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FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS 1 MECÂNICA. ..............................................................................................................................................................................................................1 1.1 Cinemática Escalar, Cinemática Vetorial. .............................................................................................................................................1 1.2 Movimento Circular. ....................................................................................................................................................................................1 1.3 Leis de Newton e suas Aplicações. ........................................................................................................................................................1 1.4 Trabalho. ...........................................................................................................................................................................................................1 1.5 Potência. ...........................................................................................................................................................................................................1 1.6 Energia Cinética, Energia Potencial, Atrito. .........................................................................................................................................1 1.7 Conservação de Energia e suas Transformações. .............................................................................................................................1 1.8 Quantidade de Movimento e Conservação da Quantidade de Movimento, Impulso. .....................................................1 1.9 Colisões. ...........................................................................................................................................................................................................1 1.10 Estática dos Corpos Rígidos. ..................................................................................................................................................................1 1.11 Estática dos Fluidos. ..................................................................................................................................................................................1 1.12 Princípios de Pascal, Arquimedes e Stevin. ......................................................................................................................................1 2 ONDULATÓRIA. ...................................................................................................................................................................................................25 2.1 Movimento Harmônico Simples. ......................................................................................................................................................... 25 2.2 Oscilações Livres, Amortecidas e Forçadas. .................................................................................................................................... 25 2.3. Ondas. ........................................................................................................................................................................................................... 25 2.3.1 Ondas Sonoras, Efeito Doppler e Ondas Eletromagnéticas. ................................................................................................. 25 2.3.2 Frequências Naturais e Ressonância. .............................................................................................................................................. 25 3. ÓPTICA GEOMÉTRICA: REFLEXÃO E REFRAÇÃO DA LUZ. .................................................................................................................. 39 3.1 Instrumentos Ópticos: Características e Aplicações. ..................................................................................................................... 39 1 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS 1 MECÂNICA. 1.1 CINEMÁTICA ESCALAR, CINEMÁTICA VETORIAL. 1.2 MOVIMENTO CIRCULAR. 1.3 LEIS DE NEWTON E SUAS APLICAÇÕES. 1.4 TRABALHO. 1.5 POTÊNCIA. 1.6 ENERGIA CINÉTICA, ENERGIA POTENCIAL, ATRITO. 1.7 CONSERVAÇÃO DE ENERGIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES. 1.8 QUANTIDADE DE MOVIMENTO E CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO, IMPULSO. 1.9 COLISÕES. 1.10 ESTÁTICA DOS CORPOS RÍGIDOS. 1.11 ESTÁTICA DOS FLUIDOS. 1.12 PRINCÍPIOS DE PASCAL, ARQUIMEDES E STEVIN. MECÂNICA É o ramo da física que compreende o estudo e análi- se do movimento e repouso dos corpos, e sua evolução no tempo, seus deslocamentos, sob a ação de forças, e seus efeitos subsequentes sobre seu ambiente. A disciplina tem suas raízes em diversas civilizações antigas. Durante a Idade Moderna, cienistas tais como Galileu, Kepler, e especialmen- te Newton, lançaram as bases para o que é conhecido como mecânica clássica. A mecânica clássica é composta pelo conjunto de duas disciplinas, a cinemática, que compreende ao estudo pura- mente descritivo do movimento, sem consideração das suas causas e a dinâmica, que estuda a conexão do movimento com suas causas. O conjunto de disciplinas que abarca a me- cânica convencional é muito amplo e é possível agrupá-las em quatro blocos principais: Mecânica clássica Mecânica quântica Mecânica relativística Teoria quântica de campos Veremos a explanação do assunto nos próximos tópicos. Cinemática Escalar: conceitos e propriedades da Ci- nemática, movimento e repouso, referenciais inerciais e não inerciais, ponto material, trajetória, movimentos re- tilíneos uniforme e uniformemente variado, movimento vertical e queda livre dos corpos. Conceito de Partícula Em física, o termo partícula é utilizado para designar ele- mentos muito pequenos (a própria palavra deriva do latim partícula que significa parte muito pequena, corpo muito diminuto ou corpúsculo). Geralmente quando se fala de par- tícula está-se a falar de partículas subatômicas, isto é, partí- culas menores do que um átomo. Ao estudo das partículas é dada a designação de física de partículas. Cinemática Escalar e Vetorial da Partícula Sabemos que o universo e tudo o que ele contém está em movimento. Logo cedo aprendemos que a Terra está em movimento em torno de seu eixo (rotação) e também em movimento ao redor do Sol (translação). O Sol por sua vez está em movimento de translação em relação ao centro da Via-Láctea e nossa galáxia também se desloca em relação às outras galáxias. Deixando o macrocosmo à parte, o nosso dia-a-dia também é marcado pelos movimentos e sua ob- servação. Pássaros voando no céu, carros trafegando, venti- ladores girando, enfim, vivemos num mundo em movimen- to. Mas qual a diferença entre potente de um jogador de futebol numa bola e o lançamento de uma bala de canhão? Como poderíamos comparar o corredor jamaicano Usain Bolt numa prova de 100m com a velocidade de um carro de Fórmula 1? Chamamos de Mecânica o ramo da Física que estuda os movimentos. Dentro da Mecânica, a responsável pela clas- sificação e comparação dos movimentos é a Cinemática. A Cinemática é a parte da Mecânica que estuda os movimen- tos sem levar em consideração as suas causas. Essa parte da Física se preocupa apenas com a descrição do movimento e a determinação da posição, velocidade e aceleração de um móvel num determinado instante. Ponto Material: Um móvel pode ser uma partícula, puntiforme como o elétron, ou um corpo que se move como uma partícula, isto é, todos os pontos se deslocando na mesma direção e com a mesma velocidade. Um bloco desli- zando sobre um escorregador de playground pode ser tra- tado como uma partícula. Já um catavento em rotação não pode ter essemesmo tratamento na medida em os pontos de sua borda seguem em direções diferentes. Durante nosso estudo, trabalharemos com um móvel denominado ponto material. Um ponto material é um corpo cujas dimensões são desprezíveis em relação às dimensões envolvidas no fe- nômeno em estudo. Por exemplo, o tamanho da Terra em relação a sua órbita ao redor do Sol pode ser desprezado ao estudarmos seu movimento de translação. Nesse caso, a Terra seria considerada um ponto material. Um trem em uma ferrovia pode ser considerado um ponto material. No entan- to, o mesmo trem atravessando uma ponte cujo tamanho é semelhante ao do trem é considerado um corpo extenso e não um ponto material. Isso porque nesse caso o tamanho do trem não é desprezível em relação ao tamanho da ponte. Referencial: É impossível afirmarmos se um ponto ma- terial está em movimento ou em repouso sem antes ado- tarmos um outro corpo qualquer como referencial. Dessa forma, um ponto material estará em movimento em relação a um dado referencial se sua posição em relação a ele for variável. Da mesma forma, se o ponto material permanecer com sua posição inalterada em relação a um determinado referencial, então estará em repouso em relação a ele. Tome- mos como exemplo o caso de um elevador. Se você entrar 2 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS em um elevador no andar térreo de um edifício e subir até o décimo andar, durante o tempo em que o elevador se des- locar você estará em movimento em relação ao edifício ao mesmo tempo em seu corpo estará em repouso em relação ao elevador, pois entre o térreo e décimo andar sua posição será a mesma em relação a ele. Perceba que nesse caso citado, a questão de você es- tar ou não em movimento