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Curso de Teoria do Estado, Prof. José Ribas Vieira. Redigido por Gabriel Mattos. UNIDADE 1 – Direito x Estado 1. CLASSIFICAÇÕES DE MOMENTOS ESTATAIS • Como os momentos históricos contribuem para o continuísmo histórico do Estado: → Momento Westfaliano → Momento pós-Westfaliano → Sociedade de Risco → 4º momento não denominado (Sociedade Dividida como conceito mais defendido) 1.1. Momento Westfaliano • Possui início em 1648, com a Paz de Westfália, que pôs fim à Guerra dos Trinta Anos (motivos variados: rivalidades religiosas, dinásticas, territoriais e comerciais), definindo, pela primeira vez, uma ordem internacional, tendo o Estado como um centro dessa ordem internacional, montado juridicamente pela teoria alemã, o que caracteriza o Momento Westfaliano como um mundo estadocêntrico, ou seja, o Estado no centro das coisas. Importante frisar que o apogeu desse modelo, desse momento, ocorreu no século XIX, com o surto imperialista (relembrar da noção de darwinismo social). 1.2. Momento pós-Westfaliano • Ele nasce através da ruptura do Momento Westfaliano, durante a Segunda Guerra Mundial (Anos ‘40) e se perdura até o fim do século. • É um momento da debilitação, do enfraquecimento do Estado. Essa dinâmica ocorre em dois níveis: → Necessidade de uma ordem jurídica baseada e guiada por uma Supremacia Constitucional (nível da ordem jurídica interna). → Essa Supremacia surge com a necessidade, de acordo com a doutrina alemã, de assegurar os direitos fundamentais em um nível hierárquico superior (nível da ordem jurídica internacional) — aperfeiçoamento realizado hodiernamente pela nova escola alemã, a Escola de Frankfurt (Habermas, Adorno, Horkheimer e outros). Obs¹: O Momento pós-Westfaliano é responsável pela transição do centro das atenções, das necessidades, do estudo teórico-jurídico. Ele transgride a característica estadocêntrica do Momento Westfaliano, transportando para o indivíduo, para o homem, esse foco de estudo, denominado por mundo antropocêntrico. 1.3. Sociedade de Risco (Ulrich Beck) • Beck dimensiona uma sociedade pós-acidente de Chernobyl (1987), a qual é acometida por riscos permanentes e recorrentes, caracterizados por períodos de espionagem, tensão internacional, ataques terroristas, investimento massificado em indústrias bélicas, etc. (exemplificação) Obs²: A teoria da Sociedade de Risco, idealizada por Beck, propõe o retorno do mundo estadocêntrico firmado pelo Momento Westfaliano anteriormente. 1.4. Existência de um quarto momento • A existência desse quarto momento surge após a insuficiência, a incapacidade, a impossibilidade em que o Estado hodierno possui de se fornecer segurança; o que, na realidade, não deixa de efetivar a ideia já idealizada por Beck. Características que podem fornecer uma maior concretude e singularidade a esse momento são (i) fragmentação da sociedade, (ii) fragmentação do Estado e (iii) prevalência de um modelo de desglobalização/anti-globalização. ___________________________________________________________________________ 2. FORMAÇÃO JURÍDICA ALEMÃ 2.1. Conceituação e características • A formação jurídica é feita pioneiramente pelo Direito Público Alemão, o qual diz, minimamente, que pode contribuir para a delimitação do Estado, caracterizando-o. Com isso, nasce a Teoria Geral do Estado (século XIX). → A Teoria Geral do Estado nasce devido à necessidade alemã de justificar o Estado e o seu surgimento, justificá-lo, sobretudo, de maneira autoritária — contextualizar: momento de unificação alemã, com Otto Von Bismarck. • Importante frisar que a Teoria do Estado estava fundamentada no positivismo científico do século XIX, o que acaba traduzindo o seu próprio apogeu. Obs³: positivismo científico: produção de leis explícitas e específicas. • De acordo com essa noção dada pelo positivismo científico, cria-se uma visão acerca da Teoria do Estado que é ahistórica, neutra e avalorativa, tendo como base o próprio positivismo. • Ideia de norma (resgatado por Hans Kelsen com a concepção de norma fundamental), a qual representa o interesse geral e ocupa o topo da pirâmide normativa. Atualmente, essa ideia de sobreposição de norma fundamental é ocupada pela constituição. • Surgimento de uma ideia oposta, de contestação, a de conflito social, a qual o Estado atua somente para atender interesses de determinados grupos (marxista). 2.2. Dificuldade do Direito de definir o Estado • O Direito trabalha com a ideia de fragmentação do Estado, ele não lida e não admite a noção de delimitar, definir, compreender o Estado em sua totalidade. Para caracterizá-lo, o Direito fragmenta o Estado em diferentes áreas para que haja maior facilidade para lidar com o mesmo. Uma ilustração que caracteriza bem essa ideia é a substituição que o Direito faz do termo “Estado” por outros como “ordem pública”, “interesse público”. • Na dimensão moderna, trabalha-se a noção de constituição, mais propriamente que o conceito de Estado. → Esse protagonismo da constituição aliviou a tensão existente entre Direito e Estado — por quê? Porque o Estado deixou de ser um termo central em deliberações, lugar o qual foi ocupado pela já mencionada constituição. 2.3.Etapas da Formação Jurídica Alemã • II Reich (1870 – 1871): momento de unificação, de nascimento da Teoria Geral do Estado. • República/Constituição de Weimar (1919 – 1933): momento pós-Primeira Guerra, sobreposição de valores constitucionalmente estabelecidos, valorização do indivíduo. • III Reich/Alemanha Nazista (1933 – 1945): Supressão dos direitos civis e das liberdades individuais; sobreposição do Estado sobre o indivíduo. • República de Bonn (1949): proclamação da Lei Fundamental da Alemanha Ocidental, sendo a segunda constituição alemã, fundando uma nova Alemanha, a RFA. ___________________________________________________________________________ 3. NOÇÕES DE DIREITO PÚBLICO ALEMÃO – ÊNFASE EM JELLINEK 3.1. Paul Laband e a vontade jurídica • Por que o ente estatal tem de ter vontade jurídica? Essa vontade jurídica é justificada pela própria força do Estado — estabelece-se, portanto, uma união autocrática, autoritária do Estado. Em outras palavras, o Estado possui seu fim em si mesmo. 3.2. Jellinek e sua tentativa de salvar a Teoria Geral do Estado • Ele assume o objetivo de explicar o Estado em seu papel, reformulando a Teoria Geral do Estado, compatível com o contexto alemão (no entanto, fracassa). • Jellinek também contribui para o futuro do Direito Constitucional, trabalhando a ideia de direitos fundamentais e a necessidade de garanti-los constitucionalmente. • O filósofo alemão traz, ainda, a ideia sobre Mutação Constitucional, muito usada até a atualidade. Obs4: Relembrar a metáfora do navio (positivismo jurídico), com uma nova casa de máquinas (finalidade, inserida por Jellinek), que se choca com o iceberg (realidade social). 3.3. Diferentes classificações dos direitos civis, individuais, fundamentais 3.3.1. Classificação Anglo-Saxônica: • Essa classificação prendeu-se mais à questão dos direitos individuais, direitos que protegem o indivíduo, especificamente. Esses direitos foram assim chamados por Civil Rights. Nessa classificação, nota-se, ainda, que não se encontram direitos sociais, uma vez que não são expansivos — esses direitos sociais são formados por um longo processo a partir do século XVI, na Inglaterra. Os Civil Rights podem ser divididos em um “núcleo duro”, o qual é composto por três princípios que o sustentam. São eles: liberdade, propriedade e igualdade.