios da IUCN versão 
3.1. Essa classificação também é empregada pelas avaliações brasileiras.
Extinto (EX)
Extinto na natureza (EW)
Criticamente em perigo (CR)
Em perigo (EN)AmeaçadoDados
Su�cientes
Vulnerável (VU)
Quase ameaçado (NT)
Pouco preocupante (LC)
Dados insu�cientes (DD)
Não avaliado (NE)
Avaliado
Para saber mais: As definições de cada categoria de risco utilizadas pela IUCN são:
 · Extinta (EX)-EXTINCT: Um táxon é considerado “Extinto” quando não restam 
quaisquer dúvidas de que o último indivíduo morreu. Um táxon está presumivelmente 
Extinto quando falharam todas as tentativas exaustivas para encontrar um indivíduo 
em habitats conhecidos e potenciais, em períodos apropriados (do dia, estação e 
ano), realizadas em toda a sua área de distribuição histórica. As prospecções devem 
ser feitas durante um período de tempo adequado ao ciclo de vida e forma biológica 
do táxon em questão. 
 · Extinto na Natureza (EW)-EXTINCT IN THE WILD: Um táxon é considerado 
“Extinto na Natureza” quando é dado como apenas sobrevivendo em cultivo, cativeiro 
ou como uma população (ou populações) naturalizada fora da sua anterior área de 
distribuição. Um táxon está presumivelmente Extinto na Natureza quando falharam todas 
as tentativas exaustivas para encontrar um indivíduo em habitats conhecidos e potenciais, 
em períodos apropriados (do dia, estação e ano), realizadas em toda a sua área de 
distribuição histórica. As prospecções devem ser feitas durante um período de tempo 
adequado ao ciclo de vida e forma biológica do táxon em questão. 
 · Criticamente em Perigo (CR)-CRITICALLY ENDANGERED: Um táxon é 
considerado “Criticamente em Perigo” quando as melhores evidências disponíveis 
indicam que se cumpre qualquer um dos critérios A a E para Criticamente em 
Perigo, pelo que se considera como enfrentando um risco de extinção na natureza 
extremamente elevado. 
 · Em Perigo (EN)-ENGANGERED: Um táxon é considerado “Em Perigo” quando as 
melhores evidências disponíveis indicam que se cumpre qualquer um dos critérios A a 
E para Em Perigo (ver secção III), pelo que se considera como enfrentando um risco de 
extinção na natureza muito elevado. 
 · Vulnerável (VU)–VULNERABLE: Um táxon é considerado “Vulnerável” 
quando as melhores evidências disponíveis indicam que se cumpre qualquer um 
dos critérios A a E para Vulnerável (ver secção III), pelo que se considera como 
enfrentando um risco de extinção na natureza elevado. 
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Unidade: Conservação da Diversidade Botânica no Brasil
 · Quase Ameaçado (NT)–NEAR THREATENED: Um táxon é considerado “Quase 
Ameaçado” quando, tendo sido avaliado pelos critérios, não se qualifica atualmente 
como Criticamente em Perigo, Em Perigo ou Vulnerável, sendo, no entanto provável 
que lhe venha a ser atríbuida uma categoria de ameaça num futuro próximo. 
 · Pouco Preocupante (LC)–LEAST CONCERN: Um táxon é considerado “Pouco 
Preocupante” quando foi avaliado pelos critérios e não se qualifica como nenhuma 
das categorias Criticamente em Perigo, Em Perigo, Vulnerável ou Quase Ameaçado. 
Taxa de distribuição ampla e abundantes são incluídos nessa categoria. 
 · Dados Insuficientes (DD)–DATA DEFICIENT: Um táxon é considerado com 
“Dados Insuficientes” quando não há informação adequada para fazer uma avaliação 
direta ou indireta do seu risco de extinção, com base na sua distribuição e/ou estatuto 
da população. Um táxon nessa categoria pode até estar muito estudado e a sua 
biologia ser bem conhecida, mas faltaram dados adequados sobre a sua distribuiçãp 
e/ou abundância. Não constitui por isso uma categoria de ameaça. Classificar um 
táxon nessa categoria indica que é necessária mais informação e que se reconhece que 
investigação futura poderá mostrar que uma classificação de ameaça seja apropriada. 
