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PENSAMENTO POLÍTICO
AULAS DOS SLIDES 01-10
Aula 1: O que é a Ciência Política
Direto ao ponto: 
Política não é privilégio de cientistas políticos. A ação governamental, a liderança partidária, o jornalismo opinativo, as obras de reflexão e análise, a interpretação do voto, a elaboração e a discussão de ideologias, são todas formas de atividade prática e teórica de tipo político.
 O termo "Ciência Política" se aplica ao esforço de conhecer a realidade política dentro de um marco institucional definido, ou seja, a Universidade, e dentro de uma perspectiva "científica", isto é, que privilegie os dados da realidade e a complexidade dos problemas, e não a retórica da persuasão e a efetividade de resultados, que são mais próprios do homem político.
Navegue pela aula on line e a aprecie atentamente lendo os textos indicados, direcione inicialmente sua leitura para reconhecer a Ciência Política como uma disciplina científica. Importante estar atento que, apesar de o estatuto de ciência da Ciência Política ser reconhecido apenas no século XIX, filósofos e pensadores escreveram obras marcantes sobre o Estado, o poder e a política, desde a antiguidade grega.
O que é a Ciência Política?
A ciência política surgiu da necessidade de formar gestores públicos e oferecer uma estrutura de reflexão sobre as questões públicas. Seu objetivo é estudar o poder político, suas formas concretas de manifestação e tendências evolutivas. Cabe assim à ciência política explicar os motivos das relações que existem entre os poderes políticos e a sociedade, as diversas formas de organização do estado e sua dominação por classes ou grupos, a formação da vontade política do povo e as diferentes teorias relativas à prática política.
A ciência política utiliza métodos de ciências empíricas, como a física e a biologia, e metodologias e especificidades de outros ramos do conhecimento, como filosofia, história, direito, sociologia e economia, e sua finalidade é descrever aquilo que é e não o que deveria ser. Nesse sentido, distingue-se da filosofia política, área normativa voltada para conceitos como direito e justiça; da antropologia política, que estuda o fenômeno político como uma constante em todas as sociedades humanas ao longo de sua história; e da sociologia política, que estuda os fenômenos sociais a partir de uma visão política.
O Pensamento político na Grécia Clássica
A Democracia Ateniense 
A complexidade da organização social, trouxe em seu bojo uma série de conflitos interpessoais, para os quais a lei dos deuses já não apresentava solução. Surgiram, assim, as primeiras leis que visavam a regulamentação das relações na cidade, e deu-se o início do processo de substituição das leis divinas pelas leis humanas.
O Pensamento político na Grécia Clássica
A "invenção" da polis foi uma consequência direta da "descoberta" da racionalidade pelos gregos. À medida em que os indivíduos a foram dominando, os deuses foram saindo do centro do poder, entrando em seu lugar as Leis, convencionadas pelos cidadãos.  A partir daquele momento, a condução das ações dos governantes passaram a ser debatidas na agora (mercado, localizado no centro da cidade). O poder de mando, portanto, não se concentrava mais na força; detinha o poder não quem tivesse armas, e sim quem possuísse o domínio da palavra.
EXPLORANDO O TEMA
Sugestão de Vídeo: O que é a Ciência política?
http://www.youtube.com/watch?v=2tQSFrmU_-Q
Platão (427-347 A.C.) percebia que a polis estava "contaminada" pelas ideias dos sofistas, e buscou uma maneira de "curá-la" desse mal, através da racionalidade. Em seu livro A República, Platão desenvolveu seu pensamento político, através da descrição do que seria, em sua concepção, a forma ideal de governo. Para Platão, a educação era a base da vida social, e sua importância era tão grande, que deveria ser assumida exclusivamente pelo Estado. Através da educação, cada homem poderia desenvolver suas aptidões, e os que chegassem a se tornar filósofos (esse seria o mais alto grau de racionalidade atingível), seriam incumbidos do governo do Estado.
O Pensamento político na Grécia Clássica
   Aristóteles (384-322 A.C.), é tido como o mais erudito e sábio dos filósofos gregos. Familiarizou-se com todo o desenvolvimento do pensamento grego anterior a ele.  Para Aristóteles, o grande objetivo da vida do homem era ser feliz; para isso, deveria desenvolver suas aptidões. A natureza, tal qual era, não permitia que um homem isolado se desenvolvesse plenamente. Por essa razão, os homens se uniam para a realização de um bem maior e mais importante: a constituição e manutenção da polis.
O Pensamento político na Grécia Clássica: 
      Esse fenômeno, segundo Aristóteles, acontecia naturalmente, e o homem seria assim, naturalmente um "animal da cidade" (em grego, como visto acima, polis), ou seja, o homem seria, por natureza, um animal político. Assim, para Aristóteles, o interesse coletivo deveria necessariamente ser mais importante que o interesse particular.
O que é a Ciência Política?
Ciência Política é o estudo da política: dos sistemas políticos, das organizações e dos processos políticos. Envolve o estudo da estrutura (e das mudanças de estrutura) e dos processos de governo — ou qualquer sistema equivalente de organização humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis.
O que é Ciência Política?
Os cientistas políticos podem estudar instituições como empresas, sindicatos, igrejas, ou outras organizações cujas estruturas e processos de ação se aproximem de um governo, em complexidade e interconexão. A ciência política é a teoria e prática da política, e consiste na descrição e análise dos sistemas políticos e do comportamento político.
O que é Ciência Política?
Existem estreitas relações da ciência política com as demais ciências sociais. Estas são “auxiliares” da ciência política, não em um sentido hieárquico, mas de contribuição necessária. Inclusive, podemos afirmar que existe um linha tênue quando se pensa na separação da sociologia e da ciência política.
O que é Ciência Política?
O fato social e a sociedade são objetos da sociologia e o são da Ciência Política também. Mas, não apenas com a sociologia acontecem relações. Podemos elencar inter-relações da ciência política com a Psicologia Social, Economia, História, Direito, Geografia Humana, Antropologia, etc.
O que é Ciência Política?
A vida política e os fatos políticos sempre foram objeto de observação e reflexão por parte de filósofos, escritores e poetas em todos os tempos. Mas até o século XIX, não se considerava a política como um ramo do conhecimento científico e o estatuto de disciplina científica não era outorgado à Ciência Política.
O que é Ciência Política?
O termo "ciência política", por exemplo, foi cunhado em 1880 por Herbert Baxter Adams, professor de História da Universidade Johns Hopkins. Mas a “história” da Ciência Política começa bem antes dela adquirir o status de ciência.
A primeira menção à ciência política nos remete ao século IV a.C, com Platão e Aristóteles, considerados os “pais da Ciência Política”. Inicialmente Platão, que com um olhar utópico nos livros República, Política e Leis, propõe um “Estado ideal”. Já Aristóteles, mais objetivo, procura descrever o bom governo, mas parte da observação da realidade política.
O que é Ciência Política?
Na Idade Média, temos a contribuição do pensamento cristão, principalmente nas figuras de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. Chegando ao período renascentista, temos Maquiavel e seu clássico O Príncipe, com a “arte de conquistar, manter e exercer o poder”. Logo em seguida, os contratualistas, representados, numa perspectiva histórica linear, principalmente por Hobbes, Locke e Rousseau.
O que é Ciência Política?
Pensador marcante na história da política, Mostesquieu, além da importância do conteúdo de sua obra, utiliza-se da observação sistemática, histórica e comparativa em seu Espírito das Leis. Chegando ao século XIX, temos Tocqueville, com Democracia na América e Comte, com o Sistema de Política Positiva.O século XX, notadamente na sua segunda parte, experimenta uma rica e variada atividade na teoria e na pesquisa com representantes de diferentes escolas e tendências.
Concluindo:
Existe no interior da ciência política uma discussão acerca do objeto de estudo desta ciência, que, para alguns, é o Estado e, para outros, o poder. A primeira posição restringe o objeto de estudo da ciência política; a segunda amplia. Na qualidade de uma das ciências sociais, a ciência política usa métodos e técnicas que podem envolver tanto fontes primárias (documentos históricos, registros oficiais) quanto secundárias (artigos acadêmicos, pesquisas, análise estatística, estudos de caso e construção de modelos).
Aula 2: O Pensamento Político de Maquiavel
Direto ao ponto: 
“Os fins justificam os meios". Maquiavel provavelmente não fazia ideia de quanta polêmica ela causaria. Ele não quis dizer que qualquer atitude é justificada dependendo do seu objetivo. Seria totalmente absurdo. O que Maquiavel quis dizer foi que os fins determinam os meios. É de acordo com o seu objetivo que você vai traçar os seus planos de como atingi-los.
Ao escrever O Príncipe, Maquiavel expressa nitidamente os seus sentimentos do desejo de ver uma Itália poderosa e unificada. Expressa também, a necessidade, não só dele, mas de todo o povo italiano, de um monarca com pulso firme, determinado, que fosse um legítimo rei e que defendesse seu povo sem escrúpulos e sem medir esforços.
Para Maquiavel, um príncipe não deve medir esforços, nem hesitar, mesmo que diante da crueldade ou da trapaça, se o que estiver em jogo for a integridade nacional e o bem do seu povo.