• Ademais, o que permanece como de peculiar nessa classificação é a necessidade que os países anglo-saxônicos têm de efetuar um norte que oriente a cultura jurídica, efetuando uma espécie de corpo imutável que serve de guia para os princípios e costumes que viriam posteriormente. 3.3.2. Classificação Francesa • Essa classificação nasce com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a qual, semelhante à anglo-saxônica, volta-se aos direitos individuais. O maior intuito dessa dimensão é proteger o indivíduo em face do Estado, limitar o poder estatal frente à liberdade do indivíduo. Além disso, é caracterizado pelos aspectos igualitários e de ruptura com o modelo vigente anteriormente (Absolutismo Monárquico). 3.3.3. Classificação Alemã • A proposta alemã surgiu em meio a uma demanda popular para regulação dos direitos sociais na Alemanha. Diferentemente da anglo-saxônica e francesa, ela possui uma tradição voltada para os “direitos fundamentais” (expressão usada), direitos essenciais à vida do ser. Ela é tida como de portadora de trajetória própria, ou seja, não possui vínculo com as outras tradições. Essa trajetória própria possui origem na Reforma Protestante, com destaque para a Luterana, a qual passou a incentivar a interpretação da Bíblia. A tradição alemã evoluiu muito com a Escola de Frankfurt (inaugurada no início da segunda metade do século XX, década de ‘50 e ‘60), a qual vinculou, sobretudo com Jürgen Habermas, ideais democráticos aos direitos fundamentais, com a construção de uma teoria da ação comunicativa. 3.4. Jellinek e suas contribuições para a mudança do status quo • A principal contribuição de Jellinek diante desse tema de extrema relevância para a consolidação da teoria constitucional moderna foi a proposição da Teoria do Status. Essa teoria trabalha com três dimensões/classificações, as quais são: → Status negativos: relação formal de que o Estado não pode interferir no indivíduo (liberdade individual, exercício de valores culturais e/ou religiosos); → Status Positivos: relação em que o Estado realiza intervenções para promoção desses direitos (políticas sociais, acesso a insumos básicos para existência) → Direitos Políticos: são aqueles que compõem um conjunto de regras que permite a participação do cidadão diante da vida pública do país — esses direitos foram se expandindo com o decorrer do Estado Moderno e pós-Moderno, abrangendo cada vez mais categorias e classes sociais, promovendo uma representação mais legítima do corpo social. • Além disso, existe um conceito que versa sobre a dupla natureza dos direitos fundamentais, correspondente à (i) natureza subjetiva: pertencente a nós, é uma autonomia, mas não é absoluta, são “direitos de defesa” contra os poderes estatais, como conceitua Konrad Hesse; e à (ii) natureza objetiva: proveniente da esfera estatal, macro-social, destina-se a organizar uma atividade que tenha influência coletiva, funcionando como programa diretor para a realização constitucional. 3.5. Mutação Constitucional 3.5.1. Nos EUA • A ideia de mutação constitucional, nos EUA, foi muito forçada devido ao predomínio de um pensamento conservador, apesar de existir uma mudança constitucional. Fortalecimento do Poder Constituinte Originário (“We the people of the United States”). A teoria constitucional Americana preza pelo núcleo duro da Constituição, apesar de admitir emendas à mesma (Poder de emenda, criado pelo PCO, artigo 5º). Em outras palavras, a noção de mutação constitucional, nos EUA, é menos relevante do que o Poder de Emenda, apesar da mesma ainda existir. 3.5.2. Na Alemanha • Na Alemanha, utiliza-se mais a ideia de Mutação Constitucional, ao contrário da noção de Poder de Emenda americana. Essa ideia de mutação, na Alemanha, pode ser subdivida em mutação política e em mutação interpretativa. • A ¹mutação política dar-se-ia pela alteração do texto constitucional e seu significado, ou seja, altera-se o que está expressamente escrito, altera o aspecto formal e material do texto — essa mutação política é executada, na maioria das vezes, pelo próprio Poder Constituinte Derivado. Ao contrário da mutação política, a ²mutação interpretativa dar-se-ia pelo sentido interpretativo somente, alterando o entendimento sobre determinado dispositivo, apesar de manter o que está escrito no corpo do texto constitucional — na dinâmica nacional, isso é protagonizado pelo Supremo Tribunal Federal. ___________________________________________________________________________ 4. FORMAÇÃO JURÍDICA FRANCESA 4.1. Conceituação e características • O processo de formação jurídica da França foi diametralmente diferente do alemão. É necessário que se perceba que o Estado francês já está totalmente formado no século XIII e XIV (base oferecida pelo absolutismo monárquico). Na França, contrariamente à Alemanha, não foi preciso justificar o Estado, mas administrá-lo. Enquanto a perspectiva alemã era dotada de uma dinâmica jurídica, a francesa era muito mais voltada para uma dinâmica sociológica, para um aspecto sociológico. A modernização na França ocorre durante o ambiente revolucionário, enquanto a Alemanha só passa por esse processo somente no fim do século XIX. É importante realçar, ainda, que a França possuía uma organização completa e com certa complexidade para a época. • Ainda quanto a esse processo de modernização do Estado francês, um acontecimento de suma importância para o seu prosseguimento, para a sua continuidade, foi a Revolução Francesa. 4.2. O protagonismo do Direito Administrativo francês e um Direito Constitucional atrofiado • Seguindo uma corrente diferenciada em comparação ao modelo alemão — o qual teve um foco acadêmico maior quanto às bases de direito constitucional —, o modelo francês, inspirado pelos ideais revolucionários de ruptura e pela prioridade de um novo método organizacional do Estado, inaugura e faz muito uso do direito administrativo. • Um fato que ilustra essa secundarização do direito constitucional foi a promulgação de um código civil inovador e vanguardista para a época. O Código Civil Napoleônico, de 1804, prevalece diante de um processo de constitucionalização na França. Com isso, ele absorve os ideais revolucionários à medida que garante direitos, os quais não eram pautados anteriormente ou, então, eram pautados de maneira “rudimentar”. • O legado constitucional francês é dotado de um fundamento sociológico (Émile Durkheim), diferente do alemão que se pautava em questões meramente jurídicas, positivistas. Obs5: o modelo constitucional francês possui dois momentos de ‘’apogeu’’, os quais são materializados pela Constituição de 1870 e pela Constituição de 1956. 