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1 A PESSOA E A TRANSIÇÃO SAÚDE / DOENÇA Saúde é: “ o estado e, simultaneamente, a representação mental da condição individual, o controlo do sofrimento, o bem-estar físico e o conforto emocional e espiritual. (…) trata-se de um estado subjectivo; portanto, não pode ser tido como uma condição oposta ao conceito de doença”. A representação mental da condição individual e do bem-estar é: • variável no tempo (cada pessoa procura o equilíbrio de acordo com os desafios que a situação lhes coloca); • o reflexo de um processo dinâmico e contínuo. Toda a pessoa deseja atingir o estado de equilíbrio pelo controlo do sofrimento, pelo bem-estar físico e pelo controlo emocional, espiritual e cultural. Modelo do contínuo saúde - doença A saúde e a doença são altamente influenciadas por factores: genéticos, sociais, culturais, económicos e ambientais. Doença é: “ um estado em que o funcionamento da pessoa, em termos físicos, emocionais, intelectuais, sociais, de desenvolvimento, ou espirituais, está diminuído ou afectado, quando comparado com uma situação anterior”. 1.1. Impacto / Ajustamento da Doença na Pessoa, Família e Comunidade O foco central da enfermagem é facilitar as transições de vida aos clientes, família e comunidades ajudando-os a identificar as mudanças impostas pela situação e a procurar novas possibilidades a partir das experiências disruptivas, facilitando o processo de aprendizagem de novos conhecimentos e o desenvolvimento de competências relacionadas com a experiência vivida. 2 Transição saúde - doença Passagem ou movimento, de uma fase da vida, condição ou status, para outro. Para compreender a experiência do cliente durante a transição, é necessário desocultar as condições pessoais e ambientais que facilitam ou inibem o processo. Exemplos de transições: saúde-dça, gravidez, nascimento de 1 filho, paternidade, morte, sociais e culturais (desemprego, cuidar de familiar dependente, aprender a cuidar de si próprio se tiver dça). Modelo das transições de enfermagem Natureza das Transições Condições de Transição Padrões de resposta (à mudança) Tipo: - Desenvolvimento - Situacional - Sáude/doença - Organizacional Padrões: - Único/múltiplos - Sequências/simultâneas - Relacionadas/ñ relacionadas Propriedades - Consciencialização - Grau de envolvimento c/ sit. - Mudança - Tempo de transição - Aconteciementos críticos (Factores facilitadores ou inibidores) Pessoais (enf. pode intervir) - Significado pessoal - Crenças e atitudes - Status sócio-económicos - Conhecimento e capacidades Comunidade Sociedade Indicadores de processo: - Sentir-se envolvido - Interacção - Estar situado - Confiança e coping Indicadores de resultado: - Mestria - Identidade fluida Terapias de Enfermagem 3 1.2. A doença AGUDA e a doença CRÓNICA Doença Aguda é de curta duração e grave; os sintomas surgem de forma abrupta, são intensos, e muitas vezes reduzem após um período curto; pode afectar o funcionamento do indivíduo em qualquer domínio; em regra, há recuperação total ou um término abrupto em morte; pode tornar-se crónica. Doença Crónica persiste, geralmente, por + de 6 meses; doença não curável; prevenível e controlável (o controlo depende da adesão ao reg. terapêutico: de comp. de Autocuidado); a pessoa pode oscilar entre o funcionamento óptimo e sérias recaídas na saúde que podem constituir uma ameaça à vida; é uma designação que abrange doenças prolongadas, muitas vezes associadas a um certo grau de incapacidade; tem um impacto próprio no indivíduo, família e comunidade; tem grandes efeitos adversos na qualidade de vida dos indivíduos afectados; causa morte prematura; gera grandes efeitos económicos adversos para as famílias, comunidades e sociedades em geral. Interacção 4 O da incidência e prevalência de doenças crónicas deve-se: esperança de vida, pop. envelhecida. Doenças crónicas com > prevalência: DCV, cancro, doenças respiratórias crónicas, diabetes. A expansão das doenças crónicas reflecte os processos de industrialização, urbanismo, desenvolvimento económico e globalização alimentar, que acarretam: • Alteração das dietas alimentares; • Aumento dos hábitos sedentários/ inactividade física; • Crescimento do consumo de tabaco. A maior parte das doenças crónicas não resulta em morte súbita. Ao contrário, elas provavelmente levarão as pessoas a tornarem-se progressivamente doentes e debilitadas, especialmente se as suas doenças não tiverem o tratamento adequado. A prevenção e o controlo das doenças crónicas ajuda as pessoas a viver vidas mais longas e saudáveis. 1.3. Adesão ao regime terapêutico; Modelos de Intervenção Adesão - Grau de comportamento de cada pessoa. - Acção auto-iniciada p/ a promoção do bem-estar, recuperação e reabilitação. Envolve-se, planeia e segue o reg. terapêutico, procura cuidados médicos e/ou execução de mudanças nos estilos de vida, corresponde com aceitação/concordância as recomendações dadas pelos prestadores de cuidados de saúde. A adesão ao regime terapêutico é influenciada por: • Características da personalidade (auto-estima, auto-eficácia; motivação); • Idade; Género (mulheres têm melhores níveis de adesão); Status socioeconómico; • Literacia; • Desemprego; • Acesso aos cuidados de saúde (distância do centro de tratamento); • Alto custo da medicação e dos transportes; • Características da doença; • Complexidade, duração e efeitos colaterais do tratamento; • Crenças culturais sobre a doença e tratamento; • Interacção profissional de saúde/pessoa. Não adesão Adesão com as características específicas: não seguir ou estar de acordo com o regime de tratamento. • Intencional – a pessoa decide não seguir o regime terapêutico. • Não-intencional – a pessoa não segue o tratamento pelas barreiras com que se depara (complexidade do tratamento, custos elevados). 5 Problemas de gestão e adesão existem em todos os países e em todas as situações que requerem auto- administração do tratamento, independentemente do tipo de doença, severidade, tipo de tratamento, duração e acessibilidade a recursos de saúde. Requisitos para promover a adesão o Avaliação dos conhecimentos e das capacidades da pessoa; o Avaliação dos recursos (familiares, sociais e económicos); o Envolvimento da pessoa no plano (partilha activa das decisões entre profissional de saúde e doente); o Desenvolvimento da confiança e motivação para usar as suas próprias competências. Educação terapêutica da pessoa/família (para o auto-cuidado) Promover auto-gestão da saúde Princípios da Educação Terapêutica Auto-gestão da Saúde Exercício de actividades que protegem e promovem a saúde, monitoriza e gere os sintomas e sinais da doença, gere o impacto da doença sobre o funcionamento, as emoções e as relações inter-pessoais aderindo ao regime terapêutico. Uma boa gestão Os seis princípios de auto-gestão (que ensinam aos doentes): 1. Ter conhecimento sobre a sua condição; 2. Partilhar activamente as decisões com os profissionais de saúde; 3. Seguir o plano de tratamento/cuidados acordadocom o profissional de saúde; 4. Monitorizar os sinais e sintomas associados à sua condição; 5. Gerir o impacto da doença na sua vida física, emocional e social; 6. Adoptar estilos de vida que promovem a saúde. Empodera os doentes; Melhora a sua qualidade de vida; Previne crises e descompensações. 1 A PESSOA E A DOENÇA ONCOLÓGICA - CANCRO Afecta qualquer pessoa (jovens ou velhos, ricos ou pobres, brancos ou negros, homem mulher ou criança), mas é mais associada ao envelhecimento, podendo ser diagnosticada em qualquer idade. Segundo a OMS, as doenças oncológicas têm sofrido um aumento constante da sua prevalência e incidência, sendo o cancro uma das principais causas de morte a nível mundial e acontecem em países com um baixo ou médio nível de desenvolvimento. Mortes por cancro mais frequente: Pulmão, Estômago, Fígado, Cólon e Recto e Mama. Cerca de 40% dos cancros podem ser prevenidos (muitas mortes podem ser evitáveis). O reflexo do cancro vai muito além das desordens fisiológicas e psicológicas, ultrapassa a esfera do individual, pois afecta não só a pessoa doente, mas também os seus cuidadores e a sua família. Na sociedade continua a ser uma das doenças mais assutadoras, essencialmente porque aparece ligada ao que é incurável, à mutilação, ao sofrimento e à morte, interferindo no seu bem estar físico, social e profissional. (Deve-se tentar alterar o prenúncio morte associado ao doente oncológico). Termo genérico para um grande grupo de doenças que podem afetar qualquer parte do corpo. (…) Uma característica que define o cancro é a divisão rápida de células anormais que crescem além de seus limites habituais, e que podem invadir tecidos adjacentes do corpo e disseminar-se para outros órgãos – METASTIZAÇÃO (As metástases são a principal causa de morte por cancro) Transformação