O primeiro assunto dessa aula é o reconhecimento do contexto social e político em que viveu Maquiavel e a influência dessa realidade no seu pensamento. Mostrando que os acontecimentos políticos do seu tempo influenciaram diretamente em sua obra. Logo em seguida, apresentaremos questões do livro O Príncipe que estão marcadas na formação da concepção moderna de Estado.
O próximo assunto a ser discutido nessa aula são as características da concepção de Estado e do fenômeno do poder, presentes no pensamento de Maquiavel. Aqui destacaremos a visão dura e implacável de Maquiavel sobre o exercício e manutenção do poder político. Vamos então nos aprofundar na obra desse grande pensador da Ciência Política:
O Príncipe é um manual para governantes que visa auxiliar um “novo príncipe” a manter o poder e o controle no seu Estado. Apresenta exemplos de situações e problemas que esse príncipe poderá enfrentar, e aconselha-o de modo circunstanciado quanto ao modo de solucioná-los. A obra lhe garantiu o título de “fundador da Ciência Política Moderna”, pois, sob as luzes renascentistas, tal obra representou um marco das Ciências Humanas.
Ao delinear tais ensaios políticos, Maquiavel rompe com a tradição humanista baseada no abstrato, ou seja, em conceitos ideais de sociedade. Esse rompimento com o pensamento político anterior (escolástica) é caracterizado pela defesa do método empírico, isto é, o objetivo de suas reflexões é a realidade política, pensada em termos da prática humana concreta. O enfoque de suas análises é o estudo do poder formalizado na instituição do Estado.
Contudo, esse exame empírico depende de uma filosofia da história baseada no princípio de que o fenômeno histórico não é linear, mas constituído por ciclos. Ou seja, Maquiavel acredita que a observação dos fatos passados é essencial para o estudo do presente. Maquiavel determina as causas da prosperidade e decadência dos Estados antigos, compondo assim, um modelo analítico para o estudo das sociedades contemporâneas, sem, contudo, desprezar as peculiaridades da circunstância sob a qual se pretende agir. Os elementos básicos definidores do método maquiavélico são:
Utilitarismo – "Escrever coisa útil para quem a entenda
Empirismo – "Procurar a verdade efetiva das coisas"
Antiutopismo – "Muitos imaginaram repúblicas e principados que jamais foram vistos"
Realismo – "Aquele que abandona aquilo que se faz por aquilo que se deveria fazer, conhece antes a ruína do que a própria preservação”
Mais de quatro séculos nos separam da época em que viveu Maquiavel. Muitos leram e comentaram sua obra, mas um número consideravelmente maior de pessoas evoca seu nome ou pelo menos os termos que aí tem sua origem. "Maquiavélico e maquiavelismo" são adjetivo e substantivo que estão tanto no discurso erudito, no debate político, quanto na fala do dia-a-dia. Seu uso extrapola o mundo da política e habita sem nenhuma cerimônia o universo das relações privadas.
O maquiavelismo está associado à ideia de perfídia, a um procedimento astucioso, velhaco, traiçoeiro. As expressões pejorativas sobreviveram, de certa forma, incólumes no tempo e no espaço, apenas alastrando-se da luta política para as desavenças do cotidiano. Assim, hoje em dia, na maioria das vezes, Maquiavel é mal interpretado. Ao escrever sua principal obra, O Príncipe, criou um "manual da política", que pode ser interpretado de muitas maneiras diferentes. Para entender Maquiavel em seu real contexto, é necessário conhecer o período histórico em que viveu.
EXPLORANDO O TEMA
Sugestão de vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=690r_RBYQCM
Painel histórico.
Maquiavel viveu durante a renascença italiana, o que explica boa parte das suas ideias. Na Itália do Renascimento reina grande confusão. A tirania impera em pequenos principados, governados despoticamente por casas reinantes sem tradição dinástica ou de direitos contestáveis. A ilegitimidade do poder gera situações de crise e instabilidade permanente, onde somente o cálculo político, a astúcia e a ação rápida e fulminante contra os adversários são capazes de manter o príncipe.
Esmagar ou reduzir à impotência a oposição interna, atemorizar os súditos para evitar a subversão e realizar alianças com outros principados constituem o eixo da administração. Como o poder se funda exclusivamente em atos de força, é previsível e natural que pela força seja deslocado, deste para aquele senhor. Nem a religião nem a tradição, nem a vontade popular legitimaram e ele tem de contar exclusivamente com sua energia criadora. A ausência de um Estado central e a extrema multipolarização do poder criam um vazio, que as mais fortes individualidades têm capacidade para ocupar.
Talvez nem Maquiavel mesmo soubesse avaliar a importância dos seus pensamentos dentro do panorama mais amplo da história, pois “especulou sempre sobre os problemas mais imediatos que se apresentavam". Apesar disso, revolucionou a história das teorias políticas, constituindo-se um marco que modificou o fato das teorias do Estado e da sociedade não ultrapassarem os limites da especulação filosófica.
Maquiavel foi o primeiro a discutir a política e os fenômenos sociais nos seus próprios termos sem recurso à ética ou à jurisprudência. De fato pode-se considerar Maquiavel como o primeiro pensador ocidental de relevo a aplicar o método científico de Aristóteles e de Averróis à política. Fê-lo observando os fenômenos políticos, e lendo tudo o que se tinha escrito sobre o assunto, e descrevendo os sistemas políticos nos seus próprios termos.
Para Maquiavel, a política era uma única coisa: conquistar e manter o poder ou a autoridade. Tudo o  resto - a religião, a moral, etc. -- que era associado à política nada tinha a ver com este aspecto fundamental - tirando os casos em que a moral e a religião ajudassem à conquista e à manutenção do poder. A única coisa que verdadeiramente interessa para a conquista e a manutenção do poder manter é ser calculista; o político bem sucedido sabe o que fazer ou o que dizer em cada situação.
Com base neste princípio, Maquiavel descreveu no Príncipe única e simplesmente os meios pelos quais alguns indivíduos tentaram conquistar o poder e mantê-lo. De fato, o livro está cheio de momentos intensos, já que a qualquer momento, se um governante não calculou bem uma determinada ação, o poder e a autoridade que cultivou tão assiduamente fogem-lhe de um momento para o outro. O mundosocial e político do Príncipe é completamente imprevisível, sendo que só a mente mais calculista pode superar esta volatilidade.
Pode ajudar na compreensão de Maquiavel imaginar que não está a falar sobre o estado em termos éticos mas sim em termos cirúrgicos. É que Maquiavel acreditava que a situação italiana era desesperada e que o estado Florentino estava em perigo. Em vez de responder ao problema de um ponto de vista ético, Maquiavel preocupou-se genuinamente em curar o estado para o tornar mais forte. Por exemplo, ao falar sobre os povos revoltados, Maquiavel não apresenta um argumento ético, mas cirúrgico: «os povos revoltados devem ser amputados antes que infectem o estado inteiro.» O único valor claro na obra de Maquiavel é a virtú (virtus em Latim), que é relacionado normalmente com «virtude». Mas de fato, Maquiavel utiliza-a mais no sentido latino de «viril», já que os indivíduos com virtú são definidos fundamentalmente pela sua capacidade de impor a sua vontade em situações difíceis. Fazem isto numa combinação de caráter, força, e cálculo. Numa das passagens mais famosas do Príncipe, Maquiavel descreve qual é a maneira mais apropriada para responder a volatilidade do mundo, ou à Fortuna, comparando-a a uma mulher: «la fortuna é donna».
EXPLORANDO O TEMA
Sugestão de vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=bLzbvMH5SqA
Concluindo:
Maquiavel refere-se à tradição do amor cortesão, onde a mulher que constitui o objeto do desejo é abordada, cortejada e implorada. O príncipe ideal para Maquiavel não corteja nem implora a Fortuna, mas ao abordá-la agarra-a virilmente e faz dela o que quer. Esta passagem, já escandalosa na época, representa uma tradução clara da ideia renascentista do potencial humano aplicado à política. É que, de acordo com Mirandola, se um ser humano podia transformar-se no que quisesse, então devia ser possível a um indivíduo de caráter forte pôr ordem no caos da vida política.
Aula 3: O Pensamento Político de Hobbes
Direto ao ponto: 
Hobbes é um contratualista, quer dizer um daqueles filósofos que entre o século XVI e o XVII, afirmaram que a origem da sociedade e/ ou Estado está num contrato: os homens viveriam, naturalmente, sem poder e sem organização – que somente surgiriam depois de um pacto firmado por eles, estabelecendo as regras do convívio social e da subordinação política.
O homem natural de Hobbes não é um selvagem. É o mesmo homem que vive em sociedade. Melhor dizendo,” a natureza do homem não muda conforme o tempo, ou a história, ou a vida social." Pois a natureza do homem é tal que, embora sejam capazes de reconhecer em muitos outros maior inteligência, maior eloquência ou maior saber, dificilmente acreditam que haja, muitos tão sábios como eles próprios; porque veem sua sabedoria bem de perto e a dos outros a distância.
A semelhança que existe entre os homens se constitui em rivalidade, pois cada um que parecer superior em poder, inteligência e valor ao seu semelhante, e este por sua vez, também deseja o mesmo. Como ambos têm um desejo em comum, duas atitudes são de defesa e ataque, onde cada qual espera receber o devido respeito que julga merecer, causando ao outro dano.
