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RESPONSABILIDADE CIVIL Conceitos básicos e características - Responsabilidade civil pode ser definida como aplicação de medidas que obriguem um indivíduo a reparar o dano causado a outrem em razão de sua ação ou omissão. (art. 927 a 954 do CC) - Teoria da responsabilidade civil – Direito Obrigacional - Principal consequência do ato ilícito = obrigação de reparar o dano (indenização). - A responsabilidade civil tem natureza patrimonial - Ato ilícito = Fonte das obrigações – Ações ou omissões sejam elas culposas ou dolosas + infração a um dever de conduta (violação de um dever jurídico preexistente) + dano a outrem que gera o dever de indenizar ou ressarcimento do prejuízo. (art. 189 CC) - Caso não haja dano a outrem não há que se falar no dever de indenizar. Elementos necessários para caracterização da culpa: a) PREVISIBILIDADE: evento previsível b) COMPORTAMENTO DO HOMEM MÉDIO: pressuposto da culpa lato sensu (dolo + culpa stricto sensu ou aquiliana, representa a violação de um dever, que o agente podia conhecer e observar mas não o faz) Responsabilidade civil x Responsabilidade penal Civil: Lesão de interesse privado; possibilidade de pleitear indenização (danos emergentes e lucros cessantes); responsabilidade patrimonial (exceção da pensão alimentícia); possibilidade de responsabilidade por ato de outrem. Penal: infringência de norma penal (direito público); lesão de interesse da sociedade; responsabilidade pessoal, intransferível. Responsabilidade Contratual x Responsabilidade Extracontratual Resp. Contratual (art. 389 a 393 do CC) - Há violação de cláusulas contratuais; -Indenização por perdas e danos; -Presunção de inadimplemento culposo Resp. extracontratual ou aquiliana (art. 186 a 188 + 927 e seguintes do CC) - Infração a dever de conduta previsto em lei = dever genérico de não lesar a outrem. -Ressarcimento do prejuízo causado (indenização) -Ônus da prova, da vítima da culpa ou dolo do agente causador do dano (visto que, na responsabilidade extracontratual não há presunção de culpa). Responsabilidade Contratual - Responsabilidade do Transportador (Contrato de adesão; cláusulas já pré- estabelecidas e o passageiro apenas adere a esse contrato) Responsabilidade: analisada relativa ao PASSAGEIRO pois entre eles há existência do contrato. Caso haja terceiros, como pedestre num acidente de transito será responsabilidade civil extracontratual e aos empregados será regulado pela CLT (relações de trabalho). -Obrigação de resultado: nesse caso vai se exonerar a obrigação somente quando o resultado prometido é alcançado, deve haver a garantia do resultado. Previsão Legal: Decreto n° 2.681/1912 (Cláusula de incolumidade art. 17) OBS: não se aplica ao transporte gratuito ou de cortesia (vai incidir responsabilidade extracontratual, (art. 736 do CC) -Responsabilidade dos Estabelecimentos Bancários -Responsabilidade: CLIENTE -Previsão Legal: CDC Art. 3° do CDC: Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista - (Aos clientes responsabilidade contratual e aos que não forem clientes responsabilidade extracontratual). SÚMULA 297 STJ: O CDC é aplicável as instituições financeiras. - Responsabilidade civil dos tabeliães -Notários e escreventes de notas = Obrigação de resultado, ou seja, nesse caso vai se exonerar a obrigação somente quando o resultado prometido é alcançado, deve haver a garantia do resultado. - Prova de dolo ou culpa - Previsão Legal: Lei n° 13.286/2016 Art. 22 da lei: Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso. Obs: Há possibilidade do cidadão mover uma ação contra o Estado, a as atividades realizadas pelos tabeliães são exercidas por delegação do poder público. Nesse caso, a responsabilidade do Estado é OBJETIVA (art 37, parágrafo 6° do CC). -Responsabilidade dos Profissionais Liberais -Obrigação de meio (não há garantia satisfatória do resultado) ou responsabilidade de resultado (há garantia do efetivo resultado). -Ex. de responsabilidade de resultado: Médico Cirurgião Plástico -Ex. de responsabilidade de meio: Advogado -No caso dos dentistas: depende, pode se encaixar em responsabilidade de meio ou resultado. - Previsão Legal: CDC Art. 14, parágrafo 4°: A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. Nesse caso a responsabilidade dos profissionais liberais é subjetiva. Art. 14 caput: O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. Ex: Sociedade de profissionais que prestam serviços, nesse caso, trata-se de responsabilidade objetiva, há possibilidade de uma ação regressiva. (Deve haver uma relação empregatícia). Elementos da responsabilidade extracontratual Art. 186 do