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Estatuto do desarmamento

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CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO PENAL V
PROFESSOR: JULIVAN AUGUSTO NEGRINI	
Estatuto do Desarmamento 
 
					 		 Direito Penal - IV
 Plano de aula
Considerações iniciais
Crimes previstos na Lei 10.826/2003
Referências
 
					 		 Direito Penal - V
1. Considerações iniciais
Os crimes definidos no Estatuto do Desarmamento demandam complementação por outras fontes normativas, já que remete a definição do objeto material aos respectivos regulamentos.
Decreto 5.123/2004: Regulamenta o Estatuto do Desarmamento
Decreto 3.665/2000: Regulamento para a fiscalização de produtos controlados (R-105)
Decreto 3.229/1999: Promulga Convenção Interamericana Contra a Fabricação e o Tráfico Ilícitos de Armas de Fogo, Munições, Explosivos e Outros Materiais Correlatos
 
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 1.1 Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003)
Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – SINARM, define crimes e dá outras providências.
 
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 Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003)
REFERENDO DE 23 DE OUTUBRO DE 2005
O COMÉRCIO DE ARMAS DE FOGO E MUNIÇÃO DEVE SER PROIBIDO NO BRASIL? 
59.109.265 (63,94%) - NÃO
33.333.045 (36,06%) - SIM
 
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 2. Crimes previstos na Lei 10.826/2003
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido (art. 12)
Omissão de cautela (art. 13)
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 14)
Disparo de arma de fogo (art. 15)
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16)
Comércio ilegal de arma de fogo (art. 17)
Tráfico internacional de arma de fogo (art. 18)
 
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 2.1. Posse “irregular” de arma de fogo de uso permitido
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
 
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 2.1. Doutrina
Possuir (ter a posse de algo, deter) ou manter sob sua guarda (conservar sob vigilância ou cuidado) arma de fogo (objeto que deflagra carga explosiva, lançando ao ar um projétil), acessório (apetrecho; mira telescópica, silenciador etc.) ou munição (artefato explosivo utilizado pelas armas de fogo), de uso permitido (norma penal em branco; definição em regulamento), em desacordo com determinação legal ou regulamentar (norma penal em branco; autorização segue regulamento), no interior de sua residência (casa) ou dependência desta (quintal, edícula, garagem; não seriam o celeiro ou galpão de fazenda), ou, ainda no seu local de trabalho (lugar de exercício de profissão ou ofício; escritório, consultório médico etc.), desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa (limitação quanto ao sujeito; consideram-se apenas as figuras apontadas no tipo). (NUCCI, 2013, p. 47-48)
 
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 2.1. Doutrina
Crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa.
De mera conduta: não depende da ocorrência de nenhum efetivo prejuízo para a sociedade ou para qualquer pessoa.
De forma livre: pode ser cometido por qualquer meio eleito pelo agente.
Comissivo: os verbos indicam ações.
Permanente: a consumação se arrasta no tempo.
De perigo abstrato: a probabilidade de dano é presumida pela norma.
Unissubjetivo: pode ser cometido por uma só pessoa.
Plurissubsistente: desdobrado em mais de um ato. (NUCCI, 2013, p. 48)
 
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 2.1. Jurisprudência
No que tange ao crime de posse ilegal de arma, o artefato em questão possuía o devido registro pelo órgão responsável ao controle de armas de fogo em poder da população, e, a falta de renovação por parte do acusado não impediu tal controle, descaracterizando a conduta típica do delito previsto no art. 12, da Lei nº 10.826/03. Precedente do STJ. (Apelação Crime 70065186769, Quarta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rogerio Gesta Leal, Julgado em 23/07/2015)
HC 294.078/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 26/08/2014.
 
