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Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia El�etrica e de Computa�c~ao Departamento de Sistemas de Energia El�etrica No�c~oes de Prote�c~ao de Sistemas de Energia El�etrica Fujio Sato Campinas, mar�co de 2002 SUM � ARIO i Sum�ario 1 Sistema el�etrico de pote^ncia 1 1.1 Introdu�c~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2 Dimens~ao do problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1.3 Dist�urbios em sistema el�etrico de pote^ncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.3.1 Curtos-circuitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.3.2 Condi�c~oes anormais de opera�c~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.4 Con�gura�c~ao do sistema el�etrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.4.1 Sistema radial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.4.2 Sistema em anel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.4.3 Arranjos de barras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2 Princ��pios b�asicos de prote�c~ao de sistema el�etrico 11 2.1 Introdu�c~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.2 Id�eia b�asica de um sistema de prote�c~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 2.3 Caracter��sticas funcionais dos rel�es de prote�c~ao . . . . . . . . . . . . . . . . 14 2.4 Redunda^ncia do sistema de prote�c~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 3 Princ��pios de opera�c~ao de rel�es de prote�c~ao 18 3.1 Introdu�c~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 3.2 Detec�c~ao das faltas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 4 Prote�c~ao de redes de distribui�c~ao 21 4.1 Correntes de curtos-circuitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 4.2 Corrente de inrush . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 4.3 Equipamentos de prote�c~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 4.3.1 Chave fus��vel/elo fus��vel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 4.3.2 Disjuntor/rel�e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 4.3.3 Religador autom�atico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 4.3.4 Seccionalizador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 4.4 Prote�c~ao do transformador de distribui�c~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 4.4.1 Elos fus��veis padronizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 4.4.2 Curtos-circuitos no lado y e correntes no lado � . . . . . . . . . . . 31 4.4.3 Caso-exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 LISTA DE FIGURAS ii Lista de Figuras 1 Estados de opera�c~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 2 Expectativa de vida dos rel�es de prote�c~ao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 3 Evolu�c~ao dos rel�es. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 4 Curva sobrecarga no transformador de pote^ncia . . . . . . . . . . . . . . . 7 5 Curva de sobreexcita�c~ao de transformador de pote^ncia . . . . . . . . . . . 8 6 Sistema radial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 7 Sistema em anel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 8 Arranjos de barras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 9 Sistema de prote�c~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 10 Diagrama uni�lar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 11 Diagrama tri�lar de um sistema de prote�c~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 12 Con�abilidade do sistema de prote�c~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 13 Zonas de prote�c~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 14 Tempos de opera�c~ao de um sistema de prote�c~ao . . . . . . . . . . . . . . . 17 15 Prote�c~ao de sobrecorrente de um motor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 16 Caracter��stica de um rel�e detector de n��vel . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 17 Rel�e compara�c~ao de magnitudes para duas linhas paralelas . . . . . . . . . 19 18 Princ��pio da compara�c~ao diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 19 Compara�c~ao de fase para faltas numa linha . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 20 Rel�e de dista^ncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 21 Esquema de prote�c~ao de sobrecorrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 22 Curto-circuito trif�asico no lado de baixa e correntes no lado de alta . . . . 34 23 Curto-circuito bif�asico no lado de baixa e correntes no lado de alta . . . . . 34 24 Curto-circuito monof�asico no lado de baixa e correntes no lado de alta . . . 34 25 Sistema de distribui�c~ao secund�aria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 26 Curto-circuito monof�asico no lado de baixa e correntes no lado de alta . . . 36 1 SISTEMA EL � ETRICO DE POT ^ ENCIA 1 1 Sistema el�etrico de pote^ncia 1.1 Introdu�c~ao Ser�a que algu�em, olhando para a la^mpada acesa no teto de seu quarto, j�a teve a curiosidade de questionar de onde vem a energia el�etrica que ilumina o ambiente? Provavelmente que sim. Se esta pergunta fosse feita h�a cerca de 80 anos a resposta seria diferente da de hoje. Naquela �epoca, podia-se a�rmar categoricamente que a energia el�etrica provinha de uma determinada usina, pois, o sistema el�etrico operava isoladamente, isto �e, o que a usina gerava era transportada diretamente para o centro consumidor. Hoje, esta resposta n~ao teria sentido, pois a necessidade de grandes \blocos" de energia e de maior con�abilidade fez com que as unidades separadas se interligassem formando uma �unica rede el�etrica, o sistema interligado. Um sistema interligado, apesar de maior complexidade na sua opera�c~ao e no seu plane- jamento, al�em da possibilidade da propaga�c~ao de perturba�c~oes localizadas por toda a rede, traz muitas vantagens que suplantam os problemas, tais como: maior n�umero de unidades geradoras, necessidade de menor capacidade de reserva para as emerge^ncias, interca^mbio de energia entre regi~oes de diferentes sazonalidades, etc. Esta pr�atica �e adotada mundial- mente e especi�camente no Brasil iniciou-se no �nal da d�ecada de 50. Atualmente no Brasil existem dois grandes sistemas interligados: o sistema da regi~ao Sul/Sudeste/Centro-oeste e o sistema da regi~ao Norte/Nordeste. Estas duas regi~oes est~ao interligadas por uma linha de transmiss~ao de 500 kV com capacidade para transportar cerca de 1000 MW. A �loso- �a b�asica de opera�c~ao desta interliga�c~ao �e a de produzir o m�aximo de energia no sistema Norte/Nordeste durante o per��odo marcante de cheias naquela regi~ao (especialmente no Norte, em Tucuru��) e exportar para o Sudeste, onde est~ao localizados os grandes reser- vat�orios do pa��s, acumulando �agua. Nos per��odos secos, o uxo se inverte. O \linh~ao", com comprimento de 1270 km parte de uma subesta�c~ao em Imperatriz, no Maranh~ao, atravessando todo o estado de Tocantins e chega em Bras��lia. A �nalidade de um sistema de pote^ncia �e distribuir energia el�etrica para uma multiplicidade de pontos, para diversas aplica�c~oes. Tal sistema deve ser projetado e operado para entregar esta energia obede- cendo dois requisitos b�asicos: qualidade e economia, que apesar de serem relativamente antago^nicos �e poss��vel concili�a-los, utilizando conhecimentos t�ecnicos e bom senso. A garantia de fornecimento da energia el�etrica pode ser aumentada melhorando o projeto prevendo uma margem de capacidade de reserva e planejando circuitos alterna- tivos para o suprimento. A subdivis~ao do sistema em zonas,cada uma controlada por um conjunto de equipamentos de chaveamento, em associa�c~ao com sistema de prote�c~ao e con�gura�c~oes de barramentos que permitam alternativas de manobras, proporcionam exibilidade operativa e garantem a minimiza�c~ao das interrup�c~oes. Um sistema de pote^ncia requer grandes investimentos de longa matura�c~ao. Al�em disso, a sua opera�c~ao e o a sua manuten�c~ao requer um elevado custeio. Para maximizar o retorno destes gastos �e necess�ario oper�a-lo dentro dos limites m�aximos admiss��veis. Uma das ocorre^ncias com maior impacto no fornecimento da energia el�etrica �e o curto- circuito (ou falta) nos componentes do sistema, que imp~oe mudan�cas bruscas e violentas na opera�c~ao normal. O uxo de uma elevada pote^ncia com uma libera�c~ao localizada de uma consider�avel quantidade de energia pode provocar danos de grande monta nas instala�c~oes el�etricas, particularmente nos enrolamentos dos geradores e transformadores. O risco da ocorre^ncia de uma falta considerando-se um componente isoladamente �e pequeno, entretanto, globalmente pode ser bastante elevado, aumentando tamb�em a repercuss~ao numa �area consider�avel do sistema, podendo causar o que comumente �e conhecido como blackout. 