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SUBSTITUIÇÃO DE RESÍDUO DE CERÂMICA VERMELHA (RCV) NA FABRICAÇÃO DE CONCRETO

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SUBSTITUIÇÃO DE RESÍDUO DE CERÂMICA VERMELHA (RCV) NA FABRICAÇÃO DE CONCRETO 
Cintia Boff �
Grasiela Salvador�
Helio Mauro Tochetto�
Jessica Cristina Lassen�
Juliana da Silva Picoloto�
Luiz Henrique Amadori Zanatta�
RESUMO
Atualmente há uma grande responsabilidade em toda a área da construção civil quando se diz respeito à sustentabilidade, o qual impõe desafios perante a necessidade de cada projeto tendo como objetivo a utilização de materiais alternativos. Desta forma, vários projetos estão aceitando e valorizando os produtos feitos a partir dos resíduos das próprias construções como exemplo, o resíduo de cerâmica vermelha (RCV). Assim, o presente trabalho objetivou estudar o reaproveitamento desses resíduos na composição de concreto, em substituição nas seguintes proporções: 25% (areia); 12,5% (areia); 10% (cimento) e 25% (areia). Ensaios de resistência mecânica à compressão mostraram que, aos 28 dias, a substituição de 25% não teve um aumento considerável, já o traço com substituição de 12,5% triplicou sua resistência em relação aos 7 dias, e o traço com 25% (areia) e 10% (cimento), também em relação aos 7 dias, dobrou. Concluiu-se através das analises, que as substituições do cimento por pó cerâmico não ocasionou uma redução significativa na resistência, podendo assim ser indicado à aplicação em concretos, gerando vantagens relacionadas à preservação ambiental entre outras. 
Palavras-Chave: Sustentabilidade, Resíduos, Construção Civil, Cerâmica Vermelha. 
ABSTRACT
Currently there is a great responsibility in the entire construction area when it comes to sustainability, which imposes challenges to the need of each project with the objective of using alternative materials. In this way, several projects are accepting and valuing the products made from the residues of the own constructions as an example, the residue of red ceramic (RCV). Thus, the present work aimed to study the reuse of these residues in the concrete composition, replacing in the following proportions: 25% (sand); 12.5% ​​(sand); 10% (cement) and 25% (sand). Mechanical stress tests showed that, at 28 days, the substitution of 25% did not increase considerably, since the 12.5% ​​substitution trait tripled its resistance in relation to 7 days, and the trait with 25% ( sand) and 10% (cement), also in relation to 7 days, doubled. It was concluded through the analysis that the substitutions of the cement by ceramic powder did not cause a significant reduction in the resistance, being able to be indicated to the application in concretes, generating advantages related to the environmental preservation among others.
Keywords: Sustainability, Waste, Construction, Red Ceramics
1 INTRODUÇÃO	
O grande desafio da construção civil é conciliar uma atividade produtiva com ações que conduzem a um desenvolvimento sustentável. Atualmente o padrão de desenvolvimento ainda caracteriza-se principalmente pela exploração excessiva e constante dos recursos naturais (ANGELIS NETO; ANGELIS, 1999). 
Sendo assim, da produção de materiais de construção, até o canteiro de obra, os ataques ambientais são enormes e diversos, sendo indispensável à reutilização ou reciclagem dos RCD. 
Dentro da construção civil, a indústria cerâmica é a fornecedora essencial para os diversos setores produtivos. No caso da cerâmica vermelha, os resíduos são, geralmente, fragmentos de blocos, tijolos e telhas, gerados pela quebra dos elementos, seja na etapa da queima seja no transporte.
As matérias-primas para construção civil constituem o grupo mineral que mais é extraído em volume. O setor de construção é de longe o setor industrial que mais consome Ramis em quantidade, principalmente pelos agregados [...] (LINS, 2005, p.16).
A limpeza dos resíduos custa aos municípios uma quantia significativa de recursos (PINTO, 1999) que poderia estar sendo direcionada para a criação de melhor infraestrutura para a população em geral (ÂNGULO; JOHN, 2002). 
Os resíduos de RCV, desde que bem armazenados, têm a vantagem, sobre os resíduos de construção e demolição, de ser mais homogêneos em sua composição.
Com base a essas informações, o presente trabalho não buscou somente benefícios econômicos e ecológicos, mas também benefícios tecnológicos ao apresentar o resíduo de cerâmica vermelha como um agregado, em substituição à areia natural, para aplicação na confecção de concreto (ZORDAN, 1997).
2 MATERIAIS E MÉTODOS
 
O presente estudo é uma pesquisa bibliográfica e aplicada. Inicialmente realizou-se o levantamento de informações literárias, direcionada à análise de estudos, pesquisas e relatórios que abordem a temática de substituição de resíduo de cerâmica vermelha, RCV, na fabricação de concreto. Os procedimentos adotados nesta pesquisa foram: a) revisão bibliográfica sobre a substituição de RCV em concretos, b) coleta de dados através de ensaios laboratoriais, c) análise da influência do resíduo em concretos. 
2.1 MATERIAIS 
Para os ensaios, utilizou-se o cimento CPII–F–32, composto de clínquer e gesso, e com adição de 6% a 10% de filer. A água utilizada para a execução dos concretos é proveniente da rede de distribuição de água potável do município de Concórdia – SC. Para o ajuste da consistência dos concretos foi utilizado aditivo superplastificante EUCON 1040, da marca Viapol. Entre outras características, o aditivo EUCON 1040, possui altíssima redução da água de amassamento, para a fabricação do concreto. 
O agregado miúdo natural utilizado foi à areia grossa, cujas características físicas são apresentadas nas tabelas abaixo: 
Tabela 1 - Características físicas do agregado miúdo natural
	Propriedade
	Agregado graúdo natural
	Massa específica (g/cm³)
	2,60
	Massa específica SSS (g/cm³)
	2,57
	Massa específica aparente (g/cm³)
	2,55
	Massa unitária (g/cm³)
	1,54
Fonte: Os autores (2018)
Tabela 2 - Composição granulométrica do agregado miúdo
	Abertura da Peneira (mm)
	Porcentagem retida (%)
	2,4
	12,82
	1,2
	23,26
	0,6
	14,67
	0,3
	14,16
	0,15
	27,87
	Fundo
	7,22
	Módulo de Finura
	2,57
	Diâmetro máximo (mm)
	2,4
Fonte: Os autores (2018)
O agregado graúdo natural empregado foi brita basáltica. As tabelas abaixo apresentam as características físicas do agregado graúdo, conforme condições estabelecidas nas normas NBR NM 52 (ABTN, 2003), NBR NM 45 (ABTN, 2006) e a NBR 7211 (ABTN, 2005).
Tabela 3 - Características físicas do agregado graúdo natural
	Propriedade
	Agregado graúdo natural
	Massa específica (g/cm³)
	3,06
	Massa específica SSS (g/cm³)
	2,89
	Massa específica aparente (g/cm³)
	2,80
	Absorção (%)
	2,96
	Massa unitária (g/cm³)
	1,55
Fonte: Os autores (2018)
Tabela 4 - Composição granulométrica do agregado graúdo
	Abertura da Peneira (mm)
	Porcentagem retida (%)
	19
	0
	12,5
	23,54
	9,5
	32,27
	6,3
	39,40
	4,8
	4,37
	Fundo
	0,65
	Módulo de Finura
	6,56
	Diâmetro máximo (mm)
	12,5
Fonte: Os autores (2018)
O resíduo de cerâmica vermelha, RCV, utilizado é proveniente da moagem dos tijolos. A massa cerâmica foi seca em estufa e posteriormente submetida ao processo de moagem no aparelho para ensaio de abrasão de Los Angeles. Foram colocados no aparelho os blocos cerâmicos inteiros, juntamente com as esferas de aço que acompanham o aparelho, rotacionando por 30 min., e assim obtendo uma fragmentação do material. 
Os fragmentos cerâmicos foram submetidos a dois processos distintos: primeiramente a moagem do material; em seguida a separação granulométrica do resíduo de cerâmica vermelha. O peneiramento foi realizado mecanicamente e manualmente, conforme figura 1, sendo que o material final foi disposto em sacos, devidamente identificados, e assim facilitando a separação dos materiais para cada traço de concreto a ser executado.
Figura 1 - Ensaio de Granulometria Manual e Mecânico
Fonte: Os autores (2018)
O RCV possui massa específica de 2,47 g/cm³ e absorção de água de 19,27%.
Na tabela 5 é apresentada a composição granulométrica do agregado miúdo reciclado.