Sendo assim os homens viveriam em constante perigo, pois quem possui mais bens materiais que os outros, sentem- se ameaçado de privação das suas conquistas: bens, liberdade, conforto, enquanto que o outro, o invasor, teme ser apanhado Na natureza do homem, encontramos 3 causas principais de discórdia: primeiro a competição, segundo a desconfiança ; e terceiro a glória.
Para Hobbes, um homem pode conhecer o seu semelhante lendo as suas ações, e fará o possível para não encontrar o mesmo em si próprio, pois julga- se melhor, mais perfeito e mais importante. Mas se este homem deseja governar seus semelhantes ele deverá ler, antes de tudo, a si mesmo, para compreender as suas atitudes.
A teoria de Hobbes se fundamenta na realidade e na natureza do homem. O homem não vive em sociedade sem leis e regras que limitem seus desejos e atitudes. Sem isso, nenhum cidadão poderia viver em segurança ou em harmonia com o seu semelhante, porém, para Hobbes, o homem é um selvagem, mas se realmente fosse, ele não teria a capacidade de se reunir em assembleia em um determinado momento em que julgasse necessário para escolher um chefe que os protegesse e estabelecer regras que os organizasse.
O homem hobbesiano produz riquezas para ter maior valor, maior status, maior respeito. Para ele, a honra é o valor atribuído a alguém pelas suas aparências externas. Se os homens possuírem a liberdade de usar seu próprio poder, ter direito a todas as coisas, até mesmo aos corpos dos outros, ninguém estará em segurança, não haverá paz, e as pessoas não viveriam o tempo necessário que a natureza lhes permite. Para haver paz é necessário que os homens renunciem ao seu direito. O Estado se constitui quando os homens em assembleia entram em um acordo, que uma determinada pessoa seja representante de todos eles, até mesmo de quem não o elegeu. A esta pessoa fica garantido o direito de soberania e se alguém desobedecê-lo ou ameaçar seu poder ou sua vida e for morto, será o autor do seu próprio castigo
Nesse Estado em que o poder é absoluto, a igualdade e a liberdade, valores respeitados por nós, tem segundo Hobbes, a capacidade de gerar entusiasmo, ambição, descontentamento e guerra. A igualdade, já vimos, é fator que leva a guerra de todos, pois dois homens podem querer a mesma coisa, e por isso todos nós vivemos em constante competição. Liberdade para Hobbes significa a ausência de oposição e não se aplica menos as criaturas irracionais e inanimadas do que as racionais.
Quando o indivíduo abre mão de seu direito de natureza ele firma o contrato social e contribui para proteger a própria vida. Mas o indivíduo não perdeu a liberdade, ele deve obediência ao soberano, caso ele seja ordenado, por exemplo, para matar-se ou confessar algum crime, ele tem plena liberdade para recusar-se. O soberano não perde a soberania se não atende aos caprichos de cada súdito. Mas se ele deixa de proteger a vida de um de seus cidadãos, este não lhe deve mais sujeição e obediência, porém outros não podem aliar-se a este, pois ainda recebem proteção.
EXPLORANDO O TEMA
Sugestão de vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=hl7ZTOycrmU&feature=fvwrel
O súdito não obedece a seu soberano apenas por medo de um castigo ou de morte violenta. Mas sim, porque ele o respeita e respeita as suas regras para garantir sua própria segurança, de seus familiares, de suas propriedades, terras e bens materiais. Nenhum homem por mais rebelde, ambicioso ou egoísta que possa ser não colocaria sua vida em risco para ter novamente a liberdade natural que lhe concede todos os direitos, pois esta liberdade pode permitir que ele faça tudo o que tem vontade, mas não lhe dá proteção e paz.
Hobbes é um dos pensadores mais “malditos” da História da Filosofia Política – pois, no século XVIII, o termo “hobbista” era quase tão ofensivo quanto “maquiavélico", não só porque apresenta o Estado como monstruoso e o homem como belicoso, porque subordina a religião à política, mas porque, nega um direito natural ou sagrado do indivíduo à sua propriedade. O contrato produz dois resultados importantes:
EXPLORANDO O TEMA
Sugestão de vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=HBvVFP3Zuac&feature=related
Concluindo:
O homem hobbesiano produz riquezas para ter maior valor, maior status, maior respeito. Para ele, a honra é o valor atribuído a alguém pelas suas aparências externas. Se os homens possuírem a liberdade de usar seu próprio poder, ter direito a todas as coisas, até mesmo aos corpos dos outros, ninguém estará em segurança, não haverá paz, e as pessoas não viveriam o tempo necessário que a natureza lhes permite. Para haver paz é necessário que os homens renunciem ao seu direito.
Aula 4: Locke e Rousseau
Direto ao ponto: 
“Para bem compreender o poder político e derivá-lo de sua origem, devemos considerar em que estado todos os homens se acham naturalmente, sendo este um estado de perfeita liberdadepara ordenar-lhes as ações e regular-lhes as posses e as pessoas conforme acharem conveniente, dentro dos limites da lei da natureza, sem pedir permissão ou depender da vontade de qualquer outro homem.”
(LOCKE, JOHN, Segundo Tratado sobre o Governo)
Enquanto um povo é constrangido a obedecer e obedece, faz bem; tão logo ele possa sacudir o jugo e o sacode, faz ainda melhor; porque, recobrando a liberdade graças ao mesmo direito com o qual lha arrebataram, ou este lhe serve de base para retomá-la ou não se prestava em absoluto para subtraí-la. Mas a ordem social é um direito sagrado que serve de alicerce a todos os outros. Esse direito, todavia, não vem da Natureza; está, pois, fundamentado sobre convenções. (Rousseau, Contrato Social – Livro I)
Esta aula apresenta dois filósofos contratualistas: Jonh Locke e Jean Jacques Rousseau, pensadores fundamentais para as concepções modernas de Estado e de democracia.
Começaremos com a identificação das contribuições para a concepção moderna de Estado, no pensamento de cada um dos dois pensadores. Exploraremos principalmente a passagem do estado de natureza para o estado civil através da mediação de um contrato social.
Em seguida, procederemos com o apontamento das características das concepções de Estado, contrato social e propriedade nos pensamentos de Locke e de Rousseau. Inicialmente, é preciso demonstrar a diferença pelo o que os dois pensadores entendem por estado de natureza, em relação ao disposto por Hobbes no Leviatã. Seguindo, realizaremos a apresentação de outras diferenças no que refere ao pensamento de Hobbes em comparação ao de Rosseau e Locke.
Aqui o objeto de comparação é o sentido do pacto social, que passa, de um “pacto de submissão, no pensamento hobbesiano, à um “pacto de consenso”. 
No que se refere à ideia de propriedade, importante frisar a concepção liberal de Locke, que atendia aos interesses da classe burguesa, então em ascensão.
Como conclusão, mais uma vez, um convite à reflexão de como os pensamentos de Locke e de Rousseau podem ser utilizada para o entendimento da nossa realidade cotidiana e das formas de organização da sociedade contemporânea.
As principais questões dizem respeito, no caso de Locke, a defesa dos direito alienáveis do indivíduo à vida, à liberdade e à propriedade. E, no caso de Rousseau, a notória influencia de seu pensamento nos ideais da Revolução Francesa.
Vamos agora estudar Locke.
Abrindo o baú para Locke:
http://www.youtube.com/watch?v=bIOUnz__S48
Jonh Locke e o individualismo liberal: As Revoluções Inglesas - O século XVII foi marcado pelo antagonismo entre a Coroa e o Parlamento, controlados, respectivamente, pela dinastia Stuart, defensora do absolutismo, e a burguesia ascendente, partidária do liberalismo. Esse conflito assumiu também conotações religiosas e se mesclou com as lutas sectárias entre católicos, anglicanos, presbiterianos e puritanos. Finalmente, a crise político-religiosa foi agravada pela rivalidade econômica entre os beneficiários dos privilégios e monopólios mercantilistas concedidos pelo Estado e os setores que advogavam a liberdade de comércio e de produção.
Além de defensor da liberdade e da tolerância religiosas, Locke é considerado o fundador do empirismo, doutrina segundo a qual todo o conhecimento deriva da experiência. Como filósofo, Locke é conhecido pela teoria da tabula rasa do conhecimento, desenvolvida no Ensaio sobre o entendimento humano. A teoria da tabula rasa é, portanto, uma crítica à doutrina das ideias inatas, formulada por Platão e retomada por Descartes, segundo a qual, determinadas ideias, princípios e noções são inerentes ao conhecimento humano e existem independentemente da experiência.
Os dois tratados sobre o governo civil - Obras mais importante de Locke no campo da ciência política:
 O Primeiro tratado é uma refutação do Patriarca, obra em que Robert Filmer defende o direito divino dos reis com base no princípio da autoridade paterna que Adão, supostamente o primeiro pai e o primeiro rei, legará à sua descendência. 
O Segundo tratado é, como indica seu título, um ensaio sobre a origem, extensão e objetivo do governo civil. Nele, Locke sustenta a tese de que nem a tradição nem a força, mas apenas o consentimento expresso dos governados é a única fonte do poder político legítimo.