depende do referencial adotado. Poderíamos utilizar o exemplo de um carro em movimento na estrada. O motorista nesse caso está em movimento em relação a uma árvore à beira da estrada, mas continua em repouso em relação ao carro já que acompanha o movimento do veí- culo. Nesse caso, podemos dizer também que a árvore está em movimento em relação ao motorista e em repouso em relação à estrada. Isso nos leva a propriedade simétrica: Se A está em movimento em relação a B, então B está em movi- mento em relação a A. E Se A está em repouso em relação a B, então B está em repouso em relação a A. Se a distância entre dois corpos for a mesma no decor- rer do tempo, você pode dizer que um está parado em rela- ção ao outro? A resposta é não. Se na ponta de um barbante for amarrada uma pedra e alguém pegar a outra ponta do barbante e passar a girar fazendo um movimento circular com a pedra, as posições sucessivas da pedra no espaço irão mudar em relação a outra ponta do barbante, mas a dis- tância continuará a mesma. Note então que o conceito de movimento implica em variação de posição e não de dis- tância. Um ponto material está em movimento em relação a um certo referencial se a sua posição no decorrer do tempo variar em relação a esse referencial. Um ponto material está em repouso em relação a um certo referencial se a sua posição não variar no decorrer do tempo em relação a esse referencial. Trajetória: Os rastros na neve deixados por um esquia- dor mostram o caminho percorrido por ele durante a desci- da de uma montanha. Se considerarmos o esquiador como sendo um ponto material, podemos dizer que a curva traça- da na neve unindo suas sucessivas posições em relação a um dado referencial, recebe o nome de trajetória. O trilho de um trem é um exemplo claro de trajetória. A bola chutada por um jogador de futebol ao bater uma falta pode seguir trajetórias diferentes, dependendo da maneira que é chutada, às vezes indo reta no meio do gol, outras vezes sendo colocadinha no ângulo através de uma curva. Repare que a trajetória de um ponto material também depende de um referencial. Isso quer dizer que um ponto material pode traçar uma trajetória reta e outra curva ao mesmo tempo? Sim. Veja o caso de uma caixa com ajuda humanitária sendo lançada de um avião (geralmente esse exemplo é dado com bombas, mas somos pacíficos por aqui). Para quem estiver no chão, olhando de longe, a traje- tória da caixa será um arco de parábola. Já para quem estiver dentro do avião, a trajetória será uma reta, isso porque o avião segue acompanhando a caixa. Na verdade, você irá entender isso melhor quando já tiver em mente o conceito de inércia, mas por hora, fique tranquilo com o que foi de- monstrado até o momento. 3 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS MOVIMENTO RETILINEO E CURVILINEO PLANO, UNIFORME E UNIFORMEMENTE VARIADO Movimentos Retilíneos Quando não nos preocupamos com as causas a partir do movimentos, podemos chamar este fato de Cinemática, como por exemplo um carro em uma estrada reta, com ve- locidade de 100 Km/h, onde em determinado percurso vai para 120 Km/h, ultrapassando um caminhão, onde não nos preocupamos em saber as causas de tais mudanças. Qual- quer que seja o movimento de um corpo, podemos consi- derá-lo como uma partícula, onde a mesma é denominada devido as suas dimensões serem menores do que as ou- tras que participam dos fenômenos. Podemos considerar o movimento como sendo relativo, de acordo com o ângulo com que podemos ver os acontecimentos. Como exemplo do autor, considerando um avião voando, onde o mesmo solta uma bomba. Se observarmos a queda da bomba de dentro do avião, você verá que ela cai ao longo de uma reta vertical. Porém se observarmos a queda da bomba parado sobre a superfície da terra, verificaremos que ela cai numa trajetória curva. Podemos concluir que, “o movimento de um corpo, vis- to por um observador, depende do referencial no qual o ob- servador está situado”. Para que o movimento seja relativo, é necessário apenas saber qual é o ponto de referência, isto é, se afirmarmos que o sol gira em torno da terra, teremos que ter como referen- cial a terra, caso contrário, se o referencial for o sol, o correto é afirmar que a terra gira em torno do sol. Tudo depende de onde o observador se localiza. Movimento Retilíneo Uniforme Quando a velocidade permanece a mesma, isto é, cons- tante ao longo de uma trajetória podemos considerá-la como retilíneo uniforme. Podemos representar a fórmula como sendo: • d = vt, onde: d é a distância percorrida • v é a velocidade (constante) • t é o tempo gasto para percorrer a distância d. Essa fórmula pode ser aplicada também para uma tra- jetória não retilínea, porém só é válida se uma condição for verdadeira: velocidade ser constante. Podemos considerar uma velocidade como sendo negativa quando considerar- mos um automóvel chegando em seu ponto de partida, pois quando o mesmo se afasta da chegada consideramos como sendo velocidade positiva. Podemos então concluir segundo o autor que, “no movimento com velocidade constante, a distância percorrida, d, é diretamente proporcional ao tem- po t. O gráfico d X t será uma reta, que passa pela origem, cuja inclinação é igual ao valor da velocidade v”. Velocidade Instantânea e Média Para se considerar uma velocidade como instantânea, devemos considerar que um corpo esteja em movimen- to acelerado, isto é, o mesmo não mantém sua velocidade constante. Segundo o autor o melhor exemplo que se pode ter é o velocímetro de um carro, onde o valor indicado é a velocidade instantânea do automóvel naquele momento. Para se calcular a velocidade instantânea deve-se usar a fór- mula dada por v = delta d/ delta t, sendo delta t o menor possível. Para o autor “a inclinação da tangente, no gráfico d X t nos fornece o valor da velocidade instantânea”, conforme o gráfico. A velocidade média é medida através da fórmula: vm = distância total percorrida tempo gasto no percurso. Segun- do exemplo didático, consideremos o seguinte enunciado: Umautomóvel percorre uma distância de 150 Km de- senvolvendo, nos primeiros 120 Km, uma velocidade média de 80 Km/h e, nos 30 Km restantes, uma velocidade média de 60 Km/h. Qual foi o tempo total de viagem? t1 = 120/80 ou t1 = 1,5h Na Segunda parte do percurso, teremos: t2 = 30/60 ou t2 = 0,5h Assim, o tempo total da viagem foi de: t = 1,5 + 0,5h ou t = 2,0h Qual foi a velocidade média do automóvel no percurso total? Sendo de 150km a distância total percorrida e 2,0h o tempo total de viagem, a velocidade média, neste percurso, terá sido: Vm = 150km/2,0h ou Vm = 75 Km/h Movimento Retilíneo Uniformemente Variado Para se definir tal movimento, é necessário saber o que vem a ser aceleração. Tal definição é dada sempre quando a mudança de velocidade, conforme exemplo: Um carro em certo instante tem uma velocidade de 90 Km/h, após 1 segundo o mesmo encontra-se com velocida- de de 100 Km/h, aumentando sua velocidade em 10 Km/h. Podemos então afirmar que houve aceleração devido à mu- dança de velocidade do carro. A fórmula para que se descreva a aceleração é dada por: a = variação da velocidade ∆t = intervalo do tempo decorrido Para classificar a aceleração é necessário estabelecer al- guns conceitos, como: • Se o valor da velocidade aumentar, consideraremos como aceleração positiva, sendo chamado de movi- mento acelerado. 4 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS • Se o valor da velocidade diminuir, consideraremos como aceleração negativa, sendo chamado de mo- vimento retardado. Para fazermos o cálculo da velocidade, consideraremos como velocidade inicial, o valor no qual iniciaremos a conta- gem de tempo, isto é, no instante t = 0. O corpo possuindo uma aceleração constante, ou seja, a velocidade varia a cada 1 segundo, é numericamente igual ao valor de a. Assim a velocidade se dará dá seguinte maneira: • Em t = 0 - a velocidade é v0 • Em t = 1s - a velocidade é v0 + a . 1 • Em t = 2s - a velocidade é v0 + a . 2 • E, após t segundos a velocidade será v0 + at. Após essa análise podemos concluir que a velocidade se determina de acordo com a seguinte fórmula: v = v0 + at Movimento Circular Uniforme O movimento só poderá ser considerado como circular uniforme, se: • quando sua trajetória for uma circunferência, ou • quando o valor da velocidade permanecer constan- te. O período do movimento, sendo representado pela le- tra T, significa o tempo que a partícula gasta para efetuar uma volta completa em torno de seu eixo. Composição de Velocidade Podemos considerar várias velocidades para os mais va- riados casos de nossas vidas. Como sugere o exemplo do autor, a velocidade de um barco que desce o rio é dada por v = vB + vC, e a velocidade do mesmo barco subindo o rio é v = vB – vC. Independentemente das velocidades, notamos que, as velocidades tanto do barco como da correnteza são perpendiculares entre si, significando que a velocidade da correnteza não tem componente na velocidade do barco, concluindo que a correnteza não vai ter nenhum tipo de in- fluência no tempo gasto pelo barco para se atravessar o rio. Segundo o autor, podemos concluir que: quando um corpo está animado, simultaneamente, por dois movimentos per- pendiculares entre si, o deslocamento na direção de um de- les é determinado apenas pela velocidade naquela direção, sendo observada por Galileu, pois ambos caem simultanea- mente, gastando o mesmo tempo até atingir o solo. Queda Livre É quando perto da superfície da terra, ocorre a queda de corpos (pedra, por exemplo) de certas alturas, onde a um crescimento de sua velocidade, caracterizando um movimento acelerado. Porém quando o mesmo objeto ou corpo é