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 2.2. Omissão de cautela
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
 
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 2.2. Doutrina
Deixar de observar (não prestar atenção, não examinar) as cautelas necessárias (dever de cuidado objetivo, imposto a todos que vivem em sociedade, de atuar com atenção e zelo) para impedir (obstruir, colocar embaraço ou obstáculo) que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental (inimputáveis, incapazes de compreender o caráter ilícito do que faze) se apodere (tome posse) de arma de fogo (objeto que deflagra carga explosiva, lançando ao ar um projétil) que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade (exige-se a posse ou propriedade lícita da arma). (NUCCI, 2013, p. 49)
 
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 2.2. Doutrina
Crime próprio: somente pode ser praticado pelo possuidor ou proprietário da arma.
De mera conduta: não depende da ocorrência de nenhum efetivo prejuízo para a sociedade ou para qualquer pessoa.
De forma livre: pode ser cometido por qualquer meio eleito pelo agente.
Omissivo: deixar de fazer algo.
Instantâneo: a consumação ocorre em momento definido, normalmente quando o incapaz se apodera da arma de fogo.
De perigo abstrato: a probabilidade de dano é presumida pela norma.
Unissubjetivo: pode ser cometido por uma só pessoa.
Unissubsistente: cometido em um ato, mas exige a posse pelo incapaz.(NUCCI, 2013, p. 49)
 
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 2.2. Omissão de cautela
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
 
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 2.2. Doutrina
O proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar (não inscrever em livro ou banco de dados apropriado) ocorrência policial (boletim de ocorrência de fato típico) e de comunicar (alertar, avisar) à Polícia Federal perda (sumiço), furto (subtração), roubo (subtração violenta) ou outras formas de extravio (desvio do destino próprio) de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda (vigilância), nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato (após a perda do controle do destino do objeto). (NUCCI, 2012, p. 50-51)
dupla obrigação?
 
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 2.2. Doutrina
Crime próprio: somente pode ser praticado pelo proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores.
De mera conduta: não depende da ocorrência de nenhumefetivo prejuízo para a sociedade ou para qualquer pessoa.
De forma livre: pode ser cometido por qualquer meio eleito pelo agente.
Omissivo: deixar de fazer algo.
Instantâneo: a consumação ocorre em momento definido, 24 horas depois da perda do controle do objeto.
Unissubjetivo: pode ser cometido por uma só pessoa.
Unissubsistente: cometido em um único ato, mas condicionado ao decurso do tempo.
(NUCCI, 2012, p. 52)
 
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 2.3. Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. (ADI 3.112-1)
 
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 2.3. Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
Portar (carregar consigo), deter (conservar em seu poder), adquirir (comprar mediante o pagamento de certo preço), fornecer (abastecer, prover), receber (aceitar algo de alguém), ter em depósito (possuir algo armazenado), transportar (carregar de um lugar a outro), ceder (transferir a posse), ainda que gratuitamente, emprestar (ceder por tempo determinado), remeter (enviar de um lugar a outro), empregar (servir-se de algo, empregar), manter sob guarda (conservar algo sob vigilância) ou ocultar (esconder) arma de fogo (objeto que deflagra carga explosiva, lançando ao ar um projétil), acessório (apetrecho) ou munição (artefato explosivo utilizado pelas armas de fogo), de uso permitido (norma penal em branco; definição em regulamento), sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar (norma penal em branco; autorização segue regulamento). (NUCCI, 2012, p. 52)
 
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 2.3. Doutrina
Crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa.
De mera conduta: não depende da ocorrência de nenhum efetivo prejuízo para a sociedade ou para qualquer pessoa.
De forma livre: pode ser cometido por qualquer meio eleito pelo agente.
Comissivo: os verbos indicam ações.
Instantâneo: consuma-se em momento definido; ou permanente: prolonga-se a consumação no tempo.
De perigo abstrato: a probabilidade de dano é presumida pela norma.
Unissubjetivo: pode ser cometido por uma só pessoa.
Unissubsistente: único ato; plurissubsistente: mais de um ato. (NUCCI, 2012, p. 52-53)
 
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 2.3. Jurisprudência
O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que é de perigo abstrato o crime de porte ilegal de arma de fogo, sendo, portanto, irrelevante para sua configuração encontrar-se a arma desmontada ou desmuniciada. (HC 95861, Rel. Min. CEZAR PELUSO, Rel. p/ Acórdão: Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, j. 02/06/2015)
 
