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Treinamento de habilidades sociais

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A Psicologia Comportamental entende que as habilidades sociais são aprendidas ao longo da vida e por isso são passíveis de intervenção e modificação. O Treinamento de habilidades sociais trata-se no desenvolvimento de habilidades adaptativas do indivíduo, no relacionamento intrapessoal e interpessoal, principalmente por meio da comunicação. O comportamento social assertivo é aquele que como consequência tem mais reforçamento positivo do que punição. A pessoa é capaz de expressar seus direitos, sentimentos, opiniões, de forma adequada ao contexto, obtendo consequências reforçadoras, que solucionam e previnem problemas. Envolve além da comunicação aspectos corporais, como aspectos corporais e paralinguísticos (CABALLO, 1996). 
As indicações terapêuticas são bastante variadas para o THS (Caballo, 1996) e muitos dos transtornos mentais apresentam algum prejuízo nas habilidades sociais, como os transtornos do neurodesenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista, O Transtorno de Défict de Atenção e Hiperatividade; os transtornos do humor, como Transtorno Depressivo Maior, Transtorno Afetivo Bipolar; Os Transtornos da Personalidade, como o Transtorno de Personalidade Borderline, o Transtorno de Personalidade Esquizotípica, o Transtorno de Personalidade Narcisista; os Trastornos por Uso e Abuso de Substâncias, dentre muitos outros (DSM V, 2015). Embora esses transtornos possam apresentar déficts nas habilidades sociais como sintomatologia, nem sempre ocorrerá, e o THS deve ser indicado na avaliação terapêutica. O Treino em Habilidades Sociais pode ser trabalhado individualmente ou em grupos, bem como com familiares do paciente, buscando a assertividade dos comportamentos, pode ser trabalhado no âmbito escolar, organizacional, no contexto clínico: na terapia familiar, de casal, de grupo, individual (CABALLO, 1996). 
O Treino em Habilidades Sociais identifica os padrões de comportamentos do indivíduo que não são assertivos e que geram algum tipo de prejuízo social. É identificada na análise do terapeuta que as consequências sociais negativas advém de um determinado comportamento expresso pelo indivíduo e que geralmente se repete, o que sugere um défict do cliente nos comportamentos sociais. Então a dupla terapêutica, cliente e terapeuta, passam a pensar conjuntamente novas possibilidades de comportamentos que ocasionem em consequências sociais mais positivas, levando o cliente ao aumento da consciência sobre os antecedentes, os comportamentos e as consequências (CABALLO, 1996). 
É preciso destacar que as situações exigem diferentes tipos de comportamentos, logo o Treino em Habilidades Sociais não se trata apenas de evitar conflitos interpessoais, pois muitas vezes o défict de comportamentos sociais está justamente na dificuldade do cliente se impor diante de uma situação, o que gerará algum grau de conflito, mas que trará consequências positivas e resolutivas para o sujeito. Por isso fala-se em comportamentos assertivos, e não passivos. Esse entendimento preciso do contexto realizado pelo terapeuta é fundamental para o sucesso da intervenção terapêutica (CABALLO, 1996).
Caballo (1996) afirma que definir o que é um comportamento social habilidoso é algo controverso, e existem diversas definições distintas na literatura, e isso ocorre devido a cultura que influência diretamente no comportamento social, e que por isso o que é adequado passa por constantes modificações. Isso significa que o comportamento social depende de localidade, idade, gênero, classe social. Acrescenta também que o comportamento social apropriado depende ainda da intenção que o indivíduo deseja obter como consequência do comportamento, e por isso varia de acordo com o contexto do próprio indivíduo, que por sua vez está inserido no contexto cultural. O que para uma pessoa é apropriado num momento, pode ser inapropriado para outro momento. Bem como duas pessoas podem ter comportamento distintos numa situação similar e ambas serem assertivas.
	Caballo (1996) sugere que há três conteúdos de consequências que devem ser consideradas a respeito de comportamentos sociais: a eficácia em atingir o objetivo almejado pela pessoa ao emitir o comportamento; a eficácia para a manutenção da relação com as pessoas próximas as que o comportamento é direcionado ou afeta; a eficácia para a manutenção da auto-estima da pessoa que emite o comportamento habilidoso. Essas três consequências são pesos que devem ser considerados um em detrimento do outro na escolha da habilidade social mais apropriada, daquilo que é mais importante naquele contexto, por exemplo, em uma briga de um casal que pretende levar adiante o relacionamento, o comportamento mais habilidoso pode ser o que favorece a relação, e não o objetivo de cada um. Em um pedido de aumento ao chefe, pode ser a eficácia do objetivo almejado pelo comportamento de conseguir o aumento, ao invés da melhora da relação com o chefe. Por isso além de ter ampla visualização do contexto, o terapeuta também precisa ter ampla visualização do conteúdo do comportamento social tido e o comportamento social esperado. 
	Conforme Del Prette e Del Prette (2003), existem diversas técnicas de aprendizagem de comportamentos sociais, sendo elas o coaching: a instrução verbal que visa aumentar a compreensão do paciente sobre seus próprios comportamentos; a modelação; fading out: o uso de incentivos como reforçadores, com a diminuição gradual das instruções verbais. 
	O treinamento de habilidades sociais é de grande importância na ressocialização de pacientes psiquiátricos, tendo significativa importância no processo de desinstitucionalização de transtornos mentais severos e persistentes (DEL PRETTE, DEL PRETTE, 2003). 
	Dois conceitos primordiais são utilizados, o de habilidade social e o de competência social, e são considerados conceitos distintos para a literatura. Competência social está relacionada a capacidade da pessoa julgar os comportamentos como adequados ou inadequados de acordo com a situação, e habilidade social é a capacidade de descrever esses comportamentos, ou seja, de planejá-los como um script a ser executado. Del Prette e Del Prette (2003) destacam ainda o conceito de assertividade, como a capacidade da pessoa defender seus direitos, usando para isso graus entre a agressividade e passividade necessárias para a resolução da problemática, mas sempre respeitando o direito das outras pessoas nesse processo. 
	Del Prette e Del Prette (2003) destacam a importância da avaliação das competências sociais para selecionar as metas terapêuticas relacionadas com as dificuldades da pessoa, nesse sentido, uma boa avaliação possibilita uma adequação às reais necessidades do cliente. A avaliação pode ser realizada por meio de entrevistas com o cliente, entrevistas com as pessoas que convivem com o cliente, por meio de observação in loco, que visa perceber como os comportamentos da pessoa repercutem na interação social. Del Prette e Del Prette (2003) ressaltam que questionários costumam ser aplicados com pessoas que se relacionam com o cliente para produzir uma visão ampliada dos aspectos comportamentais que requerem atenção. Para pacientes com uma maior limitação cognitiva, é utilizada a aviação de desempenho de papel, que consiste em uma observação direta do cliente se relacionando com um interlocutor treinado para este fim, recriando um ambiente cotidiano. 
	No Brasil há uma escala adaptada para medir as competências sociais através de desempenho de papéis, a EACS, que fornece graus sobre o "comportamento verbal, não verbal, paralinguístico, expressão do afeto e solução de problemas (Del Prette, Del Prette, 2003, pag 227)". 
	Del Prette e Del Prette (2003) explicam que o aumento das habilidades sociais é uma forma de evitar comportamentos agressivos, e essa prerrogativa é utilizada principalmente para o atendimento infantil, e pode atuar ainda diminuindo a rejeição que as pessoas do convívio da criança expressam por ela, o que é outro agravante indireto do comportamento agressivo. No treinamento de habilidadessociais com crianças, Del Prette e Del Prette (2003) apontam o treino de pais e cuidadores como uma das intervenções com melhores resultados. 
