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#costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 1 INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO Extraído dos PONTOS do TRF, elaborado pelos candidatos dos concursos anteriores da Magistratura Federal e atualizado Diovane Franco Rodrigues, em março de 2018, com base no livro do Matheus Carvalho de 2018. Sumário Administração Pública como função do Estado. ....................................................................... 1 Regime Jurídico Administrativo .................................................................................................... 4 Princípios constitucionais explícitos e implícitos da Administração Pública. ........................... 4 Princípios explícitos ................................................................................................................... 8 Princípios Implícitos ................................................................................................................ 12 Súmulas e julgados sobre o tema: .............................................................................................. 23 Administração Pública como função do Estado. Estado, Governo e Administração são termos que andam juntos e muitas vezes confundidos, embora expressem conceitos diversos nos vários aspectos em que se apresentam. 1. ESTADO é a nação politicamente organizada detentora de SOBERANIA. O ESTADO DE DIREITO é o estado politicamente organizado, que obedece às suas próprias leis. O Estado de direito baseia-se em três pilares: tripartição de poderes; generalização do princípio da legalidade; universalidade da jurisdição, ensejando controle absoluto de validade sobre as atividades do Estado. 1.1. Elementos do Estado: - POVO (elemento subjetivo); - TERRITÓRIO (elemento objetivo); e - GOVERNO SOBERANO - soberania como poder absoluto (segundo a correte clássica do direito internacional), indivisível e incontrastável; independência na ordem internacional e supremacia na ordem interna. -Alguns autores, como Dalmo Dallari, mencionam ainda um quarto elemento do Estado, a finalidade, preconizando que as ações do estado devem ser direcionadas para bem comum. 1.2. Poderes do Estado – não são poderes administrativos, mas funções do Estado denominadas, sem o devido rigor técnico, de: PODER EXECUTIVO, LEGISLATIVO e JUDICIÁRIO. A tripartição de Montesquieu é adotada no texto constitucional, tendo por finalidade o equilíbrio entre os Poderes, de modo a evitar a supremacia de qualquer deles sobre o outro (Carvalho F., Cap. 1). A nossa Constituição estabelece expressamente que são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário (CF, art. 2º), bem assim veda que haja deliberação sobre Emenda à Constituição tendente a abolir a separação dos Poderes (CF, art. 60, §4º, III). 1.3. Funções do Estado (típica e atípica) – são decorrentes dos poderes. FUNÇÃO é o exercício de uma atividade em nome e interesse de outrem. FUNÇÃO PÚBLICA é o exercício de atividade em nome e interesse do POVO. Entretanto, no Brasil, não há exclusividade no #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 2 exercício dessas funções, não há uma rígida, absoluta, divisão dos Poderes, mas sim preponderância na realização desta ou daquela função. Assim, embora os Poderes tenham funções precípuas (funções típicas), a própria Constituição autoriza que também desempenhem funções que normalmente pertenceriam a Poder diverso (funções atípicas). São as chamadas ressalvas (ou exceções) ao princípio da separação dos Poderes. a. FUNÇÃO TÍPICA – é a função principal (preponderante) do poder, o motivo pelo qual o poder foi criado. EXEMPLO: legislativo fazer lei; Executivo administrar; judiciário julgar. b. FUNÇÃO ATÍPICA – é a função secundária do poder. EXEMPLO: legislativo fazendo licitação; Executivo editando medida provisória; judiciário fazendo licitação. Características das funções típicas: 1.3.1. Função Legislativa – consiste na elaboração de leis. É a função legiferante. É uma função abstrata. É uma função geral com repercussão erga omnes. É a única função que inova o ordenamento jurídico. 1.3.2. Função Judiciária – consiste na solução de conflitos, aplicando coativamente as leis. É uma função concreta (exceto o controle direto de constitucionalidade). É uma função indireta, porque depende de provocação. Não inova o ordenamento jurídico. Produz imutabilidade jurídica, ou seja, a intangibilidade jurídica ou coisa julgada, isto é, somente a decisão judiciária é definitiva. 1.3.3. Função Executiva ou Administrativa – O Poder executivo realiza a função administrativa – “aquela exercida pelo Estado ou por seus delegados, subjacente à ordem constitucional e legal, sob regime de direito público, com vistas a alcançar os fins colimados pela ordem jurídica” (Carvalho F.). É uma função concreta. É uma função direta. Não inova o ordenamento jurídico, pois, não revoga o atual estabelecendo um novo (MEDIDA PROVISÓRIA é uma função atípica). É uma função capaz de ser revista, não produz coisa julgada. COISA JULGADA ADMINISTRATIVA não é uma verdadeira coisa julgada, mas sim a mera imutabilidade da decisão dentro da seara administrativa, não impedindo, no entanto, sua revisão pelo Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, da CF/88). Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, função administrativa é a função que o Estado, ou quem lhes faça as vezes, exerce na intimidade de uma estrutura e regime hierárquicos e que no sistema constitucional brasileiro se caracteriza pelo fato de ser desempenhada mediante comportamentos infralegais ou, excepcionalmente, infraconstitucionais, submissos todos a controle da legalidade pelo Poder Judiciário. 1.3.4. Função de Governo/Política – Existem algumas funções que não podem ser enquadradas em nenhuma das acima, uma vez que são decisões políticas. EXEMPLO: quando o Estado declara guerra. É a função que regula a atuação superior do Estado. A função administrativa se preocupa com as questões rotineiras ou costumeiras. A função de governo fica além das atividades meramente rotineiras. EXEMPLOS: declaração de estado de defesa ou de estado de sítio, iniciativa de lei, sanção e veto do presidente, declaração de guerra, celebração de paz. Note-se que há divergência sobre essa classificação. 2. GOVERNO – é o comando, é a direção do Estado. EXEMPLO: atos de soberania e autonomia, diretrizes. No âmbito do Direito Administrativo, a expressão Governo tem sido utilizada para designar o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais responsáveis pela função política do #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 3 Estado. O Governo tem a incumbência de zelar pela direção suprema e geral do Estado, determinar seus objetivos, estabelecer suasdiretrizes, visando à unidade da soberania estatal. 3. ADMINISTRAÇÃO – está relacionada à estrutura para exercício da função pública. Trata-se do aspecto estrutural da administração pública. Pode ser dividida em: ADMINISTRAÇÃO FORMAL ou ORGÂNICA ou SUBJETIVA – está relacionada à máquina administrativa, ou seja, à estrutura. Quem realiza a atividade. Conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas destinadas à execução das atividades administrativas - todo o aparelhamento de que dispõe o Estado para a consecução das políticas traçadas pelo Governo. Designa os entes que exercem a atividade administrativa; compreende pessoas jurídicas (entidades), órgãos e agentes públicos incumbidos de exercer uma das funções em que se triparte a atividade estatal: a função administrativa (MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO). ADMINISTRAÇÃO MATERIAL ou OBJETIVA – é a atividade administrativa propriamente dita. Corresponde ao conjunto de funções ou atividades administrativas que são públicas, consistentes em realizar concreta, direta e imediatamente os fins constitucionalmente atribuídos ao Estado, por isso mesmo denominadas atividades finalísticas da Administração Pública (MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO). Assim, a função administrativa (administração pública em sentido objetivo, material ou funcional) engloba: ● a prestação de serviços públicos; ● o exercício do poder de polícia; ● a intervenção no domínio econômico: pode ocorrer indiretamente, por meio da regulamentação e fiscalização da atividade econômica de natureza privada, bem como diretamente, através da atuação direta do Estado na atividade econômica, nos termos do art. 173 da CF, normalmente por meio de empresas públicas e sociedades de economia mista. ● a atividade de fomento: O fomento abrange a atividade administrativa de incentivo à iniciativa privada de utilidade pública (como, p. ex., o incentivo que se dá