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FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS 1 MECÂNICA. ..............................................................................................................................................................................................................1 1.1 Cinemática Escalar, Cinemática Vetorial. .............................................................................................................................................1 1.2 Movimento Circular. ....................................................................................................................................................................................1 1.3 Leis de Newton e suas Aplicações. ........................................................................................................................................................1 1.4 Trabalho. ...........................................................................................................................................................................................................1 1.5 Potência. ...........................................................................................................................................................................................................1 1.6 Energia Cinética, Energia Potencial, Atrito. .........................................................................................................................................1 1.7 Conservação de Energia e suas Transformações. .............................................................................................................................1 1.8 Quantidade de Movimento e Conservação da Quantidade de Movimento, Impulso. .....................................................1 1.9 Colisões. ...........................................................................................................................................................................................................1 1.10 Estática dos Corpos Rígidos. ..................................................................................................................................................................1 1.11 Estática dos Fluidos. ..................................................................................................................................................................................1 1.12 Princípios de Pascal, Arquimedes e Stevin. ......................................................................................................................................1 2 ONDULATÓRIA. ...................................................................................................................................................................................................25 2.1 Movimento Harmônico Simples. ......................................................................................................................................................... 25 2.2 Oscilações Livres, Amortecidas e Forçadas. .................................................................................................................................... 25 2.3. Ondas. ........................................................................................................................................................................................................... 25 2.3.1 Ondas Sonoras, Efeito Doppler e Ondas Eletromagnéticas. ................................................................................................. 25 2.3.2 Frequências Naturais e Ressonância. .............................................................................................................................................. 25 3. ÓPTICA GEOMÉTRICA: REFLEXÃO E REFRAÇÃO DA LUZ. .................................................................................................................. 39 3.1 Instrumentos Ópticos: Características e Aplicações. ..................................................................................................................... 39 1 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS 1 MECÂNICA. 1.1 CINEMÁTICA ESCALAR, CINEMÁTICA VETORIAL. 1.2 MOVIMENTO CIRCULAR. 1.3 LEIS DE NEWTON E SUAS APLICAÇÕES. 1.4 TRABALHO. 1.5 POTÊNCIA. 1.6 ENERGIA CINÉTICA, ENERGIA POTENCIAL, ATRITO. 1.7 CONSERVAÇÃO DE ENERGIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES. 1.8 QUANTIDADE DE MOVIMENTO E CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO, IMPULSO. 1.9 COLISÕES. 1.10 ESTÁTICA DOS CORPOS RÍGIDOS. 1.11 ESTÁTICA DOS FLUIDOS. 1.12 PRINCÍPIOS DE PASCAL, ARQUIMEDES E STEVIN. MECÂNICA É o ramo da física que compreende o estudo e análi- se do movimento e repouso dos corpos, e sua evolução no tempo, seus deslocamentos, sob a ação de forças, e seus efeitos subsequentes sobre seu ambiente. A disciplina tem suas raízes em diversas civilizações antigas. Durante a Idade Moderna, cienistas tais como Galileu, Kepler, e especialmen- te Newton, lançaram as bases para o que é conhecido como mecânica clássica. A mecânica clássica é composta pelo conjunto de duas disciplinas, a cinemática, que compreende ao estudo pura- mente descritivo do movimento, sem consideração das suas causas e a dinâmica, que estuda a conexão do movimento com suas causas. O conjunto de disciplinas que abarca a me- cânica convencional é muito amplo e é possível agrupá-las em quatro blocos principais: Mecânica clássica Mecânica quântica Mecânica relativística Teoria quântica de campos Veremos a explanação do assunto nos próximos tópicos. Cinemática Escalar: conceitos e propriedades da Ci- nemática, movimento e repouso, referenciais inerciais e não inerciais, ponto material, trajetória, movimentos re- tilíneos uniforme e uniformemente variado, movimento vertical e queda livre dos corpos. Conceito de Partícula Em física, o termo partícula é utilizado para designar ele- mentos muito pequenos (a própria palavra deriva do latim partícula que significa parte muito pequena, corpo muito diminuto ou corpúsculo). Geralmente quando se fala de par- tícula está-se a falar de partículas subatômicas, isto é, partí- culas menores do que um átomo. Ao estudo das partículas é dada a designação de física de partículas. Cinemática Escalar e Vetorial da Partícula Sabemos que o universo e tudo o que ele contém está em movimento. Logo cedo aprendemos que a Terra está em movimento em torno de seu eixo (rotação) e também em movimento ao redor do Sol (translação). O Sol por sua vez está em movimento de translação em relação ao centro da Via-Láctea e nossa galáxia também se desloca em relação às outras galáxias. Deixando o macrocosmo à parte, o nosso dia-a-dia também é marcado pelos movimentos e sua ob- servação. Pássaros voando no céu, carros trafegando, venti- ladores girando, enfim, vivemos num mundo em movimen- to. Mas qual a diferença entre potente de um jogador de futebol numa bola e o lançamento de uma bala de canhão? Como poderíamos comparar o corredor jamaicano Usain Bolt numa prova de 100m com a velocidade de um carro de Fórmula 1? Chamamos de Mecânica o ramo da Física que estuda os movimentos. Dentro da Mecânica, a responsável pela clas- sificação e comparação dos movimentos é a Cinemática. A Cinemática é a parte da Mecânica que estuda os movimen- tos sem levar em consideração as suas causas. Essa parte da Física se preocupa apenas com a descrição do movimento e a determinação da posição, velocidade e aceleração de um móvel num determinado instante. Ponto Material: Um móvel pode ser uma partícula, puntiforme como o elétron, ou um corpo que se move como uma partícula, isto é, todos os pontos se deslocando na mesma direção e com a mesma velocidade. Um bloco desli- zando sobre um escorregador de playground pode ser tra- tado como uma partícula. Já um catavento em rotação não pode ter essemesmo tratamento na medida em os pontos de sua borda seguem em direções diferentes. Durante nosso estudo, trabalharemos com um móvel denominado ponto material. Um ponto material é um corpo cujas dimensões são desprezíveis em relação às dimensões envolvidas no fe- nômeno em estudo. Por exemplo, o tamanho da Terra em relação a sua órbita ao redor do Sol pode ser desprezado ao estudarmos seu movimento de translação. Nesse caso, a Terra seria considerada um ponto material. Um trem em uma ferrovia pode ser considerado um ponto material. No entan- to, o mesmo trem atravessando uma ponte cujo tamanho é semelhante ao do trem é considerado um corpo extenso e não um ponto material. Isso porque nesse caso o tamanho do trem não é desprezível em relação ao tamanho da ponte. Referencial: É impossível afirmarmos se um ponto ma- terial está em movimento ou em repouso sem antes ado- tarmos um outro corpo qualquer como referencial. Dessa forma, um ponto material estará em movimento em relação a um dado referencial se sua posição em relação a ele for variável. Da mesma forma, se o ponto material permanecer com sua posição inalterada em relação a um determinado referencial, então estará em repouso em relação a ele. Tome- mos como exemplo o caso de um elevador. Se você entrar 2 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS em um elevador no andar térreo de um edifício e subir até o décimo andar, durante o tempo em que o elevador se des- locar você estará em movimento em relação ao edifício ao mesmo tempo em seu corpo estará em repouso em relação ao elevador, pois entre o térreo e décimo andar sua posição será a mesma em relação a ele. Perceba que nesse caso citado, a questão de você es- tar ou não em movimento depende do referencial adotado. Poderíamos utilizar o exemplo de um carro em movimento na estrada. O motorista nesse caso está em movimento em relação a uma árvore à beira da estrada, mas continua em repouso em relação ao carro já que acompanha o movimento do veí- culo. Nesse caso, podemos dizer também que a árvore está em movimento em relação ao motorista e em repouso em relação à estrada. Isso nos leva a