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 2.3. Jurisprudência
Os crimes de perigo abstrato são os que prescindem de comprovação da existência de situação que tenha colocado em risco o bem jurídico tutelado, ou seja, não se exige a prova de perigo real, pois este é presumido pela norma, sendo suficiente a periculosidade da conduta, que é inerente à ação. (RHC 51.071/MS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 14/10/2014, DJe 22/10/2014)
 
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 2.4. Disparo de arma de fogo
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. (ADI 3.112-1)
 
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 2.4. Doutrina
Disparar (desfechar, descarregar) arma de fogo (objeto que deflagra carga explosiva, lançando ao ar um projétil) ou acionar (fazer funcionar) munição (artefato explosivo utilizado pelas armas de fogo) em lugar habitado (local que possui, em redor, pessoas residindo) ou em suas adjacências (que está próximo ou vizinho), em via pública (ruas, estradas, alamedas etc.) ou em direção a ela (tendo por alvo) desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime (se o objetivo for matar alguém, responde apenas por homicídio, ou tentativa, pois o delito de dano prevalece sobre o de perigo). (NUCCI, 2012, p. 58-59)
 
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 2.4. Doutrina
Crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa.
De mera conduta: não depende da ocorrência de nenhum efetivo prejuízo para a sociedade ou para qualquer pessoa.
De forma livre: pode ser cometido por qualquer meio eleito pelo agente.
Comissivo: os verbos indicam ações.
Instantâneo: consuma-se em momento definido.
De perigo abstrato: a probabilidade de dano é presumida pela norma.
Unissubjetivo: pode ser cometido por uma só pessoa.
Unissubsistente: único ato; plurissubsistente: mais de um ato. (NUCCI, 2012, p. 59)
 
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 2.4. Jurisprudência
“Segundo iterativa jurisprudência desta Corte, não há falar em aplicação do princípio da consunção quando dos delitos de porte ilegal de arma e disparo de arma de fogo são praticados em momentos diversos, em contextos distintos” (HC 128.533/MG; AgRg no REsp 1.347.003/SC; HC 214.606/RJ). 
(CC 134.342/GO, Rel. Ministro NEWTON TRISOTTO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SC), TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/04/2015, DJe 05/05/2015)
 
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 2.5. Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
 
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 2.5. Doutrina
Possuir (ter a posse de algo, deter), deter (conservar em seu poder), portar (carregar consigo), adquirir (comprar mediante o pagamento de certo preço), fornecer (abastecer, prover), receber (aceitar algo de alguém), ter em depósito (possuir algo armazenado), transportar (carregar de um lugar a outro), ceder (transferir a posse), ainda que gratuitamente, emprestar (ceder por tempo determinado), remeter (enviar de um lugar a outro), empregar (servir-se de algo, empregar), manter sob guarda (conservar algo sob vigilância) ou ocultar (esconder) arma de fogo (objeto que deflagra carga explosiva, lançando ao ar um projétil), acessório (apetrecho) ou munição (artefato explosivo utilizado pelas armas de fogo) de uso proibido ou restrito (norma penal em branco; definição em regulamento), sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar (norma penal em branco; autorização segue regulamento). (NUCCI, 2012, p. 60) 
 
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 2.5. Doutrina
Crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa.
De mera conduta: não depende da ocorrência de nenhum efetivo prejuízo para a sociedade ou para qualquer pessoa.
De forma livre: pode sercometido por qualquer meio eleito pelo agente.
Comissivo: os verbos indicam ações.
Instantâneo: consuma-se em momento definido; ou permanente: prolonga-se a consumação no tempo.
De perigo abstrato: a probabilidade de dano é presumida pela norma.
Unissubjetivo: pode ser cometido por uma só pessoa.
Unissubsistente: único ato; plurissubsistente: mais de um ato. (NUCCI, 2012, p. 62)
 
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 2.5. Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
 
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 2.5. Doutrina
Suprimir (eliminar, extinguir) ou alterar (modificar) marca (sinal feito para reconhecer alguma coisa), numeração (números usados para identificação de algo) ou qualquer sinal de identificação (caráter residual) de arma de fogo (objeto que deflagra carga explosiva, lançando ao ar um projétil) ou artefato (sinônimo de acessório; qualquer peça destinada à combustão ou explosão); (NUCCI, 2012, p. 63)
 