a entidades como o SESC, SENAI, SEBRAE etc.). Exemplos de atividades de fomento desenvolvidas pelo Estado: I. auxílios financeiros ou subvenções, por conta dos orçamentos públicos; II. financiamento, sob condições especiais, para a construção de hotéis e outras obras ligadas ao desenvolvimento do turismo, para a organização e o funcionamento de indústrias relacionadas com a construção civil, e que tenham por fim a produção em larga escala de materiais aplicáveis na edificação de residências populares, concorrendo para seu barateamento; III. favores fiscais que estimulem atividades consideradas particularmente benéficas ao progresso material do país; o controle da atuação do estado, que é a manifestação da função de controle que surge pelo poder-dever atribuído ao Estado de verificar a correção e legalidade da atuação exercida pelos seus próprios órgãos. Governo VS. Administração Vale registrar a lição de HELY LOPES MEIRELLES sobre a diferença entre Governo e Administração: #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 4 “Numa visão global, a Administração é, pois, todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas. A Administração não pratica atos de governo; pratica, tão-somente, atos de execução, com maior ou menor autonomia funcional, segundo a competência do órgão e de seus agentes. São os chamados atos administrativos (...). “Comparativamente, podemos dizer que governo é atividade política e discricionária; administração é atividade neutra, normalmente vinculada à lei ou à norma técnica. Governo é conduta independente; administração é conduta hierarquizada. O Governo comanda com responsabilidade constitucional e política, mas sem responsabilidade profissional pela execução; a Administração executa sem responsabilidade constitucional ou política, mas com responsabilidade técnica e legal pela execução. A Administração é o instrumental de que dispõe o Estado para pôr em prática as opções políticas do Governo. Isto não quer dizer que a Administração não tenha poder de decisão. Tem. Mas o tem somente na área de suas atribuições e nos limites legais de sua competência executiva, só podendo opinar e decidir sobre assuntos jurídicos, técnicos, financeiros, ou de conveniência e oportunidade administrativas, sem qualquer faculdade de opção política sobre a matéria”. A expressão "administração pública", em nosso direito, é utilizada para designar o conjunto de entidades e órgãos a serviço do Estado, incumbidos da função administrativa (sentido subjetivo) e, também, a função do Estado agindo in concreto para a satisfação de seus fins de conservação, de bem-estar individual dos cidadãos e de progresso social, ou seja, a própria função administrativa (sentido objetivo). Assim, em sentido objetivo ou material, administração pública (ou função administrativa) pode ser definida como a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime jurídico de direito público, para a consecução dos interesses coletivos. A administração pública, para alguns, é utilizada em sentido amplo, compreendendo a função política (GOVERNO), que traça as diretrizes governamentais e a função administrativa propriamente dita (sentido estrito) (ADMINISTRAÇÃO), que as executa. É interessante lembrar, por fim, que a administração pública é objeto de estudo do direito administrativo, enquanto o Governo é objeto de estudo do direito constitucional. Regime Jurídico Administrativo Trata-se do conjunto harmônico de princípios que definem a lógica da atuação do ente público, a qual se baseia na existência de limitações e prerrogativas em face do interesse público. Esses princípios devem resguardar essa lógica, havendo, entre eles, um ponto de coincidência. Princípios constitucionais explícitos e implícitos da Administração Pública. Antes, é preciso fazer uma distinção fundamental. A atuação da administração pública deve se orientar pela busca do interesse público, primário e secundário. Assim, todos os princípios estarão intrinsecamente ligado à busca pelo interesse público, sendo, para Dalmo de Abreu Dallari, um dos elementos do Estado, qual a seja a finalidade. a) Interesse público primário: necessidades da sociedade, dos cidadãos enquanto partícipes da sociedade. #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 5 b) Interesse público secundário: interesse do ente estatal, da administração pública, como sujeito de direito. A busca indevida de interesses secundários abrindo mão do interesse primário enseja abuso do poder do Estado. Isto posto, o interesse secundário deve sempre atender ao primário, vez que este é norteador daquele. Assim, havendo conflito, prevalece o interesse primário. PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO: Princípios são postulados fundamentais que inspiram todo o modo de agir da Administração Pública (Carvalho F.). Segundo a doutrina mais moderna, todos os princípios decorrem da Constituição, sendo alguns implícitos e outros explícitos. Ademais, da Supremacia do Interesse Público e da Indisponibilidade do Interesse Público, decorrem todos os demais princípios. Podem ser classificados em: a) ONIVALENTES – valempara qualquer ciência. EXEMPLO: princípio da não- contradição. b) PLURIVALENTES – valem para cada grupo de ciências. EXEMPLO: princípio da causalidade que é aplicado nas ciências naturais. c) MONOVALENTES – valem para uma só ciência. EXEMPLO: princípio da legalidade (a lei submete a todos), que é aplicável somente ao Direito. Por sua vez, eles podem ser: GERAIS – valem somente para um ramo da ciência. EXEMPLO: princípio da supremacia do interesse público, que é aplicado somente ao Direito Público. ESPECÍFICOS – valem somente para uma parte do ramo da ciência. EXEMPLO: princípio da continuidade do serviço público, que é aplicado somente ao Direito Administrativo, que é sub-ramo do direito público. 1. PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO – é o principal princípio do DIREITO ADMINISTRATIVO, sendo o seu alicerce juntamente com o princípio da indisponibilidade do interesse público, dos quais decorrem os outros princípios. É a sobreposição do interesse público em face do interesse particular, o que é pressuposto lógico para o convívio social. Não há previsão expressa para o princípio da supremacia do interesse público. SUPREMACIA não significa a sobreposição do APARELHO OU DA MÁQUINA ESTATAL OU DO INTERESSE DO ADMINISTRADOR, mas sim do INTERESSE PÚBLICO que se sobrepõe ao interesse privado. “[...] o interesse do todo, do conjunto social, nada mais é do que a dimensão pública dos interesses individuais, ou seja, dos interesses de cada indivíduo enquanto partícipe da Sociedade (entificada juridicamente no Estado [...]” (CABM, cap. 1, p.51). EXEMPLOS: o poder de polícia (que restringe e limita a liberdade e os direitos do particular em face do interesse público); os atributos da autoexecutoriedade e imperatividade dos atos administrativos, bem como a presunção de legitimidade dos atos administrativos; cláusulas exorbitantes dos contratos administrativos; intervenção na propriedade privada; exercício do poder de autotutela, com a revisão e anulação dos atos administrativos inconvenientes, inoportunos ou ilegais pela própria Administração Pública (Súmula STF 473); garantia de impenhorabilidade e pagamento por precatórios; remessa necessária; prazo em dobro para manifestações no processo civil. Observações importantes: estudar remessa necessária no NCPC, artigo 496, e verificar as hipóteses em que não ocorrerá a remessa: quando a sentença estiver fundada em súmula de tribunal superior; acórdão do STF ou STJ em julgamento de recurso repetitivo; entendimento firmado em IAC ou IRDR; entendimento coincidente com a orientação vinculante firmada no âmbito administrativo, parecer ou súmula administrativa. #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 6 É importante observar, contudo, que o PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO vem sendo CONTESTADO pela doutrina administrativista e constitucionalista mais moderna. Este assunto está na “ordem do dia” em matéria de atualidade no que se refere ao direito administrativo e ao direito constitucional. Neste sentido: SARMENTO, Daniel (org.). Interesses públicos versus interesses privados. Rio: Lumen Juris, 2005. Abaixo segue um resumo do artigo de Daniel Sarmento, publicado na obra citada e intitulado “Interesses Públicos vs. Interesses Privados na Perspectiva da Teoria e da Filosofia Constitucional”. Principais trechos do artigo: Os principais argumentos utilizados para o abrandamento ou mesmo para o afastamento do princípio da supremacia do interesse público são: 1) a superação da dicotomia rígida entre Direito Público e Direito Privado (o Direito Público se privatiza – em razão da decadência do chamado Estado Social (ou welfare state) e o Direito Privado se “publiciza”: constitucionalização do direito civil; eficácia horizontal dos direitos fundamentais; surgimento do terceiro setor). Assim, fica cada vez mais difícil distinguir o interesse público do interesse privado. 