propriedade simétrica: Se A está em movimento em relação a B, então B está em movi- mento em relação a A. E Se A está em repouso em relação a B, então B está em repouso em relação a A. Se a distância entre dois corpos for a mesma no decor- rer do tempo, você pode dizer que um está parado em rela- ção ao outro? A resposta é não. Se na ponta de um barbante for amarrada uma pedra e alguém pegar a outra ponta do barbante e passar a girar fazendo um movimento circular com a pedra, as posições sucessivas da pedra no espaço irão mudar em relação a outra ponta do barbante, mas a dis- tância continuará a mesma. Note então que o conceito de movimento implica em variação de posição e não de dis- tância. Um ponto material está em movimento em relação a um certo referencial se a sua posição no decorrer do tempo variar em relação a esse referencial. Um ponto material está em repouso em relação a um certo referencial se a sua posição não variar no decorrer do tempo em relação a esse referencial. Trajetória: Os rastros na neve deixados por um esquia- dor mostram o caminho percorrido por ele durante a desci- da de uma montanha. Se considerarmos o esquiador como sendo um ponto material, podemos dizer que a curva traça- da na neve unindo suas sucessivas posições em relação a um dado referencial, recebe o nome de trajetória. O trilho de um trem é um exemplo claro de trajetória. A bola chutada por um jogador de futebol ao bater uma falta pode seguir trajetórias diferentes, dependendo da maneira que é chutada, às vezes indo reta no meio do gol, outras vezes sendo colocadinha no ângulo através de uma curva. Repare que a trajetória de um ponto material também depende de um referencial. Isso quer dizer que um ponto material pode traçar uma trajetória reta e outra curva ao mesmo tempo? Sim. Veja o caso de uma caixa com ajuda humanitária sendo lançada de um avião (geralmente esse exemplo é dado com bombas, mas somos pacíficos por aqui). Para quem estiver no chão, olhando de longe, a traje- tória da caixa será um arco de parábola. Já para quem estiver dentro do avião, a trajetória será uma reta, isso porque o avião segue acompanhando a caixa. Na verdade, você irá entender isso melhor quando já tiver em mente o conceito de inércia, mas por hora, fique tranquilo com o que foi de- monstrado até o momento. 3 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS MOVIMENTO RETILINEO E CURVILINEO PLANO, UNIFORME E UNIFORMEMENTE VARIADO Movimentos Retilíneos Quando não nos preocupamos com as causas a partir do movimentos, podemos chamar este fato de Cinemática, como por exemplo um carro em uma estrada reta, com ve- locidade de 100 Km/h, onde em determinado percurso vai para 120 Km/h, ultrapassando um caminhão, onde não nos preocupamos em saber as causas de tais mudanças. Qual- quer que seja o movimento de um corpo, podemos consi- derá-lo como uma partícula, onde a mesma é denominada devido as suas dimensões serem menores do que as ou- tras que participam dos fenômenos. Podemos considerar o movimento como sendo relativo, de acordo com o ângulo com que podemos ver os acontecimentos. Como exemplo do autor, considerando um avião voando, onde o mesmo solta uma bomba. Se observarmos a queda da bomba de dentro do avião, você verá que ela cai ao longo de uma reta vertical. Porém se observarmos a queda da bomba parado sobre a superfície da terra, verificaremos que ela cai numa trajetória curva. Podemos concluir que, “o movimento de um corpo, vis- to por um observador, depende do referencial no qual o ob- servador está situado”. Para que o movimento seja relativo, é necessário apenas saber qual é o ponto de referência, isto é, se afirmarmos que o sol gira em torno da terra, teremos que ter como referen- cial a terra, caso contrário, se o referencial for o sol, o correto é afirmar que a terra gira em torno do sol. Tudo depende de onde o observador se localiza. Movimento Retilíneo Uniforme Quando a velocidade permanece a mesma, isto é, cons- tante ao longo de uma trajetória podemos considerá-la como retilíneo uniforme. Podemos representar a fórmula como sendo: • d = vt, onde: d é a distância percorrida • v é a velocidade (constante) • t é o tempo gasto para percorrer a distância d. Essa fórmula pode ser aplicada também para uma tra- jetória não retilínea, porém só é válida se uma condição for verdadeira: velocidade ser constante. Podemos considerar uma velocidade como sendo negativa quando considerar- mos um automóvel chegando em seu ponto de partida, pois quando o mesmo se afasta da chegada consideramos como sendo velocidade positiva. Podemos então concluir segundo o autor que, “no movimento com velocidade constante, a distância percorrida, d, é diretamente proporcional ao tem- po t. O gráfico d X t será uma reta, que passa pela origem, cuja inclinação é igual ao valor da velocidade v”. Velocidade Instantânea e Média Para se considerar uma velocidade como instantânea, devemos considerar que um corpo esteja em movimen- to acelerado, isto é, o mesmo não mantém sua velocidade constante. Segundo o autor o melhor exemplo que se pode ter é o velocímetro de um carro, onde o valor indicado é a velocidade instantânea do automóvel naquele momento. Para se calcular a velocidade instantânea deve-se usar a fór- mula dada por v = delta d/ delta t, sendo delta t o menor possível. Para o autor “a inclinação da tangente, no gráfico d X t nos fornece o valor da velocidade instantânea”, conforme o gráfico. A velocidade média é medida através da fórmula: vm = distância total percorrida tempo gasto no percurso. Segun- do exemplo didático, consideremos o seguinte enunciado: Umautomóvel percorre uma distância de 150 Km de- senvolvendo, nos primeiros 120 Km, uma velocidade média de 80 Km/h e, nos 30 Km restantes, uma velocidade média de 60 Km/h. Qual foi o tempo total de viagem? t1 = 120/80 ou t1 = 1,5h Na Segunda parte do percurso, teremos: t2 = 30/60 ou t2 = 0,5h Assim, o tempo total da viagem foi de: t = 1,5 + 0,5h ou t = 2,0h Qual foi a velocidade média do automóvel no percurso total? Sendo de 150km a distância total percorrida e 2,0h o tempo total de viagem, a velocidade média, neste percurso, terá sido: Vm = 150km/2,0h ou Vm = 75 Km/h Movimento Retilíneo Uniformemente Variado Para se definir tal movimento, é necessário saber o que vem a ser aceleração. Tal definição é dada sempre quando a mudança de velocidade, conforme exemplo: Um carro em certo instante tem uma velocidade de 90 Km/h, após 1 segundo o mesmo encontra-se com velocida- de de 100 Km/h, aumentando sua velocidade em 10 Km/h. Podemos então afirmar que houve aceleração devido à mu- dança de velocidade do carro. A fórmula para que se descreva a aceleração é dada por: a = variação da velocidade ∆t = intervalo do tempo decorrido Para classificar a aceleração é necessário estabelecer al- guns conceitos, como: • Se o valor da velocidade aumentar, consideraremos como aceleração positiva, sendo chamado de movi- mento acelerado. 4 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS • Se o valor da velocidade diminuir, consideraremos como aceleração negativa, sendo chamado de mo- vimento retardado. Para fazermos o cálculo da velocidade, consideraremos como velocidade inicial, o valor no qual iniciaremos a conta- gem de tempo, isto é, no instante t = 0. O corpo possuindo uma aceleração constante, ou seja, a velocidade varia a cada 1 segundo, é numericamente igual ao valor de a. Assim a velocidade se dará dá seguinte maneira: • Em t = 0 - a velocidade é v0 • Em t = 1s - a velocidade é v0 + a . 1 • Em t = 2s - a velocidade é v0 + a . 2 • E, após t segundos a velocidade será v0 + at. Após essa análise podemos concluir que a velocidade se determina de acordo com a seguinte fórmula: v = v0 + at Movimento Circular Uniforme O movimento só poderá ser considerado como circular uniforme, se: • quando sua trajetória for uma circunferência, ou • quando o valor da velocidade permanecer constan- te. O período do movimento, sendo representado pela le- tra T, significa o tempo que a partícula gasta para efetuar uma volta completa em torno de seu eixo. Composição de Velocidade Podemos considerar várias velocidades para os mais va- riados casos de nossas vidas. Como sugere o exemplo do autor, a velocidade de um barco que desce o rio é dada por v = vB + vC, e a velocidade do mesmo barco subindo o rio é v = vB – vC. Independentemente das velocidades, notamos que, as velocidades tanto do barco como da correnteza são perpendiculares entre si, significando que a velocidade da correnteza não tem componente na velocidade do barco, concluindo que a correnteza não vai ter nenhum tipo de in- fluência no tempo gasto pelo barco para se atravessar o rio. Segundo o autor, podemos concluir que: quando um corpo está animado, simultaneamente, por dois movimentos per- pendiculares entre si, o deslocamento na direção de um de- les é determinado apenas pela velocidade naquela direção, sendo observada por Galileu, pois ambos caem simultanea- mente, gastando o mesmo tempo até atingir o solo. Queda Livre É quando perto da superfície da terra, ocorre a queda de corpos (pedra, por exemplo) de certas alturas, onde a um crescimento de sua velocidade, caracterizando um movimento acelerado. Porém quando o mesmo objeto ou corpo é lançado para cima a sua velocidade decresce gradualmente até se anular e consequentemente voltar ao seu local de lançamento. Segundo Aristóteles, grande filósofo, que viveu aproximadamente 300 anos a.C., acre- ditava que abandonando corpos leves e pesados de uma mesma altura, seus tempos de queda não seriam iguais: os corpos mais pesados alcançariam o solo antes dos mais le- ves. Segundo Galileu, considerado como introdutor do mé- todo experimental, chegou a seguinte conclusão: “aban- donados de uma mesma altura, um corpo leve e um corpo pesado caem simultaneamente, atingindo o chão no mes- mo instante”. Após essa afirmação Galileu passou a ser alvo de perseguição devido a descrença do povo e também por considerá-lo como revolucionário. O ar exerce efeito retar- dador na queda de qualquer objeto e que este efeito