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Indicadores de ocorrência de doenças em populações Considerações gerais Uma das principais práticas da Epidemiologia é medir a ocorrência de doenças Em um primeiro momento, o número de animais afetados (infectados, doentes ou mortos) deve ser determinado Os critérios diagnósticos utilizados são baseados na história clínica, nos sinais clínicos e nos resultados de testes Considerações gerais Os valores absolutos (dados obtidos na contagem dos indivíduos afetados) podem ser diretamente utilizados em gráficos, tabelas e quadros Ex: casos de raiva humana, Brasil, 2000 a 2009 Considerações gerais Considerações gerais A escolha entre valores absolutos e relativos vai depender do objetivo do trabalho Ex: mortes de pessoas por raios, Brasil, 2014 - Número de mortes: 98 - Taxa de mortalidade: 5 por 10.000.000 (considerando-se a população do Brasil em 1º de julho de 2014, de 202.700.000 habitantes) Considerações gerais Importância do denominador Os valores absolutos nem sempre expressam a magnitude de uma doença em uma população Os valores absolutos apenas traduzem uma realidade restrita e pontual, não permitindo comparações temporais ou geográficas e, consequentemente, não permitindo avaliar a importância de um determinado fato ou evento Considerações gerais Importância do denominador Ex: investigação sobre lesões podais e claudicação em vacas leiteiras mantidas em confinamento Considerações gerais Importância do denominador Ex: investigação sobre lesões podais e claudicação em vacas leiteiras mantidas em confinamento - Propriedade A: 240 animais com lesões - Propriedade B: 180 animais com lesões Do ponto de vista epidemiológico, em qual propriedade o problema é mais grave? Considerações gerais Importância do denominador A comparação dos dados obtidos deve ser realizada utilizando-se valores relativos Essas comparações podem ser feitas entre duas ou mais populações, ou em uma mesma população, em momentos diferentes Considerações gerais Importância do denominador Para isso, é necessário considerar o tamanho das populações - Propriedade A: 2.000 animais - Propriedade B: 900 animais Considerações gerais Importância do denominador Cálculo das frequências - Propriedade A: 240 / 2.000 = 0,12 ou 12% - Propriedade B: 180 / 900 = 0,20 ou 20% Considerações gerais Importância do denominador Conclusão - A propriedade A apresentou um maior número de casos (240 contra 180), mas a propriedade B apresentou uma maior frequência (20% contra 12%) - O problema é mais grave na propriedade B - Provavelmente, nessa propriedade, existam mais fatores de risco (alimentação concentrada, piso úmido, piso contaminado, cama desconfortável, ...) Considerações gerais Importância do denominador O resultado encontrado deve ser multiplicado por um múltiplo de 10 (100, 1000, 10.000 ...) Ex: mortes por raios, Brasil, 2014 - Número de mortes: 98 - População em 1º de julho de 2014: 202.700.000 - Taxa de mortalidade: 0,0000005 ou 5 por 10.000.000 Considerações gerais População em risco O total de indivíduos expostos deve incluir somente aqueles que são potencialmente suscetíveis de adquirir a doença Ex: mastite em bovinos - População em risco: vacas, vacas em lactação Incidência e prevalência Incidência Indica o número de casos novos, ocorridos em um certo período de tempo, em uma população específica (filme) Prevalência Indica o número de casos existentes, em um ponto no tempo, em uma população específica (foto) Incidência e prevalência A incidência e a prevalência podem ser expressas em números absolutos ou em números relativos (taxas) Ex1: incidência de raiva humana: número absoluto de casos novos confirmados de raiva (humana) na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado (Ministério da Saúde) Incidência e prevalência Incidência e prevalência A incidência e a prevalência podem ser expressas em números absolutos ou em números relativos (taxas) Ex2: taxa de incidência de tuberculose humana: número de casos confirmados de tuberculose (humana) por 100 mil habitantes, em determinado espaço geográfico e no ano considerado (Ministério da Saúde) Incidência e prevalência Incidência e prevalência Taxa de incidência Cálculo número de casos novos número de indivíduos expostos Considerar sempre local e período de tempo Multiplicar o resultado por 10n Incidência e