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CAPÍTULO 16 : FAMÍLIA DAS FABÁCEAS 16.1 – INTRODUÇÃO: As fabáceas (leguminosas) abrangem algumas hortaliças-fruto de grande aceitação popular. Vale destacar o feijão-vagem, ervilha, feijão-de-corda, feijão-de-lima e fava-italiana. 16.2 – FEIJÃO-VAGEM: 16.2.1 – ORIGEM: A espécie Phaseolus vulgaris já era cultivada pelos indígenas na ampla região hoje delimitada pelo México e Peru, antes da colonização espanhola. A planta cultivada como hortaliça é classificada na mesma espécie botânica do feijoeiro comum, porém produz vagens tenras, comestíveis. 16.2.2 – DESCRIÇÃO BOTÂNICA: Trata-se de uma fabácea anual, herbácea, que apresenta caule volúvel, não necessitando amarrio. O caule pode apresentar crescimento dos tipos indeterminado, na maioria das cultivares, e determinado. O sistema radicular é superficial. Os frutos são vagens que apresentam polpa espessa e formato afilado, dentro das quais se desenvolvem as sementes. 16.2.3 – CLIMA E ÉPOCA DE PLANTIO: Originárias de regiões tropicais americanas, essa cultura apresenta ampla adaptação a temperaturas amenas e elevadas. Sob calor excessivo, todavia, há deficiência de polinização o que resulta em vagens deformadas. É intolerante a baixas temperaturas e à geada, sendo o frio o fator limitante do cultivo durante o inverno, ocasionando baixa germinação e desenvolvimento retardado das plantas. Quanto à reação ao fotoperiodismo, a planta comporta-se como indiferente. Em regiões tropicais de baixa altitude, com inverno ameno, é viável a semeadura ao longo do ano. Em outras, de maior altitude, as semeaduras de inverno devem ser evitadas. Uma alternativa é o cultivo em casa de vegetação, durante o inverno, em rotação com outras culturas. 16.2.4 – CULTIVARES: Conforme o hábito de crescimento da planta e o formato das vagens, as cultivares atualmente plantadas podem ser reunidas em três grupos ou tipos. - Grupo Macarrão: Plantas de crescimento indeterminado; ultrapassam 2,5m de altura; exigem tutoramento; As vagens apresentam seção circular, formato cilíndrico e sementes brancas, quando maduras ou secas. - Grupo Manteiga: Plantas de crescimento indeterminado, as vagens apresentam seção elítica, com formato tipicamente achatado, e sementes com coloração creme-clara ou branca, quando maduras ou secas. - Grupo Rasteiro: As plantas têm crescimento determinado, com caule ereto e de baixa altura, atingindo 50 cm no máximo. São bem adaptadas à cultura rasteira, mecanizada em outros países, inclusive a colheita. A produtividade é sensivelmente menor, em relação à cultura tutorada, sendo a colheita concentrada. 16.2.5 – SOLO E ADUBAÇÃO: Essa cultura adapta-se melhor a solos de textura média, sendo intolerante à acidez elevada, produzindo melhor na faixa de pH 5,6 a 6,8. Em solos mais ácidos, a calagem é efetuada elevando-se a saturação por bases para 70%, procurando-se atingir pH 6,5. De acordo com Prezotti et al. (2007) a adubação mineral de plantio deverá ser realizada utilizando-se por ha: 10 kg de N; 15 a 60 kg de P2O5 e 10 a 40 kg de K2O. Se a análise de solo indicar baixo teor de enxofre, aplicar no mínimo 20 kg/ha do nutriente. Por ocasião da adubação de cobertura aplicar aos 25 dias após a germinação das sementes, 30 kg/ha de N. 16.2.6 – IMPLANTAÇÃO DA CULTURA: Essa cultura é absolutamente intolerante ao transplante, por isso a semeadura deve ser efetuada diretamente no sulco de plantio. Para cultivares de crescimento indeterminado, pode-se adotar o espaçamento de 100 x 20 cm. No caso de cultivares de hábito determinado, conduzidas em cultura rasteira, o espaçamento deve ser reduzido para 55-60 x 15-18 cm. 16.2.7 – TRATOS CULTURAIS : A cultura tutorada é mais exigente de tratos culturais e, consequentemente, de mão de obra, tendo custo mais elevado. - Desbaste: Deixar duas plantas juntas no espaçamento de 20 cm, dentro da fileira. Na cultura rasteira deixam-se plantas isoladas, adequadamente espaçadas (15 a 18 cm). - Tutoramento: O tipo “cerca cruzada”, utilizado em tomateiro é apropriado para cultivares de porte indeterminado. O caule volúvel cresce circundando o suporte e promovendo boa fixação da planta, dispensando dessa forma o amarrio. Também pode ser usado o tutoramento vertical simples. - Irrigação: O período de maior exigência hídrica estende-se do início da floração até o término da colheita parcelada. As cultivares de porte alto, tutoradas, são mais exigentes que aquelas conduzidas em cultura rasteira. - Capinas: São realizadas manualmente, ou por meio de cultivadores. 16.2.8 – ANOMALIAS FISIOLÓGICAS: - Queda de flores: Ocorre devido a extremos de temperatura: frio ou calor excessivos. - Vagens deformadas: Deficiência de polinização. A escolha adequada da época de plantio, para cada região, previne tais ocorrências. 