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Alessandro Braga 2017 GEOLOGIA ESTRUTURAL Fraturas e Falhas Deformação rúptil • Estruturas rúpteis como fraturas e falhas são encontradas em quase toda a superfície da terra. A deformação rúptil é a marca registrada da deformação na crosta superior, ocorrendo em áreas onde os esforços se acumulam em níveis que excedem o limite local de resistência à ruptura da crosta; • A deformação rúptil é causada pelo fraturamento e implica um rompimento instantâneo das estruturas cristalinas em escala atômica; • Ou seja, de modo geral a deformação rúptil gera descontinuidades a partir da perda de coesão no maciço rochoso. Deformação Rúptil fraturamento, perda de coesão Deformação Dúctil dobramentos, sem perda de coesão Obs: A rocha irá se deformar por fraturamento quando o limite de resistência do material for excedido. O que são fraturas (diáclases ou juntas)? No sensu stricto, é qualquer descontinuidade plana ou subplana, formada por esforços internos (p. ex., térmico) ou externo (p. ex., tectônico). As fraturas podem ser divididas em: • Fraturas abertas ou de extensão (juntas, veios e diques) Ocorre extensão perpendicular à parede. Podem ser preenchidas. • Fraturas de cisalhamento (falha) Ocorre movimentação paralelo à parede. Fraturas preenchidas por minerais são denominadas de veio, ao passo que as preenchidas por magmas são diques. Fratura extensional Fratura de cisalhamento (falha) O modelo de Riedel é utilizado para a interpretação estrutural gerados em tectônica rúptil, seja no próprio campo ou no escritório. Fraturamento no Modelo de Riedel Origem das fraturas Fraturas São feições muito bem representadas. Podem ser encontradas em todos os tipos de rochas e de ambientes: rochas metamórficas, sedimentares, ígneas, pouco ou não deformadas. Apesar da frequência, fornecem informações relativamente limitadas para os interessados em entender a evolução tectônica de determinada região. Isto se deve a vários fatores: É difícil estabelecer uma cronologia dos fraturamentos sucessivos quando eles não envolvem deslocamentos; A correlação com estruturas sincrônicas é geralmente aleatória; Os planos de fraturas geram anisotropia na rocha, frequentemente reutilizada em mais de uma fase; Fraturas Por fim, existe uma infinidade de mecanismos que provocam a ruptura das rochas, gerando feições morfologicamente parecidas, dificultando assim a determinação de sua origem. Apesar das restrições, o seu estudo é fundamental por várias razões: Do ponto de vista geotécnico, por serem planos de menor coesão, podem se transformar em planos de movimento; Do ponto de vista metalogenético as fraturas representam, nos vários níveis crustais, o caminho preferencial das soluções mineralizadoras; Do ponto de vista hidrogeológico, desempenham um papel fundamental na dinâmica dos aquíferos. Algumas definições: Família – conjunto de fraturas paralelas ou subparalelas com padrão regular Sistema – quando ocorre duas ou mais famílias de juntas (pares conjugados) Fraturas Organização espacial As superfícies de ruptura das juntas podem ser consideradas como planares; quando apresentam uma distribuição plano- paralela e um espaçamento relativamente constante, são chamadas sistemáticas. No caso de juntas de distribuição irregular, são chamadas não sistemáticas Padrões Representação de fraturas Representação de fraturas • As falhas são a expressão fundamental da atividade tectônica no nível estrutural superior, onde as rochas apresentam um comportamento frágil; • Elas estão associadas tanto ao regime compressional como extensional ou transcorrente. Em certos casos, podem afetar até o domínio dúctil da crosta. Falhas Falhas – elementos geométricos É uma descontinuidade como deslocamento paralelo às suas paredes e dominada por mecanismos de deformação rúptil; Plano de descontinuidade (fratura) ao longo do qual houve deslocamento de blocos; Podem acomodar grande quantidade de deformação na crosta superior. muro teto foot-wall hanging-wall plano de falha (espelho de falha) bloco bloco Qualquer superfície ou faixa estreita onde é visível um deslocamento causado por cisalhamento. Falhas – elementos geométricos de rejeito Falhas – elementos geométricos de rejeito Quando um dos blocos de falha apresenta uma componente de rotação, as estrias podem apresentar um encurvamento; É frequente a reutilização de um mesmo plano de falha por episódios deformacionais sucessivos (progressivos ou polifásicos); O ângulo entre a direção do plano de falha e a estria é o pitch ou rake da estria. Modelo de Anderson (1942) Estes três tipos básicos de falhas correspondem a situações ideais. Estas situações nem sempre ocorrem na natureza. Assim, é necessário utilizar uma nomenclatura complementar para contemplar a grande diversidade de tipos de falhas susceptíveis de serem encontradas no campo. Classificação com base no mergulho Classificação com base no mergulho O observação de falhas se torna difícil se analisada apenas em duas dimensões. Por vezes uma falha transcorrente pode, num plano vertical parecer uma falha vertical. É