Buscar

O uso da observação participante em pesquisas realizadas na área do Direito

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Trabalho de Metodologia Jurídica A
Resumo crítico do capítulo "O uso da observação participante em pesquisas realizadas na área do Direito: desafios, limites e possibilidades”, do livro “Pesquisar empiricamente o Direito”. 
	O presente capítulo apresenta os desafios e as possibilidades do uso da observação participante - saber da antropologia, que se caracteriza pela imersão do pesquisador no campo - enquanto recurso metodológico para a elaboração de pesquisas na área do Direito. De acordo com a autora do referido livro, apesar da resistência dos juristas mais tradicionais, há cada vez mais interesse das pessoas em utilizar métodos diferenciados no campo do Direito.
	Na visão de May (2001), a observação participante é um método em que o pesquisador entra no campo e convive, por um tempo relativamente longo, com um determinado grupo com o intuito de coletar dados e desenvolver um entendimento científico através dessa participação no cotidiano dessas pessoas.
	Para a autora, não há uma forma correta de se fazer uma observação participante; não há "manual" que ensine técnicas de pesquisa, desta forma, é essencial que as pessoas se “joguem no campo”, pois é “em campo” que se aprende o jeito mais adequado de se comportar, vestir-se e falar-se, as perguntas adequadas a se fazer, os horários apropriados e etc.
	Os pesquisadores com formação em Direito, têm dificuldades em utilizarem essa proposta metodológica da antropologia, já que os juristas sentem-se mais confortáveis quando têm certezas e não perguntas, assim, a impossibilidade de “manualizar” (engessar, controlar) esse método traz enormes dificuldades.
	Outro desafio é que, diferentemente do que ocorre com os antropólogos que realizam pesquisas em grupos exóticos e precisam transformar em familiar o que para eles é diferentes, o uso da observação participante em pesquisas realizadas na área do Direito implica no movimento de tornar familiar o que é exótico, ou seja, de estranhar e de desnaturalizar as práticas e rotinas do mundo jurídico (ir ao fórum, despachar, etc), que muitas vezes os juristas já conhecem, enxergando-as de outro ponto de vista. É importante que, na observação do participante, ocorra o distanciamento do objeto, pois, de acordo com DaMatta, “o que sempre vemos e encontramos pode ser familiar, mas não é necessariamente conhecido” (MACHADO, 2017, p.96,)
	Nesse sentido, necessário a percepção do pesquisador quando ele faz avaliações precipitadas e baseadas em estereótipos do senso comum, assim, conclui-se que não é impossível ser pesquisador e nativo. Ocorre que, o objetivo é que a pesquisa seja baseada apenas nas “atitudes” do próprio nativo, sem a interferência valorativa do pesquisador, mesmo que esses valores sejam contrários entre si, desta forma, o pesquisador deve ter cautela para não se transformar em nativo, não permitindo o distanciamento do familiar. 	Além desse risco, pode o observador participante cometer outros dois equívocos; ou fazer uma participação "inobservante", interiorizando totalmente o ponto de vista dos nativos de forma a não conseguir mais se discriminar como pesquisador ou fazer uma observação tão distante para não se envolver, e acabar pendendo a profundidade necessária que a observação exige.
	Assim, para que uma pesquisa empírica seja considerada bem sucedida é necessário que, após lida pelos interlocutores, eles se reconheçam nela e se vejam definidos naquelas descrições. 
	Por fim, a antropologia ensina que o trabalho de campo, mesmo quando realizado no ambiente de trabalho ou na sociedade em que vive o pesquisador, exige dele a abstenção de seus valores morais para buscar ensinamentos em um ponto de vista muitas vezes divergente do dele; um trabalho difícil para quem é formado em Direito, já que esta acostumado a sempre buscar respostas e não perguntas para a satisfação profissional.
	Nesse sentido, pode-se concluir que a pesquisa empírica é um método totalmente relevante e fundamental, uma vez que permite ao pesquisador compreender e explicar valores e ideologias do mundo jurídico que muitas vezes não podem ser compreendidos através dos discursos teóricos "impostos" ao estudante de Direito, uma vez que o participante mergulha no campo e vivencia a realidade de quem se quer estudar.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando