Buscar

Feridas

Prévia do material em texto

1 
 
Especialidades Médicas 
Processo de Cicatrização e preparação do leito da ferida 
A pele é considerada o maior órgão do corpo humano. É constituído por três camadas principais: 
Epiderme (camada mais superficial da pele), Derme e Hipoderme (camada mais profunda da 
pele). 
 
Epiderme 
Camada superficial da pele constituída por tecido epitelial pavimentoso estratificado e 
queratinizado, está assentada sobre a derme, sendo menos espessa que a derme, não contém 
vasos sanguíneos e alimentada por difusões a partir dos capilares da camada papilar. 
As células da pele são: Queratinócitos (produção de queratina e são as que existem em 
maior quantidade), a Melanócitos (produzem melanina e contribuem para a cor da pele 
existente na camada basal) e as Células de Langherhans (células imunitárias, de defesa) É 
constituída de 4 a 5 camadas, sendo essas: Camada Basal, Camada Espinhosa, Camada 
Granulosa, Camada Translucida e Camada Córnea. 
Camada Basal - É composta por células cúbicas ou cilindras, é a camada mais profunda 
da epiderme. Os Queratinócitos não têm queratina e dividem-se por mitose a cada 19 dias. O 
termo que demora entre a produção de um Queratinócitos na camada basal até a camada mais 
superficial é de aproximadamente 40 a 50 dias. A epiderme fixa-se a camada basal através dos 
hemidesmossomas (proteicos que unem a camada basal da epiderme a derme) 
 Camada Espinhosa – Composta por 8 a 10 camadas poligonais, existe menos divisões 
mitóticas do que na camada basal, produção de fibras de queratina e forma-se os 
desmossomas. A camada Basal e Camada Espinhosa por vezes são consideradas uma só camada, 
designando-se por camada germinativa (porque para de fazer mitose). 
 Camada Granulosa – Constituída por 2 a 5 camadas de células em forma de losango 
aplanadas, apresenta grânulos proteicos no citoplasma, produz glândulas de queratina, os 
corpos lamelares produzem lípido. As células começam a morrer. 
 Camada translucida – Constituída por células mortas formada em uma zona fina e 
translucida e apresentam fibras de queratina 
 Camada Córnea – É a camada mais superficial da epiderme, contém 25 camadas de 
células, onde essas são constituídas por células mortas queratinizadas rodeadas por um 
2 
 
involucro proteico duro, não apresentam núcleo. Os desmossomas se desintegram-se, as células 
soltam-se com o atrito da roupa ou objetos. Essa camada previne a pele da perda de agua graças 
a presença de lípidos. É imediatamente afetada por estar a nos proteger-nos. 
Derme 
Camada constituída por tecido conjuntivo (Fibroblastos, algumas células adiposas e 
macrófagos) e fibras (colagénio e elásticas). Responsável pela resistência estrutural da pele, 
também existe escassez de vasos sanguíneos e apresenta terminações nervosas livres, folículos 
pilosos, músculos lisos, glândulas e vasos linfáticos. Essa camada é dividida em duas camadas: 
mais a superficial camada papilar e mais profunda camada reticular. 
Hipoderme 
 Constituída por tecido laxo, com fibras de colagénio e de elastina, podendo ainda ser 
designada por tecido celular subcutâneo ou fáscia superficial. Tem como principais células 
(Fibroblasto, Células Adiposas e Macrófagos) e armazena cerca de metade da gordura presente 
no organismo. 
 
