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Responsabilidade Civil decorrente do Abandono Afetivo

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UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO IGUAÇU - UNIGUAÇU 
FACULDADES INTEGRADAS DO VALE DO IGUAÇU 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
FERNANDA M. MORO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL DECORRENTE DO ABANDONO AFETIVO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIÃO DA VITÓRIA 
2014 
 
2 
 
FERNANDA M. MORO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL DECORRENTE DO ABANDONO AFETIVO 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado no Curso de Graduação em 
Direito das Faculdades Integradas do 
Vale do Iguaçu, como requisito parcial à 
obtenção do título de Bacharel em Direito. 
 
Orientador: Prof. Daniel Scheliga. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIÃO DA VITÓRIA 
2014 
 
 
3 
 
 
FERNANDA M. MORO 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL DECORRENTE DO ABANDONO AFETIVO 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no Curso de Graduação em Direito 
das Faculdades Integradas do Vale do Iguaçu, como requisito parcial à obtenção do 
título de Bacharel em Direito. 
 
 
COMISSÃO EXAMINADORA 
 
 
_____________________________________ 
Prof. Daniel Scheliga 
Faculdades Integradas do Vale do Iguaçu 
 
 
_____________________________________ 
Prof. Guilherme Lunelli 
Faculdades Integradas do Vale do Iguaçu 
 
 
_____________________________________ 
Prof. 
Faculdades Integradas do Vale do Iguaçu 
 
 
União da Vitória,____ de_________ de 2014. 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus pais, minha 
avó, minhas irmãs e meus amigos pelo 
carinho, amor e dedicação. 
 
 
5 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente aos meus pais, Marcos e Jany, por todo o carinho, 
amor, paciência e por não medirem esforços para que possa chegar o mais perto 
dos meus sonhos. Bem como minha avó Maristela Fronczak pelo exemplo de vida e 
dedicação, ao qual sempre me espelhei, demonstrando exemplo de amor, carinho e 
ternura. 
Agradeço também a minhas irmãs Kelly e Gabrielly, que aguentaram por 
diversas vezes minhas lágrimas, meus medos e desesperos, que sempre estiveram 
comigo e nunca me deixaram sozinha. 
A meus queridos amigos Marcelo Rosário da Silva e Elves Melnisk pelo 
incentivo que me deram, principalmente quando ainda não sabia o rumo que deveria 
tomar, por acreditarem em meus esforços, e me servirem de exemplos. 
Assim como a minhas colegas Vanessa da Lus e Leila Dambrós, quem além 
do exemplo me deram oportunidade e confiança, me ensinaram que se trabalha com 
amor e dedicação, bem como por toda a paciência e auxilio prestado, e pela grande 
amizade e carinho que tem por mim. 
Por fim, agradeço a meu Orientador neste trabalho Daniel Sheliga, por todo 
empenho, atenção e dedicação, durante o tempo de orientação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Realmente, o mundo está cheio de 
perigos, mas ainda há muita coisa bonita, 
e embora atualmente o amor e a tristeza 
estejam misturados em todas as terras, 
talvez o primeiro ainda cresça com mais 
força." 
 
(J. R. R. Tolkien em “O Senhor dos Anéis: 
A Sociedade do Anel” - pág. 370.) 
 
 
 
7 
 
 RESUMO 
 
O presente trabalho tem por fim analisar a possibilidade da existência de 
responsabilidade civil por abandono afetivo. Com o estudo da evolução familiar, e 
como a família e o pátrio poder são tratados em nosso ordenamento. Bem como os 
preceitos constitucionais e infraconstitucionais, os direitos e garantias fundamentais 
e os princípios norteadores do direito de família. Após, será estudado o instituto da 
responsabilidade civil, perscrutando os elementos que a caracterizam, se aprofundando 
no elemento dano, juntamente com a obrigação dos pais em cuidar e prestar todo amor, 
afeto e carinho perante os filhos. Ao final para se obter tal resposta, serão analisados, 
jurisprudências dos tribunais brasileiros que mais tiveram repercussão em nosso 
ordenamento. 
Palavras-chaves: Poder familiar. Responsabilidade Civil. Abandono Afetivo. Danos 
Morais. 
 
 
8 
 
ABSTRACT 
 
The goal of this paper is to analyze the possibility of existence of civilian 
responsibility for affective abandonment. With the study of family evolution and how 
family and paternal power are treated amongst our ordainment. As well as the 
constitutional and infra-constitutional precepts, the fundamental rights and 
guarantees and the principles that guide right of family. Following, the institute of civil 
responsibility will be studied, scrutinizing the elements that characterize it, deepening 
in the harm element, along with parental obligation to take care and give all the love, 
affection and fondness towards their children. At the end, in order to obtain such 
answer, are going to be analyzed, jurisprudence of Brazilian courts that had ample 
repercussion in our ordainment. 
Key words: Family Power. Civil Responsibility. Affective Abandonment. Mental 
Anguish. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 10 
2 A FAMÍLIA.............................................................................................................. 13 
2.1 DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FAMÍLIA........................................................ 13 
2.2 DO PODER FAMILIAR........................................................................................ 15 
2.3 DA FUNÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA.................................................................. 18 
2.4 DOS PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMILIA................................................... 19 
2.4.1 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana..................................................19 
2.4.2 Principio da Igualdade.................................................................................... 20 
2.4.3 Principio da liberdade..................................................................................... 21 
2.4.4 Principio da Solidariedade Familiar...............................................................21 
2.4.5 Principio do melhor interesse da criança e do adolescente....................... 22 
2.4.6 Principio da paternidade responsável e planejamento familiar..................23 
2.4.7 Principio da afetividade.................................................................................. 24 
3 DA RESPONSABILIDADE CIVIL........................................................................... 26 
3.1 CONCEITO E REQUISITOS................................................................................ 27 
3.1.1 Da conduta humana........................................................................................ 29 
3.1.2 Do dano............................................................................................................ 30 
3.1.2.1 Do dano moral.............................................................................................. 32 
3.1.3 Do nexo causal................................................................................................ 35 
3.2 DA RESPONSABILIDADE CIVIL E A OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR............... 36 
3.3 DA RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PAIS SOBREOS FILHOS POR 
ABANDONO AFETIVO.............................................................................................. 37 
4 ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIO SOBRE A INDENIZAÇÃO POR ABANDONO 
AFETIVO.................................................................................................................... 42 
5 CONCLUSÃO......................................................................................................... 51 
 
REFERÊNCIAS..........................................................................................................53 
 
10 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Durante muito tempo foi questionado ao judiciário sobre a responsabilidade 
civil que pode ser gerada perante a relação paterno-filiais, e é este tema que será 
discutido no presente trabalho. 
Primeiramente é importante salientar sobre os princípios norteadores do 
direito de família, afinal, tudo começa perante os fundamentos da família, estas 
marcadas por uma série de reviravoltas, e atualizações culturais. O foco deste 
estudo não se volta somente para o desenvolver do cidadão, mais para o 
desenvolver de toda a sociedade em si que está ligada às ampliações da família e 
de seus princípios e preceitos. 
Por essa concepção é possível de notar uma breve analise da figura do 
“pátrio poder”, antigamente esta função somente era exercida pelo pai, ele quem 
comandava a família. O Código Civil de 1916 proporcionou a divisão desta função 
entre pai e mãe, porem a mãe só seria responsável pela família quando a figura do 
pai fosse omissa. Hoje os maiores doutrinadores do direito de família deixam 
expressamente claro que não importa quem faça parte da família, se ela é 
monoparental ou homoafetiva, pôs onde existir amor, afeto e carinho, existirá uma 
família. 
Em busca de normatizar os direitos e deveres da família o legislador usou 
como base principal os princípios e garantias fundamentais, estes princípios 
inclusive passam a ser estudados pelo direito de família nos casos em que a lei for 
omissa a certas matérias, que é o caso de nosso estudo. 
Estudando os princípios, é possível observar que há uma responsabilidade do 
estado, da sociedade e da família, sobre os direitos e garantias das crianças e dos 
adolescentes. O papel dos pais para os filhos é muito importante para o seu 
desenvolvimento, para que não cresçam desregrados e sem nenhuma assistência. 
Os pais tem o dever de garantir a sua prole, uma criação saudável, em que estejam 
presentes a educação, desenvolvimento humano digno, afeto, carinho e amor. 
Uma das principais polemicas seria que o judiciário não pode obrigar ninguém 
a amar, porem com a analise de todos os princípios e das garantias fundamentais 
para o desenvolvimento humano, é possível pelo judiciário garantir a toda criança e 
adolescente uma vida digna e uma assistência moral por seus genitores. 
11 
 
