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ENTRE HÉRCULES E A CORÇA DE CERINEIA: PAMPRINCIPIOLOGISMO DO PROCESSO E O DESCUMPRIMENTO DAS REGRAS PROCESSUAIS

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Resumo apresentado na mostra científica do III Congresso de Direito da UNISUL (2018) 
 
Como citar: MÖLLER, Guilherme Christen. Entre Hércules e a Corça de Cerineia: Pamprincipiologismo 
do processo e o descumprimento das regras processuais. In: III Congresso de Direito da UNISUL, 2018, 
Palhoça. Anais do III Congresso de Direito da UNISUL. Palhoça: UNISUL, 2018. 
 
**Qualquer reprodução (integral ou parcial) deste artigo que não esteja em conformidade com o art. 46, 
inc. I, da Lei n.º 9.610/1998, bem como sem a anuência do autor, estará sujeita às sanções civis e 
penais aplicáveis. 
 
 
 
 
Pág. 1 
ENTRE HÉRCULES E A CORÇA DE CERINEIA: PAMPRINCIPIOLOGISMO DO 
PROCESSO E O DESCUMPRIMENTO DAS REGRAS PROCESSUAIS 
 
Guilherme Christen Möller 
 
Resumo: Na mitologia, o semideus Hércules teve em sua passagem carnal o total de 
doze tarefas que deveriam ser cumpridas. Dentre esses doze desafios, tem-se a sua 
luta travada contra a Hidra de Lerna, notadamente a sua segunda tarefa e a que 
antecede a sua tarefa de capturar a Corça de Cerineia. Essa sequência mitológica, 
numa perspectiva de direito e literatura, se apresenta similar a um problema que se 
vive contemporaneamente no Brasil. Explica-se. A partir do proposto por Neves, tem-
se a utilização desse simbolismo místico para inverter a perspectiva dominante sobre 
princípios e regras, a partir de Dworkin. O papel representado pelo semideus Hércules 
é uma analogia ao papel do juiz, o responsável por identificar quais seriam os 
princípios adequados à solução do caso, viabilizando, in casus, um melhor julgamento 
sobre a questão. Neves, assim, resumindo-se a sua proposta, formula que, 
contemporaneamente, os princípios têm o caráter de Hidra, enquanto, as normas 
seriam hercúleas. Posto isso, essa relação faz menção ao fato da tentativa de 
compatibilizar uma flexibilização ocasionada pelos princípios no sistema jurídico, 
ampliando as possibilidades da argumentação, especialmente pelo fato de servirem a 
soluções satisfatórias de casos, sem uma redução dessas a opções discricionárias, 
enriquecendo o processo de argumentação entre os envolvidos, contemplando-se 
para uma pluralidade de pontos de partida. Com o fim do combate Hidra-Hércules, 
 
 Mestrando em Direito Público pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade do Vale 
do Rio dos Sinos (UNISINOS). Bacharel em Direito pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). 
Autor de livros e de artigos científicos relacionados ao Direito Processual Civil, Teoria Geral do 
Processo e Direito Constitucional. Membro do Instituto Brasileiro de Direito Processual (IBDP). 
Bolsista do Programa de Excelência Acadêmica (PROEX) da Coordenação de Aperfeiçoamento de 
Pessoal de Nível Superior (CAPES). Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0168074867678392. E-
mail: contato.guilhermemoller@gmail.com. 
Pág. 2 
tendo Hércules saído como vitorioso, servem, as experiências dessa tarefa, como uma 
base para os seus outros desafios. A tarefa sequencial de Hércules é capturar a Corça 
de Cerineia, o que leva mais de um ano para ser concretizado. A Corça de Cerineia, 
aqui, representa o julgamento adequado de um caso a partir de uma congruência para 
com o sistema jurídico. Fugindo-se da mitologia, essa busca travada pelos juízes de 
obter um julgamento adequado para cada caso a partir da congruência para com o 
sistema jurídico, especialmente para o Brasil, vem, e cada vez mais, sendo dificultada. 
Contemporaneamente, espera-se um processo desenvolvido a partir de técnicas 
congruentes para com o sistema jurídico, sendo esses os meios que levarão a um 
processo que se adeque à proposta de um modelo constitucional de processo. Em 
contraponto ao que se espera, cada vez mais são observadas incongruências para 
com o sistema jurídico. O juiz Hércules parece ter virado o juiz Hidra. Cria-se um 
sistema de pamprincipiologismo do processo, ou seja, tudo é princípio e a cada dia 
temos tantos outros princípios que por muitas vezes não estão em sintonia para com 
o sistema jurídico, de modo que as normas processuais do ordenamento jurídico 
apenas são aplicadas quando forem pertinentes, quando na realidade deveria ser o 
contrário. Assim, a partir de uma proposta metodológica hermenêutica, investiga-se o 
problema oriundo desse pamprincipiologismo do processo. Como hipótese sumária, 
tem-se que princípios e regras processuais tem o seu devido valor e lugar, devendo 
serem aplicados para a proposta pela qual foram desenvolvidos, respeitando-se, 
portanto, a disposição de um ordenamento jurídico, o que viabilizará a prestação de 
um resultado adequado por meio de um processo lapidado no modelo constitucional. 
 
REFERENCIAL TEÓRICO BÁSICO 
 
BAPTISTA DA SILVA, Ovídio Araújo. Processo e ideologia: o paradigma 
racionalista. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. 
 
NEVES, Marcelo. Entre Hidra e Hércules: princípios e regras constitucionais. 2. ed. 
São Paulo: WMF Martins Fontes, 2014. 
 
STRECK, Lenio Luiz. Verdade e consenso: constituição, hermenêutica e teorias 
discursivas. 6. ed. rev. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2017. 
 
Pág. 3 
______. Dicionário de Hermenêutica: quarenta temas fundamentais da Teoria do 
Direito à luz da Crítica Hermenêutica do Direito. Belo Horizonte: Casa do Direito, 
2017.

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