Anexos da Pele 
Fazem parte do anexo da pele: Unhas, Pelos e Glândulas. O pelo e a unha contém mais 
queratinas. Dentro do pelo existem pigmentos que nos diz a cor do pelo e é a camada basal da 
epiderme que ajuda o pelo. Faz parte da unha a prega ungueal, sulco ungueal, eponíquio e 
hiponíquio. 
Temos 4 tipos de glândulas em nosso sistema e são essas: Glândulas Sudoríparas, Glândulas 
Sebáceas, Glândulas Ceruminosa e Glândulas mamarias. 
 As Glândulas Sudoríparas dividem-se em: 
 Glândulas Sudoríparas Merócrinas ou écrinas: são glândulas glomulares 
tubulares simples, divide-se em porção profundas (derme) e canal excretor (termina na 
superfície da pele), são produtores de suor e ajudam regular a temperatura. 
As glândulas cerumosas são encontradas nas glândulas Sudoríparas écrinas, produzem cerúmen 
no canal auditivo. Podemos encontrar nas palmas das mãos e plantas dos pés. Estão ausentes 
nos lábios, pequenos lábios da volva e extremidade do pénis e clitóris. 
 Glândulas Sudoríparas Apócrinas: são glândulas glomulares tubulares 
compostas, abrem-se nos folículos pilosos por uma abertura das glândulas sebáceas, tornam-se 
ativas na puberdade e não ajudam a regular a temperatura. As glândulas Apócrinas também 
fazem parte da glândula mamaria. 
 Podemos encontra-las nas axilas, nos órgãos sexuais exteriores e a volta do ânus. 
 As Glândulas Sebáceas localizam-se na Derme 
 Estão ligadas a parte superior do folículo piloso, são glândulas alveolares 
simples, produzem sebo, evitam desidratação, protegem contra algumas bactérias. Não existem 
nas palmas das mãos e nos pés. 
3 
 
 O sebo tem como função: impendem que os pelos e a pele sequem, previne a evaporação de 
agua na pele e impedem desenvolvimento de bactérias. 
As funções da Pele 
Sensação - alguns corpúsculos sensoriais recetores, permitem o corpo ter sensações 
como: Frio, Calor e dor. Esses corpúsculos são: 
Corpúsculos de Krause, são sensíveis ao frio e são Termorecetores. 
Corpúsculos de Pacini, são sensíveis a pressão e são mecanoreccetores 
Corpúsculo de Rufini, são sensíveis ao calor e a pressão e pode ser termorrecetores e 
mecanoreccetores. 
Os corpúsculos de Meissner, são corpúsculos táteis e são mecanoreccetores. 
Os discos ou células de Merckel são sensíveis ao tato e à pressão superficial. 
Terminações nervosas livres, apresentam dendrites livres que são sensíveis à dor e às 
alterações de temperatura. 
 Regulação de Temperatura - A temperatura elevada é regulada através de estímulos 
termorrecetores (Corpúsculos de Rufini calor, Corpúsculo de Krause e terminações livres) e 
enviam estímulos ao hipotálamo os vasos sanguíneos da derme dilatam-se aumentando o fluxo 
sanguíneo transferindo dos tecidos para a periferia e o musculo eretor do pelo relaxa e é 
libertado o suor e favorecendo assim a perda de calor. Os tecidos adiposos subcutâneos 
protegem contra o frio, uma vez que a gordura é má condutora de calor. 
 Produção de Vitaminas D - atua como hormonas estimulando a captação de cálcio e 
fosfato e promove a sua libertação a partir dos ossos. O metabolismo ósseo normal necessita de 
níveis adequados destes minerais, o cálcio é indispensável para o normal funcionamento 
nervoso e muscular. 
 Proteção - A pele tem o funcionamento como fortaleza do corpo, defendendo das 
agressões, essa desempenha inúmeras funções: O epitélio pavimentoso estratificado da pele 
protege as estruturas subjacente contra a abrasão, impede a entrada de substancias estranhas 
ao corpo e microrganismo, a melanina absorve a radiação UV, protegendo o organismo de 
efeitos nocivos, o pelo confere a proteção, o cabelo funciona como isolante térmico e protege a 
cabeça e abrasão, as sobrancelhas afastam o suor dos olhos, as pestanas protegem os olhos dos 
corpos estranho, os pelos do nariz e dos canais auditivos externos impedem a entrada de pó e 
outras matérias, os pelos axilares e púbicos protegem contra a abrasão, as unhas protegem da 
lesão das pontas dos dedos, servindo assim de defesa e a pele intacta evita a perda de água. 
 