Os genitores estão vinculados aos filhos, e a omissão dos cuidados 
fundamentais previstos no ordenamento gera para os genitores omissos a 
responsabilidade civil, pois tem a função de prover um desenvolvimento saudável e 
essencial para a formação da personalidade de sua prole falta desta função gera um 
dano no desenvolvimento da criança, que consequentemente gera um dever de 
reparar. 
Para vir a existir a responsabilidade civil por abandono afetivo de um dos 
genitores é necessário à presença de alguns elementos fundamentais, tais como ato 
ilícito, dano culpa e nexo causal. 
A conduta ilícita é gerada pela ação ou omissão que venha causar um dano. 
A doutrina entende que pode ser gerada de uma ação voluntária, onde não haja 
intenção de se causar um dano, bastando apenas ter a consciência do que está 
fazendo. O nexo causal é indispensável para a concretização da responsabilidade 
civil, pois é a conexão da conduta do agente e do dano gerado. 
O ponto mais importante do presente trabalho está ligado ao dano e o ato que 
gera o dano, pois não há responsabilidade se não houver dano. 
Existem vários tipos de danos, tais como patrimoniais, materiais e morais. 
Para o presente estudo é necessário se aprofundar nos danos morais, que são os 
tipos de danos sofridos pelos filhos em virtude da relação paterno-filiais. 
O dano é gerado pela falta de amor, atenção, respeito, afeto e assistência 
paterno-filiais, onde se entende que a falta da presença do pai ou da mãe, afeta o 
desenvolver da criança, que passa a crescer sem a capacidade de criar laços 
sociais e se alargar perante a sociedade. Para o crescimento digno de uma criança 
é essencial à presença dos pais, ou de outra pessoa que ocupe o lugar do genitor 
dando uma assistência digna a criança. 
Deste modo se entende que a falta da relação pais/filhos é o que causa os 
transtornos na vida adulta, bem como transtornos na sociedade. 
Ao estudar o que seria o dano moral vemos que é toda lesão cujo conteúdo 
não tem valor a ser estipulado. 
Deste modo, estando o filho desamparado, e prejudicado emocionalmente 
pela falta de afeto, gera ao genitor omisso o dever de indenizar para reparar o que 
foi perdido. 
A consolidação da responsabilidade civil leva os tribunais muitas vezes a 
adotarem certos posicionamentos que acabam por parecer confusos e diversos 
12 
 
perante a matéria estudada, como veremos em breve analises sobre o Recurso 
Especial nº 757.411/MG, julgado em 29 de novembro de 2005 pelo Supremo 
Tribunal de Justiça, e também o Recurso Especial 1159242/SP, julgado em 24 de 
abril de 2012 pelo Mesmo Tribunal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
2 A FAMÍLIA 
 
2.1 DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FAMÍLIA 
 
A contemporaneidade trouxe uma nova perspectiva de característica familiar, 
antigamente a família era governada por uma única pessoa a qual estabelecia poder 
entre os outros familiares, geralmente o pai quem tinha essa função. Com o avanço 
da humanidade o chamado pátrio poder1 passou a ser exercido não somente pelo 
pai mais por qualquer membro da família que mostre perante os outros uma 
hierarquia.2 
Vejamos que a origem etimológica da palavra família, surge de uma 
expressão latina “famel” que significa doméstico, o que segundo Plácido de Silva 
refere-se a “uma sociedade matrimonial da qual o chefe é o marido, sendo a mulher 
e filhos associados dela” assim formando uma estrutura hierarquizada”. 3 
Primordialmente os laços parentais eram conhecidos e constituídos 
essencialmente por laços biológicos, a qual garantia a um grupo biologicamente 
ligado o chamado status social4, a pessoa não era reconhecida individualmente e 
sim reconhecida pelos laços biológicos a que esta pertencia, o que garantia seu 
poder econômico, politico e religioso. 
Cláudia Maria da Silva retrata as principais características da estrutura 
familiar nos tempos remotos ressaltando o seu caráter patriarcal, e a necessidade de 
poder econômico que demostrava a criação da família.5 
Ainda expõe que o amor não era privilegio, e que os vínculos jurídicos bem 
como os laços de sangue tinham mais importância.6 
 
1
 Pátrio poder “um conjunto de direitos e deveres, em relação à pessoa e aos bens dos filhos 
menores e não emancipados, com a finalidade de propiciar o desenvolvimento integral de sua 
personalidade” ELIAS, Roberto João. Pátrio Poder. São Paulo: Ed. Saraiva, 1999, p. 6. 
2
 BIANCO, Tatiane. Os direitos sucessórios na união estável. Acesso em 20/10/2013 em 
<http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2537> 
3
 SILVA, Plácido. apud BIANCO. Tatiane. Os direitos sucessórios na união estável acesso em 
20/10/2013<http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2537> 
4
 Para o sociólogo Max Weber, status é uma categoria social que remete à posição que o sujeito 
ocupa em um determinado sistema de estratificação social. Acesso em 20/10/2013 
<http://pt.slideshare.net/liiereginato/max-weber-sociologia> acesso em 01/07/2014. 
5
 O elo familiar era voltado apenas para a coexistência, sendo imperioso para o “chefe” a manutenção 
da família como espelho de seu poder, como condutor ao êxito nas esferas política e econômica. Os 
casamentos e as filiações não se fundavam no afeto, mas na necessidade de exteriorização do 
poder, ao lado – e com a mesma conotação e relevância – da propriedade. SILVA, Cláudia Maria da. 
Indenização ao filho: descumprimento do dever de convivência familiar e indenização por 
danos à personalidade do filho. Revista Brasileira de Direito de Família, Porto Alegre, v.6, 
2004.p.128. 
14 
 
Com o passar do tempo à figura do patriarcalismo7 passou a ser extinta da 
sociedade, sendo o enfoque principal de família os integrantes que nela integram 
deixando totalmente de lado a unidade patrimonial pela acumulação de riquezas. 
Seguindo essa ordem de evolução familiar podemos considerar como família, 
não somente o homem que vive com a mulher e tem seus filhos, mais sim qualquer 
grupo que convive rodeados de afeto, liberdade, amor, ajuda mútua e principalmente 
o reconhecimento individual de cada membro como pessoa humana. 
Neste sentido Paulo Luiz Netto Lôbo nos mostra que onde existir afeto e amor 
existirá a chamada Família8. 
Até antes da promulgação da nova Constituição Federal a família era 
considerada como a união de um homem e de uma mulher e sua prole. Com os 
avanços mundiais foi também considerada pela Constituição a união estável9 como 
um status de família, também reconhecida como família a formada por apenas um 
genitor com seus filhos, chamada família monoparental, ainda reconhecida como 
uma forma de família as chamadas homoafetivas, pela qual um casal do mesmo 
sexo cria um ambiente familiar para uma prole. 
Assim é possível observar que o estado acabou ampliando seu âmbito para 
proporcionar ao individuo a proteção estatal independente do modelo de família que 
se adotou. Socialmente falando é necessário colocar em foque a presença da 
afetividade, de modo que cada um tem o livre direito de escolher perante qual 
 
6
 Os vínculos jurídicos e os laços de sangue eram mais importantes e prevaleciam sobre os vínculos 
de amor. O afeto, na concepção da família patriarcal, era presumido, tanto na formação do vínculo 
matrimonial e na sua manutenção como nas relações entre pais e filhos. Quando presente, não era 
exteriorizado, o que levava a uma convivência formal, distante, solene, substanciada quase que 
unicamente numa coexistência diária. SILVA, Cláudia Maria da. Indenização ao filho: 
descumprimento do dever de convivência familiar e indenização por danos à personalidade do 
filho. Revista Brasileira de Direito de Família, Porto Alegre, v.6, 2004. página.129. 
7
 Sistema social que atribui aos homens um lugar central quer enquanto chefes de família, quer na 
vida política. patriarcalismo In Infopédia. <http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/patriarcalismo> 
acesso em 01/07/2014. 
8
 A afetividade é construção cultural que se dá na convivência, sem interesses materiais, que apenas 
secundariamente emergem quando aquela se extingue. Revela-se em ambiente de solidariedade e 
responsabilidade. Como todo princípio, ostenta fraca densidade semântica, que se determina pela 
mediação concretizadora do intérprete, ante cada situação real. Pode ser assim traduzido: onde 
houver uma relação, ou comunidade, mantida por laços de afetividade, sendo estes suas causas 
originária e final, haverá família. LÔBO apud DIAS, Maria Berenice; PEREIRA, Rodrigo da Cunha. 
Direito de família e o novo código civil. 4.ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2006. p.97. 
9
 União respeitável entre homem e mulher que revela intenção de vida em comum, tem aparência de 
casamento e é reconhecida pela Carta Magna como entidade familiar. É a convivência duradoura, 
pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com o objetivo de constituição de 
família desde que não haja impedimento matrimonial. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil 
Brasileiro. 2008. São Paulo: Saraiva. página.795. 
15 
 
modelo familiar irá adotar desde que se fundamente em demonstrar em primeiro 
plano o afeto, amor e carinho. 
Por fim é certo ressaltar que essa pluralidade de espécies de famílias 
contribui para formação de igualdade social, independente do modelo familiar 
escolhido meio a sociedade que vivemos, o que realmente interessa é que o deve 
ser plena, e trazer como sua principal característica o bem estar do ser humano 
juntamente com a garantia de uma união afetiva. 
 
