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Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE 
Disciplina: Literatura de Autoria Feminina 
Prof.: Iêdo Paes 
Aluno: Hallef de Oliveira 
 
 
Resenha a Elódia Xavier – Que corpo é esse? O corpo no 
imaginário feminino, Ilha de Santa Catarina: Editora Mulheres, 
2007. 
 
 Iniciando pelo presente título da obra Que corpo é esse? O corpo 
imaginário feminino – nos salta aos olhos o viés acerca das representações 
sobre o corpo, trazendo ao público textos investigativos baseados em estudos 
sociológicos, que expõe diferentes tipos de corpos numa perspectiva literária de 
autoria feminina desde o século XX até o presente momento. 
 Em texto introdutório à obra Antonio Carlos Secchin defende que a noção 
de corpo se compreende na seara histórica, e não como ordinariamente é 
proposto na biológica, pois, auxilia no entendimento dos eventos sociais que os 
cercam. Logo, Antonio Carlos Secchin deixa claro a abordagem interdisciplinar 
da obra ao evidenciar a comunicação da Sociologia com a Literatura de autoria 
feminina que permeia a produção literária. Em seu prefácio, com nitidez, Secchin 
atenta para a importância da obra produzida por Elódia Xavier, afirmando que 
com ela será possível abrir novos caminhos para narrativas de autoria feminina. 
Tal julgo fica evidente ao proferir sua sentença, quando diz: 
Pelo valor das obras analisadas e pela qualidade do discurso analítico, lê-se 
com prazer e proveito Que corpo é esse? – livro que ilumina novos ângulos 
para a discussão acerca das narrativas de autoria feminina, aqui flagradas 
em dez de suas infinitas faces (p. 16). 
 
 A pesquisadora Elódia Xavier numa visão socioeconômica e psicoafetiva, 
elenca nos capítulos da obra dez tipos corpóreos, onde Secchin já nos adianta 
enumerando e exprimindo que: 
Diante de nós, desfilam, sucessivamente, os corpos invisíveis, em Júlia Lopes 
de Almeida e Marilene Felinto; os subalternos, em Carolina Maria de Jesus e 
Wanda Fabian; os disciplinados, em Clarice Lispector, Nélida Piñon e Lygia 
Fagundes Telles; os imobilizados, em Helena Parente Cunha e Marina 
Colassanti; os envelhecidos, em Lygia Fagundes Telles e Clarice Lispector; 
os refletidos, em Fernanda Young e Nélida Piñon; os violentos, em Marilena 
Felinto e Rachel de Queiroz; os degradados, em Márcia Denser e Lygia 
Fagundes Telles; os erotizados, em Heloísa Seixas, Marina Colassanti e 
Lygia Fagundes Telles; os liberados, em Lya Luft, Martha Medeiros e Rachel 
Jardim (p. 14). 
 
 É permitido ao leitor, na leitura inicial, a localização acerca de conceitos e 
preconceitos sobre o corpo, impregnados no pensamento ocidental e, a essência 
desse pensamento traduzido em duas dicotomias: corpo e mente, base da 
cultura ocidental. 
 Se avançarmos com a leitura, a produção trará em seu bojo delimitação 
dualista da biologia, homem e mulher, tratando a gravidez de forma leniente nos 
corpos femininos quedando aí o tom naturalista. Tão logo se depreende que a 
proposta da obra é romper o caráter naturalista de misoginia, seduzindo o leitor 
para as reflexões de Elizabeth Grosz, Judith Butler, entre outras, que consideram 
o corpo como um objeto cultural. 
 Infere-se, portanto, que por meio de diálogos interdisciplinar, a produção 
literária objetiva divorciar a representação da corporalidade à literatura de autoria 
feminina, não privando de expor com liberdade as construções que passa esses 
corpos.

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