exerce maior influência sobre o movimento da Pedra. Porém se re- tirarmos o ar, observa-se que os dois objetos caem na mes- ma hora e no mesmo instante, conforme a figura representa, confirmando também as afirmações feitas por Galileu. Atra- vés desse fato concluímos também que as experiências de Galileu, só têm coerência se forem feitas para os corpos em queda livre no vácuo, e que o ar é desprezível para materiais mais pesados como algodão, pena ou uma folha de papel. Denomina-se então queda livre, para os corpos que não tem influência do ar, isto é, materiais pesados e lançados no vácuo. Aceleração da Gravidade – Podemos considerar a aceleração da gravidade como sendo o mesmo valor para todos os corpos que caem em queda livre, sendo repre- sentada pela letra g, sendo também considerada como um movimento uniformemente acelerado, devido a sua acelera- ção constante. Para se determinar o valor de g seguiram-se vários estudos chegando a conclusão de que o seu valor é de 9,8 m/s², sendo que se o objeto for lançado para baixo a aceleração da gravidade é considerada positiva (+ 9,8 m/ s²), e quando o objeto for lançado para cima a aceleração da gravidade é negativa (- 9,8 m/s²). Breve biografia sobre Galileu Galilei: Nascido em Pisa em 1564, o físico e astrônomo, depois de uma infância po- bre, aos 17 anos foi encaminhado para o estudo da Medi- cina, devido a mesma apresentar fins lucrativos muito alto para a época. Porém não interessando a Galileu, dedicou- -se a outros tipos de problemas, o qual com o passar do tempo, mostrou-se capaz de resolvê-los com muito êxito. Com relação a Medicina, Galileu foi um grande contribuidor, pois inventou um aparelho capaz de medir a pulsação de pacientes, sendo essa a última contribuição de Galileu para a Medicina, pois o estudo do pêndulo e de outros dispo- sitivos mecânicos alteraram completamente sua orientação profissional. Após essas ocorrências Galileu resolveu estudar a Matemática e Ciências. Além da Mecânica, Galileu também ajudou muito a As- tronomia. Construiu o primeiro telescópio para o uso em observações astronômicas. Entre algumas de suas desco- bertas o autor coloca algumas de suma importância para a humanidade conforme segue: • percebeu que a superfície da Lua é rugosa e irregular e não lisa e perfeitamente esférica como se acredi- tava; 5 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS • descobriu três satélites girando ao redor de Júpiter, contrariando a idéia aristotélica de que todos os as- tros deviam girar em torno da terra. • verificou que o planeta Vênus apresenta fases (como as da Lua) e esta observação levou-o a concluir que Vênus gira em torno do Sol, como afirmava o astrô- nomo Copêrnico em sua teoria heliocêntrica. • lançou o Livro “Diálogos Sobre os Dois Grandes Sis- temas do Mundo”, no qual afirmava que a terra, as- sim como os demais planetas, girava em torno do Sol, em 1632. A sua obra foi condenada pela Igreja, onde Galileu foi taxado como herético, preso e sub- metido a julgamento pela Inquisição em 1663. Gali- leu para evitar a morte acabou obrigado a renegar suas idéias através de “confissão”, lida em voz alta perante o Santo Conselho da Igreja. Ainda assim Galileu foi condenado por heresia e obri- gado a permanecer confinado em sua casa, impedidode se afastar daquele local, até o fim de sua vida. Galileu mesmo doente ainda teve forças para lançar seu último livro, cha- mado de “Duas Novas Ciências”, com dados de Mecânica e morreu completamente cego em 8 de Janeiro de 1642, deixando descobertas de fundamental importância para a humanidade. Os trechos acima foram elaborados pelo pró- prio autor. Cinemática Vetorial Na Cinemática Escalar, estudamos a descrição de um movimento em trajetória conhecida, utilizando as grande- zas escalares. Agora, veremos como obter e correlacionar as grandezas vetoriais descritivas de um movimento, mesmo que não sejam conhecidas previamente as trajetórias. Grandezas Escalares – Ficam perfeitamente definidas por seus valores numéricos acompanhados das respectivas unidades de medida. Exemplos: massa, temperatura, volu- me, densidade, comprimento, etc. Grandezas vetoriais – Exigem, além do valor numérico e da unidade de medida, uma direção e um sentido para que fiquem completamente determinadas. Exemplos: desloca- mento, velocidade, aceleração, força, etc. Vetores Para representar as grandezas vetoriais, são utilizados os vetores: entes matemáticos abstratos caracterizados por um módulo, por uma direção e por um sentido. Representação de um vetor – Graficamente, um vetor é representado por um segmento orientado de reta: Elementos de um vetor: • Direção – Dada pela reta suporte (r) do vetor. • Módulo – Dado pelo comprimento do vetor. • Sentido – Dado pela orientação do segmento. • Resultante de vetores (vetor-soma) – Considere um automóvel deslocando-se de A para B e, em se- guida, para C. O efeito desses dois deslocamentos combinados é levar o carro de A para C. Dizemos, então, que o vetor é a soma ou resultante dos vetores e . • Regra do Polígono – Para determinar a resultante dos vetores e , traçamos, como na figura acima, os vetores de modo que a origem de um coincida com a extremidade do outro. O vetor que une a ori- gem de com a extremidade de é o resultante . • Regra do Paralelogramo – Os vetores são dispostos de modo que suas origens coincidam. Traçando-se um paralelogramo, que tenha e como lados, a resultante será dada pela diagonal que parte da origem comum dos dois vetores. • Componentes ortogonais de um vetor – A compo- nente de um vetor, segundo uma dada direção, é a projeção ortogonal (perpendicular) do vetor naquela direção. Decompondo-se um vetor , encontramos suas componentes retangulares, x e y, que con- juntamente podem substituí-lo, ou seja, = x + y. 6 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Componentes da aceleração vetorial Estudo da aceleração tangencial Aceleração tangencial (at ) – é o componente da ace-leração vetorial na direção do vetor velocidade e indica a variação do módulo deste. Possui módulo igual ao da ace- leração escalar: Módulo de at: O módulo da aceleração tangencial é to-talmente igual ao valor absoluto da aceleração. v Direção de at: A direção da aceleração tangencial é para-lela à velocidade vetorial, isto é, tangente à trajetória. Sentido de at: o sentido irá depender do movimento, vejamos: Se o movimento for acelerado, consequentemente o módulo da sua velocidade irá aumentar e sua aceleração tangencial irá ter o mesmo sentido da velocidade vetorial. Vejamos: Se o movimento for retardado, consequentemente o módulo da velocidade irá diminuir e sua aceleração tangen- cial irá ter o sentido oposto ao da velocidade vetorial. Veja- mos: Notação de at: é quando a grandeza vetorial é represen- tada matematicamente. Vejamos: → Efeito at Podemos dizer que a aceleração escalar y, tem uma re- lação direta com a variação da velocidade escalar V, do mó- dulo da velocidade vetorial V. Propriedades: • Quando falamos de movimento uniforme, podemos dizer que a velocidade vetorial apresenta um módu- lo constante, e por isso sua aceleração tangencial é sempre nula, independente da sua trajetória. • Quando falamos de movimento não uniforme, po- demos dizer que a velocidade vetorial apresenta um módulo variável, e por isso sua aceleração tangencial não será sempre nula. • Sempre que um corpo ou um objeto estiver em re- pouso, sua aceleração tangencial será nula. • No instante em que y = 0, a aceleração tangencial será nula, independente de o móvel estar em repou- so ou em movimento. Estudo da aceleração centrípeta Aceleração centrípeta ou normal (c) – é o componen- te da aceleração vetorial na direção do raio de curvatura (R) e indica a variação da direção do vetor velocidade ( ). Tem sentido apontando para o centro da trajetória (por isso, cen- trípeta) e módulo dado por: Sendo que, V é a velocidade escalar e R é o raio de cur- vatura da trajetória. Importante: nos movimentos retilíneos, c é nula porque o móvel não muda de direção nesses movimentos. 7 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Direção de acp: A direção da aceleração centrípeta é con-siderada normal em relação à tangente à trajetória, ou seja, ela é igual a velocidade vetorial. Vejamos: Sentido de acp: O sentido da aceleração centrípeta sem-pre será voltado para o centro da circunferência, osculadora à trajetória, ou seja, direcionado para uma região convexa limitada pela curva. Notação de acp: A função que podemos usar para repre-sentarmos a notação da aceleração centrípeta é: Efeito de acp: Quando falamos de trajetória retilínea, po-demos considerar R ⇒ ∞ e acp= 0. Já quando falamos que a trajetória é curva, podemos dizer que a velocidade vetorial varia em direção e sua aceleração centrípeta nem sempre difere de zero. Notas: • Quando falamos de movimentos retilíneos, pode- mos dizer que a velocidade vetorial apresenta uma direção constante, e com isso, sua aceleração centrí- peta se torna constantemente nula. • Sempre que o móvel estiver em repouso, sua acele- ração centrípeta, será nula. Vetor deslocamento ou deslocamento vetorial entre dois instantes O deslocamento vetorial pode ser representado por d, esse deslocamento é definido entre dois instantes t1 e t2, sendo o vetor P1 e P2, o vetor de origem P1 e extremidade P2. Vejamos: Com isso, o deslocamento vetorial é definido como a diferença entre os vetores posição. Relação entre os módulos do e da variação de espaço (deslocamento escalar) Pensando em uma trajetória arbitrária L, não retilínea e entre as posições P1 e P2, teremos: Notas: • Todo deslocamento escalar é dependente da forma da trajetória; • Todo deslocamento vetorial é independente da for- ma da trajetória; • Toda variação de espaço ou deslocamento escalar, é medido no percurso da trajetória, e com isso, ele irá depender da forma da trajetória; • Como o deslocamento vetorial não depende da for- ma da trajetória, ele irá servir somente para a posi- ção inicial de P1 e para a posição final de P2. Velocidade vetorial média (Vm) A velocidade vetorial