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ENFERMAGEM MÉDICO - CIRÚRGICA

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CICLO DE ESTUDOS CONDUCENTE AO GRAU DE MESTRE EM 
ENFERMAGEM MÉDICO-CIRÚRGICA 
 
 
 
 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: 
a pessoa internada numa Unidade de Cuidados Intensivos 
 
 
 
 
 
Marisa Alexandra Marques 
 
 
 
Coimbra, julho 2016
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM MÉDICO-CIRÚRGICA 
 
 
 
 
 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: 
a pessoa internada numa Unidade de Cuidados Intensivos 
 
Marisa Alexandra Marques 
 
 
 
 
 
 
 
 
Coimbra, julho
Orientadora: Professora Doutora Maria Isabel Domingues 
Fernandes, Professora Coordenadora, Escola Superior de 
Enfermagem de Coimbra 
 
Dissertação de Mestrado apresentada à Escola Superior de 
Enfermagem de Coimbra para obtenção do grau de Mestre em 
Enfermagem Médico-cirúrgica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que nos tranquiliza no sono é a certeza de que 
dele retornamos. E ele nos cura 
temporariamente da fadiga pelo 
mais radical dos processos, isto é, 
arranjando para que cessemos de existir 
durante algumas horas. 
 
(Marguerite Yourcenas) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Esta investigação só foi possível de realizar com a ajuda e apoio de diversas pessoas 
que me acompanharam durante a sua execução. A essas pessoas o meu 
agradecimento e reconhecimento por todo o apoio. 
À Professora Doutora Maria Isabel Fernandes, os meus sinceros agradecimentos pelo 
apoio, disponibilidade, paciência e todo o conhecimento que me transmitiu. 
Ao Professor José Carlos Amado Martins pelo apoio dispensado durante o tratamento 
estatístico dos dados. 
Aos doentes participantes pelo tempo despendido, que contribuiu de forma decisiva 
neste estudo. 
Aos enfermeiros pela aceitação e disponibilidade demonstrada, o tempo despendido 
para a formação, a discussão e o preenchimento do instrumento de colheita de dados 
Ao Alexandre, meu marido, pelas ausências necessárias, apoio e paciência 
demostrada. 
Ao Salvador, o meu filho, pelas ausências da mãe nesta fase de crescimento tão 
importante. 
À minha família em geral, pais, irmão, cunhados, pela aceitação da minha ausência no 
desenrolar desta investigação. 
Aos meus amigos, Sónia e António, pela amizade, apoio e incentivo. 
E por fim, a todos os meus colegas e amigos que estiveram presentes nesta fase da 
minha vida, e que muito contribuíram para a consecução este estudo, com concelhos 
ou simplesmente por me ouvirem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SIGLAS 
 
CAM_ICU – Confusion Assessment Method for the Intensive Care Unit 
CI – Cuidados Intensivos 
dB – Decibéis 
D. R. – Diário da Républica 
ECG – Escala de Coma de Glasgow 
EEG – Electroencefalograma 
EMG – Electromiograma 
EOG – Electrooculograma 
NREM – Movimento não rápido dos olhos 
RASS – Richmond Agitation-Sedation Scale 
REM – Movimento rápido dos olhos 
RCSQ – Richards Campbell Sleep Questionnaire 
SPSS – Statistical Package for the Social Science 
UCI – Unidade de Cuidados Intensivos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Durante o internamento da pessoa em situação critica em unidades de cuidados 
intensivos (UCI) os despertares frequentes e a falta de estádios de sono reparadores, 
prejudicam a sua recuperação. O envolvimento dos profissionais de enfermagem, 
proporcionando intervenções promotoras de um período de sono em quantidade e 
qualidade adequadas, é fundamental para uma correta recuperação e manutenção da 
sua saúde física e emocional. 
São objetivos da investigação - identificar os fatores perturbadores do ciclo de sono na 
pessoa internada numa UCI; avaliar a perceção, da pessoa internada numa UCI, sobre 
a qualidade e quantidade do seu ciclo de sono, assim como a do enfermeiro que a 
cuidou; intervir, pela sensibilização da equipa, com vista à promoção do sono do 
doente internado numa UCI; analisar o impacto de uma atividade formativa, 
desenvolvida no seio da equipa de enfermagem, sobre a perceção da qualidade e 
quantidade de sono da pessoa internada numa UCI. 
Investigação com uma abordagem de natureza quantitativa do tipo pré-experimental. 
O sono da pessoa internada na UCI é avaliado quanto á sua qualidade e quantidade 
pelos doentes e pelos enfermeiros através da aplicação do Richards-Campbell Sleep 
Questionnaire (RCSQ). A colheita de dados ocorreu em dois momentos, antes e após 
uma atividade de formação com a equipa de enfermagem donde emergiram alterações 
a implementar na prestação de cuidados. A amostra foi definida em número de 
observações, consistindo em 60 observações dos doentes e 60 dos enfermeiros em 
cada um dos momentos. 
Em ambos os momentos, os doentes percecionam uma razoável qualidade de sono 
(RCSQ - 64.30; 66.80) enquanto, os enfermeiros percecionam uma boa qualidade 
(RCSQ - 71.00; 71.70) de sono do doente. As estratégias promotoras do sono 
implementadas acarretaram diferenças significativas ao nível do ruido na unidade, 
traduzindo-se em noites mais silenciosas. Os doentes identificam o ruído como o fator 
mais perturbador da qualidade de sono. 
Os enfermeiros avaliam mais positivamente a qualidade do sono das pessoas que 
cuidam do que os próprios. O conhecimento por parte da equipa de enfermagem, da 
avaliação que o doente crítico faz sobre a qualidade do sono e, o confronto com a 
avaliação que realiza, permitiu um espelhamento da sua práxis e conduziu à 
implementação de estratégias promotoras do sono e à melhoria do ambiente da UCI 
pela redução do nível do ruido. 
 
Palavras-Chave: Sono; Cuidados de Enfermagem; Unidade de Cuidados Intensivos; 
Pessoa em estado crítico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The recovery process of critically ill patients admitted to the Intensive Care Unit (ICU) is 
undermined by frequent awakenings and the absence of restorative sleep stages. 
Nursing professionals’ interventions, aimed at promoting adequate sleep cycles, both in 
terms of quantity and quality, are essential for the adequate recovery and maintenance 
of the patients’ physical and emotional health. 
This research study aimed at: identifying sleep-disrupting factors in ICU patients; 
assessing ICU patients and nurses’ perceptions of the patients’ sleep quality and 
quantity; raising awareness among healthcare team members so as to maximise ICU 
patients’ sleep; analysing the impact of a nursing training activity on ICU patients’ 
perceptions regarding sleep quality and quantity. 
This was a pre-experimental and quantitative research study. The ICU patient’s sleep 
quantity and quality was assessed by both patients and nurses through the application 
of the Richards-Campbell Sleep Questionnaire (RCSQ). Data were collected at two 
different observation moments, before and after the nursing training activity. This 
activity resulted in the implementation of changes to care provision. The sample size 
was determined by the number of observations, consisting of 60 patient observations 
and 60 nurse observations at each moment. 
At both observation moments, the patients reported acceptable sleep quality (RCSQ - 
64.30; 66.80), while the nurses assessed the patients’ sleep quality as good (RCSQ - 
71.00, 71.70). Patients identified noise as the main sleep-disrupting factor. The 
implementation of sleep-promoting strategies led to significant differences in noise 
levels at the ICU, which translated into quieter nights. 
Nurses have a more positive perception of patients’ sleep than the patients 
themselves. Nurses’ awareness of the critically ill patients’ assessment regarding 
sleep, when compared to their own perception, allowsthem to reflect on their practice, 
implement sleep-promoting strategies, and improve the ICU environment, particularly 
by reducing noise levels. 
 
Keywords: Sleep; nursing care; Intensive Care Unit; Critically ill patient. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 Pág. 
NOTA INTRODUTÓRIA 21 
 
PARTE I – ENQUADRAMENTO CONCETUAL 25 
 
1 – A PESSOA E O SONO 27 
1.1 – MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO PADRÃO DO SONO 28 
1.2 – FISIOLOGIA E ESTÁDIOS DO SONO 29 
 
2 – CUIDADOS INTENSIVOS – O AMBIENTE DA UNIDADE 33 
 
3 – PERTURBAÇÕES DO PADRÃO DO SONO NA PESSOA EM SITUAÇÃO 
CRITICA 
37 
3.1 – FATORES DESENCADEANTES 38 
3.2 – RESPOSTAS ORGÂNICAS ÀS ALTERAÇÕES DO PADRÃO DO SONO 41 
3.3 – AVALIAÇÃO DO PADRÃO DO SONO EM CUIDADOS INTENSIVOS 43 
3.4 – ESTRATÉGIAS DE PROMOÇÃO DO SONO 44 
 
PARTE II – ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO 47 
 
1 – O TEMA EM ESTUDO 49 
1.1 – TIPO DE ESTUDO 50 
2 – QUESTÃO E OBJETIVOS DE INVESTIGAÇÃO 51 
3 – INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS 53 
4 – POPULAÇÃO/AMOSTRA DO ESTUDO 57 
5 – COLHEITA DE DADOS 59 
 
 
 
6 – CONSIDERAÇÕES FORMAIS E ÉTICAS 63 
7 – TRATAMENTO ESTATISTICO 65 
 
PARTE III – ESTUDO EMPIRICO 67 
 
1 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS 69 
1.1 – CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES 70 
1.2 – A QUALIDADE E QUANTIDADE DE SONO – CARACTERIZAÇAO 
SEGUNDO OS PARTICIPANTES 
77 
1.3 – FACTORES PERTURBADORES DO SONO DO DOENTE 86 
 
2 – DISCUSSÃO DE RESULTADOS 89 
 
CONCLUSÃO 97 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 103 
 
APÊNDICES 
 
APÊNDICE I – Questionário sócio-biográfico aplicado ao enfermeiro 
APÊNDICE II – Instrumento de colheita de dados aplicado ao doente 
APÊNDICE III – Instrumento de colheita de dados aplicado ao enfermeiro 
APÊNDICE IV – Consentimento informado 
 
ANEXOS 
 
ANEXO I – Richards Campbell Sleep Questionnaire 
ANEXO II – Permissão para a utilização do questionário 
 
 
 
ANEXO III – Confusion Assessment Method for the Intensive Care Unit (CAM-
ICU) 
 
ANEXO IV – Escala de Coma de Glasgow (ECG) 
ANEXO V – Richmond Agitation-Sedation Scale (RASS) 
ANEXO VI – Parecer favorável da comissão de ética e conselho de 
administração 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE DE TABELAS 
 
Pág. 
Tabela 1 – Distribuição absoluta e percentual dos doentes de acordo com o 
grupo etário 
71 
Tabela 2 – Distribuição absoluta e percentual dos doentes de acordo com o 
sexo 
71 
Tabela 3 – Distribuição absoluta e percentual dos doentes de acordo com o 
estado civil 
71 
Tabela 4 – Distribuição absoluta e percentual dos doentes de acordo com o 
tempo de internamento 
72 
Tabela 5 – Distribuição absoluta e percentual dos doentes relativamente ao 
diagnóstico médico 
73 
Tabela 6 – Distribuição absoluta e percentual dos doentes relativamente ao 
estado de consciência e orientação 
73 
Tabela 7 – Distribuição absoluta e percentual dos doentes relativamente ao 
tipo de comunicação, estado de sedação e toma de medicação indutora do 
sono 
74 
Tabela 8 – Distribuição absoluta e percentual dos enfermeiros de acordo com a 
idade e o sexo 
75 
Tabela 9 – Distribuição absoluta e percentual dos enfermeiros de acordo com o 
estado civil e as habilitações profissionais 
75 
Tabela 10 – Distribuição absoluta e percentual dos enfermeiros de acordo com 
o tempo de experiência profissional total e em cuidados intensivos 
76 
Tabela 11 – Distribuição absoluta e percentual dos enfermeiros relativamente à 
frequência da formação sobre o sono 
77 
Tabela 12 – Avaliação da qualidade do sono (RCSQ) na perspetiva dos 
doentes e, comparação entre momentos 
79 
Tabela 13 – Perceção dos enfermeiros sobre a qualidade do sono (RCSQ) dos 
doentes e, comparação entre momentos 
81 
Tabela 14 – Comparação da qualidade do sono (RCSQ), na perspetiva dos 
doentes e percecionada pelos enfermeiros 
83 
Tabela 15 – Correlação da avaliação da qualidade do sono (RCSQ), na 
perspetiva dos doentes e, percecionada pelos enfermeiros 
84 
Tabela 16 – Correlação da avaliação da qualidade do sono (RCSQ), 
percecionada pelos enfermeiros, com o tempo de experiência profissional total 
e em CI 
85 
 
 
 
Tabela 17 – Distribuição absoluta e percentual dos fatores que mais 
perturbaram o sono dos doentes durante a noite 
86 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE DE FIGURAS 
 
 Pág. 
Figura 1 – Comparação entre os dois momentos de colheita de dados, da 
perceção da qualidade e quantidade de sono do doente 
 
78 
Figura 2 – Comparação entre os dois momentos de colheita de dados, da 
perceção da qualidade e quantidade de sono do doente segundo os 
enfermeiros 
80 
Figura 3 – Comparação da qualidade e quantidade de sono do doente 
segundo a perspetiva dos doentes e dos enfermeiros 
82 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
21 
 
 
 
 
 
NOTA INTRODUTÓRIA 
 
As modernas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) começam a desenvolver-se nos 
anos 60 do século XX, quando as técnicas sofisticadas de tratamento e 
instrumentação sofreram um grande avanço, implicando a necessidade de implantar 
um local nos hospitais, destinado ao atendimento de doentes graves ou em risco a 
exigirem assistência médica e de enfermagem ininterruptas, equipamentos 
específicos, recursos humanos especializados e acesso às novas tecnologias de 
diagnóstico e terapêutica (Tunlind, Granström,& Engström, 2014). 
O aspeto humano do cuidado de enfermagem é apontado por Boemer, Rossi e Nastari 
citado em Silva (2008) como um dos mais descurados neste tipo de serviço. A 
atividade diária e complexa que envolve o ambiente da UCI faz com que os 
profissionais de enfermagem, por vezes, esqueçam aspetos como o tocar, conversar e 
ouvir o ser humano que está à sua frente. 
Embora as UCI sejam o local ideal para o atendimento de doentes em estado grave, 
elas propiciam um dos ambientes mais agressivos, tensos e traumatizantes do 
hospital. O internamento numa UCI é sentido como um evento assustador e stressante 
para a pessoa pois conduz a mudanças súbitas na sua vida deparando-se com um 
ambiente novo e desconhecido que aumenta a sua vulnerabilidade e diminui 
acentuadamente o bem-estar (Meriläinen, Kyngäs, & Ala-Kokko, 2010). 
Uma das necessidades humanas básicas afetada durante o internamento de uma 
pessoa na UCI é o sono e repouso, aspeto fundamental tanto em quantidade como em 
qualidade para que recupere e mantenha a ótima saúde física e emocional. 
Durante toda a nossa vida, o tempo para dormir é rigidamente controlado por ciclos de 
sono. Estas etapas representam um ritmo orgânico interno, sincronizado com a 
alternância entre o dia e a noite, sendo influenciado por fatores internos, externos e 
sociais. 
O sono é responsável pelo bem-estar do corpo, tendo a função de restabelecer as 
energias gastas. Quando se dedica tempo para o corpo repor o vigor que se deteriorou 
durante a vigília, proporciona-se o seu rejuvenescimento, pois após um período de 
descanso enfrentam-se todos os tipos de atividades do quotidiano com mais energia, 
atenção, compreensão e concentração (Kuhn, 2008). 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
22 
 
Os distúrbios de sono são hoje considerados um problema de saúde pública pela 
elevada incidência (30 a 50% da população) e pelas graves consequências dele 
resultante (Araújo et al., 2002). 
A perturbação do sono na pessoaem situação crítica pode ter origem no stress 
psicológico associado à doença e ao ambiente dos cuidados intensivos, stress 
cirúrgico, ruído, interrupções do sono para os cuidados, fármacos, procedimentos 
dolorosos ou processos fisiológicos, excesso de iluminação e desconforto muscular e 
articular resultante do tempo confinado ao leito. São estes fatores geradores de 
distúrbios de sono que os profissionais de saúde, principalmente os enfermeiros, 
devem estar atentos e integrarem no seu plano de trabalho de modo a promoverem o 
sono das pessoas sujeita a cuidados. 
A partir deste conjunto de elementos surge o interesse na realização desta 
investigação, com o intuito de compreender o fenómeno do sono da pessoa internada 
numa unidade de cuidados intensivos e, a influência das intervenções de enfermagem 
na qualidade e quantidade de sono da pessoa em situação crítica. 
Partindo da perceção da pessoa internada na UCI e dos enfermeiros quanto à 
perturbação do sono, e do conhecimento dos fatores que causam essas perturbações, 
surge este estudo com o intuito de obter contributos para promover os padrões de 
cuidados e para o desenvolvimento da enfermagem enquanto disciplina. 
 
Questão e objetivos do estudo 
A investigação surge pela necessidade de resolver uma questão problemática que 
causa inquietação e que exige uma melhor compreensão do fenómeno observado, 
neste caso o sono da pessoa internada numa UCI, a partir da questão central de 
investigação: Como é que as práticas de enfermagem numa unidade de cuidados 
intensivos interferem com a quantidade e qualidade do sono dos doentes internados? 
Para podermos dar resposta à questão central de investigação, surgem questões 
secundárias articuladas com os objetivos delineados, de modo a compreender a 
perceção dos doentes e enfermeiros. Assim, pretende-se responder a: 
 Qual a perceção dos doentes, em relação à sua qualidade de sono? 
 Qual a perceção dos enfermeiros, em relação à qualidade do sono do (s) 
doente (s) que cuida (m)? 
 Que relação há entre a avaliação realizada por doentes e enfermeiros sobre a 
qualidade e quantidade de sono? 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
23 
 
 Qual a relação entre a experiência profissional e experiência profissional em 
cuidados intensivos dos enfermeiros e a avaliação que realizam da qualidade e 
quantidade do sono da pessoa em situação critica? 
 Que fatores são identificados, pelos doentes, como perturbadores do seu sono 
durante o internamento na UCI? 
Perante o problema definido delinearam-se objetivos alcançáveis para responder à 
questão formulada. 
São objetivos deste estudo: 
 Identificar os fatores perturbadores do ciclo de sono na pessoa internada numa 
unidade de cuidados intensivos; 
 Comparar as avaliações que doentes e enfermeiros realizam, relativas à 
qualidade e quantidade do sono dos doentes internados numa unidade de 
cuidados intensivos; 
 Intervir, pela sensibilização da equipa, com vista à promoção do sono do 
doente internado numa UCI; 
 Analisar o impacto da atividade formativa, desenvolvida no seio da equipa de 
enfermagem, na perceção da qualidade e quantidade de sono da pessoa 
internada numa unidade de cuidados intensivos. 
É uma investigação com uma abordagem quantitativa, um estudo pré-experimental, 
em que o sono da pessoa internada na UCI é avaliado, em dois momentos, quanto à 
sua qualidade e quantidade tanto pelos doentes como pelos enfermeiros. Entre os dois 
momentos de avaliação há um trabalho conjunto com a equipa, para análise das 
perceções de enfermeiros e doentes quanto à qualidade e quantidade do sono e 
implementação de eventuais mudanças na prestação de cuidados. 
A população em estudo engloba a pessoa internada numa unidade de cuidados 
intensivos, num determinado período, e os enfermeiros a exercer funções nessa 
mesma unidade. 
A investigação científica em saúde é essencial para facultar novos conhecimentos e 
avaliar a prática respondendo a questões sobre as intervenções dos cuidados de 
saúde sempre no sentido de promover qualidade dos cuidados à pessoa. 
Estruturalmente este documento encontra-se dividido em três partes: a primeira parte 
expõe o enquadramento concetual, a segunda parte descreve o enquadramento 
metodológico, e uma terceira parte onde consta o estudo empírico. 
Em relação à primeira considerou-se ser fundamental destacar aspetos relacionados 
com o sono, tais como o conceito, os fatores perturbadores e os métodos de 
avaliação. Aspetos relacionados com as perturbações do padrão do sono na pessoa 
em situação crítica, onde se faz referência ao ambiente de uma UCI, os fatores que 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
24 
 
perturbam o sono especificamente numa UCI, os métodos utilizados para avaliar o 
sono numa unidade deste tipo, assim como às intervenções de enfermagem perante o 
problema em questão. 
Relativamente à segunda parte, o enquadramento metodológico, expõe-se o tema em 
estudo, a metodologia utilizada, o procedimento utilizado para a recolha de dados, as 
considerações éticas tidas em conta e o tratamento estatístico. 
Por fim, no estudo empírico, exibe-se a apresentação e análise dos dados e a 
discussão dos resultados. 
O presente relatório de investigação termina com as conclusões, sugestões e 
limitações, onde se realiza uma síntese dos aspetos mais relevantes da investigação, 
as implicações que este trabalho teve e tem para a prática de enfermagem, e ainda as 
futuras investigações que daqui poderão surgir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PARTE I – ENQUADRAMENTO CONCETUAL 
 
Para iniciar qualquer processo de investigação o investigador tem que, em primeiro 
lugar, definir um domínio de estudo e o quadro conceptual que o define. É uma fase 
que consiste, de acordo com Creswell (2010), em definir os elementos de um 
problema, elaborando conceitos, formulando ideias e recolhendo documentação 
precisa sobre o tema. 
Só após o conhecimento do quadro conceptual é possível compreender o domínio do 
estudo e ajustar todo o processo de investigação. Assim, nos capítulos seguintes será 
realizada uma revisão da literatura sobre o fenómeno a investigar, abordando a 
fisiologia do sono e a sua importância no bem-estar da pessoa, as perturbações do 
padrão do sono, fatores desencadeantes e estratégias com vista á promoção da sua 
qualidade na pessoa em situação crítica. 
 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
27 
 
 
 
 
1 – A PESSOA E O SONO 
 
Os seres humanos passam cerca de um terço da sua vida num processo conhecido 
como o sono, que comparado com o tempo dedicado a outras necessidades humanas 
básicas tais como comer ou beber, ocupa uma parte significativa das suas vidas. O 
interesse por este tema existe desde há muitos anos e ainda hoje a verdadeira 
essência sobre este fenómeno não foi completamente capturada, permanecendo num 
estudo constante pelos diversos especialistas. Ao longo dos anos, vários conceitos 
sobre o sono foram surgindo. Para Hoeman (1996) este é “uma componente essencial 
da saúde que afeta o bem-estar e a qualidade de vida”. É um relaxamento necessário 
a todos os seres humanos, sendo um processo natural e universal de serenidade para 
restaurar as funções cerebrais (Sorensen & Luckmann, 1998). Carateriza-se por uma 
redução na perceção e na reação ao meio ambiente, em que o individuo é despertável 
por sensações táteis, auditivas e visuais. 
O interesse pelo estudo do sono,de acordo com Dinarés, Rocha e Fernandes (2004), 
tem vindo a aumentar significativamente, o que tem conduzido a descobertas sobre 
este complexo fenómeno e sobre a sua importância para a recuperação da pessoa 
doente. 
O sono e repouso enquanto necessidade é conceituada por Dorland (1981), como um 
estado de bem-estar isento de sentimentos, ansiedade ou medo. É algo que se efetua 
para obter a sensação de repouso e regeneração dos processos do organismo. 
Definindo-se como um período de repouso durante o qual a volição e a consciência 
estão em inatividade parcial ou completa, e as funções corporais estão parcialmente 
suspensas. 
É um estado comportamental reversível de rutura percetual e ausência de resposta ao 
meio ambiente, fundamental para a recuperação em situação de doença e 
manutenção de uma boa saúde física e emocional. 
Mais recentemente Silveira, Bock, e Silva (2012), classificam o sono como um estado 
de consciência particular, bastante diferente do coma ou situação anestésica, pois 
traduz-se num estado que surge de forma espontânea, reversível e recorrente. 
Tendo em conta o conjunto de conceitos apresentados, pode afirmar-se que o objetivo 
do sono é permitir que o corpo se regenere e rejuvenesça. 
Referenciando o sono como uma necessidade humana básica, Dinarés et al. (2004), 
identificam-lhe diversas funções relevantes para o organismo, entre elas destacam: a 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
28 
 
produção e a conservação de energia; um papel fundamental nos processos de 
crescimento e de renovação celular; manutenção de mecanismos que detetam 
doenças do sistema imunitário; estabilização do humor; regulação da temperatura 
corporal; melhoria do fluxo sanguíneo; controlo das funções respiratórias e promoção 
do bem-estar mental e emocional. 
As causas mais frequentes dos problemas do ciclo sono-vigília segundo Martins, Mello 
e Tufik (2001) dizem respeito à sua fragmentação, à inadequada quantidade e 
qualidade e à restrição. Tendo como consequências a redução do tempo de reação, a 
redução da atenção, o défice de memória, o aumento da irritabilidade e as alterações 
metabólicas e endócrinas. 
 
 
 
1.1 – MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO PADRÃO DO SONO 
 
O sono é avaliado em termos de quantidade, qualidade, continuidade e distribuição 
nas 24 horas do dia (Khalil, 2008), a partir de vários métodos, entre eles a 
polissonografia, a actigrafia de pulso e a perceção do doente e do enfermeiro. 
A polissonografia é para Turpin (1990) a abordagem mais objetiva e de longe a que 
mais informação nos faculta acerca do sono, sendo também a mais utilizada. No 
mesmo sentido e mais recentemente, Campos (2003) refere que a polissonografia é o 
método mais objetivo de avaliação, quantificando e qualificando o sono da pessoa, 
designando-se como o método de diagnóstico padrão-ouro. Este método efetua-se 
através do registro contínuo de três parâmetros, o eletroencefalograma (EEG) que 
classifica o sono em estádios, o eletrooculograma (EOG) que mede a atividade dos 
olhos e permite afirmar em que estádio está a pessoa, e do eletromiograma (EMG) 
sub-mentoniano. A saturação de oxigénio arterial, frequência respiratória e pressão 
arterial são também avaliações importantes, de acordo com Khalil (2008), assim como 
o eletrocardiograma, fluxo aéreo e esforço respiratório (Perin, 2012). 
A avaliação do sono da pessoa estudada é estimada por um período de 6 a 8 horas 
em laboratório, e tem por base o padrão das ondas cerebrais (EEG), a atividade 
muscular mentoniana (EMG) e a atividade dos olhos (EOG) a cada período de 20 
segundos a 2 minutos (Perin, 2012). 
A actigrafia de pulso consiste, segundo Togeiro e Smith (2005), numa técnica de 
avaliação do ciclo sono-vigília pelo registo da atividade motora através dos 
movimentos dos membros durante 24 horas, recorrendo ao uso de um dispositivo 
semelhante a um relógio. Através desta técnica, são obtidas informações como o 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
29 
 
tempo total de sono, tempo total de vigília, número de despertares e latência para o 
sono. 
Quando comparada com a polissonografia, a actigrafia é tida como um método de 
menor custo e que permite a sua utilização em ambiente natural, como o domicílio da 
pessoa a estudar. 
Outro dos métodos utilizados para a avaliação do sono é a perceção do doente e do 
enfermeiro, através da aplicação de questionários ou entrevistas. Usando este método 
de avaliação, alguns estudos, entre eles os de Aurell e Elmqvist, citado em Khalil 
(2008) demonstram que o tempo de sono dos doentes, quando avaliado pelos 
enfermeiros, é mal interpretado e consistentemente superestimado. Quando há 
avaliação através da perceção do próprio doente, esta poderá estar sujeita a viés de 
memória principalmente nos que necessitam de internamentos prolongados (Novaes 
et al., citado em Khalil, 2008). 
 