possível observar que, num perfil vertical, as falhas normais podem provocar a omissão de camadas enquanto que as falhas inversas podem provocar a sua duplicação. As primeiras são ditas subtrativas, enquanto as últimas são aditivas. Quando uma falha inclinada recorta camadas também inclinadas, a falha é dita conforme quando o seu plano e a camada mergulham na mesma direção, e contrária quando eles mergulham em sentido oposto. Indicadores cinemáticos TIPOS DE FALHAS O bloco acima do plano de falha é conhecido como capa ou teto, por sua vez o bloco abaixo do plano de falha pode ser denominado lapa ou muro. • Falha normal - capa rebaixa em relação à lapa; • Falha transcorrente – movimento lateral dos blocos (pode ser sinistral ou destral); • Falha inversa – capa soergue em relação à lapa (abaixo de 45°, falha de cavalgamento). O regime extensional provoca um afinamento litosférico, podendo, em caso extremo, levar até a formação de um oceano. Este afinamento é responsável pela formação da maior parte das bacias sedimentares; As falhas normais são as principais feições associadas a este regime, formando sistemas geralmente chamados rifts. Regime extensional Sistema de Horst e Graben Elementos geométricos rejeito Elementos geométricos rejeito Falha normal Elementos geométricos rejeito horizontal (heave) vertical (throw) total rejeito total: medido no plano de falha Os sistemas extensionais são geralmente caracterizados por associações de falhas normais, conjugadas ou não. Duas geometrias básicas de superfícies de falhas podem ser observadas: superfícies curvas, caracterizadas por uma atenuação do mergulho com o aumento de profundidade, correspondendoà geometria lístrica; superfícies planas, correspondendo à geometria em dominós. Nos dois casos, o falhamento implica numa rotação dos blocos falhados. Geometria das falhas falha lístrica falha lístrica falha lístrica falha lístrica falha lístrica roll-over Falha tipo dominó Sistema de falhas sintéticas e antitéticas As falhas sintéticas são paralelas e têm o mesmo movimento relativo que a falha mestra. Ao que aquelas que mergulham na direção oposta à falha mestra, é chamada antitética. Sistema de falhas sintéticas e antitéticas As falhas sintéticas são paralelas e têm o mesmo movimento relativo que a falha mestra. Ao que aquelas que mergulham na direção oposta à falha mestra, é chamada antitética. Exemplo mundial (mar vermelho) Elementos geométricos rejeito Regime compressional Elementos geométricos rejeito Falha inversa • Nos domínios encurtados da crosta terrestre, ao contrário dos domínios estirados, expõe na superfície os níveis mais profundos da crosta; • Nas cadeias de montanhas, após o reequilíbrio isostático, elas tendem a formar cinturões alongados, os cinturões de cavalgamento (thrust belt) margeando os domínios mais deformados; • As falhas associadas ao regime compressional são geralmente inversas e provocam o empilhamento tectônico; • O rejeito destas falhas pode ser extremamente importante. Quando ele varia de centenas de metros a alguns quilômetros, as falhas são chamadas cavalgamentos. Quando ultrapassa a dezena de quilômetros, atingido às vezes mais de cem quilômetros, elas são chamadas nappes. Regime compressional • Os relevos acentuados, consequência da erosão rápida das cadeias de montanhas, podem provocar profundos recortes nos empilhamentos tectônicos, deixando a mostra o material autóctone. Este tipo de feição recebe o nome de janela tectônica. Em outros casos, o alóctone aparece no meio do autóctone, preservado pela erosão na forma de testemunho chamado klippe. • As falhas contracionais durante a formação de cinturão orogênico, formam tipicamente zonas de imbricação, que correspondem a uma série de falhas reversas conectadas entre si por uma falha mestra de base de baixo ângulo; • Se houver uma falha mestra de topo definindo o limite superior dessa zona, todo o conjunto é denominado de duplex; • Uma estrutura em duplex é constituída por cavalos arranjados de modo similar a cartas de baralho imbricadas. Geometria das falhas Exemplo mundial (Andes) movimento horizontal falha transcorrente falha de rejeito direcional (strike slip fault) Regime transcorrente (falhas direcionais) • caracterizado pela horizontalidade do plano principal σ1 e σ3 do elipsóide da deformação; • No caso de um regime transcorrente puro, ao contrário dos regimes extensionais e compressionais, não há alteração da espessura da crosta. Entretanto este caso é raro e, geralmente, soma-se à componente direcional do movimento uma componente divergente (divergência oblíqua) ou convergente (convergência oblíqua); • Estas duas situações levam à caracterização de dois sub- regimes: o regime transtensional (afinamento crustal) e transpressional (espessamento crustal). Regime transcorrente (falhas direcionais) No deslocamento lateral, as curvaturas e irregularidades das superfícies destas falhas podem dar origem a zonas alternadas de divergência (bacias de pull-apart) e de convergência (pop up). Exemplo mundial (falha de Santo André)
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