Tabela 5 - Composição granulométrica do resíduo de cerâmica vermelha
	Abertura da Peneira (mm)
	Porcentagem retida (%)
	2,4
	12,82
	1,2
	23,36
	0,6
	14,67
	0,3
	14,16
	0,15
	27,87
	Fundo
	7,22
Fonte: Os autores (2018)
2.2 MÉTODOS
Para verificar a influência do resíduo de cerâmica vermelha no comportamento dos concretos, produziram-se misturas com percentuais de substituições de 10%, 12,5% e 25%, conforme apresentado no quadro abaixo.
Quadro 1 - Percentual de substituição de RCV
	Amostra
	Cimento (%)
	Areia (%)
	Brita (%)
	01
	0
	25
	0
	02
	0
	12,5
	0
	03
	10
	25
	0
Fonte: Os autores (2018)
O RCV utilizado foi o retido nas peneiras 2,4mm; 1,2mm; 0,6mm; 0,3mm; 0,15mm; 0,075m; e fundo Os demais materiais como, o cimento, areia e brita, também foram separados de acordo com o percentual a ser utilizado. A massa desses materiais, cimento, areia e brita, foi estabelecida conforme método do IPT, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, pesando 7,47 Kg, 19,21 Kg e 21,74 Kg, respectivamente.
A substituição do agregado graúdo e do cimento pelo RCV foi realizada em massa com compensação de volume em função da diferença das massas específicas dos materiais.
Massa de resíduo cerâmico para a substituição da areia:
Onde, 
MRCV – Massa resíduo de cerâmica vermelha;
M areia – Massa da areia;
ɣ RCV – Peso Específico do resíduo de cerâmica vermelha;
ɣ areia - Peso Específico da areia.
Massa de resíduo cerâmico para a substituição do cimento:
Onde,
MRCV – Massa resíduo de cerâmica vermelha;
M cim – Massa do cimento;
ɣ RCV – Peso Específico do resíduo de cerâmica vermelha;
ɣ cim - Peso Específico do cimento.
Para a produção das três amostras de concreto, foi determinado o peso do resíduo de cerâmica vermelha retido em cada peneira conforme tabela 6, em função da porcentagem da composição granulométrica do agregado miúdo reciclado. Para as substituições de 25% de agregado miúdo, devido a pouquidade do material retido na peneira com abertura de 0,6mm, foi adicionado 0,356 Kg de material retido na peneira 2,4mm e 0,356 Kg de material passante na peneira 0,15mm.
Tabela 6 - Peso do RCV em função da compensação de volume
	Peneiras (mm)
	Agregado Reciclado (RCV) - Substituição do agregado miúdo (Areia e Cimento)
	-
	 Amostra 01 - (25%)
	 Amostra 02 –
(12,5%)
	Amostra 03 - (25%)
	-
	4,86 Kg
	2,43 Kg
	4,86 Kg
	2,4
	0,623
	0,312
	0,623
	1,2
	1,130
	0,565
	1,130
	0,6
	0,713
	0,356
	0,713
	0,3
	0,688
	0,344
	0,688
	0,15
	1,354
	0,677
	1,354
	Fundo
	0,351
	0,175
	0,351
Fonte: Os autores, (2018)
A mistura da massa de concreto foi realizada conforme estabelecido na NBR 12655 (ABNT, 1996), no laboratório de Materiais do curso de Engenharia Civil da Universidade do Contestado, campus de Concórdia. Adotou-se o traço de 1:2,56:2,91 (cimento:areia:agregado reciclado), com percentual de substituição estabelecido para cada amostra, por RCV. A relação água/cimento estabelecida para o adensamento das amostras foi de 0,55. 
O ensaio de resistividade elétrica superficial no estado endurecido foi executado aos 14 dias, 21 dias e 28 dias durante a cura úmida do corpo de prova. Para a realização do ensaio foram utilizados dois corpos de prova de cada amostra, considerando a diferença de poros que cada um poderia vir apresentar. O ensaio foi realizado a partir do método de Wenner. 
Essa técnica consiste do posicionamento de quatro eletrodos, alinhados e eqüidistantes um do outro, na superfície do concreto. Uma corrente elétrica é aplicada entre os dois eletrodos externos, sendo medida a diferença do potencial estabelecida entre os dois eletrodos internos (ARAUJO, Adriana. et.al., 2014, p.1)
O ensaio de abatimento de tronco de cone foi executado conforme estabelece a NBR NM 67 (ABNT, 1998). O apicoamento do concreto foi realizado com haste metálica apropriada, cuja medida é de 60 cm, aplicando-se 25 golpes distribuídos uniformemente sobre cada camada de concreto, conforme apresentado na figura 1 abaixo. 