de uma célula normal para uma célula tumoral resulta da interacção de: 2 Mutações Celulares Carcinogénese Resultam em neoplasias e são decorrentes de vários mecanismos que podem ocorrer de forma isolada ou conjuntamente durante vários anos. (Desenvolvimento do cancro) Um processo dinâmico e multifaseado, influenciado por muitas variáveis independentes. Factores genéticos Factores pessoais Agentes externos * * Incluindo carcinogénicos Físicos, Químicos e Biológicos 2 Cancro com maior incidência: Sexo feminino: Cancro da mama Sexo masculino: Cancro da prostata Sobrevida: é determinada através da relação entre os dados da incidência e de mortalidade. Os dados de sobrevivência podem indicar progressos no tratamento e no controlo do cancro. Para o aumento da prevalência do cancro tem-se: - Aumento de novos casos diagnosticados cada vez mais cedo; - A maior sobrevida e cura das pessoas com esta doença; - O aumento da esperança de vida. Há diferenças nas incidências de cancro dependendo da sua localização primária: - Sexo: Homem os locais mais comuns são: próstata, pulmão e o cólon e reto. A incidência de cancro do pulmão tem vindo a diminuir. Mulher os locais mais comuns são: mama, pulmão e o cólon e reto. A incidência de cancro da mama e do pulmão na mulher continua a aumentar. - Idade: 20 anos a probabilidade é de 1%; 50 é de 7% (de desenvolver cancro nos próximos 10 anos); 60 é superior a 16% no homem e 10% na mulher. - Caraterísticas raciais e étnicas - pelo diagnóstico tardio; estatuto socioeconómico díspar; acesso desigual aos cuidados de saúde. Uma das prioridades do Plano Nacional de Saúde é o combate ao cancro Vigilância epidemiológica Prevenção primária e secundária Tratamento atempado Cuidados paliativos Com a finalidade: Diminuição da mortalidade e morbilidade por cancro; Melhoria da qualidade de vida; Satisfação dos utentes com os cuidados recebidos 3 As doenças não são distribuídas ao acaso. Factores mensuráveis influenciam os padrões e causas da doença dentro de uma determinada população; As causas das doenças são multifactoriais. Poucos agentes isolados são necessários ou suficientes para causar a doença. A doença resulta de uma multiplicidade de factores endógenos e exógenos. PREVENÇÃO ONCOLÓGICA - O cancro é precedido com muita frequência de um pré-cancro, ou percursor ou lesão pré- cancerosa; - Para mais de 75% das localizações neoplásicas existem meios de diagnóstico eficazes; - A mortlidade por cancro pode ser reduzida em 50% se o cancro e o pré-cancro forem diagnosticados e tratados atempadamente. Prevenção Primária Adopção de medidas que assegurem que o cancro não se venha a desenvolver, isto é, visa eliminar os factores de risco ou o afastamento do ser humano à sua exposição (corresponde à profilaxia). Prevenção Secundária ou Terciária Detecção e tratamento precoce do cancro, cuja génese não pode ser evitada na sua fase inicial. Estão inculidas as medidas dirigidas à identificação de lesões pré-cancerosas ou cancros in situ. Estilos de Vida: Tabagismo, Obesidade, Dieta, Actividade física, Consumo de Álcool... Factores Ambientais: Exposição a agentes cancerígenos Factores Genéticos (antecedentes familiares) Os individuos com maior risco para o cancro são actualmente encaminhados para consultas de risco específico A promoção da saúde e a prevenção primária afiguram-se como áreas de intervenção fundamentais para o controlo das doenças oncológicas. 4 • Implementação de estratégias baseadas na evidência de prevenção do cancro; • Vacinação contra HPV e vírus da hepatite B; • Controlo dos riscos ocupacionais; • Reduzir a exposição à radiação solar. Deteção precoce - identificação de duas componentes de esforço: Diagnóstico precoce - conhecimento dos primeiros sinais e sintomas de modo a facilitar o diagnóstico e tratamento antes que a doença evolua. Relevante em contextos de baixos recursos onde a maioria das pessoas é diagnosticada em estádios muito tardios. Aplicação sistemática de testes de rastreio em populações assintomáticas. O rastreio do cancro permite o diagnóstico precoce da doença ainda em fase sub-clínica e tem como objectivo reduzir a mortalidade por esta doença. O PNPCDO recomenda o rastreio para as doenças: Cancro do colo do útero; Cancro da mama; Cancro do cólon e reto. O PNPCDO (2009) recomenda como medidas de prevenção de prevenção primária preconizadas: A - Evitar o consumo de tabaco B - Evitar a obesidade. C - Manter uma alimentação equilibrada D - Moderar a ingestão de álcool E - Realizar exercício físico diário e adequado F - Moderar a exposição ao sol G - Prevenir a exposição a substâncias/agentes cancerígenos e mutagénicos Estratégias de prevenção - o cancro pode ser reduzido e controlado por: 5 Medidas de detecção precoce e rastreio - Exame ginecológico e citológico – entre os 20 e 30 anos e até aos 60; no início das relações sexuais (pode prevenir até 80% dos casos de cancro do colo do útero) - Vacinação - O Programa Nacional de Vacinação prevê a vacinação aos treze anos. - Uso de preservativo – reduz o risco; não confere proteção total pela presença do vírus na pele em redor da região genital. Medidas de detecção precoce e rastreio - Auto- exame da mama mensalmente; - Mamografia cada 2 anos em mulheres entre os 50 e 69 nos; A LPCCaconselha a partir dos 45 anos; - Mulheres com história familiar de cancro da mama devem começar o rastreio mais cedo e com uma frequência maior. Medidas de detecção precoce e rastreio - Valorização de alterações dos hábitos intestinais (obstipação ou diarreia sem razão aparente e/ou fezes muito escuras, perda de sangue pelo recto); - Observação do intestino através de colonoscopia ou sigmoidoscopia; - Pesquisa de sangue oculto nas fezes dos 50 aos 74 anos. Conjunto das intervenções incluindo apoio emocional, cirurgia, radioterapia, quimioterapia que têm como objectivo: Cura da doença; Prolongar a vida; Promover a qualidade de vida da pessoa. 6 Antes do tratamento pondera-se: As condições do tumor (localização, tamanho e tipo histológico); A cinética das células (Taxa de crescimento e agressividade, invasão e potencial metastático); Variáveis associadas à pessoa (saúde geral, estado imunológico e qualidade de vida). Diagnóstico e determinação do estádio de desenvolvimento do tumor: Biopsia para identificação do tipoe grau de diferenciação celular; Preventiva: Lesões pré-cancerosas ou com potencial de se tornarem malignas; Curativa: Quando é possível a recessão do tumor e da cadeia linfática (por vezes é muito mutilante); Paliativa: Objectivo de melhorar a qualidade de vida, evitar complicações e aliviar a sintomatologia; Tratamento adjuvante: Em situações de emergência oncológica ou tratamento da dor. Cuidados comuns a qualquer pessoa em situação cirúrgica e sempre dependente da dimensão do tratmento --- deve atender-se sempre à singularidade da pessoa. Na abordagem à pessoa é importante valorizar: Cirurgia, Radioterapia, Quimioterapia, Hormonoterapia, Imunoterapia, Transplantes e outras terapêuticas complementares, usadas isoladamente ou em associação. 7 Utilização controlada de radiações ionizantes de grande energia para fins terapêuticos (destrói a capacidade de crescimento e multiplicação das células cancerígenas); Utilizada para intervir em 50 a 60% dos doentes oncológicos. Objectivos: • Cura; • Controlo - do crescimento e disseminação do tumor; • Paliação – controlo de sintomas como a dor por metástases ósseas; tratamento de tumores ulcerantes e sangrantes. As radiações ionizantes lesam a célula directamente na cadeia de DNA por alterações de natureza biomecânica – interferem na reparação e reprodução celular. A prescrição da radioterapia depende da . radiosensibilidade dos tecidos-alvo - medida da potencial susceptibilidade das células à lesão por Radiosensibilidade radiação ionizante e a velocidade de ocorrência dessa lesão (As células na fase M – mitose - são mais radiosensíveis). A (radio)sensibilidade das células cancerígenas depende de: - Tipologia celular; - Fase de vida celular; - Taxa de divisão celular; - Grau de diferenciação; - Oxigenação celular. Abordagem terapêutica: • Pré-operatório – visa reduzir o tamanho do tumor; aumentar o potencial de remoção da totalidade do tumor; erradicar a doença subclínica que possa existir para além do campo cirúrgico e erradicar gânglios linfáticos com potencial de desenvolvimento da doença; • Intra-operatória – visa controlar a recorrência local do tumor (ex: cancros abdominais localmente avançados – gástrico, pâncreas; bexiga colorrectal); • Pós-operatório - visa erradicar qualquer tumor residual ou doença subclínica. Radioterapia 8 Vias de administração terapêutica: • Via externa ou teleterapia: por fonte externa de radiação com isótopos radioactivos ou aceleradores lineares, geralmente colocadas a uma distância do corpo superior a 20 cm. Antes do início da radioterapia por via externa, a pessoa é minuciosamente observada e realizada o cálculo da dose total de radiação. É usada uma simulação para: - Definir a área exata onde vai incidir a radiação; - A área é marcada com tinta; - Definir o posicionamento da pessoa durante os tratamentos; - Considerar a possibilidade de uso de dispositivos, de imobilização ou posicionamento; - Identificar as áreas ou orgãos a proteger; considerar dispositivos de protecção de chumbo (são colocadas durante os tratamentos). REACÇÕES ADVERSAS São consequentes ao efeito da radiação nas células (via externa) - em proliferação activa e da libertação de produtos do catabolismo pela morte celular. São localizadas e dependem do tipo de equipamento usado, do plano de tratamento e do modo como a pessoa vê o tratamento. variam de acordo com: Reacções - Área tratada; - Tipo de radiação; - Volume de tecido irradiado; - Dose de radiação (se há ou não fraccionamento); - Tempo de duração do tratamento; - Condições nutricionais do doente; - Diferenças individuais de cada pessoa. Em geral as sequelas: - Podem acontecer desde o início do tratamento; - São ligeiras; de (não mais que uma semana); curta duração - (cutâneas: descamação seca com sensibilidade e prurido; eritema; …); Locais - s – fadiga, anorexia, náuseas, diarreia; supressão da medula óssea; Sistémica - (área sujeita a tratamento) – cabeça e pescoço: estomatites, xerostomia, cáries, Específicas queda de dentes, …; tórax: esofagite, tosse, pneumonite, … - Podem ser - são a progressão das primeiras reacções autocontroláveis, em geral tardias localizadas. Situações malignas secundárias à radioterapia – lesões cancerígenas como a leucemia, o linfoma não-hodking, supressão da medula óssea. INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM Avaliação inicial: -Identificar prioridades e necessidades de ensino/conhecimento da pessoa; - Identificar outras doenças e situações crónicas (afetar os resultados da terapia); 9 - Estado nutricional - a perda de peso vai afetar a capacidade da pessoa suportar um ciclo de tratamento longo; - Estado da pele, especialmente a área de aplicação do tratamento; - Idade: - Sistema imunitário declina com a idade; - Regeneração mais lenta da medula óssea; - A fadiga e os seus efeitos são mais acentuados; - Tecidos e mucosas têm menos elasticidade e têm regeneração mais lenta; - Maior ansiedade e apreensão. Informar sobre o tratamento simulação, regime (ambulatório) e periodicidade do tratamento - Programa das intervenções: (diário), o ambiente onde vai decorrer o tratamento (irá permanecer sozinho na sala de tratamento), pode ouvir algum ruído e os aparelhos podem movimentar-se em redor do doente, que o tratamento em si é indolor, avaliações de rotina durante o ciclo de tratamento e “follow- up”. Efeitos secundários e medidas a adoptar. - Assegurar ao doente e família que neste tipo de radioterapia o doente não é radioactivo. • Via interna ou braquiterapia: a fonte radioativa (isótopos radioativos) são colocados em contacto com o tumor ou na cavidade orgânica onde é libertada a radiação ionizante (ex: cancro do colo do útero, vagina, endométrio e mama). Pode ser aplicada por: - – dose concentrada de radiações diretamente na lesão ou na área do tumor Método fechado sob a forma de moldes, placas, agulhas, fios (colocação é feita em bloco operatório, sala de tratamento ou na unidade de radioterapia); - – radioisótopos aplicados por ingestão; como líquido instilado numa Método não fechado cavidade orgânica ou; IV. • Via sistémica: administração de isótopos radioativos por via oral ou i.v.Quimioterapia é a utilização de substâncias químicas com actividade citotóxica, com o objetivo de tratar pessoas com doença oncológica, de forma isolada (monoquimioterapia) ou combinada (poliquimioterapia). Mecanismo de acção: A quimioterapia funciona a nível celular por uma interrupção no ciclo celular. Modifica a divisão celular das células normais bem como das neoplásicas. Quimioterapia 10 Objectivos: • Cura (erradicação de todas as células neoplásicas) • Controlo da doença (impedir a progressão) • Profilaxia (prevenir crescimento tumoral a partir de células neoplásicas remanescentes após cirurgia ou radioterapia) • Paliação (quando não é possível controlar a doença e se pretende alívio dos sintomas). Consoante o objectivo pode ser: Neo-adjuvante – de altas doses habitualmente combinada, usada para reduzir o tamanho do tumor antes da remoção cirúrgica. Primária. Adjuvante* – de altas doses utilizada em ligação com outra estratégia terapêutica (cirurgia, radioterapia ou bioterapia), com o objectivo de destruir 1 baixo nº de células neoplásicas residuais. Curativa – quando é usada como recuso terapêutico de primeira linha e só por si pode curar (ex. Leucemias). De indução; de consolidação. paliativa – utiliza-se para controlo de sintomas e melhoria da qualidade de vida * Sem evidência de neoplasia residual. (Nota - surgem outras designações como: de intensificação, de manutenção, de 2ª linha, …) Local de administração terapêutica: Sistémico – O agente é administrado por via endovenosa (a via mais utilizada) periférica ou central (cateter parcialmente implantado ou totalmente implantado), oral, subcutânea e intramuscular. Local e Regional – O agente é aplicado directamente numa artéria ou cavidade. - Intra-arterial – tratamento de metástases hepáticas - Intracavitária – intra-pleural, intraperitoneal e intra-vesical Vias de administração dos fármacos quimioterapicos - Oral; - Subcutânea e intramuscular; - Tópica; - Intra-arterial – cateter arterial próximo do tumor; - Intracavitária – instilação da droga na bexiga ou cavidade pleural; - Intraperitoneal – na cavidade abdominal por um cateter implantado (ex. suprapúbico externo); - Intratecal (realizada pelo médico); - Intravenosa – cateter venoso central ou periférico. 11 FÁRMACOS QUIMIOTERAPICOS - Alquilantes – citostáticos ciclocelulares não especificos. - Antimetabolitos – são ciclocelular específicos da fase S. - Derivados de plantas – ciclo celular específico da fase M. - Derivados de culturas microbianas - a acção pode ser ciclocelular não específica, específicas ou ambas. TIPOS DE CITOSTÁTICOS QUANTO À TOXICIDADE LOCAL - Vesicantes - agentes capazes de provocar destruição do tecido e ulceração local quando há extravasamento – necrose (ex. – cisplatina, vimblastina). - Irritantes – agentes causadores de dor, flebite ou irritação no local da injecção ou ao longo da linha da veia (ex. – carmustina, fluorouracilo). - Não agressivos – geralmente não causam problemas quando há extravasamento (ex. – ciclofosfamida, metrotexato) . Manipulação de citostáticos: Normas de segurança Área Centralizada para esse fim (protecção das pessoas doentes, dos profissionais, ambiente e dos próprios medicamentos); Área próxima do local onde se procederá a administração; Todas as operações de preparação devem ser realizadas numa câmara biológica de fluxo laminar vertical que protege o manipulador do contato com o medicamento e previne contaminação microbiana. Boa ventilação e iluminação; Água canalizada e frigorífico; Contentores para resíduos; Manual de instruções; Profissionais em número suficiente; Registo individual do nº de doses preparadas e administradas e tempo de exposição; Enfermeiro que supervisione o cumprimento das normas PROTECÇÃO DOS PROFISSIONAIS Os trabalhadores de saúde, que manipulam drogas citotóxicas podem estar expostos a baixas doses do fármaco por contato direto- absorção, inalação e ingestão, pelo que devem: - Possuir conhecimentos adequados sobre esta terapêutica; - Registar o nº de doses preparadas e o tempo de exposição; - Realizar vigilância médica periódica (6 em 6 meses). 12 Medidas de protecção individual: Prevenção de absorção de drogas citotóxicas: - Lavar as mãos com sabão desinfetante; - Vestir bata descartável, de tecido não permeável, de apertar atrás, de manga comprida com punho de elástico ajustado; - Calçar dois pares de luvas sem pó (1 de látex e 1 de borracha rugosas); - Mudar de luvas cada 30 minutos, após preparação de 5 fármacos ou após contaminação/rotura; - Barrete para protecção total dos cabelos; - Óculos de proteção lateral e máscara (obrigatório/opcional); - Calçado impermeável para uso exclusivo dentro da sala de preparação. Prevenção de inalação de aerossóis - Preparar todas as drogas citotóxicas em câmara de fluxo laminar Tipo II, BII ; - Colocar máscara impermeável com viseira. Se a máscara não tiver viseira, colocar óculos de protecção; - Mudar a máscara sempre que ficar húmida; - Utilizar seringas de luer-lock, dispositivos de reconstituição-Mini-Spike (filtro para preparação de fármacos com válvula anti-refluxo integrada) e sistemas de circuito fechado; - Abrir ampolas com compressa embebida em álcool e no sentido contrário do manipulador. Prevenção de ingestão - Lavar correctamente as mãos, antes e após a preparação ou administração de drogas; - Não comer, beber, mascar pastilha elástica, ou fumar em áreas de preparação; - Evitar o contacto das mãos com a boca ou com os olhos, quando estiver a manipular as drogas Administração de citostáticos - Protecção idêntica à da preparação; - Utilizar sistemas com várias entradas, para administração de citostáticos e outros fármacos; - Usar resguardo sob o local de administração dos citostáticos; - Lavar imediatamente a pele e/ou mucosas, se houver contacto com citostáticos. Medidas Protecção dos profissionais: A preparação e administração de fármacos pelos enfermeiros que constituam deve ser evitada grupos de risco: - Mulheres grávidas ou a amamentar; - Mulheres com história de aborto; - Profissionais com história de doença oncológica; - Profissionais que trabalhem com radiações ionizantes; - Profissionais com problemas alérgicos ou com o sistema imunitário comprometido. 