1.2 Dimens~ao do problema 2 SEGURO INSEGURO EMERGÊNCIA RECUPERAÇÃO NORMAL Controle de emergência Controle preventivo Controle de recuparação Transições resultantes de contingências Transições resultantes de ações de controle Figura 1: Estados de opera�c~ao A Figura 1 mostra o que se denomina estados de opera�c~ao. Um sistema el�etrico de pote^ncia comumente opera no seu estado normal-seguro. Algumas continge^ncias simples podem levar o sistema a operar numa regi~ao insegura, entretanto, controles preventivos adequados traz novamente �a regi~ao segura com certa tranquilidade. S~ao relativamente raras as ocorre^ncias que levam o sistema ao estado de emerge^ncia, geralmente causadas por continge^ncias m�ultiplas graves. Neste estado, o sistema sofre um colapso que pode afetar uma grande parte do sistema interligado, necessitando de controles de emerge^ncia e de recupera�c~ao pelas a�c~oes integradas dos Centros de Controle das empresas afetadas, para recompor o sistema. 1.2 Dimens~ao do problema O gerenciamento de um sistema el�etrico de pote^ncia deve cobrir eventos com intervalo de tempo extremamente diversi�cado, desde v�arios anos para planejamentos, at�e micros- segundos para transit�orios ultra-r�apidos . Os eventos mais r�apidos s~ao monitorados e controlados localmente (por exemplo, rel�es de prote�c~ao) enquanto que a dina^mica mais lenta dos sistemas (regime quase-estacion�ario) �e controlada de forma centralizada (por exemplo, centros de controle). As estrat�egias de expans~ao e opera�c~ao de um sistema el�etrico s~ao organizadas hierar- quicamente conforme ilustrado a seguir: Planejamentos de Recursos e Equipamentos: � planejamento da gera�c~ao : 20 anos � planejamento da transmiss~ao e distribui�c~ao : 5 a 15 anos Planejamento de Opera�c~ao: 1.2 Dimens~ao do problema 3 � programa�c~ao da gera�c~ao e manuten�c~ao : 2 a 5 anos Opera�c~ao em Tempo Real: � planejamento da gera�c~ao : 8 horas a 1 semana � despacho : continuamente � prote�c~ao autom�atica : fra�c~ao de segundos Dados de 1994 mostram que o sistema interligado brasileiro possui os seguintes equi- pamentos de transmiss~ao e gera�c~ao de grande porte, mostrados na Tabela 1. A Tabela 2 mostra que estes componentes sofreram desligamentos for�cados causados por v�arios tipos de ocorre^ncias. Equipamentos Qtde Terminais de linhas (138 kV a 750 kV) 2461 Grupos geradores 319 Transformadores de pote^ncia 714 Barramentos 872 Reatores 244 Banco de capacitores 116 Compensadores s��ncronos 59 Compensadores est�aticos 13 Tabela 1: Equipamentos instalados no sistema interligado brasileiro at�e 1994 Equipamentos Qtde % Linhas de transmiss~ao 4380 67,54 Grupos geradores 678 10,45 Transformadores de pote^ncia 502 7,74 Barramentos 93 1,43 Reatores 62 0,96 Banco de capacitores 612 9,43 Compensadores s��ncronos 118 1,82 Compensadores est�aticos 40 0,62 Tabela 2: Desligamentos for�cados em 1994 As linhas de transmiss~ao s~ao os componentes que mais sofrem desligamentos for�cados. Logicamente isto era de se esperar, pois, perfazendo um total de mais de 86.600 km, elas percorrem vastas regi~oes e est~ao sujeitos a todos os tipos de perturba�c~oes naturais, ambientais e operacionais. Assim sendo, este tipo de componente necessita ser protegido por um sistema de rel�es de prote�c~ao e�ciente e de atua�c~ao ultra-r�apida, os denominados rel�es de dista^ncia. As linhas de transmiss~ao do sistema interligado brasileiro s~ao protegidas pelos rel�es de dista^ncia, conforme os tipos construtivos mostrados na Tabela 3. Os rel�es de prote�c~ao foram os primeiros automatismos utilizados em sistemas el�etricos de pote^ncia. At�e a d�ecada de 70 os rel�es de concep�c~ao eletromeca^nica dominaram ampla- mente o mercado. 1.2 Dimens~ao do problema 4 Tipo Qtde Eletromeca^nico 3281 Est�atico 1409 Digital 10 Tabela 3: Rel�es de dista^ncia utilizados no sistema interligado brasileiro at�e 1994 Os primeiros rel�es de prote�c~ao de concep�c~ao eletro^nica foram introduzidos no �nal da d�ecada de 50. O desenvolvimento desses rel�es utilizando componentes discretos cresceu durante a d�ecada de 60, tendo como objetivo melhorar a exatid~ao, a velocidade e o desem- penho global. Entretanto, devido a excessiva quantidade de componentes, al�em da sua susceptibilidade �a varia�c~ao das condi�c~oes ambientais, seu desempenho n~ao era superior aos equivalentes eletromeca^nicos. A consolida�c~ao deste tipo de rel�es s�o veio a ocorrer na d�ecada seguinte quando da utiliza�c~ao de circuitos integrados, devido a diminui�c~ao de componentes e consequentemente das conex~oes associadas. O surgimento de componentes altamente integrados e a sua utiliza�c~ao na constru�c~ao de rel�es de prote�c~ao permitiu au- mentar a gama de fun�c~oes: por exemplo, a inclus~ao da capacidade de detec�c~ao de falhas evitando a opera�c~ao incorreta do rel�e. O desenvolvimento de microprocessadores com mem�orias de alta velocidade levaram a um r�apido crescimento de computadores pessoais durante a d�ecada de 80. Essas novas tecnologias foram tamb�em utilizadas para o desenvolvimento de rel�es de prote�c~ao - os denominados rel�es digitais. A evolu�c~ao r�apida dos rel�es eletro^nicos redundou em duas mudan�cas importantes na �area de prote�c~ao. A primeira, o tempo que vai da concep�c~ao �a obsolesce^ncia tecnol�ogica de um rel�e reduziu-se drasticamente. A Figura 1 mostra que a expectativa de vida de em m�edia 30 anos, com tecnologia eletromeca^nica tradicional, para aproximadamente 5 anos, com tecnologia digital. 1940 1950 1960 1970 1980 1990 35 30 25 20 15 10 5 Década A no s pa ra O bs ol es cê nc ia Figura 2: Expectativa de vida dos rel�es de prote�c~ao. A segunda mudan�ca se refere �a necessidade de softwares para sistemas de prote�c~ao digital. A Figura 2 mostra a compara�c~ao dos rel�es de prote�c~ao no que concerne �as tecno- logias. Apesar do n�umero de rel�es digitais instalados no sistema el�etrico brasileiro ser ainda bastante reduzido espera-se um r�apido crescimento devido a duas raz~oes principais: 1.3 Dist�urbios em sistema el�etrico de pote^ncia 5 1970 1980 1990 Analógico Híbrido A/D Digital Software Hardware 0 100 80 60 40 20 % Co nt eú do Figura 3: Evolu�c~ao dos rel�es. a. atualmente o mercado oferece maiores facilidades na aquisi�c~ao de rel�es do tipo digital, sendo que muitos fabricantes j�a deixaramde produzir os rel�es convencionais; b. os rel�es tipos eletromeca^nico e est�atico, em virtude de muitos deles j�a estarem no �m de suas vidas �uteis, fatalmente ser~ao substitu��dos pelos rel�es digitais. 1.3 Dist�urbios em sistema el�etrico de pote^ncia 1.3.1 Curtos-circuitos Quando ocorre um curto-circuito, a fem da fonte (gerador) �e curto-circuitada atrav�es de uma impeda^ncia relativamente baixa (impeda^ncias do gerador, transformador e trecho da linha, por exemplo), o que provoca um uxo de valor elevado, conhecido como corrente de curto-circuito. Portanto, um curto-circuito se caracteriza por uma eleva�c~ao abrupta das correntes, de valores extremamente elevados, acompanhada de quedas consider�aveis das tens~oes, trazendo conseque^ncias extremamente danosas ao sistema de pote^ncia. a. A corrente de curto-circuito, de acordo com a lei de Joule, provoca a dissipa�c~ao de pote^ncia na parte resistiva do circuito. O aquecimento pode ser quanti�cado por kI 2 cc rt. No ponto da falta este aquecimento e o formato do arco podem provocar uma destrui�c~ao que pode ser de grande monta, dependendo de I cc e de t. Portanto, para uma dada corrente de curto-circuito, o tempo t deve ser menor poss��vel para reduzir os danos. b. A queda de tens~ao no momento de um curto-circuito provoca graves transtornos aos consumidores. O torque dos motores �e proporcional ao quadrado da tens~ao, portan- to, no momento de um curto-circuito o funcionamento destes equipamentos pode ser seriamente comprometido. Cargas como sistemas de ilumina�c~ao, sistemas com- putacionais e sistemas de controle em geral s~ao particularmente sens��veis �as quedas de tens~ao. c. Outra grave conseque^ncia de uma queda abrupta da tens~ao �e o dist�urbio que ela provoca na estabilidade da opera�c~ao paralela de geradores. Isto pode causar a desagrega�c~ao 1.4 Con�gura�c~ao do sistema el�etrico 6 do sistema e a interrup�c~ao de fornecimento para os consumidores. Na condi�c~ao de opera�c~ao normal o torque meca^nico da turbina �e equilibrada pelo anti-torque produzido pela carga el�etrica do gerador; como resultado, a velocidade de rota�c~ao de todos os geradores �e constante e igual a uma velocidade s��ncrona. A causa de tal desagrega�c~ao pode ser explicada pelos seguintes fatos: quando um curto-circuito ocorre na proximidade de uma barra de gera�c~ao, a sua tens~ao atingir�a valor pr�oximo de zero e como conseque^ncia, a carga el�etrica e o anti-torque do gerador se anular~ao. No mesmo instante, a quantidade da �agua (ou vapor) admitida na turbina continua sendo a mesma e seu torque continua invariante. Isso provocar�a o aumento da velocidade do turbogerador, pois a resposta do regulador de velocidade da turbina �e lenta e incapaz de evitar a sua acelera�c~ao nos instantes iniciais. Outro fato relevante �e que mudan�cas r�apidas na con�gura�c~ao do sistema el�etrico, provocadas pelo desequil��brio entre a gera�c~ao e a carga, ap�os a retirada do circuito sob falta, podem causar sub ou sobretens~oes, sub ou