O estado de natureza - Juntamente com Hobbes e Rousseau, Locke é um dos principais representantes do jusnaturalismo ou teoria dos direitos naturais. O modelo jusnaturalista de Locke é, em suas linhas gerais, semelhante ao de Hobbes: ambos partem do estado de natureza que, pela mediação do contrato social, realiza-se a passagem para o estado civil. Existe, contudo, grande diferença na forma como Locke, diversamente de Hobbes, concebe especificamente cada um dos termos do trinômio estado natural/contrato social/estado civil.
Locke afirma ser a existência do indivíduo anterior ao surgimento da sociedade e do Estado. Na sua concepção individualista, os homens viviam originalmente num estágio pré-social e pré-político, caracterizado pela mais perfeita liberdade e igualdade, denominado estado de natureza. Esse estado de natureza diferia do estado de guerra hobbesiano, baseado na insegurança e na violência, por ser um estado de relativa paz, concórdia e harmonia.
Nesse estado pacífico os homens já eram dotados de razão e desfrutavam da propriedade que, numa primeira acepção genérica utilizada por Locke, designava simultaneamente a vida, a liberdade e os bens como direitos naturais do ser humano.
A teoria da propriedade - A teoria da propriedade de Locke, que é muito inovadora para sua época, também difere bastante da de Hobbes.Para Hobbes, a propriedade inexiste no estado de natureza e foi instituída pelo Estado-Leviatã após a formação da sociedade civil. Assim como a criou, o Estado pode também suprimir a propriedade dos súditos.
Para Locke, ao contrário, a propriedade já existe no estado de natureza e, sendo uma instituição anterior à sociedade, é um direito natural do indivíduo que não pode ser violado pelo Estado. O homem era naturalmente livre e proprietário de sua pessoa e de seu trabalho.. O trabalho era, na concepção de Locke, o fundamento originário da propriedade.
O Contrato Social - O estado de natureza, relativamente pacífico, não está isento de inconvenientes, como a violação da propriedade (vida, liberdade e bens) que, na falta de lei estabelecida, de juiz imparcial e de força coercitiva para impor a execução das sentenças, coloca os indivíduos singulares em estado de guerra uns contra os outros. É a necessidade de superar esses inconvenientes que, segundo Locke, leva os homens a se unirem e estabelecerem livremente entre si o contrato social, que realiza a passagem do estado de natureza para a sociedade política ou civil.
O contrato social de Locke em nada se assemelha ao contrato hobbesiano. Em Hobbes, os homens firmam entre si um pacto de submissão pelo qual, visando a preservação de suas vidas, transferem a um terceiro (homem ou assembleia) a força coercitiva da comunidade, trocando voluntariamente sua liberdade pela segurança do Estado-Leviatã.. Em Locke, o contrato social é um pacto de consentimento em que os homens concordam livremente em formar a sociedade civil para preservar e consolidar ainda mais os direitos que possuíam originalmente no estado de natureza.
A Sociedade Política ou civil - Assim, a passagem do estado de natureza, para a sociedade política ou civil (Locke não distingue entre ambas) se opera quando, através do contrato social, os indivíduos singulares dão seu consentimento unânime para a entrada no estado civil. Estabelecido o estado civil, o passo seguinte é a escolha pela comunidade de uma determinada forma de governo. Na escolha do governo, a unanimidade do contrato originário cede lugar ao princípio da maioria, segundo o qual prevalece a decisão majoritária e, simultaneamente, são respeitados os direitos da minoria.
O direito de resistência - Locke afirma que, quando o executivo ou o legislativo violam a lei estabelecida e atentam contraa propriedade, o governo deixa de cumprir o fim a que fora destinado, tornando-se ilegal e degenerando em tirania. Com efeito, a violação deliberada e sistemática da propriedade (vida, liberdade e bens) e o uso contínuo da força sem amparo legal colocam o governo em estado de guerra contra a sociedade e os governantes em rebelião contra os governados, conferindo ao povo o legítimo direito de resistência à opressão e à tirania. 
Vamos estudar agora o pensamento de Rousseau
Abrindo o baú para Rousseau:
http://www.youtube.com/watch?v=UxOes_GVFF0
Rousseau: da servidão à liberdade
O pacto social - O pacto social, um dos temas mais candentes da filosofia política clássica, tais como a passagem do estado de natureza ao estado civil, o contrato social, a liberdade civil, o exercício da soberania, a distinção entre o governo e o soberano, o problema da escravidão, o surgimento da propriedade, serão tratados por Rousseau de maneira exaustiva. 
 As principais obras de Rousseau, Contrato social e do Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, constituem uma unidade temática importante, e os demais escritos, de certa maneira, aprofundam e explicitam as questões abordadas nessas duas obras. A trajetória do homem, da sua condição de liberdade no estado de natureza, até o surgimento da propriedade, com todos os inconvenientes que dai surgiram, foi descrita no Discurso sobre a origem da desigualdade.
Um povo, só será livre quando tiver todas as condições de elaborar suas leis num clima de igualdade, de tal modo que a obediência a essas mesmas leis signifique, na verdade, uma submissão à deliberação de si mesmo e de cada cidadão, como partes do poder soberano. Isto é, uma submissão à vontade geral e não à vontade de um indivíduo em particular ou de um grupo de indivíduos.
A vontade e a representação - Para Rousseau, antes de mais nada, impõe-se definir o governo, o corpo administrativo do Estado, como funcionário do soberano, como um órgão limitado pelo poder do povo e não como um corpo autônomo ou então como o próprio poder máximo, confundindo-se neste caso com o soberano. Se a administração é um órgão importante para o bom funcionamento da máquina política, qualquer forma de governo que se venha a adotar terá que submeter-se ao poder soberano do povo.
 Assim concluímos nossa aula. E na próxima?
 Aula 5: Montesquieu
Direto ao ponto:
 O Espírito das Leis, o mais importante livro de Montesquieu publicado em 1748, é produto de um pensamento elaborado na primeira metade do século XVIII, obra de um pensador, único na sua época, que considerava os problemas políticos em si mesmos, sem ideias pré-concebidas sobre o espírito e a natureza. Começaremos com a identificação das contribuições para a concepção moderna de Estado presentes no pensamento de Montesquieu e na sua principal obra, O Espírito das Leis. Na apresentação é preciso destacar que as importantes contribuições de Montesquieu estão presentes tanto no campo metodológico, quanto no campo teórico, e que ao privilegiar o estudo das condições de manutenção do poder, resgata, de certa forma, o cerne da discussão proposta por Maquiavel. Em seguida identificaremos o conceito de lei em MontesquieuA questão central aqui, é que, quando Montesquieu define lei como “relações necessárias que derivam da natureza das coisas”, ele provoca uma aproximação com as ciências naturais e traz a política para um campo teórico.
Sociedade e poder- A preocupação central de Montesquieu foi a de compreender as razões da decadência das monarquias, os conflitos intensos que minaram sua estabilidade, e também os mecanismos que garantiram, por tantos séculos, sua estabilidade. O que Montesquieu identifica na noção de moderação. A moderação é a pedra de toque do funcionamento estável dos governos, e é preciso encontrar os mecanismos que a produziram nos regimes do passado e do presente para propor um regime ideal para o futuro.Montesquieu apresenta seu conceito de lei no início de sua obra fundamental. Definindo lei como "relações necessárias que derivam da natureza das coisas", Montesquieu estabelece uma ponte com as ciências empíricas, e particularmente com a física newtoniana. Com isso, ele rompe com a tradicional submissão da política à teologia. É possível encontrar uniformidades, constâncias na variação dos comportamentos e formas de organizar os homens, assim como é possível encontrá-las nas relações entre os corpos físicos.As leis que regem as instituições políticas, para Montesquieu, são relações entre as diversas classes em que se divide a população, as formas de organização econômica, as formas de distribuição do poder etc. Mas o objeto de Montesquieu não são as leis que regem as relações entre os homens em geral, mas as leis positivas, isto é, as leis e instituições criadas pelos homens para reger as relações entre os homens. Ele vai considerar duas dimensões do funcionamento político das instituições: a natureza e o princípio de governo. A natureza do governo diz respeito a quem detém o poder: na monarquia, um só governa, através de leis fixas e instituições; na república, governa o povo no todo ou em parte (repúblicas aristocráticas); no despotismo, governa a vontade de um só. As análises minuciosas de Montesquieu sobre as "leis relativas à natureza do governo" deixam claro que se trata de relações entre as instâncias de poder e a forma como o poder se distribui na sociedade, entre os diferentes grupos e classes da população.
Vamos conhecer mais Montesquieu?
Abrindo o baú para conhecer Montesquieu:
http://www.youtube.com/watch?v=c8nz__YAibQ
Os três tipos de governo:
O princípio de governo é a paixão que o move, é o modo de funcionamento dos governos, ou seja, como o poder é exercido. São três os princípios, cada um correspondendo em tese a um tipo de governo. Em tese, porque, segundo Montesquieu, ele não afirma que "toda república é virtuosa, mas sim que deveria sê-lo" para poder ser estável. Paixão que tem três modalidades: o princípio da monarquia é a honra; o da república é a virtude; e o do despotismo é o medo.
