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Trabalho de Direito Agrário Movimentos Políticos FINAL

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CESAR VILANOVA DE OLIVEIRA 
DECLIEUX ROSA SANTANA JUNIOR
ELIO VICTORINO DA SILVA JUNIOR 
MOVIMENTOS POLÍTICOS NO CONTEXTO DO DIREITO AGRÁRIO
GURUPI-TO
SETEMBRO/2013
CESAR VILANOVA DE OLIVEIRA 
DECLIEUX ROSA SANTANA JUNIOR
ELIO VICTORINO DA SILVA JUNIOR 
MOVIMENTOS POLÍTICOS NO CONTEXTO DO DIREITO AGRÁRIO
 
GURUPI-TO
SETEMBRO/2013�
Sumário
4Introdução	�
5A Viabilização Político-Institucional	�
5Estatuto da Terra	�
7A Nova Institucionalidade	�
8A dimensão legal	�
12As propostas governamentais de reforma agrária nos anos recentes	�
1Conclusão	�5
1Referência	�6
�
�
Introdução
O modo pelo qual vem sendo repassado aos brasileiros, os movimentos políticos, em especial os que dizem respeito à Reforma Agrária, durante as últimas quatro décadas, tem-se a nítida impressão de estar assistindo a variações do tipo. 
O que vem dando a atual palavra de ordem reforma agrária que se tem no cenário político, é o fato de que, em todo o país, significativos contingentes de trabalhadores se situam e se fazem reconhecer nos espaços públicos através da luta por terra. 
A figura dos "Posseiros", "arrendatários", "foreiros" nos anos 60, "posseiros" na década de 70, "seringueiros", "sem terra", "atingidos por barragens" nos anos 80: personagens socialmente diferenciados, eixos geográficos diversos, identidades sociais e políticas distintas, que indicam não só a permanência da luta pela terra, mas também mostram que os seus termos mudam e que se transforma o sentido da questão.
Para entender as implicações das diferentes propostas de reforma agrária atualmente presentes no debate, partem do pressuposto de que essa bandeira, em sua trajetória assumiu diferentes significados, em diferentes momentos, para diferentes agentes sociais, adequando-se às novas questões que vão sendo colocadas para as forças sociais em presença, quer em função de alterações estruturais ou de conjunturas políticas específicas que, no plano nacional, impuseram alguns termos para a discussão, quer porque os próprios personagens da luta pela terra (trabalhadores, com suas formas de organização, representação, entidades de apoio e assessoria, o empresariado rural/latifundiários, as instâncias do Estado) também sofreram profundas mudanças. 
Para poder-se formar uma ideia mais exata do significado profundo dessa investida anti-propriedade rural é necessário um rápido retrospecto histórico, que nos leva aos primórdios da História do Brasil.
Já no final da era quinhentista deu-se a expansão da pecuária e o povoamento do sertão, que muito ajudaram, inclusive, a incorporação do índio, o qual se sentira desambientado no cultivo da cana, mas não depois, no pastoreio.
Tal expansão — que tinha como primeiro fundo de quadro as capitanias hereditárias e as sesmarias — originaram naturalmente as grandes e até imensas propriedades, como única alternativa válida para a colonização do Brasil. Tais extensões de terra foram depois organicamente se dividindo e subdividindo, pela repartição entre os filhos, pela venda, pelas doações, pelo advento de novos posseiros, enfim pela conquista do oeste.
Esse Brasil que assim nascia profundamente cristão, autenticamente brasileiro, teve seu curso desviado radicalmente por um tufão de ideias anticristãs, originadas da Revolução Francesa de 1789 e de outros movimentos igualitários germinados na Europa. Tal desvio, para o qual concorreu depois certa influência norte-americana do fim do século XIX e, posteriormente, o cinema de Hollywood no começo do XX, acabou produzindo artificialmente o Brasil moderno: laico, caótico, gozador da vida. 
A Viabilização Político-Institucional 
Num quadro de mobilização dos trabalhadores rurais, o tema da reforma agrária reocupou a cena pública. Impôs-se como um dos pontos programáticos da Aliança Democrática e, como vimos, sofreu sucessivas redefinições, explicitando a gama de projetos diferenciados que se abrigavam sob uma mesma palavra de ordem. 
Resta refletir um pouco sobre as condições da viabilização política da reforma agrária, tentando perceber o seu significado para os partidos políticos, bem como a sua trajetória no interior do Estado, através dos caminhos institucionais que emergem a partir da Nova República, e que vão estabelecer os marcos da discussão sobre o tema no início dos anos 90.
Estatuto da Terra
Os conflitos relacionados à posse e propriedade da terra no Brasil não são recentes, desde a década de 1960 a Reforma Agrária ocupa espaço nos debates políticos entre as diferentes camadas sociais. Assim, diante das mobilizações em prol da redistribuição fundiária no país, o Estatuto da Terra, Lei 4504/64 foi implementada pelo Governo Militar, na gestão do Marechal Castelo Branco, como mecanismo de controle dessas tensões sociais e sustentação do modelo capitalista do patronato rural.
Com o Estatuto da Terra, quebrando com os dogmas civilistas de um direito absoluto, a propriedade agrária passou por um processo de funcionalização, onde direitos e deveres eram impostos aos proprietários e não proprietários. O primeiro poderia utilizá-la livremente, desde que ao usufruir das condições econômicas do bem favorecesse o bem-estar pessoal e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de suas famílias; mantivesse níveis satisfatórios de produtividade; assegurasse a conservação dos recursos naturais e observasse as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivam. Aos não proprietários permaneciam o dever de respeitar o direito individual, ao tempo que passaram a titularizar o direito de que este bem fosse utilizado nos moldes da função social supramencionadas.
Ou seja, ao lado dos interesses individuais e pragmáticos do proprietário se somavam interesses outros, consubstanciados na necessidade de produzir, respeitar o meio ambiente e as relações trabalhistas, favorecendo o bem estar de todos.
Além disso, o Estatuto instituiu obrigação do poder público transformar a estrutura fundiária do país, assegurando a todos oportunidade de acessar o bem terra.
A transformação da estrutura fundiária seria realizada através da política de reforma agrária, um “conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade”, conforme conceito conferido legalmente.
Melhor distribuição, que não significa apenas distribuição, pois, como o conceito acentua, está relacionada à realização da justiça social, ao combate das propriedades desfuncionalizadas e à produtividade agrícola.
A reforma agrária tem por objetivo explícito construir  um sistema de relações entre o homem, à propriedade rural e o uso da terra, capaz de promover a justiça social, o progresso e o bem-estar do trabalhador rural e o desenvolvimento econômico do país.
Para tanto, duas situações fundiárias foram definidas como impróprias, devendo ser extirpadas do campo: o minifúndio e o latifúndio. 
O primeiro compreendido como “o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar” pelo art. 4º, IV, da Lei, é combatido por representar situação que inviabiliza a plena realização do homem do campo, e ser contraproducente à sociedade. O minifúndio não torna possível o sustento próprio e familiar, impactando nas condições materiais de alimentação, saúde, educação, lazer e outras necessidades, inviabiliza a acumulação de riqueza e, portanto, o investimento em melhores tecnologias produtivas, como também não agrega à produção de alimentos para a população ou tributos para o estado. Esta modalidade deve ser extinta, garantindo melhores condições ao trabalhador rural, adequando sua propriedade ao tamanho da propriedade familiar (BORGES, 1998).
Já o latifúndio, alvo prioritário da política de reforma agrária, é aquele, com tamanho igual ou superior ao módulo depropriedade rural�, mantido “inexplorado, explorado incorretamente, ou que tem extensão incompatível com a justa distribuição da terra” (BORGES, 1998, p. 35). Podem ser latifúndios por extensão, quando ultrapassar seiscentas vezes o módulo rural, ou por exploração, quando atingindo o tamanho mínimo do módulo rural, seja inexplorado ou inadequadamente explorado.