lançado para cima a sua velocidade decresce gradualmente até se anular e consequentemente voltar ao seu local de lançamento. Segundo Aristóteles, grande filósofo, que viveu aproximadamente 300 anos a.C., acre- ditava que abandonando corpos leves e pesados de uma mesma altura, seus tempos de queda não seriam iguais: os corpos mais pesados alcançariam o solo antes dos mais le- ves. Segundo Galileu, considerado como introdutor do mé- todo experimental, chegou a seguinte conclusão: “aban- donados de uma mesma altura, um corpo leve e um corpo pesado caem simultaneamente, atingindo o chão no mes- mo instante”. Após essa afirmação Galileu passou a ser alvo de perseguição devido a descrença do povo e também por considerá-lo como revolucionário. O ar exerce efeito retar- dador na queda de qualquer objeto e que este efeito exerce maior influência sobre o movimento da Pedra. Porém se re- tirarmos o ar, observa-se que os dois objetos caem na mes- ma hora e no mesmo instante, conforme a figura representa, confirmando também as afirmações feitas por Galileu. Atra- vés desse fato concluímos também que as experiências de Galileu, só têm coerência se forem feitas para os corpos em queda livre no vácuo, e que o ar é desprezível para materiais mais pesados como algodão, pena ou uma folha de papel. Denomina-se então queda livre, para os corpos que não tem influência do ar, isto é, materiais pesados e lançados no vácuo. Aceleração da Gravidade – Podemos considerar a aceleração da gravidade como sendo o mesmo valor para todos os corpos que caem em queda livre, sendo repre- sentada pela letra g, sendo também considerada como um movimento uniformemente acelerado, devido a sua acelera- ção constante. Para se determinar o valor de g seguiram-se vários estudos chegando a conclusão de que o seu valor é de 9,8 m/s², sendo que se o objeto for lançado para baixo a aceleração da gravidade é considerada positiva (+ 9,8 m/ s²), e quando o objeto for lançado para cima a aceleração da gravidade é negativa (- 9,8 m/s²). Breve biografia sobre Galileu Galilei: Nascido em Pisa em 1564, o físico e astrônomo, depois de uma infância po- bre, aos 17 anos foi encaminhado para o estudo da Medi- cina, devido a mesma apresentar fins lucrativos muito alto para a época. Porém não interessando a Galileu, dedicou- -se a outros tipos de problemas, o qual com o passar do tempo, mostrou-se capaz de resolvê-los com muito êxito. Com relação a Medicina, Galileu foi um grande contribuidor, pois inventou um aparelho capaz de medir a pulsação de pacientes, sendo essa a última contribuição de Galileu para a Medicina, pois o estudo do pêndulo e de outros dispo- sitivos mecânicos alteraram completamente sua orientação profissional. Após essas ocorrências Galileu resolveu estudar a Matemática e Ciências. Além da Mecânica, Galileu também ajudou muito a As- tronomia. Construiu o primeiro telescópio para o uso em observações astronômicas. Entre algumas de suas desco- bertas o autor coloca algumas de suma importância para a humanidade conforme segue: • percebeu que a superfície da Lua é rugosa e irregular e não lisa e perfeitamente esférica como se acredi- tava; 5 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS • descobriu três satélites girando ao redor de Júpiter, contrariando a idéia aristotélica de que todos os as- tros deviam girar em torno da terra. • verificou que o planeta Vênus apresenta fases (como as da Lua) e esta observação levou-o a concluir que Vênus gira em torno do Sol, como afirmava o astrô- nomo Copêrnico em sua teoria heliocêntrica. • lançou o Livro “Diálogos Sobre os Dois Grandes Sis- temas do Mundo”, no qual afirmava que a terra, as- sim como os demais planetas, girava em torno do Sol, em 1632. A sua obra foi condenada pela Igreja, onde Galileu foi taxado como herético, preso e sub- metido a julgamento pela Inquisição em 1663. Gali- leu para evitar a morte acabou obrigado a renegar suas idéias através de “confissão”, lida em voz alta perante o Santo Conselho da Igreja. Ainda assim Galileu foi condenado por heresia e obri- gado a permanecer confinado em sua casa, impedidode se afastar daquele local, até o fim de sua vida. Galileu mesmo doente ainda teve forças para lançar seu último livro, cha- mado de “Duas Novas Ciências”, com dados de Mecânica e morreu completamente cego em 8 de Janeiro de 1642, deixando descobertas de fundamental importância para a humanidade. Os trechos acima foram elaborados pelo pró- prio autor. Cinemática Vetorial Na Cinemática Escalar, estudamos a descrição de um movimento em trajetória conhecida, utilizando as grande- zas escalares. Agora, veremos como obter e correlacionar as grandezas vetoriais descritivas de um movimento, mesmo que não sejam conhecidas previamente as trajetórias. Grandezas Escalares – Ficam perfeitamente definidas por seus valores numéricos acompanhados das respectivas unidades de medida. Exemplos: massa, temperatura, volu- me, densidade, comprimento, etc. Grandezas vetoriais – Exigem, além do valor numérico e da unidade de medida, uma direção e um sentido para que fiquem completamente determinadas. Exemplos: desloca- mento, velocidade, aceleração, força, etc. Vetores Para representar as grandezas vetoriais, são utilizados os vetores: entes matemáticos abstratos caracterizados por um módulo, por uma direção e por um sentido. Representação de um vetor – Graficamente, um vetor é representado por um segmento orientado de reta: Elementos de um vetor: • Direção – Dada pela reta suporte (r) do vetor. • Módulo – Dado pelo comprimento do vetor. • Sentido – Dado pela orientação do segmento. • Resultante de vetores (vetor-soma) – Considere um automóvel deslocando-se de A para B e, em se- guida, para C. O efeito desses dois deslocamentos combinados é levar o carro de A para C. Dizemos, então, que o vetor é a soma ou resultante dos vetores e . • Regra do Polígono – Para determinar a resultante dos vetores e , traçamos, como na figura acima, os vetores de modo que a origem de um coincida com a extremidade do outro. O vetor que une a ori- gem de com a extremidade de é o resultante . • Regra do Paralelogramo – Os vetores são dispostos de modo que suas origens coincidam. Traçando-se um paralelogramo, que tenha e como lados, a resultante será dada pela diagonal que parte da origem comum dos dois vetores. • Componentes ortogonais de um vetor – A compo- nente de um vetor, segundo uma dada direção, é a projeção ortogonal (perpendicular) do vetor naquela direção. Decompondo-se um vetor , encontramos suas componentes retangulares, x e y, que con- juntamente podem substituí-lo, ou seja, = x + y. 6 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Componentes da aceleração vetorial Estudo da aceleração tangencial Aceleração tangencial (at ) – é o componente da ace-leração vetorial na direção do vetor velocidade e indica a variação do módulo deste. Possui módulo igual ao da ace- leração escalar: Módulo de at: O módulo da aceleração tangencial é to-talmente igual ao valor absoluto da aceleração. v Direção de at: A direção da aceleração tangencial é para-lela à velocidade vetorial, isto é, tangente à trajetória. Sentido de at: o sentido irá depender do movimento, vejamos: Se o movimento for acelerado, consequentemente o módulo da sua velocidade irá aumentar e sua aceleração tangencial irá ter o mesmo sentido da velocidade vetorial. Vejamos: Se o movimento for retardado, consequentemente o módulo da velocidade irá diminuir e sua aceleração tangen- cial irá ter o sentido oposto ao da velocidade vetorial. Veja- mos: Notação de at: é quando a grandeza vetorial é represen- tada matematicamente. Vejamos: → Efeito at Podemos dizer que a aceleração escalar y, tem uma re- lação direta com a variação da velocidade escalar V, do mó- dulo da velocidade vetorial V. Propriedades: • Quando falamos de movimento uniforme, podemos dizer que a velocidade vetorial apresenta um módu- lo constante, e por isso sua aceleração tangencial é sempre nula, independente da sua trajetória. • Quando falamos de movimento não uniforme, po- demos dizer que a velocidade vetorial apresenta um módulo variável, e por isso sua aceleração tangencial não será sempre nula. • Sempre que um corpo ou um objeto estiver em re- pouso, sua aceleração tangencial será nula. • No instante em que y = 0, a aceleração tangencial será nula, independente de o móvel estar em repou- so ou em movimento. Estudo da aceleração centrípeta Aceleração centrípeta ou normal (c) – é o componen- te da aceleração vetorial na direção do raio de curvatura (R) e indica a variação da direção do vetor velocidade ( ). Tem sentido apontando para o centro da trajetória (por isso, cen- trípeta) e módulo dado por: Sendo que, V é a velocidade escalar e R é o raio de cur- vatura da trajetória. Importante: nos movimentos retilíneos, c é nula porque o móvel não muda de direção nesses movimentos. 