Para Montesquieu, a república é o regime de um passado em que as cidades reuniam um pequeno grupo de homens moderados pela própria natureza das coisas: certa igualdade de riquezas e de costumes ditada pela escassez. Com o desenvolvimento do comércio, o crescimento das populações e o aumento e a diversificação. das riquezas ela se torna inviável: numa sociedade dividida em classes a virtude (cívica) não prospera. O despotismo seria a ameaça do futuro, na medida em que as monarquias europeias aboliam os privilégios da nobreza, tornando absoluto o poder do executivo. Montesquieu estabeleceria como condição para o Estado de direito, a separação dos poderes executivo, legislativo e judiciário e a independência entre eles. A ideia de equivalência consiste em que essas três funções deveriam ser dotadas de igual poder.
Montesquieu mostra claramente que há uma imbricação de funções e uma interdependência entre o executivo, o legislativo e o judiciário. A estabilidade do regime ideal está em que a correlação entre as forças reais da sociedade possa se expressar também nas instituições políticas. Isto é, seria necessário que o funcionamento das instituições permitisse que o poder das forças sociais contrariasse e, portanto, moderasse o poder das demais. Lida desta forma, a teoria dos poderes de Montesquieu se torna vertiginosamente contemporânea. Ela se inscreve na linha direta das teorias democráticas que apontam a necessidade de arranjos institucionais que impeçam que alguma força política possa a priori prevalecer sobre as demais, reservando-se a capacidade de alterar as regras depois de jogado o jogo político. Concluindo:
O método de Montesquieu consistiu em examinar as leis positivas nas suas relações entre si, mostrando que, pela sua própria natureza, determinadas leis tanto implicavam como excluíam outras. Havia, por isso, entre as leis positivas, relações naturais de exclusão e de inclusão, dirigidas não pela arbitrariedade de um homemou de uma assembleia, mas pela necessidade das coisas. O objetivo de Montesquieu era descobrir modelos de sociedade que inspirassem os legisladores. Sociedades que são muitas vezes apresentadas como instrumentos mecânicos - uma comparação típica do século XVIII -, que foram criadas e modificadas pelo engenho humano e de acordo com relações de necessidade que foram sendo estabelecidas ao longo dos tempos. No tocante à identificação, na concepção de Estado proposta por Montesquieu, da teoria dos três governos e da teoria dos três poderes, inicialmente, é necessário mostrar a noção de moderação como a “pedra de toque” para o funcionamento estável dos governos . Em seguida, mostrar a relação da noção de moderação e as teorias dos três governos e a dos três poderes. É possível agora redefinir com nossas próprias palavras a natureza dos três governos: o despotismo é o governo da paixão; a república é o governo dos homens; a monarquia é o governo das instituições.
Aula 6: Marx
Direto ao ponto:
 O Marxismo é o conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais baseadas na concepção materialista e dialética da História, interpreta a vida social conforme a dinâmica da base produtiva das sociedades e das lutas de classes daí conseqüentes. O marxismo compreende o homem como um ser social histórico e que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho, o que diferencia os homens dos outros animais e possibilita o progresso de sua emancipação da escassez da natureza, o que proporciona o desenvolvimento das potencialidades humanas.
Fruto de décadas de colaboração entre Karl Marx e Friedrich Engels, o marxismo influenciou os mais diversos setores da atividade humana ao longo do século XX, desde a política e a prática sindical até a análise e interpretação de fatos sociais, morais, artísticos, históricos e econômicos. Ultrapassou as idéias dos seus precursores, tornando-se uma corrente político-teórica que abrange uma ampla gama de pensadores e militantes, nem sempre coincidentes, e assumindo posições teóricas e políticas por vezes antagônicas. Iniciaremos essa aula com a identificação das contribuições do pensamento de Karl Marx para a concepção moderna de Estado. A forma proposta para pontuar essas contribuições é mostrar que a obra de Karl Marx vai do direito e da filosofia à economia, e esse caminho pode ser entendido como uma chave do método de Marx e como um critério para localizarmos o sentido da política. Iniciaremos essa aula com a identificação das contribuições do pensamento de Karl Marx para a concepção moderna de Estado. A forma proposta para pontuar essas contribuições é mostrar que a obra de Karl Marx vai do direito e da filosofia à economia, e esse caminho pode ser entendido como uma chave do método de Marx e como um critério para localizarmos o sentido da política. Em seguida, identificaremos como estão dispostos os conceitos de revolução, emancipação política, emancipação social e alienação na concepção de Estado proposta por Marx.Começamos com o conceito de revolução. Mostraremos que a noção de uma proximidade da revolução é de uma atualidade universal e constitui o núcleo da doutrina marxista. Seguindo a aula, e tratando dos conceitos de emancipação política e emancipação social é importante destacar que, a primeira emancipa somente a burguesia, e a segunda, seria objeto de realização do proletariado e emanciparia “o conjunto da sociedade”. Já a respeito do conceito de alienação, partiremos da ideia que essa “aparece para os proletários como uma força estranha situada fora deles, cuja origem e fim nada sabem, que não podem dominar”, e mostrar sua importância na teoria marxista. Como conclusão, iremos relacionar o pensamento de Marx com a nossa realidade política e com as formas de organização da sociedade contemporânea. Aqui a proposta é refletir sobre a importância do pensamento marxista na atualidade e mostrar que Marx foi um dos principais condicionadores do pensamento ocidental no século XX. Leia atentamente o texto indicado, direcionando sua leitura para a identificação das contribuições para a concepção moderna de Estado, presentes no pensamento de Karl Marx. Entenda que Marx descreveu a emergência de duas classes fundamentais da sociedade: a burguesia e o proletariado; e também o surgimento do capitalismo industrial e a consolidação dos Estados modernos.
Vamos conhecer um pouco mais de Marx! 
EXPLORANDO O TEMA
Abrindo o baú para conhecer Marx:
http://www.youtube.com/watch?v=I2AZAbg1rLw
Continue sua leitura e proceda com a identificação, na concepção de Estado proposta por Marx, dos conceitos de revolução, emancipação política, emancipação social e alienação. Nesse tópico, sua leitura deve ser atenta inicialmente para que, o “compromisso” de Marx com a revolução é mais do que a atitude de um militante revolucionário, está no miolo de sua teoria. Para Marx, a lógica da revolução está embutida na própria lógica das contradições do sistema capitalista. Em seguida, veja a distinção entre os conceitos de emancipação política e emancipação social. Procure entender como o conceito de alienação está presente na teoria de Marx, e sua importância para a eclosão da revolução do proletariado. Como conclusão, uma reflexão: relacionar o pensamento de Marx com a nossa realidade política e com as formas de organização da sociedade contemporânea.O jovem Marx começa seus estudos em Direito, Filosofia e História, tratando também de efetuar uma revisão crítica da teoria dialética hegeliana – a qual, diga-se de passagem, foi de grande influência para as suas formulações teóricas, ainda que seja "pelo avesso", como muitos gostam de colocar. Apenas em um momento posterior surgem os textos mais propriamente revolucionários e uma efetiva crítica à economia política. A época em que vivia Marx foi das mais propícias a revoluções: "Em 1848 Marx esperava, já para o ano seguinte, uma guerra mundial como resultado de uma insurreição que considerava inevitável por parte da classe operária inglesa". Entretanto, já em 1850, Marx coloca que a condição para a revolução seria a emergência de uma crise no capitalismo – e para ele, a crise seria inevitável, uma vez que seria intrínseca ao próprio modo de produção e desenvolvimento capitalista. Os rumores, em 1857, de que a crise estava por vir, conferiu grande ânimo a Marx. Porém, esta crise não culminou na revolução esperada pelo pensador. Conforme Weffort , Marx pensava que a revolução estaria para além da mera ideologia, do mero posicionamento político. E revolução, em Marx, seria inevitável porque as análises teórico-crítica e metodológica o levam a esta conclusão. É um ponto que é de suma pertinência frisar, especialmente quando consideramos que muitos – inclusive alguns estudiosos – tendem a pensar que Marx pensava a revolução exclusivamente em função de sua militância. Ao contrário: a revolução seria uma conseqüência direta dos pressupostos marxistas. Portanto, Marx não era favorável à revolução exclusivamente por razões "altruístas", mas especialmente em função de sua fidelidade ao seu rigor teórico e metodológico que apontava a revolução como inevitável. Trata-se de uma implicação teórica, filosófica, para além de qualquer ideologia. "A teoria da revolução é bem mais do que um fruto dos entusiasmos do jovem Marx. A lógica da Revolução está embutida na própria lógica das contradições do sistema capitalista". Tais contradições engendrariam a crise que culminaria na revolução: "A revolução, portanto, vai além das manifestações de vontade dos revolucionários. Ela está inscrita na própria história real, e por isso, está também na lógica (dialética) que a desvenda". E isso se deve ao fato de que a ascensão burguesa acaba por produzir seus próprios "coveiros" – o proletariado – segundo as palavras de Marx e Engels no Manifesto Comunista. Entretanto, não se deve entender este ponto mediante uma leitura determinista, tão cara ao "marxismo vulgar" que entende que as ideias são meramente reflexos das condições materiais. Deve-se entender"a luta de classes é tanto uma luta no plano material quanto no plano das ideias". Isso porque em momentos de crise e propícios à revolução, a classe dominante perde o monopólio da produção intelectual. O próximo ponto diz respeito ao Estado e a transição para o socialismo. Para Marx, não basta a classe operária tomar o Estado – é necessário destruir a própria máquina estatal. Entretanto, o desaparecimento do Estado só é possível após o período de "ditadura do proletariado", caracterizado pela tomada, por parte do Estado, de todos os instrumentos de produção da mão da burguesia. Este seria o caminho para a abolição das classes e do Estado. 