média é considerada a razão entre o deslocamento vetorial d e o tempo gasto no intervalo de tempo delta t deste deslocamento. Quando falamos em módulo de Vm, temos: 8 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Orientação de Vm Movimentos Circulares Na Mecânica clássica, movimento circular é aquele em que o objeto ou ponto material se desloca numa trajetória circular. Uma força centrípeta muda de direção o vetor ve- locidade, sendo continuamente aplicada para o centro do círculo. Esta força é responsável pela chamada aceleração centrípeta, orientada para o centro da circunferência-tra- jetória. Pode haver ainda uma aceleração tangencial, que obviamente deve ser compensada por um incremento na intensidade da aceleração centrípeta a fim de que não deixe de ser circular a trajetória. O movimento circular classifica- -se, de acordo com a ausência oua presença de aceleração tangencial, em movimento circular uniforme (MCU) e movi- mento circular uniformemente variado (MCUV). Propriedades e Equações Movimento da Circunferência Uma vez que é preciso analisarmos propriedades an- gulares mais do que as lineares, no movimento circular são introduzidas propriedades angulares como o deslocamen- to angular, a velocidade angular e a aceleração angular e centrípeta. No caso do MCU existe ainda o período, que é propriedade também utilizada no estudo dos movimentos periódicos. O deslocamento angular (indicado por ) se define de modo similar ao deslocamento linear. Porém, ao invés de considerarmos um vetor deslocamento, considera- mos um ângulo de deslocamento. Há um ângulo de refe- rência, adotado de acordo como problema. O deslocamento angular não precisa se limitar a uma medida de circunferên- cia ( ); para quantificar as outras propriedades do mo- vimento circular, será preciso muitas vezes um dado sobre o deslocamento completo do móvel, independentemente de quantas vezes ele deu voltas em uma circunferência. Se for expresso em radianos, temos a relação , onde R é o raio da circunferência e s é o deslocamento linear. Pegue-se a velocidade angular (indicada por ), por exemplo, que é a derivada do deslocamento angular pelo intervalo de tempo que dura esse deslocamento: A unidade é o radiano por segundo. Novamente há uma relação entre propriedades lineares e angulares: , onde é a velocidade linear. Por fim a aceleração angular (indicada por ), somente no MCUV, é definida como a derivada da velocidade angular pelo intervalo tempo em que a velocidade varia: A unidade é o radiano por segundo, ou radiano por se- gundo ao quadrado. A aceleração angular guarda relação somente com a aceleração tangencial e não com a acelera- ção centrípeta: , onde é a aceleração tangen- cial. Como fica evidente pelas conversões, esses valores an- gulares não são mais do que maneiras de se expressar as propriedades lineares de forma conveniente ao movimento circular. Uma vez quer a direção dos vectores deslocamento, velocidade e aceleração modifica-se a cada instante, é mais fácil trabalhar com ângulos. Tal não é o caso da aceleração centrípeta, que não encontra nenhum correspondente no movimento linear. Surge a necessidade de uma força que produza essa aceleração centrípeta, força que é chamada analogamente de força centrípeta, dirigida também ao centro da trajetória. A força centrípeta é aquela que mantém o objeto em movi- mento circular, provocando a constante mudança da direção do vector velocidade. A aceleração centrípeta é proporcional ao quadrado da velocidade angular e ao raio da trajetória: F A função horária de posição para movimentos circu- lares, e usando propriedades angulares, assume a forma: , onde é o deslocamento angular no 9 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS início do movimento. É possível obter a velocidade angular a qualquer instante , no MCUV, a partir da fórmula: Para o MCU define-se período T como o intervalo de tempo gasto para que o móvel complete um deslocamen- to angular em volta de uma circunferência completa ( ). Também define-se frequência (indicada por f) como o nú- mero de vezes que essa volta é completada em determina- do intervalo de tempo (geralmente 1 segundo, o que leva a definir a unidade de frequência como ciclos por segundo ou hertz). Assim, o período é o inverso da frequência: Por exemplo, um objeto que tenha velocidade angular de 3,14 radianos por segundo tem período aproximadamente igual a 2 segundos, e frequência igual a 0,5 hertz. Transmissão do movimento circular Muitos mecanismos utilizam a transmissão de um ci- lindro ou anel em movimento circular uniforme para outro cilindro ou anel. É o caso típico de engrenagens e correias acopladas as polias. Nessa transmissão é mantida sempre a velocidade linear, mas nem sempre a velocidade angular. A velocidade do elemento movido em relação ao mo- tor cresce em proporção inversa a seu tamanho. Se os dois elementos tiverem o mesmo diâmetro, a velocidade angular será igual; no entanto, se o elemento movido for menor que o motor, vai ter velocidade angular maior. Como a velocida- de linear é mantida, e , então: O movimento circular ocorre quando em diversas situa- ções que podem ser tomadas como exemplo: • Uma pedra fixada a um barbante e colocada a girar por uma pessoa descreverá um movimento circular uniforme. • Discos de vinil rodam nas vitrolas a uma frequência de 33 ou 45 rotações por minuto, em MCU. • Engrenagens de um relógio de ponteiros devem ro- dar em MCU com grande precisão, a fim de que não se atrase ou adiante o horário mostrado. • Uma ventoinha em movimento. • Satélites artificiais descrevem uma trajetória aproxi- madamente circular em volta do nosso planeta. • A translação aproximada, para cálculos muito pouco precisos, da Lua em torno do planeta Terra (a excen- tricidade orbital da Lua é de 0,0549). • O movimento de corpos quando da rotação da Terra, como por exemplo, um ponto no equador, moven- do-se ao redor do eixo da Terra aproximadamente a cada 24 horas. Lançamento Horizontal e Oblíquo Movimento Vertical no Vácuo Podemos destacar dois tipos de movimentos verticais no vácuo: a queda livre e o lançamento na vertical. A que- da livre é o abandono de um corpo, a partir do repouso, no vácuo desconsiderando-se a ação da resistência do ar; o lançamento na vertical diz respeito ao lançamento de um corpo para cima ou para baixo, o qual, diferente da queda livre, apresentará velocidade inicial. Os corpos envolvidos nos movimentos verticais estão sujeitos à aceleração da gra- vidade (g), suposta constante, cujo valor é: g = 9,80665 m/ s2. Costuma-se adotar, para a realização de cálculos mate- máticos, g = 10 m/s2. Como o valor da aceleração é consi- derado constante, a queda livre e o lançamento vertical são considerados movimentos retilíneos uniformemente varia- dos (MRUV). Análise Matemática do Movimento Vertical Estudando as características do movimento vertical, podemos dizer que na queda livre o módulo da velocidade escalar aumenta no decorrer do movimento. Concluímos as- sim que o movimento, nesse caso, é acelerado. Entretanto, no lançamento para cima, o módulo da velocidade escalar diminui, de modo que o classificamos como retardado. Uma importante propriedade do lançamento vertical para cima é o fato de a velocidade do móvel ir decrescen- do com o passar do tempo, tornando-se nula quando ele chega ao ponto mais alto da trajetória (altura máxima). Nes- se instante, o móvel muda de sentido, passando a cair em movimento acelerado. Outras considerações que merecem atenção são os sinais da velocidade escalar e da aceleração escalar. Se a orientação da trajetória é para cima, a acele- ração escalar é negativa durante todo o movimento (g < 0). Portanto, o que determina se o corpo sobe ou desce é o sinal da velocidade escalar, que na subida é positivo (v > 0) e na descida negativo (v < 0). Por outro lado, se a orien- tação da trajetória é para baixo, a aceleração é positiva, e o valor da velocidade é negativo na subida (v < 0) e positivo na descida (v > 0). 10 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Observação: As definições sobre o movimento vertical são feitas desconsiderando a resistência do ar. Funções Horárias do Movimento Vertical Como os movimentos verticais são uniformemente va- riados, as funções horárias que os descrevem são iguais às do MUV. Vejamos no esquema abaixo: Observação I: Nas fórmulas acima, v representa a velo- cidade final, vo, a velocidade inicial. O mesmo se aplica a S (espaço final) e So (espaço inicial). Observação II: Vale ressaltar que “a” = “g”, uma vez que se trata da aceleração dagravidade. O sinal de g, como foi dito acima, independe de o corpo subir ou descer, estabe- lecendo relação com a orientação da trajetória. Orientação para cima: g é negativo; orientação para baixo: g é positivo. Lançamento Oblíquo O lançamento oblíquo é um exemplo típico de com- posição de dois movimentos. Galileu notou esta particula- ridade do movimento balístico. Esta verificação se traduz no princípio da simultaneidade: “Se um corpo apresenta um movimento composto, cada um dos movimentos componen- tes se realiza como se os demais não existissem e no mesmo intervalo de tempo”. Composição de Movimentos. O lançamento oblíquo estuda o movimento de corpos, lançados com velocidade inicial V0 da superfície da Terra. Na figura a seguir vemos um exemplo típico de lançamento obliquo realizado por um jogador de golfe. A trajetória é parabólica, como você pode notar na fi- gura acima. Como a análise deste movimento não é fácil, é conveniente aplicarmos o princípio da simultaneidade de Galileu. Veremos que ao projetamos o corpo simultanea- mente no eixo x e y teremos dois movimentos: • Em relação a vertical, a projeção da bola executa um movimento de aceleração constante e de módulo igual a g. Trata-se de um M.U.V. (lançamento ver- tical). • Em relação a horizontal, a projeção da bola executa um M. U. Lançamento Horizontal O lançamento balístico é um exemplo típico de com- posição de dois movimentos. Galileu notou esta particula- ridade do movimento balístico. Esta verificação se traduz