2) A CF/88 (afastando o organicismo, o utilitarismo e o individualismo liberal clássico) pode ser considerada uma Constituição personalista, pois “afirma a primazia da pessoa humana sobre o Estado e qualquer entidade intermediária. Para o personalismo, é absurdo falar em supremacia do interesse público sobre o particular, mas também não é correto atribuir-se primazia incondicionada aos direitos individuais em detrimento dos interesses da coletividade.” (p. 79) “Na verdade, a admissão de cláusulas muito gerais de restrição de direitos fundamentais – como a de supremacia do interesse público – implica também em violação aos princípios democráticos e da reserva de lei, em matéria de limitação de direitos, já que transfere para a Administração a fixação concreta dos limites ao exercício de cada direito fundamental. Ademais, dita indeterminação pode comprometer a sindicabilidade judicial dos direitos fundamentais, por privar os juízes de parâmetros objetivos de controle” (p. 96). “Diante deste quadro, parece-nos inadequado falar em supremacia do interesse público sobre o particular, mesmo em casos em que o último não se qualifique como direito fundamental. É preferível, sob todos os aspectos, cogitar em um PRINCÍPIO DA TUTELA DO INTERESSE PÚBLICO, para explicitar o fato de que a Administração não deve perseguir os interesses privados dos governantes, mas sim os pertencentes à sociedade, nos termos em que definidos pela ordem jurídica (princípio da juridicidade). Se a idéia de supremacia envolve uma comparação entre o interesse público e o particular, com atribuição de preeminência ao primeiro, na noção de tutela este elemento está ausente, o que se afigura mais compatível com o princípio da proporcionalidade, fechando as portas para possíveis excessos (...) Dessa forma, a ação estatal conforme ao Direito não será aquela que promover de forma mais ampla o interesse público colimado, mas sim a que corresponder a uma ponderação adequada entre os interesses públicos e privados presentes em cada hipótese, realizada sob a égide do princípio da proporcionalidade. Com a ressalva, contudo, de que quando os direitos fundamentais estiverem ausentes da balança, o escrutínio judicial da conduta estatal deve ser mais cauteloso, prevalecendo, na dúvida, a decisão já adotada pelo Poder Público.” (p. 114 e 115). CONTRACRÍTICA DE ALICE GONZALEZ BORGES (Revista Diálogo Jurídico-n.º 15 – jan/fev/mar/2007): #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 7 Alice González Borges, em importante artigo sobre o tema (“Supremacia do Interesse Público: Desconstrução ou Reconstrução?”), ao invés da “desconstrução” propugnada pelos críticos, sugere uma “reconstrução”: “Mas agora surge de outra parte uma nova espécie de ataque, até então inimaginável. De repente, uma plêiade de jovens e conceituados juristas, - animados, força é que se diga, pela mais cristalina e louvável das intenções, - ergue-se na defesa da eficácia e efetividade dos direitos fundamentais, em salutar movimento em prol da constitucionalização do direito. Para tanto, resolve congregar forças para desconstruir (sic) o princípio da supremacia do interesse público, como sendo a base de um autoritarismoretrógrado, ultrapassado e reacionário do direito administrativo.” “É preciso não confundir a supremacia do interesse público – alicerce das estruturas democráticas, pilar do regime jurídico-administrativo – com as suas manipulações e desvirtuamentos em prol do autoritarismo retrógrado e reacionário de certas autoridades administrativas”. 2. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO – O interesse é do povo, de modo que o administrador não pode dispor dele, por ser INTERESSE ALHEIO. A função pública impede a livre disposição porque o interesse público é alheio. Trata-se de um múnus público sendo um encargo ou uma obrigação. “ Bens e interesses não se acham entregues à livre disposição da vontade do administrador. CABM” EXEMPLOS: dever de apuração de prática de infração disciplinar, cuidar do patrimônio ou dos interesses, arrecadar corretamente, contratar com licitação, obediência ao procedimento de desapropriação. O STF já se pronunciou pela impossibilidade de transação ou renúncia pela Administração, que não esteja configurada em lei. Atenção: o artigo 190 do NCPC traz a possibilidade de a administração pública celebrar negócio jurídico processual em relação aos direitos que admitam autocomposição. Não se deve confundir autocomposição (processual), com transação (material). Ademais, a lei de arbitragem admite a utilização deste meio no que toca aos direitos patrimoniais disponíveis. Neste mesmo sentido, há previsão legal na lei das PPP do uso de arbitragem para dirimir seus conflitos, não colidindo com o princípio da indisponibilidade do interesse público. Há decisões tomadas pelos administradores que serão melhores para buscar os fins públicos, não ferindo a legalidade ou a indisponibilidade do interesse público. O princípio deve ser interpretado com proporcionalidade. Jurisprudência importante sobre responsabilidade do Estado e o interesse público em pagar: A exegese do disposto no art. 82, III, do CPC impõe a distinção jus-filosófica entre o interesse público primário e o interesse da Administração, congnominado “interesse público secundário”. O Estado, quando atestada sua responsabilidade, revela-se tendente ao adimplemento da correspectiva indenização e coloca-se na posição de atendimento ao “interesse público”. Ao revés, quando visa a evadir-se de sua responsabilidade no afã de minimizar seus prejuízos patrimoniais, persegue nítido interesse secundário, SUBJETIVAMENTE PERTINENTE AO APARELHO ESTATAL, em subtrair-se de despesas, engendrando locupletamento à custa do dano alheio. É assente na doutrina e na jurisprudência que indisponível é o interesse público, não o interesse da Administração. Na última hipótese, não é necessária a atuação do Parquet no mister de custos legis, máxime porque a entidade pública empreende sua defesa mediante corpo próprio de profissionais da Advocacia da União (STJ, REsp 1.149.416-RS). #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 8 Princípios Explícitos 3. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (artigo 37, caput) – a CF repetiu várias vezes esse princípio (artigos 5o, 84, 150, e vários outros), que é indispensável para a existência de um Estado Democrático de Direito (politicamente organizado e que obedece às suas próprias leis). Expressa a sujeição ou subordinação das pessoas, órgãos ou entidades às prescrições emanadas do Legislativo, Executivo e Judiciário. Diz-se que o princípio é o principal e basilar do Regime Jurídico Administrativo. HELY LOPES MEIRELLES faz a seguinte distinção: i. LEGALIDADE PARA O AGENTE PÚBLICO ou ADMINISTRADOR PÚBLICO – somente pode fazer o que a lei autoriza e determina; é chamado de CRITÉRIO DE SUBORDINAÇÃO À LEI. Estrita legalidade. É a legalidade do artigo 37 da CF. ii. LEGALIDADE PARA O PARTICULAR – pode fazer tudo o que a lei NÃO proíbe. É o CRITÉRIO DA NÃO-CONTRADIÇÃO À LEI. É a legalidade do artigo 5º da CF. CUIDADO: princípio da legalidade significa dizer que a conduta do administrador tem que estar EXPRESSAMENTE prevista em lei? NÃO. O que está expresso em lei é legalidade, mas nem sempre a lei estabelece tudo, todos os detalhes. EXEMPLO: atos discricionários, nos quais o administrador faz um juízo de conveniência e oportunidade (MARIA SYLVIA fala em EQUIDADE e JUSTIÇA, também). Exemplo: poderes implícitos. A doutrina faz uma distinção: PRINCÍPIO DA LEGALIDADE – está explicitado acima, todas as espécies legislativas (CF, Leis, normas infralegais). PRINCÍPIO DA RESERVA DE LEI – determinada matéria somente poderá ser disciplinada por meio de determinada espécie normativa. EXEMPLO: a matéria X depende de lei ordinária, ou seja, sua regulamentação está reservada à edição de lei ordinária. A discricionariedade administrativa é limitada pela moldura legal. Assim, a margem de atuação é definida pelo ordenamento jurídico. A Constituição Federal mitiga o princípio da legalidade em algumas situações, como edição de medidas provisórias, estado de defesa e estado de sítio. MEDIDAS PROVISÓRIAS: possuem força de lei em caso de relevância e urgência, editadas pelo Presidente da República e submetidas ao Congresso Nacional. Vedado versar sobre: nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos, direito eleitoral, penal, processual penal e processual civil. Possui força de lei material, inovando o ordenamento jurídico. ESTADO DE DEFESA: alguns direitos e garantias fundamentais são restringidos, como reunião e sigilo da correspondência e comunicações telefônicas e telegráficas. É permitida a ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos na hipótese de calamidade pública. Tais fatos prescindem de edição de lei, em razão da excepcionalidade da medida. Prazo de 30 dias, podendo ser prorrogado por igual período. ESTADO DE SÍTIO: comoção de grave repercussão nacional, comprovada ineficácia das medidas do estado de defesa. Possibilidade de impor às pessoas que permaneçam em localidade determinada, detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns, imposição de restrições relativas à inviolabilidade de correspondência, sigilo das #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 9 comunicações, prestação de informações, liberdade de imprensa, radiofusão e televisão, suspensão da liberdade de reunião, requisição de bens e outros. Estão sujeitas ao controle do Judiciário. 4. PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE (artigo 37, caput) – o administrador não poderá buscar interesses pessoais, mas sim o interesse público, ou coletivo, devendo agir de forma abstrata e impessoal, ou seja, com AUSÊNCIA DE SUBJETIVIDADE. Pode ser verificada a impessoalidade em alguns enfoques: i. o ato praticado pelo agente é da pessoa jurídica de direito público e não do próprio agente. Consequência expressa dessa regra é a realização de obras, atos, programas, serviços e campanhas públicas para fins de promoção pessoal; Teoria do órgão – Imputação volitiva – Otto Giërke. ii. A Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que tem que nortear seu comportamento. EXEMPLO: precatórios,artigo 100, CF. iii. Atuação dirigida à finalidade pública. STF: teoria da dupla garantia: os atos que ensejam responsabilização do Estado foram realizados pela pessoa do Estado sob representação do agente. A ação de reparação de danos deve ser interposta contra o Estado, não se admitindo propositura da ação em face do indivíduo. a. Garantia do lesado: o Estado possui maiores meios de pagar a indenização. b. Garantia do agente: responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica que se encontra vinculada. O tema será aprofundado em responsabilidade civil, bastando saber, por agora, a teoria da imputação volitiva e teoria do órgão como aspecto do princípio da impessoalidade. STF: Súmula vinculante 13. Nepotismo. Excepcionado em casos de: cargos políticos; cargos efetivos, pois o fato de ter um parente no órgão não pode obstar a isonomia; nomeação para exercer função no órgão, desde que não tenha subordinação com o parente. As leis que proíbem o nepotismo na Administração Pública não são de iniciativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo, podendo, portanto, ser propostas pelos parlamentares. Inconstitucional lei estadual que preveja exceção à súmula vinculante 13. É desnecessário lei formal para que haja vedação ao nepotismo, uma vez que a proibição decorre diretamente dos princípios do artigo 37 da Constituição Federal. STF: Intranscendência subjetiva das sanções: inibe a aplicação de sanções a entidades federativas por ato de gestão anterior à assunção dos deveres públicos, desde que se demonstre que o novo administrador está tomando todas providências necessárias a sanar os prejuízos. Isto posto, não pode permanecer o nome do ente federativo em cadastro de inadimplentes da União, de modo que não possa receber verbas. Não prestado contas de recursos, inadimplência ou sua incongruência, enseja inscrição do ente no cadastro restritivo. Anotações importantes sobre a intranscendência, que podem ser cobradas em primeira, segunda fase e oral: o Os reflexos desfavoráveis e gravosos resultantes da imposição de sanções e medidas restritivas de direitos, a exemplo da inscrição no Cadastro Informativo de créditos não quitados de órgãos e entidades federais (CADIN), regulado pela Lei nº 10.522/2002, circunscrevem-se à dimensão pessoal do infrator, sob pena de restar vulnerado o princípio da intranscendência. #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 10 Não pode atingir administração indireta e demais órgãos do ente federativo, mas tão somente o ente político que realizou as condutas irregulares. ▪ Plenário do Supremo Tribunal Federal uniformizou o entendimento no sentido de que o Estado só pode sofrer restrições nos cadastros de devedores da União por atos praticados pelo Executivo. Em consequência, atos do Legislativo, Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Contas e dos entes da Administração Pública indireta (como as autarquias e as empresas públicas) não podem gerar sanções da União contra o Estado, diante da ausência de ingerência direta do Executivo sobre eles. Ementa de julgado: Desrespeito ao limite de despesa com pessoal por órgão diverso da Administração Direta. Princípio da intranscendência das sanções. Insubsistência da medida restritiva ao Poder que não possui ingerência administrativa sobre o órgão descumpridor. ▪ A premissa (intranscendência) aplica-se para repasse de recursos por meio de convênio. ▪ A premissa (intranscendência) aplica-se para transferências voluntárias, quando outro ente que não o Executivo não cumpre os limites de gasto com pessoal na LRF. Assim, o estado não pode ser responsabilizado. o Importante mencionar que, em caso de eventuais sanções por descumprimento da LRF, haverá suspensão de repasses tão somente VOLUNTÁRIOS, excetuando-se aquelas relativas às ações de educação, saúde e assistência social. o O princípio da intranscendência subjetiva das sanções inibe a aplicação de severas sanções às administrações por ato de gestão anterior à assunção dos deveres públicos. Comprovada a adoção de providências contra ex-prefeito para reparar os danos eventualmente cometidos, preserva-se o Município do constrangimento de ser incluído no rol dos inadimplentes. o Se um consórcio público celebrou convênio com a União por meio do qual estão previstos repasses federais, o fato de um dos entes integrantes do consórcio possuir pendência inscrita no CAUC não pode impedir que o consórcio receba os valores prometidos. Isso porque o consórcio público é uma pessoa jurídica distinta dos entes federativos que o integram e, segundo o princípio da intranscendência das sanções, as punições impostas não podem superar a dimensão estritamente pessoal do infrator, ou seja, não podem prejudicar outras pessoas jurídicas que não sejam aquelas que praticaram o ato. Assim, o fato de ente integrante de consórcio público possuir pendência no Serviço Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias (CAUC) não impede que o consórcio faça jus, após a celebração de convênio, à transferência voluntária a que se refere o art. 25 da LC 101/2000. o Deve ser precedida da garantia ao Estado-membro do devido processo legal, especialmente ampla defesa e contraditório. 5. PRINCÍPIO DA MORALIDADE (artigo 37, caput) – Está relacionado à idéia de HONESTIDADE, de BOA CONDUTA, de obediência aos princípios éticos e normas morais, à correção de atitude, à boa-fé. Não há conceito fechado de moralidade. Trata-se, em verdade, de cláusula indeterminada, conceito vago, indefinido. A CF/88 inovou ao prescrever a obediência expressa à moralidade, não havendo previsão expressa nas constituições pretéritas acerca do tema. Possui meios de proteção, através da ação popular, que visa desconstituir atos imorais. Não se confunde com moral social, que são os padrões aceitos pela sociedade. Mas se trata de moralidade jurídica, com atuação conforme padrões éticos de conduta. **Os particulares que se relacionam com o ente estatal também devem obediência às regras de boa administração, sob pena de praticarem ato de improbidade em conjunto com o agente público (art.11 da Lei 8.492/92). #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 11 IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA significa o exercício de função, cargo, mandato ou emprego público sem observância dos princípios administrativos da legalidade, da impessoalidade, da publicidade, da moralidade e da eficiência. MORALIDADE COMUM é a conduta adequada às regras da moral. Diz respeito à conduta externa do agente. MORALIDADE ADMINISTRATIVA é mais rigorosa, está relacionada com as condutas de boa administração, ou seja, há que ser um bom administrador, isto é, devem ser buscadas as melhores políticas administrativas. Diz respeito à conduta interna do agente e corresponde ao conjunto de regras tiradas da disciplina interna da Administração. 6. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE (artigo 37, caput) – Segundo tal axioma, é imprescindível que os administrados tenham plena e inequívoca ciência dos atos e demais práticas administravas deflagradas pelo Administrador. Considerando que todo o poderemana do povo, nos termos do texto constitucional, é direito fundamental desde, extraível da própria ideia de regime democrático de direito, o acesso e conhecimento de todas as informações relativas a atuação estatal. É importante trazer à baila o entendimento de que a publicação dos atos é requisito de eficácia destes: mesmo depois de expedidos, devem ser publicados para que produzam efeitos. Validade é a expedição correta do ato, nos termos legais. O ato pode ser válido, mas enquanto não for publicado não será eficaz. DIÓGENES GASPARINI: a publicidade é garantida por meio de publicação no órgão oficial e pela expedição de certidões, quando não for possível a publicação. A publicação de atos, contratos e outros instrumentos jurídicos, salvo os normativos, pode ser resumida. Atos normativos não podem ser publicados de forma resumida. Exceções ao princípio da publicidade: a CF determina que devem ser resguardadas a segurança nacional e o relevante interesse coletivo. Deve ser lido o artigo 23 da Lei de acesso à informação (12.527/11). Ainda, lembrar do direito à privacidade expresso no artigo 5º. Ainda, a lei diz que as informações poderão ser classificadas como ultrassecretas, secreta ou reservada. Nestas hipóteses, os prazos máximos de restrição de acesso à informação, conforme classificação, vigoram a partir de sua produção e são os seguintes, respectivamente, 25, 15 e 5 anos. (-10 para cada). Artigo 37, § 1o.= propaganda governamental X PROIBIÇÃO DE PROMOÇÃO PESSOAL. A publicidade deve ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem a promoção pessoal da autoridade ou dos servidores públicos. Viola a impessoalidade. Acarreta a improbidade administrativa. JURISPRUDÊNCIA: é bastante ponderada, não é só porque tem o nome e a data que significa promoção pessoal (pacífica); jornalzinho informativo pode. Não pode se promover utilizando-se do múnus público, não pode fazer propaganda sobre o que é o seu dever, mesmo que pague a publicidade com o seu dinheiro. Deve ser aplicado o bom senso, verificado caso a caso, deve ser analisado o caso concreto. #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 12 1. Ofensa ao direito de certidão é atacada por via de MS. HD é para obter informação negada, e não certidão. 2. O Superior Tribunal de Justiça, recentemente, decidiu que o mandado de segurança é o meio hábil para buscar extrair cópia integral de autos de processo administrativo. 3. Conforme Hely, a publicidade não é elemento formativo do ato, mas sim requisito ou condição para eficácia e moralidade do ato. Ainda, importante lembrar o clássico julgado do STF: É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes de seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. 7. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA (artigo 37, caput) – foi introduzido pela EC/19, ganhando roupagem de princípio constitucional. Entretanto, mesmo antes da referida emenda constitucional, era possível extrair o dever de eficiência da Administração Pública a partir de uma interpretação sistemática da Constituição. Outrossim, o art. 6º da Lei 8.987/95 já fazia menção a este postulado. É conhecido como DEVER DE BOA ADMINISTRAÇÃO. Eficiência significa presteza, agilidade, ausência de desperdício, não podendo o administrador eficiente desperdiçar dinheiro público. “Significa que a Administração deve recorrer à moderna tecnologia e aos métodos hoje adotados para obter a qualidade total da execução das atividades a seu cargo, criando, inclusive, novo organograma em que se destaquem as funções gerenciais e a competência dos agentes que devem exercê-las. ” [CARVALHO FILHO]. De acordo com o referido doutrinador, inclusão da duração razoável do processo no rol de direitos e garantias individuais pela EC 45 teve por finalidade consagrar o princípio da eficiência no âmbito do processo judicial e administrativo. O princípio possui dois aspectos, segundo Maria Silvia Zanella di Pietro: eficiência quanto ao modo de atuação do AGENTE e quanto ao modo de ORGANIZAÇÃO da administração. Por ser um princípio expresso, A ANÁLISE DA EFICIÊNCIA SIGNIFICA CONTROLE DE LEGALIDADE, E NÃO DE MÉRITO ADMINISTRATIVO, RAZÃO PELA QUAL OS ATOS ADMINISTRATIVOS INEFICIENTES SERÃO NULOS. A eficiência não poderá ser motivo para se agredir os direitos fundamentais, sendo que um dos princípios do próprio controle da eficiência, além da publicidade, é a proporcionalidade. Princípios Implícitos 8. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE ou OBRIGATORIEDADE DA ATIVIDADE ADMINISTRATIVA (CELSO ANTONIO) – é a manutenção ou não interrupção do serviço público. O serviço público não pode parar, porque não param os anseios da coletividade; os desejos dos administrados são contínuos. O princípio nem sempre significa atividade ininterrupta, sem intermitência, mas tão-só regular, isto é, de acordo com a sua própria natureza ou forma de prestação. “Existem certas situações específicas que excepcionam o princípio, permitindo a paralisação temporária da atividade, como é o caso da necessidade de proceder a reparos técnicos ou realizar obras para a expansão e melhoria dos serviços”(CABM). CELSO ANTONIO vai mais longe: CONTINUIDADE está na base da indisponibilidade; a OBRIGATORIEDADE surge em decorrência da indisponibilidade - a Administração não tem disponibilidade sobre os interesses públicos, mas apenas o dever de curá-los nos termos das finalidades predeterminadas legalmente. A continuidade pode ser dividida, nos seguintes tópicos, para facilitar a análise: i. CONTINUIDADE PARA OS SERVIDORES PÚBLICOS – é por esse aspecto que se justifica que quase sempre, a Administração Pública para os seus atos nomeia suplentes. EXEMPLO: suplentes de comissões permanentes de licitação. #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 13 **Assunto pertinente nesse ponto, é a constatação de que os servidores públicos têm direito de greve previsto na CF (artigo 37, VII), na forma da LEI ESPECÍFICA (até 1998 era lei complementar, agora é lei ordinária). Essa lei ainda não existe, a Lei 7783/89 fala sobre o direito de greve para os trabalhadores. Mesmo sem existir a lei, pode exercer o direito de greve? Há duas correntes: 1. CORRENTE MINORITÁRIA: A lei constitucional que trata desse assunto é de EFICÁCIA CONTIDA, podendo ser exercido de imediato, mas a lei restringirá o conteúdo no futuro; 2. CORRENTE MAJORITÁRIA: essa lei constitucional é de eficácia limitada, ou seja, não pode ser exercido o direito de greve antes da promulgação da lei específica. Se a greve for tida por ilegal, pode ser descontado o dia não trabalhado, por entendimento da maioria da doutrina e da jurisprudência. Aqui, vê-se um exemplo da SÍNDROME DA INEFETIVIDADE (STF), a CF prevê muitos direitos que não são efetivos. Fundamento da greve para o STF: Atente-se para a mudança de posicionamento do STF, no julgamento dos processos MI 670, MI 708 e MI 712, a respeito da eficácia do mandado de injunção e do exercício do direito de greve pelos servidores públicos civis,no sentido de, “reconhecendo a falta de norma regulamentadora do direito de greve no serviço público, remover o obstáculo criado por essa omissão e, supletivamente, tornar viável o exercício do direito consagrado no artigo 37, VII da Constituição do Brasil”. O STF, no julgamento ocorrido em outubro/2007, propôs a solução para a omissão legislativa com a aplicação da Lei nº 7.783, de 28/06/89 (lei que regula a greve no setor privado), no que couber. Servidores que fizeram greve, desconto de salário, falta e compensação: tese fixada em 2016 pelo STF: “A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público.” Para sindicalização, a norma da constituição é de aplicabilidade imediata e eficácia plena, não necessitando de regulamentação legal. ii. CONTINUIDADE PARA OS CONTRATADOS - os contratos administrativos possuem cláusulas exorbitantes: CLÁUSULAS EXORBITANTES EXIGÊNCIA DE GARANTIA É uma faculdade e pode constituir-se em: a) caução em dinheiro ou títulos da dívida pública. b) seguro-garantia c) fiança bancária ALTERAÇÃO UNILATERAL a) modificação do projeto ou das especificações (65, I, “a”) b) modificação do valor contratual, por acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto. #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 14 RESCISÂO UNILATERAL a) inadimplemento. b) desaparecimento do sujeito, insolvência ou comprometimento da execução. c) interesse público. d) caso fortuito ou força maior. FISCALIZAÇÃO Prerrogativa no Poder Público, dando ensejo à rescisão unilateral. APLICAÇÃO DE PENALIDADE a) advertência b) multa c) suspensão temporária e impedimento de contratados d) declaração de inidoneidade. ANULAÇÃO (autotutela) Por obediência ao princípio da legalidade, é prerrogativa a anulação de seus atos diante de ilegalidade. RETOMADA DO OBJETO Artigo 80 (Lei 8.666/93), princípio da continuidade do serviço público. RESTRIÇÕES AO USO DA “EXCEPTIO NON ADIMPLENTI CONTRACTUS” Não há rescisão unilateral pelo particular. Ele não pode interromper a execução do contrato, em decorrência dos princípios da continuidade do serviço público e da supremacia do interesse público sobre o interesse particular. (a jurisprudência tem atenuado a aplicação desse preceito). MUTABILIDADE ÁLEA ORDINÁRIA EMPRESARIAL Risco que todo empresário corre, como resultado da própria flutuação do mercado; sendo previsível, por ele responde o particular. ÁLEA ADMINISTRATIVA ALTERAÇÃO UNILATERAL Atendimento ao interesse público. Administração Restabelecida. FATO DO PRÍNCIPE Ato de autoridade não relacionado diretamente. FATO DA ADMINISTRAÇÃO Ato de autoridade que incide diretamente sobre o contrato. ÁLEA ECONÔMICA Circunstâncias externas ao contrato e à vontade das partes, imprevisíveis, excepcionais, inevitáveis, que causam desequilíbrio muito grande no contrato, dando lugar à aplicação da teoria da imprevisão. Restrições ao uso da “excepcio non adimpleti contratus” – exceção do contrato não cumprido consiste no fato de que se uma parte não cumprir uma prestação, a parte contrária #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 15 também não é obrigada a cumprir a sua prestação, isso se aplica aos contratos em que as partes estão em igualdade; entretanto, no contrato administrativo é diferente. Em regra, se a administração inadimplir, o particular não pode simplesmente suspender a prestação do serviço. Contudo, o art, 78, XV, da Lei 8.666/93 prevê uma exceção, ao estabelecer que o atraso, por parte da Administração, superior a 90 dias, dos pagamentos devidos em razão de obras, serviços ou fornecimentos, ou parcelas destes, já recebidos, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, permite ao contratante particular optar entre a rescisão do contrato ou pela suspensão do cumprimento das suas obrigações dele oriundas, até que seja normalizada a situação. Ou seja, se a mora da administração for inferior a 90 dias, o contratado não poderá suspender a prestação do serviço público. No entanto, caso o contratado não conseguir suportar a espera por 90 dias em virtude de dificuldades econômico-financeiras que possam leva-lo à falência, poderá acionar o Judiciário para pleitear a rescisão do contrato ou a suspensão das atividades, pois a lei não pode exigir que o particular suporte ônus desproporcionais. Saliente-se, no entanto, que o particular não pode, pura e simplesmente, parar de executar o contrato, ainda que o atraso do pagamento pela Administração seja superior a 90 dias, sendo imprescindível, portanto, que o contratado manifeste administrativamente seu interesse de rescisão do pacto ou opte pela suspensão da sua execução até a normalização da situação. Caso não obtenha resposta favorável do Poder Público, deverá requerer a rescisão contratual ou a garantia da suspensão da prestação dos serviços na via judicial. Assim, o contratado precisa da autorização da administração ou do Judiciário para rescindir ou suspender a prestação do serviço (paralisação), entendimento este aplicável ainda que a prestação se refira a serviços públicos de caráter essencial. OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA DE BENS E SUBSTITUIÇÃO: outros dispositivos foram previstos com o intuito de manter a continuidade dos serviços públicos, como o artigo 58, V, da Lei 8666, que define que nos casos de serviços públicos essenciais, poderá haver ocupação provisória de bens imóveis, móveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato. Trata-se de cláusula exorbitante pautada na continuidade do serviço público. REVERSÃO – passagem ao poder concedente dos bens do concessionário aplicados ao serviço, uma vez extinta a concessão (art. 35, § 2.º) [CABM] - permite que a Administração utilize o patrimônio da contratada para dar prosseguimento ao serviço público. Há direito à indenização, desde que descontados os valores de depreciação dos bens - o contrato especifica os bens que podem ser revertidos, no seu silencio, são revertidos os INDISPENSÁVEIS AO PROSSEGUIMENTO DO SERVIÇO. Lei 8.987/95 (artigo 6o.): fala sobre a concessão de serviços públicos essenciais. Afirma que NÃO haverá descontinuidade do serviço no caso de interrupção (“corte”) por falta de pagamento, desde que precedida de prévia comunicação. Serve para evitar a falência da prestadora de serviço. O STJ vem dando algumas decisões de que mesmo nesses casos não é possível cortar o serviço público essencial (EXEMPLO: prestação de energia elétrica) – todavia, tratando-se de inadimplência da própria Administração com a concessionária do serviço, o corte não pode atingir serviços públicos essenciais, tais como escolas, hospitais, repartições etc.). [Carvalho F.] Anotaçõesdo meu caderno – Diovane: ● Interrupção dos serviços públicos: #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 16 o Emergência, desnecessitando aviso prévio. o Inadimplemento do usuário, mediante aviso prévio, considerado o interesse público (ex: hospitais, escolas). ▪ STJ: energia elétrica é serviço essencial, e não pode ser interrompido por motivo de inadimplemento quando da observação do interesse público, como em hospitais, escolas, repartições públicas, etc. o Razões de ordem técnica ou de segurança das instalações, mediante aviso prévio. ● A divulgação em três emissoras de rádio com cobertura no Município do usuário desse serviço, dias antes da suspensão, satisfaz a exigência prevista na lei para que haja a interrupção do serviço público. ● A divulgação da suspensão no fornecimento de serviço de energia elétrica por meio de emissoras de rádio, dias antes da interrupção, satisfaz a exigência de aviso prévio, prevista no art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.987/95 ● Não é legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando (juris de energia elétrica): o A inadimplência do consumidor decorrer de débitos pretéritos apurados posteriormente pela concessionária; o O débito originar-se de suposta fraude no medidor de consumo de energia apurada unilateralmente pela concessionária e; ▪ É possível a interrupção em fraude, observado o contraditório e ampla defesa, constatando, com a fraude, débitos atuais. o Inexistir aviso prévio ao consumidor inadimplente. ● É competência da justiça federal MS contra ato de entidade privada concessionária do serviço de fornecimento de energia elétrica, acerca da interrupção do fornecimento de energia elétrica, sendo dirigido contra entidade não integrante da Administração Federal. Fundamento: a interrupção foi praticada na competência delegada à União, do artigo 21, XII, b, CF, não configurando mero ato de gestão. Passível, portanto, de MS. 9. PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA/SINDICABILIDADE – é o princípio que autoriza a administração a rever seus próprios atos (ilegalidade = anulação; conveniência e oportunidade = revogação). Súmulas 346 e 473, STF, e Lei 9784/99 anulação (decadência de 05 anos, salvo má-fé do beneficiado) e revogação (não há limite temporal, mas limites materiais: direitos adquiridos e outros) de atos administrativos. MARIA SYLVIA afirma que é também o dever de cuidado e zelo com os bens que integram o patrimônio público. A anulação do ato ilegal pelo administrador não se configura como uma faculdade do administrador, mas sim um poder-dever. AUTOTUTELA x TUTELA Autotutela corresponde ao controle que um órgão ou uma entidade realiza sobre os seus próprios atos. É um controle interno e que tem por fundamento a hierarquia e a subordinação. A tutela, por sua vez, corresponde a um controle exercido por uma entidade sobre outra. Seria, neste aspecto, um controle externo. É o controle exercido pelas entidades políticas sobre as entidades que compõem a administração pública indireta. É um controle finalístico (supervisão ministerial). Não há relação de hierarquia ou subordinação, mas sim uma relação de vinculação. #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 17 É importante trazer à baila as regras gerais sobre a autotutela: Súmula 473-STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Súmula 346-STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos. A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando estes forem ilegais. No entanto, se a invalidação do ato administrativo repercute no campo de interesses individuais, faz-se necessária a instauração de procedimento administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla defesa. Assim, a prerrogativa de a Administração Pública controlar seus próprios atos não dispensa a observância do contraditório e ampla defesa prévios em âmbito administrativo. O STJ possui o entendimento de que o prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99, quanto aos atos administrativos anteriores à sua promulgação, iniciou-se a partir da data de sua entrada em vigor, ou seja, na data de sua publicação, em 01/02/1999. Assim, caso o ato ilegal tenha sido praticado antes da Lei nº 9.784/99, a Administração teve o prazo de 5 anos a contar da vigência da aludida norma para anulá- lo. o Exceção que aprova concurseiro: O prazo decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado afronta diretamente a Constituição Federal. 10. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: é um princípio que surgiu com a ideia de descentralização. A administração direta (artigo 37, XIX, CF) para criar as pessoas da Administração indireta depende de lei, que também definirá a finalidade da pessoa jurídica criada, que não poderá ter a finalidade modificada por ato administrativo. Esse é o princípio da especialidade: uma vez definida a finalidade da pessoa jurídica da administração indireta, essa finalidade não poderá ser modificada por ato administrativo, mas somente por lei, já que definida por lei. Logo, só pode exercer a finalidade expressa na lei. 11. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE – é presunção de legalidade, legitimidade e veracidade. O ato administrativo goza de presunção de todos os itens: legalidade (obediência à lei), legitimidade (constituídos em conformidade com as normas legais e princípios amplamente considerados) e veracidade (presunção de que o ato é verdadeiro). Trata-se de PRESUNÇÃO RELATIVA, na medida em que, admite prova em contrário, podendo ser discutida e afastada. EFEITOS: autoexecutoriedade dos atos e a inversão do ônus da prova (Carvalho F.). A presunção é justificada devido ao fato de que o ato administrativo é precedido de processo regular em que serão respeitadas as garantias como contraditório e ampla defesa, havendo tendência a ter sido obediente às disposições legais, além de ser este ato uma manifestação da soberania estatal, praticado por agente público em representação de toda a coletividade. A presunção de legitimidade não afasta o CONTROLE PELO JUDICIÁRIO. Produção de efeitos: EX TUNC (anulação = ilegalidade) e EX NUNC (revogação = conveniência e oportunidade). EXEMPLO: pessoa nomeada sem concurso público. Até a declaração de nulidade o ato produzirá todos os seus efeitos. 12. PRINCÍPIO DA FINALIDADE – consiste na necessidade de o administrador buscar a finalidade pública, obedecendo a vontade maior da LEI. Corresponde à aplicação da lei em conformidade com a sua razão de ser, com o objetivo pelo qual foi editada, impondo ao #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos!www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 18 administrador que exerça as competências postas ao seu encargo com a observância da finalidade específica de cada qual (CABM). O ato que não atende a esse princípio é INVÁLIDO, nos termos da Lei 9784/99 (Lei de Processo Administrativo – LER), artigo 3o., XIII, pois só se cumpre a legalidade quando se atende à sua finalidade. Ainda, o artigo 2º, p.u da Lei de Ação Popular (Lei 4717), dispõe que “o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência. Em suma, o princípio da finalidade consubstancia mandamento direcionado ao Administrador, compelindo-o a concretizar o interesse público primário, que não deve ser confundido com o interesse egoístico da própria Administração (interesse público secundário). Sobre a distinção entre interesse público primário e secundário, vale conferir a lição de BARCHET: “Por interesse público primário entende-se os interesses da própria coletividade, ou, para certa doutrina, os interesses dos membros da coletividade, justamente pelo fato de a ela pertencerem. Sem adentrarmos nos pormenores destes diferentes pontos de vista, vamos apenas enunciá-los: num primeiro entendimento, o interesse público primário corresponde ao conjunto de interesses de que é titular a própria coletividade, globalmente considerada; num segundo, tais interesses têm por titulares os membros desta coletividade, justamente pelo fato de a integrarem. [...] Podemos citar, como exemplos de interesses públicos primários, um meio ambiente equilibrado, um eficiente serviço de água, uma adequada estrutura de ensino fundamental etc. O interesse público secundário, por sua vez, corresponde ao conjunto de interesses que a Administração possui na sua condição de pessoa jurídica, a exemplo de uma empresa ou de uma associação civil. São, sinteticamente, interesses relacionados à formação e manutenção do seu patrimônio e à composição de seu quadro de pessoal. A aquisição de um imóvel, a contratação de um empregado público, a celebração de um contrato de prestação de serviços de vigilância patrimonial, são alguns exemplos de interesses públicos secundários. Podemos trabalhar a matéria da seguinte forma: todos os interesses que justificam a existência da Administração são interesses públicos primários. São os interesses da coletividade, cuja consecução é a razão de existir da Administração. Para que a Administração possa atuar na satisfação de tais interesses, ela precisa de um certo aparelhamento material e humano, e tal aparelhamento corresponde justamente aos interesses públicos secundários. Mais um exemplo: um eficiente atendimento na área da saúde é um exemplo de interesse público primário; os imóveis, móveis, equipamentos que a Administração precisa adquirir para prestar o serviço constituem exemplo de interesse público secundário.” 13. PRINCÍPIO DA ISONOMIA –Também conhecido como princípio da igualdade, é compreendido, a partir de uma visão clássica, a partir da fórmula genérica de que os iguais devem ser tratados de forma igual, ao passo que os desiguais devem ser tratados desigualmente, na medida de sua desigualdade, tal como defendido por Ruy Barbosa. Contudo, uma interpretação atual do referido axioma, parte da premissa de que o enunciado acima transcrito afigura-se lacunoso, desprovido de densidade normativa. Em verdade, segundo #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 19 leciona Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da igualdade deve ser aferido concretamente, a partir do critério adotado pela Administração Pública para justificar determinado tratamento diferenciado como legítimo do ponto de vista constitucional. Se o parâmetro diferenciador se harmonizar com a finalidade que a ordem jurídica busca concretizar, o tratamento distinto estará de acordo com o princípio da isonomia e, por consequência, com a própria ideia de legalidade. Do contrário, haverá ofensa à igualdade. ATENÇÃO: Concurso Público: 1. Segundo o STF, na reserva de vagas para deficientes, NÃO É POSSIVEL o arrendondamento do coeficiente para o número inteiro subsequente, deve ater-se aos limites da lei (AG. REG. No RE 440.988-DF – info 660). 2. Ainda segundo o STF, é legítimo o edital de um concurso com apenas 2 vagas que NÃO reserva vagas p/ deficiente. Entendeu a Corte Suprema que reservar uma vaga, ou seja, cinqüenta por cento das vagas existentes, implicaria majoração indevida dos percentuais legalmente estabelecidos (MS 26310/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 20.09.2007.). Súmula 683 STF: qualquer restrição, como por exemplo de idade, para ingresso em cargo público, somente se justifica se necessária ao exercício das funções do cargo a ser preenchido. Licitação: STJ: a contratação de obras, serviços, compras e alienações está subordinada à licitação pública, no escopo de assegurar igualdade de condições a todos os concorrentes e a seleção da proposta mais vantajosa. 