2.2 DO PODER FAMILIAR 
 
 
Nas palavras de Maria Helena Diniz: 
 
[...] é o conjunto de direitos e obrigações, quanto à pessoa e os bens do 
filho menor não emancipado, exercido em igualdade de condições, por 
ambos os pais, para que possam desempenhar os encargos que a norma 
jurídica lhes impõe, tendo em vista o interesse e a proteção do filho.
10
 
 
Silvio de Salvo Venosa coloca que atualmente os direitos e deveres, no 
convívio familiar, existem numa proporção justa e equânime, de modo que a 
autoridade parental não é uma supremacia, mas sim um encargo imposto pela 
paternidade e maternidade, decorrente da lei.11 
É certo que aos pais cabe o controle dos filhos menores, englobando toda a 
proteção e responsabilidade. Contudo, para assegurar todos os direitos dos 
menores, o Estado pode intervir neste poder limitando-o, caso os pais venham a 
exercê-lo de modo prejudicial aos seus filhos. 
Assim, portanto, são características do poder familiar: 
Munus Público – trata-se de um direito função, mas também de um poder 
dever ao mesmo tempo; 
Irrenunciabilidade – não podem os pais deixar de exercê-lo por livre e 
espontânea vontade; 
Inalienabilidade – não pode sofrer uma transferência a título gratuito ou 
oneroso, sendo possível apenas sua delegação; 
 
10
 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 5: Direito de Família. 27ª ed. São 
Paulo: Saraiva, 2012. página. 601. 
11
 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, volume 6: Direito de Família. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 
2008. página. 295. 
16 
 
Imprescritibilidade – o seu não exercício não acarreta em sua perda, salvo se 
caracterizado os casos previstos em lei; 
Subordinação – Apesar de não caracterizar uma supremacia, como ensina 
Venosa, há um poder de mando, um dever de obediência dos filhos para com os 
pais.12 
Como já vimos no título anterior, o homem possuía o status de chefe da 
sociedade, aplicava-se o disposto no artigo 380 do Código Civil de 191613, o qual lhe 
concedia o exercício pleno do poder familiar, que somente em sua falta ou 
impedimento, poderia ser exercido pela mulher, tratando-se, portanto, de uma 
titularidade sucessiva. 
Com a criação o Estatuto da Mulher Casada (Lei nº 4.121/62)14, tal dispositivo 
legal sofreu alteração, diminuindo a disparidade, mas ainda dando uma saliência ao 
marido no exercício regular do pátrio poder. 
Com o advento da Constituição de 1988, os direitos e deveres referentes à 
sociedade conjugal passaram a ser exercidos igualmente pelo homem e pela mulher 
(artigo 226, § 5º).15 
Na mesma linha de raciocínio, veio então o Estatuto da Criança e do 
Adolescente, determinando em seu artigo 21 que: 
 
Artigo 21: O pátrio poder será exercido, em igualdade de condições, pelo 
pai e pela mãe, na forma do que dispusera legislação civil, assegurado a 
qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade 
judiciária competente para a solução da divergência.
16
 
 
 
12
 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, volume 6: Direito de Família. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 
2008. Página 395 à 300. 
13
 Artigo. 380. Durante o casamento compete o pátrio poder aos pais, exercendo-o o marido com a 
colaboração da mulher. Na falta ou impedimento de um dos progenitores passará o outro a exercê-lo 
com exclusividade. Parágrafo único. Divergindo os progenitores, quanto ao exercício do pátrio poder, 
prevalecerá a decisão do pai, ressalvado à mãe o direito de recorrer ao juiz para solução da 
divergência. BRASIL. Código Civil Brasileiro de 1916. Disponível em < http://www.planalto. 
gov.br.ccivil._3.LEIS.L3071.htm>. Acesso em 22/08/2014. 
14
 BRASIL. Estatuto da Mulher Casada de 1962. Disponível em <http://www.dji.com.br.leis_ 
ordinarias.1962-004121-emc.4121-62.html>. Acesso em 22/08/2014. 
15
 Artigo. 226 - A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. [...] § 5º - Os direitos 
e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela 
mulher. (grifei). BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm> acesso em 12 de Agosto de 
2014. 
16
 BRASIL. Lei nº 8.069/90 Estatuto da Criança e do Adolescente. <http://www.planalto.gov.br/ccivil 
_03/Leis/L8069.htm> acesso em 12 de Agosto de 2014. 
17 
 
Atendendo ao princípio da igualdade entre os cônjuges, o Código Civil de 
2002 também atribuiu aos pais, sem distinção, a competência para exercer o poder 
familiar (artigo. 1.63117). 
Pode-se concluir então que atualmente, em uma situação de normalidade, o 
poder familiar passou a ser simultâneo, exercido igualmente por ambos os cônjuges 
ou conviventes. 
Contudo, há situações anormais em que o seu exercício é exclusivo, ou 
quase que sucessivo. 
O poder familiar engloba o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais 
em relação à pessoa e aos bens dos filhos menores não emancipados. 
No presente trabalho vamos nos ater quanto à pessoa dos filhos, mais 
precisamente a dois casos, em que compete aos pais dirigir-lhes a criação e 
educação e tê-los em sua companhia e guarda (Código Civil, artigo. 1.634, incisos I 
e II18). 
No que se refere à primeira competência, cabe levantar a importância de tal 
encargo, de modo que são os pais quem devem formar o caráter dos filhos, 
introduzindo lhes ideais morais a fim de que criem suas próprias convicções sobre 
tudo. Assim, é muito provável que as ideias introduzidas pelos pais são aquelas que 
a criança terá como verdadeiras e corretas, pelo menos até que se prove o contrário. 
Quanto à segunda competência, além de constituir o dever de cuidar e 
guardar, também é o direito que, conforme coloca Maria Helena Diniz: 
 
[...] os pais têm de reter os filhos no lar, conservando-os junto a si, regendo 
seu comportamento em relações com terceiros, proibindo sua convivência 
com certas pessoas ou sua frequência a determinados lugares, por julgar 
inconveniente aos interesses dos menores.
19
 
 
Ou seja, no exercício do poder familiar, os pais têm o controle das relações de 
seus filhos, e com isso deveriam julgar a conveniência destas relações observando o 
melhor interesse dos menores, e não os seus próprios. 
 