13 FACTORES INTERVENIENTES - Propriedades químicas do citostático; - Susceptibilidade do profissional; - Hábitos tabágicos, dietéticos e contacto com outros tóxicos; - Nº e tempo de exposição e efeito cumulativo das mesmas; Cuidados paliativos são… Cuidados holísticos à pessoa com doença oncológica avançada progressiva que não responde ao tratamento curativo, e à sua família. A gestão da dor e de outros sintomas e a prestação de apoio psicológico, social e espiritual são fundamentais. Os cuidados ao doente em fase terminal devem ser desenvolvidos por uma equipa multidisciplinar, e tem como objectivo dignificar a condição humana do doente e da sua família. Prolongam-se até ao período de luto. Alivio do sofrimento do doente e família Promoção da máxima qualidade de vida/conforto 14 Os Cuidados Paliativos envolvem... GESTÃO DESINTOMAS/AVALIAÇÃO Qual o impacto emocional e físico dos sintomas? - Como é que X afecta a vida da pessoa? - O que o faz piorar ou melhorar? - Piora em parte do dia ou da noite? - Provoca-lhe grandes problemas do sono? O que já tentou e não surtiu efeito? MONITORIZAR OS SINTOMAS - Utilização de instrumentos de medida standardizadas (escalas de pontuação ou escalas analógicas) - Registo adequado (esquema corporal da dor, tabelas de frequência de sintomas, diários da dor ou de outros sintomas) - Recorrer a escalas de hetero-avaliação preenchidas pelos prestadores de cuidados informais 15 Gestão da dor: Trabalhar com a pessoa e/ou família para: - Identificar a origem da dor; - Identificar formas de alívio. Factores que afectam a intensidade da dor 16 Tratamento farmacológico Privilegiar a medicação oral Administrar regularmente Fármaco adequado, na dose certa Respeitar a escala analgésica Impossibilidade de ingestão por via oral Impossibilidade de acesso venoso Possibilidade de permanência do doente no domicilio Limitações: Volume diário 2.000ml (1000ml local) Terapia subcutânea ou hipodermólise 1 BLOCO OPERATÓRIO 1.1. Estrutura Física Zona protectora ou envolvente Zona limpa (depois do transfer) Zona asséptica ou protegida (S.O.) Zona suja (faz a ligação das S.O. com contentores e zona central de esterilização) Centralização • Desvantagens: muita gente; > probabilidade de contaminação e outro tipo de erros. • Vantagens: > produtividade. Blocos periféricos • afectos a uma determinada especialidade • > humanização de cuidados (e proximidade) • < probabilidade de infecção Condições ambientais Temperatura Inverno: 22/24ºC Verão: 20/22ºC Humidade: 55% (se o ambiente fosse seco: desidratação de tecidos expostos, < electricidade estática) Ventilação P superior ao restante hospital Ar condicionado com 20 renovações/hora Fluxo de ar laminar Iluminação: incandescente Todo o doente deve estar dentro de uma manta térmica em cirurgias de longa duração. 1.2. Segurança no B.O. B.O. é dos locais onde + se exige dos enfermeiros, quer pela situação do doente, quer pelo seu nível de consciência, quer ainda pelos procedimentos terapêuticos de que necessita. Factores de risco no B.O.: • Químicos – medicamentos, óxido de etileno • Físicos – luxação da PTA, queda, incêndios • Biológicos – úlceras de P, sistema de perfusão, contaminação com fluidos orgânicos 2 Factores de risco no B.O. para a equipa de saúde • Químicos – anestésicos, desinfectantes e esterilizantes. • Físicos – laser, incêndios, radiações (cirurgias raio-x: profissionais de saúde com aventais de chumbo e doentes tb), poluição sonora, electricidade. • Biológicos – sida, hepatite, tuberculose. 1.3. Competências do enfermeiro no intra-operatório Qualquer que seja o seu nível de consciência o utente necessita: • Cuidados que visem o tratamento da sua patologia específica; • Não agravamento de patologias associadas; • Prevenção da sua integridade física, de infecções, acidentes e a satisfação das suas necessidades. Enfermagem Perioperatória Identificar as necessidades físicas, psicológicas e sociológicas do indivíduo, pôr em prática um plano de cuidados individualizados, que coordene as acções, baseado no conhecimento das ciências humanas e da natureza, a fim de restabelecer ou conservar a saúde e o bem-estar do indivíduo, antes, durante e após a cirurgia. Acto cirúrgico Pré-operatório – avaliar globalmente o utente; definir diagnósticos. Intra-operatório – pôr em prática o plano, tendo em atenção as funções respiratória, circulatória, a prevenção do choque, infecções e acidentes. Pós-operatório – avaliar a qualidade dos cuidados desenvolvidos, reformular o plano se necessário. 1.4. Equipa multidisciplinar do B.O. No B.O. o trabalho individualizado não é possível. Cada elemento deve situar-se num trabalho de complementaridade com os outros e fazer parte deste de uma forma dinâmica. A equipa da S.O. é constituída por: o Enfermeiros: ajudante do anestesista, circulante e instrumentista. o Cirurgião: responsável pela intervenção cirúrgica. o Anestesista: responsável pela anestesia e pela manutenção das funções vitais do utente. o Ajudantes: do cirurgião e do anestesista. o Auxiliar de acção médica. Podem ainda estar presentes: técnicos de radiologia, técnicos de anatomia patológica, médicos de outras especialidades. 3 Enfermeiro de apoio à anestesia o Na véspera recebe marcações p/ o dia seguinte; o Visita pré-operatória do enfº: conhecer o dte e verificar necessidades especiais do dte; planeamento individualizado p/ o doente; ↓ansiedade pré-cirúrgica do dte; o Ver informações do dte antes da visita (processo do dte); o Transmitir informações aos colegas (instrumentista e circulante); o Na S.O.: liga aparelhos (ventilador e aparelhos cardíacos) e calibra-os; o Prepara todo o material de anestesia; o Vai buscar o dte do transfer, sem máscara (só se coloca qdo se abre material esterilizado); o Posicionamento, anestesiar dte e estabilizar anestesia; o Durante a anestesia o Levar dte ao transfer e recobro, transmitir oralmente todas os dados relevantes do acto cirúrgico; o Volta p/ S.O., arruma material, limpa aparelhos e prepara sala p/ o dte seguinte (repõe medicação por níveis). Enfermeiro circulante o Coordenador do B.O. (tem > mobilidade dentro da sala, mantém ligação com o exterior); o Estende material em cima das mesas: contam-se tampões, compressas; o Ajuda a equipa a vestir-se; o Antes do fim da cirurgia volta a contar todas as compressas; o Zela pelo conforto e segurança do dte e equipa de saúde; mantém portas fechadas, silêncio na sala, T e humidade adequada; o Registos; o Embala tudo o que é retirado do dte (peças anatómicas, tecidos); o No fim da cirurgia ajuda o instrumentista a realizar o penso cirúrgico, a conectar o frasco de drenagem e orienta a auxiliar p/ que ela retire todo o material sujo da sala e limpe a sala totalmente c/ anti-séptico. Enfermeiro instrumentista o Funções técnicas; o Colabora directamente na cirurgia, sabe o tipo de cirurgia e dá o material sequencialmente ao cirurgião; o Prepara o material p/ o tipo de cirurgia logo de manhã o Dispõe as mesas cirúrgicas c/ os materiais por uma sequência lógica de utilização o Mantém a assepsia cirúrgica • Material cirúrgico • Material específico p/ cirurgia • Trouxas de roupa, bata, compressas • Prepara os fios, lâminas de bisturi • Soros p/ lavagem • Manutenção anestésica • Manutenção do eq. Hidroelectrolítico • Administração de sangue • Administração de anestésicos qd necessário • Aspirar dte se necessário • Evitar complicações • Fazer todos os registos • Fazer o acordar do doente • Vigilância do dte 4 Visita pós-operatória (já no internamento: 24-48h após a cirurgia) - Estado clínico do dte - Estado de satisfação do dte - Saber, através dos enfsº, se houve queixas. 1.5. Posicionamento do utente para o acto cirúrgico (Função do circulante + colaboração do cirurgião – antes da lavagem cirúrgica das mãos do cirurgião) Implica conhecer: • Regras básicas sobre o posicionamento (respeitar alinhamento anatómico, circulação e respiração conveniente durantetodo o acto cirúrgico, aliviar zonas de P); • Factores determinantes do posicionamento (idade do doente, patologia); • Tipos de posicionamento • Retorno à posição normal Factores determinantes do posicionamento do utente Tipo de cirurgia Tipo de anestesia Características do utente Tipos de Posicionamento Supina, Pronação, Fowler, Tredelemburg, Sims e Litotomia (posição em que as mulheres têm os filhos; para cirurgia anal, rectal, do cólon, escroto, pénis, uretra). Decúbito dorsal – maioria das cirurgias; doente é sempre anestesiado neste decúbito. Decúbito ventral – cirurgia da coluna lombar e alguma cirurgia da fossa posterior (hérnias), cirurgia anal, rectal e quistos pilonidais. Decúbito lateral – cirurgia renal, pulmonar e glândulas suprarrenais. Posição de sentado – p/ neurocirurgias; posicionamento gradual (demora 2h – vai-se levantando a mesa com intervalos regulares para estabilização de SV e FC, até aos 90º, com ritmo cardíaco e SV normais; prende-se doente). Retorno à posição normal – doente ainda está anestesiado; penso feito; drenos… Manutenção e controlo da ventilação Manutenção do utente anestesiado Observação dos parâmetros vitais Regresso à posição de decúbito dorsal: acordar doente. 5 Objectivos para um correcto posicionamento Conhecer os riscos de cada posicionamento (fazer compressão de nervos, músculos, má ventilação); Conhecer o alinhamento anatómico para poder mobilizar sem risco o utente anestesiado; Conhecer a intervenção cirúrgica e respectivo posicionamento; Conhecer a mesa operatória e seus acessórios. Finalidade do posicionamento do utente Manutenção da função respiratória; Manutenção da função circulatória; Prevenção da P sobre nervos e músculos; Boa exposição do campo operatório; Bom acesso p/ administração de fármacos, sangue e observação dos seus efeitos; Minimização do desconforto pós-operatório. Atitude que o enfermeiro deve assumir Verificar os recursos humanos e materiais; Manipular o utente delicadamente, sem pressa; Manter o alinhamento corporal – o relaxamento favorece luxações e estiramentos de músculos; Respeitar o pudor do doente; Adoptar técnica corporal correcta (força braçal). 1 TRATAMENTO DE FERIDAS Cuidados de enfermagem ao utente com ferida cirúrgica Pensos cirúrgicos Sistemas de drenagem cirúrgica Meios de sutura Ferida: solução de continuidade das células. Cicatrização: restauro da continuidade. Consequência de uma ferida 1.1. Mecanismo de Lesão Contusas Incisas Lacerantes Perfurantes 1.2. Nível de contaminação Limpas (próteses, tiróide, mama, coração); Limpas contaminadas (cirurgia que envolve abertura do tubo digestivo, sistema respiratório, urinário, genital); Contaminadas (resultantes de queimaduras, hemorróides); Sujas (esfacelos, fracturas expostas) – > probabilidade de infecção, não se colocam meios de sutura; Infectadas (abcessos – colecções purulentas). 1.3. Processos celulares que contribuem para a cicatrização o Regeneração celular o Proliferação celular o Produção de colagénio o Resposta do tecido à lesão • Perda imediata da função • Hemorragia • Contaminação • Morte celular • Hemostase • Inflamatória • Proliferativa • Maturação 2 1.4. Fases da Cicatrização 1ª intenção 2ª intenção 3ª intenção Para uma boa cicatrização da ferida: dtes quentes, bem alimentados e bom senso na execução do penso à ferida. Factores que contribuem para a cicatrização: Intrínsecos Extrínsecos Idade Alimentação e hidratação Imunidade Oxigenação celular Doenças associadas Ambiente Assepsia Ambiente húmido na fase de epitelização 1.5. Execução de Pensos - Fora da hora das visitas - Fora da hora das refeições Preparação Antes da preparação p/ a realização de um penso é necessário conhecer: Área traumatizada Indicações clínicas Condições ambientais Tipos de pensos • Oclusivos – de contenção, de compressão • Não oclusivos (impermeáveis, transparentes) Vantagens de realizar um penso não oclusivo o Eliminar algumas das condições necessárias ao crescimento de microrganismos o Permitir a observação directa o Facilitar os cuidados de higiene o Evitar reacções ao adesivo o Maior conforto, facilitando a actividade física o Maior economia de recursos humanos e materiais Utente Material – ver registos anteriores (o que fizeram os colegas, prescrição médica, retirar drenos/pontos?) Enfermeiro – lavar mãos assepticamente Ambiente – 2 tipos: sala de pensos (seria o ideal mas acaba por ser um “meio de cultura”), unidade do dte 3 Quando se deve abrir um penso? Quando houver indicação p/ tal: • Sinais de infecção (local ou sistémica); • Penso humedecido; • Qd dte refere dor ou desconforto; • P/ retirar pontos e/ou drenos. Princípios comuns na execução de pensos: Sala reservada Evitar qualquer actividade que levante pó Fechar portas e janelas Restringir a circulação na sala Portadores de infecções não devem executar pensos Substituir pensos o mínimo necessário Usar material individualizado Lavar as mãos antes e depois de realizar o penso Executar o penso com suavidade Não tocar com as mãos: na ferida, na área em redor da ferida, nos drenos Usar luvas apenas na execução de pensos a feridas infectadas, nas restantes usam-se pinças Registos após efectuar um penso ◘ Aspecto da ferida ◘ Evolução cicatricial ◘ Presença de drenos, tipo, quantidades e características do produto drenado ◘ Solutos utilizados ◘ Reacção do utente ◘ Prescrição de enfermagem (qd voltar a fazer penso e como fazer) 1.6. Complicações da ferida cirúrgica Hematoma e/ou hemorragia; Infecção - da FC, da T, do nº de leucócitos, dor na incisão que se apresenta edemaciada e quente; Abcesso (infecção bacteriana localizada, implica sempre drenagem cirúrgica); Quelóide (cicatriz que apresenta um crescimento excessivo); Deiscência (ferida abre: por não haver colagénio ou proliferação celular); Evisceração (qdo ferida abre a nível abdominal: vísceras saem). 4 1.7. Sistemas de drenagem da ferida cirúrgica – localização e finalidade de 1 sistema de drenagem cirúrgica Tipos de drenagem cirúrgica Tipos de drenos cirúrgicos O penso no local de inserção do dreno é sempre independente do penso da ferida cirúrgica. 1.8. Meios de Sutura o Fios o Agrafos o Clips (absorvíveis e não absorvíveis) o Cola (biológica absorvível e não biológica absorvível) o Steri-strip (tiras aderentes que aproximam os bordos da pele) o Fios de sutura (entrançado, monofilamento, torcido) Naturais - Absorvíveis - Não absorvíveis Sintéticos - Absorvíveis - Não absorvíveis Drenagem livre ou passiva – por acção da gravidade Drenagem por baixa pressão ou activa Folhas de borracha – drenagem livre Multitubulares – drenagem livre Tubulares (vacum dreno) – drenagem livre ou por baixa P Dreno de kherr ou T – drenagem livre Dreno torácico – drenagem livre ou por baixa P 1 A PESSOA E A DOENÇA RESPIRATÓRIA A doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), caracteriza-se por: Obstrução das vias aéreas o Diminuição dos débitos expiratórios o - A obstrução é progressiva - Parcialmente reversívelCaracteriza-se pela presença de tosse produtiva em pelo menos 3 meses por ano, em dois anos consecutivos Define-se como o alargamento dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais por destruição das suas paredes. - Costelas mais horizontalizadas; - Aumento do diâmetro antero-posterior; - MM Inspiratórios: MM Intercostais externos e planificação do diafragma - Enfisema (redução da retracção pulmonar) - Bronquite Crónica (adaptacções em menor escala) 6 INFLAMAÇÃO Doença das pequenas vias aéreas Inflamação das vias aéreas Remodelamento das vias aéreas Destruição do parênquima Ruptura das ligações alveolares Redução do recolhimento elástico LIMITAÇÃO AO FLUXO AÉREO READAPTAÇÕES 2 1 - OBSTRUÇÃO BRÔNQUICA Na DPOC ocorrem dois fenómenos distintos: – Hipersecreção crónica de muco – Obstrução progressiva das vias aéreas 2 - INSUFLAÇÃO Com o agravamento da obstrução e perda da retracção elástica do pulmão, o volume residual aumenta. A expiração torna-se mais lenta impedindo o esvaziamento pulmonar esteja completo quando se inicia a inspiração. É necessário os músculos acessórios desencadearem a inspiração. A insuflação faz baixar e aplanar o diafragma 3 - INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA A obstrução das vias aéreas leva a uma distribuição desigual da ventilação e da perfusão com consequência nas trocas gasosas, vindo a originar hipoxemia e mais tarde hipercapnia. 