 
 
1.2 – FISIOLOGIA E ESTÁDIOS DO SONO 
 
O sono é um fenómeno complexo envolvendo processos organizados - circadiano e 
homeostático. O processo circadiano é regulado através do núcleo supraquiasmático 
do hipotálamo e possui como função a regularização do tempo de sono consolidando 
o ciclo sono-vigília. Desenvolve-se em 24 horas em que o indivíduo alterna sono e 
vigília, podendo ser influenciado por diversos fatores externos, como a postura, o 
exercício ou a luz, que desviam o ritmo desfragmentando-o (Martins et al., 2001; 
Bertolazi, 2008). 
Este processo circadiano é influenciado por ritmos endógenos e exógenos, em que os 
primeiros são provenientes do interior do organismo e os segundos provenientes de 
exterior desse mesmo organismo (Urden, Stacy & Lough, 2008). O ciclo de luz e 
escuridão são ritmos exógenos que regulam a produção de hormonas supra-renais, 
como o caso da melatonina que tende a desenrolar-se em sintonia com o sono-vigília. 
O processo homeostático de regulação do sono relaciona-se com a quantidade de 
sono que o indivíduo apresenta na sua rotina diária, dependendo da quantidade e 
qualidade dos episódios de sono. Ou seja, quando o indivíduo está privado de 
episódios de sono adormece mais rapidamente independentemente da fase circadiana 
em que se encontra (Urden et al., 2008; Bertolazi, 2008). 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
30 
 
Este processo homeostático de regulação do sono funciona em conjunto com o 
processo circadiano de modo a assegurar ao indivíduo um ótimo sono, tanto em 
quantidade como em qualidade. 
O avanço do conhecimento acerca do sono foi possível a partir do domínio sobre o 
registo das ondas cerebrais por EEG, permitindo a discriminação clara entre vigília e 
sono, bem como, entre os seus diferentes estádios. Tal conhecimento culminou, ao 
longo do século XX, com o desenvolvimento de registos poligráficos, para o 
esclarecimento da fisiologia do sono (Fernandes, 2006). 
Foi em 1929 que Hans Berger observou os primeiros registos da atividade elétrica do 
córtex cerebral, e que foram designados por EEG. Mais tarde, em 1937, Harvy e Lomis 
desenvolveram um estudo em seres humanos que consistia no registo do EEG 
durante toda a noite. Neste demonstrou-se que o ciclo de sono se desenrola numa 
alternância espontânea de diferentes estádios, diferenciados pelos padrões no EEG. 
Esta demonstração veio culminar na classificação do sono em estádios que 
comporiam o designado sono NREM (de movimentos não rápidos dos olhos). A 
descoberta e caraterização do sono REM (de movimentos rápidos dos olhos) por 
Aserinsky e Kleitman em 1953, foi o grande passo da investigação do sono como 
fenómeno biológico (Martins et al., 2001; Bertolazi, 2008; Perin, 2012). 
A investigação objetiva por meios auxiliares de diagnóstico identificou duas fases no 
sono: a de movimentos não rápidos dos olhos constituída por quatro estádios,e a de 
movimentos rápidos dos olhos. Esta designação para as duas fases do sono deve-se 
essencialmente a uma característica observada no EOG, onde se verifica que o sono 
REM é acompanhado de movimentos intensos oculares, em oposição ao que se 
verifica no sono NREM, onde os movimentos dos olhos, caso existam, são lentos 
(Dinarés et al., 2004). 
O sono REM corresponde a 25% de uma noite de sono, e o sono NREM corresponde 
a 75% de uma noite de sono e é caracterizado pelo relaxamento gradual. 
Assim, o período de sono no ser humano é dividido em sono REM e em sono NREM, 
composto por 4 estádios, o estádio 1 conhecido como estádio de transição, 
caracteriza-se por um sono leve, em que o individuo está relaxado e pouco reativo a 
estímulos externos, embora ainda facilmente despertável (Honkus, 2003; Urden et al., 
2008) e ocupa cerca de 2 a 5% da noite de sono (Sorensen & Luckmann, 1998); o 
estádio 2 ocupa de 45 a 55% de uma noite de sono, tornando-se cada vez mais 
profundo com aumento do limiar necessário para o despertar; o estádio 3 é 
caracterizado por um sono muito mais profundo sendo o individuo mais difícil de 
despertar, com baixa atividade e movimentos oculares ausentes, ocupando cerca de 
8% da noite de sono; o estádio 4, de sono mais profundo, surge após 15-20 minutos 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
31 
 
sendo o individuo dificilmente despertável e ocupa 15% da noite (Sorensen & 
Luckmann, 1998). 
O sono NREM exibe a progressão da profundidade do sono e é fisiologicamente 
tranquilo ocorrendo uma diminuição da frequência cardíaca e respiratória, diminuição 
da pressão arterial e débito cardíaco, relaxamento muscular, movimentos oculares 
raros, dissipação periférica do calor conduzindo ao aumento da transpiração e redução 
da taxa metabólica basal. Como consequência da diminuição da temperatura e 
atividade cerebral, este estádio de sono conduz a um menor gasto de energia, a uma 
redução do metabolismo cerebral e à facilitação dos processos imunológicos (Martins 
et al., 2001; Perin, 2012). 
O sono REM é conhecido como sono ativo ou paradoxal, pois é nesta fase que 
algumas das áreas do cérebro estão bastante ativas e outras estão suprimidas. Esta 
fase do sono é caracterizada por intensa atividade no EEG, movimentos oculares 
rápidos, e atonia muscular. Verifica-se aumento e irregularidade da frequência 
cardíaca e respiratória, aumento da pressão arterial, aumento do fluxo sanguíneo 
cerebral, aumento da temperatura cerebral e aumento do consumo de oxigénio 
(Martins et al., 2001; Perin, 2012). 
Alguns autores designam o sono REM por “Estádio dos Sonhos”, pois é aquele em 
que ocorrem sonhos mais dramáticos a partir de experiências vividas e bizarras 
contendo componentes auditivos e emocionais. Contudo é a fase NREM que é 
caracterizada pela atividade onírica, embora os sonhos sejam menos dramáticos e 
mais realistas (Sorensen & Luckmann, 1998). Quando a pessoa é acordada durante o 
seu sono, em 70% dos casos relata o conteúdo do sonho se for acordada durante o 
sono REM, e apenas relata pensamentos e imagens quando acordada durante o sono 
NREM (Martins et al., 2001). 
O sono desenvolve-se, dependendo do tempo total de sono da pessoa, entre quatro a 
seis ciclos de sono por noite. Este ciclo inicia-se na passagem da vigília para o estádio 
1 do sono NREM progredindo para o estádio 2. A partir daqui ocorre progressivamente 
o aprofundar do sono surgindo os estádios 3 e 4 sucessivamente, regredindo para o 
estádio 2, altura em que a pessoa entra no sono REM. Este processo até ao sono 
REM demora cerca de 90 minutos, sendo que este estádio apenas tem a duração de 2 
a 10 minutos. É este momento que delimita o final do primeiro ciclo de sono, tendo 
inicio então o segundo ciclo com o ressurgimento do estádio 2 e seguintes estádios 
(Bertolazi, 2008). 
As opiniões entre autores diferem quanto à duração dos ciclos do sono, Urden et al. 
(2008) referem que o primeiro ciclo de sono dura geralmente 70 a 100 minutos e os 
seguintes entre 90 a 120 minutos, enquanto que Sorensen e Luckmann (1998) 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
32 
 
afirmam que a extensão do ciclo do sono é cerca de 60 a 120 minutos sendo a média 
de 90 minutos. Mas estão de acordo quanto à proporção ocupada por cada estádio. 
Não existe um número de horas específicas para garantir um sono com qualidade, 
pois são diversos os fatores que o influenciam, tais como, a idade, o ritmo circadiano, 
a temperatura corporal, a utilização de fármacos e doenças associadas (Bertolazi, 
2008). Com o aumento da idade o sono tende a alterar-se, aumentando os episódios 
de estádios 3 e 4 NREM e diminuindo o sono REM, o que se traduz num sono pouco 
repousante e dividido durante o dia com pequenas sestas (Urden et al., 2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
33 
 
 
 
 
2 – CUIDADOS INTENSIVOS – O AMBIENTE DA UNIDADE 
 
As UCI’s são serviços hospitalares que se caracterizam por serem unidades 
complexas, altamente apetrechadas tecnologicamente cujo objetivo é apoio, 
monitorização e tratamento de pessoas em situação critica considerada 
potencialmente reversível (Administração Central do Sistema de saúde, 2013). 
A evolução destas unidades passou pelo avanço tecnológico e científico que 
impulsionou a gestão hospitalar a organizar os seus cuidados por diversas e 
diferenciadas áreas de trabalho, com o intuito de promover uma maior eficiência do 
uso de recursos materiais e humanos. As UCI´s nasceram então, pela necessidade de 
concentrar e aperfeiçoar os recursos humanos e materiais existentes no cuidar à 
pessoa em situação critica, de modo a oferecer uma monitorização e vigilância 
permanente (Vila & Rossi, 2002; Tunlin et al., 2014). 
Já Florence Nightingale, na Guerra da Crimeia em 1854, dividiu os soldados feridos 
durante a guerra segundo o seu grau de dependência em cuidados de enfermagem, 
tendo a preocupação de dispor os mais graves junto às áreas de trabalho das 
enfermeiras, de modo a proporcionar uma maior vigilância e melhor cuidado, 
aumentando assim a sua probabilidade de recuperação (Malta e Nishide, citado em 
Silva, 2011; Oliveira, 2011; Vincent, 2013). 
Mais tarde, em 1923, Walter Dandy criou uma unidade específica de doentes 
neurocirúrgicos em pós-operatório, e na década de 40 foi a vez da criação de 
unidades de queimados após um incendio em Boston. Já na década de 50, durante a 
epidemia de poliomielite, foram criadas unidades de assistência intensiva com técnicas 
modernas de ventilação mecânica prolongada (Ribeiro, Silva & Miranda, 2005; Malta e 
Nishide, citado em Silva, 2011; Oliveira, 2011). É a partir da década de 60 que surgem 
as primeiras unidade destinadas aos doentes portadores de doença cardíaca, assim 
como, as unidades especializadas em obstetrícia, neonatologia e pediatria, bem como 
o funcionamento da primeira UCI em Portugal. 
Pode afirmar-se que nos últimos 50 anos temos assistido ao aparecimento e 
desenvolvimento da área da saúde mais marcante como as UCI’s (Portugal, 2003). 
Estas unidades destinam-se à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento de doentes 
em situação crítica com falência de uma ou mais funções vitais, sendo estas 
potencialmente reversíveis. Mais recentemente, Gomes (2009) define UCI como “… o 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
34 
 