17
 Artigo. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta 
ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade. Parágrafo único. Divergindo os 
pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para 
solução do desacordo. BRASIL. Código Civil Brasileiro. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ 
ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm> acesso em 12 de Agosto de 2014. 
18
 Artigo. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores: I - dirigir-lhes a criação e 
educação; II - tê-los em sua companhia e guarda; (grifei). [...]. Disponível em 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm> acesso em 12 de Agosto de 2014. 
19
 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 5: Direito de Família. 27ª ed. São 
Paulo: Saraiva, 2012. página 607. 
18 
 
 
2.3 DA FUNÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA 
 
A base da sociedade é a família, pois através dos grupos domésticos em que 
vivemos é possível se criar uma sociedade, pela qual é necessário que possua 
valores e desenvolvimento, valores pelos quais são passados de pai para filho. 
O individuo se desenvolve através da família, segundo a autora Claudete 
Carvalho Canezin: 
 [...] a família exerce varias funções, entre as quais três destas são muito 
importantes, primeiramente construir uma autoestima na vida para que ela 
possa levar com sigo dignidade, confiança e moral se tornando uma pessoa 
adulta; preparar os filhos para enfrentar desafios; e promover encontros em 
que os filhos tenham contatos com os avós e com eles aprendam uma 
direção como compromissos, planos, e maturidade para uma vida digna.
20
 
 
A família é reconhecida a base da sociedade por desempenhar importante 
função na vida do individuo, sendo considerada uma garantia constitucional pela 
qual tem proteção especial pelo Estado, está previsto expressamente no caput do 
artigo 226 da Constituição Federal Brasileira.21 
Como já vimos nos capítulos anteriores, não há mais necessidade de ser 
considerada família o grupo doméstico formado por função do casamento, mais sim 
todo grupo doméstico pelo qual tenha como sua função garantir afeto e amor aos 
indivíduos que neste grupo habitam. 
Para Cláudia Maria da Silva22 a família é à base da formação da sociedade 
segundo ela a família foi, é e continuará sendo o núcleo básico de qualquer 
sociedade. Sem família não é possível nenhum tipo de organização social ou 
jurídica. É nela que se estruturam os sujeitos e onde esses encontram amparo 
diante de eventual crise estrutural. 
Assim podemos considerar que sendo base da sociedade a família, em tese 
não pode sofrer qualquer tipo de influência negativa que venha a abalar sua 
 
20
 CANEZIN, Claudete Carvalho. Da reparação do dano existencial ao filho decorrente do 
abandono paterno-filial. Revista Brasileira de Direito de Família, Porto Alegre, volume. 8, edição. 
página.75. 
21
 Art. 226 - A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (grifei). [...]. BRASIL. 
Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição/constituição.htm> Acesso em acesso em 12 de 
Agosto de 2014. 
22
 SILVA, Cláudia Maria da. Indenização ao filho: descumprimento do dever de convivência 
familiar e indenização por danos à personalidade do filho. Revista Brasileira de Direito de 
Família, Porto Alegre, v.6, 2004. página.144. 
19 
 
estrutura, pois isso acabaria influenciando diretamente no meio social o que pode vir 
a causar um declínio do Estado. 
 
2.4 DOS PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMILIA 
 
O ordenamento jurídico brasileiro busca com base nos princípios a 
elaboração das normas jurídicas, eles também são muito utilizados em ocasiões em 
que não há legislação especifica, como é o caso deste estudo. 
 Deste modo Madaleno os caracteriza: 
 
Os princípios gerais de Direito integram a maioria dos sistemas jurídicos e 
no Brasil sua reafirmação tem sido constantemente observada diante da 
tendência de constitucionalização do Direito Civil e, notadamente, do Direito 
de Família.
23
 
 
2.4.1 Princípio daDignidade da Pessoa Humana 
 
A importância do principio da dignidade da pessoa humana no ordenamento 
jurídico brasileiro é tão grande que está disposto no Artigo. 1ºda Constituição da 
Republica Federativa do Brasil24 como fundamento deste Estado Democrático de 
Direito. 
Quando nossa Carta Magna dispõe sobre o Direito de Família, deixa clara a 
importância da dignidade da pessoa humana, como o disposto no paragrafo 7º do 
artigo 226 da Carta Magna25. 
Para Pena Jr, a dignidade é uma qualidade individual de cada pessoa: 
 
Dignidade é a base de todos os valores morais, a s ntese de todos os 
direitos do homem, é tudo aquilo que não tem preço e que não pode ser 
objeto de troca.
26
 
 
23
 MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011 página. 40. 
24
 Artigo. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como 
fundamentos: (...) III - a dignidade da pessoa humana;” (grifei). BRASIL. Constituição da 
República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição/constituição.htm> Acesso em acesso em 12 de 
Agosto de 2014. 
25
 Artigo. 226 - A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (...) § 7º - Fundado 
nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar 
é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o 
exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. 
(grifei). BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição/constituição.htm> Acesso em 
acesso em 12 de Agosto de 2014. 
20 
 
 
Também em demonstração a suma importância deste princípio no 
ordenamento jurídico brasileiro cita-se: 
 
 rinc pio solar em nosso ordenamento, a sua definição é missão das mais 
árduas, muito embora arrisquemo-nos a dizer que a noção jur dica de 
di nidade traduz um valor fundamental de respeito à existência humana, 
segundo as suas possibilidades e expectativas, patrimoniais e afetivas, 
indispensáveis à sua realização pessoal e à busca da felicidade.
27
 
 
O Direito de Família é estruturado com base no principio absoluto da 
dignidade da pessoa humana e todas as outras normas que versem sobre esta 
garantia, juntamente com o desenvolvimento de todos os membros da família.28 
Deste modo pode-se considerar o principio da dignidade da pessoa humana 
como um dos mais importantes do direito de família. 
 
2.4.2 Principio da Igualdade 
 
Constituição de 1988 tinha-se no ordenamento jurídico que a base da família 
era patriarcal, onde a mulher e sua prole eram dependentes sociais e 
financeiramente da figura masculina, deste modo dependia a ele todas as decisões 
familiares. 
Com a Carta Magna de 1988 veio o principio da igualdade que influenciou 
diretamente no direito de família, instituindo igualdade entre os cônjuges, também 
quanto à igualdade entre os filhos e as novas composições familiares. 
O princípio da Igualdade também teve seus efeitos no âmbito dos direitos aos 
filhos, estes eram considerados como legítimos apenas aqueles com o vinculo 
biológico oriundo do casamento, os demais eram classificados pelo ordenamento 
como filhos ilegítimos (bastardos) sendo estes os filhos adotivos e os oriundos de 
relações extraconjugais. 
Segundo Gagliano tanto nossa Constituição Federal (Artigo 227)29 como o 
Código Civil (Artigo 1596)30 estabelece, em caráter absoluto e infestável, a igualdade 
 
26
 PENA JR, Moacir César. Direito das pessoas e das famílias: doutrina e jurisprudência. São 
Paulo: Saraiva, 2008. página 10. 
27
 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 3: 
Responsabilidade civil. 10. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012. página 76. 
28
 MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. página 42. 
29
 Artigo. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao 
jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
21 
 
entre os filhos, não admitindo, sob nenhum argumento ou pretexto, qualquer forma 
espúria de discriminação.31 
Com base neste principio não existe qualquer tipo de distinção entre o tipo de 
filiação sendo esta legitima ou ilegítima. Não havendo mais espaço para privilégios 
aos gerados pela estabilidade do casamento no núcleo familiar.32 
Vejamos o principio da igualdade esta ligado a garantias fundamentais pois 
veda qualquer tipo de distinção relacionada ao núcleo familiar, de uma forma que 
todos são iguais perante a lei. 
 
2.4.3 Principio da liberdade 
 
Este princípio se encontra na escolha de conviver em união estável ou sobre 
um casamento, e no planejamento familiar, ele proíbe qualquer interferência. 
 
Artigo. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, 
interferir na comunhão de vida instituída pela família.
33
 
 
O princípio da liberdade esta diretamente relacionado à natureza do ser 
humano e em seu convívio familiar. 
 
