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1 Direito Penal II - Resumo INTRODUÇÃO, COMINAÇÃO E APLICAÇÃO DAS PENAS ALTERNATIVAS Introdução A denominação penas “restritivas de direitos” não foi muito feliz, já que de todas as modalidades de sanções classificadas assim, só uma se refere especificamente à restrição de direitos. As outras, são de natureza pecuniária; e a prestação de serviços à comunidade e a limitação de fim de semana se referem à restrição da liberdade do apenado. Seria melhor que as penas fossem denominadas como penas privativas de liberdade (a reclusão e a detenção), penas restritivas de liberdade (a prisão domiciliar, a limitação de fim de semana e a prestação de serviços à comunidade), penas restritivas de direitos (só as efetivas interdições ou proibições) e penas pecuniárias (as multas, prestações pecuniárias e a perda de bens e valores). Antecedentes das penas alternativas As penas alternativas à pena privativa de liberdade são consideradas sanções modernas. Apesar de a pena privativa de liberdade ter sido um marco da humanização da sanção criminal na época, ela fracassou nos seus objetivos, e por isso surgiu a necessidade de uma reformulação do sistema, numa luta contra as penas curtas e a partir da proposta de substituição por recursos mais adequados. Surgiram várias alternativas inovadoras da estrutura clássica da privação de liberdade. Algumas delas representavam só um novo método de execução da pena de prisão, mas outras se apresentaram como verdadeiros substitutivos. Uma das primeiras penas alternativas surgiu na Rússia em 1926, a prestação de serviços à comunidade. Em 1948, a Inglaterra introduziu a “prisão de fim de semana” e em 1953 a Alemanha fez a mesma coisa, mas só para infratores menores. Em 1963, a Bélgica adotou o arresto de fim de semana para penas detentivas inferiores a um mês. Em 1967, o Principado de Mônaco adotou uma forma de “execução fracionada” da pena privativa de liberdade, um pouco 2 parecida com o arresto de fim de semana, sendo que as frações eram detenções semanais. O exemplo mais bem-sucedido de trabalho comunitário foi o da Inglaterra, por meio do Community Service Order, que vigora desde 1972, apesar de ter passado por uma pequena reforma em 1982, que diminuiu para 16 anos o limite de idade dos jovens que podem receber a sanção. Esse modelo influenciou vários países, inclusive o Brasil. A Alemanha fez uma revolução com o seu Projeto Alternativo de 1966, que serviu de base para reforma de 1975, mas não foi muito ousada em relação às medidas alternativas à pena privativa de liberdade. As penas alternativas propostas pela Alemanha foram a suspensão condicional da pena, a admoestação com reserva de pena, a dispensa de pena, a declaração de impunidade e livramento condicional e a pena de multa. Na Itália, as principais penas alternativas são a prestação de serviço social, o regime de prova, o regime de semiliberdade, e a liberação antecipada. A Lei n. 689 de 1981 teve a pretensão de representar uma grande evolução em termos de sanções penais, mas tem sofrido muitas críticas dos penalistas italianos. O sistema penal sueco tem como princípio fundamental evitar sanções privativas de liberdade, já que, em geral, essas sanções não contribuem com a adaptação do indivíduo a uma futura vida em liberdade. Lá as sanções alternativas são: a suspensão condicional da pena, a liberdade à prova, o submetimento a tratamento especial, além da multa, é claro. Cominação e aplicação das penas alternativas A possibilidade de substituir a pena privativa de liberdade está prevista no CP e está à disposição do juiz para ser executada no momento da determinação da pena na sentença, conforme o art. 59, IV, CP, já que, por conta da sua própria natureza ela requer a prévia determinação da quantidade de pena a impor. E como na dosagem da pena o juiz deve escolher a sanção mais adequada, levando em consideração a personalidade do agente e demais elementos do art. 59, CP, e particularmente, a finalidade preventiva da pena, é natural que a escolha seja feita nesse momento processual. Ao determinar a quantidade final da pena, se ela não for superior a 4 anos ou se o delito for culposo, o juiz, deve, imediatamente, considerar a possibilidade de substituição. Caso ela não seja possível, o juiz passa a examinar a possibilidade de suspensão condicional da pena, conforme o art. 77, III, CP e o art. 157, LEP. Tradicionalmente, o CP brasileiro prevê a sanção em cada tipo penal. A norma penal se compõe em duas partes: o o preceito, que contém o imperativo de proibição ou comando o e a sanção, que constitui a ameaça de punição a quem violar o preceito. Em relação às penas restritivas, ditas alternativas, foi adotado outro sistema de cominação de penas, que á mais flexível, mas que não alterou a estrutura geral 3 do CP. Existe um capítulo que regula especificamente as condições gerais de aplicação dessas sanções, que não sofreu nenhuma alteração com a Lei n. 9.714/1998. Com esse novo sistema, foi possível evitar o casuísmo, ou seja, a dificuldade em escolher os crimes que poderiam ou não ser apenados com essa sanção. Assim, se a pena efetivamente aplicada não for superior a 4 anos de prisão ou se o delito for culposo, estando presentes os demais pressupostos, vai ser possível, teoricamente, aplicar uma pena restritiva de direitos, que, apesar de ser uma sanção autônoma, é substitutiva. Essa metodologia permite que o juiz eleja a pena mais adequada, e também a substituição de uma pena com sérios efeitos negativos por outra menos dessocializadora.
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