local onde estão reunidos meios humanos e tecnologia sofisticada que permitem a 
vigilância e a terapêutica das situações clínicas potencial ou realmente graves”. 
Para Portugal (2003) as UCI’s são locais qualificados para prevenir e reverter falências 
com implicações vitais, assumindo a responsabilidade total por doentes com 
disfunções.Estas unidades têm vindo a progredir em número devido ao alargamento 
dos critérios de admissibilidade, aos melhores e mais rápidos recursos existentes intra 
e extra-hospitalar e ainda devido ao avanço noutras áreas médicas. 
As UCI’s, segundo o mesmo autor, explicam-se e identificam-se em função de três 
critérios majores: 
 A prática – assente na continuidade, durante as 24 horas do dia e em função 
das necessidades do doente, de ações e procedimentos para assegurar a 
monitorização, avaliação, diagnóstico e tratamento; 
 A avaliação – executada em harmonia com a função atribuída a cada UCI. É 
pela análise de diversas variáveis (a natureza dos doentes admitidos, a taxa de 
sobrevida, a capacidade de recuperação das funções vitais, a disponibilidade e 
a capacidade para acorrer às necessidades) bem como pela avaliação do 
respetivo desempenho, que se definem os recursos necessários para cada 
UCI; 
 A investigação – consiste em promover a qualificação dos desempenhos 
organizacionais, através da monitorização contínua dos doentes, num contexto 
multidisciplinar de diagnóstico e avaliação de resultados, permitindo assim, 
compreender a doença, acumular experiência, sistematizar e enriquecer 
saberes. 
Tem sido diversa a terminologia utilizada para caracterizar o nível de assistência 
médica das UCI’s. A Sociedade Europeia de Medicina Intensiva citada por Portugal 
(2003) e por Valentin & Ferdinande (2011) caracteriza este tipo de serviço de acordo 
com as técnicas utilizadas e as valências disponibilizadas pela respetiva área 
hospitalar, abordando três níveis de classificação: 
 Nível I – visa a monitorização normalmente não invasiva, assegurando a 
reanimação de doentes e articulação com outros serviços ou unidades de nível 
superior; 
 Nível II – visa a monitorização invasiva e suporte de funções vitais, podendo ou 
não proporcionar acesso a meios de diagnóstico e especialidades 
diferenciadas pelo que deve garantir a articulação com unidades de nível 
superior e a presença de médico com formação; 
 Nível III – visa acesso aos meios de monitorização, diagnóstico e terapêutica. 
Deve implementar medidas de controlo contínuo de qualidade e programas de 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
35 
 
ensino em cuidados intensivos. Deve ainda, possuir equipas funcionalmente 
dedicadas (médicos e enfermeiros) e assistência médica qualificada em 
presença física 24 horas por dia. São as UCI’s dos hospitais com urgência 
polivalente. 
O internamento numa UCI é, para Portugal (2003), um tempo transitório para os 
doentes em risco de vida, sendo parte de um processo e não o fim dele. Esse 
processo começa no momento inicial do motivo que levou a pessoa à unidade, inclui o 
internamento e continua após a alta. 
Embora a UCI seja o local ideal para o atendimento de doentes em situação crítica 
recuperável, ela oferece um dos ambientes mais agressivos, tensos e traumatizantes 
de um hospital (Vila & Rossi, 2002). 
A hospitalização provoca no doente uma fragilidade humana e com ela uma 
destabilização emocional e inquietação, sofrendo um processo de “separação do 
mundo” que condiciona o aparecimento de mudanças significativas tanto nos hábitos 
de higiene, como na alimentação, eliminação, sono e repouso, afeto e interação social 
(Ribeiro et al., 2005). 
O processo de hospitalização é por si só, de acordo com Ribeiro et al. (2005), uma 
experiência de vida stressante para o doente e família, pela indefinição do futuro e 
incerteza do diagnóstico que causam uma destruturação física e psicológica. À medida 
que o internamento se complica e evidencia a possibilidade de ir para uma UCI a 
reação é de medo, tanto pelo ambiente físico como pelo confronto com a morte, a 
presença ou ausência da família, a qualidade dos cuidados e a humanização do 
cuidar. 
O doente internado em UCI´s necessita de cuidados de excelência dirigidos não 
somente às questões fisiopatológicos mas também a questões psicossociais, 
ambientais e familiares, que tanto permanecem ligadas à doença física. O enfermeiro 
da UCI deve tomar decisões baseadas na compreensão das condições fisiológicas e 
psicológicas (Vila & Rossi, 2002), nunca esquecendo que cuidar não é um ato único 
nem a soma dos procedimentos técnicos ou qualidades humanas, é sim o resultado de 
um processo em que se integram valores, sentimentos, atitudes e princípios 
científicos, com o objetivo de satisfazer os indivíduos envolvidos (Silva, Sanches & 
Carvalho, 2007). 
Pode concluir-se que uma UCI é um ambiente diferenciado que visa a manutenção da 
vida e recuperação da saúde da pessoa, que necessita de cuidados complexos e 
especializados, pelo seu estado de doença. Possui diversos recursos tecnológicos e 
uma equipe multidisciplinar constantemente presente. A alta tecnologia presente e o 
ambiente muito próprio, onde se integra a mais sofisticada intervenção das equipas no 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
36 
 
combate à doença que ameaça a vida, causa medo e stress tanto nos doentes como 
nos familiares e profissionais, cabendo a estes últimos prevenir ou atenuar esses 
medos a partir do trabalho desenvolvido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
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3 - PERTURBAÇÕES DO PADRÃO DO SONO NA PESSOA EM SITUAÇÃO 
CRÍTICA 
 
Segundo o D.R. II Série. Nº 35 (2011) a pessoa em situação crítica “ é aquela cuja 
vida está ameaçada por falência ou eminência de falência de uma ou mais funções 
vitais e cuja sobrevivência depende de meios avançados de vigilância, monitorização e 
terapêutica.” 
A pessoa em situação crítica necessita de internamento em unidades específicas e 
com meios adequados ao seu quadro clínico como as UCI´s. Este internamento, é 
sentido como um evento assustador e stressante para a pessoa pelas mudanças 
súbitas na sua vida, pelo ambiente novo e desconhecido, desencadeador do aumento 
da vulnerabilidade e da diminuição acentuada de bem-estar. 
Uma das necessidades humanas básicas afetada durante o internamento na UCI é o 
sono e repouso. Contudo, está largamente documentado que a recuperação do doente 
crítico e a manutenção de uma ótima saúde física e emocional, estão associadas à 
adequada quantidade e qualidade do sono (Pisani et al., 2015). 
A perturbação do sono na pessoa em situação crítica define-se como a insuficiência 
na duração dos estádios do sono que resulta em desconforto e interfere com a 
qualidade de vida. Uma contínua falta de sono restaurador ao longo do tempo resulta 
em sequelas físicas e cognitivas (Tembo, Parker & Higgins, 2013). 
A privação do sono foi reconhecida por Nesbitt e Goode (2014) como uma 
complicação recorrente que emana das práticas de uma UCI. Autores como Gabor, 
Cooper e Hanly (2001) e Tembo et al. (2013) também consideram que a perturbação 
do sono na UCI é um fenómeno que tem vindo a ser observado e documentado há 
cerca de 30 anos e considerado como um fatores stressante para o doente, impedindo 
a sua total recuperação. Vários estudos têm sido desenvolvidos, e demonstram que a 
exposição ao ambiente de uma UCI consistentemente resulta em reduzida eficiência 
do sono. 
De forma similar Sousa e Veludo (2012) e Delaney, Van Haren e Lopez (2015) 
concluem que as alterações do padrão de sono dos doentes internados em UCI são 
recorrentes e podem originar disfunções fisiológicas e psicológicas que conduzem ao 
aumento da morbilidade e mortalidade. 
O sono é tido como um processo ativo e fundamental, pois quando um doente crítico é 
privado do tempo total de sono necessário vão registar-se intercorrências não só no 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
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processo de cura, comotambém em toda a sua sobrevivência (Nesbitt & Goode, 
2014). 
A monitorização e os tratamentos invasivos, juntamente com os sintomas da doença e 
o meio ambiente ruidoso proporcionam desconforto ao doente, incluindo a 
incapacidade de dormir (Ferrie et al., citado em Elliot, McKinley & Cistulli, 2011). 
Sendo o sono considerado física e psicologicamente restaurador, essencial para a 
recuperação e cura da doença, os efeitos adversos de um sono de má qualidade 
devem ser entendidos para evitar sequelas a curto e longo prazo. No estudo de Sousa 
e Veludo (2012) sobre as perturbações do padrão do sono do doente, as alterações da 
qualidade do sono assentam fundamentalmente em aspetos como o ambiente 
envolvente e o comportamento da equipa multidisciplinar. 
Num estudo recente de Hopper, Fried e Pisani. (2015), os utentes referem um sono 
fragmentado, com múltiplos despertares, ausência de fases do sono, perda de sono 
restaurador e consequentemente perda do ritmo circadiano, promovendo a fadiga e 
traduzindo-se num aumento do medo e ansiedade. 
No estudo de Silveira et al. (2012), cerca de 60% dos doentes que passam por um 
internamento em cuidados intensivos, referem distúrbios do sono fundamentalmente 
atribuída à sua má qualidade durante a hospitalização. Resultados similares são 
apresentados por Nesbitt e Goode (2014). Assim, e tendo em conta a gravidade da 
privação do sono, há necessidade de sensibilizar e educar os profissionais de saúde 
para a necessidade de implementar medidas que minimizem os fatores perturbadores 
do sono e melhorem a qualidade deste nas pessoas que cuidam durante a 
hospitalização. 
 