2.4.4 Principio da Solidariedade Familiar 
 
A solidariedade por muito tempo foi considerada apenas como um valor 
moral, é na Constituição Federal de 1988 que este princípio foi incluído como um 
 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão. (grifei) BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 
de 05 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 
03/constituição/constituição.htm> Acesso em acesso em 12 de Agosto de 2014. 
30
 Artigo. 1.596. Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos 
direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. (grifei). 
BRASIL. Código Civil Brasileiro de 2002. <http://www.planalto.gov.br/ccivil 
_03/Constituicao/Constituicao.htm> acesso em 12 de Agosto de 2014. 
31
 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 6 : 
Direito de família — As famílias em perspectiva constitucional. 2. ed. rev., atual. e ampl. São 
Paulo : Saraiva, 2012. Página 83. 
32
 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 6 : 
Direito de família — As famílias em perspectiva constitucional. 2. ed. rev., atual. e ampl. São 
Paulo : Saraiva, 2012. Página 83. 
33
 Artigo. 1.513 do Código Civil Brasileiro de 2002. <http://www.planalto.gov.br/ccivil 
_03/Constituicao/Constituicao.htm> acesso em 12 de Agosto de 2014. 
22 
 
dos princípios norteadores do ordenamento jurídico brasileiro, vejamos o inciso I do 
art. 3º: 
 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do 
Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; [...].
34
 
 
Neste sentido Gagliano e Pamplona Filho definem: 
 
A solidariedade social é reconhecida como objetivo fundamental da 
República Federativa do Brasil pelo art. 3.o, inc. I, da Constituição Federal 
de 1988, no sentidode buscar a construção de uma sociedade livre, justa e 
solidária. or raz es bvias, esse princ pio acaba repercutindo nas relaç es 
familiares, já que a solidariedade deve existir nesses relacionamentos 
pessoais. Isso justifica, entre outros, o pagamento dos alimentos no caso de 
sua necessidade, nos termos do art. 1.694 do atual Código Civil.
35
 
 
Tamanha é a importância deste principio nas relações familiares, onde é 
necessário compreensão entre os familiares, que estes passem a se ajudar 
mutuamente. 36 
 
2.4.5 Principio do melhor interesse da criança e do adolescente 
 
Este princípio está expressamente previsto no artigo 227 da Constituição 
Brasileira37 como fundamento da família. 
Também podemos encontrar este principio elencado nos artigos 3º, 4º caput, 
e 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente.38 
 
34
 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/constituição/constituição.htm> Acesso em acesso em 12 de 
Agosto de 2014. 
35
 O Superior Tribunal de Justiça aplicou o princípio em questão considerando o dever de prestar 
alimentos mesmo nos casos de união estável constituída antes de entrar em vigor a Lei n. 8.971/94, o 
que veio a tutelar os direitos da companheira. Reconheceu-se, nesse sentido, que a norma que prevê 
os alimentos aos companheiros é de ordem p blica, o que justificaria a sua retroatividade. 
GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 6 : 
Direito de família — As famílias em perspectiva constitucional. 2. ed. rev., atual. e ampl. São 
Paulo : Saraiva, 2012, página 9. 
36
 MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, página 90. 
37
 “Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao 
jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão.” ( ridfei). BRASIL. Constituição da República Federativa do 
Brasil, de 05 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 
03/constituição/constituição.htm> Acesso em acesso em 12 de Agosto de 2014. 
38
 Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa 
humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por 
outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, 
23 
 
Esta proteção à criança e ao adolescente esta relacionada à dependência e 
vulnerabilidade de quem esta dependem sobre os adultos que são seus 
responsáveis diretos (pais, tutores, representantes) e qualquer ofensa a integridade 
física, psíquica, intelectual ou moral da criança ou do adolescente esta sob proteção 
de seus responsáveis. Garantindo que os menores cresçam sem temores, sem 
percalços e conquistem em seu devido tempo seus próprios mecanismos de defesa 
e sobrevivência.39 
 
2.4.6 Principio da paternidade responsável e planejamento familiar 
 
Estes dois princípios estão ligados e visam única e exclusivamente o 
desenvolvimento familiar, como garantia fundamental para o desenvolvimento social. 
Vejamos o principio da paternidade responsável está relacionado ao casal em 
garantir os deveres essenciais à formação de sua prole, tanto no sentido material 
como imaterial. Desde a concepção até o momento em que este atinja a maioridade. 
Em relação à este principio em nosso ordenamento salienta Pires: 
 
[...] o princípio da paternidade responsável é o princípio base, ao lado do 
princípio da dignidade da pessoa humana, para a formação da família 
hodiernamente, pois constitui uma idéia de responsabilidade que deve ser 
observada tanto na formação como na manutenção da família. Vivemos 
num mundo de rápidas e profundas transformações, onde as normas, os 
valores e os princípios básicos da vida são constantemente mudados. De 
fato, a família vive hoje no meio de um mundo de tensões, divisões, 
contestação dos valores éticos e morais vigentes e de ruptura da unidade 
familiar.
40
 
 
Também juntamente com o principio da paternidade responsável, encontra-se 
o principio do planejamento familiar que se refere sobre o convívio familiar onde 
 
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Art. 4º É dever da 
família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta 
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao 
esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência 
familiar e comunitária. Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei 
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. Brasil. Estatuto da Criança 
e do Adolescente. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm> acesso em 
12 de Agosto de 2014. 
39
 MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, página 52. 
40
 PIRES, Thiago José Teixeira. Princípio da Paternidade Responsável. Disponível em 
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=10171. Acesso em 19 Abril. de 2014. 
24 
 
apenas o casal pode definir seu planejamento familiar não podendo o Estado 
interferir conforme disposto no caput do artigo 1.565 e § 2º do Código Civil41. 
O planejamento familiar é considerado como direito fundamental, não 
podendo haver a interferência ou qualquer restrição de terceiros ou do Estado, 
conforme argumenta Quaranta: 
 
[...] o livre planejamento familiar, tratando-se de um direito fundamental, não 
pode ser restringido, devendo ter seus inúmeros obstáculos efetivamente 
enfrentados e vencidos. Como direito fundamental que é, ao livre 
planejamento familiar é conferido uma eficácia reforçada em sua 
aplicabilidade, dado que os direitos fundamentais, considerados em seu 
sentido amplo, ainda que não tenham sua intangibilidade expressamente 
assegurada, afiguram-se como pontos indissociáveis da própria condição de 
subsistência da Lei Maior.
42
 
 
Ambos os princípios estão dispostos no § 7º do artigo 226 da Constituição in 
verbis: 
Artigo 226, § 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e 
da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do 
casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos 
para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte 
de instituições oficiais ou privadas.
43
 
 
2.4.7 Principio da afetividade 
 
As constantes mutações da chamada “família” com o passar dos tempos e da 
evolução social, agregou o afeto como preceito fundamental neste grupo. 
A afetividade como princípio esta relacionada ao amor, carinho e atenção 
direcionada a família, não podendo de forma alguma desvincular o afeto da 
conceituação do instituto família. 
 
 as o fato é que o amor — a afetividade — tem muitas faces e aspectos e, 
nessa multifária complexidade, temos apenas a certeza inafastável de que 
 
41
 Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, 
companheiros e responsáveis pelos encargos da família.(...) § 2o O planejamento familiar é de livre 
decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e financeiros para o 
exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas ou 
públicas. (grifei). BRASIL. Código Civil Brasileiro de 2002. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm> acesso em 12 de Agosto de 2014. 
42
 QUARANTA, Roberta Madeira. O direito fundamental ao planejamento familiar. Disponível em: 
http://jus.com.br/artigos/14354/o-direito-fundamental-ao-planejamento-familiar#ixzz2bE9N0HC1. 
Acesso em 19 Abril. de 2014. 
43
 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/constituição/constituição.htm> Acesso em acesso em 12 de 
Agosto de 2014. 
25 
 
se trata de uma força elementar, propulsora de todas as nossas relações de 
vida.
44
 
 
O afeto tornou-se indispensável nas relações familiares, é considerado como 
laços interpessoais movidos pelo amor. A afetividade nasce junto com a existência 
humana e esta ligada aos vínculos de filiação e parentesco, mas não 
necessariamente aos vínculos consanguíneos.45 
Vejamos o estudo de MADALENO: 
 
 aior prova da import ncia do afeto nas relaç es humanas está na 
igualdade da filiação (Código Civil, artigo. 1.596), na maternidade e 
paternidade socioafetivas e nos vínculos de adoção, como consagra esse 
valor supremo ao admitir outra origem de filiação distinta da consanguínea 
(Código Civil, artigo. 1.593), ou ainda através da inseminação artificial 
heteróloga (Código Civil, artigo. . 7, inc. ); na comunhão plena de vida, 
s viável enquanto presente o afeto, ao lado da solidariedade, valores 
fundantes cuja soma consolida a unidade familiar, base da sociedade a 
merecer prioritária proteção constitucional.
46
 
 
É importante verificar a incidência do principio constitucional da afetividade 
em todo o ordenamento jurídico, em especial ao direito de família. 
Para o ordenamento jurídico o principio da afetividade, ou a falta de 
afetividade nas relações familiares é muito importante principalmente no tocante à 
filiação. Hoje esse assunto esta sendo levado ao judiciário buscando uma reparação 
de afeto não recebido. 
Para o estudo deste caso é necessário não somente os princípios 
norteadores dos direitos de família mais também outras normas essenciais como a 
Responsabilidade Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
44
 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 6 : 
Direito de família — As famílias em perspectiva constitucional. 2. ed. rev., atual. e ampl. São 
Paulo : Saraiva, 2012. página 90. 
45
 MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. página 95. 
46
 MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. páginas 96. 
26 
 