Vamos concluir nossa aula! Concluindo: Como pensar, nos dias de hoje, uma revolução em termos marxistas? Marx aponta para a necessidade de se pensar uma nova concepção para a luta pela emancipação humana e universal. Atentemos para o fato de que mesmo a obra de Marx deve ser lida hoje com olhos mais críticos, considerando o momento histórico de sua formulação e nas transformações que ocorreram até então. Se os problemas são os mesmos, eles se redimensionaram.
AULA 7:OS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO E AS FORMAS DE GOVERNO
Direto ao ponto: 
Nesta aula direcionaremos nossa atenção para duas questões diferentes: os elementos constitutivos do Estado e os regimes de governo no exercício do poder de Estado. 
O Estado é uma criação humana destinada a manter a coexistência pacífica dos indivíduos, a ordem social e o bem estar de toda a sociedade. O Estado Moderno baseia-se na autoridade (poder centralizado), no povo (direitos e deveres uniformes) e no território definido. A forma (ou regime) de governo é o conjunto de instituições políticas por meio das quais um Estado se organiza a fim de exercer o seu poder sobre a sociedade. A forma de governo adotada por um Estado não deve ser confundida com a forma de Estado (unitária ou federal) nem com seu sistema de governo (presidencialismo, parlamentarismo, etc). 
Aqui iremos apresentar os três elementos que compõem o Estado e demonstrar que eles são essenciais e suficientes, porque na falta de qualquer um deles, não pode existir Estado na forma como é pensado na modernidade : população, território e governo. População, Território e Governo são essenciais faltando um deles, não pode existir Estado. Alguns autores citam, como quarto elemento constitutivo do Estado, a soberania. Para os demais, no entanto, o governo pressupõe a soberania.
População e o requisito da homogeneidade. 
Alguns autores entendem que o núcleo básico formado do Estado é caracteristicamente nacional. Outros, porém, sustentam que o elemento população se estende em sentido amplo e puramente formal, como reuniões de indivíduos de várias origens, que se estabelecem num determinado território, com animo definitivo, e aí de organizam politicamente. 
Território : O território é a base física, o âmbito geográfico da nação. A nação, como realidade sociológica, pode subsistir sem território próprio, sem se constituir em Estado. O mesmo não ocorre com o Estado, que sem território não é Estado. Esse elemento físico é indispensável à configuração do Estado. O território é o espaço certo e delimitado onde se exerce o poder do governo sobre os indivíduos. Esse território representa-se como uma grandeza a três dimensões, abrangendo o supra-solo, o subsolo e o mar territorial. Alguns autores o dividem em terrestre, marítimo e fluvial.
Governo: No conceito da escola francesa, o governo, terceiro elemento do Estado, é a delegação de soberania nacional. É a própria soberania posta em ação. Positivamente, é o conjunto das funções necessárias à manutenção da ordem jurídica e da administração pública. A palavra governo tem dois sentidos; coletivo e singular. O primeiro, como conjunto de órgãos que presidem a vida política do Estado. O segundo, como poder executivo, “órgão que exerce a função mais ativa na direção dos negócios públicos”. Governo confunde-se, muitas vezes, com soberania. As concepções históricas das Formas de Governo: A mais antiga e célebre concepção das formas de governo foi a concebida por Aristóteles. Em seu livro "Política" ele expõe a base e o critério que adotou: "Pois que as palavras constituição e o governo significam a mesma coisa, pois é a autoridade suprema nos Estados, e que necessariamente essa autoridade deve estar na mão de um só, de vários, ou a multidão usa da autoridade tendo em vista o interesse geral, a constituição é pura e sã; e que se o governo tem em vista o interesse particular de um só, de vários ou da multidão, a constituição é impura e corrompida".
Ao combinar-se o critério moral e numérico Aristóteles obteve:
Formas puras
Monarquia: governo de um só
Aristocracia: governo de vários
Democracia: governo do povo
Formas impuras
Oligarquia: corrupção da aristocracia
Demagogia: corrupção da democracia
Tirania: corrupção da monarquia
Maquiavel classifica as formas de governo com somente duas vertentes: República e Monarquia.
Montesquieu distingue três espécies de governo: República, Monarquia e Despotismo.
Rodolphe Laun classificando-os quanto à origem, à organização e ao exercício:
Quanto à origem - Governos de dominação e Governos democráticos ou populares
Quanto à Organização - Governos de Direito (por eleição ou hereditariedade) e Governos de fato.
Quanto ao Exercício – Constitucionais ou Absolutos
        Formas de Governo
As formas de governos foram baseadas nas relações entre os poderes Executivos e Legislativos. Quando a Constituição dá ênfase ao Legislativo, há o governo convencional. No entanto, se a Constituição dá predominância ao Executivo, há o governo presidencial, e se a manifestação desses dois poderes for equilibrada, temos o governo parlamentar.
As formas de regime representativo podem ser explicadas derivando-as do modo pelo qual é exercido o poder Executivo. Se ele gozar de plena autonomia em relação ao legislativo, temos o governo presidencial. Quando o Executivo está subordinado completamente ao Legislativo, há o governo de assembleia ou convencional, e quando não houver subordinação completa, o Executivo depende da confiança do Parlamento, surge o governo parlamentar ou de gabinete. 
O governo convencional se torna um sistema de preponderância da assembleia representativa. O governo de assembleia apareceu durante a Revolução Francesa. O governo parlamentar assenta fundamentalmente na igualdade e colaboração entre o Executivo e o Legislativo. O governo parlamentar foi uma criação da história política da Inglaterra. O governo de gabinete organizou-se e evoluiu tornando-se a forma de governo quase unânime na Europa.
O governo presidencial resulta num sistema de separação rígido dos três poderes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. O governo presidencial caracteriza-se pela independência dos Poderes, no sentido de não haver subordinação de um para o outro. O sistema presidencialista foi criado pela constituição dos Estados Unidos da América do Norte, em 1787. Monarquia e República: A monarquia e a república são os dois tipos comuns em que se apresenta o governo nos Estados modernos. No conceito clássico, monarquia é a forma de governo em que o poder está nas mãos de um indivíduo. "Monarquia é o Estado dirigido por uma vontade física, esta deve ser a mais forte e não deve depender de nenhuma outra". Porém, nas monarquias modernas, todas limitadas e constitucionais, o rei quando governa, não governa sozinho, sua autoridade é limitada pela de outros órgãos, coletivos, como os Parlamentos. E a verdade é que os reis modernos "reinam, mas não governam", segundo o aforismo tradicional. 
A República: O conceito de república foi resumido pelo grande Rui Barbosa, que inspirado nos constitucionalistas americanos, disse ser a forma de governo em que além de "existirem os três poderes constitucionais, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, os dois primeiros derivem, realmente, de eleição popular". É verdade que o Poder Executivo nas repúblicas parlamentares não é exercido pelo Presidente e sim pelo Gabinete, que nãoé eleito, mas nomeado. No entanto, como esse Gabinete, para se manter depende da confiança do Parlamento, pode-se considerar que ele deriva, pelo menos indiretamente, de eleição popular. Vamos concluir! Concluindo:
Os três elementos que compõem o Estado e demonstrar que eles são essenciais e suficientes, porque na falta de qualquer um deles, não pode existir Estado na forma como é pensado na modernidade : população, território e governo.
A forma de governo- Monarquia ou República- adotada por um Estado não deve ser confundida com a forma de Estado (unitária ou federal) nem com seu sistema de governo (presidencialismo, parlamentarismo).
AULA 8: A DEMOCRACIA E A SOCIEDADE CIVIL
Direto ao ponto: 
Democracia e sociedade civil estão entre os conceitos mais polissêmicos do pensamento social contemporâneo. É também com diferentes sentidos e acepções que eles são utilizados na academia, pela imprensa, no senso comum. Torna-se assim, necessário quando hoje se fala de democracia ou de sociedade civil, saber, com exatidão, o que se quer precisamente conotar com essas palavras. Este esclarecimento preliminar é assim um momento fundamental da batalha das ideias que tem lugar em nosso mundo contemporâneo. O Primeiro tema é a democracia. Comece com a identificação da origem e o avanço do conceito de democracia. O importante é estar atento que a origem do termo democracia remonta à antiguidade grega, mas que o seu conceito varia com o passar dos tempos.  Ainda no tema da Democracia, procure reconhecer os aspectos que caracterizam a democracia direta, a democracia representativa e a democracia semidireta. Aqui, atente para as características de cada tipo de democracia e a relação que existe com a participação da sociedade em casa um deles. O segundo tema dessa aula é a sociedade civil. Inicialmente é necessária a identificação do conceito de sociedade civil e o reconhecimento que sua definição assume diversos sentidos ao longo da história. Procure perceber que a questão central nesse ponto é que, o sentido dado ao do termo sociedade civil só pode ser entendido em relação ao contexto histórico em que é formulado. A segunda questão relativa à sociedade civil é o reconhecimento das suas diferentes acepções. A sociedade civil assume significados diferentes nas principais correntes de pensamento que lidam com o estudo do Estado e do poder. Democracia: conceito e variações
 A origem da idéia que temos de democracia vem da Grécia antiga, com Aristóteles e sua classificação das formas de governo. No seu conceito clássico, é o governo do povo pelo povo, o regime político em que o poder reside na massa de indivíduos e é por eles exercido, diretamente ou através de representantes eleitos. Porém, a democracia grega não era o que hoje denominamos democracia. Quando Aristóteles fala em povo, refere-se somente aos homens livres das cidades gregas. Os escravos, que eram a maioria, não possuíam direitos, eram simples coisas. Democracia Clássica
A democracia clássica é organizada sob a referência da filosofia política da Revolução Francesa e apresenta as seguintes características:
- de ordem política, sem preocupações econômicas ou sociais, visava a liberdade política, no sentido da participação efetiva no governo; individualista, considerava os indivíduos como titulares dos direitos; espiritualista, com a aceitação de ideias morais, amor à justiça, fé no ideal político; igualitária, todos os homens possuem os mesmos direitos políticos. 