É importante que seja feito uso de toda a informação disponível. Em muitos casos 
deve-se ser muito cauteloso na escolha entre DD e uma categoria de ameaça. Quando 
se suspeita que a área de distribuição de um táxon é relativamente circunscrita e 
se decorreu um período de tempo considerável desde a última observação de um 
indivíduo desse táxon, pode-se justificar a atribuição de uma categoria de ameaça. 
 · Não Avaliado (NE)–NOT EVALUATED: Um táxon é considerado “Não Avaliado” 
quando ainda não foi avaliado pelos presentes critérios.
A lista de espécies ameaçadas publicada na última edição do Livro Vermelho da Flora do Brasil 
está longe de abranger toda a flora do Brasil, pois apenas 4.617 táxons foram reavaliados — táxons 
que haviam sido avaliados pelas listas anteriores — a partir dos critérios da IUCN versão 3.1. 
Desses cerca de 50% foram classificados em alguma categoria de risco. Essa reavaliação de espécies 
abrangidas pelas listas anteriores foi o primeiro passo para uma avaliação completa da 
Flora do Brasil. 
 
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Faça o download do Livro Vermelho da Flora do Brasil e explore seu conteúdo, 
gráficos e discussões. Disponível em: http://cncflora.jbrj.gov.br/LivroVermelho.pdf 
17
Figura 4. Distribuição da riqueza de espécies ameaçadas 
utilizando-se de quadrículas com células de 0.6 graus. As células 
mais escuras representam maior riqueza. 
Fonte: MARTINELLI et al. (2013) 
Apesar da baixa amostragem, foi possível observar que as áreas mais densamente povoadas 
do Sudeste apresentam maior riqueza de espécies ameaçadas, o que é justificável pela pressão 
causada pela expansão da infraestruturaurbana (Figura 4). Mas, também o esforço de coleta 
tem sido desigual entre as regiões (Figura 5). Portanto, áreas com menor riqueza de espécies 
ameaçadas podem somente refletir o desconhecimento ou esforço de coleta inferior e inadequado 
para um inventário completo. 
 
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Unidade: Conservação da Diversidade Botânica no Brasil
Figura 5. Distribuição do esforço de coleta de espécimes da Flora do Brasil. As áreas mais escuras 
representam maior esforço (mais espécimes coletados). Observe que as manchas escuras localizam-se 
próximo à áreas ricas em Universidades e Institutos de Pesquisa, especialmente entre Paraná e Rio 
de Janeiro. Em Minas Gerais, as regiões coincidem com a Cadeia do Espinhaço (região com alto 
endemismo e três importantes Parques Nacionais: Serra da Canastra, Serra da Caraça e Serra do 
Cipó), assim como na Bahia coincide com a região da Chapada Diamantina. Essas áreas têm sido 
muito exploradas por botânicos há anos. 
Fonte: MARTINELLI et al. (2013).
Além disso, também identificou-se que das 4.617 espécies reavaliadas, as Pteridófitas (Figura 
6) possuem o maior percentual de espécies ameaçadas entre os demais grupos de plantas, apesar 
de 94,87% das espécies reavaliadas serem Angiospermas. Observou-se também uma correlação 
positiva entre a quantidade de espécies avaliada e a quantidade de espécies ameaçadas. Ou 
seja, as estimativas de espécies ameaçadas devem crescer conforme o processo de avaliação 
das Espécies da Flora do Brasil avance.
19
Figura 6. Proporções relativas de espécies ameaçadas e (em qualquer categoria de risco), não-
ameaçadas e com insuficiência de dados em cada grupo taxonômico. 
50%
Angiosperma
Ameaçadas DD Não ameaçadas
Brió�ta Gimnosperma Pteridó�ta
0%
Fonte: MARTINELLI et al. (2013).
Um exame mais detalhado (Figura 7) mostra que Asteraceae, Bromeliaceae e Orchidaceae, 
famílias com espécies muito ornamentais, concentram grande parte das espécies classificadas 
como “Criticamente em Perigo” (CR) e “Em Perigo” (EN).
Figura 7. Número de espécies em cada uma das três categorias (CR, EN e VU) que constituem a 
situação “ameaçadas de extinção”. Fonte: MARTINELLI et al. (2013).