4.3. A perspectiva francesa diante da existência do Estado • No fim do século XIX e início do XX, a França passa por um “surto intelectual”, o qual implica o surgimento de pensadores que passam a estudar mais profundamente o Estado. Léon Duguit, um dos pensadores, trabalha com a perspectiva sociológica do Estado, conceituando a ideia de coligações de corporações. Maurice Hauriou inaugura um conceito que é usado até a atualidade, que é a ideia do Estado como uma instituição — essa perspectiva é sociológica, mas, diferentemente dos seus conterrâneos, Hauriou inaugura uma nova concepção, uma perspectiva própria e autêntica. Não obstante, a Escola de Frankfurt da metade do século XX é muito influenciada por Hauriou, além do respeito e reconhecimento que os juristas alemães têm por ele. • Além desses pensadores que se preocupavam em conceituar e caracterizar o Estado francês por meio de métodossociológicos, outro teórico francês, Carré de Malberg, procura responder esse retardamento acadêmico francês contraposto à evolução alemã. A resposta encontrada baseia-se no fato da existência de uma universidade alemã modernizada, exemplar, uma universidade de pesquisa, fundada sobre os princípios de Wilhelm von Humboldt. • Concepção de Carré de Malberg: Formação Jurídica é o momento em que a coletividade estatal se organiza e possui órgãos que querem e agem por ela; o Estado, então, existe (ideia da filosofia contratualista, de nascimento do Estado Civil). O Estado nasce e permanece através de todas as mudanças. 4.4. A segunda trajetória (Anos 1960) • O Estado francês, nesse período, atravessa uma profunda crise de reflexão teórica, verificada pela sobreposição alemã, a qual teve como principal movimento de expansão acadêmica a Escola de Frankfurt. Para o momento, houve pouca contribuição francesa para entendimento do Estado, ocasionando um vácuo e uma grande incerteza sobre onde o mesmo — Estado — é estudado (destaque para Michel Foucault). ___________________________________________________________________________ 5. FORMAÇÃO JURÍDICA ITALIANA 5.1. Conceituação e Características • A Formação Jurídica Italiana ocorre concomitantemente à alemã, além de ambas serem tardias. No entanto, na Alemanha, ocorreu um alto desenvolvimento industrial e alta complexidade social com a presença de um Estado forte e capitalista. Na Itália, inversamente, houve um predomínio de uma nação agrária, com uma forte influência e poder da Igreja Católica. • Assim como a França, a Itália apresenta um Direito Administrativo muito consistente. Por outro lado, o que se indaga é a existência da solidez desse âmbito do direito sendo que, na Itália, não existia um Estado consolidado como havia na França desde o século XIII. Além desse destaque do Direito Administrativo, o mesmo divide espaço, a partir do século XX, com o Direito Constitucional, o qual foi dotado com grande rigor e prestígio, sobretudo após a Constituição Italiana de 1948. 5.2. Constituição Italiana de 1948 • A Constituição Italiana de 1948 possui uma abordagem de forma contextualizada, contribuindo para uma adequação constitucional à realidade social existente, além de vincular o ideal do trabalho com o capital. • É importante frisar ainda que tal constituição teve como consequência a adoção de uma Corte Constitucional, sendo efetivada após 8 anos da promulgação da Constituição, ocorrendo em 1956 — destaque para o constitucionalista italiano Gustavo Zagrebelsky, que atuou como ministro dessa Corte de 1995 à 2004, presidindo-a em 2004. 5.3. O modo de se estudar o Estado Italiano e a contribuição de seus notórios teóricos • O estudo do Estado dentro da Itália se dá, no decorrer de sua história, pela filosofia política. Tendo como destaque os teóricos Nicolau Maquiavel, Giambattista Vico, Antônio Gramsci, Noberto Bobbio, Giorgio Agamben, Luigi Ferrajoli, entre outros. • Quanto a Vico, notam-se duas contribuições: visão de historiografia (1) — tendo como intuito entender a história através de um processo cíclico, momentos negativos e positivos; e a ideia de governo misto (2) — essa concepção trabalha com a ideia de um governo perfeito, o qual reuniria as melhores formas de governo. Quanto a essa última concepção, trazendo para o plano prático, a última vez que houve uma ideia dessa, uma noção construída sobre tal concepção (governo misto) foi na República de Weimar. 5.3.1. Século XX • Em uma abordagem mais hodierna, pode-se notar figuras que ilustram essa filosofia política italiana e sua excelência. 5.3.1.1. Antônio Gramsci (década de 30) → Ocidentaliza o papel do Marxismo por intermédio da supra-estrutura, da ideologia (plano das ideias) → Atualíssimo no Brasil em 2017, devido a alta crise econômica, política e institucional (crise hegemônica das classes dominantes, conceito defendido por Gramsci) → Crise no bloco histórico (concepção gramsciana), sendo esse um momento social, de predomínio de força 5.3.1.2. Norberto Bobbio (segunda metade do século XX) → Duas contribuições: a primeira é a teoria política (1), tentando conciliar a ideia de igualdade com liberalismo (mais liberdades e mais igualdades), a ideia de Democracia Representativa e defendendo a transparência pública. A segunda, portanto, é a teoria do direito (2), recepcionando o positivismo jurídico Italiano. É importante frisar, não obstante, que, para a Teoria do Estado, a que possui maior relevância é a contribuição da teoria política. 5.3.1.3. Giorgio Agamben (fim do século XX, início do XXI) → Influenciado por Foucault, sobre a ideia de controle → Trabalha a ideia de Estado de Exceção → Releitura de Carl Schmitt ___________________________________________________________________________ 6. FORMAÇÃO JURÍDICA ESPANHOLA 6.1. Constituição Espanhola de 1931 • Antes de se falar da Constituição em si, é necessário esclarecer que a Formação Jurídica Espanhola sempre existiu, mas se firmou na Constituição. • A Constituição Espanhola de 1031 durou pouco, mas foi generosa, limitando a influência da Igreja Católica, aumentando os direitos sociais e limitando o poder estatal frente ao indivíduo – influenciada pela de Weimar, de 1919. 6.2. Constituição Espanhola de 1978 • É enfática ao conferir unidade da soberania do Estado espanhol, e sobre a autonomia de regiões da Espanha (não é federalizado, mas é regionalizado — destaque para o País Basco e a Catalunha); ela conceitua mais propriamente a teoria do Estado e o Direito Constitucional. ___________________________________________________________________________ 7. FORMAÇÃO JURÍDICA AMERICANA • A Formação Jurídica Americana se baseia no sistema de case system, o que seria o trabalho de casos concretos. • O modelo americano contribuiu para uma dinâmica constitucional baseada no texto, mas, sobretudo, nas decisões judiciais da Corte Suprema. • Cabe frisar ainda que, diferente dos demais sistemas, o modelo estadunidense (anglo- saxônico como um todo) é um modelo de common Law, ou seja, que se funda na aplicação de normas que não estão escritas, mas estão baseadas no costume, nos precedentes (jurisprudência). ___________________________________________________________________________ 8. FORMAÇÃO JURÍDICA BRASILEIRA 8.1.Períodos 8.1.1. Primeiro Período → A Formação Jurídica Brasileira tem como característica inicial a dificuldade no estudo do Estado no século XIX (fim do período colonial e início do Império). → Ele percorre todo o momento monárquico e/ou imperial no Brasil, de 1822 até 1889. → Cabe citar ainda as duas preocupações do ensino jurídico da época: as atribuições do Poder Moderador conferido pela de Constituição 1824 (1), além da discussão feita acerca da dualidade centralização-descentralização (2). → Atrofia do Direito Privado no Brasil: O direito privado no Brasil não avançou devido a presença de um longo momento escravocrata, enquanto o Público acabou sendo prejudicado pela centralização do Poder (ilustrado pela existência de um quarto poder, o Moderador). → Outro fator que contribuiu para a dificuldade de consolidação da formação jurídica no Brasil foi o processo tardio de codificação que ocorreu no país — código criminal de 1830, código civil de 1916. 