sobrefreque^ncias, ou ainda sobrecargas. Isto pode provocar algumas condi�c~oes anormais de opera�c~ao. 1.3.2 Condi�c~oes anormais de opera�c~ao a. Sobrecarga em equipamentos: �e causada pela passagem de um uxo de corrente acima do valor nominal. A corrente nominal �e a m�axima corrente permiss��vel para um dado equipamento continuamente. A sobrecarga frequente em equipamentos acelera a deteriora�c~ao da isola�c~ao, causando curtos-circuitos. A Figura 4 mostra o tempo m�aximo admiss��vel para cargas de curta dura�c~ao ap�os o regime a plena carga do transformador de for�ca. b. Subfreque^ncia e sobrefreque^ncia: s~ao causadas pelo s�ubito desequil��brio signi�ca- tivo entre a gera�c~ao e a carga. c. Sobretens~ao: �e provocada pela s�ubita retirada da carga. Neste caso, os geradores (hidrogeradores em especial) disparam as tens~oes nos seus terminais podem atingir valores elevados que podem comprometer as isola�c~oes dos enrolamentos. Em siste- mas de extra-alta tens~ao a sobretens~ao pode surgir atrav�es do efeito capacitivo das linhas de transmiss~ao. A Figura 5 mostra a curva de sobreexcita�c~ao permiss��vel de transformadores de pote^ncia. 1.4 Con�gura�c~ao do sistema el�etrico A maneira como os componentes el�etricos est~ao conectados juntos e o layout da rede el�etrica te^m uma in ue^ncia muito grande nos rel�es de prote�c~ao. 1.4.1 Sistema radial Um sistema radial, como mostra a Figura 6 �e um arranjo que possui uma �unica fonte alimentando m�ultiplas cargas e �e geralmente associada a um sistema de distribui�c~ao. A constru�c~ao de tal sistema �e relativamente econo^mico, mas do ponto de vista da con�abilidade deixa muito a desejar, pois a perda da fonte acarreta a falta de energia el�etrica para todos os consumidores. Do ponto de vista do sistema de prote�c~ao, um sistema radial apresenta uma complexidade menor, pois a corrente de curto-circuito ui sempre na mesma dire�c~ao, isto �e, da fonte para o local da falta. Desde que nos sistemas radiais, os geradores est~ao eletricamente distantes, as correntes de curtos-circuitos n~ao variam muito com as mudan�cas nas capacidades geradoras. 1.4 Con�gura�c~ao do sistema el�etrico 7 2,0 105,0 20 50 1,0 2,0 5,0 10 20 50 100 200 500 1000 2000 Multiplo da corrente nominal com resfriamento natural 100 Te m po (s eg un do ) Figura 4: Curva sobrecarga no transformador de pote^ncia 1.4.2 Sistema em anel A Figura 7 mostra um exemplo de um sistema em anel. Normalmente, esta con�gura�c~ao �e utilizada para sistemas de transmiss~ao onde as linhas e as fontes interligadas fornecem uma exibilidade maior. A dire�c~ao dos uxos das correntes de curtos-circuitos �e imprevis��vel. Al�em disso, as magnitudes dessas correntes variam numa faixa muito grande com a mudan�ca na con�- gura�c~ao do sistema e da capacidade de gera�c~ao no momento da falta. 1.4.3 Arranjos de barras As subesta�c~oes devem apresentar arranjos de barras que facilitem os servi�cos de opera�c~ao, durante as manuten�c~oes preventivas e corretivas dos equipamentos e durante situa�c~oes emergenciais. Esta exibilidade nas manobras repercute decisivamente na con�abilidade de servi�cos e minimiza�c~ao da interrup�c~ao de energia el�etrica. A Figura 8 mostra os arranjos t��picos de barras. Arranjo (a) - � E constitu��do de barra simples e apresenta as seguintes desvantagens: 1.4 Con�gura�c~ao do sistema el�etrico 8 0,1 0,2 0,5 1,0 20 502 5 10 110 115 120 125 130 135 140 145 Tempo (minutos) Te ns ao (% ) Figura 5: Curva de sobreexcita�c~ao de transformador de pote^ncia 11,9 kV Figura 6: Sistema radial � n~ao permite o isolamento de qualquer disjuntor, barra ou trecho de barra sem in- terrup�c~ao de servi�co; � n~ao apresenta qualquer exibilidade operativa; � n~ao apresenta qualquer con�abilidade para o sistema durante a manuten�c~ao na subesta�c~ao. Variante deste arranjo: � n~ao possui seccionamento de barra, piorando ainda mais os parcos recursos opera- tivos. Arranjo (b) - � E constitu��do de barra dupla, sendo uma de opera�c~ao e outra de transfere^ncia, por�em com a opera�c~ao normal limitada a uma �unica barra. Vantagem: � permite o isolamento de qualquer disjuntor sem a interrup�c~ao de servi�co. 1.4 Con�gura�c~ao do sistema el�etrico 9 Figura 7: Sistema em anel Desvantagens: � n~ao permite o isolamento da barra de opera�c~ao sem interrup�c~ao de servi�co; � restringe a opera�c~ao normal a uma �unica barra; � apresenta pouca exibilidade operativa; � apresenta pouca con�abilidade por ocasi~ao de impedimentos para a manuten�c~ao. Arranjo (c) - � E constitu��dode barra dupla de opera�c~ao. Vantagens: � permite o isolamento da barra ou trecho de barra sem interrup�c~ao de servi�co; � permite que a opera�c~ao normal seja efetuada por uma ou outra, ou ambas as barras; � apresenta boa exibilidade operativa; � apresenta boa con�abilidade para o sistema, por ocasi~ao de impedimentos para a manuten�c~ao. Desvantagens: � n~ao permite o isolamento de qualquer disjuntor sem interrup�c~ao de servi�co; � quando apresenta superposi�c~ao f��sica de barras, reduz substancialmente a con�abi- lidade do sistema por ocasi~ao de certos servi�cos de manuten�c~ao na barra superior. Arranjo (d) - � E constitu��do de tre^s barras, sendo duas de opera�c~ao e uma de transfere^ncia . Vantagens: � permite o isolamento de qualquer disjuntor ou sem interrup�c~ao de servi�co; 1.4 Con�gura�c~ao do sistema el�etrico 10 (b) (e) (d) (c)(a) (f) Figura 8: Arranjos de barras � permite que a opera�c~ao normal seja efetuada por uma ou outra, ou ambas as barras de opera�c~ao; � apresenta �otima exibilidade operativa; � apresenta �otima con�abilidade para o sistema, por ocasi~ao de impedimentos para a manuten�c~ao. Variante deste arranjo: � apresenta as barras de opera�c~ao com seccionamento, portanto, introduz uma van- tagem adicional de permitir o isolamento de somente trechos de barra. Arranjo (e) - � E constitu��do de barra dupla de opera�c~ao, podendo qualquer uma delas ser usada como barra de transfere^ncia . Vantagens: � permite o isolamento de qualquer disjuntor ou sem interrup�c~ao de servi�co; � permite que a opera�c~ao normal seja efetuada por uma ou outra, ou ambas as barras de opera�c~ao; � apresenta boa exibilidade operativa; 2 PRINC � IPIOS B � ASICOS DE PROTEC� ~ AO DE SISTEMA EL � ETRICO 11 � apresenta boa con�abilidade para o sistema, por ocasi~ao de impedimentos para a manuten�c~ao. Desvantagens: � quando apresenta superposi�c~ao f��sica de barras, reduz substancialmente a con�abi- lidade do sistema por ocasi~ao de certos servi�cos de manuten�c~ao na barra superior; � n~ao possui seccionamento de barras. Arranjo (f) - � E constitu��do de barra dupla, sendo ambas de opera�c~ao, com a peculiaridade de possuir um disjuntor e meio para cada equipamento. Vantagens: � permite o isolamento de qualquer disjuntor ou sem interrup�c~ao de servi�co; � permite as manobras para a transfere^ncia de barra sejam feitas atrav�es de disjunto- res; � permite minimizar os riscos de opera�c~ao incorreta de seccionadoras, devido n~ao somente ao pr�oprio arranjo, mas tamb�em ao esquema relativamente simples de inter- travamento entre seccionadoras e disjuntores; � apresenta �otima exibilidade operativa; � apresenta boa con�abilidade para o sistema, por ocasi~ao de impedimentos para a manuten�c~ao. Desvantagens: � com o disjuntor fora de servi�co, a opera�c~ao autom�atica do disjuntor adjacente poder�a causar uma interrup�c~ao desnecess�aria do circuito; � a opera�c~ao incorreta de disjuntores, poder�a afetar equipamentos adjacentes e em casos extremos, separar o sistema da subesta�c~ao; � apresenta pouca visibilidade da instala�c~ao, aumentando o risco de manobras erro^neas. 2 Princ��pios b�asicos de prote�c~ao de sistema el�etrico 2.1 Introdu�c~ao Para se entender a fun�c~ao do sistemas de rel�es de prote�c~ao, deve-se estar familiarizado com a natureza e modos de opera�c~ao de um sistema el�etrico de pote^ncia. A energia el�etrica �e um dos recursos fundamentais da sociedade moderna que est�a dispon��vel a qualquer momento, na tens~ao e freque^ncia corretas e na quantidade exata que o consumidor neces- sita. Este desempenho not�avel �e alcan�cado atrav�es de planejamento, projeto, constru�c~ao e opera�c~ao cuidadosos de uma complexa rede el�etrica composta por geradores, transfor- madores, linhas de transmiss~ao e de distribui�c~ao e outros equipamentos auxiliares. Para um consumidor, o sistema el�etrico parece comportar-se sempre em estado permanente: imperturb�avel, constante e capacidade inesgot�avel. Entretanto, o sistema de pote^ncia est�a sujeito a constantes dist�urbios criadas pelas varia�c~oes aleat�orias das cargas, pelas faltas 2.2 Id�eia b�asica de um sistema de prote�c~ao 12 oriundas de causas naturais, e em alguns casos como resultados de falhas de equipamentos ou humanas. Apesar destas constantes perturba�c~oes o sistema el�etrico se mant�em num estado quase permanente gra�cas a dois fatores b�asicos: o tamanho das cargas ou geradores individuais �e muito pequena em rela�c~ao ao tamanho do sistema e a a�c~ao r�apida e correta dos equipamentos de prote�c~ao quando da ocorre^ncias de perturba�c~oes . Um sistema de prote�c~ao detecta uma condi�c~ao anormal de um sistema de pote^ncia e inicia uma a�c~ao corretiva t~ao rapidamente quanto poss��vel para que o sistema de pote^ncia n~ao seja levado para fora do seu estado normal. A rapidez de resposta �e um elemento essencial de um sistema de prote�c~ao - tempo da ordem de uns poucos milissegundos s~ao requeridos frequentemente. A atua�c~ao de um sistema de prote�c~ao deve ser autom�atica, r�apida e restringir ao m��nimo a regi~ao afetada. Em geral, rel�e de prote�c~ao n~ao evita danos nos equipamentos: ele opera ap�os a ocorre^ncia de algum tipo de dist�urbio que j�a pode ter provocado algum dano. As suas fun�c~oes, portanto, s~ao: limitar os danos, minimizar o perigo �as pessoas, reduzir o stress em outros equipamentos e, acima de tudo, manter a integridade e estabilidade do restante do sistema el�etrico, facilitando o restabelecimento. 