7 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Direção de acp: A direção da aceleração centrípeta é con-siderada normal em relação à tangente à trajetória, ou seja, ela é igual a velocidade vetorial. Vejamos: Sentido de acp: O sentido da aceleração centrípeta sem-pre será voltado para o centro da circunferência, osculadora à trajetória, ou seja, direcionado para uma região convexa limitada pela curva. Notação de acp: A função que podemos usar para repre-sentarmos a notação da aceleração centrípeta é: Efeito de acp: Quando falamos de trajetória retilínea, po-demos considerar R ⇒ ∞ e acp= 0. Já quando falamos que a trajetória é curva, podemos dizer que a velocidade vetorial varia em direção e sua aceleração centrípeta nem sempre difere de zero. Notas: • Quando falamos de movimentos retilíneos, pode- mos dizer que a velocidade vetorial apresenta uma direção constante, e com isso, sua aceleração centrí- peta se torna constantemente nula. • Sempre que o móvel estiver em repouso, sua acele- ração centrípeta, será nula. Vetor deslocamento ou deslocamento vetorial entre dois instantes O deslocamento vetorial pode ser representado por d, esse deslocamento é definido entre dois instantes t1 e t2, sendo o vetor P1 e P2, o vetor de origem P1 e extremidade P2. Vejamos: Com isso, o deslocamento vetorial é definido como a diferença entre os vetores posição. Relação entre os módulos do e da variação de espaço (deslocamento escalar) Pensando em uma trajetória arbitrária L, não retilínea e entre as posições P1 e P2, teremos: Notas: • Todo deslocamento escalar é dependente da forma da trajetória; • Todo deslocamento vetorial é independente da for- ma da trajetória; • Toda variação de espaço ou deslocamento escalar, é medido no percurso da trajetória, e com isso, ele irá depender da forma da trajetória; • Como o deslocamento vetorial não depende da for- ma da trajetória, ele irá servir somente para a posi- ção inicial de P1 e para a posição final de P2. Velocidade vetorial média (Vm) A velocidade vetorial média é considerada a razão entre o deslocamento vetorial d e o tempo gasto no intervalo de tempo delta t deste deslocamento. Quando falamos em módulo de Vm, temos: 8 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Orientação de Vm Movimentos Circulares Na Mecânica clássica, movimento circular é aquele em que o objeto ou ponto material se desloca numa trajetória circular. Uma força centrípeta muda de direção o vetor ve- locidade, sendo continuamente aplicada para o centro do círculo. Esta força é responsável pela chamada aceleração centrípeta, orientada para o centro da circunferência-tra- jetória. Pode haver ainda uma aceleração tangencial, que obviamente deve ser compensada por um incremento na intensidade da aceleração centrípeta a fim de que não deixe de ser circular a trajetória. O movimento circular classifica- -se, de acordo com a ausência oua presença de aceleração tangencial, em movimento circular uniforme (MCU) e movi- mento circular uniformemente variado (MCUV). Propriedades e Equações Movimento da Circunferência Uma vez que é preciso analisarmos propriedades an- gulares mais do que as lineares, no movimento circular são introduzidas propriedades angulares como o deslocamen- to angular, a velocidade angular e a aceleração angular e centrípeta. No caso do MCU existe ainda o período, que é propriedade também utilizada no estudo dos movimentos periódicos. O deslocamento angular (indicado por ) se define de modo similar ao deslocamento linear. Porém, ao invés de considerarmos um vetor deslocamento, considera- mos um ângulo de deslocamento. Há um ângulo de refe- rência, adotado de acordo como problema. O deslocamento angular não precisa se limitar a uma medida de circunferên- cia ( ); para quantificar as outras propriedades do mo- vimento circular, será preciso muitas vezes um dado sobre o deslocamento completo do móvel, independentemente de quantas vezes ele deu voltas em uma circunferência. Se for expresso em radianos, temos a relação , onde R é o raio da circunferência e s é o deslocamento linear. Pegue-se a velocidade angular (indicada por ), por exemplo, que é a derivada do deslocamento angular pelo intervalo de tempo que dura esse deslocamento: A unidade é o radiano por segundo. Novamente há uma relação entre propriedades lineares e angulares: , onde é a velocidade linear. Por fim a aceleração angular (indicada por ), somente no MCUV, é definida como a derivada da velocidade angular pelo intervalo tempo em que a velocidade varia: A unidade é o radiano por segundo, ou radiano por se- gundo ao quadrado. A aceleração angular guarda relação somente com a aceleração tangencial e não com a acelera- ção centrípeta: , onde é a aceleração tangen- cial. Como fica evidente pelas conversões, esses valores an- gulares não são mais do que maneiras de se expressar as propriedades lineares de forma conveniente ao movimento circular. Uma vez quer a direção dos vectores deslocamento, velocidade e aceleração modifica-se a cada instante, é mais fácil trabalhar com ângulos. Tal não é o caso da aceleração centrípeta, que não encontra nenhum correspondente no movimento linear. Surge a necessidade de uma força que produza essa aceleração centrípeta, força que é chamada analogamente de força centrípeta, dirigida também ao centro da trajetória. A força centrípeta é aquela que mantém o objeto em movi- mento circular, provocando a constante mudança da direção do vector velocidade. A aceleração centrípeta é proporcional ao quadrado da velocidade angular e ao raio da trajetória: F A função horária de posição para movimentos circu- lares, e usando propriedades angulares, assume a forma: , onde é o deslocamento angular no 9 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS início do movimento. É possível obter a velocidade angular a qualquer instante , no MCUV, a partir da fórmula: Para o MCU define-se período T como o intervalo de tempo gasto para que o móvel complete um deslocamen- to angular em volta de uma circunferência completa ( ). Também define-se frequência (indicada por f) como o nú- mero de vezes que essa volta é completada em determina- do intervalo de tempo (geralmente 1 segundo, o que leva a definir a unidade de frequência como ciclos por segundo ou hertz). Assim, o período é o inverso da frequência: Por exemplo, um objeto que tenha velocidade angular de 3,14 radianos por segundo tem período aproximadamente igual a 2 segundos, e frequência igual a 0,5 hertz. Transmissão do movimento circular Muitos mecanismos utilizam a transmissão de um ci- lindro ou anel em movimento circular uniforme para outro cilindro ou anel. É o caso típico de engrenagens e correias acopladas as polias. Nessa transmissão é mantida sempre a velocidade linear, mas nem sempre a velocidade angular. A velocidade do elemento movido em relação ao mo- tor cresce em proporção inversa a seu tamanho. Se os dois elementos tiverem o mesmo diâmetro, a velocidade angular será igual; no entanto, se o elemento movido for menor que o motor, vai ter velocidade angular maior. Como a velocida- de linear é mantida, e , então: O movimento circular ocorre quando em diversas situa- ções que podem ser tomadas como exemplo: • Uma pedra fixada a um barbante e colocada a girar por uma pessoa descreverá um movimento circular uniforme. • Discos de vinil rodam nas vitrolas a uma frequência de 33 ou 45 rotações por minuto, em MCU. • Engrenagens de um relógio de ponteiros devem ro- dar em MCU com grande precisão, a fim de que não se atrase ou adiante o horário mostrado. • Uma ventoinha em movimento. • Satélites artificiais descrevem uma trajetória aproxi- madamente circular em volta do nosso planeta. • A translação aproximada, para cálculos muito pouco precisos, da Lua em torno do planeta Terra (a excen- tricidade orbital da Lua é de 0,0549). • O movimento de corpos quando da rotação da Terra, como por exemplo, um ponto no equador, moven- do-se ao redor do eixo da Terra aproximadamente a cada 24 horas. Lançamento Horizontal e Oblíquo Movimento Vertical no Vácuo Podemos destacar dois tipos de movimentos verticais no vácuo: a queda livre e o lançamento na vertical. A que- da livre é o abandono de um corpo, a partir do repouso, no vácuo desconsiderando-se a ação da resistência do ar; o lançamento na vertical diz respeito ao lançamento de um corpo para cima ou para baixo, o qual, diferente da queda livre, apresentará velocidade inicial. Os corpos envolvidos nos movimentos verticais estão sujeitos à aceleração da gra- vidade (g), suposta constante, cujo valor é: g = 9,80665 m/ s2. Costuma-se adotar, para a realização de cálculos mate- máticos, g = 10 m/s2. Como o valor da aceleração é consi- derado constante, a queda livre e o lançamento vertical são considerados movimentos retilíneos uniformemente varia- dos (MRUV). Análise Matemática do Movimento Vertical Estudando as características do movimento vertical, podemos dizer que na queda livre o módulo da velocidade escalar aumenta no decorrer do movimento. Concluímos as- sim que o movimento, nesse caso, é acelerado. Entretanto, no lançamento para cima, o módulo da velocidade escalar diminui, de modo que o classificamos como retardado. Uma importante propriedade do lançamento vertical para cima é o fato de a velocidade do móvel ir decrescen- do com o passar do tempo, tornando-se nula quando ele chega ao ponto mais alto da trajetória (altura máxima). Nes- se instante, o móvel muda de sentido, passando a cair em movimento acelerado. Outras considerações que merecem atenção são os sinais da velocidade escalar e da aceleração escalar. Se a orientação da trajetória é para cima, a acele- ração escalar é negativa durante todo o movimento (g < 0). Portanto, o que determina se o corpo sobe ou desce é o sinal da velocidade escalar, que na subida é positivo (v > 0) e na descida negativo (v < 0). Por outro lado, se a orien- tação da trajetória é para baixo, a aceleração é positiva, e o valor da velocidade é negativo na subida (v < 0) e positivo na descida (v > 0). 