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 2.5. Doutrina
Modificar (alterar, transformar) as características (particularidades, elementos distintivos) de arma de fogo (objeto que deflagra carga explosiva, lançando ao ar um projétil), de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito (norma penal em branco; definição em regulamento) ou para fins de dificultar (colocar impedimento) ou de qualquer modo induzir (levar a uma situação, através do incentivo ou instigação) a erro (falsa percepção da realidade) autoridade policial, perito ou juiz; (NUCCI, 2012, p. 63)
 
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 2.5. Doutrina
Possuir (ter a posse de algo, deter), detiver (conservar em seu poder), fabricar (construir) ou empregar (servir-se de algo) artefato explosivo (peça capaz de produzir abalo seguido de forte ruído, causado pelo surgimento repentino de energia física ou expansão de gás) ou incendiário (peça capaz de provocar fogo intenso, com forte poder de destruição), sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar (norma penal em branco; autorização segue regulamento); (NUCCI, 2012, p. 64)
 
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 2.5. Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
 
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 2.5. Doutrina 
Portar (carregar consigo), possuir (ter a posse de algo, deter), adquirir (comprar mediante o pagamento de certo preço), transportar carregar de um lugar a outro) ou fornecer (abastecer, prover) arma de fogo (objeto que deflagra carga explosiva, lançando ao ar um projétil) com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado (tornado ilegível mediante raspagem), suprimido (desaparecido) ou adulterado (modificado); (NUCCI, 2012, p. 64) 
 
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 2.5. Doutrina 
Vender (alienar por certo preço), entregar (passar às mãos de alguém) ou fornecer (abastecer, prover), ainda que gratuitamente, arma de fogo (objeto que deflagra carga explosiva, lançando ao ar um projétil), apetrecho) ou munição (artefato explosivo utilizado pelas armas de fogo) ou explosivo (peça capaz de produzir abalo seguido de forte ruído, causado pelo surgimento repentino de energia física ou expansão de gás) a criança (pessoa com até onze anos completos) ou adolescente (pessoa com idade de doze a dezessete anos completos); (NUCCI, 2012, p. 65)
Revogou o artigo 242 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
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 2.5. Doutrina 
Produzir (criar, gerar), recarregar (pôr carga novamente em algo) ou reciclar (atualizar algo para obter melhor rendimento), sem autorização legal (norma penal em branco; autorização segue regulamento), ou adulterar (modificar), de qualquer forma, munição (artefato explosivo utilizado pelas armas de fogo) ou explosivo (peça capaz de produzir abalo seguido de forte ruído, causado pelo surgimento repentino de energia física ou expansão de gás). (NUCCI, 2012, p. 66) 
 
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 2.6. Comércio ilegal de arma de fogo
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
 
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 2.6. Doutrina
Adquirir (comprar mediante o pagamento de certo preço), alugar (cessão de algo por um tempo mediante o pagamento de um preço), receber (aceitar algo de alguém), transportar (carregar de um lugar a outro), conduzir (carregar, trazer consigo), ocultar (esconder), ter em depósito (possuir algo armazenado), desmontar (separar as peças), montar (unir as peças para formar um objeto), remontar (repor as peças de algo no devido lugar), adulterar (modificar o estado original), vender (alienar por determinado preço), expor à venda (apresentar à venda), ou de qualquer forma utilizar (fazer uso), em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial (crime específico de comerciantes e industriais; finalidade de lucro), arma de fogo (objeto que deflagra carga explosiva, lançando ao ar um projétil), acessório (apetrecho) ou munição (artefato explosivo utilizado pelas armas de fogo), sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar (norma penal em branco; autorização segue regulamento). (NUCCI, 2012, p. 52)
 