Figura 2 - Ensaio de abatimento de tronco de cone
Fonte: Os autores (2018)
 	A execução do ensaio de resistência a compressão foi executado em conformidade com ao NBR 5739 (ABNT, 1994). Foram moldados nove corpos de prova cilíndricos com diâmetro de 100 mm e altura de 200 mm para cada amostra, permanecendo em processo de secagem por três dias, e posteriormente sendo realizada cura úmida, evitando a evaporação prematura da água necessária durante o processo de hidratação do concreto.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 Ensaio de abatimento do tronco de cone
Os ensaios de abatimento do tronco de cone, ou slump test, de cada amostra dosada são apresentados na tabela 7 a seguir. 
Tabela 7 - Resultado Adensamento obtido nas três amostras
	Amostra
	Resultado (mm)
	01
	50,0
	02
	80,0
	03
	120,0
Fonte: Os autores (2018)
A partir da análise do ensaio de abatimento, observa-se que o valor da Amostra 01 foi o menor de todos; podendo ser justificado pela necessidade da adição de água na mistura a mais do que as outras amostras, e devido à utilização do aditivo sem o mesmo fosse diluído em água, resultando na redução na coesão entre as partículas, e consequentemente diminuindo sua consistência. Nesta amostra, a substituição do agregado miúdo foi de 25%.
Já para a Amostra 02, houve uma melhora significativa quanto ao resultado do slump. O diferencial foi à porcentagem utilizada de RCV, 12,5%, ou seja, metade em relação à Amostra 01. Nesta amostra o aditivo foi incorporado ao concreto durante a inserção de água. Nota-se que, uma melhora considerável para esta dosagem, resultando melhor consistência a massa. Comparando com a dosagem da primeira amostra, é visto que quanto mais material miúdo (areia) ser substituído por resíduo cerâmico, maior será seu consumo de água e, consequentemente, pior a consistência da mistura fresca.
Para a Amostra 03 foram feitas as substituições tanto de areia como cimento, 25% e 10% respectivamente. Neste caso, o resultado do slump foi o mais próximo ao desejado, entre as amostras moldadas. Isso pode ter ocorrido devido ao cimento possuir granulometria similar ao do RCV, o que não gerou a necessidade de mais água, diminuindo de 5 tampas para 3, em relação às outras dosagens, influenciando diretamente na consistência do mesmo e na resistência a compressão final, no qual será abordado mais adiante. Comparada a Amostra 01, houve uma melhora do resultado sendo que ainda, essa amostra, teve a troca de cimento por RCV.
3.2 Ensaio de resistência à compressão
Os resultados dos ensaios de determinação de resistência a compressão do concreto com adição de pó cerâmico,em relação a sua idade, encontram-se no gráfico 1. Para o concreto com substituição de 25% de areia, a quantidade de água requerida para a consistência de 50,00 mm +/- 20,00 mm foi superior aos demais testados (1 litro a mais do que o calculado). Supõe-se que essa maior exigência de água para a obtenção da mesma consistência é resultante da maior finura do pó cerâmico.
Gráfico 1 - Resultados dos ensaios de resistência média à compressão
Fonte: Os autores (2018)
Ao analisar o gráfico 1, é perceptível a diferença de resistência média entre as amostras, por influência da quantidade da substituição de RCV empregado durante a dosagem do concreto.
A amostra 1 inicialmente, aos 07 dias, apresentou maior resistência do que as demais amostras, isso pode ter sido ocasionado devido, a substituição de o resíduo ter ocorrido somente na areia, mantendo a massa do cimento para o traço. Porém aos 28 dias, teve o pior desempenho comparado aos demais concretos. Neste caso, foi realizada a substituição de 25% de areia por RCV, e como já citado, houve a necessidade de 1 litro a mais de água que as outras amostras. Em proporções superiores da relação a/c, sabe-se
que o espaço ocupado pela água adicional, irá existir um espaço poroso preenchido com essa água ou com ar. À medida que o concreto seca a porosidade aumenta, e a resistência à compressão diminui. Outro fator que pode ter influenciado na resistência foi à inserção do aditivo, realizada diretamente na betoneira, o que pode ter influenciado na consistência e, consequentemente, ocasionando o decréscimo de sua resistência final. Acredita-se que o aditivo pode ter sido absorvido de maneira desigual pela massa, o que diminui essa ocorrência, quando diluído em água antes de incorporar na mistura.