 
 
3.1 – FATORES DESENCADEANTES 
 
A literatura sugere que a perturbação do sono em doentes internados em UCI surge 
devido a uma combinação entre fatores intrínsecos (relacionados com a pessoa) e 
extrínsecos (relativos à unidade), influenciando-os de diferentes formas (Pisani et al., 
2015). A qualidade do sono é influenciada pela gravidade da patologia, pelo impacto 
causado no doente, dor, desconforto, procedimentos médicos e de enfermagem, 
ventilação mecânica, ambiente das unidades e medicação (Silveira et al., 2012; 
Tembo et al., 2013). 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
39 
 
Como fatores extrínsecos Elliot et al. (2011), apresenta o ruído, a temperatura 
ambiente e a iluminação e como fatores intrínsecos o padrão de sono habitual do 
doente, a patologia clínica e fatores psicológicos como a ansiedade. 
Outros autores como Dinarés et al. (2004) concluíram que os equipamentos foram o 
fator externo mais citado enquanto o medo foi o fator interno. Recentemente, num 
estudo qualitativo de Tembo et al. (2013), os doentes referem uma angústia pela 
ausência de sono assim como pela presença constante de pesadelos, causados pelo 
medo da morte, pelo receio de não acordar e consequentemente a diminuição da 
qualidade e quantidade de sono. 
A dor e o desconforto são fatores citados por Tembo e Parker (2009). A dor é 
atribuída aos procedimentos médicos e de enfermagem, enquanto o desconforto é 
atribuído às camas hospitalares desconfortáveis, à posição não habitual que a pessoa 
assume na cama, isto é, uma posição que lhe causa desconforto, à temperatura da 
unidade, e à impossibilidade de realizar o seu ritual antes de dormir. Promover o alívio 
da dor e o conforto deve ser uma prioridade nos cuidados, no entanto, a avaliação 
desta resposta pode ser complexa, em doentes críticos, especialmente naqueles que 
apresentam “barreiras à comunicação”. 
Subjacente à doença, a medicação mais frequentemente utilizada em cuidados 
intensivos com o intuito de melhorar o desconforto, melhorar a sincronia 
doente/ventilador, diminuir a dor e ansiedade também influenciam o padrão de sono. 
Drogas como as benzodiazepinas, antibióticos, opiáceos, antipsicóticos e 
corticosteroides, assim como os vasopressores noradrenalina e adrenalina podem ter 
um impacto negativo na qualidade e arquitetura do sono. Por outro lado, a suspensão 
da sedação pode provocar insónia e fragmentação do sono de acordo com Elliot et al. 
(2011) e Silveira et al. (2012). 
O acumular das drogas no organismo do doente atrasa a extubação prolongando, 
assim, o internamento em cuidados intensivos, aumentando o risco de complicações 
associadas à ventilação e podendo levar ao delírio (Ogundele e Yende apud Tembo et 
al. (2013)). 
Respeitante a este tema, são vários os autores que referem a possibilidade de 
melhoria a longo prazo implementando uma interrupção diária da sedação e não uma 
sedação contínua. Contudo, também são vários os estudos que concluem que as 
melhorias a longo prazo se verificam apenas na redução do stress pós-traumático e 
nos dias de internamento, e não na qualidade de sono do doente. 
A assincronia entre doente e ventilador é identificada por Dinarés et al. (2004) como 
fator de distúrbio do sono, enquanto Khalil (2008) considera que a causa da 
fragmentação do sono poderá não estar na ventilação mecânica em si mas na 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
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gravidade da patologia, que exige tubo endotraqueal, aspiração de secreções e 
restrição física, assim como, na necessidade de sedação e analgesia que pode 
interferir no padrão de sono. 
Os aspetos relativos à ventilação também são abordados por Drouot, Cabell, d’Ortho e 
Brochard (2008) e Silveira et al. (2012), quando constatam que alguns modos 
ventilatórios como a pressão de suporte prejudicam menos o sono do doente que a 
ventilação assistida. Contudo, referindo conclusões de outros autores, Pisani et al. 
(2015) consideram que a “pressure support ventilation allows patients to determine 
their own respiratory rate and tidal volume, there are descriptions of central apneas 
when using this mode of ventilation” e assim “nocturnal proportional assist ventilation 
resulted in fewer episodes of patient–ventilator dyssynchronies and was superior to 
pressure support ventilation in relation to sleep quality” (p.734). 
O ruído surge como um dos fatores com maior impacto nos doentes de cuidados 
intensivos. Numa UCI o ruído provém de múltiplas fontes como o toque do telefone, 
alarme dos equipamentos, ventiladores, televisão, conversas entre os profissionais, 
entre outros. Segundo Nesbitt e Goode (2014) a Organização Mundial de Saúde 
recomenda que os níveis de ruído, nos quartos dos doentes, não devem ultrapassar 
os 35 decibéis (dB). Contudo, são vários os estudos que concluem que o ruído dos 
quartos chega a atingir os 55 dB em 70 a 90% do tempo, entre eles, o de Meriläinen et 
al. (2010) que documenta um nível de ruído na unidade, ao longo do dia, a oscilar de 
48 a 81 dB. 
Numa revisão da literatura Tembo e Parker (2009) concluíram que o aumento do ruído 
numa UCI traduz-se no inicio de uma sequência de alterações fisiológicas como 
aumento da tensão arterial, dilatação das pupilas, aumento da tensão muscular, 
estimulação do sistema simpático conduzindo assim, à libertação de adrenalina, 
impedindo o relaxamento e consequentemente o adormecer. 
Apesar de ser um dos fatores mais referido, vários estudos citados por Tembo e 
Parker (2009) argumentaram que o grau de ruído afeta a qualidade mas não a 
quantidade de sono. Enquanto, Stanchina, Abu-Hijleh, Chaudhry, Carlisle e Millman 
(2005) contrariam esse argumento, dizendo que a elevação do nível de ruido associa-
se à redução da quantidade e qualidade do sono através da fragmentação deste e 
redução dos períodos de sono N-REM, promovendo uma lentificação na recuperação 
clínica. 
A diminuição dos níveis de iluminação noturna e uma boa noite de sono são 
essenciais para o restabelecimento do indivíduo. Assim, a iluminação da UCI também 
é considerada como fator perturbador do sono. A quantidade de luz interfere com o 
ritmo circadiano pela interferência na secreção da melatonina quese efetua com o 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
41 
 
aparecimento da noite. Quando em cuidados intensivos a iluminação não é reduzida a 
secreção da melatonina não acontece o que provoca alterações no padrão do sono 
(Drouot et al., 2008). Os níveis de iluminação noturna, de acordo com Pisani et al. 
(2015) “as low as 100 to 500 lux can affect melatonin scretion, and nosturnal levels 
between 300 to 500 lux may disrupt the circadian pacemaker” (p. 734). 
A prestação de cuidados por parte dos enfermeiros também interfere com o padrão 
de sono, de acordo com Gabor et al. (2003), pois durante a noite, o sono é 
interrompido pelos enfermeiros para administração de medicação, posicionamentos, 
avaliação de sinais vitais, entre outros. Tembo et al. (2013,) citando Olsen et al, 
afirmam que as intervenções de enfermagem noturnas levam a altos níveis de 
perturbação do sono, concluindo que uma redução das intervenções de enfermagem 
noturnas está positivamente associado à promoção do sono. 
Sousa e Veludo (2012) e Tembo et al. (2013) consideram que embora se tomem 
medidas para prevenir/aliviar a privação do sono dos doentes críticos na UCI, 
reduzindo o ruido, a luz, as intervenções de enfermagem e se adequem os modos 
ventilatórios na ventilação mecânica, os doentes continuam a sofrer de privação do 
sono, pois a grande causa advém da doença em si e da medicação administrada. De 
forma díspar e, partindo dos resultados de investigações realizadas por outros autores, 
Pisani et al. (2015) concluem sobre a importância da implementação em UCI de 
protocolos de intervenções promotoras do sono. Estes exigem mudanças na cultura da 
unidade e instituição de forma individualizada integrando assim os fluxos de trabalho 
mas também a educação da equipa de profissionais de saúde que ali trabalham e a 
monitorização do desempenho e do grau de implementação do protocolo. 
Mais recentemente, foi constatado por Hopper et al. (2015), num estudo de 
identificação de fatores perturbadores do sono mencionados pelos profissionais de 
saúde, que estes compreendem a importância do sono embora questionem se a 
implementação de medidas de promoção do sono serão efetivamente eficazes na 
melhoria do estado clinico do doente crítico. 
 