8.1.2. Segundo Período → O segundo período da Formação Jurídica Brasileira vai de 1889 até 1930. → Nesse momento, recepciona-se, com o advento republicando, o modelo estadunidense constitucional, materializadopela Constituição de 1891, a primeira republicana. → O foco não era entender o Estado, mas compreender o modelo constitucional estadunidense para aplicá-lo à realidade brasileira (figura de Agenor Nury como intérprete) → Outra característica importante desse período, e que se manteve com as constituições republicanas que a sucederam, foi a de proeminência da Suprema Corte. 8.1.3. Terceiro Período → Período o qual perpassa toda Era Vargas (1930 – 1945). → Durante esse momento, recepciona-se no Brasil a Teoria do Estado. → Curiosidade: Na Faculdade Nacional de Direito, a disciplina é imposta por Getúlio Vargas em 1937. → A Teoria do Estado é inaugurada com base autoritária, condizente e para justificar o Estado Novo. 8.1.4. Quarto Período → O quarto período se dá do ano de 1945 ao ano de 1972. Iniciando junto ao término da Era Vargas e iniciando em pleno ano de chumbo da Ditadura Militar, com a Reforma Curricular de ’72. → Durante esse período, indaga-se o porquê de, na transição democrática (1964), manter-se a disciplina de Teoria do Estado. A resposta baseia-se na sociedade autoritária que se apresenta no país, e essa sociedade precisa estudar a disciplina. → A Reforma Curricular de 1972 acaba com a Teoria do Estado, incluindo- a em Direito Constitucional I. 8.1.5. Quinto Período → O quinto período vai de 1972, com a extinção da disciplina, até 1994, que instituiu uma nova reforma curricular (já pertencente ao sexto período). → Durante o quinto período, houve inclusão das novas demandas sociais no ensino jurídico. → Há um retorno da disciplina de Teoria do Estado com a Ciência Política, estabelecendo uma abordagem crítica. 8.1.6. Sexto Período → É aquele que vai de 2004, com a Resolução CNE nº 09, de 2004, até a atualidade. → Retira-se, nesse período, a obrigatoriedade do ensino da disciplina de Teoria do Estado no país, podendo ser lecionada juntamente com Direito Constitucional. 8.2. O porquê de a Formação Jurídica Brasileira ser errática • A Formação Jurídica Brasileira é errática, visto que não tem direcionamento, mas o estudo do Estado no Brasil é estratégico. → Compreender o Estado na ordem jurídica interna e externa → Por não possuir uma linearidade, a Teoria do Estado acaba sendo prejudicada ___________________________________________________________________________ UNIDADE 2 – Poder Político 1. DIFICULDADE, CARACTERÍSTICAS, CRITÉRIOS E CONCEITO • O objetivo é dar uma interdisciplinaridade ao estudo do Estado – inclusão da Ciência Política. 1.1. Dificuldade que se dá em três dimensões • A necessidade de definir o Poder Político (1): seria uma relação de domínio? Seria uma autoridade? Um processo decisório? • A sociedade está imersa a relações de poder (2), é necessário delimitar essas relações e identificar onde estão. • O Estado é uma forma de poder político institucionalizado. 1.2. Características do Poder político • O Estado não se reduz quanto à coação, mas se traduz ao poder político com uma visão coativa. • A ciência política tem dificuldade de delimitar seu objeto, seu conceito (verificar o tópico anterior sobre as dimensões da dificuldade do poder político). O que ele estuda? Sobre o que ele versa e sobre o que ele implica? • Todas as relações sociais na sociedade são relações de poder. • A Ciência Política se forma como disciplina no fim do século XIX por influência norte- americana. • A preocupação da Ciência Política se dá pela natureza quantitativa. 1.3. Critérios para delimitação do Poder Político na Sociedade 1.3.1. Espaço • Configuram-se, nesse critério, dois tipos de relações sociais: a de natureza micro (1) e a de natureza macro (2). → de natureza micro: possui mais força que a macro por seu critério disciplinar, estudada por Foucault. Funciona por ser disciplinar e introjetar valores (imaginar ideia de “capilaridade”). → de natureza macro: é onde se situa o poder político. A natureza macro é caracterizada pela hierarquia — separa o poder político da sociedade, com um status hierárquico superior. É macro e político porque tem um grau de generalidade, ou seja, atinge a todos. Institui a si mesma e institui a sociedade (caráter de instituição: lembrar de Hauriou). Obs¹: Só a sociedade moderna configura o poder político em macro, criando corpo e ganhando a noção de Estado. Esse termo (Estado) surge no século XVI, na Itália, e evolui até a atualidade. “Estado” é uma ideia moderna e possui etimologia italiana. Obs²: Poder político tem o poder de império sobre a sociedade (definição do século XVI); poder de império resume-se à imperatividade da ordem estatal, é a imposição de condições e objetivos que visam o bem-comum aos cidadãos pelo Estado. Obs³: O poder político dissocia-se da sociedade formalmente por hierarquia, generalidade e instituição. Obs4: No século XVII, na Inglaterra, cria-se a noção moderna de representação política, explicitando que o poder político é aquele garantido pela própria sociedade, sendo que a mesma legitima aquele. 1.3.2. Demarcando o tratamento interdisciplinar do poder político • Ciência Política: não tem consenso a respeito do conceito, dificultando o diálogo e, consecutivamente, sua contribuição para a interdisciplinaridade. Apesar disso, no fim do século XX, a ciência política contribuía com subsídios importantes para a questão da internacionalização/globalização. 1.3.2.1. Etapas da Internacionalização → 1ª etapa – séc. XVI ao XVIII: revolução comercial, dando-se as origens do colonialismo. → 2ª etapa – séc. XIX aos anos 1970’: etapa da revolução industrial. → 3ª etapa – anos 1970’ aos anos 1990’: apogeu da internacionalização com a globalização. → 4ª etapa – séc. XXI: crise da globalização com a crise imigratória. 1.3.2.2. Antropologia Social possui três contribuições: apontou a natureza simbólica (ritos, vestimentas, procedimentos) do poder político, não sendo fundamentado pelo poder coativo, como defende o direito moderno (1); além de firmar que não existe sociedade sem poder político (não significa o Estado, mas poder político) (2); contribuiu, também, para compreender mais incisivamente as relações sociais de natureza micro, através de uma observação participante (3). 1.3.2.3. Sociologia (mais recente): contribui através do estudo dos movimentos sociais, qualificação de uma visão para a transformação do poder. Obs¹: Hoje em dia, há uma “conurbação” entre essas disciplinas, criando uma teoria social única. Obs²: O direito não se preocupa em explicar o poder político, mas tenta explicar sua consequência, os resultados que o mesmo produz. 1.4. Conceito de Poder Político • O poder político apresenta uma natureza macro e deve ser conceituado de maneira crítica e interdisciplinar. Não cabe analisá-lo de uma única perspectiva ou área do conhecimento. A análise sobre sua base tem de ser feita de maneira contextualizada e com diferentes perspectivas. ___________________________________________________________________________ 2. OS MODELOS DO PODER POLÍTICO 2.1. Modelo A • O modelo A já existia nas sociedades primitivas. Nesse modelo, o poder e a sociedade estão interligados, estão articulados. Há de se destacar como exemplo a Atenas Antiga, formatada por uma sociedade política, em que a sociedade participa do poder. Há não só uma aplicação com a sociedade, mas com a participação em si (figura da Ágora). Rompe com o aspecto mitológico e passa a se fundamentar emoutros aspectos. O modelo romano também é um exemplo disso. *Ágora: espaço público predomina em relação ao privado, fazendo valer a autonomia e a cidadania. 