 Lesões Elementares da Pele 
As lesões podem ser: - Primárias (manchas, pápula, nódulo, tumor, vesícula, bolha, pústula) 
As lesões podem ser: - Secundárias (escama, crosta, erosão ou escoriação, ulceração, fenda, 
cicatriz, atrofia) As lesões secundárias têm origem numa lesão Primária. 
 
4 
 
Pápula Baba de uma picada de melga 
Nódulo Possui uma dimensão maior que a pápula e quando apertado sentimos um caroço 
Tumor Podem ser confundidos com pápulas,podendo ser rasos, possuem uma coloração e 
podem estar associados a um processo inflamatório 
Vesícula Confundem-se com bolhas, são pequenas bolhas 
Pústulas Associadas á presença de um tumor, camada de tecido morto que não se encontra 
seco como crosta 
Escama Tudo o que possui escama, são lesões secundárias. Ex: Psoríase 
 A crosto e a erosão ou escoriação são traumatismos. 
 As ulcerações são de difícil recuperação 
Fendas Encontram-se associados a fungos. Ex: Pé de atleta. 
 
Cicatrização de feridas normal 
A cicatrização de feriadas é constituída por 4 fases: 
1. Hemostase – Dá-se em minutos, é uma fase muito curtinha. 
2. Inflamação – Perdura durante alguns dias. 
3. Proliferação – Dura mais ou menos entre 15 a 20 dias. 
4. Remodelação (Reconstrução) – Pode ir até aos 2 anos. 
 
 Os anti-inflamatórios , são considerados de 2ª linha no controlo da dor. Os anti-
inflamatórios vão fazer com que não ocorra a fagocitose e vai prejudicar o processo 
normal de cicatrização. 
 As fases do processo de cicatrização não são estanque, tudo dependa da ferida. 
 
Fatores que influenciam o Processo de Cicatrização 
Fatores Sistémicos - Idade, Estrutura Corporal, Stress, Nutrição, Medicamentos, Oxigenação 
tecidular, Doenças concomitantes. 
 As pessoas que façam medicação oncológica (citostática) faz com que exista uma 
inibição da cicatrização. 
 
Fatores locais (Poderão impedir a cicatrização) – Perfusão, “Stressores” mecânicos, Edema, 
Temperatura da ferida, Agentes Citotóxicos (Solutos usados para irrigar as feridas. Ex: 
Betadine), Tecido necrosado, Carga bacteriana, Dessecação, Excesso de exsudado. 
 
 NÃO se irrigam feridas com solutos frios e SIM com solutos á temperatura ambiente, 
para que não seja interrompido o processo de cicatrização. 
 
 
5 
 
 
Ferida Aguda vs Ferida Complexa 
 Todas as feridas cicatrizam da mesma forma? 
Não 
 
 As feridas complexas tratam-se a nível hospitalar, as feridas agudas são tratadas ao nível 
dos cuidados básicos. 
 
Esquémia – Falta de fluxo sanguíneo um ponto, isto é, morte tecidular. 
 
Diferenças Bioquímicas 
Feridas Agudas Feridas Complexas 
Aumento das mitoses celulares Diminuição da atividade mitogénica 
Diminuição das citoquinas pro-inflamatórias Aumento das citoquinas pró-inflamatórias 
Diminuição das Enzimas Proteolíticas que 
destroem o colagénio 
Aumento da Enzimas Proteolíticas que 
destroem o colagénio 
Aumento dos fatores de crescimento Vários níveis de fatores de crescimento 
Células com resposta rápida Células Senescentes 
 
Preparação do Leito da Ferida 
Cicatrização endógena – A Cicatrização endógena é feita pela própria pessoa, isto é, a pessoa 
tem que ter a capacidade para efetuar a cicatrização. 
O que é a Preparação do Leito da Ferida? 
 É a intervenção numa ferida de modo a obter um leito da ferida bem vascularizado que 
acelera a cicatrização endógena ou facilita a efetividade de outras medidas terapêuticas. 
Remoção das barreiras á cicatrização. 
 