4 – POLIGLOBULIA Resulta do estímulo da eripropoietina pela hipoxémia 5 - HIPERTENSÃO DA ARTÉRIA PULMONAR A hipertensão da artéria pulmonar e a disfunção ventricular direita é devida à hipoxia e à perda do leito vascular resultante do enfisema DIAGNÓSTICO Anamenese Exame Físico Espirometria Estudos radiológicos 3 Factores de risco • Tabagismo (condiciona 80 a 90% de risco de desenvolvimento de DPOC), susceptível de prevenção; • Sexo, idade e raça; • Hiperreactividade brônquica; • Exposição ambiental (poluição urbana, poluição doméstica, resultante de sistemas de aquecimento….); • Exposição ocupacional; • Factores sócio-económicos; • Infecções respiratórias (infecções virícas); • Deficiência de alfa1-antitripsina; • Outros factores (hábitos etílicos, deficiência de vitamina C, baixo peso ao nascer, atopia, história familiar, défice de secreção de IgA. SINAIS E SINTOMAS • Sintomas: - Tosse - Expectoração - Infecções respiratórias - Dispneia • Sinais: - Sinais de obstrução como expiração prolongada e sibilos - Sinais de insuflação (aumento do diâmetro ântero-posterior, mobilidade diafragmática diminuída, diminuição dos sons respiratórios) - Posturas para alívio da dispneia, contracção dos músculos acessórios, padrão respiratório com os lábios semi-cerrados, cianose, … TRATAMENTO - A DPOC é incurável; - É imprescindível parar de fumar; - Uso de broncodilatadores aumenta VEF; - Inaladores têm a vantagem de minimizar os efeitos colaterais; - Ao contrário da asma, a DPOC responde mais a medicações anticolinérgicas do que a agonitas β 2 - Anticolinérgicos: de preferência os não absorvivéis administrados com inalador dosímetro. O principal é o ipratrópio, que não apresenta os efeitos colaterais da atropina. - β adrenérgicos: de preferência os β2 agonistas altamente específicos por possuírem efeitos cardíacos mínimos (Salbutamol) (Já se encontram fármacos com estes dois compostos em associação num único inalador). 4 - Corticóides: São usados esteróides sistémicos como a prednisona (o tratamento é continuado com 10 a 20 mg por dia). O novo esteróide não absorvível inalável é a fluticasona. - Metilxantinas: A teofilina é um broncodilatador fraco com estreita margem entre faixa terapêutica e tóxica. - Expectorantes e supressores da tosse para alívio de sintomas. - Uso de antibióticos frequentemente quando surgem exacerbações que parecem ser infecciosas com o agravamento da dispneia e do escarro: azitromicina. - Por serem pacientes mais susceptíveis a pneumonias devem tomar vacinas anti-pneumocócicas e vacinas anuais contra a gripe. - Oxigenoterapia deve ser usada em pacientes propensos a desenvolver hipertensão pulmonar e insuficiência pulmonar. (Muitas vezes o O2 é administrado somente durante o sono para manter os níveis da saturação > 90%). - Reabilitação pulmonar melhora a qualidade de vida, diminui a dispnéia e a ansiedade. - Cirugias: ressecções focais de tecido pulmonar ou transplante de pulmão. DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM Limpeza ineficaz das vias aéreas em grau moderado “Processo de manter aberta ao fluxo do ar uma passagem tubular que vem desde a boca, passando pela traqueia e brônquios até aos pulmões, capacidade de limpar as secreções ou obstruções do tracto respiratório, de modo a manter a permeabilidade das vias aéreas” (CIPE, 2000) INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM Avaliação inicial: • História, características, início e duração dos sintomas; • Dispneia (incluindo os seus efeitos nas AVD); • Tosse; • Produção de expectoração (quantidade, cor e consistência); • Hábitos tabágicos; • História familiar de patologias respiratórias; • História pregressa; • Exposição passada e presente a irritantes ambientais em casa ou no trabalho; • Padrão de actividade e repouso; • Estado nutricional; • Terapêutica e sua eficácia no alivio de sintomas. Observação física: • Aparência geral • Aumento do diâmetro AP do tórax • Utilização dos músculos acessórios da respiração • Avaliação da função respiratória • Avaliação do tipo de tosse e características da expectoração • Sinais de alteração da consciência • Auscultação dos sons respiratórios • Avaliação dos Sinais vitais (hipertermia, taquicardia,…) 5 O Enfermeiro deve, -Ensino da tosse eficaz; -Vigiar a expectoração; -Ensinar a a alterações de decúbito/movimentar a pessoa/deambulação; -Ensinar técnicas de drenagem postural, percussões e vibrações; -Incentivar a ingestão de líquidos; -Executar inaloterapia através de inalador; -Aspirar secreções da cavidade nasal; -Aspirar secreções da cavidade oral; -Instruir técnica de inalação com Inalador; -Assistir técnica da tosse; -Instruir técnica da tosse; -Administrar terapêutica (actividade interdependente). Métodos de Limpeza das Vias Aéreas Medidas para assegurar a permeabilidade das vias aéreas 1º Fase 2º Fase OBJECTIVOS Facilitar a progressão das secreções desde os brônquios distais até aos grossos brônquios e traqueia. Expulsar as secreções para o exterior. 6 Mecanismo da tosse Inspiração profunda (2,5 L de ar); 1. Encerramento da epiglote e das cordas vocais para manter o ar inspirado; 2. Contracção dos músculos abdominais e elevação do diafragma, havendo 3. aumento da pressão intratorácica; Abertura da epiglote e cordas vocais; 4. Expiração explosiva (forçada de ar), transportando os corpos estranhos. 5. Posições de drenagem 7 VENTILAÇÃO INEFICAZ EM GRAU MODERADO (diagnóstico de enfermagem) “ Deslocar o ar para dentro e para fora dos pulmões com frequência e ritmos respiratórios determinados, profundidade inspiratória e volume expiratório” (Cipe) INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM -Vigiar a função da respiração -Ensinar apessoa: - A reduzir a frequência respiratória e a respirar lenta e ritmicamente - A aumentar a relação do tempo inspiratório/expiratório, de maneira que o tempo expiratório dure o dobro do tempo da inspiração; - A respirar com os lábios semi-cerrados; - Posição de inclinação para a frente; - A respiração diafragmática e exercícios abdominais - Exercícios de inspiração-expiração -Posicionar em Fowller Elementos de Avaliação no doente do foro respiratório: Fases PADRÃO RESPIRATÓRIO - Contracção coordenada e sincronizada dos músculos respiratórios e movimentação do tórax; - Ritmo respiratório; - Frequência respiratória; - Amplitude respiratória. 8 Inspiração Inspirar lentamente pelo nariz com a boca fechada, dirigindo o ar para a barriga. Expiração Expirar lentamente pela boca com os lábios em posição de sopro DISPNEIA EM GRAU MODERADO (diagnóstico de enfermagem) “Movimento laborioso da entrada e saída de ar dos pulmões, com desconforto e esforço crescente de falta de ar, associada insuficiência de oxigénio no sangue circulante, adejo nasal, alterações na profundidade respiratória, sons respiratórios adventícios, sibilos, estertores, roncos, ressonância dos sons à percussão, uso dos músculos acessórios, restrição dos movimentos torácicos, expiração com lábios franzidos, frémitos e sensação de desconforto” (Cipe) INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM -Monitorizar a frequência respiratória -Vigiar a respiração -Gerir a oxigenoterapia -Planear a actividade física -Optimizar a ventilação através de técnica de posicionamento -Ensinar sobre a técnica de inalação -Ensinar sobre a técnica respiratória -Instruir técnica de inalação -Instruir técnica respiratória -Treinar técnica de inalação -Treinar técnica respiratória 9 SUSCEPTIBILIDADE À INFECÇÃO (diagnóstico de enfermagem) “invasão do corpo por microorganismos patogénicos que se reproduzem e multiplicam, causando doença por lesão celular local, secreção de toxinas ou reacção antigéneo-anticorpo (Cipe) INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM -Vigiar a expectoração -Incentivar a ingestão de líquidos -Ensinar sobre a técnica da tosse -Instruir sobre a técnica da tosse -Gerir o contacto com pessoas que tenham infecções das vias aéreas -Incentivar a adesão à vacinação NÃO ADESÃO AO REGIME TERAPÊUTICO (diagnóstico de enfermagem) “desempenhar as actividades para satisfazer as exigências terapêuticas dos cuidados de saúde; aceitação do decurso de tratamento prescrito como prestador de cuidado ou apoiante” (Cipe) INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM -Identificar a razão para não aderir ao regime terapêutico -Facilitar comportamentos de adesão -Encorajar a tomada de decisão -Incentivar a adesão ao regime terapêutico -Negociar a adesão ao regime terapêutico -Orientar para os serviços de saúde 1 REABILITAÇÃO História e conceitos - A Reabilitação dos deficientes físicos desenvolveu-se a nível internacional de forma estruturada após a 2ª guerra mundial. - 1940 Dr. Rusk, referia-se à reabilitação como a terceira fase da assistência médica. - 1947, foi reconhecida como especialidade nos EUA. - 1944, foi criado o centro de traumatizados medulares na Grã-Bretanha,pelo Sir L. Guttmann. - 1940 foi criado o centro de traumatologia e reabilitação em Bruxelas, pelo Prof. Pierre Houssa. (Em Portugal) - 1964 foi criado o Centro de Medicina Física e Reabilitação, como serviço da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, no