CC: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. a) Conduta humana: ação ou omissão b) Culpa ou dolo do agente c) Nexo de causalidade d) Dano a outrem (prejuízo) a) Conduta humana Ação ou omissão. -Responsabilidade por ato próprio (arts. 940 a 943 do CC). -Responsabilidade por ato de terceiro (art. 932 do CC). Exemplos de responsabilidade por ato de terceiro: tutores, curadores, empregados e etc. -Responsabilidade por dano causado por coisa (art. 937 e 938 do CC). Exemplo: Uma construção que seja evidente a necessidade de reparos, entretanto, seu proprietário não efetua e tal construção vem a ruir causando prejuízos a terceiros. -Responsabilidade por dano causado por animal (art. 936 do CC). ABUSO DE DIREITO (Art. 187 do CC) Art. 187 do CC: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê- lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 5 da LINDB: Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. - A doutrina do abuso do direito não exige para que o agente seja obrigado a indenizar o dano que eu ele causou em razão desse abuso, que ele venha infringir a lei culposamente, o abuso de direito dispensa a culpa. b) Culpa ou dolo do agente -Culpa strictu sensu: negligencia; imprudência; imperícia. -Dolo: intenção na prática de realizar a conduta ilícita. Culpa lato sensu: Culpa stricto sensu + dolo → Teoria Subjetiva sendo aquela em que se tem que provar culpa em sentido lato para que haja a responsabilização do agente pela conduta ilícita. -Para a teoria subjetiva é relevante a extensão da culpa, o quanto de culpa o agente teve ao praticar o ato ilícito. Culpa lata ou grave: a que mais se aproxima do dolo, prática de um ato que seria muito fácil de evitar, mas o agente o faz. Aproximação entre dolo e culpa grave: Art. 392 do CC: Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstasem lei. Culpa leve: tensão mediana, o dano era mais ou menos fácil de evitar. Culpa levíssima: Muito difícil de evitar. Relação entre dano e grau de culpa: Em geral, não se mede o dano pelo grau de culpa, o montante do dano vai ser apurado conforme o prejuízo que for comprovado pela vítima. Todo dano causado deve ser indenizado independentemente do grau de culpa. Art. 944 do CC: A indenização mede-se pela extensão do dano. Exceção: Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização c) Nexo de causalidade Deve existir um liame entre a ação ou omissão do agente e o dano que ele causar. - Excludentes de resp. civil → Rompimento do nexo de causalidade → afasta a responsabilidade do agente. d) Dano Para a responsabilização do agente deve haver prova do dano (material ou moral). Exceções a necessidade de provar o dano: Art. 940 do CC: Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição. Art. 416 do CC: Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo. Responsabilidade Civil Subjetiva Se discute culpa e deve ser provada a fim de que haja a indenização. Conceito de culpa (sentido amplo, lato): inobservância de dever de conduta imposto previamente pelo ordenamento jurídico. Previsão legal da responsabilidade civil extracontratual subjetiva: arts. 186; 187,927, caput, do CC. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. - Elementos da culpa: a) Voluntariedade no comportamento do agente; b) Previsibilidade; c) Violação de um dever de cuidado. Espécies de culpa: Natureza do dever jurídico violado: culpa contratual x culpa extracontratual; Modo como culpa se apresenta: a) Culpa in vigilando: Falta de vigilância; cuidado; fiscalização. b) Culpa in elegendo: Resulta de uma má escolha. c) Culpa in custodiendo: Falta de observância do dever de guarda; custódia. d) Culpa in comittendo ou culpa in faciendo: Culpa que resulta de um agir; uma conduta positiva. e) Culpa in omittendo, culpa in negligendo, ou culpa in non faciendo: conduta negativa (omissão), mas que vem a causar um dano a outrem. Responsabilidade Civil Objetiva -Teoria do risco: é a base da responsabilidade objetiva, é imputado aos agentes que realizam uma atividade ou conduta cujo exercício habitual pode ocasionar danos a terceiros, sendo assim, imposto a esses agentes o dever de reparar o dano causado a outrem, independentemente que se discuta a culpa. A teoria do risco põe ênfase na relação de causalidade, ou seja, uma vez que esteja provado o nexo de causalidade entre a conduta e o dano, vai haver o dever de indenizar (abstração da ilicitude do ato + da existência da culpa). Leis especiais que tratam da teoria do risco: Decreto n. 2.681/1912 - Responsabilidade das estradas de ferro por danos causados aos proprietários marginais; Lei n. 5.316/67; Dec. n. 61.784/67; Lei n. 8.213/91- Legislação relativa a acidente de trabalho; Legislação referente ao seguro obrigatório de acidentes de veículo – DPVAT; Lei n. 6.938/81 - Legislação referente a danos causados ao meio ambiente; Lei n. 8.078/90 – CDC – Responsabilidade objetiva do fornecedor do produto ou serviço por danos causados ao consumidor. Artigo 927do CC: Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei (1.