	A intervenção com os pais e cuidadores perpassa as instruções sobre o conhecimento teórico das habilidades sociais para possibilitar que os cuidadores observem o comportamento dos filhos; o aumento do reforço positivo com os comportamentos considerados adequados, podendo ser utilizado o sistema de pontos e fichas; extinção e punição leve para os comportamentos considerados inadequados; instruir os filhos com clareza nas informações; bem como a modelação, representação de papéis com os filhos e ensaio comportamental (DEL PRETTE, DEL PRETTE, 2003). 
	Caballo (1996) explica que os comportamentos sociais são fortemente definidos na infância pelo processo de modelação de acordo com a família, seja por reprodução do comportamento dos cuidadores ou pela instrução verbal que os cuidadores dão às crianças sobre seus comportamentos, além de reforçar ou punir determinados comportamentos sociais. Porém Caballo (1996) destaca que um défict nos comportamentos sociais não depende somente da infância, e explica que principalmente na adolescência ocorrem significativas fontes de reforçamento e novos modelos. Ao longo de toda a vida, as habilidades sociais podem modificar-se, e diminuir em caso de isolamento, por exemplo. Caballo (1996, pag. 369) cita "a entrevista, o auto-registro, os numerosos inventários disponíveis e o emprego de situações análogas, assim como a observação na vida real", como principais formas de se obter um bom levantamento das competências sociais do cliente. A especificidade do problema social encontrado irá ser determinante na escolha do plano terapêutico mais adequado. Depois de avaliar o comportamento social, deve-se levantar a questão do porque ocorre essa inadequação comportamental. 	
	 Caballo (1996, pag. 369) explica que a inadequação de habilidades sociais pode ocorrer por “déficit em habilidades, ansiedade condicionada, cognições desadaptativas, discriminação errônea”. Nesse sentido, a participação do cliente no tratamento é bastante ativa, o que requer uma motivação do cliente para que o tratamento aconteça, e essa motivação é estimulada pelo terapeuta antes mesmo de iniciar as técnicas no tratamento, bem como o entendimento do que é o Treinamento em Habidades Sociais (THS). Em alguns casos com predominância de ansiedade como agravante, é recomendado que sejam utilizadas as técnicas de relaxamento, como relaxamento progressivo de Jacobson antes das técnicas de Treinamento em Habilidades Sociais. Assim, o cliente é capaz de perceber sua ansiedade em determinados contextos e ter estratégias para lidar com ela. Muitas vezes o paciente com ansiedade excessiva tem a competência social, mas por situações que despertem ansiedade, ele apresenta comportamentos inadequados, outras vezes, é necessário que o cliente adquira novas habilidades sociais. 
	Caballo (1996) distingue três classes de resposta em situações que requerem habilidades sociais: os comportamentos não assertivos, os assertivos e os agressivos, e sugere aumentar o conhecimento do cliente sobre as situações comuns que enfrenta, bem como comportamentos assertivos ou não que ele emite nessas situações. 
	Para Caballo (1996) a etapa mais importante do Treinamento de Habilidades Sociais é o Ensaio Comportamental, que envolve o ensaio comportamental propriamente dito, a modelação, as instruções verbais do terapeuta, o reforçamento e até tarefas para realizar em casa. A ampliação de comportamentos sociais envolve uma série de componentes verbais e não verbais a serem trabalhados no ensaio comportamental como o olhar recíproco com o do interlocutor, acompanhando a fala; a expressão facial de acordo com a mensagem que se quer transmitir; os gestos que acentuam a mensagem que quer transmitir; a postura; a orientação corporal no espaço com o interlocutor; a distância física do outro; o volume da voz adequado; a entonação da voz; a fluência da fala; o tempo da fala; o conteúdo da fala. O ensaio comportamental visa antecipar situações cotidianas problemáticas para o indivíduo, e ele e o terapeuta as representam no processo terapêutico, visando substituir as respostas inadequadas dadas pelo cliente. O cliente relata a cena de uma situação problema específica recorrente, quem está nela, onde e quando ela ocorre, e o terapeuta deve ajudar que o cliente permaneça na cena, evitando dispensar-se. O terapeuta pode fazer apontamentos durante a cena para ajudar o cliente a motivar-se na tarefa. Caballo (1996) recomenda que a atividade dure até 3 minutos, e a partir desse ensaio comportamental da situação problemática surgirão novas formas de se agir numa situação futura similar, considerando os variados aspectos verbais e não verbais necessários a boa comunicação anteriormente citados.