no princípio da simultaneidade: “Se um corpo apresenta um movimento composto, cada um dos movimentos componen- tes se realiza como se os demais não existissem e no mesmo intervalo de tempo”. Composição de Movimentos O princípio da simultaneidade poderá ser verificado no Lançamento Horizontal. Um observador no solo, (o que corresponde a nossa po- sição diante da tela) ao notar a queda do corpo do helicóp- tero, verá a trajetória indicada na figura. A trajetória traçada pelo corpo, corresponde a um arco de parábola, que poderá ser decomposta em dois movimentos: 11 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS • A projeção horizontal (x) do móvel descreve um Mo- vimento Uniforme. O vetor velocidade no eixo x se mantém constante, sem alterar a direção, sentido e o módulo. • A projeção vertical (y) do móvel descreve um movi- mento uniformemente variado. O vetor velocidade no eixo y mantém a direção e o sen- tido porém o módulo aumenta a medida que se aproxima do solo. O termo dinâmica significa “forte”. Em física, a dinâmica é um ramo da mecânica que estuda o movimento de um corpo e as causas desse movimento. Em experiências diá- rias podemos observar o movimento de um corpo a partir da interação deste com um (ou mais) corpo(s). Como por exemplo, quando um jogador de tênis dá uma raquetada numa bola, a raquete interage com ela e modifica o seu mo- vimento. Quando soltamos algum objeto a uma certa altura do solo e ele cai, é resultado da interação da terra com este objeto. Esta interação é convenientemente descrita por um conceito chamado força. Os Princípios de dinâmica foram formulados por Galileu e Newton, porém foi Newton que os enunciou da forma que conhecemos hoje. Forças Concorrentes Forças concorrentes são aquelas as componentes for- mam um angulo no ponto de aplicação. O vetor soma em forças concorrentes é representado em intensidade, direção e sentido pela diagonal do para- lelogramo traçado sobre as componentes. A intensidade é graficamente representada pelo tamanho da diagonal em uma escala. Vemos na escala dada que: 1N = 1cm Como: F1= 2,0N, sua representaçãoé um seguimento de 2,0cm F2 = 2,0N, sua representação é um seguimento de 2,0cm Portanto a resultante ou o vetor soma tem intensidade de 2,8N, pois seu tamanho é de 2,8cm Quando as forças concorrentes formam um angulo de 90°, a intensidade do vetor soma pode ser encontrada apli- cando-se o Teorema de Pitagoras, ou seja, pela formula: R2 = F12 + F22R = R2 = 32 + 42 R = R = R = 5N 12 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Sistemas de Forças Concorrentes num Ponto Se as linhas de ação das todas as forças concorrem no mesmo ponto O, o sistema é equivalente a uma única força resultante R que passa por O e coincide com o eixo central. Se o vetor , o sistemas está em equilíbrio. Para calcular o momento do sistema em qualquer ponto Q dife- rente de O aplica-se o teorema de Varignon. Equivalência a zero: . Leis de Newton Em primeiro lugar, para que se possa entender as fa- mosas leis de Newton, é necessário ter o conhecimento do conceito de força. Assim existem alguns exemplos que podem definir tal conceito, como a força exercida por uma locomotiva para arrastar os vagões, a força exercida pelos jatos d’água para que se acione as turbinas ou a força de atração da terra sobre os corpos situados próximo à sua su- perfície. Porém é necessário também definir o seu módulo, sua direção e o seu sentido, para que a força possa ser bem entendida, sendo que o conceito que melhor a defini é uma grandeza vetorial e poderá, portanto ser representada por um vetor. Então podemos concluir que: peso de um corpo é a força com que a terra atrai este corpo. Podemos definir as forças de atração, como aquela em que se tem a necessidade de contato entre os corpos (ação à distância). Para que se possa medir a quantidade de for- ça usada em nossos dias, os pesquisadores estabeleceram a medida de 1 quilograma força = 1 kgf, sendo este o peso de um quilograma-padrão, ao nível do mar e a 45º de latitude. Um dinamômetro, aparelho com o qual se consegue saber a força usada em determinados casos, se monta colocando pesos de 1 kgf, 2 kgf, na extremidade de uma mola, onde as balanças usadas em muitas farmácias contém tal método, onde podemos afirmar que uma pessoa com aproximada- mente 100 Kg, pesa na realidade 100 kgf. Outra unidade para se saber a força usada, também muito utilizada, é o newton, onde 1 newton = 1 N e eqüivale a 1kgf = 9,8 N. Portanto, conforme a tabela, a força de 1 N eqüivale, aproximadamente, ao peso de um pacote de 100 gramas (0,1 kgf). Segundo Aristóteles, ele afirmava que “um corpo só poderia permanecer em movimento se existisse uma força atuando sobre ele. Então, se um corpo estivesse em repouso e nenhuma força atuasse sobre ele, este corpo permaneceria em repouso. Quando uma força agisse sobre o corpo, ele se poria em movimento mas, cessando a ação da força, o corpo voltaria ao repouso” conforme figura abai- xo. A primeira vista tais idéias podem estas certas, porém com o passar do tempo descobriu-se que não eram bem assim. Segundo Galileu, devido às afirmações de Aristóteles, decidiu analisar certas experiências e descobriu que uma es- fera quando empurrada, se movimentava, e mesmo cessan- do a força principal, a mesma continuava a se movimentar por um certo tempo, gerando assim uma nova conclusão sobre as afirmações de Aristóteles. Assim Galileu, verificou que um corpo podia estar em movimento sem a ação de uma força que o empurrasse, conforme figura demonstran- do tal experiência. Galileu repetiu a mesma experiência em uma superfície mais lisa, e chegou a conclusão que o corpo percorria uma distância maior após cessar a ação da força, concluindo que o corpo parava, após cessado o empurrão, em virtude da ação do atrito entre a superfície e o corpo, cujo efeito sempre seria retardar o seu movimento. Segundo a conclusão do próprio Galileu podemos considerar que: se um corpo estiver em repouso, é necessária a ação de uma força sobre ele para colocá-lo em movimento. Uma vez ini- ciado o movimento, cessando a ação das forças que atuam sobre o corpo, ele continuará a se mover indefinidamente, em linha reta, com velocidade constante.Todo corpo que permanece em sue estado de repouso ou de movimento, é considerado segundo Galileu como um corpo em estado de Inércia. Isto significa que se um corpo está em inércia, ele ficará parado até que sob ele seja exer- cida uma ação para que ele possa sair de tal estado, onde se a força não for exercida o corpo permanecerá parado. Já um corpo em movimento em linha reta, em inércia, também deverá ser exercido sob ele uma força para movimentá-lo para os lados, diminuindo ou aumentando a sua velocidade. Vários são os estados onde tal conceito de Galileu pode ser apontado, como um carro considerado corpo pode se movi- mentar em linha reta ou como uma pessoa dormindo estan- do em repouso (por inércia), tende a continuar em repouso. Primeira Lei de Newton A primeira lei de Newton pode ser considerada como sendo uma síntese das idéias de Galileu, pois Newton se ba- seou em estudos de grandes físicos da Mecânica, relativas principalmente a Inércia; por este fato pode-se considerar também a primeira lei de Newton como sendo a lei da Inér- cia. Conforme Newton, a primeira Lei diz que: Na ausência de forças, um corpo em repouso continua em repouso e um corpo em movimento move-se em linha reta, com velocida- de constante. Para que ocorra um equilíbrio de uma partí- cula é necessário que duas forças ajam em um corpo, sendo que as mesmas podem ser substituídas por uma resultante r 13 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS das duas forças exercidas, determinada em módulo, direção e sentido, pela regra principal do paralelogramo. Podemos concluir que: quando a resultante das forças que atuam em um corpo for nula, se ele estiver em repouso continuará em repouso e, se ele estiver em movimento, es- tará se deslocando com movimento retilíneo uniforme. Para que uma partícula consiga o seu real equilíbrio é necessário que: • a partícula esteja em repouso • a partícula esteja em movimento retilíneo uniforme. Segunda Lei de Newton Para que um corpo esteja em repouso ou em movimen- to retilíneo uniforme, é necessário que o mesmo encontre- -se com a resultante das forças que atuam sobre o corpo, nula, conforme vimos anteriormente. Um corpo, sob a ação de uma força única, adquire uma aceleração, isto é, se F dife- rente de 0 temos a (vetor) diferente de 0. Podemos perceber que: • duplicando F, o valor de a também duplica. • triplicando F, o valor de a também triplica. Podemos concluir que: • a força F que atua em um corpo é diretamente pro- porcional à aceleração a que ela produz no corpo, isto é, F α a. • a massa de um corpo é o quociente entre a força que atua no corpo e a aceleração que ela produz nele, sendo: M = F A Quanto maior for a massa de um corpo, maior será a sua inércia, isto é, a massa de um corpo é uma medida de inércia deste corpo. A resultante do vetor a terá sempre a mesma direção e o mesmo sentido do vetor F , quando se aplica uma força sobre um corpo, alterando a sua aceleração. De acordo com Newton, a sua Segunda Lei diz o seguinte: A aceleração que um corpo adquire é diretamente proporcio- nal à resultante das forças que atuam nele e tem a mesma direção e o mesmo sentido desta resultante, sendo uma das leis básicas da Mecânica, utilizada muito na análise dos mo- vimentos que observamos próximos à superfície da Terra e também no estudo dos movimentos dos corpos celestes. Para a Segunda Lei de Newton, não se costuma usar a medida de força de 1 kgf (quilograma-força); sendo utilizado o Sistema Internacional de Unidades (S.I.), o qual é utiliza- do pelo mundo todo, sendo aceito e aprovado conforme decreto lei já visto anteriormente. As unidades podem ser sugeridas, desde que tenham-se como padrões as seguintes medidas escolhidas pelo S.I.: • A unidade de comprimento: 1 metro (1 m) • A unidade de massa: 1 quilograma (1 Kg) • A unidade de tempo: 1 segundo (s) O Sistema MKS, é