ª), ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem (2.ª) → Responsabilidade Objetiva. -Responsabilidade Civil Objetiva e parágrafo único art. 944 do CC. Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização (esse parágrafo único só se aplica a responsabilidade de natureza subjetiva). Ilustrações- responsabilidade civil subjetiva e objetiva: Resp. subjetiva: Responsabilidade por rompimento de noivado → pressupostos para a responsabilidade → Inexistência de justo motivo para a desistência; causa de dano material ou moral. Resp. objetiva: Lei n° 6.938/81 – Dispõe sobre a política nacional do meio ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação; Lei n° 12 965/2014 Marco civil da internet. Continuando resp. objetiva -Responsabilidade por ato de terceiro Fundamentação legal: art. 932, I,II,III,IV e V; 933 e 942, parágrafo único, do CC. Responsabilidade dos pais (artigo 932, I do CC). Responsabilidade do incapaz → subsidiária e mitigada → o menor responderá se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Regra para o menor não emancipado: Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem. Observações importantes: Se tal menor for emancipado em razão de algumas das possibilidades dispostas no artigo 5 do CC, nesses casos, os pais não respondem. Em contrapartida, caso seja emancipação voluntária, será responsabilidade solidária nos termos do artigo 942 do CC. Por fim, caso o menor não for emancipado a regra geral é a responsabilidade mitigada e subsidiária do artigo 928 do CC. -Responsabilidade de tutores ou curadores (art. 932, II do CC). Responsabilidade do incapaz → subsidiária e mitigada (art. 928 do CC). Responsabilidade dos empregadores (art. 932, III do CC). Serviçais: realização de trabalhos domésticos/ Prepostos: Cumprimento de ordens de outrem (podendo ser assalariado ou não). Observação: no caso da relação empregatícia deve estar presente a subordinação hierárquica ou de dependência. Responsabilidade dos educadores e hoteleiros (art. 932, IV do CC). Observação: Prestação de serviços → regulação pelo CDC (responsabilidade objetiva). Responsabilidade dos que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime (art. 932, V do CC). Princípio da repetição do indébito: caso haja locupletamento ilícito, deve haver a restituição do valor. -Ação regressiva ajuizada por quem paga a indenização (art. 934 do CC). Art. 934: Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz. Excludentes da possibilidade de ação regressiva: Dos pais contra filhos menores; Dos tutores, curadores e educadores contra incapazes que não possam privar-se do necessário (art. 928, parágrafo único). -Responsabilidade civil dos empresários individuais e das empresas pelos produtos postos em circulação (art. 931 do CC). -Conjuntamente com o CDC – Responsabilidade pelo fato e vício do produto. -Responsabilidade pelo fato ou guarda de animais (art. 936 do CC). Excluiu-se a responsabilidade civil caso seja provado culpa da vítima ou força maior. Observação: no caso de animais que se encontrem nas rodovias (não possuam donos) respondem as concessionárias de serviços públicos, pois estão no dever de garantir a segurança e conservação de quem por elas trafegue. -Fundamentação no CDC: (art.14 do CDC) visto que tais concessionárias são prestadoras de serviços. -Fundamentação na responsabilidade do Estado: (art. 37, § 6 da CF) prevê a responsabilidade objetiva daspessoas jurídicas de direito privado que prestem serviços públicos, sejam por ação ou omissão. -Responsabilidade por danos causados por ruína de prédio ou construção (art. 937 do CC). -Não se averigua a culpa, basta a existência do dano. Observação: caso o imóvel esteja locado, o proprietário responde igualmente pelo dano e posteriormente, caso tenha interesse, poderá ajuizar uma ação regressiva contra o locatário. -Ação de reparação pela vítima: prova do dano + nexo de causalidade. -Possibilidade de proprietário mover ação regressiva contra o culpado. -Responsabilidade resultante de coisas que caírem em lugar indevido (art.938 do CC). Ação de reparação pela vítima: prova do dano + nexo de causalidade. -Excluiu-se a responsabilidade civil caso seja provado culpa da vítima ou força maior. -No caso de locação do imóvel, a responsabilidade não é do proprietário/locador e sim do locatário