160
140
120
100
80
60
40
20
0
As
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CR
EN
VU
Fonte: MARTINELLI et al. (2013)
20
Unidade: Conservação da Diversidade Botânica no Brasil
Muitas ameaças foram identificadas nessa revisão (5.642 no total), contudo àquelas relativas 
ao critério B, que envolvem perda e fragmentação de habitat, corresponderam a 87,35% das 
ameaças incidentes entre as espécies classificadas em alguma categoria de risco (MARTINELLI 
et al., 2013). Se por um lado, isto é um forte indício de degradação ambiental generalizada entre 
os Biomas Brasileiros, por outro é decorrente do uso excessivo do critério B, devido à ausência 
de informações quanto à dinâmica e tamanho populacional, entre outros dados requeridos 
pelos demais critérios. 
 
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Veja os critérios adotados pela IUCN versão 3.1 no link: 
http://www.iucnredlist.org/documents/2001RedListCats_Crit_Portugu%C3%AAs.pdf
A agricultura é o fator predominante em todos os biomas, seguida pela extração de recursos 
naturais, pela perda e degradação de habitats. Contudo, foi possível observar particularidades 
em cada Bioma quanto às causas regionais: na Amazônia, a extração de recursos vegetais 
e agricultura somam 80% das causas; na Caatinga, a agricultura é o fator mais importante; 
no Pampa, as espécies invasoras são mais importantes que em qualquer outro bioma, e na 
Mata Atlântica e Cerrado — ambos reconhecidos como Hotspots e com maior riqueza de 
espécies ameaçadas — sofrem mais que os demais biomas com a pressão pela infraestrutura e 
desenvolvimento urbanos. 
Uma importante conclusão desse levantamento nacional, publicado na forma do Livro 
Vermelho da Flora do Brasil, assim como de levantamentos regionais, é a identificação de lacunas 
de informação. Em longo prazo, esse trabalho servirá de referência para políticos, organizações 
não governamentais e sociedade civil, mas imediatamente é possível identificar necessidades 
como: I) priorizar a formação de taxonomistas para estudar a Flora do Brasil adequadamente, 
assim como II) estimular e financiar estudos de médio a longo prazo para conhecer a dinâmica 
e estrutura das populações de uma quantidade maior de espécies. Essas ações devem permitir 
a coleta de dados mais acurados para as avaliações de risco, especialmente para as espécies 
listadas com “Dados Insuficientes”.
Em resumo: A conservação da diversidade botânica, de todos os grupos taxonômicos, 
dependerá sempre do esforço de botânicos e taxonomistas em compreender essa diversidade 
e sua distribuição, empregando os conceitos e definições mais adequados para espécies ou 
outra unidade importante para conservação. Por outro lado, cabe ao governo fomentar e 
manter pesquisas que visem avaliar a diversidade botânica por meio dos recursos disponíveis 
— métodos e índices de diversidade — assim como a dinâmica das populações e os riscos a que 
estão submetidas. Além disso, as informações coletadas e mantidas por toda a comunidade de 
botânicos, devem ter livre acesso para consulta pública pela sociedade, de modo a construir o 
elo entre governo–cientista–sociedade civil, que contribuirá significativamente para avanços na 
conservação da diversidade botânica brasileira.
21
Material Complementar
DICAS/LINKS: Ampliando Conhecimentos:
O texto do link abaixo, publicado pelo Scientific American Brasil, explica em linguagem 
bastante simples o que é uma espécie e o impacto da sua definição. O exemplo dos lobos 
canadenses e sua hibridação com coiotes e outras espécies de lobos é utilizado para discutir a 
implicação do conceito de espécie para conservação.
http://www2.uol.com.br/sciam/aula_aberta/o_que_e_uma_especie_.html 
A IUCN (International Union for Conservation of Nature) é uma das principais organizações 
não-governamentais de atuação internacional na área da conservação da natureza e há 50 anos 
produz listas vermelhas de espécies globalmente ameaçadas. Sua experiência e critérios objetivos 
na produção de listas tem sido aproveitada por muitos países, inclusive o Brasil, adotando seus 
critérios para identificação de espécies localmente ameaçadas. No link abaixo, é possível obter 
os critérios de identificação de espécies ameaçadas (o IUCN versão 3.1) que foi empregada para 
o mais recente Livro Vermelho da Flora do Brasil.