assim conhecido por ser o Sistema Internacional da Mecânica, de uso exclusivo dessa área de atuação, pelos profissionais. Para as unidades derivadas, são obtidas a partir de unidades fundamentais, conforme des- creve o autor: • De área (produto de dois comprimentos) = 1 m X 1 m X 1 m² • De volume (produto de três comprimentos) = 1 m X 1 m X 1 m = 1 m³ • De velocidade (relação entre comprimento e tempo) = 1m/1s = 1 m/s • De aceleração (entre velocidade e tempo) = 1 m/s/1s = 1 m/s² Podemos definir que: 1 N = 1 g m/s², ou seja, 1 N é a força que, atuando na massa de 1 Kg, imprime a esta massa a aceleração de 1 m/s². Para a Segunda Lei de Newton, de- ve-se usar as seguintes unidades: • R (em N) • m (em kg) • a(em m/s²) Terceira Lei de Newton Segundo Newton, para que um corpo sofra ação é necessário que a ação provocada para tal movimentação, também seja provocada por algum outro tipo de força. Tal definição ocorreu segundo estudos no campo da Dinâmica. Além disso, Newton, percebeu também que na interação de dois corpos, as forças sempre se apresentam aos pares: para cada ação de um corpo sobre outro existirá sempre uma ação contraria e igual deste outro sobre o primeiro. Pode- mos concluir que: Quando um corpo A exerce uma força sobre um corpo B, o corpo B reage sobre A com uma força de mesmo módulo, mesma direção e de sentido contrário. As forças de ação e reação são enunciadas conforme a terceira lei de Newton, sendo que a ação está aplicada em um corpo, e a reação está aplicada no corpo que provocou a ação, isto é, elas estão aplicadas em corpos diferentes. As forças de ação e reação não podem se equilibrar segundo Newton, porque para isso, seria necessário que elas estives- sem aplicadas em um mesmo corpo, o que nunca acontece. Podemos considerar o atrito, como sendo a tendência de um corpo não se movimentar em contato com a superfície. O corpo em repouso indica que vai continuar em repouso, pois as forças resultantes sobre o corpo é nula. Porém deve existir uma força que atuando no corpo faz com que ele per- maneça em repouso, sendo que este equilíbrio (corpo em repouso e superfície) é consequência direta do atrito, de- nominada de força de atrito. Podemos então perceber que existe uma diferença muito grande entre atrito e força de atrito. Podemos definir o atrito como: a força de atrito está- tico f, que atua sobre um corpo é variável, estando sem- pre a equilibrar as forças que tendem a colocar o corpo em movimento. A força de atrito estático cresce até um valor máximo. Este valor é dado em micras, onde a micras é o coe- 14 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS ficiente de atrito estático entre as superfícies. Toda força que atua sobre um corpo em movimento é denominada de força de atrito cinético. Pequena biografia de Isaac Newton: Após a morte de Galileu, em 1642, nascia uma na pequena cidade da Inglaterra, Issac Newton, grande físico e matemático que formulou as leis básicas da Mecânica. Foi criado por sua avó sendo abandonado quando ain- da criança, pela mãe, marcando a vida de Newton pelo seu temperamento tímido, introspectivo, intolerante que o ca- racterizou quando adulto. Com a morte de seu padrasto, é solicitado a assumir a fazenda da família, demonstrando pouco interesse, tornando-se num verdadeiro fracasso. Aos 18 anos, em 1661, Newton é enviado ao Trinity Col- lege da Universidade de Cambridge (próximo a Londres), para prosseguir seus estudos. Dedicou-se primeiramente ao estudo da Matemática e em 1664, escrevia seu primei- ro trabalho (não publicado) com apenas 21 anos de idade, sob a forma de anotações, denominado “Algumas Questões Filosóficas”. Em 1665, com o avanço da peste negra (peste bubônica), newtom retornou a sua cidade natal, refugiando- -se na tranqüila fazenda de sua família, onde permaneceu por 18 meses, até que os males da peste fossem afastados, permitindoo seu retorno a Cambridge. Alguns trabalhos executados por Newton durante seu refúgio: • Desenvolvimento em série da potência de um binô- mio ensinado atualmente nas escolas com o nome de “binômio de Newton”. • Criação e desenvolvimento das bases do Cálculo Di- ferencial e do Cálculo Integral, uma poderosa ferra- menta para o estudo dos fenômenos físicos, que ele próprio utilizou pela primeira vez. • Estudo de alguns fenômenos óticos, que culminaram com a elaboração de uma teoria sobre as cores dos corpos. • Concepção da 1º e da 2º leis do movimento (1º e 2º leis de Newton), lançando, assim, as bases da Me- cânica. • Desenvolvimento das primeiras idéias relativas à Gravidade Universal. Em 1667, retornando a Cambridge, dedicou-se a de- senvolver as ideias que havia concebido durante o tempo que permaneceu afastado da Universidade. Aos 50 anos de idade Newton, abandonava a carreira universitária em bus- ca de uma profissão mais rendosa. Em 1699 foi nomeado diretor da Casa da Moeda de Londres, recebendo venci- mentos bastante elevados, que tornaram um homem rico. Neste cargo, desempenhou brilhante missão, conseguindo reestruturar as finanças inglesas, então bastante abaladas. Foi membro do Parlamento inglês, em 1705, aos 62 anos de idade, sagrando-se cavaleiro pela rainha da Inglaterra, o que lhe dava condição de nobreza e lhe conferia o título de “Sir”, passando a ser tratado como Sir Issac Newton. Até 1703 até a sua morte em 1727, Newton permaneceu na presidência da Real Academia de Ciências de Londres. Com a modéstia própria de muitos sábios, Newton afirmava que ele conse- guiu enxergar mais longe do que os outros colegas porque se apoiou em “ombros de gigantes”. Aplicações Envolvendo Forças de Atrito Podemos perceber a existência da força de atrito e en- tender as suas características através de uma experiência muito simples. Tomemos uma caixa bem grande, colocada no solo, contendo madeira. Podemos até imaginar que, à menor força aplicada, ela se deslocará. Isso, no entanto, não ocorre. Quando a caixa ficar mais leve, à medida que formos retirando a madeira, atingiremos um ponto no qual conse- guiremos movimentá-la. A dificuldade de mover a caixa é devida ao surgimento da força de atrito Fat entre o solo e a caixa. Várias experiências como essa levam-nos às seguintes propriedades da força de atrito (direção, sentido e módulo): • Direção: As forças de atrito resultantes do contato entre os dois corpos sólidos são forças tangenciais à superfície de contato. No exemplo acima, a direção da força de atrito é dada pela direção horizontal. Por exemplo, ela não aparecerá se você levantar a caixa. • Sentido: A força de atrito tende sempre a se opor ao movimento relativo das superfícies em contato. As- sim, o sentido da força de atrito é sempre o sentido contrário ao movimento relativo das superfícies • Módulo: Sobre o módulo da força de atrito cabem aqui alguns esclarecimentos: enquanto a força que empurra a caixa for pequena, o valor do módulo da força de atrito é igual à força que empurra a caixa. Ela anula o efeito da força aplicada. Uma vez iniciado o movimento, o módulo da força de atrito é propor- cional à força (de reação) do plano-N. 15 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Escrevemos: O coeficiente é conhecido como coeficiente de atrito. Como a força de atrito será tanto maior quanto maior for , vê-se que ele expressa propriedades das superfícies em con- tato (da sua rugosidade, por exemplo). Em geral, devemos considerar dois coeficientes de atrito: um chamado cinemá- tico e outro, estático, . Em geral, , refletindo o fato de que a força de atrito é ligeiramente maior quando o corpo está a ponto de se deslocar (atrito estático) do que quando ela está em movimento (atrito cinemático). O fato de a força de atrito ser proporcional à força de reação normal representa a observação de que é mais fácil empurrar uma caixa à medida que a vamos esvaziando. Re- presenta também por que fica mais difícil empurrá-la depois que alguém se senta sobre ela (ao aumentar o peso N tam- bém aumenta). Podemos resumir o comportamento do módulo da for- ça de atrito em função de uma força externa aplicada a um corpo, a partir do gráfico ao lado. Note-se nesse gráfico que, para uma pequena força aplicada ao corpo, a força de atrito é igual à mesma. A força de atrito surge tão somente para impedir o movimento. Ou seja, ela surge para anular a força aplicada. No entanto, isso vale até um certo ponto. Quando o módulo da força aplica- da for maior do que o corpo se desloca. Esse é o valor máximo atingido pela força de atrito. Quando o corpo se desloca, a força de atrito diminui, se mantém constante e o seu valor é Origem da Força de Atrito A força de atrito se origina, em última análise, de forças interatômicas, ou seja, da força de interação entre os áto- mos. Quando as superfícies estão em contato, criam-se pon- tos de aderência ou colagem (ou ainda solda) entre as su- perfícies. É o resultado da força atrativa entre os átomos próximos uns dos outros. Se as superfícies forem muito rugosas, a força de atrito é grande porque a rugosidade pode favorecer o aparecimento de vários pontos de aderência. Isso dificulta o deslizamento de uma superfície sobre a outra. Assim, a eliminação das imperfeições (polindo as su- perfícies) diminui o atrito. Mas isto funciona até um certo ponto. À medida que a superfície for ficando mais e mais lisa o atrito aumenta. Aumenta-se, no polimento, o número de pontos de “solda”. Aumentamos o número de átomos que interagem entre si. Pneus “carecas” reduzem o atrito e, por isso, devem ser substituídos. No entanto, pneus muito lisos (mas bem constituídos) são utilizados nos carros de corrida. Força de Atrito no Cotidiano A força de atrito é muito comum no nosso mundo físico. É ela que torna possível o movimento da grande maioria dos objetos que se movem apoiados sobre o solo. Vamos dar três exemplos: Movimento dos Animais Os animais usam as patas ou os pés (o caso do homem) para se movimentar. O que esses membros fazem é compri- mir o solo e forçá-lo ligeiramente para trás. Ao fazê-lo surge a força de atrito. Como ela é do contra (na direção contrária ao movimento), a