 
 
3.2 – RESPOSTAS ORGÂNICAS ÀS ALTERAÇÕES DO PADRÃO DO SONO 
 
O principal problema das alterações do padrão do sono é a sua insuficiente 
quantidade e qualidade, e está geralmente associada a perturbações físicas ou 
psicológicas subjacentes. Os benefícios do sono passam despercebidos até que se 
manifestem problemas resultantes da sua privação como as alterações dos reflexos, 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
42 
 
da memória, do equilíbrio, da tolerância à dor e da capacidade de atenção. A 
gravidade dos sintomas físicos e psicológicos é altamente variável e está relacionada 
com o tempo de privação do sono, a idade do doente, a sua personalidade, motivação 
e fatores ambientais. 
A privação do sono provoca: alteração do estado mental, mais conhecida como 
psicose da UCI; diminuição da tolerância á glicose; diminuição das concentrações de 
tirotrofina; aumento da produção de cortisol ao fim da tarde; aumento da atividade do 
sistema nervoso central; alterações de humor e fadiga; irritabilidade crescente e 
sentimentos de perseguição (Urden et al., 2008). 
Para Tung e Mendelson, citado em Saldaña, Colmenares e Beltrán (2014) os fatores 
perturbadores do sono desencadeiam uma desregulação metabólica e endócrina 
interferindo com o sistema imunológico e consequentemente tornando o doente mais 
suscetível a processos infeciosos. Para além disso, o desequilíbrio entre o sistema 
nervoso simpático e o parassimpático aumenta o risco de alterações a nível da 
pressão arterial, taquicardia, aumento do consumo de oxigénio, fadiga muscular e 
diminuição da eritropoiese. 
Quando há privação da fase REM do sono podem surgir sinais de irritabilidade, apatia, 
diminuição do estado de alerta e aumento da sensibilidade à dor, e, em casos mais 
graves, distorção da perceção e perturbações mentais e emocionais. Quando a 
privação é da fase NREM pode evidenciar-se um aumento significativo do cansaço do 
doente e défice do sistema imunitário provocando uma diminuição das defesas do 
organismo, dada a importância desta fase do sono – com propriedades de reparação, 
renovação e conservação celular (Thelean, citado em Dinarés et al. (2004)). 
A partir de uma consulta de diversos estudos, Gabor et al. (2001), Silveira et al. (2012) 
e Tembo et al. (2013) verificam que após 30 horas de privação do sono existe um 
enfraquecimento dos músculos das vias aéreas superiores, causando problemas 
respiratórios e uma necessidade prolongada de ventilação mecânica, o que atrasa o 
desmame ventilatório e consequentemente a extubação dos doentes. Também Khalil 
(2008) constatou que a privação do sono pode causar disfunção respiratória devido à 
fadiga muscular. 
Durante um sono reparador e profundo existe a libertação da somatostatina, 
responsável pelo alívio da dor, enquanto que em situação de privação de sono existe a 
libertação da substância P, responsável pela dor, ocasionando assim aumento da 
intensidade de dor (Urden et al., 2008). 
A avaliação do sono através da polissonografia e avaliação contínua da frequência 
cardíaca e tensão arterial sugerem que após 36 horas de privação do sono surgem 
problemas cardiovasculares adversos (Zhong et al., Citado em Tembo et al. (2013)). 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
43 
 
3.3 – AVALIAÇÃO DO PADRÃO DO SONO EM CUIDADOS INTENSIVOS 
 
A obtenção de uma medida confiável e válida da qualidade e quantidade do sono é 
uma barreira bastante importante para a pesquisa do sono em cuidados intensivos, 
pois nenhum método de avaliação do sono é universalmente aceitável e viável para 
ser utilizado em UCI. 
Apesar de demorada e desconfortável para doentes críticos, segundo Drouot et al. 
(2008) a polissonografia completa é a única ferramenta confiável para avaliar o sono. 
Embora seja um padrão de referência e a medida mais reconhecida, a interpretação 
em doentes críticos é difícil pois os resultados poderão ser alterados por medicação 
comum nas UCI’s e pelas patologias (Kamdar et al., 2012), assim como pelas 
alterações do padrão eletroencefalográfico tais como: frequências baixas, atividades 
paroxísticas, mudanças focais, alteração da consciência e redução da reatividade 
(Boyko, Ording & Jennum, 2012). Por outro lado Tembo et al. (2013) consideram que a 
utilização abusiva deste método nestes doentes poderá ter um efeito perturbador 
sobre o sono, pois os elétrodos poderão atuar como um potencial perturbador 
ambiental. 
Apesar das consequências e dificuldades de interpretação da polissonografia em 
doentes críticos, os resultados obtidos por este método confirmam que durante o 
internamento em cuidados intensivos, o sono é amplamente fragmentado com redução 
significativa dos estádios mais profundos do sono e consequentemente mais 
restauradores (Friese et al., citado em Tembo et al., 2013). 
Num estudo de Knauert et al., (2014) as limitações técnicas da utilização da 
polissonografia foram baixas e os dados produzidos de alta qualidade. Tal como em 
estudos anteriores, neste também houve referência à utilização de elétrodos como 
algo desagradável, mas concluiu que o sono deste tipo de doentes é altamente 
perturbado com a perda proeminente de sono REM e estádio 3 do sono NREM, e 
quantidades anormalmente elevadas de sono que ocorrem durante o dia. 
A actigrafia, é um exame realizado com recurso a um actígrafo (equipamento 
semelhante a um relógio) que deteta movimentos do corpo. Utilizado para diagnóstico, 
pesquisa e estudo do ciclo sono-vigília e ritmos circadianos, sendo possível traçar um 
gráficodos períodos de sono e vigília de uma pessoa (Pisani et al., 2015). Embora 
seja um bom método para avaliar a continuidade do sono em noites sucessivas, 
apresenta desvantagens quando utilizada em doentes críticos pois não quantifica o 
sono e pode fornecer resultados falsificados, dado que se baseia na avaliação do 
pulso (Drouot et al., 2008). 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
44 
 
Dos métodos subjetivos, o mais fácil de implementar será a avaliação do sono através 
da perceção dos enfermeiros. No entanto, Drouot et al. (2008) consideram que se 
sobrestima o tempo de sono e não se consegue detetar com precisão o sono 
fragmentado. 
Kamdar et al., (2012) realizaram um estudo com a aplicação de questionários a 
doentes e enfermeiros para avaliar a sua precisão e comparar a perceção de cada um. 
Apesar do baixo custo, existe a preocupação sobre a adequada avaliação da 
qualidade do sono pelos próprios doentes tendo em conta a sedação administrada. Os 
autores concluíram também, que os enfermeiros sobrestimam o sono dos doentes, 
quer a nível do tempo de sono, eficácia e número de despertares, quando comparada 
com a perceção dos doentes. Como vantagens, os métodos subjetivos são fáceis de 
aplicar e pouco dispendiosos, contudo não nos dão qualquer informação quanto à 
arquitetura do sono e não podem ser aplicados a todos os doentes críticos (Boyko et 
al., 2012). 
 
 
 
3.4 – ESTRATÉGIAS DE PROMOÇÃO DO SONO 
 
Tendo em conta que a perturbação no padrão de sono dos doentes internados em UCI 
acarreta consequências a curto e longo prazo e, como tal, resulta numa recuperação 
lenta, os enfermeiros têm que proporcionar aos doentes condições para um sono 
consolidado e estável tentando melhorar, de alguma forma, o tempo de internamento 
na UCI. 
Estas pessoas, internadas em consequência de uma lesão grave, estão completa ou 
parcialmente incapazes de se envolverem na manutenção das condições adequadas 
para assegurar um período de sono reparador. Assim, e de acordo com Dorothea 
Orem, têm um deficit de autocuidado podendo “ser ajudadas através da enfermagem” 
(Taylor, 2004, p.213). A atividade do enfermeiro a ser praticada, neste âmbito, ocorre 
em resposta a um requisito de autocuidado de desvio de saúde, em que de acordo 
com o tempo de evolução da doença irão surgir diferentes necessidades de cuidados 
(Meleis, 2012). 
Para promover o sono nos doentes críticos Silveira et al. (2012) consideram que as 
intervenções de enfermagem devem focar-se na diminuição do ruído, podendo 
recorrer ao uso de fones, à modificação de comportamentos e à redução do som dos 
equipamentos. 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
45 
 
Os mesmos autores afirmam que a utilização de tampões de ouvidos melhora a 
experiência subjetiva do sono em doentes não submetidos a sedação, sem interferir 
com os procedimentos, o seu uso mostra que a latência do sono REM e a sua duração 
foram significativamente melhores. 
Num estudo anterior, de Scotto, McClusky, Spillan e Kimmel (2009), em que se 
recorreu a aplicação de tampões de ouvidos obtiveram-se resultados díspares, pois 
verificou-se que alguns doentes submetidos ao uso de tampões de ouvido referiram 
melhor qualidade de sono, enquanto outros consideraram o seu uso desconfortável. 
Semelhantes ao anterior, também Hu, Jiang, Hegadoren e Zhang (2015) constataram 
no seu estudo que, a utilização de tampões de ouvidos e máscaras para os olhos 
causaram nervosismo, sensação de pânico, sensação de sufocamento e dor no canal 
do auditivo. 
Assim, e perante resultados de investigação científica díspares, os profissionais de 
saúde terão de privilegiar o conhecimento dos hábitos de sono do doente, seus 
gostos, fontes de stress habituais, estratégias que regularmente utilizam e são 
eficazes na promoção do sono, negociando com o doente de modo a que aceite o 
método escolhido e adequado à sua situação clínica, explicando os seus benefícios. 
Além da redução do ruído, a modificação de fatores ambientais como a redução da 
iluminação, medidas de conforto do doente, a sincronia doente-ventilador, promoção 
de um sono ininterrupto e redução de procedimentos durante o sono, são úteis para a 
promoção do sono em doentes críticos. 
A melatonina, hormona reguladora do ciclo sono/vigília é influenciada pela luz, sendo 
exigível a redução da iluminação da UCI para os menores níveis possíveis durante a 
noite (Gabor et al., 2001). 
A importância da promoção do conforto do doente antes de dormir, referida por 
Honkus (2003) mostra que os enfermeiros devem verificar o posicionamento das 
linhas de infusão de soros e outras medicações assim como do transducer da linha 
arterial, antes do doente iniciar o seu processo de sono e aliviar a dor recorrendo a 
analgésicos ou massagem terapêutica. 
Sendo a ansiedade e o desconforto uma das principais causas de perturbação do 
sono, a intervenção de enfermagem deve incidir na promoção do relaxamento do 
doente, recorrendo à massagem de conforto (Urden et al., 2008), à aromoterapia e 
musicoterapia (Silveira et al., 2012), verificar se os lençóis se apresentam limpos, 
secos e esticados, proporcionar aquecimento corporal e posicionar os doentes em 
decúbitos fisiológicos compatíveis com a altura do dia e situação clínica. 
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A necessidade de orientar a sincronia entre o doente e o ventilador no início da noite, 
tentando evitar a hiperventilação do doente que consequentemente provoca alterações 
no sono, é uma das intervenções identificadas por Drouot et al. (2008). 
Para que o doente obtenha um sono com duração suficiente e de qualidade, o 
enfermeiro deve promover ciclos de sono ininterruptos, com um mínimo de 2 horas. 
Deve ainda tentar calendarizar os procedimentos de enfermagem para horários 
apropriados, que não interfiram com os períodos habituais de sono (Honkus, 2003). 
Existem várias terapias complementares que promovem o sono dos doentes como é o 
caso da aromaterapia, acupressão e da acupunctura. Já é evidente, em diversos 
estudo, a relação positiva que existe entre a acupunctura e uma excelente qualidade e 
quantidade de sono. Para Nesbitt e Goode (2013) a acupunctura promove o sono e 
aumenta o seu benefício, já para Chen, Chao, Lu, Shiung e Chao (2012), a junção da 
acupressão e a aromaterapia com óleo de Valeriana traduz-se numa melhoria da 
qualidade do sono, através do aumento da quantidade de sono e da diminuição dos 
despertares noturnos. 
A importância de que se revestem as prescrições terapêuticas no sono dos doentes 
exigem que se analisem em maior detalhe. 
Os hipnóticos interferem no atingir das fases de sono mais profundo, aumentam 
temporariamente a quantidade de sono e por vezes causam sonolência excessiva, 
confusão, diminuição da energia durante o dia, podendo ainda agravar a apneia do 
sono nos adultos. Os betabloqueantes causam pesadelos, insónias e despertar 
noturno. Os ansiolíticos diminuem a fase 2, a fase 4 e o sono REM e diminuem a 
frequência de despertar noturno. Os analgésicos opiáceos, os antidepressivos e 
estimulantes vão suprimir o sono REM, sendo que os últimos podem aumentar a 
frequência de despertar durante o sono e causam sonolência (Urden et al., 2008). 
De todos os medicamentos, Honkus (2003) refere que o zolpidem, uma não 
benzodiazepina hipnótica, é facilitador do sono pois reduz o tempo que o doente 
demora a adormecer e aumenta o tempo total de sono, provocando um aumento 
crescente nas fases 3 e 4 do sono NREM. 
 