Já na amostra 2, em idade mais precoce, 7 dias, a resistência do concreto foi de 9,13 Mpa. Para a produção deste concreto, o percentual de substituição foi de 12,5% do agregado miúdo, metade do percentual que o restante das amostras. Aos 28 dias, a mesma apresentou uma evolução no ganho de resistência, isto devido à melhor combinação do efeito pozolânico e do fíler, e também o emprego do aditivo diluído na água de amassamento, dando melhor trabalhabilidade para o concreto.
Por fim, observou-se que a amostra 3, em sua resistência final, aos 28 dias de idade, devido às proporções de resíduo de cerâmica vermelha empregados, 10% do cimento e 25% de areia, provocou à redução da resistência a compressão. Esta redução pode ser relacionada com a quantidade de substituição na mistura, especialmente no cimento, (principal aglomerante ativo) que permite a principal característica dos concretos que é o ganho de resistência.
Nota-se que as resistências das Amostras 01 e 03 foram semelhantes á 7 dias, com diferença de apenas 2,52%, o que nos mostra que mesmo com proporções de substituições diferentes o concreto se comportou praticamente igual em termos de resistência a compressão. A amostra 01 não atendeu os padrões pré-definidos, ou seja, consumiu mais água na mistura do que a quantidade calculada e o slump final foram de 50 mm. Em contrapartida, a resistência aos 28 dias foi similar à da amostra 03 que consumiu a quantidade de água calculada e apresentou um slump de 120 mm.
Gonçalves (2007) demonstrou em estudo experimental que a utilização de resíduo de cerâmica vermelha na substituição de 20% do cimento em concretos, não afeta sua resistência. Este percentual foi obtido através de experimentos e estudos, onde se verificou que valores acima de 20% de substituição de cimento poderiam comprometer a resistência do concreto em qualquer idade.
 
3.3 Resistividade elétrica
Resistividade elétrica ou resistência específica é definida como a propriedade que indica a indisponibilidade do meio para movimentação do fluxo de elétrons.
Fatores importantes para a realização do ensaio (método Wenner) e determinação da resistividade é a temperatura, umidade e o tempo de saturação do corpo de prova.
Inicialmente com o corpo de prova úmido foi posicionado o aparelho que consiste em quatro eletrodos que formam um campo elétrico, os pontos receptores captam o potencial e seus resultados são dados imediatamente. Os resultados obtidos estão apresentados no gráfico 2.
Gráfico 2 - Resistividade elétrica dos concretos
Fonte: Os autores (2018)
Como demonstra o gráfico, a amostra 1 obteve pior desempenho perante os demais, proveniente da necessidade de inserção de água a mais que a relação água/cimento calculada, a qual preencherá os poros concretos, porém à medida que o mesmo se hidrata, a água irá evaporar e consequentemente aumentar a porosidade.
O concreto identificado como amostra 2 obteve melhor resistividade elétrica, sendo assim apresenta menor porosidade. Isso se deve ao menor percentual de substituição do agregado miúdo, bem como o melhor preenchimento dos poros vazios. No entanto, mesmo mantendo a evolução do resultado, o concreto ainda é considerado como alto riso de corrosão (<20).
Na amostra 3, o concreto mostra a mesma tendência do que a amostra 2 apresentou evolução da resistividade, mostrando assim, que houve redução da porosidade do concreto durante o período de cura. Isto pode estar relacionar com as proporções de substituição do resíduo de cerâmica vermelha, uma vez o que mesmo foi acrescentado com diferentes proporções, preenchendo os poros do concreto. 
4 CONCLUSÃO 
Esse artigo, teve a finalidade de obter o aproveitamento de RCD em substituições na cadeia produtiva do concreto. Em particular foram estudados o resíduo de cerâmica vermelha (RVC) onde obtiveram resultados satisfatórios no decorrer dos estudos de cada caso. 
Observando os resultados obtidos nos ensaios de determinação de características do concreto executado, verificou-se que a substituição do cimento pelo pó cerâmico, não causou alterações significativas na resistência final do concreto, o que nos leva a conclusão de que não haveria perdas de resistência ou durabilidade na estrutura ao serem utilizados os materiais de RCV na composição dos concretos para esse teor de substituição. 