10 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Observação: As definições sobre o movimento vertical são feitas desconsiderando a resistência do ar. Funções Horárias do Movimento Vertical Como os movimentos verticais são uniformemente va- riados, as funções horárias que os descrevem são iguais às do MUV. Vejamos no esquema abaixo: Observação I: Nas fórmulas acima, v representa a velo- cidade final, vo, a velocidade inicial. O mesmo se aplica a S (espaço final) e So (espaço inicial). Observação II: Vale ressaltar que “a” = “g”, uma vez que se trata da aceleração dagravidade. O sinal de g, como foi dito acima, independe de o corpo subir ou descer, estabe- lecendo relação com a orientação da trajetória. Orientação para cima: g é negativo; orientação para baixo: g é positivo. Lançamento Oblíquo O lançamento oblíquo é um exemplo típico de com- posição de dois movimentos. Galileu notou esta particula- ridade do movimento balístico. Esta verificação se traduz no princípio da simultaneidade: “Se um corpo apresenta um movimento composto, cada um dos movimentos componen- tes se realiza como se os demais não existissem e no mesmo intervalo de tempo”. Composição de Movimentos. O lançamento oblíquo estuda o movimento de corpos, lançados com velocidade inicial V0 da superfície da Terra. Na figura a seguir vemos um exemplo típico de lançamento obliquo realizado por um jogador de golfe. A trajetória é parabólica, como você pode notar na fi- gura acima. Como a análise deste movimento não é fácil, é conveniente aplicarmos o princípio da simultaneidade de Galileu. Veremos que ao projetamos o corpo simultanea- mente no eixo x e y teremos dois movimentos: • Em relação a vertical, a projeção da bola executa um movimento de aceleração constante e de módulo igual a g. Trata-se de um M.U.V. (lançamento ver- tical). • Em relação a horizontal, a projeção da bola executa um M. U. Lançamento Horizontal O lançamento balístico é um exemplo típico de com- posição de dois movimentos. Galileu notou esta particula- ridade do movimento balístico. Esta verificação se traduz no princípio da simultaneidade: “Se um corpo apresenta um movimento composto, cada um dos movimentos componen- tes se realiza como se os demais não existissem e no mesmo intervalo de tempo”. Composição de Movimentos O princípio da simultaneidade poderá ser verificado no Lançamento Horizontal. Um observador no solo, (o que corresponde a nossa po- sição diante da tela) ao notar a queda do corpo do helicóp- tero, verá a trajetória indicada na figura. A trajetória traçada pelo corpo, corresponde a um arco de parábola, que poderá ser decomposta em dois movimentos: 11 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS • A projeção horizontal (x) do móvel descreve um Mo- vimento Uniforme. O vetor velocidade no eixo x se mantém constante, sem alterar a direção, sentido e o módulo. • A projeção vertical (y) do móvel descreve um movi- mento uniformemente variado. O vetor velocidade no eixo y mantém a direção e o sen- tido porém o módulo aumenta a medida que se aproxima do solo. O termo dinâmica significa “forte”. Em física, a dinâmica é um ramo da mecânica que estuda o movimento de um corpo e as causas desse movimento. Em experiências diá- rias podemos observar o movimento de um corpo a partir da interação deste com um (ou mais) corpo(s). Como por exemplo, quando um jogador de tênis dá uma raquetada numa bola, a raquete interage com ela e modifica o seu mo- vimento. Quando soltamos algum objeto a uma certa altura do solo e ele cai, é resultado da interação da terra com este objeto. Esta interação é convenientemente descrita por um conceito chamado força. Os Princípios de dinâmica foram formulados por Galileu e Newton, porém foi Newton que os enunciou da forma que conhecemos hoje. Forças Concorrentes Forças concorrentes são aquelas as componentes for- mam um angulo no ponto de aplicação. O vetor soma em forças concorrentes é representado em intensidade, direção e sentido pela diagonal do para- lelogramo traçado sobre as componentes. A intensidade é graficamente representada pelo tamanho da diagonal em uma escala. Vemos na escala dada que: 1N = 1cm Como: F1= 2,0N, sua representaçãoé um seguimento de 2,0cm F2 = 2,0N, sua representação é um seguimento de 2,0cm Portanto a resultante ou o vetor soma tem intensidade de 2,8N, pois seu tamanho é de 2,8cm Quando as forças concorrentes formam um angulo de 90°, a intensidade do vetor soma pode ser encontrada apli- cando-se o Teorema de Pitagoras, ou seja, pela formula: R2 = F12 + F22R = R2 = 32 + 42 R = R = R = 5N 12 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Sistemas de Forças Concorrentes num Ponto Se as linhas de ação das todas as forças concorrem no mesmo ponto O, o sistema é equivalente a uma única força resultante R que passa por O e coincide com o eixo central. Se o vetor , o sistemas está em equilíbrio. Para calcular o momento do sistema em qualquer ponto Q dife- rente de O aplica-se o teorema de Varignon. Equivalência a zero: . Leis de Newton Em primeiro lugar, para que se possa entender as fa- mosas leis de Newton, é necessário ter o conhecimento do conceito de força. Assim existem alguns exemplos que podem definir tal conceito, como a força exercida por uma locomotiva para arrastar os vagões, a força exercida pelos jatos d’água para que se acione as turbinas ou a força de atração da terra sobre os corpos situados próximo à sua su- perfície. Porém é necessário também definir o seu módulo, sua direção e o seu sentido, para que a força possa ser bem entendida, sendo que o conceito que melhor a defini é uma grandeza vetorial e poderá, portanto ser representada por um vetor. Então podemos concluir que: peso de um corpo é a força com que a terra atrai este corpo. Podemos definir as forças de atração, como aquela em que se tem a necessidade de contato entre os corpos (ação à distância). Para que se possa medir a quantidade de for- ça usada em nossos dias, os pesquisadores estabeleceram a medida de 1 quilograma força = 1 kgf, sendo este o peso de um quilograma-padrão, ao nível do mar e a 45º de latitude. Um dinamômetro, aparelho com o qual se consegue saber a força usada em determinados casos, se monta colocando pesos de 1 kgf, 2 kgf, na extremidade de uma mola, onde as balanças usadas em muitas farmácias contém tal método, onde podemos afirmar que uma pessoa com aproximada- mente 100 Kg, pesa na realidade 100 kgf. Outra unidade para se saber a força usada, também muito utilizada, é o newton, onde 1 newton = 1 N e eqüivale a 1kgf = 9,8 N. Portanto, conforme a tabela, a força de 1 N eqüivale, aproximadamente, ao peso de um pacote de 100 gramas (0,1 kgf). Segundo Aristóteles, ele afirmava que “um corpo só poderia permanecer em movimento se existisse uma força atuando sobre ele. Então, se um corpo estivesse em repouso e nenhuma força atuasse sobre ele, este corpo permaneceria em repouso. Quando uma força agisse sobre o corpo, ele se poria em movimento mas, cessando a ação da força, o corpo voltaria ao repouso” conforme figura abai- xo. A primeira vista tais idéias podem estas certas, porém com o passar do tempo descobriu-se que não eram bem assim. Segundo Galileu, devido às afirmações de Aristóteles, decidiu analisar certas experiências e descobriu que uma es- fera quando empurrada, se movimentava, e mesmo cessan- do a força principal, a mesma continuava a se movimentar por um certo tempo, gerando assim uma nova conclusão sobre as afirmações de Aristóteles. Assim Galileu, verificou que um corpo podia estar em movimento sem a ação de uma força que o empurrasse, conforme figura demonstran- do tal experiência. Galileu repetiu a mesma experiência em uma superfície mais lisa, e chegou a conclusão que o corpo percorria uma distância maior após cessar a ação da força, concluindo que o corpo parava, após cessado o empurrão, em virtude da ação do atrito entre a superfície e o corpo, cujo efeito sempre seria retardar o seu movimento. Segundo a conclusão do próprio Galileu podemos considerar que: se um corpo estiver em repouso, é necessária a ação de uma força sobre ele para colocá-lo em movimento. Uma vez ini- ciado o movimento, cessando a ação das forças que atuam sobre o corpo, ele continuará a se mover indefinidamente, em linha reta, com velocidade constante.Todo corpo que permanece em sue estado de repouso ou de movimento, é considerado segundo Galileu como um corpo em estado de Inércia. Isto significa que se um corpo está em inércia, ele ficará parado até que sob ele seja exer- cida uma ação para que ele possa sair de tal estado, onde se a força não for exercida o corpo permanecerá parado. Já um corpo em movimento em linha reta, em inércia, também deverá ser exercido sob ele uma força para movimentá-lo para os lados, diminuindo ou aumentando a sua velocidade. Vários são os estados onde tal conceito de Galileu pode ser apontado, como um carro considerado corpo pode se movi- mentar em linha reta ou como uma pessoa dormindo estan- do em repouso (por inércia), tende a continuar em repouso. Primeira Lei de Newton A primeira lei de Newton pode ser considerada como sendo uma síntese das idéias de Galileu, pois Newton se ba- seou em estudos de grandes físicos da Mecânica, relativas principalmente a Inércia; por este fato pode-se considerar também a primeira lei de Newton como sendo a lei da Inér- cia. Conforme Newton, a primeira Lei diz que: Na ausência de forças, um corpo em repouso continua em repouso e um corpo em movimento move-se em linha reta, com velocida- de constante. Para que ocorra um equilíbrio de uma partí- cula é necessário que duas forças ajam em um corpo, sendo que as mesmas podem ser substituídas por uma resultante r 13 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS das duas forças exercidas, determinada em módulo, direção e sentido, pela regra principal do paralelogramo. Podemos concluir que: quando a resultante das forças que atuam em um corpo for nula, se ele estiver em repouso continuará em repouso e, se ele estiver em movimento, es- tará se deslocando com movimento retilíneo uniforme. Para que uma