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INTRODUÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL

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Carlos Signor
c.signor@hotmail.com
DIREITO CIVIL III – RESPONSABILIDADE CIVIL PARTE I 
Noções introdutórias
	O tema responsabilidade civil é inesgotável. A pergunta “ de quem é a responsabilidade?” está no nosso cotidiano.
	De acordo com José de Aguiar Dias, em seu tratado de Responsabilidade Civil, observa que, “toda manifestação da atividade humana traz em si o problema da responsabilidade”.
	A palavra responsabilidade tem origem na evolução do verbo latino re spondere, como sendo a obrigação que alguém tem de assumir com as conseqüências jurídicas de sua atividade. É um conceito de segurança, restituição ou compensação.
	É importante definir a diferença entre obrigação e responsabilidade:
Obrigação: é sempre um dever jurídico originário.
Responsabilidade: é um dever jurídico sucessivo, devido à violação da obrigação.
	Assim, se alguém se comprometer a prestar serviços profissionais a outro, assume uma obrigação, um dever jurídico originário.
	Se os serviços contratados não são prestados, houve um descumprimento da obrigação, violando o dever jurídico originário, surgindo, então, a responsabilidade, que é o dever de reparar o prejuízo causado pelo não cumprimento da obrigação.
	Portanto, sempre que se pretende apurar a responsabilidade, é necessário saber a quem a lei imputou a obrigação.
	Assim, para o direito, a responsabilidade é uma obrigação derivada, um dever jurídico sucessivo, de assumir as conseqüências jurídicas de um fato, podendo ser reparação de danos e/ou punição pessoal do agente lesionante, dependendo dos interesses lesados.
Noções históricas
	Em tempos remotos, nas primeiras formas de sociedade, bem como nas civilizações pré-romanas valiam-se da vingança privada, da autotutela. Os povos antigos, babilônios, hebreus, helênicos e indianos, possuíam legislação própria com reparação do dano causado (Pentatêuco, a Lei de Talião, reproduzida pelo Código de Hammurabi, Código de Manu e a Lei das XII Tábuas. 
	Pentatêuco – hebreus – 5 primeiros livros da Bíblia – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
Hammurabi – Babilônia – 1.700 a.C.
Manu – Índia – 1.500 a.C.
Lei das XII Tábuas – Roma – 462 a.C.
 Trecho da Lei das XII Tábuas:
	IV – Aquele que confessa dívida perante o magistrado ou é condenado, terá 30 dias para pagar.
	V – Esgotados os 30 dias e não tendo pago, que seja agarrado e levado à presença do magistrado;
	VI – Se não paga e ninguém se apresentar como fiador, que o devedor seja levado pelo seu credor e amarrado pelo pescoço e pés com cadeias com peso até o máximo de 15 libras, ou menos, se assim o quiser o credor.
	VII – O devedor preso viverá à sua custa, se quiser; se não quiser, o credor que o mantém preso dar-lhe-á por dia uma libra de pão ou mais, a seu critério.
	VIII – se não há conciliação, que o devedor fique preso por 60 dias, durante os quais será conduzido em 3 dias de feira ao comitium, onde se proclamará, em altas vozes, o valor da dívida.
	IX – se são muitos os credores, é permitido, depois do terceiro dia de feira, dividir o corpo do devedor em tantos pedaços quanto sejam os credores, não importando cortar mais ou menos; se os credores preferirem, poderão vender o devedor a um estrangeiro, além do Tibre. 
	Portanto, a reparação do dano resumia-se na retribuição do mal pelo mal (olho por olho, dente por dente).
	Na verdade, não havia reparação, mas sim um duplo dano, redobrada lesão (vítima e ofensor, após a punição).
	Nesse contexto histórico, surge a Lex Aquilia (Lei Aquília) no ano 286 a.C., no Direito Romano, introduzindo os primeiros passos da reparação civil, com bases lógicas e racionais.
	Com essa lei, surgiu a idéia de reparação pecuniária pelo dano causado, estabelecendo o valor a ser indenizado. 
	Além disso, esta lei introduziu a damnum iniuria datum (Dano produzido pela injúria), ou seja, dano causado a um bem alheio, empobrecendo o lesante, sem enriquecer o lesado.
	Foi um passo muito importante na área do Direito. O Estado começava a ditar as normas, como bem refere Mazeaud: "a ação de ressarcimento nasceu no dia em que a repressão se transferiu das mãos do ofendido para as do Estado."
	No Direito Francês, destacou-se o Código de Napoleão, como grande monumento legislativo da idade moderna, incorporando a idéia de culpa como elemento básico da responsabilidade civil aquiliana (art. 1.382), influenciando diversas legislações do mundo, inclusive o Código Civil Brasileiro de 1916.
	No Direito Português não se fazia diferença entre responsabilidade civil e criminal. Com a invasão dos árabes, a reparação pecuniária passou a ser aplicada paralelamente às penas corporais.
	O Código Civil de 1966, assim preceituava em seu artigo 483: “Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição legal destinada a proteger interesses alheios, fica obrigado a indenizar o lesado pelos danos resultantes da violação. Só existe obrigação de indenizar independentemente de culpa nos casos especificados na lei”.
	Na nossa legislação, o Código Criminal de 1830, transformou-se em um código civil e criminal, baseado na justiça e equidade, prevendo a reparação natural ou indenização. Mais tarde, foi adotado o princípio da independência da jurisdição civil e da criminal.
	O Código Civil de 1916 filiou-se à teoria subjetiva, que exige prova de culpa e de dolo do causador do dano para possibilitar a reparação, salvo exceções, como era o caso dos artigos 1.527, 1.528 e 1.529, entre outros.
	Com o desenvolvimento industrial e a multiplicação dos danos, surgiram novas teorias, buscando maior proteção às vítimas. Nos últimos tempos tem evoluído muito a teoria do risco que, sem substituir a teoria da culpa, cobre muitas hipóteses em favor das vítimas, onde a responsabilidade é encarada sob o aspecto objetivo: vítimas de acidente de trabalho sempre têm direito a indenização, haja ou não a culpa do patrão ou acidentado. O dono indeniza não porque teve culpa, mas por ser proprietário do instrumento de trabalho que provocou o acidente.
	Quem lucra com uma situação deve responder pelo risco ou pelas desvantagens dela resultantes. Quem aufere os cômodos (lucros), deve suportar os incômodos (ou riscos).
	A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, incisos V e X trata da obrigação de indenizar:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
[...]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
	O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) também regulou o dever de indenizar, enfatizando a aplicação da Teoria do Risco:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
[...]
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; 
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados.
 Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparaçãodos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
	Por sua vez, o atual Código Civil Brasileiro reservou o Título IX do Livro I, Direito das Obrigações, para a Responsabilidade Civil (arts. 927 a 943 e 944 a 954), fazendo referência à Teoria do Risco:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
	O Código Civil ainda faz a distinção entre a responsabilidade extracontratual (arts. 186 a 188 e 927 a 954) e a responsabilidade contratual (arts. 389 e ss e 395 e ss).

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