A aquisição de terras para reforma agrária poderia ocorrer pelas formas tradicionais previstas no direito civil – compra e venda, doação, arrecadação de bens vagos, herança ou legado – através da reversão de posse de terras públicas indevidamente ocupadas ou exploradas por terceiros, ou ainda pela desapropriação por interesse social.
A desapropriação por interesse social, entretanto, recebeu tratamento distinto daquele previsto na Lei n. 4.132/62, pois não seria mais realizada em dinheiro, passando o poder público a custear indenizações em títulos da dívida agrária, resgatados em vinte parcelas iguais.
A Nova Institucionalidade
A atualização da bandeira da reforma agrária, fruto do agravamento dos conflitos fundiários, impôs ao Estado, mesmo durante o regime militar, novas formas de tratamento da questão. Um olhar atento mostra que o tema nunca saiu de seus programas de ação, o que indica a necessidade de respostas mais ágeis, principalmente frente à crescente publicização� dos conflitos por terra e, principalmente, a necessidade de lhes impor sua leitura, através de mecanismos de "seletividade". Isso implicou, inclusive, em que, no governo Figueiredo, fosse atribuído um estatuto ministerial ao tema, com a criação do Ministério Extraordinário de Assuntos Fundiários. 
A Nova República, atendendo a antigas demandas dos movimentos populares, em especial da CONTAG�, no sentido de subordinar o tratamento da questão agrária diretamente à Presidência da República, criou um Ministério específico, o Ministério da Reforma e Desenvolvimento Agrário (MIRAD), ao qual estaria subordinado o INCRA. Também extinguiu o GETAT� e o GEBAM�, organismos localizados de intervenção fundiária e que, como foi apontado por alguns analistas, eram uma das expressões da militarização da questão agrária. 
A centralização decisória não se constituiu, em garantia de ampliação dos espaços para realização da reforma fundiária. A análise da trajetória da Proposta de PNRA� até a aprovação do Plano e, num segundo momento, do processo Constituinte, não só trouxeram à luz poderes que pareciam fragilizados ante o crescimento urbano-industrial, por um lado, e dos movimentos sociais no campo, por outro, como explicitaram tanto para os atores presentes no processo como para os pesquisadores do tema, a complexidade do jogo de forças que se desenvolvia no interior das diferentes instâncias do Estado. Conforme apontado anteriormente, a presença de "aliados" ocupando diversos cargos decisórios não foi suficiente para garantir a realização das transformações desejadas pelos trabalhadores do campo. A ausência de uma base parlamentar simpática a essa tese, a forte presença de lobbies empresariais, não só no Congresso, mas em todos os corredores de salas onde decisões importantes eram tomadas, uma cultura institucional cuja marca era a contemporização e burocratização do tratamento dos conflitos fundiários foi também alguns dos fatores explicativos das dificuldades em encaminhar um processo reformista.
A dimensão legal
Com a derrota da Proposta do PNRA e, consequentemente, de uma leitura desapropriacionista do Estatuto da Terra, a grande batalha no sentido de institucionalizar canais que viabilizassem a realização de transformações significativas na estrutura fundiária deu-se na Constituinte.
A Constituição de 1988 tem inscrita em seu texto a reforma agrária, como um tema do capítulo da "Da política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária". Nela foi assegurado que a propriedade deve atender à sua função social (art. 5, XXIII), com uma definição explícita do que se entende por tal (aproveitamento racional e adequado, utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente, observância das disposições que regulam as relações de trabalho e exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e trabalhadores). Isso não impediu, no entanto, que a Carta Magna contivesse um conjunto de mecanismos de bloqueio à reforma agrária. Entre eles, destacam-se: 
a) as desapropriações devem ser feitas mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis em até 20 anos, a partir do segundo ano. Com isso, consolida-se a tendência dominante, mas que fora questionada em meados dos anos 80, através da proposta do PNRA para que a desapropriação não tivesse o caráter de punitivo pelo não uso adequado da terra;
b) tornam-se insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária a pequena e média propriedade rural bem como a propriedade produtiva. As definições dessas categorias seriam objeto de legislação própria. 
c) o caráter ambíguo e vago dos critérios de cumprimento de função social (exceto no que se refere ao item do art. 186, III da CF, referente à observância das disposições que regulam as relações de trabalho).