Alcoitão REABILITAÇÃO NA PERSPECTIVA DA HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA Por História Natural entenda-se a , . evolução de uma doença ao longo do tempo 5 2 REABILITAÇÃO NA PERSPECTIVA ECONÓMICA Eficiência económica = Benefícios obtidos / Investimento Ou seja: EE = 𝑷+𝑪𝒔𝒓−𝑪𝒑𝒓 𝑻−𝑪𝒓 𝑪𝒓 = produtividade vocacional; P = Custo da assistência em manutenção sem Reabilitação; Csr = Custo da assistência e manutenção após Reabilitação; Cpr = Custo da Reabilitação; Cr = Tempo de sobrevivência em anos T REABILITAÇÃO NA PERSPECTIVA FUNCIONAL - O desempenho funcional da pessoa saudável desenvolvese, sobretudo, até à idade adulta e é, actualmente, mantido ao longo de toda a vida. (Figura 1) - O desempenho funcional de um adulto que se torne incapacitado pode permanecer no nível de dependência ou pode ser apenas parcialmente recuperado, sem a reabilitação adequada seguida por um programa apropriado de manutenção. (Figura 2) 3 Figura 1 Figura 2 4 (Lei n º9/89, de 2 de Maio) Reabilitação é um processo global e contínuo que visa favorecer a autonomia pessoal para o exercício de uma actividade considerada normal: Que para além de procurar corrigir a deficiência e conservar, desenvolver ou restabelecer • as aptidões e as capacidades, envolve o aconselhamento e a orientação individual e familiar; Que pressupõe a cooperação dos profissionais; • Que compreende medidas diversificadas e complementares em domínios como, por • exemplo, os da prevenção, da reabilitação médico-funcional, da educação, da acessibilidade e mobilidade e das ajudas técnicas. Esta visão de Reabilitação (aprovada pela OMS em 1980, de acordo com amClassificação Internacional da Doença) , embora bastante abrangente, está centrada na doença e nas suas consequências: representa qualquer perda ou anomalia da estrutura ou função psicológica, fisiológica Deficiência ou anatómica; corresponde a qualquer redução ou falta de capacidades para exercer uma Incapacidade actividade de forma, ou dentro dos limites considerados normais para o ser humano; representa um impedimento sofrido pelo próprio indivíduo, resultante de uma Desvantagem deficiência ou de uma incapacidade, que lhe limita ou impede o desempenho de uma actividade considerada normal para esse indivíduo, tendo em atenção o sexo, a idade e os factores sócio- culturais. (CIF) - Classificação internacional defuncionalidade Nova versão de desvantagem Desvantagem é uma situação danosa, associada às consequências dos obstáculos com que a pessoa e os seus próximos se confrontam no quotidiano da vida, decorrentes de uma deficiência, de uma incapacidade ou de características pessoais (Hesbeen, 2003). 5 Obstáculo 1 - O que coloca a pessoa em desvantagem é a qualidade dos obstáculos. 2 - Obstáculos são todas as circunstâncias que tornam as situações prejudiciais, gravosas, insustentáveis para a pessoa. 3 - Estas situações podem ser breves, persistentes ou frequentes. 4 - Os obstáculos podem apresentar-se isolados ou juntos, pode interagir, evoluir, mudar ou desaparecer. o Tipologia dos obstáculos (potencialmente geradores de desvantagem) Ambiente físico • Ordenamento urbanístico • Localização geográfica • Arquitectura de uma casa, de uma sala ou de um posto de trabalho • Características de uma cadeira de rodas Ambiente humano • Discriminação • Constrangimentos • O peso do olhar dos outros • Comportamentos desajustados Ambiente administrativo • Procedimentos burocráticos• Mudanças frequentes • Falta de regulamentos Factores pessoais • Alterações da auto-imagem • Falta de motivação • Exigências e reivindicações exageradas • Comportamentos agressivos L e i n º 3 8 / 2 0 0 4 ( R e v o g a a l e i 9 / 8 9 ) Define as bases gerais do regime jurídico da prevenção, Habilitação, reabilitação e participação da pessoa com deficiência. Objectivos: Promoção da igualdade de oportunidades, que permita a plena participação na sociedade 1. Promoção de oportunidades de educação, formação e trabalho ao longo da vida 2. 6 .Promoção do acesso a serviços de apoio 3 Promoção de uma sociedade para todos através da eliminação de barreiras e a adopção de 4. medidas que visem a plena participação da pessoa com deficiência IMPLICAÇÕES: Esta mudança no texto legislativo não é alheia à mudança da abordagem da pessoa com • deficiência numa perspectiva individual para a perspectiva contextual, MODELO MÉDICO MODELO “SOCIAL” – “a deficiência… é um produto do contexto social, não um atributo do MODELO “SOCIAL” próprio indivíduo”. Na opinião de Hesbeen (2003), a Reabilitação poderia ser definida com a ciência e a arte da gestão dos obstáculos potencialmente geradores de desvantagem. - Analisar, suprimir, atenuar, ajudar a ultrapassar os obstáculos geradores de Objectivos desvantagem, isto é, aqueles que têm relação com os factores: - – Físico/ humano; administrativo e financeiro; Ambientais - - De esperança, de reinvestimento na sua pessoa, de reconhecimento, de Individuais autoimagem, de hábitos de vida. - - definem-se segundo os “3R”: Meios - Reeducação funcional - Reinserção social - Reintegração escolar ou profissional : - Pessoas abrangidas A pessoa com deficiência ou incapacidade. Todos os que fazem parte do seu ambiente afectivo próximo. EM SUMA É uma prática multidisciplinar que se baseia em conhecimentos científicos, com a finalidade de assegurar à pessoa deficiente ou incapacitada, bem como aos seus próximos, as acções que permitem suprimir, atenuar ou ultrapassar os obstáculos geradores de desvantagem, e que utiliza da melhor forma os recursos disponibilizados pelos meios de reeducação funcional, de reinserção social e de reintegração escolar ou profissional. 1 CANCRO DO PULMÃO Proliferação anormal de células no tecido pulmonar. 1.1. Tipos de Cancro do Pulmão Benignos (7,7%); Malignos CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS OU EPIDERMÓIDE o o mais comum no homem; o inicia-se nos brônquios; o evolução é lenta. ADENOCARCINOMA o o mais comum na mulher e nas pessoas não fumadoras; o inicia-se nos bordos exteriores do pulmão. CARCINOMAS DE GRANDES CÉLULAS o mais habitual no homem; o mais localizado à periferia do pulmão. CARCINOMA PULMONAR DE PEQUENAS CÉLULAS o muito relacionado com o tabaco; o tumor de crescimento muito rápido e de rápida extensão a outros órgãos. 1.2. Factores de risco Factores exógenos: • tabagismo • poluição ambiental • poluição profissional • factores nutricionais Factores dependentes do hospedeiro: • doenças associadas • predisposição genética • deficiências imunitárias 1.3. Sintomas e Sinais A sintomatologia depende: – localização – crescimento local – metastização sistémica. ◘ tosse ◘ hemoptises ◘ dispneia (obstrutiva) ◘ dor torácica ◘ pneumonia (febre, tosse produtiva…) ◘ pieira ◘ dificuldade respiratória 2 1.4. Diagnóstico HISTÓRIA CLÍNICA (hábitos tabágicos, profissionais, evolução dos sintomas) EXAMES COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO (raio-X, TAC, RM…) Broncofibroscopia Biópsia Análise da expectoração Biópsia aspirativa transtorácica Exame do líquido pleural Biópsia aspirativa de gânglios 1.5. Estadiamento Após o diagnóstico de cancro do pulmão: o A extensão da doença (se o cancro está localizado); o A capacidade do doente em tolerar a terapêutica preconizada. a) TAC torácica para melhor definir no tumor o seu tamanho, os limites, as relações com outros órgãos. b) Se suspeitar de lesões no abdómen (Ecografia abdominal ou uma TAC abdominal) c) Se suspeitar de lesões ósseas, (Cintigrama ósseo) d) Se suspeitar de lesões cerebrais (TAC cerebral) e) Estudo funcional respiratório f) Electrocardiograma ou Ecocardiograma 1.6. Tratamento Cirurgia Radioterapia Quimioterapia Muitas vezes utiliza-se uma combinação de tratamentos. Cirurgia: realizada qdo é provável que todo o tumor possa ser retirado. Segmentectomia (retira um pequeno segmento afectado de um lobo pulmonar) Lobectomia (retira um lobo pulmonar) Pneumectomia (remoção de todo um pulmão) 3 1.7. Diagnósticos e Intervenções de Enfermagem PRÉ-OPERATÓRIO: Autocontrole (ansiedade): – Encorajar a comunicação expressiva de emoções – Escutar a pessoa/família – Informar a pessoa/família sobre os ex. compl. de diagnóstico, período intra-operatório e intervenções no pós-operatório Défice de conhecimento demonstrado sobre a ventilação eficaz: – Ensinar e instruir a técnica da respiração diafragmática e tosse dirigida – Treinar a técnica da respiração diafragmática e a eliminar as secreções – Gerir exercícios de reeducação respiratória – Ensinar os posicionamentos a utilizar no pós-operatório PÓS-OPERATÓRIO: Limpeza ineficaz das vias aéreas Pós-operatório imediato: incentivar a pessoa a tossir, logo que recupere a consciência e que seja extubado. – Vigiar a tosse – Ensinar e instruir a técnica da tosse – Incentivar a pessoa a tossir – Ensinar a pessoa a estabilizar a área