pois esse habita o lugar. Importante: Caso tenha sido lançado um objeto de um prédio e vier a causar um dano a outrem, entretanto, não se puder averiguar de onde partiu o objeto, a doutrina tem determinado que as pessoas que habitam o prédio, os condôminos, serão solidariamente responsáveis (sendo restrita tal responsabilidade aos habitantes daquela parte do prédio de onde poderia ou se teria a possibilidade de lançar o objeto) pela ocorrência do dano. E posteriormente, se descobrir de onde partiu o objeto, os condôminos que responderam solidariamente, podem ajuizar uma ação regressiva contra o responsável. -Responsabilidade decorrente do exercício de atividade perigosa (art. 927 e parágrafo único do CC). Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. -Caso se tenha comprovado o dano em decorrência da execução de determinada atividade perigosa, não há que se averiguar culpa, a responsabilidade é objetiva. Excludentes de responsabilidade civil -Estado de necessidade: ato lícito Art.188 do CC: Não constituem atos ilícitos: II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. -Necessidade de reparação do ato praticado em estado de necessidade. Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram. - Importante: possibilidade de ajuizamento de ação regressiva contra terceiro que causou a situação de perigo. Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. -Legítima defesa Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; Duas situações: a) Ato praticado em legítima defesa contra o próprio agressor → impossibilidade do agente ser responsabilizado civilmente pelos danos causados. b) ato praticado em legítima defesa atinge terceiro → agente responsabilizado civilmente pelos danos causados, mas possui ação regressiva contra agressor. Art. 930 do CC: No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I). Legítima defesa putativa: a legítima defesa putativa supõe que o agente atue na sincera e íntima convicção da necessidade de repelir essa agressão imaginária, exclusão da culpabilidade (e não antijuridicidade do ato) → dever de indenizar o dano causado. Excesso de legítima defesa → incidência do art. 186 do CC → dever de reparar o dano. - Exercício regular de um direito reconhecido (prática de ato no estrito cumprimento de dever legal) → possibilidade de agente exonerar-se da responsabilidade dos danos causados → obtenção, pela vítima, de ressarcimento do Estado (art. 37, parágrafo 6.º CF/88). Ato praticado em desconformidade com o direito se: A culpa foi exclusiva da vítima → desaparecimento da responsabilidade do agente causador do ano gerando o rompimento da relação de causalidade entre a conduta do agente e o dano sofrido pelo lesado. A culpa concorrente da vítima → indenização correspondente ao grau de culpa. Art. 945 do CC: Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. - Fato de terceiro Não exoneração do causador direito do dano, do dever de indenizar, havendo possibilidade de ajuizar ação regressiva contra o terceiro culpado (arts. 188, II, 929, 930 do CC). -Importante: fato de terceiro se equipara ao caso fortuito (evento imprevisível e inevitável) → o agente direto causador do dano atua como mero instrumento para a causa do prejuízo, ou seja, terceiro que vai responder, perante a vítima, pelo dano causado. X Fato de terceiro = não se equipara ao fortuito + inexiste culpa do causador direito do dano. -Caso fortuito ou força maior São caracterizados pela inevitabilidade, ocasionando o rompimento do nexo de causalidade e afastando a responsabilidade do agente e do dever de indenizar. Art. 393 do CC: O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não eram possíveis evitar ou impedir. Concepção moderna Divisão do “fortuito” Fortuito interno → relacionado à pessoa, coisa, ou empresa do agente → não exclusão de responsabilidade. Fortuito externo → força maior; eventos naturais → exclusão de responsabilidade. Cláusula de não indenizar → acordo de vontades → altera em benefícios de um dos contratante os riscos. -A Cláusula de não indenizar ocasiona afastamento das consequências advindas da inexecução ou execução inadequada do contrato e transfere os riscos para a parte lesada (vítima). Observação: existem requisitos para que se possa admitir uma cláusula de não indenizar. São elas: -Impossibilidade de estipulação nas relações jurídicas reguladas pelo Código de Defesa do Consumidor. ↓ - Responsabilidade por vício do produto e do serviço (CDC) Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a exoneração contratual do fornecedor. Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores. - Das Cláusulas Abusivas (CDC) Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis; -Requisitos para a validade da cláusula de não indenizar nos contratos não regulados pelo CDC. Bilateralidade de consentimento: Declaração da cláusula de indenizar feita apenas por umas das partes. Observância aos preceitos de ordem pública: A cláusula de não indenizar não pode colidir ou afastar os preceitos de ordem pública. Igualdade de posição das partes contratantes: Não se pode adotá-las em contratos de adesão (no qual uma das partes só adere ao contrato já pronto). Ausência de objetivo de eximir o dolo ou a culpa grave do estipulante: Não se pode afastar por meio de uma cláusula de não indenizar a responsabilização de um crime/delito. Ausência de intenção de afastar ou transferir obrigações essenciais do contratante: A cláusula não pode descaracterizar o contrato e tampouco descaracterizar a função inerente aos contratantes naquele contrato específico, as suas obrigações essenciais naquele acordo. Responsabilidade Civil do Estado A partir de 1946: tratamento da matéria referente a responsabilidade do Estado regulada pelo direito público → responsabilidade objetiva (risco administrativo: o Estado não responde em toda e qualquer circunstância). Vítima: não incube a vítima a prova da culpa ou do dolo do agente. Inversão do ônus da prova → Estado exonera-se se provada a culpa exclusiva da vítima; força maior; fato exclusivo de terceiro. Caso haja culpa concorrente da vítima: redução da indenização pela metade. Fundamento legal → Art. 37. § 6º, da CF: As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Art. 43 do CC: As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. -A responsabilidade do Estado relativa aos danos causados aos cidadãos e particulares pode derivar de uma conduta comissiva (deriva de uma ação; prática de um ato) ou conduta omissiva (omissão; negligencia; um não agir). Observações: Na conduta omissiva se tem a possibilidade de responsabilização por culpa anônima Para que haja responsabilidade objetiva do Estado no que se refere ao ato omissivo, tal omissão deve ser causa direta e imediata do dano. Prescrição da ação movida contra o Estado Art. 206 §3, V do CC→ prescreve em três anos a pretensão de reparação civil. -Danos decorrentes de atos judiciais Art. 143. CPC/2015 - O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando: I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude; II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte. Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias. Observação →As funções judiciais: podem ser funções jurisdicionais (contenciosas ou voluntárias) ou funções administrativas (atos da Administração Pública). Importante: não há necessidade de verificação de culpa dos juízes e funcionários para a caracterização da responsabilidade do Estado, é suficiente que o serviço seja falho; inoperante. -Responsabilidade do Estado por erro judiciário Art. 5°, LXXV da CF. Danos decorrentes de atos legislativos: a) Lei inconstitucional causa danos aos particulares → responsabilidade do Estado, desde que a inconstitucionalidade haja sido declarada pelo Poder Judiciário; b) Lei constitucionalmente perfeita → ressarcimento do Estado decorrente da prática de dano injusto aos particulares. -Responsabilidade do Fornecedor no CDC (Lei n° 8.078/1990). Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias. Conceito de consumidor: Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Conceito de fornecedor: Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. - A responsabilidade do consumidor é objetiva e solidária, de acordo com o artigo 7°, parágrafo único do CDC, caso haja mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. Danos causados ao consumidor: São indenizados na integralidade (inexistência de “indenização tarifada”). - Impossibilidade de exclusão, através de contrato, de indenização ao consumidor. ↓ Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis; Espécies de responsabilidade objetiva reguladas pelo CDC: a) Responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço (arts. 12 a 17 CDC); Responsabilidade oriunda do dano causado pelo produto ou serviço (responsabilidade extrínseca), relacionado aos acidentes que podem ocorrer em relação aos produtos que estão no mercado. b) Responsabilidade por vícios do produto ou do serviço (arts. 18 a 25 CDC); O defeito do produto que o torna impróprio ou inadequado ao uso que se destina (responsabilidade intrínseca). Excludentes de responsabilidade civil pelo CDC Art. 12 - § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Art. 14 § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
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