16.2.9 – CONTROLE FITOSSANITÁRIO: - Ferrugem: Causada pelo fungo Uromyces appendiculatus, é a doença mais comum e destrutiva. Formam-se pequenas pústulas ferruginosas, salientes, na face inferior das folhas. Temperatura e umidade baixas favorecem a doença, que é mais severa durante o inverno. Uso de cultivares resistentes e utilização de fungicidas sistêmicos específicos são as formas mais eficientes de controle. - Antracnose: Causada pelo fungo Colletotrichum lindemuthianum, ocasiona pequenas manchas circulares pardas, que evoluem para cancros deprimidos, sobre as vagens, inutilizando-as para comercialização. Temperaturas amenas e alta pluviosidade favorecem essa doença. A utilização de cultivares resistentes, bem como de sementes isentas do fitopatógeno, é o meio de controle mais eficiente. - Crestamento bacteriano: Causado por Xanthomonas campestris pv. Phaseoli, manifesta-se por pequenas manchas úmidas, circundadas por halo amarelo, na face inferior das folhas. As manchas evoluem para lesões pardas, que coalescem, originando o crestamento. Temperatura e umidade elevadas favorecem essa bacteriose. Utilizam-se cultivares resistentes, sementes livres da bactéria, rotação de culturas e fungicidas cúpricos. - Mosaicos: Causadas por alguns tipos de vírus, caracterizam-se por áreas verdes entremeadas por outras, de coloração mais clara ou amarelada. Também ocorre o amarelecimento total da planta. Previnem-se tais viroses utilizando-se cultivares resistentes, sementes sadias e controle de viroses. - Mosaico Dourado: É disseminada pela mosca branca (Berimisia tabaci), comumente afetando o feijoeiro comum, também a vagem; o inseto tornou-se polífago atacando várias culturas. A pulverização com inseticidas específicos pode mostrar-se eficiente, embora esse inseto adquira resistência com rapidez. O novo inseticida biológico tendo como princípio ativo o fungo Beauveria bassiana tem sido eficaz no controle, superando os inseticidas convencionais. 16.2.10 – COLHEITA E COMERCIALIZAÇÃO As colheitas manuais são iniciadas aos 60-70 dias após a semeadura direta, para as cultivares de porte indeterminado, prolongando-se por 30 dias ou até mais tempo. (aqui) Colhem-se as cultivares de porte determinado aos 50-55 dias, sendo o período produtivo de 15 dias no máximo. As vagens são colhidas imaturas, ainda tenras, com sementes pouco desenvolvidas, apresentando polpa espessa e carnosa. O ponto ideal é quando atingem o máximo desenvolvimento, porém antes que se tornem fibrosas e com sementes salientes (geralmente do diâmetro de um lápis). As cultivares de porte alto são mais produtivos, os melhores olericultores obtêm acima de 20 t/ha. As vagens são acondicionadas em caixas tipo “K”, que comportam 20- 23 kg. 16.3- OUTRAS HORTALIÇA PERTENCENTESÀ FAMÍLIA DAS FABÁCEAS 16.3.1- Ervilha 16.3.2 – Feijão-de-corda 16.3.3- Feijão-de-lima 16.3.4 – Fava-italiana 16.4 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - FILGUEIRA FAR. 2008. Novo manual de olericultura. Viçosa: UFV. 421p. - PREZOTTI, L.C.; GOMES, J.A.; DADALTO, G.G.; OLIVEIRA, J.A. 2007. Manual de Recomendação e Adubação para o Estado do Espírito Santo (5 a aproximação). Vitória-ES. 305 p. 16.5- QUESTIONÁRIO 01 – O caule do feijão-vagem apresenta hábito de crescimento determinado e indeterminado. Diferencie os dois hábitos de crescimento. 02- Um produtor X resolveu plantar feijão-vagem em São João de Petrópolis (temperaturas altas) no mês de maio, já um produtor Y também no mês de maio resolveu plantar feijão-vagem em Santa Maria de Jetibá (temperaturas amenas a baixas). Na sua opinião qual produtor obterá maior sucesso?................................ Justifique sua resposta. 03- Conforme o hábito de crescimento da planta e o formato das vagens, as cultivares de feijão-vagem atualmente plantadas podem ser reunidas em três grupos ou tipos. Cite: 04- Entre os principais grupos de feijão-vagem cultivados atualmente, destaque qual não é tutorado. 05- Qual o grupo de feijão-vagem foi cultivado por todas as turmas durante nossas aulas práticas no Setor de Olericultura ?............................ Indique um espaçamento adequado por ocasião do plantio. 06- Faça um esquema representando o tutoramento tipo Cerca cruzada. 07- Se implantássemos um cultivo de feijão-vagem no setor de Olericultura (onde foram desenvolvidas nossas atividades práticas) e outro cultivo no setor de Agroecologia, em qual local possivelmente encontraríamos maiores quantidades de vagens deformadas? ......................................Justifique sua resposta. 08- Comente sobre o vetor do Mosaico dourado na cultura do Feijão-vagem, destacando como é realizado o controle. 09- Na sua opinião porque a colheita do feijão-vagem de crescimento indeterminado prolonga-se mais que a do feijão-vagem de crescimento determinado. 10- São exemplos de hortaliças pertencentes à família das Fabáceas: a) ( ) Feijão, Feijão-de-corda e Fava-italiana; b) ( ) Feijão, Feijão-vagem e Ervilha; c) ( ) Feijão, arroz e milho; d) ( ) Feijão-vagem, Ervilha e Feijão-de-Lima; e) ( ) Feijão, fava e alfavaca.
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