partícula consiga o seu real equilíbrio é necessário que: • a partícula esteja em repouso • a partícula esteja em movimento retilíneo uniforme. Segunda Lei de Newton Para que um corpo esteja em repouso ou em movimen- to retilíneo uniforme, é necessário que o mesmo encontre- -se com a resultante das forças que atuam sobre o corpo, nula, conforme vimos anteriormente. Um corpo, sob a ação de uma força única, adquire uma aceleração, isto é, se F dife- rente de 0 temos a (vetor) diferente de 0. Podemos perceber que: • duplicando F, o valor de a também duplica. • triplicando F, o valor de a também triplica. Podemos concluir que: • a força F que atua em um corpo é diretamente pro- porcional à aceleração a que ela produz no corpo, isto é, F α a. • a massa de um corpo é o quociente entre a força que atua no corpo e a aceleração que ela produz nele, sendo: M = F A Quanto maior for a massa de um corpo, maior será a sua inércia, isto é, a massa de um corpo é uma medida de inércia deste corpo. A resultante do vetor a terá sempre a mesma direção e o mesmo sentido do vetor F , quando se aplica uma força sobre um corpo, alterando a sua aceleração. De acordo com Newton, a sua Segunda Lei diz o seguinte: A aceleração que um corpo adquire é diretamente proporcio- nal à resultante das forças que atuam nele e tem a mesma direção e o mesmo sentido desta resultante, sendo uma das leis básicas da Mecânica, utilizada muito na análise dos mo- vimentos que observamos próximos à superfície da Terra e também no estudo dos movimentos dos corpos celestes. Para a Segunda Lei de Newton, não se costuma usar a medida de força de 1 kgf (quilograma-força); sendo utilizado o Sistema Internacional de Unidades (S.I.), o qual é utiliza- do pelo mundo todo, sendo aceito e aprovado conforme decreto lei já visto anteriormente. As unidades podem ser sugeridas, desde que tenham-se como padrões as seguintes medidas escolhidas pelo S.I.: • A unidade de comprimento: 1 metro (1 m) • A unidade de massa: 1 quilograma (1 Kg) • A unidade de tempo: 1 segundo (s) O Sistema MKS, é assim conhecido por ser o Sistema Internacional da Mecânica, de uso exclusivo dessa área de atuação, pelos profissionais. Para as unidades derivadas, são obtidas a partir de unidades fundamentais, conforme des- creve o autor: • De área (produto de dois comprimentos) = 1 m X 1 m X 1 m² • De volume (produto de três comprimentos) = 1 m X 1 m X 1 m = 1 m³ • De velocidade (relação entre comprimento e tempo) = 1m/1s = 1 m/s • De aceleração (entre velocidade e tempo) = 1 m/s/1s = 1 m/s² Podemos definir que: 1 N = 1 g m/s², ou seja, 1 N é a força que, atuando na massa de 1 Kg, imprime a esta massa a aceleração de 1 m/s². Para a Segunda Lei de Newton, de- ve-se usar as seguintes unidades: • R (em N) • m (em kg) • a(em m/s²) Terceira Lei de Newton Segundo Newton, para que um corpo sofra ação é necessário que a ação provocada para tal movimentação, também seja provocada por algum outro tipo de força. Tal definição ocorreu segundo estudos no campo da Dinâmica. Além disso, Newton, percebeu também que na interação de dois corpos, as forças sempre se apresentam aos pares: para cada ação de um corpo sobre outro existirá sempre uma ação contraria e igual deste outro sobre o primeiro. Pode- mos concluir que: Quando um corpo A exerce uma força sobre um corpo B, o corpo B reage sobre A com uma força de mesmo módulo, mesma direção e de sentido contrário. As forças de ação e reação são enunciadas conforme a terceira lei de Newton, sendo que a ação está aplicada em um corpo, e a reação está aplicada no corpo que provocou a ação, isto é, elas estão aplicadas em corpos diferentes. As forças de ação e reação não podem se equilibrar segundo Newton, porque para isso, seria necessário que elas estives- sem aplicadas em um mesmo corpo, o que nunca acontece. Podemos considerar o atrito, como sendo a tendência de um corpo não se movimentar em contato com a superfície. O corpo em repouso indica que vai continuar em repouso, pois as forças resultantes sobre o corpo é nula. Porém deve existir uma força que atuando no corpo faz com que ele per- maneça em repouso, sendo que este equilíbrio (corpo em repouso e superfície) é consequência direta do atrito, de- nominada de força de atrito. Podemos então perceber que existe uma diferença muito grande entre atrito e força de atrito. Podemos definir o atrito como: a força de atrito está- tico f, que atua sobre um corpo é variável, estando sem- pre a equilibrar as forças que tendem a colocar o corpo em movimento. A força de atrito estático cresce até um valor máximo. Este valor é dado em micras, onde a micras é o coe- 14 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS ficiente de atrito estático entre as superfícies. Toda força que atua sobre um corpo em movimento é denominada de força de atrito cinético. Pequena biografia de Isaac Newton: Após a morte de Galileu, em 1642, nascia uma na pequena cidade da Inglaterra, Issac Newton, grande físico e matemático que formulou as leis básicas da Mecânica. Foi criado por sua avó sendo abandonado quando ain- da criança, pela mãe, marcando a vida de Newton pelo seu temperamento tímido, introspectivo, intolerante que o ca- racterizou quando adulto. Com a morte de seu padrasto, é solicitado a assumir a fazenda da família, demonstrando pouco interesse, tornando-se num verdadeiro fracasso. Aos 18 anos, em 1661, Newton é enviado ao Trinity Col- lege da Universidade de Cambridge (próximo a Londres), para prosseguir seus estudos. Dedicou-se primeiramente ao estudo da Matemática e em 1664, escrevia seu primei- ro trabalho (não publicado) com apenas 21 anos de idade, sob a forma de anotações, denominado “Algumas Questões Filosóficas”. Em 1665, com o avanço da peste negra (peste bubônica), newtom retornou a sua cidade natal, refugiando- -se na tranqüila fazenda de sua família, onde permaneceu por 18 meses, até que os males da peste fossem afastados, permitindoo seu retorno a Cambridge. Alguns trabalhos executados por Newton durante seu refúgio: • Desenvolvimento em série da potência de um binô- mio ensinado atualmente nas escolas com o nome de “binômio de Newton”. • Criação e desenvolvimento das bases do Cálculo Di- ferencial e do Cálculo Integral, uma poderosa ferra- menta para o estudo dos fenômenos físicos, que ele próprio utilizou pela primeira vez. • Estudo de alguns fenômenos óticos, que culminaram com a elaboração de uma teoria sobre as cores dos corpos. • Concepção da 1º e da 2º leis do movimento (1º e 2º leis de Newton), lançando, assim, as bases da Me- cânica. • Desenvolvimento das primeiras idéias relativas à Gravidade Universal. Em 1667, retornando a Cambridge, dedicou-se a de- senvolver as ideias que havia concebido durante o tempo que permaneceu afastado da Universidade. Aos 50 anos de idade Newton, abandonava a carreira universitária em bus- ca de uma profissão mais rendosa. Em 1699 foi nomeado diretor da Casa da Moeda de Londres, recebendo venci- mentos bastante elevados, que tornaram um homem rico. Neste cargo, desempenhou brilhante missão, conseguindo reestruturar as finanças inglesas, então bastante abaladas. Foi membro do Parlamento inglês, em 1705, aos 62 anos de idade, sagrando-se cavaleiro pela rainha da Inglaterra, o que lhe dava condição de nobreza e lhe conferia o título de “Sir”, passando a ser tratado como Sir Issac Newton. Até 1703 até a sua morte em 1727, Newton permaneceu na presidência da Real Academia de Ciências de Londres. Com a modéstia própria de muitos sábios, Newton afirmava que ele conse- guiu enxergar mais longe do que os outros colegas porque se apoiou em “ombros de gigantes”. Aplicações Envolvendo Forças de Atrito Podemos perceber a existência da força de atrito e en- tender as suas características através de uma experiência muito simples. Tomemos uma caixa bem grande, colocada no solo, contendo madeira. Podemos até imaginar que, à menor força aplicada, ela se deslocará. Isso, no entanto, não ocorre. Quando a caixa ficar mais leve, à medida que formos retirando a madeira, atingiremos um ponto no qual conse- guiremos movimentá-la. A dificuldade de mover a caixa é devida ao surgimento da força de atrito Fat entre o solo e a caixa. Várias experiências como essa levam-nos às seguintes propriedades da força de atrito (direção, sentido e módulo): • Direção: As forças de atrito resultantes do contato entre os dois corpos sólidos são forças tangenciais à superfície de contato. No exemplo acima, a direção da força de atrito é dada pela direção horizontal. Por exemplo, ela não aparecerá se você levantar a caixa. • Sentido: A força de atrito tende sempre a se opor ao movimento relativo das superfícies em contato. As- sim, o sentido da força de atrito é sempre o sentido contrário ao movimento relativo das superfícies • Módulo: Sobre o módulo da força de atrito cabem aqui alguns esclarecimentos: enquanto a força que empurra a caixa for pequena, o valor do módulo da força de atrito é igual à força que empurra a caixa. Ela anula o efeito da força aplicada. Uma vez iniciado o movimento, o módulo da força de atrito é propor- cional à força (de reação) do plano-N. 15 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Escrevemos: O coeficiente é conhecido como coeficiente de atrito. Como a força de atrito será tanto maior quanto maior for , vê-se que ele expressa propriedades das superfícies em con- tato (da sua rugosidade, por exemplo). Em geral, devemos considerar dois coeficientes de atrito: um chamado cinemá- tico e outro, estático, . Em geral, , refletindo o fato de que a força de atrito é ligeiramente maior quando o corpo está a ponto de se deslocar (atrito estático) do que quando