2.2. Modelo B • É o modelo clássico da forma de Estado. Há uma construção do poder político no sentido moderno e como isso se expandiu. Em vista disso, ocorre a separação entre poder político e a sociedade, sendo aquele (poder político) sobreposto hierarquicamente e institucionalmente a essa (sociedade); tendo “poder de império”, transforma-se em o que se tem ideia hoje acerca do termo “Estado”. • Poder político tem poder graças à sociedade. Esse modelo existe, ainda no século XXI, mas em estado de crise. 2.3. Modelo C • Com a crise do modelo B, o modelo C é deflagrado, durante a década de 1970’, pela transformação do “encapsulamento do Estado” pela sociedade, suas pressões, movimentos sociais e organismos internacionais. 2.4. Modelo D • Passa a existir, no modelo D, uma sociedade de controle, originada pelo acidente nuclear de Chernobyl, em 1986. Esse modelo é utiliza-se muito da teoria da Sociedade de Risco, de Ulrich Beck. Há, também, uma permanência do poder de segurança do Estado, de coerção, já existente no modelo B. ___________________________________________________________________________ 3. LEGITIMIDADE E LEGALIDADE • A Formação Jurídica volta-se para um aspecto formal, voltado para a legalidade, fazendo com que o direito não dialogue com a questão de legitimidade. • Legitimidade é um critério valorativo, que, por consenso, estabelece/define seu conteúdo. É um critério a priori (que vem antes). • Legalidade é um critério normativo, posteriori (depende da legitimidade para ser definido, estabelecido). • Max Weber: → Estabeleceu os critérios de legitimidade e legalidade; ele parte da teoria da ação social (ela se moderniza, e com essa modernização, há um processo de burocratização e de normatização). → Tipologia de Legitimidade, segundo Weber: a) Tradicional b) Carismática c) Burocrático-legal ___________________________________________________________________________ 4. O RACIONAL- BUROCRÁTICO E O ESTADO DE DIREITO Racional-Burocrático → Legalidade → Estado de Direito • O Estado de Direito já surge no século XVI, por intermédio do Racional-Burocrático. → O Direito institui o Estado, limitando-o. → Século XVII: racional-Burocrático, legalidade e Estado de Direito existem, mas segundo a concepção inglesa se dissociam em dois aspectos: (1) O direito institui o Estado, mas (2) limita o mesmo. → A Inglaterra cria, no fim do século XVII, o Rule of Law, que seria a presença do Parlamento. O Parlamento é o centro do Estado de Direito. O Parlamento promulga, controla e restringe a lei. O Parlamento é ativo! → Rule of Law: poder ativo do Parlamento, para além de sua centralidade. → Fim do século XVIII: a Prússia cria a expressão de “Estado de Direito”, cunhando um racional-democrático e uma legitimidade com base administrativista. → Século XIX: contribuição francesa de cunho liberal, sendo muito mais retórica (os que mais contribuíram foram o inglês e o prussiano). → Segunda metade do século XX: fundada pelos alemães com um Estado de Direito Constitucional (passam a existir naturezas ética, diversidade de gênero, de transparência, etc.) ___________________________________________________________________________ 5. DIAGRAMA DOS MODELOS 5.1. Modelo A • Predominava uma legitimidade no mundo ateniense, uma legitimidade de natureza ética e moral. Havia uma simbiose entre o cidadão e o poder; o poder tinha um poder de arte, de aperfeiçoamento científico. • Predominavam no mundo Romano as instituições (aspecto institucional e fundacional). Esse modelo é do Republicanismo, uma legitimidade republicanista, institucional e fundacional. O modelo era voltado para forças das instituições → Força da Cidadania → Democracia Deliberativa embasava essa força. Três focos: instituição (1), cidadania deliberativa (2) e as liberdades de participação (2). Obs¹: Fim do século XVIII: embate de uma concepção de republicanismo ou a concepção de doutrinas liberais (2ª queda de Roma → vitória dos liberais) + Retoma-se no fim do século XX a concepção do Republicanismo. Obs²: Republicanismo no Brasil: Reside no Ministério Público, amparado na Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB/1988). 5.2. Transição anterior ao Modelo B • Pensamento cristão medieval, contribuindo bastante para a sociedade moderna do modelo B, por intermédio de uma laicização do poder. • Quem deu início à laicização foi Santo Agostinho, o qual dizia que o mundo perfeito (cidade de Deus) é inalcançável. • Há, dessa forma, uma separação do mundo imperfeito dos homens e o mundo perfeito de Deus. • Tomás de Aquino e suas três contribuições: → Existe, sim, essa dualidade de mundos, mas o mundo dos homens pode chegar a alguma perfeição. → Como o homem pode chegar a alguma perfeição? A ideia do governo misto (concepção de Políbio, já no século III a.C., resgatada por Tomás de Aquino e Giambattista Vico) resumindo as melhores formas de governo, podendo viabilizar alguma perfeição. → Tipifica a ideia de tirania, levantando a ideia de Direito de Resistência para chegar a um governo misto — relembrar o Direito de Resistência em Locke (desobediência civil em Thoureau). Obs¹: A ideia de totalitarismo e ditadura no século XX, e no final do século (década de ’70), inicia-se a propagação do fundamentalismo. Com isso, tem-se como exemplo o Mundo Árabe, que não passou por um processo de laicização. 5.3. Demais modelos • Modelo B: Desaparece a noção da legitimidade, para o surgimento da noção de legalidade. • Modelo C: Há um retorno da legitimidade, onde o Estado está encapsulado. • Modelo D e E: Aprofundamento da ideia de legalidade, ascensão de um momento do Estado de Exceção (diferenciados na questão da sociedade de Risco do modelo D, precaução, prevenção; enquanto o modelo E se configura por ser um modelo de austeridade, fornecendo a ideia de insegurança, caracterizado pela perda de direitos, sobretudo de direitos sociais). UNIDADE 3 – Conceito e Definição do Estado • Georg Jellinek contribui para a conceituação e definição de Estado ao pontuar quatro elementos essenciais do mesmo, que seriam: soberania (1), território (2), povo (3) e finalidade (4). 