Conceito atual: O conceito atual de democracia está em “movimento”. Dois aspectos, prevalecem nas releituras: 
Primeiro: A democracia não deve ser apenas política, deve ser uma democracia política e social. Além dos direitos políticos a democracia deve assegurar os direitos sociais; não deve defender apenas o direito do homem à vida e à liberdade, mas também à saúde, à educação, ao trabalho, etc.
 Segundo: a democracia não é mais individualista, reconhece a existência de grupos sociais a que o indivíduo pertence, estimula e protege essas associações, dando-lhes participação na formação do poder político.
Democracia direta: Na antiga Grécia a democracia era direta: os cidadãos reuniam-se frequentemente em assembleias para resolver os assuntos mais importantes do governo da cidade. Várias condições permitiam a forma direta de governo do povo pelo povo nos Estados gregos: pequena extensão territorial, pequeno número de cidadãos, poucos assuntos e de caráter geral, o cidadão grego vivia do trabalho do escravo e possuía tempo disponível para a participação política
Democracia representativa: O cidadão do mundo moderno não dispõe das mesmas condições do cidadão da antiguidade grega. As democracias modernas, necessariamente, teriam que ser representativas. Isto é, o povo não trata diretamente das coisas públicas do governo, mas sim por meio de representantes eleitos por ele. Ou melhor, o poder Executivo e o Legislativo não são exercidos diretamente pelos cidadãos, e sim por representantes eleitos para isso. A democracia representativa, ou o regime representativo, é o sistema comum de governo nos Estados modernos.
 Democracia semidireta: Nas últimas décadas a doutrina política e a legislação constitucional, preconizaram e adotaram modificações no regime representativo, surgindo uma terceira modalidade de democracia, a democracia semidireta. É um sistema misto, que guarda as linhas gerais do sistema representativo, porque o povo não governa diretamente, mas tem o poder de intervir, às vezes, diretamente na elaboração das leis e em outros momentos decisivos do funcionamento dos órgãos estatais. Os três mecanismos clássicos da democracia semidireta são o referendo, o veto popular e a iniciativa popular.
Sociedade Civil: O conceito de sociedade civil assume diversos sentidos ao longo da história, muitas vezes contrastantes entre si. O sentido do termo só pode ser entendido na sua relação com o contexto histórico. Ao longo do tempo a compreensão da sociedade civil foi muitas vezes atrelada à dicotomia sociedade e Estado: tudo que não cabia na esfera estatal era definido como compondo a sociedade civil. Esta definição tem uma perspectiva negativa, pois é feita sempre em contraposição ao conceito de Estado.
Sociedade civil é lugar onde surgem e se desenvolvem os conflitos econômicos, sociais, ideológicos, religiosos, que as instituições estatais têm o dever de resolver, ou através da mediação ou através da repressão. Sujeitos desses conflitos, e, portanto da sociedade civil, exatamente enquanto contraposta ao Estado são as classes sociais, ou mais amplamente os grupos, os movimentos, as associações, as organizações que representam ou se declaram seus representantes; ao lado das organizações de classe, os grupos de interesse, as associações de vários gêneros.
Como a sociedade civil é empregada como um dos termos da dicotomia Estado/sociedade civil é necessário redefinir simultaneamente o termo Estado para determinar seu significado e delimitar sua extensão. A dicotomia entre a sociedade civil e o Estado assume significados diferentes nas principais correntes que vão delinear o conceito de sociedade civil. Essas correntes referem-se à sociedade civil como Estado, como esfera pré-estatal, como uma esfera anti-estatal e como uma esfera pós-estatal.
Vamos concluir nossa aula!
Concluindo:
Sociedade civil como Estado - Advém da tradição Aristotélica, onde a sociedade civil é colocada como espaço privilegiado da ação política.
Sociedade civil como pré-estatal - Doutrina jusnaturalista (Hobbes, Rousseau e Kant), que antes do Estado predomina o “estado de natureza” onde coexistem várias formas de associação que os indivíduos formaram entre si para a satisfação dos seus mais diversos interesses. Na sociedade de natureza predomina a competição e o homem egoísta é o principal sujeito
Sociedade civil como anti-estatal- Esfera independente do Estado, aparece no pensamento de Hegel e de Marx. Instância de modificação das relações de dominação, formam-se os grupos que lutam pela emancipação do poderpolítico, adquirem forças os assim chamados contra-poderes.
Sociedade civil como pós-estatal - Aparece nas reflexões de Gramsci, para ele a sociedade civil corresponderia a um estágio de sociedade sem Estado, destinada a surgir da dissolução do poder político. 
Aula 9: O Estado e a Democracia no Brasil: 
a Constituição Federal
Direto ao ponto: A Constituição Federal, promulgada em 05 de outubro de 1988, representa o mais importante instrumento de proteção da cidadania no Brasil em toda a sua história. A partir dela, ganharam proteção constitucional diversos direitos civis, políticos e sociais. O parágrafo único do artigo 1º da Constituição federal de 1988 dispõe:
 “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição.”
Prosseguindo com a aula, iremos iniciar o trabalho com a Constituição Federal. Primeiro, o reconhecimento dos Fundamentos e Objetivos da República Federativa do Brasil, conforme são propostos na Constituição Federal. Depois de uma rápida linha do tempo com a história das constituições brasileiras, exploraremos o ponto central relativo a essa questão: o diálogo com a ideia da nossa Constituição Federal ser também chamada de Constituição Cidadã.
Em seguida buscaremos identificar como estão dispostos os Direitos Sociais na Constituição Federal e provocar uma reflexão crítica, acerca de quais são os princípios e fundamentos que norteiam a lógica presente na redação dos direitos sociais na Carta Magna, e como se apresentam, na prática, esses direitos na sociedade brasileira em comparação à letra da lei 
Por fim, seguiremos o mesmo caminho proposto para os direitos sociais na identificação e reflexão sobre a Seguridade Social.
Leia atentamente o texto indicado que contempla dois momentos diferentes. Primeiro, o conceito de Constituição e as características do poder constituinte; em seguida um primeiro contato com a Constituição Federal de 1988. 
Comece com a identificação do conceito de Constituição apresentado no texto. Em seguida, em relação às características do poder constituinte, atente para os princípios presentes em sua origem, na diferença entre poder de emenda e de revisão quando dos limites do poder constituinte, e de como se expressa na organização do estado brasileiro o poder constituinte decorrente.
Partindo para o estudo da Constituição Federal, direcione o olhar inicialmente para os Fundamentos e Objetivos da República Federativa do Brasil. Identifique quais os artigos que apresentam os fundamentos e objetivos da República brasileira e reflita acerca de o porquê da Constituição Federal de 1988 ser também chamada de Constituição Cidadã.
 Em seguida, na identificação e reflexão acerca de como estão dispostos os Direitos Sociais na Constituição Federal a proposta é identificar a preocupação com a oferta, extensão e garantia dos direitos sociais de forma universal.
Procure identificar e refletir acerca de como está disposta a Seguridade Social na Constituição Federal. Fique atento especialmente a duas questões. A primeira é que, assim como no tocante aos Direitos Sociais, a Seguridade Social é guiada pela “lógica cidadã” em seu texto. A segunda questão é que a Seguridade Social contempla as áreas da Saúde, Assistência e Previdência Social e que cada uma delas traz princípios e diretrizes diferenciadas no atendimento de suas demandas sociais específicas.
Estado e Democracia no Brasil: a Constituição Federal
Constituição e poder constituinte
Pode se considerar que Constituição, lato sensu, é o ato de constituir, o modo pelo qual se constitui uma coisa, um ser vivo, um grupo de pessoas; organização No sentido jurídico, porém, a constituição pode ser definida como a lei fundamental e suprema do Estado, produto do poder constituinte.
Originário de um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e exercício do poder, a distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. Um dos principais objetivos do constitucionalismo é a proteção dos direitos fundamentais do ser humano, demanda já presente no final do século XVII, quando se estabeleceram as primeiras constituições escritas.
Segundo: a democracia não é mais individualista, reconhece a existência de grupos sociais a que o indivíduo pertence, estimula e protege essas associações, dando-lhes participação na formação do poder político. A elaboração geral da teoria do Poder Constituinte nasceu, na cultura europeia, com Emmanuel J. Sieyès, pensador e revolucionário francês do século XVIII. A concepção de soberania nacional na época assim como a distinção entre poder constituinte e poderes constituídos com poderes derivados do primeiro é contribuição do pensador revolucionário.