prevalência Taxa de incidência Ex1: taxa de incidência de tuberculose humana, Brasil, 1990 a 2015 - Dados obtidos pela vigilância epidemiológica Incidência e prevalência Incidência e prevalência Taxa de incidência Ex2: taxa de incidência de mastite subclínica em vacas leiteiras em uma fazenda, Brasil, fevereiro a agosto de 2010 - Dados obtidos em um estudo de coorte Incidência e prevalência Incidência e prevalência Taxa de ataque Termo frequentemente utilizado, ao invés de incidência, durante uma epidemia em uma população bem definida, em um curto período de tempo Incidência e prevalência Taxa de ataque Cálculo número de indivíduos afetados número de indivíduos expostos Considerar sempre local e período de tempo Multiplicar o resultado por 10n Incidência e prevalência Taxa de ataque Ex: surto de diarreia epidêmica dos suínos (PED) - Dados obtidos pelo acompanhamento do surto Incidência e prevalência Incidência e prevalência Taxa de prevalência Cálculo número de casos existentes número de indivíduos na população Considerar sempre local e período de tempo Multiplicar o resultado por 10n Incidência e prevalência Taxa de prevalência Ex1: prevalência de leptospirose em bovinos leiteiros - Dados obtidos em um estudo transversal Incidência e prevalência Taxa de prevalência Ex1: prevalência de leptospirose em bovinos leiteiros - Numerador: total de animais positivos no teste (infectados) - Denominador: total de animais coletados (censo ou amostragem) Incidência e prevalência Taxa de prevalência Ex2: prevalência de estereotipias em porcas mantidas em gaiolas - Dados obtidos em um estudo transversal Incidência e prevalência Taxa de prevalência Ex2: prevalência de estereotipias em porcas mantidas em gaiolas - Numerador: total de animais que apresentam algum tipo de estereotipia - Denominador: total de animais observados (censo ou amostragem) Mortalidade Taxa de mortalidade geral Cálculo número de mortos por todas as causas número total de indivíduos Considerar sempre local e período de tempo Multiplicar o resultado por 10n O ideal é fazer o cálculo por espécie Mortalidade Taxa de mortalidade geral Ex1: taxa de mortalidade em poedeiras - Numerador: total de animais que morreram - Denominador: população inicial (população fechada) Mortalidade Taxa de mortalidade geral Ex2: taxa de mortalidade em bovinos de corte - Numerador: total de animais que morreram - Denominador: população na metade do período – 1º de julho (população aberta) Mortalidade Taxa de mortalidade específica (causa) Cálculo número de mortos por determinada causa número total de indivíduos Considerar sempre local e período de tempo Multiplicar o resultado por 10n O ideal é fazer o cálculo por espécie Mortalidade Taxa de mortalidade específica (causa) Ex: taxa de mortalidade em poedeiras (tamanho do ovo) - Numerador: total de animais que morreram por essa causa - Denominador: população inicial (população fechada) Mortalidade Taxa de mortalidade específica (idade) Cálculo número de mortos de determinada faixa etária número total de indivíduos da mesma faixa etária Considerar sempre local e período de tempo Multiplicar o resultado por 10n O ideal é fazer o cálculo por espécie Mortalidade Taxa de mortalidade específica (idade) Ex: taxa de mortalidade em filhotes de cães - Numerador: total de filhotes de cães que morreram - Denominador: número total de filhotes ou de nascidos vivos Letalidade Taxa de letalidade Cálculo número de mortos por determinada doença número de casos da doença Considerar sempre local e período de tempo Multiplicar o resultado por 10n O ideal é fazer o cálculo por espécie Letalidade Taxa de letalidade Ex: taxa de letalidade de cães por parvovirose - Numerador: total de cães que morreram - Denominador: total de cães que apresentaram a doença Formas de ocorrência de doenças em populações Distribuição espacial e temporal das doenças Sistema de Informação em Saúde Animal – MAPA O Sistema Nacional de Informação Zoossanitária (SIZ) é administrado pela Coordenação de Informação e Epidemiologia (CIEP), do Departamento de Saúde Animal, que gerencia os dados e informações sobre ocorrência das doenças, bem como outras informações de interesse para a saúde animal Distribuição espacial e temporal das doenças Sistema de Informação em Saúde Animal – MAPA A CIEP é responsável pelas notificações imediatas de doenças e pelos