1. SOBERANIA 1.1. Natureza Jurídica e suas modalidades • A natureza jurídica possui dois critérios: Personalidade Jurídica (1) e Capacidade Jurídica (2). a) Personalidade Jurídica é a aptidão de se possuir direitos (a ordem jurídica nos reconhece e assegura nossos direitos juridicamente) b) Capacidade Jurídica é a aptidão de se exercer direitos, para além de possuí-los. • Como conceito, a soberania pode ser entendida como a capacidade jurídica do Estado, só ele a detém, é um monopólio. Torna-o apto a regular bem e pessoas (sem essa capacidade, o Estado se extinguiria). • Conceito do Estado passa sobre essa noção de capacidade e personalidade. Sendo a capacidade jurídica do Estado algo excepcional, ou seja, só ele a possui da forma como possui – de natureza peculiar, diferenciada, singular, própria, etc. → Capaz de regular bem e pessoas → Só ele detém essa hipertrofia da capacidade jurídica • Qual o objetivo da Teoria Geral do Estado em meio a esse campo? Seu objetivo é conceituar o Estado em si e, não obstante, a soberania colabora juridicamente para essa conceituação. ___________________________________________________________________________2. SOBERANIA DO ESTADO – TRAJETÓRIA DE SUA NATUREZA JURÍDICA 2.1. Construção do conceito jurídico do Estado a) Mundo medieval cristão: manifestava-se através de um pluralismo jurídico (convivia- se o direito romano com o canônico e o bárbaro). Tinha-se, também, as obrigações (entre o senhor e o servo, por exemplo), que fundamentava a questão jurídica. A obrigação mais importante era a do matrimônio, que originava a sucessão de bens. Ilustrado pelo conflito do poder espiritual – Igreja – com o poder temporal – Estado –, presente, sobretudo, nos séculos XII e XIII. O poder da Igreja fomentou as escolas de direito nas universidades para solucionar os conflitos normativos entre Estado e Igreja (temporal versus espiritual), mas houve o prevalecimento, pelos jurisconsultos, do poder temporal, resultando no surgimento do poder soberano, o poder de posse. → Marsílio de Pádua: fez uma leitura política de soberania, para além de sua natureza jurídica. → Jean Bodin: fortaleceu e consolidou a noção de soberania, adotando duas características de sua natureza, sendo perpétua (1) e absoluta (2). Hodiernamente, assume-se a soberania como una, indivisível e inalienável, características que possuem influência da concepção dada por Bodin. b) Inglaterra do século XVII: delimita-se o conceito da soberania no Estado, com o surgimento da propriedade privada, estratificação social moderna e representação política moderna. Para compreender a soberania no Estado, é necessário que se observe como e no nome de quem se exerce a soberania. 2.2. Hobbes, Locke e a contribuição Inglesa • Contextualização: a) Revolução Inglesa (1640 – 1648): Interrupção da monarquia inglesa, com a subida de Cromwell ao poder e a decapitação de Carlos I b) Revolução Gloriosa (1688 – 1689): Deposição de James II e a subida de sua filha ao poder. c) Ambas as revoluções traduzem o limite do poder por intermédio de um entendimento feito primorosamente por Thomas Hobbes e John Locke. • Contribuição Inglesa: Teoria Contratualista, resultado prático dessas transformações para fundamentar o poder moderno (o poder passa a ser fruto da vontade dos homens — Contrato Social) → fundamenta a legitimidade na legalidade. 2.3. Teoria Política e Teoria do Direito Teoria política ≠ Teoria do Direito • A Teoria Política está fundamentada no Contrato Social, mas não é exclusiva da Teoria Política. • A Teoria do Direito é influenciada pela Teoria Política, que traduz a ideia de Contratualismo (teoria do Contrato), A teoria do Direito incorpora para sempre a Teoria do Contrato, enquanto a Teoria Política busca fundamentação em outras áreas. A Constituição é o fundamento, o exemplo mais importante do Contratualismo. 2.4. As bases da Teoria do Contrato Moderno • Teoria do Contrato Moderno está fundamentada em três variáveis: a) Delegação: autoritas, em Hobbes, é portada por cada cidadão, sendo que os mesmos a renunciam para criar o poder soberano, os cidadãos delegam a autoritas para a criação do poder soberano. Com isso, forma-se a Commonwealth (Comunidade de Bem-Estar) que exerce a força da lei sobre o indivíduo já no Estado Civil. b) Concretização dessa delegação — representação política moderna: Não surge no século XVII, ela é moldada já no período medieval, tendo a Igreja (Vigário de Deus, Papa; emanação do poder divino) como exemplo. c) Contrato (Pacto Político): esse pacto não pode ser rompido. Somente no século XVIII, através das Teorias Constitucionais Americana e Francesa, passa a ocorrer a institucionalização do contrato, criam-se, então, as instituições, os procedimentos. 2.5. Teoria Constitucional Americana •Trouxe uma contribuição importante para institucionalizar o Contrato: → A constituição como instituição desse Contrato, recusando a ideia de Hobbes e Locke. → Embora a teoria constitucional não tenha trabalhado muito isso, aparecendo mais na Convenção de Filadélfia, tem de se haver um Poder Constituinte, o qual elabora a Constituição. → Esse Poder Constituinte tem o fundamento democrático (foco no preâmbulo da Constituição Americana – 1787, “We The People”). → Tem de se possuir um instrumento para respeitar a Constituição, sendo, nos EUA, a Corte Suprema — Judicial Review.] 2.6. Teoria Constitucional Francesa • Necessidade de se entender a França do final do século XVIII em uma etapa pré- revolucionária. • Duas crises na França pré-revolucionária: → escassez alimentar → Derrota na Guerra dos Sete Anos para a Inglaterra, implicando uma reforma fiscal, havendo necessidade de pagamento de impostos pela nobreza e pelo clero. Essa reforma não se efetuou, forçando a convocação dos Estados Gerais (eleições) pelo Rei. • Figura de Sieyés: homem do baixo clero que se candidatou pelo Terceiro Estado. → Criou três cadernos de reivindicação, tendo destaque para o “O que é o Terceiro Estado?”, o qual fazia uma profunda análise daquele que compunha a maior parte da sociedade francesa e era marginalizado politicamente. → Dota a teoria constitucional francesa de um Poder Constituinte, ou seja, de uma Constituição, demandada por esse Terceiro Estado. • A Teoria Constitucional Francesa traz como ideia a sobreposição da ideia de nação. Nesse aspecto, os pensadores conservadores da época visavam a institucionalização do Estado, objetivando um maior controle acerca da classe operária. Esse controle se deu por duas formas: → Primeiro, com o estabelecimento do ato de votar como um ato jurídico, um ato formal, que tinha de ser aberto (não-secreto). → Segundo, com o controle da soberania do Estado no fim do século XIX por intermédio do medo, lembrando e amedrontando a população com a sombra do período do Terror, que assolou a França Revolucionária, que contou com a presença de mecanismos. Esses mecanismos são dados por meio da criação de uma interpretação da Constituição Francesa, uma interpretação inverídica, mas servia aos seus propósitos. Diante disso, o exercício da soberania na França Revolucionária se deu de duas formas: Nacional, com a Constituição de 1791, e Popular, durante o período do Terror com a Constituição de 1793. • A soberania nacional, nesse sentido, pode ser entendida como a noção de que há uma autonomia entre o representado e o representante. O que, no entanto, não ocorre na dimensão política, visto que o eleito tem de representar interesses. Essa forma de exercício da soberania possui uma ideia de que o representante representa uma noção de totalidade, tem o todo como objeto de representação. • A soberania popular, paralelamente, não tem essa noção de haver uma autonomia entre o representante e o representado. Nesse modelo há, implicitamente, o ideal de um processo democrático mais radical, o qual muito se assemelha à democracia da Grécia Antiga. • Perante a esses modelos de exercício, existem dois tipos de mandato: o imperativo e o representativo. O mandato imperativo é aquele que não existe autonomia entre o representante e o representado, o qual configura a noção de soberania popular; enquanto o mandato representativo é aquele que já há uma autonomia entre representante e representado, presente na soberania representativa. 