Porém, salientamos que os melhores resultados foram dentro da substituição da areia por RCV na proporção de 12,5%, observando-se uma resistência inicial baixa, mas com o aumento da idade do concreto se tornou a mais alta das amostras verificadas. Considera-se possivelmente ao fato que esta adição preencheu melhor os vazios do concreto de referência, havendo uma melhora nas propriedades mecânicas, ocorrido devido ao efeito filler do RCV, que atua na estrutura do concreto, ocupando os espaços vazios deixados pelos grãos maiores. Além disso, conforme observado, quanto maior o valor de substituição maior as alterações nas propriedades.
Ainda, o estudo apresentou uma variável que foi a diluição do aditivo na água nas amostras 02 e 03. O que não ocorreu na amostra 01. O ideal seria a repetição do ensaio para a primeira amostra para padronizar as análises e, talvez, essa diluição cometeria a redução da relação a/c na mistura 01.
Quanto à análise de resistividade, verificamos que a amostra 02 foi a que apresentou o melhor resultado devido ao melhor empacotamento das partículas do concreto, gerando uma maior resistividade devido a sua menor porosidade. Juntamente a isso, as execuções do adensamento dos corpos de prova também influenciam diretamente nesses resultados. 
Na tabela 9, demonstramos um resumo dos resultados dos ensaios realizados, bem como os padrões definidos para cada amostra.
Tabela 9 - Resultado dos ensaios em função da amostra
Fonte: Os autores (2018)
Observa-se, que existe a possibilidade real da substituição do RCV em concretos e, ainda obter resultados interessantes em relação, principalmente, da resistência à compressão final. Para teores maiores do que os ensaiados sugerem-se estudos mais aprofundados e direcionado para cada tipo de aplicação. 
Toda a adoção de medidas nos quais os objetivos favorecem a população, proporcionando um autodesenvolvimento de conscientização ambiental deve ser considerada com precisão dentre os profissionais envolvidos. 
REFERÊNCIAS
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ANGELIS NETO, G.; ANGELIS, B. L. D. Impactos ambientais causados pelo destino final dos resíduos sólidos urbanos de Maringá/PR. Acta Scientiarum, Maringá,1999.
ANGULO, S. C.; JOHN, V. M. Normalização dos agregados graúdos de resíduo de construção e demolição reciclados para concretos e a variabilidade. São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2002.
ARAUJO, Adriana. Et.al. Técnicas de medição da resistividade elétrica em estruturas de concreto convencional. Revista Téchne. Disponível em: <http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/210/tecnicas-de-medicao-da-resistividade-eletrica-em-estruturas-atmosfericas-de-326947-1.aspx>. Acesso em: 01 nov. 2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM52: agregado miúdo – determinação da massa específica e massa específica aparente. Rio
de Janeiro, 2003.
______.NBR NM 45: agregados: determinação da massa unitária e do volume de vazios. Rio de Janeiro, 2006.
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______. NBR 5739: concreto: ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 1994.
GONÇALVES, J. P. Utilização do resíduo da indústria cerâmica para produção de concretos. Revista Escola de Minas, Tubarão, 2007.
LINS, F. A. F. Panorama da Produção e Consumo de Rochas e Minerais Industriais no Brasil. In: CENTRO DE TECNOLOGIA MINERAL; Ministério da Ciência e Tecnologia (Coord.). Rochas & Minerais Industriais: usos e especificações. Rio de Janeiro: CETEM, 2005.  
PINTO, T. P. Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos da construção urbana. São Paulo, 1999. Tese (doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. Disponível em: <http://www.casoi.com.br/hjr/pdfs/GestResiduosSolidos.pdf.> Acesso em 10. Out. 2018.
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�Graduação, Universidade do Contestado, Campus Concórdia, Rua Victor Sopelsa, Bairro Salete, Concórdia / SC, CEP: 89.711-330 e-mail: �HYPERLINK "mailto:cintia_boff33@hotmail.com"�cintia_boff33@hotmail.com�
�Graduação, Universidade do Contestado, Campus Concórdia, Rua Victor Sopelsa, Bairro Salete, Concórdia / SC, CEP: 89.711-330 e-mail: � HYPERLINK "mailto:grasiela_salvador@hotmail.com" �grasiela_salvador@hotmail.com�
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