2.2 Id�eia b�asica de um sistema de prote�c~ao Os componentes el�etricos de um sistema de pote^ncia devem ser protegidos contra os curtos-circuitos ou condi�c~oes anormais de opera�c~ao, geralmente provocadas pelos pr�oprios curtos-circuitos. Na ocorre^ncia desses eventos �e necess�ario que a parte atingida seja isolada rapidamente do restante da rede el�etrica para evitar danos materiais e restringir a sua repercuss~ao no sistema. Esta fun�c~ao �e desempenhada pelo sistema de prote�c~ao, cuja id�eia b�asica �e apresentada na Figura 9. Disjuntor TC e/ou TP ReléSistema de Potência Ajuste Figura 9: Sistema de prote�c~ao As condi�c~oes do sistema de pote^ncia s~ao monitoradas constantemente pelo sistema de medidas anal�ogicas (transformadores de instrumento), que s~ao os transformadores de corrente (TC's) e transformadores de potencial (TP's). As correntes e as tens~oes transformadas em grandezas secund�arias alimentam um sistema de decis~oes l�ogicas (rel�e de prote�c~ao), que compara o valor medido com o valor previamente ajustado no rel�e. A opera�c~ao do rel�e ocorrer�a sempre que valor medido exceder o valor ajustado, atuando sobre um disjuntor. Os equipamentos que comp~oem um sistema de prote�c~ao s~ao itemizados a seguir: � Transformadores de instrumento 2.2 Id�eia b�asica de um sistema de prote�c~ao 13 Os transformadores de instrumento s~ao os redutores de medidas de corrente (TC) e de tens~ao (TP), que te^m a fun�c~ao de isolar os circuitos dos rel�es da alta tens~ao, al�em de padronizar os valores secund�arios. � Rel�e de prote�c~ao O rel�e de prote�c~ao �e um dispositivo que toma decis~oes, comparando o valor medido com o valor ajustado previamente. � Disjuntor O disjuntor �e um equipamento de alta tens~ao com capacidade para interromper correntes de curtos-circuitos, isolando a parte sob falta do restante do sistema. Al�em desses equipamentos o sistema de prote�c~ao necessita de uma fonte de corrente cont��nua, fornecida atrav�es da bateria. Deve-se prever uma capacidade em Ah adequada, pois al�em de alimentar o sistema de prote�c~ao ela alimenta tamb�em os sistemas decontrole e sinaliza�c~ao e muitas vezes, a ilumina�c~ao de emerge^ncia da subesta�c~ao ou da usina. Um diagrama uni�lar simpli�cado, destacando o sistema de prote�c~ao �e mostrado na Figura 10. TP TC Equipamento Relé + − Disjuntor Bateria Figura 10: Diagrama uni�lar A Figura 11 mostra um diagrama tri�lar de um sistema de prote�c~ao t��pico. Trata-se de um esquema com tre^s rel�es de sobrecorrente, com unidades temporizadas (T) e unidades instanta^neas (I). A seguir, s~ao itemizados os passos da atua�c~ao deste sistema, ap�os a ocorre^ncia de um curto-circuito. a. Ocorre um curto-circuito. b. A eleva�c~ao da corrente no secund�ario do TC �e proporcional ao valor da corrente de curto-circuito. c. O circuito de corrente do rel�e sente a eleva�c~ao da corrente (sobrecorrente). d. Dependendo do valor da sobrecorrente e dos ajustes no rel�e, opera a unidade tempo- rizada (T) ou a unidade instanta^nea (I), fechando o contato. e. O fechamento de qualquer um dos contatos energiza, atrav�es da corrente cont��nua fornecida pela bateria, a bobina de desligamento (BD) do disjuntor. f. A energiza�c~ao da BD provoca a repuls~ao do n�ucleo de ferro, normalmente em repouso e envolto pela bobina. 2.3 Caracter��sticas funcionais dos rel�es de prote�c~ao 14 a BD T T T I I I −+ TCs Relés DisjuntorBarra Figura 11: Diagrama tri�lar de um sistema de prote�c~ao d. O movimento abrupto do n�ucleo, provocado pela for�ca eletromagn�etica, destrava o mecanismo do disjuntor, que abre os seus contatos. Deve-se salientar que, qualquer que seja o sistema de prote�c~ao, os contatos dos rel�es s~ao ligados em s�erie com a bobina de desligamento do disjuntor. Al�em disso, um contato \a" do disjuntor �e tamb�em introduzido no circuito. A posi�c~ao deste contato acompanha a posi�c~ao dos contatos principais do disjuntor, isto �e, o contato \a" �e aberto quando o disjuntor �e aberto e vice-versa. A �nalidade deste contato �e evitar a queima da BD na eventualidade de o contato do rel�e �car colado. 2.3 Caracter��sticas funcionais dos rel�es de prote�c~ao Para que o rel�e de prote�c~ao desempenhe a contento as suas fun�c~oes alguns requisitos s~ao necess�arios: a. Con�abilidade, �dedignidade e seguran�ca � E o grau de certeza da atua�c~ao correta de um dispositivo para a qual ele foi proje- tado. Os rel�es de prote�c~ao, diferentes de outros dispositivos, tem duas alternativas de desempenho indesejado. � recusa de atua�c~ao: n~ao atuam quando deveriam; � atua�c~ao incorreta: atuam quando n~ao deveriam. Estas duas situa�c~oes levam a de�ni�c~oes complementares: �dedignidade e seguran�ca. A �dedignidade �e a medida da certeza de que o rel�e ir�a operar corretamente para todos os tipos de faltas para os quais ele foi projetado para operar. A seguran�ca �e a medida da certeza de que o rel�e n~ao ir�a operar incorretamente para qualquer falta. Considere uma falta f , na linha de transmiss~ao do sistema mostrado na Figura 12. Na atua�c~ao correta, esta falta deve ser sanada atrav�es das aberturas dos disjuntores nos terminais A e B. 2.3 Caracter��sticas funcionais dos rel�es de prote�c~ao 15 Equ. D Equ. TC TP 21 A TC TP 21 TC TP 21 B C f Figura 12: Con�abilidade do sistema de prote�c~ao Se o sistema de prote�c~ao em A n~ao operar (recusa de atua�c~ao), haver�a o compro- metimento da con�abilidade atrav�es da perda da �dedignidade. Se a mesma falta, for sanada pela opera�c~ao do sistema de prote�c~ao no terminal C, antes da atua�c~ao do sistema de prote�c~ao em A, haver�a o comprometimento da con�abilidade atrav�es da perda da seguran�ca. b. Seletividade dos rel�es e zonas de prote�c~ao A seguran�ca dos rel�es, isto �e, o requisito que eles n~ao ir~ao operar para faltas para os quais eles n~ao foram designados para operar, �e de�nida em termos das regi~oes de um sistema de pote^ncia - chamadas zonas de prote�c~ao - para as quais um dado rel�e ou sistema de prote�c~ao �e respons�avel. O rel�e ser�a considerado seguro se ele responder somente �as faltas dentro da sua zona de prote�c~ao. Certos rel�es possuem v�arias entradas de correntes alimentadas por TCs diferentes, os quais delimitam a zona de prote�c~ao. Para cobrir todos o equipamentos pelos seus sistemas de prote�c~ao, as zonas de prote�c~ao dever ter os seguintes requisitos: 1. Todos os componentes do sistema de pote^ncia devem ser cobertos por pelo menos uma zona. Uma boa pr�atica �e assegurar que os componentes mais importantes est~ao inclu��dos em pelo menos duas zonas. 2. Zonas de prote�c~ao devem se sobrepor para evitar que qualquer componente �que desprotegido. Uma zona de prote�c~ao pode ser fechada ou aberta. A �gura 13 mostra exemplos de zonas de prote�c~ao e tamb�em, alguns pontos de falta. Uma falta em f 1 , que ocorre dentro de uma zona fechada, dever�a ser isolada pela atua�c~ao dos sistemas de prote�c~ao de ambos os terminais da linha. O mesmo dever�a ocorrer para uma falta em f 2 mas, neste caso, a falta cai dentro da sobreposi�c~ao de duas zonas de prote�c~ao. Na eventualidade da recusa de atua�c~ao do sistema de prote�c~ao da linha no terminal A, todos os demais disjuntores ligados �a barra A dever~ao ser abertos. A falta f 3 ocorre dentro da zona de prote�c~ao do gerador, mas tamb�em �ca dentro da sobreposi�c~ao de outras duas zonas de prote�c~ao, todas elas zonas fechadas. 2.4 Redunda^ncia do sistema de prote�c~ao 16 f4 3f 2ff1 Equ. D B A Equ.C Figura 13: Zonas de prote�c~ao A falta em f 4 ocorre dentro de duas zonas abertas. Neste caso, a falta dever�a ser isolada pela atua�c~ao do sistema de prote�c~ao da linha de distribui�c~ao, mas na eventualidade de sua falha o sistema de prote�c~ao do lado de baixa do transformador dever�a atuar, o que acarretar�a a falta de energia el�etrica em outros dois circuitos que nada tem a ver com a falta. Este caso ilustra uma caracter��stica muito importante, a seletividade, que �e a capacidade de um sistema de prote�c~ao isolar somente a se�c~ao atingida do circuito ap�os a ocorre^ncia de um curto-circuito. c. Velocidade � E, geralmente, desej�avel remover a parte atingida pela falta do restante do sistema de pote^ncia t~ao rapidamente quanto poss��vel para limitar os danos causados pela corrente de curto-circuito, entretanto, existem situa�c~oes em que uma temporiza�c~ao intencional �e necess�aria. Apesar de o tempo de opera�c~ao dos rel�es frequentemente variar numa faixa bastante larga, a velocidade dos rel�es pode ser classi�cado dentro das categorias a seguir: 1. Instanta^neo: Nenhuma temporiza�c~ao intencional �e introduzida no rel�e. O tempo inerente �ca na faixa de 17 �a 100 ms. 2. Temporizado: Uma temporiza�c~ao intencional �e introduzida no rel�e, entre o tempo de decis~ao do rel�e e o in��cio da a�c~ao de desligamento. 