da sutura operatória – Posicionar a pessoa confortavelmente Após estabilização da P.A.: sentar a pessoa na cama, apoiar o local da incisão: – Estimular a inspirar fundo, expirar e tossir – Fluidificar as secreções (inaloterapia) – Nas primeiras 24 h: estimular a tosse de 1h/1h; depois das 24h: de 2h/2h – Estimular a usar o espirómetro de incentivo 10 vezes/h – Aspiração de secreções (SOS) Ventilação ineficaz (em grau…) Pós operatório imediato: – Posicionar a pessoa em dec. dorsal, com a cabeceira ligeiramente elevada; – Após estabilização dos SV, posicionar em Semi-Fowler, com uma almofada. – Avaliação da função respiratória – Vigiar a ventilação – Ensinar respiração diafragmática – Instruir um padrão respiratório adequado – Posicionar em Semi-Fowler 4 Dor no hemitórax… (em grau…) – Monitorizar a dor através de escala da dor – Vigiar a dor – Alternância de posicionamentos – Gerir a terapêutica analgésica – Ensinar a pessoa a apoiar a parede torácica durante a mobilização e durante a tosse Ferida cirúrgica – Vigiar a ferida cirúrgica e penso – Executar tratamento à ferida – Vigiar a eliminação de líquido através do dreno – Remover drenos e material da sutura Autocontrolo: infecção – Assistir a pessoa e identificar controlo: infecção – Informar sobre infecções – Ensinar comportamentos de adesão – Ensinar sobre condições de R de infecção, medidas para prevenção da contaminação e sinais de infecção (Dependente em grau…no) Auto-cuidado: Higiene – Assistir nos cuidados de higiene – Incentivar – Ensinar sobre técnicas e ajudas técnicas (Dependente em grau…no) Auto-cuidado: Comer e Beber – Incentivar e assistir no auto cuidado – Ensinar sobre ajudas técnicas Mobilidade diminuída (em grau…) – Incentivaralternância de decúbitos – Negociar o auto cuidado: Actividade física – Assistir na actividade física – Mobilização passiva dos membros superiores no 1º dia pós-operatório Risco de úlcera de pressão – Monitorizar o risco através de escala de Norton – Vigiar a pele e sinais de úlcera de pressão – Gerir ajudas técnicas – Executar técnicas de posicionamento 5 DRENAGEM TORÁCICA Após a recessão cirúrgica do pulmão são inseridos drenos torácicos no espaço pleural. Os tubos são ligados a um sistema de drenagem fechado de P negativa. Permite a drenagem de ar e líquido, com as finalidades: Restabelecer a P negativa no espaço pleural Ajudar a expansão do pulmão Princípios Gerais • O ar e o líquido fluem pela diferença de P. O frasco de drenagem deve estar a um nível abaixo do tórax (se estiver acima do tórax o líquido entra p/ os pulmões). • O líquido no frasco, tem como objectivo proporcionar uma barreira entre a P atmosf. e a P intra-pleural. • Na inspiração, “o selo de água”, impede que o ar atmosférico seja aspirado p/ o espaço pleural. • Na expiração o ar ou líquido do espaço pleural fluem através do sistema de drenagem p/ o frasco de drenagem. A drenagem a P negativa e favorece a expansão do pulmão. • Permite a expansão completa do pulmão e P intratorácica negativa. • Se entrar ar no sistema de drenagem, desenvolve o colapso do pulmão. • Registos. Intervenções de Enfermagem na pessoa c/ drenagem torácica • Vigiar o sistema de drenagem, mantendo-o hermeticamente fechado. • Se não existir oscilação do líquido: Verificar se a pessoa está deitada sobre os drenos; Pedir à pessoa para tossir e/ou mudar de posição. • Clampar o sistema de drenagem: Se o frasco de drenagem se quebrar; Em situações de transferência da pessoa nos diferentes departamentos hospitalares; Se o dreno sair, acidentalmente, fazer um penso compressivo e contactar o médico. DOENTE COM ALTERAÇÕES DA FUNÇÃO RESPIRATÓRIA INTERVENÇÕES DIAGNÓSTICAS DE ENFERMAGEM (A) Colheita de Informação (Anamnese) (B) Exame Físico COLHEITA DE INFORMAÇÃO 1. IDENTIFICAÇÃO - Sexo - Idade - Ocupações profissionais - Procedência 2. QUEIXA PRINCIPAL - Use perguntas como “Quando você notou pela primeira vez que não estava se sentindo bem?”, ou “O que ocorreu que o trouxe aqui hoje?”. (Como muitos distúrbios respiratórios são crónicos compare o último episódio com o anterior e verifique que medidas de alivio foram de ajuda ou inúteis). 3. HISTÓRIA PREGRESSA Doenças pulmonares prévias Doenças pulmonares na infância Doenças das vias aéreas superiores Doenças gastrointestinais Doenças cardiovasculares üü Doenças neurológicas Tempo da Doença - Aguda (< 3 semanas) - Sub aguda (3 semanas a 3 meses) - Crónica (> 3 meses) 4. HISTÓRIA FAMILIAR - Atopia – Rinite – Asma - Doença pulmonar obstrutiva crónica - Deficiências imunológicas - Tuberculose (contacto) - Neoplasia 5. HISTÓRIA OCUPACIONAL - Profissão - Todas as ocupações na vida - Local de trabalho - Exposições ocupacionais - Poeiras orgânicas - Poeiras inorgânicas - Gases 4 4 4 4 4 8 6. HÁBITOS DE VIDA - Tabagismo (Anos – maço) - Tabagismo passivo - Moradia – Local de trabalho – Lazer (Humidade, Irritantes das vias aéreas, Animais) - Estilismo 7. TERAPÊUTICA 8. SINTOMAS - Tosse ( inicio ,duração, características,...) - Dispneia (inicio, duração, factores precipitantes, efeito nas A. V. D., efeito nos hábitos de sono,...) - Expectoração - Dor torácica - Hemoptises - Sintomas Associados DISPNEIA pode objectivar-se pelo: Aumento da frequência respiratória Tiragem (retracção e afundamento supra – esternal , supra clavicular e intercostal.) Aumento do tempo expiratório Aumento de amplitude da caixa tóracica Adejo nasal Contracção e retracção exageradas da parede abdominal EXPECTORAÇÃO (caracteristicas, cheiro,...) SEROSA – fluida, incolor, espumosa (como saliva), c/ albumina (típica de edema agudo do pulmão) MUCOSA – viscosa (clara de ovo) – bronquite, pneumonia, asma (hipersecreção brônquica) PURULENTA – amarela, esverdeada, fétida HEMÁTICA – rosado, vermelho, cor de tijolo MUCO-PURULENTA – amarelo-esverdeada, opaca (muito frequente, corresponde a processos de broncopneumonia) FIBRINOSA ou MUCO-FIBRINOSA – muito viscosa (pneumococcus) PSEUDO-MEMBRANOSA – expulsão de tecidos DOR TORÁCICA (Tipo de dor, periodicidade, duração, factores desencadeantes, intensidade, localização). HEMOPTISES (Caracterização, frequência) OUTROS SINTOMAS (anorexia, emagrecimento, hipertermia, astenia...) EXAME OBJECTIVO Deve ser minucioso e feito de forma sistematizada, valorizando sempre os elementos colhidos, não esquecendo que o doente pulmonar, como aliás, qualquer doente deve ser visto como um todo. 1. SINAIS VITAIS - Pulso e frequência cardíaca - Pressão arterial - Temperatura - Respiratória 2. EXAME PULMONAR - INSPEÇÃO - Morfologia de: - CAIXA TORÁCICA (assimetrias, deformações) - COLUNA VERTEBRAL (cifose, escoliose , lordose.) - Abaulamento da caixa torácica - Outras Deformidades - Uso de musculatura acessória - Movimentos respiratórios (tipo, assimetrias respiratórias, tiragem supra - esternal e/ou intercostal , ritmo e frequência respiratória) - Alterações cutâneas (Coloração da pele e mucosas, circulação colateral, erupção cutânea, cicatrizes,..). Hipocratismo digital 3. EXAME PULMONAR - PALPAÇÃO - Expansibilidade, elasticidade, rigidez torácica - Assimetrias torácicas - Pontos dolorosos - Sensações tácteis anormais (atrito, pulsações.) - Vibrações vocais ( mantidas, aumentadas, diminuídas ou abolida) 4. EXAME PULMONAR - PERCUSSÃO Deve ser suave e rítmica, para uma melhor percepção das diferenças de sonoridade. – Som claro pulmonar – Hiper sonoridade pulmonar – Sub macicez – Macicez – Timpânico 5. EXAME PULMONAR – AUSCULTAÇÃO É possível avaliar três elementos: - CARACTERISTICAS DOS RUÍDOS RESPIRATÓRIOS - PRESENÇA DE RUÍDOS ADVENTÍCIOS - CARACTERISTICAS DA VOZ FALADA E SUSSURRADA - Sons respiratórios normais (murmúrio vesicular) - Ruídos adventícios ( crepitações, roncos, sibilos, ruídos de estase) DIAGNÓSTICAS DE ENFERMAGEM Após a análise de dados da avaliação desenvolvida, os diagnósticos de enfermagem que mais se relacionam com a disfunção respiratória são: COMPROMISSO DAS TROCAS GASOSAS; LIMPEZA INEFICAZ DAS VIAS AÉREAS; PADRÃO RESPIRATÓRIO INEFICAZ. Para além destes, outros diagnósticos de enfermagem pode encontrar-se com frequência: INTOLERÂNCIA À ACTIVIDADE; ANSIEDADE; RISCO DE ASPIRAÇÃO; COMPROMISSO DA COMUNICAÇÃO VERBAL; FADIGA; ALTO RISCO DE INFECÇÃO; DÉFICE DE CONHECIMENTOS; NUTRIÇÃO ALTERADA ( INFERIOR ÁS NECESSIDADES ORGÂNICAS); DÉFICE NO AUTO CUIDADO PERTURBAÇÃO DO PADRÃO DO SONO. 1 EXAMES COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO NAS DÇAS DO AP. RESPIRATÓRIO O pedido de exames complementares não dispensa o exame físico/observação completa do doente que irá indicar os exames a pedir começando pelos mais simples e menos invasivos. 1.1. Não Invasivos (Radiológicos/Imagiológicos) Radiografia do tórax - Orientação para outros métodos seguintes - Detecção de lesões - Detecção de derrames (decúbito lateral) Tomografia radiológica
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