ela está em movimento (atrito cinemático). O fato de a força de atrito ser proporcional à força de reação normal representa a observação de que é mais fácil empurrar uma caixa à medida que a vamos esvaziando. Re- presenta também por que fica mais difícil empurrá-la depois que alguém se senta sobre ela (ao aumentar o peso N tam- bém aumenta). Podemos resumir o comportamento do módulo da for- ça de atrito em função de uma força externa aplicada a um corpo, a partir do gráfico ao lado. Note-se nesse gráfico que, para uma pequena força aplicada ao corpo, a força de atrito é igual à mesma. A força de atrito surge tão somente para impedir o movimento. Ou seja, ela surge para anular a força aplicada. No entanto, isso vale até um certo ponto. Quando o módulo da força aplica- da for maior do que o corpo se desloca. Esse é o valor máximo atingido pela força de atrito. Quando o corpo se desloca, a força de atrito diminui, se mantém constante e o seu valor é Origem da Força de Atrito A força de atrito se origina, em última análise, de forças interatômicas, ou seja, da força de interação entre os áto- mos. Quando as superfícies estão em contato, criam-se pon- tos de aderência ou colagem (ou ainda solda) entre as su- perfícies. É o resultado da força atrativa entre os átomos próximos uns dos outros. Se as superfícies forem muito rugosas, a força de atrito é grande porque a rugosidade pode favorecer o aparecimento de vários pontos de aderência. Isso dificulta o deslizamento de uma superfície sobre a outra. Assim, a eliminação das imperfeições (polindo as su- perfícies) diminui o atrito. Mas isto funciona até um certo ponto. À medida que a superfície for ficando mais e mais lisa o atrito aumenta. Aumenta-se, no polimento, o número de pontos de “solda”. Aumentamos o número de átomos que interagem entre si. Pneus “carecas” reduzem o atrito e, por isso, devem ser substituídos. No entanto, pneus muito lisos (mas bem constituídos) são utilizados nos carros de corrida. Força de Atrito no Cotidiano A força de atrito é muito comum no nosso mundo físico. É ela que torna possível o movimento da grande maioria dos objetos que se movem apoiados sobre o solo. Vamos dar três exemplos: Movimento dos Animais Os animais usam as patas ou os pés (o caso do homem) para se movimentar. O que esses membros fazem é compri- mir o solo e forçá-lo ligeiramente para trás. Ao fazê-lo surge a força de atrito. Como ela é do contra (na direção contrária ao movimento), a força de atrito surge nas patas ou pés im- pulsionando os animais ou o homem para frente. Movimento dos Veículos a motor As rodas dos veículos, cujo movimento é devido à quei- ma de combustível do motor, são revestidas por pneus. A função dos pneus é tirar o máximo proveito possível da for- ça de atrito (com o intuito de tirar esse proveito máximo, as equipes de carros de corrida trocam frequentemente os pneus). Os pneus, acoplados às rodas, impulsionam a Terra para trás. O surgimento da força de atrito impulsiona o veículo para frente. Quando aplicamos o freio vale o mesmo raciocínio an- terior e a força de atrito atua agora no sentido contrário ao do movimento do veículo como um todo. Impedindo a Derrapagem A força de atrito impede a derrapagem nas curvas, isto é, o deslizamento de uma superfície - dos pneus - sobre a outra (o asfalto). Momento linear, conservação do momento linear, impulso e variação do momento linear O Momento linear (também chamado de quantidade de movimento linear ou momentum linear, a que a linguagem popular chama, por vezes, balanço ou “embalo”) é uma das 16 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS duas grandezas físicas fundamentais necessárias à correta descrição do inter-relacionamento (sempre mútuo) entre dois entes ou sistemas físicos. A segunda grandeza é a ener- gia. Os entes ou sistemas em interação trocam energia e momento, mas o fazem de forma que ambas as grandezas sempre obedeçam à respectiva lei de conservação. Em mecânica clássicao momento linear é definido pelo produto entre massa e velocidade de um corpo. É uma gran- deza vetorial, com direção e sentido, cujo módulo é o pro- duto da massa pelo módulo da velocidade, e cuja direção e sentido são os mesmos da velocidade. A quantidade de movimento total de um conjunto de objetos permanece inalterada, a não ser que uma força externa seja exercida sobre o sistema. Esta propriedade foi percebida por Newton e publicada na obra Philosophiæ Naturalis Principia Mathe- matica, na qual Newton define a quantidade de movimento e demonstra a sua conservação. Particularmente importante não só em mecânica clás- sica como em todas as teorias que estuam a dinâmica de matéria e energia (relatividade, mecânica quântica, etc.), é a relação existente entre o momento e a energia para cada um dos entes físicos. A relação entre energia e momento é ex- pressa em todas as teorias dinâmicas, normalmente via uma relação de dispersão para cada ente, e grandezas importan- tes como força e massa têm seus conceitos diretamente re- lacionados com estas grandezas. Fórmulas Na física clássica, a quantidade de movimento linear ( ) é definida pelo produto de massa ( ) e velocidade ( ). O valor é constante em sistemas nos quais não há forças externas atuando. Mesmo em uma colisão inelástica - onde a conservação da energia mecânica não é observada - a conservação do momento linear permanece válida se sobre o sistema não atuar força externa resultante. A unidade da quantidade de movimento linear no SI é o quilograma.metro por segundo(kg.m/s). Sistema mecânico Diz-se que um sistema está mecanicamente isolado quando o somatório das forças externas é nulo. Consideremos um casal patinando sobre uma pista de gelo, desprezando os efeitos do ar e as forças de atrito entre a pista e as botas que eles estão usando. Veja que na verti- cal, a força peso é equilibrada com a normal, ou seja P = N, tanto no homem quanto na mulher, e neste eixo as forças se cancelam. Mesmo que o casal resolva empurrar um ao outro (a terceira lei de newton garante que o empurrão é sempre mútuo), não haverá força externa resultante uma vez que a força externa expressa a interação de um ente pertencente ao sistema com outro externo ao sistema: apesar de haver força resultante tanto no homem como sobre a mulher, am- bos estão dentro do sistema em questão, e estas forças são forças internas ao mesmo. Na ausência de forças externas há conservação do momento linear do sistema. A conservação do momento linear permite calcular a razão entre a veloci- dade do homem e a velocidade da mulher após o empurrão, conhecidas as suas massas e velocidades iniciais: Como o momento total deve ser conservado, a variação da velocida- de do homem é VH = − MM / MHVM, onde VM é a variação da velocidade da mulher. A variação da quantidade de movimento é chamada Im- pulso. Fórmula: I = ΔP = Pf − Po I = Impulso, a unidade usada é N.s (Newton vezes se- gundo) Lei da Variação do Momento Linear (ou da Variação da Quantidade de Movimento) O impulso de uma força constante que actua num corpo durante um intervalo de tempo é igual à variação do mo- mento linear desse corpo, nesse intervalo de tempo, ou seja, Princípio da Conservação do Momento Linear Quando dois ou mais corpos interagem, o momento li- near desse sistema (conjunto dos corpos) permanece cons- tante: Colisões entre partículas, elásticas e inelásticas, uni e bidimensionais Empregamos o termo de colisão para representar a si- tuação na qual duas ou mais partículas interagem durante um tempo muito curto. Supomos que as forças impulsivas devidas a colisão são muito maiores que qualquer outra for- ça externa presente. O momento linear total é conservado nas colisões. No entanto, a energia cinética não se conserva devido a que parte da energia cinética se transforma em energia térmica e em energia potencial elástica interna quando os corpos se deformam durante a colisão. Definimos colisão inelástica como a colisão na qual não se conserva a energia cinética. Quando dois objetos que chocam e ficam juntos depois do choque dizemos que a co- 17 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS lisão é perfeitamente inelástica. Por exemplo, um meteorito que se choca com a Terra. Em uma colisão elástica a energia cinética se conserva. Por exemplo, as colisões entre bolas de bilhar são aproxi- madamente elásticas. A nível atômico as colisões podem ser perfeitamente elásticas. A grandeza Q é a diferença entre as energias cinéticas depois e antes da colisão. Q toma o valor zero nas colisões perfeitamente elásticas, porém pode ser menor que zero se no choque se perde energia cinética como resultado da de- formação, ou pode ser maior que zero, se a energia cinética das partículas depois da colisão é maior que a inicial, por exemplo, na explosão de uma granada ou na desintegra- ção radiativa, parte da energia química ou energia nuclear se converte em energia cinética dos produtos. Coeficiente de Restituição Foi encontrado experimentalmente que em uma colisão frontal de duas esferas sólidas como as que experimentam as bolas de bilhar, as velocidades depois do choque estão relacionadas com as velocidades antes do choque, pela ex- pressão onde e é o coeficiente de restituição e tem um valor en- tre 0 e 1, relação foi proposta por Newton . O valor de um é para um choque perfeitamente elástico e o valor de zero para um choque perfeitamente inelástico. O coeficiente de restituição é a razão entre a velocidade relativa de afastamento depois do choque, e a velocidade relativa de aproximação antes do choque das partículas. Colisão Elástica Para dois corpos A e B em colisão elástica, não há perda de energia cinética (conservação da energia) entre os ins- tantes antes e depois do choque. As energias cinéticas são escritas como A quantidade de movimento é conservada por ser nulo o somatório das forças externas e para os dois corpos A e B os seus momentos lineares antes e depois da colisão são dados por: Colocando-se as massas mA e mB em evidência, temos podendo ser escrito como Reescrevendo a primeira equação após colocarmos as massas em evidência tem-se Dividindo-se a segunda equação pela terceira equação encontramos em termos das velocidades relativas antes e depois do choque, a quarta equação terá a forma Para o cálculo da colisão elástica, empregamos a primei- ra e a quinta equação em conjunto. A relação entre a velo- cidade relativa dos dois corpos depois do choque e a velo- cidade relativa dos corpos antes do choque é denominada coeficiente de restituição e, mostrado na sexta equação. O coeficiente de restituição “e” assume sempre o valor e = 1 para a colisão perfeitamente elástica. Colisão Inelástica Para dois corpos A e B em colisão inelástica, há perda de energia cinética, mas conservando-se a energia mecânica. Após o choque, os corpos deslocam-se em conjunto com velocidades finais iguais e um coeficiente de restituição e = 0. Como é válida a conservação da quantidade de movi- mento O que é importante relembrar? As colisões são divi- didas em dois grupos: as Elásticas e as Inelásticas (essa sub- 18 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS divida em colisões inelásticas e perfeitamente inelásticas). A colisão inelástica tem como característica o fato do momen- to linear do sistema se conservar, mas a energia cinética do sistema não. A colisão elástica tem como propriedade o fato de tanto o momento linear como a energia cinética do sis- tema se conservarem. Estudo das Colisões Quando dois corpos colidem como, por exemplo, no choque entre duas bolas de bilhar, pode acontecer que a direção do movimento dos corpos não seja alterada pelo choque, isto é, eles se movimentam sobre umamesma reta antes e depois da colisão. Quando isso acontece, dizemos que ocorreu uma colisão unidimensional. Entretanto, pode ocorrer que os corpos se movimentem em direções diferentes, antes ou depois da colisão. Nesse caso, a colisão é denominada de colisão bidimensional. Para uma colisão unidimensional entre duas partículas, temos que: Conceito de Trabalho Se denomina trabalho infinitesimal, ao produto escalar do vetor força pelo vetor deslocamento. Onde Ft é a componente da força ao longo do deslo-camento, ds é o módulo do vetor deslocamento dr, e q o ângulo que forma o vetor força com o vetor deslocamento. O trabalho total ao longo da trajetória entre os pontos A e B é a soma de todos os trabalhos infinitesimais Seu significado geométrico é a área sob a representação gráfica da função que relaciona a componente tangencial da força Ft, e o deslocamento s. Exemplo: Calcular o trabalho necessário para alongar uma mola 5 cm, se a constante da mola é 1000 N/m. A força necessária para deformar uma mola é F=1000·x N, onde x é a deformação. O trabalho desta força é calculado mediante a integral A área do triângulo da figura é (0.05·50)/2=1.25 J Quando a força é constante, o trabalho é obtido multi- plicando a componente da força ao longo do deslocamento pelo deslocamento. W=Ft·s Exemplo: Calcular o trabalho de uma força constante de 12 N, cujo ponto de aplicação se translada 7 m, se o ângulo entre as direções da força e do deslocamento são 0º, 60º, 90º, 135º, 180º. 19 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS • Se a força e o deslocamento tem o mesmo sentido, o trabalho é positivo • Se a força e o deslocamento tem sentidos contrários, o trabalho é negativo • Se a força é perpendicular ao deslocamento, o tra- balho é nulo. Conceito de Energia Cinética Suponhamos que F é a resultante das forças que atuam sobre uma partícula de massa m. O trabalho desta força é igual a diferença entre o valor final e o valor inicial da ener- gia cinética da partícula. Na primeira linha aplicamos a segunda lei de Newton; a componente tangencial da força é igual ao produto da mas- sa pela aceleração tangencial. Na segunda linha, a aceleração tangencial at é igual a derivada do módulo da velocidade, e o quociente entre o deslocamento ds e o tempo dt gasto em deslocar-se é igual a velocidade v do móvel. Define-se energia cinética pela expressão O teorema do trabalho-energia indica que o trabalho da resultante das forças que atuam sobre uma partícula modifi- ca sua energia cinética. Exemplo: Achar a velocidade com a qual sai uma bala depois de atravessar uma tabela de 7 cm de espessura e que opõe uma resistência constante de F=1800 N. A velocidade inicial da bala é de 450 m/s e sua massa é de 15 g. O trabalho realizado pela força F é -1800·0.07=-126 J A velocidade final v é Força Conservativa - Energia Potencial Uma força é conservativa quando o trabalho de desta força é igual a diferença entre os valores inicial e final de uma função que só depende das coordenadas. A dita função é denominada energia potencial. O trabalho de uma força conservativa não depende do caminho seguido para ir do ponto A ao ponto B. O trabalho de uma força conservativa ao longo de um caminho fechado é zero. Exemplo: Sobre uma partícula atua a força F=2xyi+x2j N Calcular o trabalho efetuado pela força ao longo do ca- minho fechado ABCA. • A curva AB é um ramo de parábola y=x2/3. • BC é o segmento de reta que passa pelos pontos (0,1) e (3,3) e • CA é a porção do eixo Y que vai desde a origem ao ponto (0,1) O trabalho infinitesimal dW é o produto escalar do vetor força pelo vetor deslocamento dW=F·dr=(Fxi+Fyj)·(dxi+dyj)=Fxdx+Fydy As variáveis x e y são relacionadas através da equação da trajetória y=f(x), e os deslocamentos infinitesimais dx e dy são relacionadas através da interpretação geométrica da derivada dy=f’(x)·dx. onde f’(x) quer dizer, derivada da fun- ção f(x) relativo a x. 20 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Vamos calcular o trabalho em cada um dos ramos e o trabalho total no caminho fechado. - Ramo AB Trajetória y=x2/3, dy=(2/3)x·dx. - Ramo BC A trajetória é a reta que passa pelos pontos (0,1) e (3,3). Se trata de uma reta de inclinação 2/3 e cuja ordenada na origem é 1. y=(2/3)x+1, dy=(2/3)·dx - Ramo CA A trajetória é a reta x=0, dx=0, A força F=0 e por tanto, o trabalho WCA=0O trabalho total WABCA=WAB+WBC+WCA=27+(-27)+0=0 O Peso é uma Força Conservativa Calculemos o trabalho da força peso F=-mg j quando o corpo se desloca da posição A cuja ordenada é yA até a posição B cuja ordenada é yB. A energia potencial Ep correspondente a força conserva-tiva peso tem a forma funcional Onde c é uma constante aditiva que nos permite estabe- lecer o nível zero da energia potencial. A Força que exerce uma Mola é Conservativa Como vemos na figura quando um mola se deforma x, exerce uma força sobre a partícula proporcional a deforma- ção x e de sinal contrária a esta. Para x>0, F=-kx Para x<0, F=kx O trabalho desta força é, quando a partícula se desloca da posição xA a posição xB é A função energia potencial Ep correspondente a força conservativa F vale O nível zero de energia potencial é estabelecido do se- guinte modo: quando a deformação é zero x=0, o valor da energia potencial é tomado zero, Ep=0, de modo que a cons-tante aditiva vale c=0. Princípio de Conservação da Energia Se somente uma força conservativa F atua sobre uma partícula, o trabalho desta força é igual a diferença entre o valor inicial e final da energia potencial 21 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Como vimos no relato anterior, o trabalho da resultante das forças que atua sobre a partícula é igual a diferença en- tre o valor final e inicial da energia cinética. Igualando ambos trabalhos, obtemos a expressão do princípio de conservação da energia EkA+EpA=EkB+EpB A energia mecânica da partícula (soma da energia po- tencial mais cinética) é constante em todos os pontos de sua trajetória. Comprovação do Princípio de Conservação da Ener- gia Um corpo de 2 kg é deixado cair desde uma altura de 3 m. Calcular • A velocidade do corpo quando está a 1 m de altura e quando atinge o solo, aplicando as fórmulas do movimento retilíneo uniformemente acelerado • A energia cinética, potencial e total nestas posições Tomar g=10 m/s2 - Posição inicial x=3 m, v=0. Ep=2·10·3=60 J, Ek=0, EA=Ek+Ep=60 J - Quando x=1 m Ep=2·10·1=20 J, Ek=40, EB=Ek+Ep=60 J - Quando x=0 m Ep=2·10·0=0 J, Ek=60, EC=Ek+Ep=60 J A energia total do corpo é constante. A energia poten- cial diminui e a energia cinética aumenta. Forças não Conservativas Para darmos conta do significado de uma força não con- servativa, vamos compará-la com a força conservativa peso. O Peso é uma Força Conservativa. Calculemos o trabalho da força peso quando a partícula se translada de A para B, e continuando quando se translada de B para A. WAB=mg x WBA=-mg xO trabalho total ao longo do caminho fechado A-B-A, WABA é zero. A Força de Atrito é uma Força não Conservativa Quando a partícula se move de A para B, ou de B para A a força de atrito é oposta ao movimento, o trabalho é ne- gativo por que a força é de sinal contrário ao deslocamento 22 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS WAB=-Fr x WBA=-Fr xO trabalho total ao longo do caminho fechado A-B-A, WABA é diferente de zero WABA=-2Fr x De um modo geral, a energia pode ser definida como capacidade de realizar trabalho ou como o resultado da rea- lização de um trabalho. Na prática, a energia pode ser me- lhor entendida do que definida. Quando se olha para o Sol, tem-se a sensação de que ele
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