3. Alta-velocidade: Um rel�e que opera em menos de 50 ms (3 ciclos na base de 60 Hz). 4. Ultra alta-velocidade: Uma temporiza�c~ao inferior �a 4 ms. A Figura 14 mostra os tempos de opera�c~ao de um sistema de prote�c~ao sem tempo- riza�c~ao intencional. 2.4 Redunda^ncia do sistema de prote�c~ao Um sistema de prote�c~ao pode n~ao atuar quando solicitado, caracterizando o que comu- mente se denomina de recusa de atua�c~ao. A recusa pode se originar de v�arias causas, tais como: erro de projeto, erro de montagem, defeito no disjuntor, defeito no rel�e. O��ndice de recusa de atua�c~ao do sistema de prote�c~ao dos componentes de um sistema de pote^ncia �e 2.4 Redunda^ncia do sistema de prote�c~ao 17 Contatos abertos Rearme BD energizada ~ 12 ciclos3,6 a 9 ciclos 6 ciclos 0,4 a Extinção do arco Relé Dijuntor Relé + disjuntor4 a 9 ciclos Figura 14: Tempos de opera�c~ao de um sistema de prote�c~ao muito baixo, cerca de 1,0 % (dado do sistema interligado brasileiro), entretanto, �e essenci- al prover um sistema alternativo que forne�ca uma redunda^ncia de prote�c~ao. Esta prote�c~ao �e denominada de retaguarda (back-up) ou secund�aria. O sistema de prote�c~ao principal, para uma determinada zona de prote�c~ao, �e chamada de sistema de prote�c~ao prim�aria e deve atuar instantaneamente e isolar o menor trecho poss��vel do sistema el�etrico. Em sistemas de EAT �e comum utilizar sistema de prote�c~ao prim�aria redundante. Esta dupli- ca�c~ao tem como �nalidade cobrir as falhas dos rel�es em s��. Portanto, �e recomend�avel que a redunda^ncia seja feita com rel�es de outro fabricante, ou rel�es baseados em princ��pio de opera�c~ao diferente. Os tempos de opera�c~ao dessas duas prote�c~oes s~ao iguais. � E econo- micamente invi�avel duplicar todos os componentes de um sistema de prote�c~ao, em AT e EAT os transformadores de instrumento e disjuntores s~ao muito caros. Em EAT �e comum disjuntores com bobinas de desligamento duplicadas. Um sistema de prote�c~ao redundante menos oneroso, por�em menos seletivo �e a prote�c~ao de retaguarda, cuja atua�c~ao �e, geralmente mais lenta, do que a prote�c~ao prim�aria o que pode causar a remo�c~ao de mais elementos do sistema de pote^ncia para sanar uma falta. A prote�c~ao de retaguarda pode ser local ou remota. Na prote�c~ao de retaguarda local os rel�es est~ao instalados na mesma subesta�c~ao da prote�c~ao prim�aria e os transformadores de instrumento e a bateria que os alimentam s~ao os mesmos e atuam sobre o mesmo disjuntor, o que na eventualidade de falha em um destes equipamentos afeta ambos os esquemas. Na prote�c~ao de retaguarda remota os rel�es, os transformadores de instrumento, a bate- ria que os alimentam e o disjuntor no qual eles atuam s~ao completamente independentes, o que torna tamb�em os esquemas independentes. O sistema de prote�c~ao denominado falha de disjuntor �e um sub-conjunto do sistema de prote�c~ao de retaguarda, que tem a fun�c~ao espec���ca de cobrir um defeito no disjuntor. Este esquema consiste basicamente de rel�es de sobrecorrente e um rel�e de tempo que �e energizado sempre que o circuito de desligamento do disjuntor �e energizado. Quando o disjuntor opera normalmente, o rel�e de tempo �e desenergizado. Se a corrente de falta per- sistir por um tempo maior do que o ajustado no rel�e de tempo, todos os outros disjuntores dos circuitos adjacentes que contribuem com corrente de curto-circuito ser~ao abertos. 3 PRINC � IPIOS DE OPERAC� ~ AO DE REL � ES DE PROTEC� ~ AO 18 3 Princ��pios de opera�c~ao de rel�es de prote�c~ao 3.1 Introdu�c~ao Desde que a �nalidade da prote�c~ao de sistema de pote^ncia �e detectar faltas ou con- di�c~oes anormais de opera�c~ao, rel�es devem ser capazes de avaliar uma variedade grande de para^metros para estabelecer qual a a�c~ao corretiva necess�aria. Os para^metros mais adequados para detectar a ocorre^ncia de faltas s~ao as tens~oes e as correntes nos terminais dos equipamentos protegidos ou nas suas vizinhan�cas adequadas. Um rel�e espec���co, ou um sistema de prote�c~ao, deve ser alimentado por entradas apropriadas, processar os sinais de entrada, determinar a existe^ncia de uma anormalidade, e ent~ao iniciar alguma a�c~ao. O ponto fundamental no sistema de prote�c~ao �e de�nir as quantidades que discriminem a condi�c~ao normal da anormal. Deve-se salientar que uma condi�c~ao normal, neste contexto, signi�ca que o dist�urbio est�a fora da zona de prote�c~ao. 3.2 Detec�c~ao das faltas Na ocorre^ncia das faltas (curtos-circuitos), geralmente, as magnitudes das correntes au- mentam drasticamente e as tens~oes sofrem quedas consider�aveis. Al�em dessas varia�c~oes, outras mudan�cas podem ocorrer em um ou mais para^metros: a^ngulo de fase entre os faso- res das tens~oes e correntes, componentes harmo^nicas, pote^ncias ativa e reativa, freque^ncia, etc. Os princ��pios de opera�c~ao dos rel�es se baseiam nessas mudan�cas. Os rel�es podem ser divididos em categorias baseados nas grandezas de entrada as quais eles respondem. � Detec�c~ao de n��vel Este �e o mais simples dos princ��pios de opera�c~ao. Para exempli�car, seja um mo- tor de indu�c~ao mostrado na Figura 15. A corrente nominal do motor �e 245,0 A. Admitindo uma sobrecarga de 25 % na situa�c~ao de emerge^ncia, a corrente de at�e 306,0 A pode ser considerada como condi�c~ao de opera�c~ao normal. Considerando uma margem de seguran�ca e ajustando a m�axima corrente admiss��vel em 346,0 A, por exemplo, qualquer corrente superior a esta pode ser considerada uma falta ou uma condi�c~ao anormal dentro da zona de prote�c~ao. TC Disjuntor 2000 HP Motor Relé 4,0 kV Figura 15: Prote�c~ao de sobrecorrente de um motor O n��vel m��nimo para o qual o rel�e inicia a sua opera�c~ao �e denominado ajuste de pickup do rel�e. Para todas as correntes com valores acima do pickup o rel�e deve operar e, obviamente, para valores abaixo do pickup o rel�e �ca inoperante. Existem rel�es em que a opera�c~ao ocorre para valores abaixo do pickup, como �e o caso do rel�e de subtens~ao. 3.2 Detec�c~ao das faltas 19 A caracter��stica de opera�c~ao de um rel�e de sobrecorrente pode ser representado no plano tempo x corrente, como mostrado na Figura 16. A escala da abscissa, ao inv�es de colocar em amp�eres, �e colocada em valores por unidade, onde o valor de base �e a corrente de pickup. Ip t I 1,0 Figura 16: Caracter��stica de um rel�e detector de n��vel Para a corrente normalizada menor do que 1,0 o rel�e n~ao opera e opera para valores maiores do que 1,0. O rel�e detector de n��vel ideal deveria ter uma caracter��stica semelhante �a mostrada pela linha cont��nua, mas na pr�atica a caracter��stica apresenta uma transi�c~ao menos abrupta, como mostrado pela linha tracejada. � Compara�c~ao de magnitudes A Figura 17 mostra um esquema que utiliza um rel�e de balan�co de corrente para a prote�c~ao de linhas paralelas. Neste tipo de rel�e as magnitudes das correntes nas linhas s~ao comparadas e a opera�c~ao ocorrer�a quando as correntes (I x e I y ) diferirem de um valor pr�e-determinado. x IyTC I TC Disjuntor TC Disjuntor Disjuntor TC Disjuntor Relé Relé Figura 17: Rel�e compara�c~ao de magnitudes para duas linhas paralelas � Comparac~ao diferencial A compara�c~ao diferencial �e uma das mais sens��veis e e�cientes m�etodos de prote�c~ao contra faltas. O conceito de compara�c~ao diferencial �e ilustrado na Figura 18, que se refere ao enrolamento de um gerador. 