Com essas restrições, a Constituição tornou o "latifúndio" insuscetível de desapropriação, pelo menos até que fosse regulamentado o tema através de uma "lei agrária", e eliminou o caráter punitivo, reivindicado pelos movimentos populares, às desapropriações. 
Em que pesem as denúncias das entidades de representação e de apoio dos trabalhadores do campo, articuladas em torno da CNRA, sobre os óbices que a nova Constituição trouxe à reforma agrária, apontando para as contradições internas do texto, até mesmo a regulamentação da questão foi sendo adiada. Foram necessários quase cinco anos para que essa regulamentação fosse feita e, quando sua discussão se iniciou, nova batalha parlamentar se travou, fazendo reviver o "bloco ruralista". 
A "Lei Agrária" (lei 8.629, de 25/02/93) tal como aprovada pelo Legislativo, definiu que a propriedade que não cumprir sua função social é passível de desapropriação; manteve os critérios constitucionais para definição da função social; estabeleceu que as terras rurais públicas (de domínio da União, dos estados ou municípios) passariam a ser destinadas preferencialmente à execução da reforma agrária; confirmou o banimento dos termos da lei da categoria "latifúndio", substituído por um critério menos politizado de tamanho, definido modularmente. O critério de produtividade (que já estava contido no Estatuto da Terra, para definir categorias de imóveis) explicitou-se com maior precisão. 
Na disputa pela regulamentação, travada nos estreitos termos da Constituição de 1988, as entidades representativas dos trabalhadores conseguiram que o Presidente da República vetasse alguns artigos mantidos pela Câmara e que oporiam óbices ainda maiores a processos desapropriatórios. Referimo-nos em especial do artigo 17, que estabelecia uma escala de desapropriação segundo critérios de produtividade a nível nacional. O veto restabelece a escala de micro-região, meso-região e grande região, alegando que, nos termos da lei, a imposição legal de que "a ordem vocacional das propriedades eleitas para assentamento não pode ferir a preferência de localização na região dos beneficiários". Outro veto refere-se ao artigo que determinava que o proprietário tivesse a posse do imóvel desapropriado até o trânsito em julgado da sentença proferida nos autos da ação de desapropriação. 
Em que pesem os vetos apostos à lei agrária e a aprovação ainda em 1993 da lei do rito sumário, parecem ter permanecido alguns entraves, na medida em que há alguns pontos controversos, passíveis de discussões judiciais. O mais significativo deles diz respeito à tensão existente entre os requisitos para cumprimento da função social e a definição de que terras produtivas não podem ser desapropriadas. Além disso, como bem apontou Guedes Pinto, ao contrário das desapropriaçõespor utilidade pública, onde o proprietário só tem condições de discutir na justiça o valor fixado para ressarcimento, no caso das terras para fins de reforma agrária, o proprietário pode levar à justiça o julgamento do mérito.
Apesar de a lei agrária ter acentuado o pessimismo de muitos analistas, alguns outros têm chamado a atenção para algumas novidades que ela contém e construído uma interpretação distinta de suas potencialidades. Segundo Fachin (1993), a incorporação do conceito de função social à lei ordinária implica na produção de uma espécie de "estribo jurídico" para fazer com que a função social da propriedade transcenda a questão das desapropriações por interesse social. Isso implica, de acordo com esse jurista, que a propriedade rural que não cumpra simultaneamente os requisitos inerentes ao conceito de função social, deixa de ter proteção jurídica de qualquer espécie, notadamente à proteção processual. Em última instância, torna-se possível sustentar que a propriedade deixou de ser o exercício de uma função privada.