força de atrito surge nas patas ou pés im- pulsionando os animais ou o homem para frente. Movimento dos Veículos a motor As rodas dos veículos, cujo movimento é devido à quei- ma de combustível do motor, são revestidas por pneus. A função dos pneus é tirar o máximo proveito possível da for- ça de atrito (com o intuito de tirar esse proveito máximo, as equipes de carros de corrida trocam frequentemente os pneus). Os pneus, acoplados às rodas, impulsionam a Terra para trás. O surgimento da força de atrito impulsiona o veículo para frente. Quando aplicamos o freio vale o mesmo raciocínio an- terior e a força de atrito atua agora no sentido contrário ao do movimento do veículo como um todo. Impedindo a Derrapagem A força de atrito impede a derrapagem nas curvas, isto é, o deslizamento de uma superfície - dos pneus - sobre a outra (o asfalto). Momento linear, conservação do momento linear, impulso e variação do momento linear O Momento linear (também chamado de quantidade de movimento linear ou momentum linear, a que a linguagem popular chama, por vezes, balanço ou “embalo”) é uma das 16 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS duas grandezas físicas fundamentais necessárias à correta descrição do inter-relacionamento (sempre mútuo) entre dois entes ou sistemas físicos. A segunda grandeza é a ener- gia. Os entes ou sistemas em interação trocam energia e momento, mas o fazem de forma que ambas as grandezas sempre obedeçam à respectiva lei de conservação. Em mecânica clássicao momento linear é definido pelo produto entre massa e velocidade de um corpo. É uma gran- deza vetorial, com direção e sentido, cujo módulo é o pro- duto da massa pelo módulo da velocidade, e cuja direção e sentido são os mesmos da velocidade. A quantidade de movimento total de um conjunto de objetos permanece inalterada, a não ser que uma força externa seja exercida sobre o sistema. Esta propriedade foi percebida por Newton e publicada na obra Philosophiæ Naturalis Principia Mathe- matica, na qual Newton define a quantidade de movimento e demonstra a sua conservação. Particularmente importante não só em mecânica clás- sica como em todas as teorias que estuam a dinâmica de matéria e energia (relatividade, mecânica quântica, etc.), é a relação existente entre o momento e a energia para cada um dos entes físicos. A relação entre energia e momento é ex- pressa em todas as teorias dinâmicas, normalmente via uma relação de dispersão para cada ente, e grandezas importan- tes como força e massa têm seus conceitos diretamente re- lacionados com estas grandezas. Fórmulas Na física clássica, a quantidade de movimento linear ( ) é definida pelo produto de massa ( ) e velocidade ( ). O valor é constante em sistemas nos quais não há forças externas atuando. Mesmo em uma colisão inelástica - onde a conservação da energia mecânica não é observada - a conservação do momento linear permanece válida se sobre o sistema não atuar força externa resultante. A unidade da quantidade de movimento linear no SI é o quilograma.metro por segundo(kg.m/s). Sistema mecânico Diz-se que um sistema está mecanicamente isolado quando o somatório das forças externas é nulo. Consideremos um casal patinando sobre uma pista de gelo, desprezando os efeitos do ar e as forças de atrito entre a pista e as botas que eles estão usando. Veja que na verti- cal, a força peso é equilibrada com a normal, ou seja P = N, tanto no homem quanto na mulher, e neste eixo as forças se cancelam. Mesmo que o casal resolva empurrar um ao outro (a terceira lei de newton garante que o empurrão é sempre mútuo), não haverá força externa resultante uma vez que a força externa expressa a interação de um ente pertencente ao sistema com outro externo ao sistema: apesar de haver força resultante tanto no homem como sobre a mulher, am- bos estão dentro do sistema em questão, e estas forças são forças internas ao mesmo. Na ausência de forças externas há conservação do momento linear do sistema. A conservação do momento linear permite calcular a razão entre a veloci- dade do homem e a velocidade da mulher após o empurrão, conhecidas as suas massas e velocidades iniciais: Como o momento total deve ser conservado, a variação da velocida- de do homem é VH = − MM / MHVM, onde VM é a variação da velocidade da mulher. A variação da quantidade de movimento é chamada Im- pulso. Fórmula: I = ΔP = Pf − Po I = Impulso, a unidade usada é N.s (Newton vezes se- gundo) Lei da Variação do Momento Linear (ou da Variação da Quantidade de Movimento) O impulso de uma força constante que actua num corpo durante um intervalo de tempo é igual à variação do mo- mento linear desse corpo, nesse intervalo de tempo, ou seja, Princípio da Conservação do Momento Linear Quando dois ou mais corpos interagem, o momento li- near desse sistema (conjunto dos corpos) permanece cons- tante: Colisões entre partículas, elásticas e inelásticas, uni e bidimensionais Empregamos o termo de colisão para representar a si- tuação na qual duas ou mais partículas interagem durante um tempo muito curto. Supomos que as forças impulsivas devidas a colisão são muito maiores que qualquer outra for- ça externa presente. O momento linear total é conservado nas colisões. No entanto, a energia cinética não se conserva devido a que parte da energia cinética se transforma em energia térmica e em energia potencial elástica interna quando os corpos se deformam durante a colisão. Definimos colisão inelástica como a colisão na qual não se conserva a energia cinética. Quando dois objetos que chocam e ficam juntos depois do choque dizemos que a co- 17 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS lisão é perfeitamente inelástica. Por exemplo, um meteorito que se choca com a Terra. Em uma colisão elástica a energia cinética se conserva. Por exemplo, as colisões entre bolas de bilhar são aproxi- madamente elásticas. A nível atômico as colisões podem ser perfeitamente elásticas. A grandeza Q é a diferença entre as energias cinéticas depois e antes da colisão. Q toma o valor zero nas colisões perfeitamente elásticas, porém pode ser menor que zero se no choque se perde energia cinética como resultado da de- formação, ou pode ser maior que zero, se a energia cinética das partículas depois da colisão é maior que a inicial, por exemplo, na explosão de uma granada ou na desintegra- ção radiativa, parte da energia química ou energia nuclear se converte em energia cinética dos produtos. Coeficiente de Restituição Foi encontrado experimentalmente que em uma colisão frontal de duas esferas sólidas como as que experimentam as bolas de bilhar, as velocidades depois do choque estão relacionadas com as velocidades antes do choque, pela ex- pressão onde e é o coeficiente de restituição e tem um valor en- tre 0 e 1, relação foi proposta por Newton . O valor de um é para um choque perfeitamente elástico e o valor de zero para um choque perfeitamente inelástico. O coeficiente de restituição é a razão entre a velocidade relativa de afastamento depois do choque, e a velocidade relativa de aproximação antes do choque das partículas. Colisão Elástica Para dois corpos A e B em colisão elástica, não há perda de energia cinética (conservação da energia) entre os ins- tantes antes e depois do choque. As energias cinéticas são escritas como A quantidade de movimento é conservada por ser nulo o somatório das forças externas e para os dois corpos A e B os seus momentos lineares antes e depois da colisão são dados por: Colocando-se as massas mA e mB em evidência, temos podendo ser escrito como Reescrevendo a primeira equação após colocarmos as massas em evidência tem-se Dividindo-se a segunda equação pela terceira equação encontramos em termos das velocidades relativas antes e depois do choque, a quarta equação terá a forma Para o cálculo da colisão elástica, empregamos a primei- ra e a quinta equação em conjunto. A relação entre a velo- cidade relativa dos dois corpos depois do choque e a velo- cidade relativa dos corpos antes do choque é denominada coeficiente de restituição e, mostrado na sexta equação. O coeficiente de restituição “e” assume sempre o valor e = 1 para a colisão perfeitamente elástica. Colisão Inelástica Para dois corpos A e B em colisão inelástica, há perda de energia cinética, mas conservando-se a energia mecânica. Após o choque, os corpos deslocam-se em conjunto com velocidades finais iguais e um coeficiente de restituição e = 0. Como é válida a conservação da quantidade de movi- mento O que é importante relembrar? As colisões são divi- didas em dois grupos: as Elásticas e as Inelásticas (essa sub- 18 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS divida em colisões inelásticas e perfeitamente inelásticas). A colisão inelástica tem como característica o fato do momen- to linear do sistema se conservar, mas a energia cinética do sistema não. A colisão elástica tem como propriedade o fato de tanto o momento linear como a energia cinética do sis- tema se conservarem. Estudo das Colisões Quando dois corpos colidem como, por exemplo, no choque entre duas bolas de bilhar, pode acontecer que a direção do movimento dos corpos não seja alterada pelo choque, isto é, eles se movimentam sobre umamesma reta antes e depois da colisão. Quando isso acontece, dizemos que ocorreu uma colisão unidimensional. Entretanto, pode ocorrer que os corpos se movimentem em direções diferentes, antes ou depois da colisão. Nesse caso, a colisão é denominada de colisão bidimensional. Para uma colisão unidimensional entre duas partículas, temos que: Conceito de Trabalho Se denomina trabalho infinitesimal, ao produto escalar do vetor força pelo vetor deslocamento. Onde Ft é a componente da força ao longo do deslo-camento, ds é o módulo do vetor deslocamento dr, e q o ângulo que forma o vetor força com o vetor deslocamento. O trabalho total ao longo da trajetória entre os pontos A e B é a soma de todos os trabalhos infinitesimais Seu significado geométrico é a área sob a representação gráfica da função que relaciona a componente tangencial da força Ft, e o deslocamento