3.2 Detec�c~ao das faltas 20 y(i − i )x i I Ix y x iy Figura 18: Princ��pio da compara�c~ao diferencial Como o enrolamento �e cont��nuo a corrente que entra (I x ) deve ser igual a corrente que sai (I y ). Considerando-se os TC's ide^nticos a corrente no rel�e (i x - i y ) ser�a praticamente nula. Na ocorre^ncia de uma falta no enrolamento as correntes ser~ao diferentes e a sua soma alg�ebrica assumir�a um valor su�ciente para operar o rel�e. Este esquema, conhecido como prote�c~ao diferencial, �e capaz de detectar correntes de faltas de magnitudes muito pequenas e �e utilizado para a prote�c~ao de equipa- mentos cujos terminais de entrada e de sa��da s~ao pr�oximos, como s~ao os casos de transformadores, geradores, motores, reatores, capacitores e barras. � Compara�c~ao de a^ngulo de fase I carga If fi fi cargai cargai cargaI fI v v Figura 19: Compara�c~ao de fase para faltas numa linha A Figura 19 mostra um tipo de rel�e que compara a^ngulo de fase relativo entre duas grandezas el�etricas.Esta compara�c~ao �e comumente utilizada para determinar a dire�c~ao da corrente em rela�c~ao a uma tens~ao, que serve como refere^ncia. Este tipo de rel�e �e conhecido como direcional. � Medida de dista^ncia Este tipo de rel�e mede a rela�c~ao entre a tens~ao e a corrente no terminal da linha protegida, portanto, o que se mede �e a impeda^ncia. Pelo fato de a impeda^ncia ser diretamente proporcional �a dista^ncia adv�em a denomina�c~ao rel�e de dista^ncia. 4 PROTEC� ~ AO DE REDES DE DISTRIBUIC� ~ AO 21 A B V If f i vf f f Figura 20: Rel�e de dista^ncia � Canal piloto Certos esquemas de prote�c~ao necessitam de informa�c~oes do terminal remoto, que s~ao enviadas atrav�es de um canal de comunica�c~ao utilizando onda portadora, microonda ou sistema telefo^nico. � Freque^ncia A freque^ncia nominal de um sistema el�etrico pode ser 50 Hz ou 60 Hz, dependendo do pa��s. Qualquer desvio do valor nominal signi�ca que existe um problema ou o pren�uncio de um colapso. Rel�es de freque^ncia s~ao utilizados para impor a�c~oes corretivas, reconduzindo a freque^ncia ao valor nominal. As grandezas el�etricas de entrada para a detec�c~ao de faltas podem ser usadas sozinha ou combinadas. Existem tamb�em rel�es que respondem �as outras grandezas f��sicas, tais como: n��vel do u��do, press~ao, temperatura, etc. 4 Prote�c~ao de redes de distribui�c~ao As redes de distribui�c~ao s~ao essencialmente radiais, o que exige a utiliza�c~ao intensa de dispositivos de prote�c~ao por sobrecorrente. A aplica�c~ao de tais sistemas requer o conhe- cimento de correntes de curtos-circuitos em v�arios segmentos da rede. 4.1 Correntes de curtos-circuitos As seguintes observa�c~oes devem ser levadas em considera�c~ao nos c�alculos das correntes de curtos-circuitos: � Os valores das correntes de curtos-circuitos trif�asico e bif�asico ser~ao calculados como valores m�aximos, ou seja, considerando-se a impeda^ncia de contato nula. � As correntes de curto-circuito fase-terra dever~ao ser calculadas com impeda^ncia de contato igual �a zero (valor m�aximo), usada para dimensionamento de equipamentos, e com impeda^ncia de contato de 40,0 ohms que ser�a usada para veri�ca�c~ao de coordena�c~ao e seletividade entre dispositivos. � Devem ser calculadas as correntes sim�etrica e assim�etrica com a rela�c~ao X R no ponto onde est�a sendo simulado o curto-circuito. Desconhecendo-se a rela�c~ao X R pode-se usar 1,35 como fator de assimetria para curto-circuito a a aproximadamente 3,0 km da subesta�c~ao. 4.2 Corrente de inrush 22 4.2 Corrente de inrush No instante da energiza�c~ao de um transformador de pote^ncia observa-se um feno^meno transit�orio caracterizado por uma eleva�c~ao da corrente. Esta corrente, conhecida como corrente de inrush, �e bastante distorcida e o seu valor de pico pode atingir um valor bem acima da corrente nominal do transformador (cerca de 6 a 10 vezes). Isto pode causar atua�c~ao dos dispositivos de prote�c~ao por sobrecorrente, dependendo dos seus ajustes. Uma das maneiras de se determinar a corrente de inrush �e atrav�es de um procedimen- to gr�a�co, que �e extremamente complicado e o resultado obtido apresenta imprecis~oes. Levando-se em conta a di�culdade de c�alculo e a aleatoriedade do valor da corrente de inrush, que depende do instante exato da energiza�c~ao do transformador e do valor da den- sidade do uxo residual em cada transformador, foram desenvolvidos m�etodos pr�aticos para se estimar o seu valor. A Tabela 5 d�a o fator de multiplica�c~ao em fun�c~ao da quanti- dade de transformadores. Qtde de transformadores Fator 1 12,0 2 8,3 3 7,6 4 7,2 5 6,8 6 6,6 7 6,4 8 6,3 9 6,2 10 6,1 >10 6,0 Tabela 4: Fator de multiplica�c~ao para determinar a corrente de inrush para 0,1 s. Deve-se salientar que se a corrente de inrush calculada n~ao pode ser maior do que a corrente de curto-circuito trif�asico para qualquer ponto. No caso que isso ocorra deve-se considerar a corrente de \inrush" igual a corrente de curto-circuito. 4.3 Equipamentos de prote�c~ao Os equipamentos de prote�c~ao normalmente utilizados em redes de distribui�c~ao so: � Chave fus��vel/elo fus��vel � Disjuntor/rel�e � Religador � Seccionalizador 4.3.1 Chave fus��vel/elo fus��vel Os fus��veis s~ao dispositivos de prote�c~ao de sobrecorrente de utiliza�c~ao muito comum em sistemas de distribui�c~ao para proteger ramais de linhas e equipamentos como transfor- madores e capacitores. Para a prote�c~ao de sa��das de ramais s~ao padronizadas para 100 4.3 Equipamentos de prote�c~ao 23 A de capacidade nominal e os cartuchos devem ter capacidade de interrup�c~ao superior �a m�axima corrente de curto-circuito no ponto de instala�c~ao, algo como 10 kA assim�etrico. Ao escolher o ponto de instala�c~ao das chaves fus��veis os seguintes cuidados devem ser observados: � Na rede rural dever�a ser instalada num local de f�acil acesso. � A quantidade de chaves �s��veis em s�erie n~ao devera ultrapassar a quatro, incluindo a chave de entrada do consumidor, limita�c~ao esta imposta para n~ao di�cultar a coordena�c~ao. � Em ramais urbanos instalar chaves s�omente quando o n�umero de transformadores for maior que 3 ou o ramal possuir mais de 300 m. � Na zona protegida pela unidade instanta^nea dos rel�es dos alimentadores deve-se evitar o uso de elos fus��veis, pois, para curtos-circuitos de natureza transit�oria, haveria a queima do elo e ainda uma opera�c~ao autom�atica do disjuntor. O elos fus��veis empregados nas chaves fus��veis s~ao do tipo K e as curvas tempo X corrente de interrup�c~ao est~ao de�nidas na NBR-5359. O dimensionamento da chave fus��vel e do elo fus��vel deve obedecer os seguintes crit�erios: a. A capacidade de interrup�c~ao do porta fus��vel deve ser maior do que a corrente de curto-circuito (sim�etrico e assim�etrico) do ponto de instala�c~ao. b. A maior corrente nominal do elo fus��vel deve ser maior do que a corrente de carga prevista para um horizonte de 3 �a 5 anos. I elo > KF:I carga (1) onde, I elo �e a corrente nominal do elo fus��vel; KF �e o fator de crescimento da carga dada por: KF = (1 + % 100 ) n (2) % �e o fator de crescimento anual; n �e o n�umero de anos para o horizonte do estudo; I carga �e a corrente de carga m�axima atual passante no ponto de instala�c~ao, j�a levando- se em conta as manobras. c. O elo fus��vel deve suportar a corrente inrush. I 0;13 > I inrush (3) onde I 0;13 �e a corrente de fus~ao do elo fus��vel para o tempo de 0,13 s I inrush �e a corrente de inrush esperada A Tabela 6 mostra os valores m�aximos para alguns elos fus��veis: 4.3 Equipamentos de prote�c~ao 24 Elo I cargamax: I cc1fmin: I inrushmax: 10K 10,0 23,0 110,0 15K 15,0 37,0 190,0 25K 25,0 60,0 315,0 40K 40,0 85,0 510,0 65K 65,0 150,0 800,0 Tabela 5: Valores m�aximos da corrente de inrush para 0,13 s. d. A corrente, para o tempo de 300 s na curva de tempo m�aximo de interrup�c~ao deve ser menor do que a corrente de curto-circuito fase-terra m��nima no trecho onde o elo fus��vel �e a prote�c~ao de retaguarda. Isto n~ao sendo poss��vel, deve-se assegurar que o elo fundir�a pelo menos para a menor corrente de curto-circuito fase-terra m��nima no trecho sob prote�c~ao deste elo. I 300 < I cc1fmin: (4) onde, I 300 �e a corrente em 300 s na curva de tempo m�aximo de interrup�c~ao; I cc1fmin: �e a corrente de curto-circuito fase terra m��nima no trecho onde o elo �e a prote�c~ao de retaguarda. e. Deve-se escolher o menor elo fus��vel que atenda as condi�c~oes anteriores e que atenda ainda os requisitosde coordena�c~ao com outros equipamentos instalados �a jusante ou �a montante. 4.3.2 Disjuntor/rel�e Nas sa��das dos alimentadores geralmente s~ao utilizados disjuntores comandado por rel�es de sobrecorrente de fase e de terra, com religamento autom�atico executado atrav�es de rel�e religador. Os rel�es de sobrecorrente possuem unidades temporizada e instanta^nea. A Figura 21 mostra um esquema de prote�c~ao simpli�cado. RA RB RC RN B CA CargaFonte TCs Disjuntor Relés de sobrecorrente Figura 21: Esquema de prote�c~ao de sobrecorrente Quando um rel�e �e sensibilizado por uma corrente de curto-circuito, ap�os o tempo decorrido em fun�c~ao da curva caracter��stica especi�cada, acionar�a o disjuntor, interrom- pendo o circuito. Normalmente s~ao previstos dois religamentos autom�aticos: o primeiro, 4.3 Equipamentos de prote�c~ao 25 ajustado em cerca de 5 segundos e o segundo em torno de 30 segundos (os ajustes das temporiza�c~oes dependem da �loso�a adotada nas empresas). Na ocorre^ncia de um curto- circuito de causa transit�oria o disjuntor permanecer�a fechado ap�os um dos religamentos e, evidentemente, se o curto-circuito for permanente o disjuntor �car�a aberto ap�os as duas tentativas autom�aticas de religamento, precisando, portanto da a�c~ao humana para o fechamento do disjuntor. Os disjuntores s~ao dimensionados para suportar a corrente nominal e para interromper a corrente de curto-circuito m�axima do seu ponto de instala�c~ao. Os transformadores de correntes devem ser especi�cados considerando-se os fatores t�ermico e de sobrecorrente. O fator t�ermico determina uma sobrecarga