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 2.6. Doutrina
Crime próprio: somente pode ser praticado pelo comerciante ou industrial.
De mera conduta: não depende da ocorrência de nenhum efetivo prejuízo para a sociedade ou para qualquer pessoa.
De forma livre: pode ser cometido por qualquer meio eleito pelo agente.
Comissivo: os verbos implicam em ações.
Instantâneo: a consumação ocorre em momento definido; ou permanente: consumação prolongada no tempo. Exige-se a habitualidade.
De perigo abstrato: a probabilidade de dano é presumida pela norma.
Unissubjetivo: pode ser cometido por uma só pessoa.
Plurissubsistente: desdobra-se em vários atos. (NUCCI, 2012, p. 67)
 
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 2.6. Comércio ilegal de arma de fogo
Parágrafoúnico. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.
A expressão “no exercício” refere-se a comércio ou indústria, não abrangendo a conduta eventual de recebimento, venda etc. Exige-se a habitualidade do exercício da atividade. (NUCCI, 2012, p. 67)
 
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 2.7. Tráfico internacional de arma de fogo
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
 
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 2.7. Doutrina 
Importar (fazer entrar algo no território nacional), exportar (retirar algo do território nacional, enviando ao estrangeiro), favorecer a entrada ou saída (permitir que outrem importe ou exporte) do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo (objeto que deflagra carga explosiva, lançando ao ar um projétil), acessório (apetrecho) ou munição (artefato explosivo utilizado pelas armas de fogo), sem autorização da autoridade competente (norma penal em branco; autorização segue regulamento). (NUCCI, 2012, p. 67)
 
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 2.7. Doutrina 
Crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa.
Formal: não depende da ocorrência de efetivo prejuízo para a sociedade; pode resultar em supressão de tributo.
De forma livre: pode ser cometido por qualquer meio eleito pelo agente.
Comissivo: os verbos indicam ações.
Instantâneo: consuma-se em momento definido.
De perigo abstrato: a probabilidade de dano é presumida pela norma.
Unissubjetivo: pode ser cometido por uma só pessoa.
Plurissubsistente: cometido em vários atos. (NUCCI, 2012, p. 68)
 
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 2.8. Causas de aumento de pena
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o desta Lei.
 
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 3. Estudo de caso hipotético
No dia 25 de junho de 2015, por volta de 09h30min, no interior da residência localizada na Rua Fernando Machado 719-E, Centro, Chapecó/SC, JOÃO DAS QUANTAS possuía arma de fogo de uso permitido, um revólver, calibre .38, nº 1234, em desacordo com determinação legal e regulamentar.
Na ocasião, o denunciado mantinha em sua posse, no interior de um dos cômodos de sua residência, a arma de fogo mencionada, quando a Polícia Civil efetuou a apreensão do objeto do crime, em cumprimento a mandado judicial. Constatou-se que o registro da arma, de titularidade do denunciado, estava com o prazo de validade expirado desde abril de 2014.
Assim agindo, o denunciado praticou a infração penal prevista no artigo 12 da Lei 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento.
 
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 3.1. Atividade 
Desenvolva discurso sobre a configuração de crime, na narrativa apresentada, utilizando-se da teoria do garantismo penal e do posicionamento consolidado no colendo Superior Tribunal de Justiça (HC 294.078/SP).
 
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 3.1. Atividade 
A análise dos princípios aplicáveis à pena:
consequencialidade ou retributividade da pena em relação ao delito;
legalidade;
necessidade ou economia do direito penal. 
Análise dos princípios aplicáveis ao delito:
lesividade ou ofensividade do evento; 
materialidade ou exterioridade da ação; 
culpabilidade ou responsabilidade pessoal. 
Posicionamento fundamentado do acadêmico. 
 
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Referências
FRANCO, Alberto Silva; NUCCI, Guilherme de Souza (coords.). Doutrinas essenciais de direito penal: leis penais especiais I, v. VII. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.
GOMES, Luiz Flávio; CUNHA, Rogério Sanches (coords.). Legislação criminal especial. Coleção Ciências Criminais, v. 6. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.
NUNES JR., Flávio Martins Alves. Comentários ao Estatuto do Desarmamento. In: ARAUJO JR., Marco Antonio; BARROSO, Darlan (coords.). Leis penais especiais. Coleção Elementos do Direito, v. 18. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 25-53.
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas, v. 2. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.

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