Uma nova batalha se coloca frente à revisão constitucional e há algumas propostas para ela. Do ponto de vista das entidades representativas dos trabalhadores do campo, em que pese sua posição contrária à revisão, trata-se de buscar obter, apesar da claramente desfavorável relação de forças, a limitação da dimensão da propriedade rural, a arrecadação sumária dos bens vagos e ociosos, pagamento de indenização integralmente em títulos da dívida agrária, em 20 anos, e limitado ao valor base do ITR�, a imissão imediata na posse do imóvel desapropriado, garantia de apoio técnico e creditício aos assentamentos e aos pequenos agricultores e participação direta dos trabalhadores rurais em todas as etapas do processo de reforma agrária. No entanto, não por acaso, a perspectiva da revisão parece ter apontado para a possibilidade de um renascimento da UDR.� É desse grupo a proposta de supressão das TDAs�, o que implicaria que qualquer indenização teria que ser feita em dinheiro, inviabilizando definitivamente qualquer proposta de transformação fundiária.
O processo constituinte, que se desdobrou na regulamentação e agora na revisão constitucional, revelou a vitalidade de poderes que se julgava estarem combalidos. Isso é particularmente visível quando se fala na questão agrária e se verifica a constituição de um forte "bloco ruralista" no Congresso, extremamente ágil e eficiente quando o que está em jogo é a defesa do monopólio da propriedade (Bruno, 1993). 
Por outro lado, o crescimento da participação dos partidos de esquerda no Congresso e, na atual legislatura, a presença de certo número de deputados com vínculos orgânicos com o movimento sindical rural ou com o MST vitalizaram o parlamento como um importante espaço de disputa política em torno dos interesses dos trabalhadores do campo. Colocou-se, através dos termos em que se dá essa disputa, um novo desafio para a relação dos movimentos com a institucionalidade: o aprendizado das nuances do processo legislativo e de como operar através de suas brechas. Se esse repto já esteve posto durante todo o regime militar, implicando em saber como explorar as possibilidades da lei, agora a novidade é que os movimentos reconhecem alguns dos parlamentares como seus representantes diretos, permitindo-lhes uma participação de outra qualidade nesse espaço.
 As propostas governamentais de reforma agrária nos anos recentes
Atualmente, a Reforma Agrária no Brasil se dá basicamente da seguinte forma: a União realiza a compra ou a desapropriação de latifúndios particulares considerados improdutivos em diversas áreas da federação, e  sob a figura do INCRA �, distribui  e loteia essas terras às famílias que recebem esses lotes, como também presta uma assistência financeira, de consultoria e de insumos para que possam produzir nessas terras. Para procurar equacionar de maneira positiva o problema da divisão agrária no Brasil, o governo tem desenvolvido durante décadas um sistema de reforma que, embora tenha caminhado lentamente, tem dado resultados em longo prazo, guardadas as divergências com grupos que lutam pela terra como o MST�, e problemas identificados, conforme pesquisas realizadas e atualizadas. 
Dados do ano de 2009 do IBGE�  calculam que a situação agrária no Brasil em terras rurais, permaneceu praticamente inalterados nos últimos 20 anos. Dado preocupante, ainda mais quando se constata, no mesmo senso agropecuário, que as propriedades que têm até 10 mil hectares representam um total de apenas 2,7%  de todo o coeficiente de terras destinadas à agropecuária, sendo uma vasta maioria  formada ainda, por latifúndios de mais de 1000 hectares. Ou seja, os grandes fazendeiros ainda permanecem com a maioria das terras, ainda que sem produzir em muitas delas, enquanto que milhares de famílias ainda não têm onde morar e produzir.
A pesquisa do IBGE concluiu que o total de estabelecimentos ou terras destinadas à agropecuária representa um montante de 330 milhões de hectares, equivalente a 36% de todo o território nacional do Brasil. Isso implica em dizer que, desses 330 milhões de hectares de terras agropecuárias, aproximadamente 141,9 milhões de hectares são latifúndios. Reflexo de séculos, que  necessita de uma reparação estrutural e histórica, por parte do Estado, e da conscientização, dos grandes latifundiários.