2.7. Poder Constituinte Originário e Poder Constituinte Derivado 2.8. As contribuições econômicas inglesas, a institucionalização da soberania e a fundição da soberania popular e representativa • No século XVIII, a Inglaterra passa a contribuir e dar mais enfoque à teoria econômica, como a concretização da ideia de um pensamento que passa a elaborar a ideia do mercado;o abandono da Teoria Política, devido o controle das ações estatais, que passam a ser reguladas pelo próprio mercado; além do surgimento de uma figura da sociedade de controle de Bentham, recusando a presença do Estado, ocasionando um maior comprometimento inglês com a noção do mercado, da Teoria Econômica, do que propriamente da Teoria Política. • No século XIX, passa a haver uma institucionalização maior da soberania do Estado, por intermédio de um processo dado por lutas políticas, ilustrado pela participação política da classe operária, com o sufrágio estendido, a sindicalização, a formulação de partidos de contestação. Em vista disso, inaugura-se uma praxe política altamente conflitiva dada pela classe operária. • Iniciando o século XX, há uma profunda crise no processo representativo. Para aperfeiçoar esse processo, teve de se encontrar mecanismos da soberania popular, visto que não há mais distinção dessas duas soberanias após a Segunda Guerra Mundial, o que se figura é um regime democrático baseado na representação popular. Esse regime é marcado pela participação e representação da população, a qual é representada indiretamente por congressistas, mas também participa do jogo político por intermédio de referendos, plebiscitos, abaixo-assinados, etc. 3. TERRITÓRIO – TEORIAS E EXPANSÃO 3.1. O Território e suas funções • O Território cumpre o mesmo papel da soberania, que é o de colaborar para a definição do conceito de Estado – categorias definidas por acepções e noções jurídicas. Esse conceito é uma noção recente, criada entre o séxulo XI e XII, o qual remete a uma noção jurídica de jurisdição, que seria aquilo que gera direitos. • O surgimento do conceito de Território se deu por duas variáveis: → Variável política-econômica, em que retomam-se as relações econômicas, criando- se uma ideia de mercado, com um direito concentrado. → Variável jurídica (assim como na soberania), a qual persiste um conflito de direitos, uma vez que a sociedade medieval era organizada por obrigações e responsabilidades. 3.2. Teorias do Território • Teoria Patrimônio: A Teoria Geral do Estado justifica como o território pertencente ao soberano. O Território possui uma fundamentação patrimonialista, conceito weberiano, o qual propunha essa sociedade patrimonialista como pertencente a um grupo privilegiado. • Teoria Objeto: O Território surge como objeto de direito público, o mesmo deixa de ser pessoal. Surge em um Poder Político mais consolidado. • Teoria Espaço (também chamada de “Espaço Vital”, durante a década de 30 pelo Nazismo): Essa teoria foi criada pela Geopolítica para estudar as variáveis dos determinismos geográficos, climáticos, econômicos, entre outros. A chamada “Teoria do Espaço Vital” comandou as guerras de agressão na Segunda Guerra Mundial e possuía uma ideia maior de ideologia, sendo condenada pelo Tribunal de Nuremberg, no pós- Guerra. • Teoria Território-Competência: Essa teoria foi influenciada por uma visão kelseniana, e tinha a ideia de que o Território passaria a ser sobreposto pelas normas. Tal teoria também cria certa “desterritorialização” para bens, mercadores, voltando-se para a globalização. Há, não obstante, uma prevalência normativa e de contratos. 3.3. Expansão do Território • No século XVI, a noção que se tinha de território era uma noção física, o que fortaleceu a cartografia. • Durante o XVII, expande-se a noção de Território: divisão do Tratado de Tordesilhas até o Século XVII, que se desfaz em duas formas: → Expansão marítima comercial, protagonizada pelos ingleses (1). → Surgimento do momento westfaliano e a doutrina de Hugo Grócio (2), em defesa da liberdade dos mares. • Já no século XVIII, houve um apogeu da expansão do território. Esse apogeu é protagonizado pela expansão do mar territorial, que se inicia com três milhas da costa e, posteriormente, expande-se para doze milhas. • No mundo pós-45, devido a descolonização, os países não-colonizadores levantaram a bandeira das duzentas milhas. Com isso, houve uma regulação sobre essa questão no Tratado e Regulação do Mar, o qual versa que passou a existir uma soberania plena em doze milhas da costa e nas outras cento e oitenta e oito (188) há uma soberania de natureza econômica. Nesse mesmo momento, juntamente ao mar, expande-se também o espaço aéreo, sobretudo em relação ao tráfego de pessoas. 4. POVO – NOÇÃO DE SENSO COMUM E CIDADANIA 4.1. Problemas, categorias e as contribuições de T. H. Marshall • O conceito de “Povo” é dificultado devido a dois problemas: se o mesmo é uma categoria jurídica e se possui uma categoria científica. • A realidade social pode ser entendida por intermédio do senso comum (ideologia), idealizada por Boaventura de Sousa Santos, ou pelo discurso científico, que se divide em metodologia, categoria ou instituição e neutralidade ou objetividade. • A ideologia realiza uma perspectiva crítica da realidade social, enquanto o discurso científico é composto por categorias. Categorias essas que se dividem em três: metodologia, objetividade e, no direito, a instituição compõe a categoria científica. • A noção de povo não é uma noção de categoria jurídica ou científica, mas, sim, uma noção de senso comum, retórica — o que o direito chama de instituição. • Alguns autores substituíram a noção de povo pela ideia de nação. No entanto, essa substituição possui dois problemas: ela pode ser francesa, de fundamento democrático, ou alemã, com base na cultura; o outro problema é que a ideia de nação produz a mesma ideia de povo no sentido retórico, de senso comum. • O conceito de população, por outro lado, embora seja uma categoria científica, não é adequando para definir território, nação ou povo. • Para qualificar o conceito de povo, utiliza-se, então, a ideia de cidadania (definida por Thomas Humphrey Marshall). Essa ideia é uma categoria científica e possui dois tipos de visão: a visão interdisciplinar do direito (necessidade de entender o Estado), e a visão interdisciplinar crítica (possui a crítica como objeto de análise). • Em Marshall, entende-se a ideia de cidadania por três etapas: século XVI em diante, pressupõe-se a ideia da força de trabalho; século XVII em diante, subsiste a ideia de igualdade social; por último, do século XIX em diante, a ideia de cidadania política. • Quanto às concepções de Marshall, pode-se notar duas grandes críticas: a cidadania produz o mundo pós-45, com uma visão liberal (1); primeiro vieram os direitos civis, depois os direitos sociais (2), estes que são muito mais sólidos e difíceis de serem instituídos. Essas duas críticas de Marshall, não obstante, acabam por consolidar o que se entende por cidadania moderna. • Quanto às classificações, existem duas visões de cidadania: a de natureza política e a de natureza jurídica. A de natureza política pertence ao mundo das ciências sociais (cidadania somente como participação política), enquanto a de natureza jurídica tem como base o direito à cidadania como uma pré condição, que é a nacionalidade (no Brasil, ele está positivado no Artigo 12, da Constituição Federal). • A natureza jurídica, em termos, tem se aproximado à cidadania de natureza jurídica. Um fato que ilustra de forma concisa essa proximidade é a existência da União Europeia, com o aparecimento de uma cidadania européia, o que “flexibilizou” (relativamente, pois ocorre somente para os europeus) a noção de nacionalidade. 