 Porque é importante a Preparação do Leito da Ferida? 
 As feridas crónicas apenas cicatrizarão se o seu meio for ajustado por forma a encorajar 
a cicatrização. 
 
Princípios da Preparação do Leito da Ferida 
Avaliação com base no conceito TIME Avaliar a viabilidade do tecido 
Tecido – não viável ou deficiente 
Infeção ou inflamação 
Meio em equilíbrio (humidade – o excesso de humidade vai provocar a proliferação de bactérias) 
Epitelização – bordos que não avançam ou elevados 
6 
 
 
Os princípios contidos no conceito TIME, permitem uma avaliação e abordagem sistémicas no 
tratamento das feridas crónicas. 
A intervenção nestas quatro áreas clínicas proporciona um leito da ferida em condições de 
vascularização ótimas, que facilitam a cicatrização bem como a efetividade de outras medidas 
terapêuticas. 
Preparação do Leito da Ferida 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desbridamento – Remoção do tecido não viável 
Equilíbrio bacteriano – Temos que ter uma quantidade de bactérias necessárias, mas que não 
provoque infeção. 
Controlo de Exsudado – Temos que fazer o controlo do exsudado. A ferida precise de estar 
húmida, mas não em excesso. 
 
 Não se deve arrancar as crostas das feridas, basta humedecê-la para que ela se degrade. 
 Sempre que uma ferida sangra, o processo de cicatrização tem que ser iniciado. 
 
Desbridamento 
Necrose – Ocorre quando não existe irrigação sanguínea. 
O desbridamento tem como objetivo remover todo o tipo de tecido morto, reduzir o número de 
toxinas e outras substâncias que inibem a cicatrização. 
 Tudo o que é tecido desvitalizado, possui uma outra cor devido á morte tecidular. 
 
Porque desbridar? 
 O desbridamento ajuda a reduzir o número de micróbios, toxinas e outras substâncias 
que inibem a cicatrização, é um processo contínuo. Nas feridas crónicas, a formação de 
tecido necrótico é constante, permitindo a formação de tecido saudável. 
 
Equilíbrio bacteriano 
Controlo de Exsudado 
Desbridamento 
7 
 
 
 
 
Desbridar o quê? 
 Tecido necrótico seco 
 Tecido desvitalizado amarelo 
 Tecido cinzento não viável 
 
 Tudo o que é tecido desvitalizado, possui uma outra coloração devido á morte tecidular. 
 
 
Tipos de desbridamento 
 Desbridamento Cirúrgico 
 
Vantagens Desvantagens 
 Meio mais rápido de remoção de 
tecido morto 
 Doloroso 
 Apedar de seletivo, pode provocar 
danos tecidulares e provavelmente 
sangramento. 
 
 Desbridamento Autolítico 
Ocorre de forma espontânea em todas as feridas. 
A presença de escaras pode contribuir par atrasar a autólise. 
Os pensos húmidos tornam o ambiente favorável ao desbridamento. 
 
Vantagens Desvantagens 
 Muito seletivo, sem dano para a pele 
lesionar. 
 Processo seguro, utilizando os 
mecanismos de defesa fisiológicos 
para limpara ferido do tecido 
necrótico. 
 Efetivo, versátil e simples de realizar. 
 Praticamente isento de dor para o 
paciente. 
 Mais lento que o desbridamento 
cirúrgico. 
 A ferida tem que ser vigiada 
frequentemente para despistar sinais 
de infeção. 
 Pode promover proliferação de 
anaeróbios se utilizado em 
associação com um hidrocolóide 
oclusivo. 
 
 O desbridamento autolítico é feito pelo nosso organismo. 
 
 
 Desbridamento enzimático 
Utilização tópica de enzimas exógenas na superfície da ferida. 
Útil na remoção de tecido necrosado de feridas extensas. 
8 
 
Pode levar á produção de grandes quantidades de exsudado. 
Substâncias mais utilizadas: Colagenese e papaína-ureia. 
 
Vantagens Desvantagens 
 Atuação rápida 
 Aplicado corretamente não produz 
dano nos tecidos perilesionais. 
 Dispendioso. 
 A aplicação deve ser efetuada apenas 
em tecido necrosado. 
 Não pode ser associado a pensos com 
prata 
 Pode causar inflamação ou 
desconforto. 
 