Conclusão 
Diante do receio das ideais comunistas de um governo que propunha políticas de reformas sociais, entre as quais a reforma agrária e da ebulição de movimentos populares agrários que reivindicavam a reforma agrária ampla e radical, os setores conservadores da sociedade empreenderam um golpe, quebrando o instituto democrático e impondo ao país uma Ditadura militar. O regime que se instaurava tomou uma iniciativa imediata, encaminhou ao Congresso um projeto de lei sobre reforma agrária. Era o Estatuto da Terra, lei que institucionalizou o dever do estado de garantir acesso à terra aos trabalhadores rurais. Ainda que pareça uma contradição, partir de um governo militar – oriundo de golpe que visava barrar reformas sociais – a institucionalização da reforma agrária, não se tratava de uma proposta com objetivo de transformação social, no sentido de ampliar as condições materiais do povo e oportunizar uma melhor distribuição da riqueza. O objetivo dos militares com a edição do Estatuto da Terra era freiar as reivindicações populares, deslocando os blocos do conflito, que saiu da sociedade e se direcionou para o próprio estado. Este era o interesse imediato do governo, apenas este, e não executar de fato o programa da reforma agrária, que neste país nunca se concretizou. Até os dias atuais, as esparsas ações de aquisição de terras para sua redistribuição foram quase sempre fruto da pressão dos movimentos sociais, de tal sorte que a reforma agrária se transformou numa ação de resolução de conflitos, ao invés de se consolidar como política pública permanente e estrutural para o campo brasileiro.
�
Referência
BORGES, Paulo Torminn. Institutos básicos do direito agrário. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 1998.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acessado em 17/09/2013.
BRASIL. Lei nº 4.132 de 10 de Setembro de 1962. Define os casos de desapropriação por interesse social e dispõe sobre sua aplicação. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4132.htm. Acessado em 17/09/2013.
BRASIL. Lei nº 4.504, de 30 de Novembro de 1964. Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4504.htm. Acessado em 17/09/2013.
BRASIL. Lei nº 8.629, de 25 de Fevereiro de 1993. Dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8629.htm. Acessadoem 17/09/2013.
BRUNO, Regina. O estatuto da terra: entre a conciliação e o confronto. Disponível em: http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/brasil/cpda/estudos/cinco/regina5.htm. Acessado em 17/09/2013.
MEDEIROS, Leonilde Servolo de. Reforma agrária: concepções, controvérsias e questões. Disponível em: http://www.cefetsp.br/edu/eso/reformaagrariaquestoes.html. Acessado em 17/09/2013.
SILVEIRA, Jamile Silva, HEIM, Bruno Barbosa. A institucionalização da política de reforma agrária no estatuto da terra: uma proposta à frente de seu tempo? Disponível em: http://jus.com.br/artigos/24312/a-institucionalizacao-da-politica-de-reforma-agraria-no-estatuto-da-terra-uma-proposta-a-frente-de-seu-tempo. Acessado em 17/09/2013
Trabalho avaliativo ao Centro Universitário Unirg, curso de Direito, 10º período noturno, disciplina de Direito Agrário.
Docente: Wellington Torres.
� uma unidade de medida agrária, expressa em hectares, que busca refletir a interdependência entre a dimensão, a situação geográfica e as condições de aproveitamento econômico do imóvel rural. (Wikipédia)
� publicidade ao fato
� A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - Contag, fundada em � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/1964" \o "1964" �1964�, é uma entidade � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil" \o "Brasil" �brasileira� que representa os trabalhadores rurais, através das � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Fetag&action=edit&redlink=1" \o "Fetag (página não existe)" �Fetags� - Federações estaduais - que, por sua vez, reúnem os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de cada município.
� Grupos Executivos de Terras do Araguaia / Tocantins
� Grupos Executivos do Baixo Amazonas
� Plano Nacional de Reforma Agrária
� Imposto Territorial Rura
� União Democrática Ruralista
� Títulos da Dívida Agrária
� Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
� Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
� Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

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