3 DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
Como vimos no capitulo anterior, há uma responsabilidade do estado, da 
sociedade e da família, sobre os direitos e garantias das crianças e dos 
adolescentes. 
É importante que cada membro da família cumpra seu dever, de modo que o 
afeto em favor dos membros familiares seja proporcionado como um dever de ordem 
moral, este que se violado vem a afrontar, sobretudo a ordem legal, em nível 
constitucional. 
O papel dos pais no estágio de crescimento dos filhos é essencial e originará, 
sobre a educação, a responsabilidade, o desenvolvimento (psicológico, moral e afetivo) 
e em toda forma como as crianças irão se portar na infância, adolescência e fase adulta. 
Toda criança deve receber cuidados, amor, afeto, carinho, educação, incentivo, 
limites, regras, para que não cresçam carentes, desregradas e sem assistência. A 
omissão dos pais na criação e educação dos filhos refletem diretamente na sociedade. 
Pois, via de regra os filhos que não receberam os devidos cuidados necessários para 
uma vida digna, acabam não se enquadrando na convivência social e por consequência 
podem vir a repetir os mesmos atos omissivos dos pais. 
É obvio que a Legislação não obriga ninguém a amar, ou proporcionar afeto 
aos filhos, porem especificamente garante a questão dos cuidados dos menores. 
É importante salientar sobre os ensinamentos de MONAGLE, citado por Lizete 
Peixoto Xavier Schuh, que apesar do papel dos pais ser difícil, é uma obrigação pela 
qual não há possibilidade de desoneração. 
Um dos maiores desafios do século XXI é assegurar que as crianças 
cresçam transformando-se em adultos sábios, corretos e capazes; e são os 
pais responsáveis por essa árdua tarefa. Se a família é vista como o 
alicerce do grupo social, os pais são, portanto, como os primeiros 
professores das crianças, o tijolo essencial para a construção de uma 
pessoa saudável e equilibrada, que por sua vez exercerá a parentalidade 
com tranquilidade e segurança no futuro.
47
 
 
Dessa feita, conclui-se que a presença dos genitores além de ser para os 
filhos uma condição de desenvolvimento saudável bem como essencial para a 
formação de sua personalidade é também vista pelo nosso ordenamento como 
responsabilidade civil dos genitores, de modo que haja a devida assistência 
estabelecida na Constituição Federal. 
 
47
 MONAGLE apud SCHUH, Lizete Peixoto Xavier. Responsabilidade civil por abandono afetivo: a 
valoração do elo perdido ou não consentido. Revista Brasileira de Direito de Família, Porto Alegre, 
v.8, n.35, pagina 53-77, abri./maio 2006. 
27 
 
Sobre a responsabilidade civil, vejamos alguns conceitos e requisitos, e como 
a responsabilidade pode vir a existir sobre o abandono afetivo. 
 
3.1 CONCEITO E REQUISITOS 
 
A responsabilidade civil basicamente se deve aos contratos civis, pelos quais 
nascem os atos jurídicos, que regulamentam a vida na sociedade.48 
Deste modo foi necessário limitar os atos humanos, para que estes não 
interfiram ou venham a causar danos na vida de outros membros da sociedade por 
seus atos lesivos, sejam estes em maior ou menor intensidade. 
Assim, querendo regularizar a convivência pacifica e o respeito na sociedade, 
a Responsabilidade Civil foi prevista no Código Civil, nos artigos 927 e seguintes, e 
também nos artigos 186 e 187 do mesmo dispositivo. 
 
Artigo. 927. Aquele que, por ato ilícito (artigos. 186 e 187)
49
, causar dano a 
outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de 
reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em 
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano 
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (grifei).
50
 
 
Neste sentido retira-se da obra de Gagliano e Pamplona Filho, o Direito 
positivo congrega as regras necessárias para a convivência social, punindo todo 
aquele que, infringindo-as, cause lesão aos interesses jurídicos por si tutelados.51 
Serão objeto de responsabilização civil os atos praticados, que podem causar 
dano patrimonial e moral, ou que de alguma forma afetem terceiro, infringindo 
normas jurídicas. 
 Segundo Maria Helena Diniz a responsabilidade civil é a obrigação que uma 
pessoa tem de indenizar a outra pessoa por danos que causou. Esses danos podem 
 
48
 KICH. Bruno Canísio. Responsabilidade Civil. Editora Agua juris, 1999, Campinas/SP,página 21. 
49
 Artigo. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito 
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito; 
Artigo. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons 
costumes. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, institui o Código Civil Brasileiro. Disponível em 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm> acesso em 12 de Agosto de 2014. 
50
 Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, institui o Código Civil Brasileiro. Disponível em 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm> acesso em 12 de Agosto de 2014. 
51
 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 3: 
Responsabilidade civil. 10. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012. Página 47. 
28 
 
ser causados pela própria pessoa como também de terceiros que dela dependem, 
podendo ser classificada como responsabilidade civil subjetiva ou objetiva.52 
Para se caracterizar a responsabilidade objetiva não exige a demonstração da 
culpa do agente, pois o dano é decorrente do risco que o agente assume, somente é 
necessário a casualidade entre a conduta e o dano.53 A responsabilidade objetiva 
está diretamente ligada à atividade do agente, que causou o dano.54 
Já a responsabilidade subjetiva necessita da culpa do agente que causou o 
ato danoso à terceiro, seja por negligência ou imprudência, mesmo que tal ato não 
tenha sido intencional, conforme interpretação da primeira parte do Artigo 186 do 
Código Civil55. 
Ou Seja, será sempre considerada responsabilidade subjetiva quando 
ocasionado por ato ilícito conforme salienta Venosa: 
 
 ortanto, na ausência de lei expressa, a responsabilidade pelo ato il cito 
será subjetiva, pois esta é ainda a re ra geral no direito brasileiro.
56
 
 
Ainda pode-se dividir a responsabilidade civil em Contratual e Extracontratual. 
Será Responsabilidade Civil contratual quando o dano decorre da violação de uma 
obrigação prevista em um contrato, sendo necessária a quebra contratual causadora 
do dano e o nexo causal entre eles. 
Por outro lado, a responsabilidade extracontratual, como o próprio nome diz 
não decorre de qualquer vinculo contratual e sim de algum ato ilícito que viola as 
regras de convivência social, causando um dano a outrem, devendo ser comprovada 
 
52
 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: Responsabilidade Civil. 17° ed. São 
Paulo: Saraiva, 2003, v.7. 
53
 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 3: 
Responsabilidade civil. 10. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012. Página 60. 
54
 Assim explica enosa em sua obra A explicação dessa teoria objetiva justifica-se também sob o 
t tulo risco profissional. O dever de indenizar decorre de uma atividade laborativa. o r tulo que 
explica a responsabilidade objetiva nos acidentes do trabalho. Outros lembram do risco excepcional 
o dever de indenizar sur e de atividade que acarreta excepcional risco, como é o caso da 
transmissão de energia elétrica, exploração de energia nuclear, transporte de explosivos etc. Sob a 
denominação risco criado, o agente deve indenizar quando, em razão de sua atividade ou profissão, 
cria um perigo. Esse, aliás, deve ser o denominador para o juiz definir a atividade de risco no caso 
concreto segundo o art. 927, parágrafo único, qual seja, a criação de um perigo específico para 
terceiros em eral.” ENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. Vol. 6. 13. ed. 
São Paulo: Atlas, 2013.página 16 e 17. 
55
 Artigo. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar 
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Lei 10.406, de 10 
de janeiro de 2002, institui o Código Civil Brasileiro. Disponível em <http://www.planalto.n 
gov.br/ccivil_ 03/Leis/2002/L10406.htm> acesso em 12 de Agosto de 2014. 
56
 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. Vol. 6. 13. ed. São Paulo: Atlas, 
2013.página 14. 
29 
 
a imprudência ou negligência de quem causou o dano como também o nexo 
causal.57 
Porem, para que a responsabilidade civil seja configurada, são necessários 
que em seus requisitos estejam presentes, a conduta humana, o dano e o nexo 
causal, e a culpa, na responsabilidade civil subjetiva, a seguir exposto. 
 