 Desbridamento mecânico 
O desbridamento mecânico, desbrida de forma física, o tecido necrótico da ferida. 
Pode ser utilizado através de irrigação da ferida por pressão da água. Este tipo de 
desbridamento pode ser útil para remover bactérias. 
 
Vantagens Desvantagens 
 Custo dos materiais é baixo. Ex: gaze  Não-seletivo e traumatiza tecidos 
saudáveis. 
 Consome tempo. 
 Pode ser doloroso para o paciente. 
 Hidroterapia pode causar 
maceração. Micro-organismos 
patogénicos podem causar infeção. 
 
 Desbridamento biológico 
São usadas larvas que segregam enzimas proteolíticas que destroem as placas de 
tecidos necrótico liquefazendo-as de forma que as larvas conseguem digerir esse tecido, 
limpando o leito da ferida. Parecem também exercer uma atividade antibacteriana 
importante. 
 
Vantagens Desvantagens 
 Promoveum rápido desbridamento 
de tecido necrótico ou fibrina. 
Utilização em feridas que 
apresentam placas necróticas ou 
fibrina de qualquer etiologia. 
 Não é indicada a utilização deste 
desbridamento em feridas 
sangrantes, feridas com insuficiência 
circulatória marcada, ou onde seja 
necessário um desbridamento 
cirúrgico intenso. 
 
 
 
 
9 
 
 
 
 
Seleção do método de desbridamento apropriado 
A utilização do método de desbridamento deve ter em conta os seguintes aspetos: 
 Características da ferida 
 Grau de seletividade desejado para evitar lesões de tecido viável 
 Aptidão do clínico 
 Plano de cuidados 
 Tempo disponível para remoção do tecido morto 
 
Mecanismos de controlo do equilíbrio bacteriano 
Os mecanismos de controlo de equilíbrio bacteriano devem ter em conta os seguintes aspetos: 
 A pele constitui uma barreira física 
 O pH na pele controla o crescimento bacteriano 
 A pele segrega ácidos gordos e polipéptidos antibacterianos 
 A flora normal ajuda a prevenir a formação de flora patogénica 
 
Carga bacteriana Redução da Carga bacteriana 
 Aumento das necessidades 
metabólicas 
 Produção de endotoxinas e 
protéases 
 Estimula a fase inflamatória da ferida 
 Inibe a cicatrização 
Intervenções: 
 Desbridamento 
 Limpeza da ferida 
 Controlo do exsudado 
 Considerar antimicrobianos tópicos 
(Penso de prata ou Iodo “barreira 
antimicrobiana”) 
 
Limpeza da ferida 
Lavar a ferida com soro fisiológico ou Água à temperatura do corpo (tépida). 
 Jato com pressão contínua 
 Chuveiro nos domicílios 
 Seringa 
 Irrigação sobre pressão 
 
 Deve-se evitar o uso rotineiro de antissépticos para a redução da carga bacteriana. 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
Avaliação e Tratamento de Úlceras de Perna 
Causas das Úlceras 
 Doença arterial 
 Diabetes Mellitus 
 Hipertensão Venosa 
 Carcinoma 
 Artrite Reumatoide 
 Vasculite 
 
Úlceras Arteriais - Semiologia 
 Cor anormal (Escuro, seco) 
 Extremidades frias (Quando palpamos o pé este está frio) 
 Úlceras pequenas e redondas 
 Dor quando a pena está elevada 
 Pulso do tornozelo ausente ou fraco 
 
 As dores no pé encontram-se associadas ao facto de quando o pé está elevado 
não existe muita circulação de oxigénio. 
 
Úlceras Venosas – Fisiopatologia 
 
 
11 
 
 
 As verizes encontram-se associadas á hipertensão venosa. 
 