Informes Semestrais e Anual que são enviados pelo Brasil à Organização Mundial da Saúde Animal, mantendo a comunicação sobre a ocorrência de doenças no país Distribuição espacial e temporal das doenças Sistema de Informação em Saúde Animal – MAPA Como fazer a notificação de suspeita ou ocorrência de doença - O veterinário identifica uma doença de notificação obrigatória e, através do FORM NOTIFICA, realiza a notificação ao Serviço Veterinário Oficial do Estado Distribuição espacial e temporal das doenças Sistema de Informação em Saúde Animal – MAPA Site http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sanidade- animal-e-vegetal/saude-animal/sistema-informacao- saude-animal Conteúdo - Lista de doenças animais de notificação obrigatória - Formulário de notificação de doenças - Situação zoossanitária das doenças - Ferramenta interativa para consultas (1999 a 2016) Distribuição espacial das doenças A distribuição espacial de uma doença transmissível está fortemente associada com: Presença de hospedeiros suscetíveis (animais vertebrados domésticos e silvestres) Ex1: cães (parvovirose) Ex2: bovinos e morcegos (raiva) Distribuição espacial das doenças A distribuição espacial de uma doença transmissível está fortemente associada com: Presença de vetores (animais invertebrados) Ex1: moscas (mastite): vetores mecânicos Ex2: mosquitos Lutzomyia longipalpis (leishmaniose visceral canina): vetores biológicos Distribuição espacial das doenças A distribuição espacial de uma doença transmissível está fortemente associada com: Ambiente propício à sobrevivência do agente biológico e à sua transmissão Ex1: campos úmidos (leptospirose em bovinos) Ex2: sistema intensivo de criação de suínos (infecção urinária em porcas) Distribuição espacial das doenças Distribuição espacial da diarreia epidêmica dos suínos (epidemia nos Estados Unidos, 2014) Distribuição temporal das doenças Formas básicas de distribuição temporal Forma endêmica: a doença está, normalmente, presente na população de uma determinada área geográfica, mantendo-se dentro de limites considerados esperados Distribuição temporal das doenças Formas básicas de distribuição temporal Forma epidêmica: a frequência da doença na população de uma determinada área geográfica ultrapassa os limites esperados Distribuição temporal das doenças Formas básicas de distribuição temporal Forma epidêmica: encefalopatia espongiforme bovina Distribuição temporal das doenças Formas básicas de distribuição temporal Forma epidêmica - A identificação de uma epidemia depende da frequência usual da doença na região, no mesmo grupo populacional, durante a mesma estação do ano Distribuição temporal das doenças Formas básicas de distribuição temporal Forma epidêmica - Um pequeno número de casos de uma doença que não tinha ocorrido previamente na região pode ser o suficiente para constituir a ocorrência de uma epidemia Distribuição temporal das doenças Cálculo do nível endêmico Um dos métodos utilizados para a verificação da ocorrência de uma epidemia é o Diagrama de Controle: representação gráfica da distribuição da média mensal e do desvio-padrão dos valores da frequência observada, em um período de tempo (cinco a dez anos) Distribuição temporal das doenças Cálculo do nível endêmico Distribuição temporal das doenças Formas básicas de distribuição temporal Forma epidêmica: classificação de acordo com a área atingida - Surto: ocorrência da epidemia em uma área restrita - Pandemia: ocorrência da epidemia em vários países; a epidemia se expande de forma incontrolável Distribuição temporal das doenças Formas básicas de distribuição temporal Surto Ex: cólera Distribuição temporal das doenças Formas básicas de distribuição temporal Pandemia Ex: gripe H1N1 Distribuição temporal das doenças Formas básicas de distribuição temporal Forma epidêmica: classificação de acordo com a fonte de infecção - Epidemia por fonte comum: todos os suscetíveis são infectados em uma mesma fonte Ex: intoxicação alimentar em bezerros Distribuição temporal das doenças Formas básicas de distribuição temporal Forma epidêmica: classificação de acordo com a fonte de infecção - Epidemia progressiva: um indivíduo infectado (caso primário) transmite o agente para outros indivíduos suscetíveis, que passam a ser casos secundários Ex: febre aftosa
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