Sieyes, afirmava que o objetivo ou o fim da Assembléia representativa de uma nação não pode ser outro do que aquele que ocorreria se a própria população pudesse se reunir e deliberar no mesmo lugar. Ele acreditava que não poderia haver tanta insensatez a ponto de alguém, ou um grupo, na Assembleia geral, afirmar que os que ali estão reunidos devem tratar dos assuntos particulares de uma pessoa ou de um determinado grupo.
Os limites do Poder Constituinte
O poder constituinte derivado, ou de reforma, divide-se em dois: o poder de emenda e o poder de revisão, enquanto o poder originário pertence a uma assembléia eleita com finalidade de elaborar a Constituição, deixando de existir quando cumprida sua função, sendo um poder temporário; o poder de reforma é um poder latente, que pode se manifestar a qualquer momento, desde que cumpridos os requisitos formais e observados os seus limites materiais.
Isto caracteriza a essência da Federação, a inexistência de hierarquia entre os entes federados (União, Estado e Municípios), pois cada uma das esferas de poder federal nos três níveis brasileiros participa da soberania, ou seja, detém parcelas de soberania, expressa na suas competências legislativa constitucional no exercício do poder constituinte derivado. Fundamentos da Republica Federativa do Brasil
Conforme o artigo 1º da Constituição Federal, a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos:
I – Soberania
II – Cidadania
III - Dignidade da pessoa humana
IV -Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
V - Pluralismo político
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil
Estão dispostos no Título I -Dos Princípios Fundamentais, artigo 3º da Constituição federal e consistem em:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação
Dos Direitos Sociais
O artigo 6° que se encontra dentro do Titulo II- Dos Direitos e Garantias Fundamentais, da nossa Constituição Federal trata sobre os direitos sociais que devem ser respeitados, protegidos e garantidos a todos pelo Estado. São eles:
Direito à educação: direito de cada pessoa ao desenvolvimento pleno, ao preparo para o exercício da cidadania e à qualificação para o trabalho.
2. Direito à saúde: direito ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde, bem como à redução do risco de doença e de outros agravos.
3. Direito ao trabalho: direito a trabalhar, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego. 
4. Direito à moradia: direito a uma habitação permanente que possua condições dignas para se viver
5. Direito ao lazer: direito ao repouso e aos lazeres que permitam a promoção social e o desenvolvimentosadio e harmonioso de cada indivíduo. 
6. Direito à segurança: direito ao afastamento de todo e qualquer perigo e garantia de direitos individuais, sociais e coletivos. 
7. Direito à previdência social: direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.
8. Direito à maternidade e à infância: direito da mulher, durante a gestação e o pós-parto, e de os todos os indivíduos, desde o momento de sua concepção e durante sua infância, à proteção e à prevenção contra a ocorrência de ameaça ou violação de seus direitos. 
9. Direito à assistência aos desamparados: direito de qualquer pessoa necessitada à assistência social, independentemente da contribuição à seguridade social.
A Saúde vem garantida pela Carta Magna como direito de todos e dever do estado, e deve ser garantida mediante ações que visem reduzir os riscos de doença e seus agravamentos. O acesso aos programas de saúde pública necessariamente devem seguir os princípios da igualdade e universalidade do atendimento. Logo neste campo o acesso deve ser garantido a todos e de forma igual, sem qualquer tipo de contribuição, de forma que o atendimento público à saúde deve ser gratuito.
A Saúde vem garantida pela Carta Magna como direito de todos e dever do estado, e deve ser garantida mediante ações que visem reduzir os riscos de doença e seus agravamentos. O acesso aos programas de saúde pública necessariamente devem seguir os princípios da igualdade e universalidade do atendimento. Logo neste campo o acesso deve ser garantido a todos e de forma igual, sem qualquer tipo de contribuição, de forma que o atendimento público à saúde deve ser gratuito. 
Vamos agora concluir nossa aula!
Resumindo:
Logo a assistência social visa garantir meios de subsistência às pessoas que não tenham condições de suprir o próprio sustento, dando especial atenção às crianças, velhos e deficientes, independentemente de contribuição à seguridade social. A mais autêntica forma de assistência social é a prevista no art. 203, V da Constituição Federal, onde fica garantido o valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não ter meios de prover a própria subsistência, ou tê-la provida por sua família.
A Previdência Social, por sua vez, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente.
 A partir desse diferencial é possível divisar os conceitos dos ramos da seguridade social, sendo claro que a diferença primordial é que a assistência social e a saúde independem de contribuição, e a previdência, pressupõe contribuição.
Vamos agora ver o que estudaremos na próxima aula!
Aula 10: O Estado e a Democracia no Brasil: a Constituição Federal, limites e desafios atuais .
Direto ao ponto: O primeiro passo é apresentar a conjuntura histórica, política e social que condicionou o processo de elaboração da Constituição Federal de 1988. Mostrar que o resultado do texto constitucional é marcado por um processo histórico e de amadurecimento político, que pode ser resgatado a partir do momento da abertura política e do fim da ditadura militar. Desse modo, anseios e demandas de lutas e conquistas históricas dos movimentos sociais e de outros setores organizados da sociedade civil, estão refletidos na Constituição Federal de 1988
A proposta é realizar um diálogo crítico-reflexivo sobre o atual momento da democracia e da organização do estado brasileiro e dos arranjos políticos-institucionais decorrentes deste cenário. A ideia central a ser explorada é que o Estado brasileiro está organizado de forma favorável à participação da sociedade civil no acompanhamento e proposição de políticas públicas. Demonstrar que tal cenário é configurado pelos princípios constitucionais da descentralização e da participação e, que esses dois princípios, estão materializados na figura dos conselhos gestores.
Procure inicialmente na sua leitura reconhecer o panorama histórico, político e social que condicionou o processo de elaboração da Constituição Federal de 1988.
Aqui, o importante é perceber que a promulgação da Constituição Federal de 1988 não é um ato político isolado. Mas sim, que contempla demandas históricas da sociedade política e que se constitui de um marco no processo de democratização da sociedade brasileira.
Em seguida, tente fazer uma reflexão sobre o atual momento da democracia e da organização do Estado brasileiro e dos arranjos políticos-institucionais decorrentes deste cenário. O ponto central aqui é entender como os princípios constitucionais da descentralização e da participação estão materializados nos novos arranjos político institucionais, no exercício da cidadania participativa e na oferta de políticas públicas.
A atual Constituição Federal do Brasil, chamada de “Constituição Cidadã”, foi promulgada no dia 5 de outubro de 1988. Nela são definidos os direitos individuais, coletivos, sociais e políticos dos cidadãos, e são estabelecidos limites para o poder dos governantes. Após o fim do Regime Militar, em todos os segmentos da sociedade, era unânime a necessidade de uma nova Carta, pois a anterior havia sido promulgada em 1967, em plena Ditadura Militar, além de ter sido modificada várias vezes com emendas arbitrarias.
Ao final da década de 1970, por pressão dos movimentos sociais na luta por direitos, liberdade e democracia, o país conquista a Anistia através da Lei 6.683 de 28 de agosto de 1979. Inicia-se o processo de abertura política, que culmina em 1985, com a queda do Regime Militar e a emenda constitucional nº 25 que convoca eleições para a Assembleia Nacional Constituinte. Em 1º de fevereiro de 1987, foi instalada a Assembleia Nacional Constituinte, composta por 559 congressistas (senadores e deputados federais, eleitos no ano anterior), e presidida pelo deputado Ulysses Guimarães, do Partido Movimento Democrático Brasileiro (PMDB
EXPLORANDO O TEMA
Abrindo o baú para a constituição de 1988:
http://www.youtube.com/watch?v=WFoObTqpzjI
Representando um avanço em direção a democracia, a sociedade, em seus diversos setores, foi estimulada a contribuir por meio de propostas para a elaboração da Carta Magna. As propostas formuladas por cidadãos brasileiros seriam válidas se representadas por alguma entidade (associação, sindicatos, etc.) e se fossem assinada por, no mínimo, trinta mil pessoas. Diferentes setores da sociedade que procuravam defender seus interesses, fizeram pressão por meio de lobbies (grupo de pressão, que exercem influência) e lograram importantes conquistas no texto constitucional
Se a participação popular institucionaliza-se a partir da Constituição de 1988, sua efetividade já vinha sendo construída no período pré – Constituição e consolida-se durante os anos 1990. Os movimentos sociais mobilizaram-se e participaram ativamente na elaboração do texto constitucional. As mulheres, por exemplo, tiveram seus direitos assegurados e ampliados, como a licença-maternidade, a introdução da licença-paternidade e a perspectiva jurídica da igualdade de direitos.
O movimento de defesa dos direitos de crianças e de adolescentes apresentou proposta com 1,5 milhões de assinaturas que referendou a emenda popular responsável pelo artigo 227, base para posterior elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente. Dessa forma, crianças e adolescentes conquistaram na lei o status de sujeito de direitos e a primazia no atendimento. O crime de racismo foi uma decorrência da Constituição de 1988.
A Constituição Cidadã de 1988
A Constituição Federal de 1988 é um marco simbólico que reinventa a nossa cidadania, é o marco da transição democrática. Em seu preâmbulo, a Constituição de 1988, institui o Estado Democrático de Direito destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a

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