	O terapeuta pode atuar também pela modelação no ensaio comportamental, mostrando-lhe novas formas de resposta. Após selecionadas novas respostas adequadas a situação, o paciente as representa incluindo-as e modificando as respostas inadequadas. Por fim, é necessário realizar a avaliação do quanto essa resposta foi efetiva no contexto da vida do cliente (CABALLO, 1996). 
	A técnica da modelação é a apresentação ao cliente de modelos comportamentais adequados, geralmente realizado pelo terapeuta, mas também podendo ser realizado por vídeos, membros do grupo. O comportamento escolhido para a modelação será aquele que tenha maior possibilidades de ter consequencias positivas, e deve considerar as especificidades do paciente, menos como um comportamento correto e mais como uma possibilidade diante da situação (CABALLO, 1996).. 
	O feedback corretivo, também chamado de coaching e treinamento, é a sinalização ao cliente, dando-lhe informações sobre o seu desempenho a ser ajustado e orientando-o na execução de tarefas. Ele é amplamente utilizado durante as sessões para aumentar a percepção do cliente sobre as tarefas, seus comportamentos e estímulos do ambiente que requerem atenção. O reforçamento também pode acompanhar o feedback e é extretamente importante em todas as sessões para aumentar a aproximação das respostas adaptativas esperadas, e aumentar a frequência das respostas já alcançadas (CABALLO, 1996). 
	Os próprios clientes também podem dar reforçamentos para si mesmos, como um presente ou autoelogios. É interessante que cada sessão comece com o reforço para o cliente, assinalando o progresso já obtido (CABALLO, 1996). 
	As tarefas de casa são uma das etapas mais importantes do Treinamento de Habilidades Sociais, pois elas consolidam na prática o aprendizado, ao trazerem novas consequências diante de novos comportamentos, ocorrendo uma generalização da resposta nova, ou seja, uma generalização da situação clínica para as situações práticas. As tarefas inicialmente podem centrar-se na percepção da ansiedade diante das situações, das emoções em geral, dos comportamentos obtidos em situações cotidianas, das reações das pessoas diante dos comportamentos emitidos, dentre tantas outras. As tarefas de casa têm graus crescentes de complexidade, e muitas vezes, a sessão centra-se em preparar o paciente para a sua realização. Cada tarefa deve ser discutida no início da próxima sessão (CABALLO, 1996)..
	Esses procedimentos descritos não são os únicos para o THS, há uma ampla variedade empregada na prática e que variam de acordo com as especificidades dos casos e dos contextos, mas todos eles partem do princípio que habilidades sociais podem ser aprendidas para a solução de problemas. É necessário salientar que o bom prognóstico do tratamento requer a avaliação adequada do repertório comportamental do cliente, para a consequente estipulação das metas desejadas e da seleção das técnicas terapêuticas. Assim que o comportamento desejado é obtido, é necessário que seja repetido em novas situações para que ele seja generalizado pelo cliente e se instale. Aumentar a percepção do cliente sobre as situações que envolvem as habilidadessociais também é uma importante forma de que ele escolha as respostas mais adequadas de acordo com seus próprios objetivos de consequências desejadas (CABALLO, 1996).. 
	 
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-V. Porto Alegre: Artmed, 2013.
CABALLO, Vicent., E. Manual de Técnicas de Terapia e Modificação do Comportamento. São Paulo: Editora Santos, 1996. 
DEL PRETTE, Almir. DEL PRETTE, Zilda, A., Pereira. Habilidades Sociais, Desenvolvimento e Aprendizagem: questões conceituais, avaliação e intervenção. São Paulo: Editora Alínea, 2003.
O Treinamento em Habilidades Sociais

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