 
Úlcera de Perna – Semiologia 
Aparência: 
 Normalmente superficial 
 Bordos irregulares 
 Tamanho invariável (podem circular por toda a perna) 
 Leito da úlcera com fibrina 
 Exsudado moderado a elevado 
 
Úlceras Venosas 
Causas: 
 Válvulas incompetentes 
 Obstrução 
 Veias superficiais e/ou perfurantes 
 
Opções de tratamento: 
 Diagnóstico 
 Preparação do leito da ferida 
 Compressão 
 
 Uma perna que tem uma úlcera precisa de ser lavada. 
 
Úlcera de Perna 
Diagnóstico: 
 História do Paciente (Profissão, Obesidade, antecedentes trombose venosa 
profunda, antecedentes de tromboflebites, antecedentes cirurgia arterial, 
material de osteossíntese, doenças reumatismais – Artrite reumatoide, lúpus 
eritematoso disseminado – trombose venosa, doenças malignas, doenças 
hematológicas – Anemias hemolíticas e doenças Mieloproliferativas, alterações 
neurológicas que dificultem a marcha, doenças cardíacas – Insuficiência cardíaca 
direita, doenças hepáticas, antecedentes familiares de DVC, presença de varizes, 
multiparidade, traumatismos de perna, cirurgia à perna) 
 Úlceras de tratamento arrastado (ecodoppler arterial e venoso, despiste de 
malignidade – biópsia de bordos) 
 Localização (Face interna da perna, entre o maléolo e os gémeos, também 
poderá surgir na face externa, infra maleolar) 
12 
 
 Dor – Devido á úlcera ou a um conjunto de situações (infeção, flebites 
superficiais ou profundas, execução do penso, tipo de penso, hora do dia, avaliar 
com EVA, avaliar os tipos de dor: espontânea, persistente na execução do penso) 
 Condição dos tecidos em volta (Hiperpigmentação) 
 Pulso (artéria tibial posterior, artéria pediosa) 
 
Úlceras por Pressão 
Como se desenvolvem? 
 As úlceras de pressão desenvolvem-se através de fatores extrínsecos (pressão, fricção, 
deslizamento) e de fatores intrínsecos (idade, edema, doenças concomitantes, 
medicação imunossupressora, infeção endógena, pressão arteriolar e nutrição). 
 
Definição NPUAP/EPUAP/PPIA 
 É uma lesão localizada na pele e/ou tecido adjacente normalmente sobre uma 
proeminência óssea, em resultado da pressão ou de uma combinação entre esta e forças 
de torsão. 
 As úlceras de pressão, também estão associadas a fatores contribuintes e de confusão, 
cujo papel ainda não se encontra totalmente esclarecido. 
 
Recomendações para a prevenção de Úlcera de Pressão 
 Avaliação e cuidados à pele, alternância de decúbitos, superfícies de apoio, nutrição e 
avaliação do risco. 
 
 A Escala de Braden, é utilizada para avaliar o risco de ulceração. É a única escala de 
avaliação de risco de ulceração que também avalia os aspetos de nutrição. 
 
 A Escala de Braden, avalia as seguintes dimensões: 
 
o Perceção sensorial 
o Humidade (Quanto mais suada estiver a pele, maior será o risco de úlcera de 
pressão) 
o Atividade 
o Mobilidade 
o Nutrição 
o Fricção e forças de deslizamento 
 
Medidas preventivas de Úlceras de Pressão 
 Posicionamentos de 2 em 2 horas 
 Dispositivos de prevenção (almofadas/colchões de gel, carneira – pouco recomendada) 
 
Pé Diabético Prevenção e Tratamento 
13 
 
Medidas Preventivas do Pé Diabético 
As principais medidas preventivas do pé diabético são: o controlo metabólico, inspeção e exame 
do pé em situações de risco, identificação do pé em situação de risco, educação do doente, 
familiares e dos prestadores de cuidados de saúde, utilização de calçado apropriado, tratamento 
de patologia não ulcerada. 
Ao nível do controlo metabólico avaliação do controlo capilar, rotinas laboratoriais, ensino 
alimentar, ajustes terapêuticos, estilo de vida e mudança de comportamentos. 
 