3.1.1 Da conduta humana 
 
Os fatos jurídicos são provocados por uma ação ou pela omissão humana, 
que podem ser lícitas ou ilícitas.58 
É neste contexto que Gagliano Pamplona Filho entende que a ação (ou 
omissão)59 humana voluntária é um dos pressupostos essenciais para se 
caracterizar a Responsabilidade Civil60. 
Deste modo verifica-se que a conduta humana deve ser uma ação voluntária, 
mesmo que não haja intenção de se causar um dano, mas sim, ter a consciência do 
que está fazendo61. 
Porem, em hipótese alguma deve se acarretar um dano à conduta humana, 
decorrente de fatos alheios ao elemento volitivo. 
Neste sentido, Silvio de Salvo Venosa preleciona: 
 
O ato de vontade, contudo, no campo da responsabilidade deve revestir-se 
de ilicitude. Melhor diremos que na ilicitude há, geralmente, uma cadeia de 
atoa ilícitos, uma conduta culposa. Raramente a ilicitude ocorrerá com um 
único ato. O ato ilícito traduz-se em um comportamento voluntário que 
transgride um dever
 62
. 
 
 
57
 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 3: 
Responsabilidade civil. 10. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012, página 62. 
58
 CHACON, Luis Fernando Rabelo. Coleção prática do direito: Responsabilidade civil, v. 6 
coordenação Edilson Mougenot Bonfim. São Paulo: Saraiva, 2009. Página 5. 
59
 Trata-se, em outras palavras, da conduta humana, positiva ou ne ativa (omissão), uiada pela 
vontade do a ente, que desemboca no dano ou preju zo. Assim, em nosso entendimento, até por um 
imperativo de precedência lógica, cuida-se do primeiro elemento da responsabilidade civil a ser 
estudado, seguido do dano e do nexo de causalidade. GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo 
Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 3: Responsabilidade civil. 10. ed. rev., atual. e 
ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012. Página 73. 
60
 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 3: 
Responsabilidade civil. 10. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012. Página 73. 
61
 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 3: 
Responsabilidade civil. 10. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012. Página 74. 
62
 VENOSA. Silvio de Salvo apud GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso 
de direito civil, volume 3: Responsabilidade civil. 10. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 
2012. Página 83. 
30 
 
Assim, a responsabilização civil esta integralmente ligada á conduta humana 
voluntária, seja por ação ou omissão, que venha a causar um dano. Porém, a 
conduta humana não é o único requisito da responsabilidade civil, também é 
necessário à presença do dano e o nexo causal entre estes. 
 
3.1.2 Do dano 
 
Para se caracterizar a Responsabilidade civil é fundamental estar presente o 
dano, o dano consiste em toda e qualquer lesão a um bem jurídico tutelado, sem 
dano não há o que falar sobre indenizar. Deste modo vejamos alguns conceito e a 
caracterização do dano passível de indenização. 
É de suma importância demostrar o conceito que SÉRGIO CAVALIERI FILHO 
salienta sobre a inafastabilidade do dano: 
 
O dano é, sem duvida, o grande vilão da responsabilidade civil. Não haveria 
que se falar em indenização, sem em ressarcimento, se não houvesse o 
dano. Pode haver responsabilidade sem culpa, mas não podehaver 
responsabilidade sem dano. Na responsabilidade Objetiva, qualquer que 
seja a modalidade do risco que lhe sirva de fundamento – risco profissional, 
risco proveitoso, risco criado etc.-, o dano constitui seu elemento 
preponderante. Tanto é assim que, sem dano, não haverá o que reparar, 
ainda que a conduta tenha sido culposa ou até dolosa.
63
 
 
Deste modo podemos entender que o dano nasce quando existe a 
configuração de certo prejuízo, este necessariamente provocado por ato ilícito de 
terceiro, que englobe não somente interesses individuais mais também interesses 
coletivos. Com isso, não é possível reparar aquilo que não foi lesado e nem obter 
certa compensação de prejuízos que nunca vieram a existir. 
Neste sentido vejamos as palavras do magistral AGUIAR DIAS: 
 
[...] do ponto de vista da ordem social, consideramos infundada qualquer 
distinção a proposito da repercussão social ou individual do dano. O 
prejuízo imposto ao particular afeta o equilíbrio social. É, a nosso ver, 
precisamente nesta preocupação, neste imperativo, que se deve situar o 
fundamento da responsabilidade civil. [...] o individuo é parte da sociedade; 
que ele é cada vez mais considerado em função da coletividade; que todas 
 
63
 CAVALIERI FILHO, Sérgio apud GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo 
curso de direito civil, volume 3: Responsabilidade civil. 10. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : 
Saraiva, 2012, página 87. 
31 
 
as leis estabelecem a igualdade perante a lei, forma de mostrar que o 
equilíbrio é interesse capital da sociedade.
64
 
 
Para entender melhor este tema, vejamos alguns requisitos para qualificação 
do dano “reparável”. ara PAMPLONA são: violação de um interesse jurídico; 
certeza do dano; subsistência do dano.65 
Segundo nossa Carta Magna de 1988 (artigo 186 Código Civil66) é 
reconhecido a irreparabilidade do dano moral, através de uma violação de interesse 
jurídico, ou seja, quando houver agressão de um bem tutelado. É indispensável ter a 
certeza do dano, deste modo ninguém poderá ser obrigado a restituir por dano 
quando se tratar apenas de um caso hipotético67. Por fim é necessária a 
subsistência do dano, deste modo uma vez que o dano já foi reparado perde-se o 
interesse da responsabilidade civil.68 
Para ENNECCERUS o dano é qualquer lesão ao bem jurídico em sentido 
amplo, sendo os danos patrimoniais e os inerentes a personalidade da pessoa: 
 
[...] toda desvantagem que experimentamos em nossos bens jurídicos 
(patrimônio, corpo, vida, saúde, honra, credito, bem-estar, capacidade de 
aquisição), do que resulta o direito a uma reparação em pecúnia sempre 
que decorrente da conduta (comissiva ou omissiva).
69
 
 
Indenizar é reparar a vitima totalidade do prejuízo suportado, tentando de 
alguma maneira restabelecer a situação que existia antes do prejuízo acontecer. 
Entretanto, não é todo dano que pode ser passível de indenização. De tal modo, é 
necessário que seja um dano atual decorrente de ato ilícito imediato, e certo, onde 
não há duvida se o dano veio a ocorrer ou não. Ainda é importante lembrar do Artigo 
944 do atual Código Civil que dispõem: 
 
64
 AGUIAR DIAS apud GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito 
civil, volume 3: Responsabilidade civil. 10. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012, 
página 88. 
65
 PAMPLONA FILHO, Rodolfo. GAGLIANO, Pablo Stolze; Novo curso de direito civil, volume 3: 
Responsabilidade civil. 10. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012. Página 74. 
66
 Artigo. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito 
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Lei 10.406, de 10 de 
janeiro de 2002, institui o Código Civil Brasileiro. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/c 
civil_03/Leis/2002/L10406.htm> acesso em 12 de Agosto de 2014. 
67
 Se undo aria Helena Diniz “a certeza do dano refere-se à sua existência, e não à sua atualidade 
ou ao seu montante” DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro — Responsabilidade 
Civil, 16. ed., São Paulo: Saraiva, p. 60. 
68
 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 3: 
Responsabilidade civil. 10. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012, página 90 e 91. 
69
 ENNECCERUS. Ludwig apud STOCO. Rui. Tratado de Responsabilidade Civil, doutrina e 
Jurisprudência, 7ª edição, atualizada e ampliada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007, 
página 128. 
32 
 
 
Artigo 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo 
único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o 
dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. (grifei).
70
 
 
 Deste modo se não há dano não há indenização a ser aferida, pois o dano 
nasce da obrigação de indenizar. O dano pode ser patrimonial, material ou moral. 
Os chamados danos patrimoniais ou materiais são aqueles que decorrem de 
prejuízos de natureza econômica, aqueles suscetíveis de avaliação pecuniária. Essa 
espécie de dano engloba os danos emergentes e os lucros cessantes71. Já o dano 
moral e também psicológico tem sua natureza extra patrimonial, atingem bens e 
valores de ordem interna ou anímica, seus sentimentos, sua moral, ou seu 
psicológico.72 
Para nosso estudo é muito importante salientar sobre a modalidade de dano 
moral, pois a decorrência do abandono afetivo incide sobre o dano, qual será objeto 
de nosso estudo. 
3.1.2.1 Do dano moral 
 