que o TC pode suportar continuamente. Por exemplo, um fator t�ermico 1,2 signi�ca que o TC pode trabalhar continuamente com 20 % de sobrecarga. O fator de sobrecorrente determina a corrente m�axima que o TC suporta, por um curto per��odo, sem que ocorra a satura�c~ao. Normalmente este fator �e 20. Neste caso, pode-se dizer por exemplo que, para um TC de 300/5 correntes menores do que 6.000 A n~ao ocorrer�a a satura�c~ao. Os rel�es devem ser ajustados seguindo-se alguns crit�erios conforme se segue: a. Tap da unidade temporizada do rel�e de fase. O rel�e de fase deve ser ajustado para que o alimentador transporte a sua corrente de carga mais as poss��veis correntes de manobra pr�e-estabelecidas. Al�em disso, o rel�e deve operar para a menor corrente de curto-circuito bif�asico do trecho sob prote�c~ao. Para atender a essas duas condi�c~oes o tap do rel�e deve ser calculado da seguinte forma: I cc2fmin: FS:FI:RTC > Tap TF > I carga :KF RTC (5) onde, Tap TF �e tap da unidade temporizada de fase; I carga �e a corrente de carga do alimentador mais as corrente de manobra (na faixa de 1,5 �a 2,0 vezes a corrente do alimentador); KF �e o fator de crescimento da carga no horizonte de estudo; RTC �e a rela�c~ao dos transformadores de corrente; I cc2fmin: �e a corrente de curto-circuito bif�asico m��nima no trecho pretegido; FS �e um fator de seguran�ca que leva em conta erros envolvidos nos c�alculos das correntes de curto-circuito, os erros do TC e do rel�e. Este fator deve estar na faixa de 1,5 �a 2,0; FI �e o fator de in��cio da curva do rel�e, de�nida pelo fabricante (1,5 �a 2,0). O tap deve ser escolhido para proteger os cabos da sa��da do alimentador contra sobrecargas. b. Curva da unidade temporizada do rel�e de fase. A curva da unidade temporizada de fase deve ser a mais baixa poss��vel, desde que permita a coordena�c~ao do rel�e com outros dispositivos de prote�c~ao instalados na rede de distribui�c~ao. 4.3 Equipamentos de prote�c~ao 26 c. Tap da unidade instanta^nea do rel�e de fase. O tap da unidade instanta^nea do rel�e de fase dever�a ser ajustado de acordo a zona de atua�c~ao desejada. N~ao h�a uma regra espec���ca para a de�ni�c~ao desta zona, dependendo das condi�c~oes de cada alimentador. Considerando-se que a corrente de curto-circuito �e inversamente proporcional �a impeda^ncia, a atua�c~ao da unidade instanta^nea do rel�e pode indicar aproximadamente a dista^ncia da subesta�c~ao ao ponto da falta. Uma vez de�nida a zona de atua�c~ao da unidade instanta^nea, o seu tap dever�a ser escolhido satisfazendo as duas condi�c~oes abaixo: Tap IF > I inrush RTC (6) e Tap IF > I cc2fassim: RTC (7) onde, Tap IF �e tap da unidade instanta^nea de fase; I inrush �e o valor da corrente de inrush de todos os transformadores do alimentador; I cc2fassim: �e corrente de curto-circuito bif�asico assim�etrica no limite da zona de pro- te�c~ao da unidade instanta^nea. RTC �e a rela�c~ao dos transformadores de corrente. d. Tap da unidade temporizada do rel�e de terra. Nas condi�c~oes normais de opera�c~ao n~ao existe a corrente no neutro. Deve-se ajustar no menor tap dispon��vel (nos rel�es eletromeca^nicos o menor tap dispon��vel �e 0,5. Deve-se veri�car a rela�c~ao que se segue: Tap TT < I ccftmin: RTC:FI (8) onde, Tap TT �e tap da unidade temporizada de terra; I ccftmin: �e a corrente de curto-circuito fase-terra, calculada com uma impeda^ncia de contato de 40,0 ohms, no �nal do trecho protegido; FI �e o fator de in��cio da curva do rel�e, de�nida pelo fabricante (1,5 �a 2,0). e. Curva da unidade temporizada do rel�e de terra. Como no caso do rel�e de fase, a primeira curva a ser experimentada �e a curva mais r�apida dispon��vel no rel�e, desde que permita a coordena�c~ao do rel�e A curva da unidade temporizada de fase deve ser a mais baixa poss��vel, com outros dispositivos de prote�c~ao instalados na rede de distribui�c~ao. 4.3 Equipamentos de prote�c~ao 27 f. Tap da unidade instanta^nea do rel�e de terra. A zona de atua�c~ao da unidade instanta^nea do rel�e de terra deve ser a mesma da unidade instanta^nea do rel�e de fase. Assim, o tap da unidade instanta^nea do rel�e de terra �e calculado como se segue: Tap IT > I ccftassim: RTC (9) onde, Tap IT �e tap da unidade instanta^nea de terra; I cc2fassim: �e corrente de curto-circuito fase-terra assim�etrica calculada com uma im- peda^ncia de contato igual �a zero; RTC �e a rela�c~ao dos transformadores de corrente. 4.3.3 Religador autom�atico Os religadores autom�aticos s~ao usados tanto para a prote�c~ao da sa��da do alimentador, como para a prote�c~ao de linhas ao longo do alimentador. Quando instalados nas sa��das dos alimentadores praticamente te^m a mesma fun�c~ao dos disjuntores/rel�es, possuindo prote�c~oes de fase e de terra independentes. Assim como os disjuntores, os religadores devem ser dimensionados para suportarem a corrente nominal e para interromperem a corrente de curto-circuito m�axima do seu ponto de instala�c~ao. Existem v�arias marcas e modelos de religadores e cada um deles possui op�c~oes de ajustes diferentes. Aqui, ser~ao vistos os ajustes comuns para todos os religadores. a. Ajuste de pick-up de fase. O ajuste de pick-up deve obedecer os seguintes crit�erios: I PF > �:KF:I carga (10) onde, I PF �e a corrente de pick-up de fase do religador; I carga �e a corrente de carga m�axima passante no ponto de instala�c~ao, considerando-se as manobras; KF �e o fator de crescimento da carga no horizonte de estudo; � = 2, para religadores com bobina s�erie; � = 1, para religadores com rel�es eletro^nico. Al�em disso, para os dois tipos de religadores, o pick-up dever�a ser menor do que a corrente de curto-circuito bif�asico m��nimo do �nal do trecho onde se deseja a coordena�c~ao entre o religador e outros dispositivos de prote�c~ao, dividida pelo fator FS. I PF < I cc2fmin: FS (11)4.3 Equipamentos de prote�c~ao 28 onde, I cc2fmin: �e a corrente de curto-circuito bif�asico m��nima do trecho protegido pelo religador; FS �e um fator de seguran�ca que leva em conta erros envolvidos nos c�alculos das correntes de curto-circuito, os erros do TC e do rel�e. Este fator deve estar na faixa de 1,5 �a 2,0. b. Ajustes das curvas de fase. As curvas r�apida e temporizada devem ser ajustadas de tal forma que que consiga uma boa coordena�c~ao com outros dispositivos de prote�c~ao. c. Ajuste de pick-up de terra. Em sistemas onde nas condi�c~oes normais n~ao operem com corrente de neutro, o ajuste da corrente de pick-up de terra deve ser a menor poss��vel. d. Ajustes das curvas de terra. Valem as mesmas observa�c~oes feitas para os ajustes das curvas de fase. e. Seeque^ncia de opera�c~ao. Todos os religadores permitem at�e 4 desligamentos, podendo ter: todas as opera�c~oes temporizadas, todas as opera�c~oes r�apidas, ou uma combina�c~ao entre elas. Deve-se, de prefere^ncia, escolher uma seque^ncia de opera�c~ao com duas r�apidas e duas temporizadas para minimizar a queima de fus��veis durante faltas transit�orias. f. Correntes de inrush e ajustes do religador. As curvas temporizadas dos religadores geralmente s~ao insens��veis �as correntes de inrush, pois, as temporiza�c~oes s~ao maiores do que 0,1 s. para as correntes de inrush esperadas no seu ponto de instala�c~ao. As curvas r�apidas, por possu��rem tempos inferiores �a 1 s, podem ser sens��veis �as correntes de inrush se o pick-up de fase do religador for menor do que a corrente de inrush esperada. Neste caso, recomenda-se usar uma �unica opera�c~ao r�apida para o religador. 4.3.4 Seccionalizador O seccionalizador �e sempre instalado ap�os um outro equipamento de prote�c~ao autom�atico (disjuntor/rel�e ou religador) e dentro da zona de prote�c~ao deste �ultimo. O seccionalizador �e capaz de interromper a corrente de carga, mas ele n~ao tem capa- cidade para interromper a corrente de curto-circuito. a. Funcionamento do seccionalizador. 1. Quando uma corrente de curto-circuito passa pelo seccionalizador ele �e sensi- bilizado e se prepara para contar; 4.3 Equipamentos de prote�c~ao 29 2. Se o circuito �e aberto pelo equipamento de retaguarda (disjuntor ou religador) a ause^ncia da corrente far�a com que o contador de opera�c~ao do seccionalizador atue; 3. Ap�os um tempo pr�e-determinado ocorrer�a o religamento autom�atico do equi- pamento de retaguarda. Se a falta persistir, o processo se repetir�a at�e que o seccionalizador acumule a quantidade de contagem ajustada. Ent~ao, enquanto o equipamento principal estiver aberto, o seccionalizador abrir�a seus contatos. Quando ocorrer o pr�oximo religamento autom�atico, o trecho sob falta estar�a isolado e o restante da rede ter�a o seu funcionamento normalizado. b. Instala�c~ao do seccionalizador. O seccionalizador pode ser instalado nos seguintes casos: 1. Em pontos da rede onde a corrente �e muito elevada para a utiliza�c~ao de fus��veis; 2. Em pontos onde a coordena�c~ao con elos fus��veis n~ao �e su�ciente para o objetivo pretendido; 3. Em ramais longos e problem�aticos; 4. Ap�os os consumidores que podem suportar as opera�c~oes dos religadores, mas n~ao podem ser submetidos a longas interrup�c~oes. O seccionalizador, quando instalado em substitui�c~ao a uma chave fus��vel, apresenta as seguintes vantagens: i. Coordena�c~ao efetiva em toda a faixa comum com o equipamento de retaguarda; ii. Interrompe as tr6es fase simultaneamente; iii. Pode ser usado coma chave de manobra sob carga; iv. Ajustes independentes para prote�c~ao de fase e de terra. Na instala�c~ao do seccionalizador deve-se observar se a corrente de curto-circuito no ponto �e menor do que a capacidade da bobina ou sensor de corrente do seccionali- zador. c. Ajuste do seccionalizador. O seccionalizador possui unidades independentes para opera�c~oes para fase e para a terra. Ambas devem ser ajustadas para operarem com 80 % dos respectivos ajustes do equipamento de retaguarda. Outro ajuste �e o n�umero de contagens para a abertura. Deve-se ajustar para uma opera�c~ao a menos do que a do equipamento de retaguarda. 