14. PRINCÍPIO DO CONTRADITORIO E DA AMPLA DEFESA – o contraditório e a ampla defesa são elementos integrantes do princípio maior do devido processo legal e visam garantir aos acusados e administrados, no âmbito judicial e administrativo, a oportunidade de produzirem provas, deduzirem pretensões, e formularem manifestações com o objetivo de se oporem a imputações gravosas que lhes são feitas ou, ainda, de desconstituir situações desfavoráveis a eles impostas. Em suma, não é possível aplicar determinada sanção, privar o cidadão de sua liberdade ou de seus bens, ou, ainda, criar-lhe qualquer circunstância prejudicial se que antes lhe seja deferida a oportunidade de se defender, de apresentar sua versão dos fatos e, outrossim, de ter amplo acesso aos elementos e afirmações que servem de base para a acusação ou gravame a ele imposto. Por esse motivo, o princípio do contraditório e da ampla defesa compreende, também, o direito a informação, pois não é possível ao administrado defender-se sem ter plena ciência do que está lhe sendo imputado. STF-SÚMULA VINCULANTE Nº 03, APROVADA EM 30/05/2007: “NOS PROCESSOS PERANTE O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO ASSEGURAM-SE O CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA QUANDO DA DECISÃO PUDER RESULTAR ANULAÇÃO OU REVOGAÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO QUE BENEFICIE O INTERESSADO, EXCETUADA A APRECIAÇÃO DA LEGALIDADE DO ATO DE CONCESSÃO INICIAL DE APOSENTADORIA, REFORMA E PENSÃO.” Aqui comporta exceções, que serão vistas no estudo de Controle Administrativo. Desdobramentos do princípio: #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 20 - Toda a defesa deve ser prévia em relação ao julgamento final; - Direito à informação - o CUSTO corre a cargo do interessado, como se posiciona a jurisprudência, mas a administração não pode se negar a fornecer o acesso. - Produção de provas. - Direito a recurso; mesmo que não exista previsão expressa para o caso específico, a regra geral é o cabimento. - Defesa técnica; é dispensável a presença de advogado, mas se o advogadoquiser participar, o administrador deve viabilizar a defesa, porque o advogado garante maior justiça e isonomia entre as partes. STJ: Após o relatório ter sido produzido pela comissão, ele deverá ser apresentado ao servidor processado para que este possa impugná-lo? Existe previsão na Lei nº 8.112/90 de alegações finais a serem oferecidas pelo servidor após o relatório final ter sido concluído? NÃO. Não é obrigatória a intimação do interessado para apresentar alegações finais após o relatório final de processo administrativo disciplinar. Inexiste previsão na Lei nº 8.112/1990 de intimação do acusado após a elaboração do relatório final da comissão processante. SÚMULA VINCULANTE Nº 5 DO STF: A FALTA DE DEFESA TÉCNICA POR ADVOGADO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR NÃO OFENDE A CONSTITUIÇÃO. STJ- Súmula nº 343: “É obrigatória a presença de advogado em todas as fases do processo administrativo disciplinar”. O STJ passou a aplicar o entendimento do STF, com a aplicação da Súmula Vinculante: “Diante disso, a Seção, ao prosseguir o julgamento, entendeu denegar a segurança ao fundamento de que a Súm. Vinculante n. 5-STF, quanto ao fato de a ausência de defesa técnica por advogado não implicar violação do princípio do contraditório e da ampla defesa, prevalece sobre o disposto na Súm. n. 343-STJ, que afirma ser obrigatória a presença do causídico.” (MS 13.266- DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 9/12/2009. INFO 419 STJ) 15. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE – “Razoabilidade é a qualidade do que é razoável, ou seja, aquilo que se situa dentro dos limites aceitáveis” (CARVALHO F.) – “obedecer a critérios aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas e respeitosas das finalidades que presidiram a outorga da competência exercida” (CABM). CARVALHO afirma que a razoabilidade trata da congruência lógica entre as situações postas e as decisões administrativas.Trata-se de um PRINCÍPIO IMPLÍCITO. Se o administrador pratica um ato ofendendo a razoabilidade é um ato ilegal, por não obedecer à legalidade em sentido amplo. Assim, o ato deve ser retirado do ordenamento jurídico. O Judiciário poderá fazer a análise da razoabilidade do ato, inclusive por meio do controle constitucional. Todavia, ao Judiciário não cabe invadir o mérito do ato administrativo – a margem de liberdade concedida pela lei ao administrador (discricionariedade). De acordo com precedente do STF, não é possível a análise, pelo Poder Judiciário, como regra, do mérito do ato administrativo. Contudo, é legítimo o exame da regularidade dos elementos CAUSA, MOTIVO e FINALIDADE do ato administrativo. Assim, todas as vezes que o mérito administrativo extrapola os limites da lei, seja por atuação que afronta dispositivo expresso, seja pela violação do princípio da razoabilidade, compete ao judiciário, desde que #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 21 provocado, sanar o vício da conduta estatal, determinando a anulação do ato ilícito, nos termos do trecho da decisão abaixo transcrito: “EMBORA NÃO CAIBA AO PODER JUDICIÁRIO APRECIAR O MÉRITO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS, O EXAME DE SUA DISCRICIONARIEDADE É POSSÍVEL PARA A VERIFICAÇÃO DE SUA REGULARIDADE EM RELAÇÃO ÀS CAUSAS, AOS MOTIVOS E À FINALIDADE QUE OS ENSEJAM.” (trecho do voto do Relator, Min. RICARDO LEWANDOWSKI, no julgamento do RE- AgR 365368/SC, j. 22/05/2007, 1ª T, DJ 29-06-2007 PP-00049) 16. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE – Trata-se de princípio implícito na Constituição. A proporcionalidade significa equilíbrio entre o benefício e os prejuízos causados. EXEMPLO: administrador desapropriou uma área para instalação de um lixão, pagando muito caro pela área. Ora, o lixão poderia ter sido instalado em outro local mais barato. A proporcionalidade pode ser verificada também em relação à EXTENSÃO e GRAVIDADE da medida praticada. EXEMPLO: punição muito grave para uma infração leve não é proporcional. Deve haver equilíbrio entre a gravidade do ato e a extensão da medida. Isso é fundamental para o EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA. Agir com equilíbrio é também agir razoavelmente, assim, para grande maioria da doutrina o princípio da proporcionalidade está embutido no conceito de razoabilidade. O STF divide o princípio em adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito: b) Adequação: revela-se na utilização da medida idônea para atingir o fim pretendido. c) Necessidade: avaliação de medida restritiva de direito, com vistas a definir se é realmente necessária a ação para atingir o fim proposto ou se existe uma medida menos danosa. d) Proporcionalidade em sentido estrito: ponderação entre a intensidade da restrição ao direito fundamental e a importância da realização do direito fundamental, apresentando-se como equilíbrio de valores e bens. 17. PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO (CF, artigo 93, IX) – todas as decisões administrativas devem ser motivadas, ou seja, devem ser justificadas, fundamentadas com seus pressupostos de fato e de direito. Motivação é a explanação ou exteriorização do motivo. A grande maioria afirma que a motivação é obrigatória, em todos os casos (STF), apesar da existência de uma segunda corrente que afirma que em alguns casos não é obrigatória a motivação. (art. 50 da lei 9784) A motivação deve ser prévia ou no máximo concomitante, não se admitindo a motivação posterior, ou seja, depois da prática do ato. A motivação pode ser a declaração de concordância com os fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Os atos constituídos sem a tempestiva e suficiente motivação são ilegítimos e suscetíveis de invalidação. Em processo administrativo, a lei n. 9784 admite a motivação aliunde, no seu artigo 50, §1º, podendo ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões para solucionar vários assuntos de mesma natureza. Ainda, é importante esclarecer a Teoria dos motivos determinantes: o motivo apontado deve ter correlação com os fatos. Assim, se um ato administrativo não exigir motivação, mas este for motivado, deve ser verídico, sob pena de invalidação. #costurandoatoga Introdução ao Direito Administrativo. Regime jurídico administrativo. Princípios administrativos. Data: 06/03/2018 _____________________________________________________________________________ Acesse nosso site e confira todos os nossos materiais gratuitos! www.diovanefranco.com Instagram: @diovanefranco E-mail: diovanefranco.concursos@gmail.com 22 MOTIVAÇÃO ≠ MOTIVO: Não devemos esquecer que a motivação não se confunde com os motivos do ato administrativo. Motivo é a situação de fato ou de direito que autoriza ou determina a edição do ato administrativo. Motivação é a explanação ou exteriorização do motivo. São os “considerandos” do ato. 18. SEGURANÇA JURÍDICA: Trata-se de garantia de não surpresa por alterações repentinas da ordem jurídica. A norma não deve retroagir para regular situações pretéritas. Na lei 9784, artigo 2º, parágrafo único, XIII, estabelece que a mudança de interpretação em relação a dispositivos legais não pode atingir situações já consolidadas, de forma a prejudicar o cidadão. ATENÇÃO: há diplomas que permitem, como o CTN. Ainda, no que toca aos atos jurídicos, a retirada de atos com efeitos pretéritos enseja prejuízos aos cidadãos que, atuando de boa-fé, se valeram das disposições ali apresentadas.
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