 
 
 
 
 
 
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PARTE II – ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO 
 
Melhorar a qualidade dos cuidados é o principal objetivo da pesquisa em enfermagem 
dado que esta se destinaa desenvolver um conhecimento e uma prática baseada na 
evidência (Polit, Beck & Hungler, 2004). Consoante a finalidade da investigação o 
desenvolvimento do conhecimento cientifico incide numa investigação qualitativa ou 
quantitativa. 
A abordagem quantitativa pretende descrever e explicar o fenómeno sobre o qual 
recaem as observações, implicando um aprofundamento da literatura e elaborando um 
plano de investigação devidamente estruturado (Fortin, 2009). 
A partir de uma abordagem quantitativa, a presente investigação, pretende explicar e 
predizer as diferenças nas avaliações do sono na pessoa em situação crítica. No 
enquadramento metodológico apresenta-se a metodologia utilizada, o tema em 
estudo, os procedimentos realizados para a recolha de dados, as considerações éticas 
e o tratamento estatístico utilizado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 – O TEMA EM ESTUDO 
 
A pesquisa em enfermagem destina-se a desenvolver conhecimento sobre a prática, o 
ensino e a administração da enfermagem, produzindo assim resultados baseados na 
evidência com o objetivo de fundamentar as decisões, ações e interações dos 
enfermeiros (Polit et al., 2004). 
O desenvolvimento do conhecimento científico está ligado á investigação quantitativa 
e investigação qualitativa, dependendo a sua escolha da finalidade para obter 
respostas à questão identificada. 
A investigação quantitativa visa explicar e predizer fenómenos através da medida das 
variáveis e análise de dados, assentando no paradigma positivista, que postula a 
existência de uma realidade, que pode ser estudada com objetividade, resultando 
dados reproduzíveis e generalizáveis (Fortin, 2009). Desta premissa, o presente 
trabalho assumiu uma abordagem quantitativa com o objetivo de explicar e predizer as 
diferentes avaliações do sono na pessoa internada em cuidados intensivos. 
Na revisão da literatura exposta pretendeu-se orientar concetualmente o estudo, onde 
se evidenciou que, embora as UCI sejam o local ideal para o atendimento de doentes 
em estado grave, elas propiciam um dos ambientes mais agressivos e traumatizantes 
do hospital. Todos os procedimentos a que o doente é submetido, juntamente com o 
afastamento do seu ambiente natural e família, o ambiente da unidade, as respostas à 
doença e suas consequências, podem provocar alterações do padrão de sono. 
Verificou-se ainda que, apesar do estudo deste fenómeno vir a ser observado e 
documentado há cerca de 30 anos e, ter sido considerado como um fator stressante 
para o doente impedindo a sua total recuperação, são muito poucos os estudos 
desenvolvidos neste âmbito temático, em Portugal. 
A literatura refere-nos também, que muitas vezes o sono é subestimado por parte dos 
enfermeiros, pois o facto do doente, à observação, permanecer calmo e de olhos 
fechados é frequentemente avaliado como um sono de qualidade, suficiente para 
promover uma boa recuperação. 
No serviço onde se procedeu à colheita de dados, não existe nenhum instrumento de 
trabalho destinado á avaliação do sono do doente, portanto esta análise é efetuada 
empiricamente e documentada em notas de evolução pelos enfermeiros. Ao longo do 
percurso profissional da investigadora principal e após formação em serviço sobre o 
tema em questão, constatou-se a verdadeira essência e consequências da 
A intervenção de enfermagem na promoção do sono: a pessoa internada numa UCI 2016 
 
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perturbação do sono em doentes críticos, assim como, a existência de diversos fatores 
que interferem com o sono. 
Surge deste modo, o interesse pela realização do presente estudo, no sentido de 
descrever e aprofundar conhecimentos, de compreender a perceção do doente quanto 
á quantidade e qualidade do seu sono, assim como compreender a perceção do 
enfermeiro quanto á quantidade e qualidade do sono da pessoa internada, e conhecer 
os fatores que causam perturbações do sono de modo a poder intervir para os 
minimizar. 
 
 
 
1. 1 – TIPO DE ESTUDO 
 
A necessidade de resolver uma questão problemática que causa incómodo e 
preocupação, e que exige uma explicação ou melhor compreensão pode estar, de 
acordo com Fortin (2009), na origem de uma investigação. 
De acordo com a natureza do fenómeno a estudar a opção metodológica recaiu numa 
metodologia quantitativa, que visa explicar e predizer fenómenos, como o sono, 
através da medida das variáveis e análise de dados. Inicia-se com a formulação de 
uma questão de investigação clara que implica uma sequência linear de etapas bem 
delimitadas (Polit et al., 2004; Fortin, 2009). 
Assim sendo, e atendendo à natureza do estudo optou-se por um estudo pré-
experimental, longitudinal e prospetivo. Pois, embora esteja presente apenas o grupo 
experimental, ele é usado como seu próprio controlo, através das observações 
repetidas, tanto antes, como depois de uma intervenção. Ou seja, o sono da pessoa 
internada na UCI será avaliado quanto á sua qualidade e quantidade pelos doentes e 
enfermeiros antes e depois de uma intervenção de sensibilização da equipa para a 
promoção de cuidados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 – QUESTÃO E OBJETIVOS DE INVESTIGAÇÃO 
 
A investigação em enfermagem através da abordagem científica procura adicionar 
novos conhecimentos para benefício dos doentes e famílias, abrangendo todos os 
aspetos que considera importantes, tais como a promoção da saúde, a prevenção da 
doença e o cuidado à pessoa em todas as idades, quer seja durante a doença, quer 
na recuperação ou morte digna. Os conhecimentos adquiridos na investigação 
pretendem desenvolver a prática baseada na evidência, melhorar a qualidade dos 
cuidados prestados e maximizar os resultados de saúde (Ordem dos Enfermeiros, 
s.d.). 
Para se atingir a excelência nos cuidados prestados é importante levantar questões 
durante o exercício profissional diário de modo a conhecer o porquê e como melhorar 
as práticas. 
As questões de investigação são segundo Fortin (2009), premissas sobre as quais se 
apoiam os resultados a investigar e que decorrem diretamente do objetivo do estudo. 
São formuladas de forma interrogativa e no presente, incluindo uma ou duas variáveis 
e a população a estudar. 
De acordo com estes pressupostos surge a questão central de investigação: Como é 
que as práticas de enfermagem numa Unidade de Cuidados Intensivos 
interferem com a quantidade e qualidade do sono da pessoa internada? 
Para podermos dar resposta à questão central de investigação, surgem questões 
secundárias articuladas com os objetivos delineados, de modo a compreender a 
perceção dos doentes e enfermeiros. Assim, pretende-se responder a: 
 Qual a perceção dos doentes, em relação à sua qualidade de sono? 
 Qual a perceção dos enfermeiros, em relação à qualidade do sono do (s) 
doente (s) que cuida (m)? 
 Que relação há entre a avaliação realizada por doentes e enfermeiros sobre a 
qualidade e quantidade de sono? 
 Qual a relação entre a experiência profissional e experiência profissional em 
cuidados intensivos dos enfermeiros e a avaliação que realizam da qualidade e 
quantidade do sono da pessoa em situação critica? 
 Que fatores são identificados, pelos doentes, como perturbadores do seu sono 
durante o internamento na UCI? 
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Estas questões de investigação orientam-nos a análise do que se pretende estudar e 
estão diretamente relacionadas com os objetivos que delineámos. Perante o problema 
mencionado no enquadramento

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