4.4 Prote�c~ao do transformador de distribui�c~ao 30 4.4 Prote�c~ao do transformador de distribui�c~ao A prote�c~ao dos transformadores de distribui�c~ao contra danos que podem advir de curtos- circuitos no lado secund�ario, �e feita atrav�es das chaves fus��veis instaladas no lado da alta tens~ao. O dimensionamento adequado desses fus��veis evitar�a que o transformador seja submetido a magnitude e dura�c~ao de sobrecorrente que exceda o limite de carregamento de curta dura�c~ao, recomendado pelos fabricantes. Na falta de uma informa�c~ao espec���ca aplic�avel a um determinado transformador, o fus��vel prim�ario pode ser dimensionado de acordo com a NBR 8926 - Guia de Aplica�c~ao de Rel�es para Prote�c~ao de Transformadores - que estabelece num gr�a�co, o tempo m�aximo admiss��vel para cargas de curta dura�c~ao, ap�os o regime a plena carga do transformador. A Tabela 6 mostra alguns dos valores. Tempo M�ultiplos da corrente nominal 2 seg. 25,00 10 seg. 11,30 30 seg. 6,70 60 seg. 4,75 5 min. 3,00 30 min. 2,00 Tabela 6: Cargas de curta dura�c~ao para transformadores. Al�em disso, outros fatores que devem ser observados para a escolha de elos fus��veis adequados s~ao: � Conex~ao do transformador, que afeta nas grandezas das correntes prim�arias confor- me o tipo de curto-circuito no lado secund�ario; � Disponibilidade da corrente de curto-circuito no lado prim�ario e a impeda^ncia do transformador; � Coordena�c~ao com os equipamentos de prote�c~ao do lado de baixa tens~ao; � Tempo m�aximo permitido para a corrente de curto-circuito nos condutores do lado de baixa tens~ao; � M�aximo grau de sensibilidade para a prote�c~ao contra faltas de alta impeda^ncia. 4.4.1 Elos fus��veis padronizados Nos transformadores instalados individualmente, ou em paralelo, cuja pote^ncia instalada seja inferior a 75 kVA deve-se instalar, no m��nimo, chaves fus��veis de 50 A e NBI 95 kV. Nos transformadores instalados individualmente, ou em paralelo, cuja pote^ncia insta- lada seja superior a 75 kVA deve-se instalar, no m��nimo, chaves fus��veis de 100 A e NBI 95 kV. A Tabela 7 mostra os elos fus��veis padronizados para a prote�c~ao dos transformadores trif�asicos de distribui�c~ao. 4.4 Prote�c~ao do transformador de distribui�c~ao 31 Pote^ncia (kVA) 11,9 kV 13,8 kV 15 1H 1H 30 2H 2H 45 3H 3H 75 5H 5H 112,5 6K 6K 15 // 15 2H 2H 15 // 30 3H 3H 15 // 45 5H 3H 30 // 30 5H 3H 30 // 45 5H 5H 45 // 45 6K 5H 30 // 75 6K 6H 75 // 75 8K 6H 112,5 // 112,5 10K 10K Tabela 7: Elos fus��veis para transformadores de distribui�c~ao. 4.4.2 Curtos-circuitos no lado y e correntes no lado � A conex~ao �/y �e a mais comum nos transformadores de distribui�c~ao. Sob condi�c~ao de equil��brio, ela introduz um deslocamento angular de 30 o entre a corrente de linha do lado � e a corrente de linha do lado y da fase correspondente. Um curto-circuito trif�asico �e um caso trivial, isto �e, pode ser analisado de modo an�alogo �a condi�c~ao de carga equilibrada. Nos casos de curtos-circuitos bif�asico e fase-terra as an�alises podem ser feitas atrav�es do m�etodo dos componentes sim�etricos, conforme ser�a desenvolvido a seguir. J�a foi visto que as correntes de seque^ncias do lado � e do lado y de um transformador mant�em as seguintes rela�c~oes: ^ i A+ = ^ i a+ 6 30 0 (12) ^ i B+ = ^ i b+ 6 30 0 (13) ^ i C+ = ^ i c+ 6 30 0 (14) ^ i A� = ^ ia� 6 � 30 0 (15) ^ i B� = ^ i b� 6 � 30 0 (16) ^ i C� = ^ i c� 6 � 30 0 (17) Para um curto-circuito bif�asico, tem-se que: ^ i a = ^ i a+ + ^ i a� = ^ i a+ � ^ i a+ = 0; 0 (18) ^ i b = a 2 ^ i a+ + a ^ i a� = (a 2 � a) ^ i a+ = �j p 3 ^ i a+ (19) 4.4 Prote�c~ao do transformador de distribui�c~ao 32 ^ i c = a ^ i a+ + a 2 ^ i a� = (a� a 2 ) ^ i a+ = j p 3 ^ i a+ (20) Aplicando-se as equa�c~oes de s��ntese nas correntes no lado prim�ario: ^ i A = ^ i A+ + ^ i A� (21) ^ i B = a 2 ^ i A+ + a ^ i A� (22) ^ i C = a ^ i A+ + a 2 ^ i A� (23) Substituindo as Equa�c~oes 12 e 15 nas Equa�c~oes 21, 22 e 23, resulta: ^ i A = ^ i a+ 6 30 0 + ^ i a� 6 � 30 0 (24) ^ i B = ^ i a+ 6 270 0 + ^ i a� 6 90 0 (25) ^ i C = ^ i a+ 6 150 0 + ^ i a� 6 210 0 (26) Como i a+ = - i a� : ^ i A = ^ i a+ 6 30 0 + ^ i a+ 6 150 0 (27) ^ i B = ^ i a+ 6 270 0 + ^ i a+ 6 270 0 (28) ^ i C = ^ i a+ 6 150 0 + ^ i a+ 6 30 0 (29) ou ^ i A = ^ i a+ 6 90 0 (30) ^ i B = 2 ^ i a+ 6 � 90 0 (31) ^ i C = ^ i a+ 6 90 0 (32) Relacionando as Equa�c~oes 19 e 20 com as Equa�c~oes 30, 31 e 32, �nalmente obt�em-se: ^ i A = � p 3 3 ^ i b = �0; 5774 ^ i b (33) ^ i B = 2 p 3 3 ^ i b = 1; 1547 ^ i b (34) ^ i C = p 3 3 ^ i c = 0; 5774 ^ i c (35) Para um curto-circuito monof�asico, tem-se que: ^ i a = ^ i a+ + ^ i a� + ^ i ao = 3 ^ i a+ (36) ^ i b = a 2 ^ i a+ + a ^ i a� + ^ i ao = 0 (37) 4.4 Prote�c~ao do transformador de distribui�c~ao 33 ^ i b = a ^ i a+ + a 2 ^ i a� + ^ i ao = 0 (38) Aplicando-se as equa�c~oes de s��ntese nas correntes no lado prim�ario: ^ i A = ^ i A+ + ^ i A� (39) ^ i B = a 2 ^ i A+ + a ^ i A� (40) ^ i C = a ^ i A+ + a 2 ^ i A� (41) Substituindo as Equa�c~oes 12 e 15 nas Equa�c~oes 39, 40 e 41, resulta: ^ i A = ^ i a+ 6 30 0 + ^ i a� 6 � 30 0 (42) ^ i B = ^ i a+ 6 270 0 + ^ i a� 6 90 0 (43) ^ i C = ^ i a+ 6 150 0 + ^ i a� 6 210 0 (44) Como i a+ = i a� : ^ i A = ^ i a+ 6 30 0 + ^ i a+ 6 � 30 0 (45) ^ i B = ^ i a+ 6 270 0 + ^ i a+ 6 90 0 (46) ^ i C = ^ i a+ 6 150 0 + ^ i a+ 6 120 0 (47) ou ^ i A = p 3 ^ i a+ 6 0 0 (48) ^ i B = 0 (49) ^ i C = � p 3 ^ i a+ 6 0 0 (50) Relacionando a Equa�c~ao 36 com as Equa�c~oes 48, 49 e 50, �nalmente obt�em-se: ^ i A = p 3 3 ^ i a = 0; 5774 ^ i a (51) ^ i B = 0 (52) ^ i C = � p 3 3 ^ i a = �0; 5774 ^ i a (53) As Figuras 22, 23 e 24 mostram as correntes referidas ao lado de alta, respectivamente para curtos-circuitos trif�asico, bif�asico e fase-terra no lado de baixa, sendo I S a corrente de linha do lado y e N a rela�c~ao de transforma�c~ao. 4.4 Prote�c~ao do transformador de distribui�c~ao 34 Is Is Is Is N Is N Is N � � � � �� �� �� �� �� �� �� �� �� � � � � ���� A B C a b c Figura 22: Curto-circuito trif�asico no lado de baixa e correntes no lado de alta Is Is � � � � �� �� �� �� �� Is N Is N Is N �� �� �� �� � � � � ���� A B C a b c 1,1547 0,5774 0,5774 Figura 23: Curto-circuito bif�asico no lado de baixa e correntes no lado de alta �� �� �� �� �� ���� Is N Is N Is �� �� �� �� �� �� A B C a b c 0,5774 0,5774 Figura 24: Curto-circuito monof�asico no lado de baixa e correntes no lado de alta 4.4 Prote�c~ao do transformador de distribui�c~ao 35 4.4.3 Caso-exemplo Seja um sistema el�etrico mostrado na Figura 25. Na ocorre^ncia de curtos-circuitos na rede secund�aria (220/127 V) deseja-se saber as correntes nos lados de baixa e de alta do transformador de distribui�c~ao. Sistemas de Geração e Transmissão Sistema de distribuição Rede secundária Transformador de distribuição Rede primária 220/127 V 138 kV 11,95 kV Figura 25: Sistema de distribui�c~ao secund�aria Para a obten�c~ao desses valores s~ao necess�arios conhecer as impeda^ncias equivalentes na barra de m�edia tens~ao (neste exemplo, 11,95 kV) da subesta�c~ao, as impeda^ncias do trecho da linha de distribui�c~ao desde a subesta�c~ao at�e o transformador de distribui�c~ao e os dados do transformador (a pote^ncia (kVA), as tens~oes, a impeda^ncia e o tipo de conex~ao). Neste caso-exemplo considere os seguintes dados: � z + eq: = 1,36 + j62,44 % (S base = 100 MVA) � z + l = 10,66 + j21,97 % (S base = 100 MVA) � S n = 112,5 kVA � x% = j 3,5 % � V p = 11.950 V � V s = 220 V � Conex~ao: �/y A reata^ncia (%) do transformador, considerando-se S base = 100 MVA ser�a x% = j 3.111,11 %. 4.4 Prote�c~ao do transformador de distribui�c~ao 36 Figura 26: Curto-circuito monof�asico no lado de baixa e correntes no lado de alta Refere^ncias Bibliogr�a�cas 37 Refere^ncias [1] ELGERD, O. I. Electric Energy Systems Theory: An Introduction McGraw-Hill, Inc., 1971. [2] ROBBA, J. E. Introdu�c~ao a Sistemas El�etricos de Pote^ncia - componentes sim�etricas Editora Edgard Blucher Ltda., 1973. [3] HOROWITZ, S. H. e PHADKE A. G. Power System Relaying Research Studies Press Ltd., 1999. [4] NT-150 Prote�c~ao de Redes A�ereas de Distribui�c~ao - Sobrecorrente CPFL, 1993.
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