4.2. Cidadania Universal • A Cidadania Universal é típica do mundo pós-westfaliano, pós-45. Principalmente por intermédio de uma regionalização de procedimentos de proteção de direitos humanos,como o advento da Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos, de 1969. • Alguns internacionalistas falam sobre a civitas máxima, essa que seria a sociedade estabelecida entre todos os Estados, visando a salvação comum dos mesmos, tendo os Estados como membros (o conceito se assemelha e muito a ideia de organização de uma sociedade mundial). • Na Espanha, viveu-se uma experiência que consistiu na criação de uma competência jurídica que poderia julgar mesmo não cometendo lesão a cidadão espanhol, protegendo os direitos humanos. No entanto, essa experiência ficou limitada por modificações legislativas. Na Bélgica, ocorreu algo semelhante e de mesmo nível, embora tenha tido dificuldade durante sua execução. • Ainda sobre a civitas máxima, é necessário entender sistemas exemplares de proteção de direitos humanos que contam com o apanágio desse modelo. Perante a isso, o sistema interamericano de proteção de direitos humanos e o sistema europeu de proteção de direitos humanos mostram-se na vanguarda desse tema, que necessita maior discussão visando assegurar direitos constitucionalmente estabelecidos e garantidos por normas positivas. 5. FINALIDADE – • Conta-se muito com a contribuição de Jellinek e Paul Laband. A Teoria Geral do Estado Não optou pelo conceito de legitimidade, de natureza política, mas, sim, de finalidade, que foi criado para justificar a existência do Estado, a finalidade propriamente do Estado. 5.1. Finalidade Fundamentação • A Finalidade se subdivide em três vertentes: objetiva, subjetiva e solidária. • A Finalidade Objetiva tem seu fim em si mesmo, e se classifica como geral (todas as sociedades têm a mesma justificativa) ou como especial (em cada momento histórico há uma finalidade própria). A Finalidade Subjetiva, por outro lado, é aquela que nasce por força da sociedade, enquanto a Solidária nasce tanto por força da sociedade, como pelo Estado (Léon Duguit) e a justificava tanto a sociedade e como o Estado deve promover a própria finalidade (Leão XIII). 5.2. Intervenção ou Não-Intervenção do Estado • A Ordem Liberal, de não intervenção, tem várias denominações, como Estado Gendarme, Estado de Direito, Poder de Polícia, etc. Essa ordem propõe uma intervenção que só ocorra para fiscalizar determinados atos de governo e/ou de Estado. • O Estado de Bem-Estar Social é um pacto, uma articulação, que se faz entre o Estado e as corporações capitalistas (Claus Offe). Não houve propriamente um Estado de Bem- Estar Social nos países latinoamericanos, mas uma concessão de direitos sociais (os acquis, da França, chamado de Estado de Providência). Nos outros países, como na Alemanha, na Inglaterra e nos países escandinavos, essa forma de Estado se deu de outra forma. Na segunda forma de Welfare State é a que ocorre na Alemanha, a qual, a título exemplificativo, assegura o seguro-desemprego. Na Inglaterra, é assegurada a saúde pública. O ideal, não obstante, é aquele modelo de Estado de Bem-Estar Social que se estabelece nos países escandinavos, os quais possuem alta carga tributária, mas garantem direitos sociais amplamente. • Nos anos ’70, ocorre a primeira onda de crise desse modelo, com a crise da previdência social, protagonizada pelos países europeus. Nos anos ’90, torna-se não só necessário conter as despesas desse modelo, mas por questão de justiça; afinal, por que custear a previdência social se não vai haver mais possibilidade do emprego? Com isso, há um incremento de uma justiça equitativa, a qual determina que acaba por trabalhar com casos concretos e de forma apropriada. Nessa última crise, prevalece o neoliberalismo sobre esse modelo. Durante a segunda década do século XXI, sobrevêm a questão da política de austeridade, que contem muito gasto e passa para o indivíduo a responsabilidade da crise. 5.3. Conclusão da Unidade • Diante disso, estabelece-se uma visão do Estado através de suas quatro características que tentam conceituá-lo. Dessa forma, “o Estado é o ente dotado de soberania, formado por um processo histórico no século XVI, existente num território, cujo povo tem como finalidade o bem comum, tendo a cidadania como articulação a relação sociedade e Estado num processo democrático”. UNIDADE 4 – Trajetória da Democracia 1.1. Introdução, variáveis e elementos VARIÁVEIS Século V a.C. Democracia Representativa XVII – Anos 70 Anos 70 Sociedade de Risco Instituição Ágora Parlamento Meios eletrônicos - Parlamento Segurança Relação Direta Indireta Direta/Indireta Segurança Participação/ Representação Participação (cidadania limitada – Atenas) Representação (mandato representativo/ imperativo) Participação/Representação Segurança • A Democracia hoje vai muito mais além do que observamos. Não há um conceito estático de Democracia, ele se constrói com o tempo. Nesse sentido, como se conceitua, então, então essa Democracia que é tão variável e inconstante? Torna-se necessário elaborar sua trajetória. • Essa trajetória é elaborada por três variáveis: a Instituição, o tipo de Relação entre o representante e o representado e a forma como se dá essa Participação/Representação. A Participação, nesse sentido, se dá como gênero, no sentido estrito ou no sentido de Representação. 1.2. Revoluções e consolidação da Democracia Representativa e Indireta • Revolução Inglesa e Revolução Gloriosa: a primeira contribuiu para o estabelecimento de mecanismos de limitar o poder, enquanto a segunda contribuiu de duas formas: a prevalência do Parlamento na ordem política (1) e o Rule of Law (2), ou seja, o Estado de Direito, garantido pelo Bill of Rights. • Revolução Americana: situa-se no período que vai da Independência à Constituição. Tal revolução contribuiu para a institucionalização do poder da Constituição. Paralelamente à Constituição, houve a aprovação de uma carta de direitos (Bill of Rights) — que são dez emendas constitucionais. Outra contribuição dessa revolução foi a separação de poderes de maneira materializada, ou seja, a praticidade do ideal originado dos escritos de Montesquieu. Houve, ainda, uma maior importância do papel do Judiciário, sobretudo em relação ao Judicial Review. • Revolução Francesa: é a mais retórica, não é tão concreta quanto às constribuições como é a anglosaxônica. Ela contribui para a igualdade, liberdade (mais concretas na anglosaxônica) e a fraternidade (original francesa, ideia de solidariedade). Essa revolução é questionada por acadêmicos devido ao fato de suas contribuições terem ocorrido mais no plano teórico do que no concreto, propriamente. • Cabe frisar ainda que há uma diferenciação de República Americana e República Francesa. Essa é embasada pelo ideal da solidariedade, ilustrado por sua contribuição da noção de fraternidade, enquanto aquela é o da rotatividade do poder, evitando arbítrios e incentivando a mudança no processo democrático.
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