O dano moral é objeto de estudo do presente trabalho e se inclui quanto à 
definição de dano em sentido estrito, quando o dano atinge a pessoa como ser 
humano. Para VENOSA é importante lembrar-se do critério bônus pater famílias 
para se caracterizar o Dano Moral: 
 
Dano Moral é um prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral e intelectual da 
vítima. Sua atuação é dentro dos direitos da personalidade. Nesse Campo, 
o prejuízo transita pelo imponderável, daí por que aumentam as dificuldades 
de se estabelecer a justa recompensa pelo dano. Em muitas situações, 
cuida-se de indenizar o inefável. Não é também qualquer dissabor 
comezinho da vida que pode acarretar a indenização. Aqui também é 
importante o critério objetivo do homem médio, o bônus pater famílias: não 
 
70
 Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, institui o Código Civil Brasileiro. Disponível em 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm> acesso em 12 de Agosto de 2014. 
71
 Dano emergente trata-se de tudo aquilo que a vítima efetivamente perdeu em decorrência da 
conduta ofensora. Importa na diminuição patrimonial sofrida pela vítima de forma imediata e efetiva. 
Já, o lucro cessante é tudo aquilo que a vítima, de forma provável e razoável, teria ganhado se não 
tivesse a ocorrência do dano. Deve-se considerar tudo que a vítima provavelmente ganharia e não 
tudo aquilo que a vítima possivelmente ganharia. Não podemos considerar o possível, mas sim o 
provável, observando, assim, os mais diversos elementos subjetivos. ANGELO. Eduardo Murilo 
Amaro. Responsabilidade Civil dos Pais por abandono afetivo dos filhos e o princípio da 
dignidade da pessoa humana. Revistas Eletrônicas da Toledo Presidente Prudente. Disponível em: 
<http://intertemas.unitoledo.br/revista/index. php/Juridica/article/viewFile/328/321> Acesso em 07 de 
junho 2014. 
72
 STOCO. Rui. Tratado de Responsabilidade Civil, doutrina e Jurisprudência, 7ª edição, 
atualizada e ampliada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007, página 128. 
33 
 
se levará em conta o psiquismo do homem excessivamente sensível,que 
se aborrece com fatos diuturnos da vida, nem o homem de pouca ou 
nenhuma sensibilidade, capaz de resistir sempre as rudezas do destino. 
Nesse campo, não há formulas seguras para auxiliar o juiz. Cabe ao 
magistrado sentir em cada caso o pulsar da sociedade que o cerca. O 
sofrimento como contraposição reflexa da alegria é constante do 
comportamento humano universal.
73
 
 
O dano moral se divide em duas espécies: dano moral direto e dano moral 
indireto. Será considerado dano moral direto quando o fato ilícito atinge diretamente 
o bem jurídico extrapatrimonial contidos nos direitos da personalidade sendo estes a 
vida; honra; imagem; liberdade; intimidade. Já o dano moral indireto é quando o ato 
ilícito decorre de um dano patrimonial, que vem a atingir um bem extrapatrimonial, 
por exemplo o furto de um objeto de família que possui um enorme valor afetivo. 
Inclui-se no dano moral a dor, a angustia, o desgosto, a aflição espiritual, a 
humilhação, e todo o complexo que pode sofrer a vítima em virtude de um ato 
danoso. São nestes estados de espirito que se constituem as consequências do 
dano, mas estes estados de espíritos variam de cada um, pois cada ser humano 
possui seus medos. Deste modo não é possível de reparação qualquer 
consternação ou qualquer desprazer que viemos a suportar durante a convivência 
social, e sim os atos que podem vir a romper o equilíbrio psicológico do indivíduo.74 
Segundo ensina GAGLIANO em sua obra sobe a responsabilidade civil: 
 
O dano moral consiste na lesão de direito cujo conteúdo não é pecuniário, 
nem comercialmente redutível a dinheiro. (grifei).
 75
 
 
A responsabilidade dos pais neste caso é naturalmente jurídico, porem 
essencialmente justo, pois o afeto é considerado um valor jurídico, de modo que 
buscar-se indenização compensatória em face de danos que os genitores possam 
causar a seus filhos, por força de uma conduta imprópria, principalmente quando a 
eles são negados a convivência, o amparo afetivo, moral e psíquico, de uma forma 
que vem a magoar seus mais sublimes valores isso, por si só, é profundamente 
grave.76 
 
73
 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. Vol. 4. 8. ed. São Paulo: Atlas, 
2008. Página 42 
74
 GONÇALVES. Carlos Alberto. Direito Civil Brasileiro, Volume 4, Responsabilidade Civil, 6º ed. 
Ed. Saraiva, 2011, página 377 à 379. 
75
 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 3: 
Responsabilidade civil. 10. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012, página 111. 
76
 HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Aspectos jurídicos da relação paterno-filial. 
Carta Forense. São Paulo, ano III, n.22, mar.2005, página 5. 
34 
 
Venosa entende da mesma forma, e ensina que: 
 
O dano psíquico é modalidade inserida na categoria de danos morais, para 
efeitos de indenização. O dano psicológico pressupõe modificação de 
personalidade, com sintomas palpáveis, inibições, depressões, bloqueios, 
etc.(grifei).
77
 
 
Em outras palavras, pode se afirmar que o dano moral propriamente é aquele 
que de alguma forma lesiona a esfera pessoalíssima da pessoa prevista no artigo 5º, 
inciso X da Constituição Federal Brasileira,78 sua intimidade, vida privada, honra e 
imagem, e os bens jurídicos tutelados constitucionalmente.79 
O nosso Novo Código Civil brasileiro80,adequa a legislação civil e reconhece 
expressamente, em seu artigo 18681, o instituto do dano moral e, 
consequentemente, juntamente com o artigo 92782, a sua reparabilidade.83 
Por fim, para se caracterizar um dano moral é necessário analisar cada caso 
em separado,l de modo que não se busque usar do dano como um utensílio a fim de 
vingança. Assim explica Cavalieri Filho em uma de suas obras: 
[...] mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade 
exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além de fazerem 
parte da normalidade do nosso dia-a-dia, no trabalho, no trânsito, entre 
amigos e até no âmbito familiar, tais situações não são intensas e 
duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo. Se 
assim não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando 
 
77
 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: responsabilidade civil. volume. 4. 4º. ed. São Paulo: 
Atlas, 2004.página.41. 
78
 Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) “X — são invioláveis a intimidade, 
a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano 
material ou moral decorrente de sua violação”. BRASIL. Constituição da República Federativa do 
Brasil, de 05 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ 
ccivil_03/constituição/constituição.htm> Acesso em acesso em 12 de Agosto de 2014. 
79
 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 3: 
Responsabilidade civil. 10. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012, página 111. 
80
 Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, institui o Código Civil Brasileiro. Disponível em 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm> acesso em 12 de Agosto de 2014. 
81
 Artigo. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito 
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Lei 10.406, de 10 de 
janeiro de 2002, institui o Código Civil Brasileiro. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03 
/Leis/2002/L10406.htm> acesso em 12 de Agosto de 2014. 
82
 Artigo. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a 
repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos 
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano 
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, 
institui o Código Civil Brasileiro. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002 
/L10406.htm> acesso em 12 de Agosto de 2014. 
83
 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil, volume 3: 
Responsabilidade civil. 10. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012, página 123. 
35 
 
ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais dos 
aborrecimentos.
84
 
 
3.1.3 Do nexo causal 
 
 O nexo causal é indispensável, pois é a conexão entre a conduta do 
agente e o dano, é por meio de analises de relações causais que pode-se concluir 
quem foi o causador do dano. 
Assim só produz os efeitos de uma responsabilidade quando for possível se 
estabelecer um elo entre um risco legalmente sancionado e o autor. É necessário 
que se tenha certeza que este fato gera o prejuízo. A grande dificuldade do judiciário 
se da quando podem existir mais de uma causa para o aparecimento do dano, 
sendo necessário se analisar as concausas85. 86 
Esta matéria gera muitas dúvidas e, frequentemente, leva os tribunais a 
adotarem posicionamentos que podem parecer confusos em torno do mesmo objeto 
de investigação.87 
Para entender melhor este assunto vejamos as três teorias que buscam 
explicar, são elas: Teoria de equivalência de condições; Teoria da causalidade 
adequada; Teoria da causalidade direta ou imediata. 
Teoria de equivalência de condições: nesta teoria entende-se que toda e 
qualquer circunstância que esteja envolvida para se produzir o dano é considerada 
como causa,88 a condição

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