Avaliação do Risco do Pé Diabético 
 Reavaliação segundo o Grau de Risco 
 
Grau 0 (Sem risco) Anual 
Grau 1 (Baixo risco) Semestral 
Grau 2 (Médio risco) 3 a 6 meses 
Grau 3 (Alto risco) 1 a 3 meses 
 
Medidas de Prevenção e Intervenção 
 Tratamento da patologia não ulcerada 
 Podologia/quiropodia (Corte das unhas/remoção de calosidades) 
 Hiperqueramatoses 
 Onicogrifose 
 
Tratamento – Penso Ideal 
Manutenção de um ambiente húmido; promoção da cicatrização, isolamento térmico; proteção 
mecânica; não tóxico, ou seja, livre de contaminantes; não aderente; remoção indolor; permite 
as trocas gasosas; permite a monotorização; mudança pouco frequente e uma boa relação de 
custo/eficácia. 
É importante evitar o uso de ligaduras apertadas e ligaduras de algodão. 
 
 As boas práticas ao nível do Pé Diabético, devem desenvolver-se em torno da avaliação 
sistemática de todos os utentes, do controlo metabólico otimizado e dos cuidados 
dirigidos ao pé. 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
 
 
 
Pancreatite Aguda – É uma inflamação brusca do pâncreas, causada pela ativação 
das enzimas pancreáticas, ainda dentro do próprio órgão com consequente inicio de digestão 
do mesmo. 
A pancreatite aguda é uma doença pancreática grave, que pode classificar-se em: 
 Aguda – Ocorre a dor em cinturão, sendo esta uma dor característica dos doentes com 
pancreatite aguda. 
 Crónica – As pancreatites crónicas, podem ser letais. 
Geralmente ocorre a remissão da doença, após o tratamento, exceto se a causa for alcoólica. 
 
Etiologia 
A causa mais comum é o alcoolismo, istoé, o álcool possui um efeito toxico nas células 
pancreáticas, e a segunda causa mais vulgar, a doença no sistema biliar (cálculos biliares). 
 
 Podem existir outras causas, como o pós-operatório, infeções, fármacos, traumatismo 
abdominal fechado, doenças intestinais e fatores metabólicos. 
 Esta patologia pode ocorrer em episódios isolados ou em episódios recorrentes, como 
o caso da Pancreatite aguda recorrente. 
 
 
Sintomatologia 
Dor no epigastro, habitualmente com irradiação para a região dorsal; posição antiálgica; 
náuseas, vómitos, distensão abdominal; sinal de Cullen (uma equimose periumbilical) /sinal 
Grey Turner (uma equimose na zona lombar); presença de icterícia, ou seja, deve-se ao aumento 
da bilirrubina circulante, devido á obstrução dos canais. 
 
Diagnóstico 
Clínico, Amílase sérica e urinária aumentada, Aumento da lípase, aumento da 
amílase/creatinina, Raio-x ao tórax e abdómen, Ecografia/ecoendoscopia, TC, CPRE – 
diagnóstico e tratamento (Após a realização da CPRE, deve-se vigiar o doente porque pode ter 
hemorragia). 
 
Complicações 
Cardiovasculares, hematológicas, respiratórias, gastrointestinais, renais, 
pancreáticas/hepáticas, metabólicas, neurológicas, morte. 
15 
 
 
Tratamento 
A pancreatite aguda é uma doença autolimitada, que cede espontaneamente, geralmente em 3 
a 7 dias após o início do tratamento. 
Intervenções de Enfermagem 
Vigiar o estado de consciência, vigiar os parâmetros vitais, fluidoterapia e cuidados inerentes, 
balanço hídrico (Temos que registar tudo o que entra e tudo o que sai e ter a noção de saber se 
o doente está equilibrado ou não), entubação nasogástrica e eventual aspiração gástrica, dieta 
zero, avaliação e controle da glicémia capilar, avaliação e controlo da dor, orientação para 
medidas antiálgicas, administração de fármacos prescritos, colaboração na realização de 
exames, despiste precoce de complicações, registos de enfermagem.

Continue navegando