http://www.iucnredlist.org/documents/2001RedListCats_Crit_Portugu%C3%AAs.pdf
Livro Vermelho da Flora do Brasil
http://cncflora.jbrj.gov.br/LivroVermelho.pdf
Listas regionais de espécies ameaçadas
SP – Resolução 48 da Secretaria de Meio Ambiente (2004)
http://botanica.sp.gov.br/files/2014/02/resolu%C3%A7%C3%A3o_-sma48.pdf
MG – Lista preliminar elaborada pela Biodiversitas
http://www.biodiversitas.org.br/listas-mg/
RS – Lista preliminar elaborada pela Biodiversitas
http://www.biodiversitas.org.br/florabr/rs-especies-ameacadas.pdf
Lista de Espécies da Flora do Brasil, mantida pelo sistema Reflora e vinculada ao Jardim 
Botânico do Rio de Janeiro, mantém uma lista atualizada constantemente com as espécies, área 
de ocorrência e status de ameaça. 
http://floradobrasil.jbrj.gov.br/ 
A Revista Fapesp publicou recentemente um artigo discutindo o avanço da degradação florestal 
no Brasil, que diferente do desmatamento, é mais difícil de ser detectada e, embora não transforme 
a floresta em pastagem impede que muitas funções e serviços vitais da floresta possam ocorrer. 
http://agencia.fapesp.br/degradacao_florestal_no_brasil_preocupa_especialistas/19759/22
Unidade: Conservação da Diversidade Botânica no Brasil
Referências
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5(1-2): 87-95. Disponível em http://www.conservation.org.br/publicacoes/files_mega5/Conceitos_
de_especie.pdf. Acesso em: Setembro de 2014.
BARROS, R.S.M. 2009. “Medidas de Diversidade Biológica”. Disponível em http://www.ufjf.br/
ecologia/files/2009/11/Estagio_docencia_Ronald1.pdf. Acesso em: Setembro de 2014
FORZZA, R.C.; COSTA, A.; WALTER, B.M.T.; PIRANI, J.R.; MORIM, M.P.; QUEIROZ, L.P.; 
MARTINELLI, G.; PEIXOTO, A.L.; COELHO, M.A.N.; BAUMGRATZ, J.F.A.; STEHMANN, J.R.; 
LOHMANN, L.G. 2014a. Angiospermas in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim 
Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/
FB128482. Acesso em: Agosto de 2014
FORZZA, R.C.; COSTA, A.; SIQUEIRA FILHO, J.A.; MARTINELLI, G.; MONTEIRO, R.F.; SANTOS-
SILVA, F.; SARAIVA, D. P.; PAIXÃO-SOUZA, B.; LOUZADA, R.B.; VERSIEUX, L. 2014b. Bromeliaceae 
in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://
floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB6417. Acesso em: Setembro de 2014.
MARTINELLI, G.; VALENTE, A.S.M.; MAURENZA, D.;KUTSCHENKI, D.C.; JUDICE, D.M.; SILVA, 
D.S.; FERNANDEZ, E.P.; MARTINS, E. M; BARROS, F.S.M.; SFAIR, J.C.; FILHO, L.A.S.; ABREU, 
M.B.; MORAES, M.A.; MONTEIRO, N.P.; PIETRO, P.V.; FERNANDES, R.A.; HERING, R.L.O.; 
MESSINA, T. e PENEDO, T.S.A. Avaliações de risco de extinção de espécies da flora brasileira, cap. 
5, p. 60-102. In MARTINELLI, G. e MORAES, M.A (eds.). Livro Vermelho da Flora do Brasil, Andrea 
Jakobsson: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, pp.1102.
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problem. In Claridge, M. F.; Dawah, H. A. e Wilson, M. R. (eds.). Species: The units of biodiversity. 
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v8n3/en/abstract?point-of-view+bn00108032008. Acesso em: Setembro de 2014.
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MITTERMEYER, R.A.; MYERS, N.; THOMSEN, J.B. 1998. Biodiversity Hotspots and Major 
Tropical Wilderness Areas: Approaches to Setting Conservation Priorities. Conservation 
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Livro Vermelho da Flora do Brasil, Andrea Jakobsson: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico 
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, pp.1102.
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ORME, C.D.L.; DAVIES, R.G.; BURGESS, M.; EIGENBROD, F.; PICKUP, N.; OLSON, V.A.; 
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QUEIROZ, K. 2007. Species Concepts and Species Delimitation. Systematic Biology, 56(6): 
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Acesso em: Setembro de 2014.
24
Unidade: Conservação da Diversidade Botânica no Brasil
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