s. Exemplo: Calcular o trabalho necessário para alongar uma mola 5 cm, se a constante da mola é 1000 N/m. A força necessária para deformar uma mola é F=1000·x N, onde x é a deformação. O trabalho desta força é calculado mediante a integral A área do triângulo da figura é (0.05·50)/2=1.25 J Quando a força é constante, o trabalho é obtido multi- plicando a componente da força ao longo do deslocamento pelo deslocamento. W=Ft·s Exemplo: Calcular o trabalho de uma força constante de 12 N, cujo ponto de aplicação se translada 7 m, se o ângulo entre as direções da força e do deslocamento são 0º, 60º, 90º, 135º, 180º. 19 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS • Se a força e o deslocamento tem o mesmo sentido, o trabalho é positivo • Se a força e o deslocamento tem sentidos contrários, o trabalho é negativo • Se a força é perpendicular ao deslocamento, o tra- balho é nulo. Conceito de Energia Cinética Suponhamos que F é a resultante das forças que atuam sobre uma partícula de massa m. O trabalho desta força é igual a diferença entre o valor final e o valor inicial da ener- gia cinética da partícula. Na primeira linha aplicamos a segunda lei de Newton; a componente tangencial da força é igual ao produto da mas- sa pela aceleração tangencial. Na segunda linha, a aceleração tangencial at é igual a derivada do módulo da velocidade, e o quociente entre o deslocamento ds e o tempo dt gasto em deslocar-se é igual a velocidade v do móvel. Define-se energia cinética pela expressão O teorema do trabalho-energia indica que o trabalho da resultante das forças que atuam sobre uma partícula modifi- ca sua energia cinética. Exemplo: Achar a velocidade com a qual sai uma bala depois de atravessar uma tabela de 7 cm de espessura e que opõe uma resistência constante de F=1800 N. A velocidade inicial da bala é de 450 m/s e sua massa é de 15 g. O trabalho realizado pela força F é -1800·0.07=-126 J A velocidade final v é Força Conservativa - Energia Potencial Uma força é conservativa quando o trabalho de desta força é igual a diferença entre os valores inicial e final de uma função que só depende das coordenadas. A dita função é denominada energia potencial. O trabalho de uma força conservativa não depende do caminho seguido para ir do ponto A ao ponto B. O trabalho de uma força conservativa ao longo de um caminho fechado é zero. Exemplo: Sobre uma partícula atua a força F=2xyi+x2j N Calcular o trabalho efetuado pela força ao longo do ca- minho fechado ABCA. • A curva AB é um ramo de parábola y=x2/3. • BC é o segmento de reta que passa pelos pontos (0,1) e (3,3) e • CA é a porção do eixo Y que vai desde a origem ao ponto (0,1) O trabalho infinitesimal dW é o produto escalar do vetor força pelo vetor deslocamento dW=F·dr=(Fxi+Fyj)·(dxi+dyj)=Fxdx+Fydy As variáveis x e y são relacionadas através da equação da trajetória y=f(x), e os deslocamentos infinitesimais dx e dy são relacionadas através da interpretação geométrica da derivada dy=f’(x)·dx. onde f’(x) quer dizer, derivada da fun- ção f(x) relativo a x. 20 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Vamos calcular o trabalho em cada um dos ramos e o trabalho total no caminho fechado. - Ramo AB Trajetória y=x2/3, dy=(2/3)x·dx. - Ramo BC A trajetória é a reta que passa pelos pontos (0,1) e (3,3). Se trata de uma reta de inclinação 2/3 e cuja ordenada na origem é 1. y=(2/3)x+1, dy=(2/3)·dx - Ramo CA A trajetória é a reta x=0, dx=0, A força F=0 e por tanto, o trabalho WCA=0O trabalho total WABCA=WAB+WBC+WCA=27+(-27)+0=0 O Peso é uma Força Conservativa Calculemos o trabalho da força peso F=-mg j quando o corpo se desloca da posição A cuja ordenada é yA até a posição B cuja ordenada é yB. A energia potencial Ep correspondente a força conserva-tiva peso tem a forma funcional Onde c é uma constante aditiva que nos permite estabe- lecer o nível zero da energia potencial. A Força que exerce uma Mola é Conservativa Como vemos na figura quando um mola se deforma x, exerce uma força sobre a partícula proporcional a deforma- ção x e de sinal contrária a esta. Para x>0, F=-kx Para x<0, F=kx O trabalho desta força é, quando a partícula se desloca da posição xA a posição xB é A função energia potencial Ep correspondente a força conservativa F vale O nível zero de energia potencial é estabelecido do se- guinte modo: quando a deformação é zero x=0, o valor da energia potencial é tomado zero, Ep=0, de modo que a cons-tante aditiva vale c=0. Princípio de Conservação da Energia Se somente uma força conservativa F atua sobre uma partícula, o trabalho desta força é igual a diferença entre o valor inicial e final da energia potencial 21 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Como vimos no relato anterior, o trabalho da resultante das forças que atua sobre a partícula é igual a diferença en- tre o valor final e inicial da energia cinética. Igualando ambos trabalhos, obtemos a expressão do princípio de conservação da energia EkA+EpA=EkB+EpB A energia mecânica da partícula (soma da energia po- tencial mais cinética) é constante em todos os pontos de sua trajetória. Comprovação do Princípio de Conservação da Ener- gia Um corpo de 2 kg é deixado cair desde uma altura de 3 m. Calcular • A velocidade do corpo quando está a 1 m de altura e quando atinge o solo, aplicando as fórmulas do movimento retilíneo uniformemente acelerado • A energia cinética, potencial e total nestas posições Tomar g=10 m/s2 - Posição inicial x=3 m, v=0. Ep=2·10·3=60 J, Ek=0, EA=Ek+Ep=60 J - Quando x=1 m Ep=2·10·1=20 J, Ek=40, EB=Ek+Ep=60 J - Quando x=0 m Ep=2·10·0=0 J, Ek=60, EC=Ek+Ep=60 J A energia total do corpo é constante. A energia poten- cial diminui e a energia cinética aumenta. Forças não Conservativas Para darmos conta do significado de uma força não con- servativa, vamos compará-la com a força conservativa peso. O Peso é uma Força Conservativa. Calculemos o trabalho da força peso quando a partícula se translada de A para B, e continuando quando se translada de B para A. WAB=mg x WBA=-mg xO trabalho total ao longo do caminho fechado A-B-A, WABA é zero. A Força de Atrito é uma Força não Conservativa Quando a partícula se move de A para B, ou de B para A a força de atrito é oposta ao movimento, o trabalho é ne- gativo por que a força é de sinal contrário ao deslocamento 22 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS WAB=-Fr x WBA=-Fr xO trabalho total ao longo do caminho fechado A-B-A, WABA é diferente de zero WABA=-2Fr x De um modo geral, a energia pode ser definida como capacidade de realizar trabalho ou como o resultado da rea- lização de um trabalho. Na prática, a energia pode ser me- lhor entendida do que definida. Quando se olha para o Sol, tem-se a sensação de que eleé dotado de muita energia, devido à luz e ao calor que emite constantemente. A humanidade tem procurado usar a energia que a cer- ca e a energia do próprio corpo, para obter maior conforto, melhores condições de vida, maior facilidade de trabalho, etc. Para a fabricação de um carro, de um caminhão, de uma geladeira ou de uma bicicleta, é preciso Ter disponível muita energia elétrica, térmica e mecânica. A energia elétrica é muito importante para as indústrias, porque torna possível a iluminação dos locais de trabalho, o acionamento de motores, equipamentos e instrumentos de medição. Para todas as pessoas, entre outras aplicações, serve para iluminar as ruas e as casas, para fazer funcionar os apa- relhos de televisão, os eletrodomésticos e os elevadores. Por todos esses motivos, é interessante converter outras formas de energia em energia elétrica. Energia Cinética A energia que um corpo adquire quando está em movi- mento chama-se energia cinética. A energia cinética depen- de de dois fatores: da massa e da velocidade do corpo em movimento. Potencial É um tipo de energia que o corpo armazena, quando está a uma certa distância de um referencial de atração gra- vitacional ou associado a uma mola. Energia Cinética Qualquer corpo que possuir velocidade terá energia cinética. A equação matemática que a expressa é: Teorema da energia cinética O trabalho realizado pela resultante de todas as forças aplicadas a uma partícula durante certo intervalo de tempo é igual à variação de sua energia cinética, nesse intervalo de tempo. tR,AB = m.v2B/2 - m.v2A/2 = [DEcin.]A==>B HIDROSTÁTICA: Massa Específica e Densidade A massa específica (m ) de uma substância é a razão entre a massa (m) de uma quantidade da substância e o vo- lume (V) correspondente: Uma unidade muito usual para a massa específica é o g/ cm3 , mas no SI a unidade é o kg/m3 . A relação entre elas é a seguinte: Assim, para transformar uma massa específica de g/cm3 para kg/m3, devemos multiplicá-la por 1.000 . Na tabela a seguir estão relacionadas as massas específicas de algumas substâncias. Substância Água 1,0 1.000 Gelo 0,92 920 Álcool 0,79 790 Ferro 7,8 7.800 Chumbo 11,2 11.200 Mercúrio 13,6 13.600 Observação: É comum encontrarmos o termo densida- de (d) em lugar de massa específica (m ). Usa-se “densida- de” para representar a razão entre a massa e o volume de objetos sólidos (ocos ou maciços), e “massa específica”para líquidos e substâncias. A densidade absoluta de uma substância é definida como a relação entre a sua massa e o seu volume. A densidade relativa é a relação entre a densidade ab- soluta de um material e a densidade absoluta de uma subs- tância estabelecida como padrão. No cálculo da densidade relativa de sólidos e líquidos, o padrão usualmente escolhi- do é a densidade absoluta da água, que é igual a 1,000 kg/ dm³ (equivalente a 1,000 g/cm³) a 4°C. A massa específica (m) de uma substância é a razão en- tre a massa (m) de uma quantidade da substância e o volu- me (V) correspondente, ou seja, é representado pelo mesmo cálculo da densidade. Obviamente, é comum o termo densidade (d) em lugar de massa específica (m )... Uma explicação que encontrei se- ria que se usaria “densidade” para representar a razão entre a massa e o volume de objetos sólidos (ocos ou maciços), e “massa específica”para líquidos e soluções. Mas se assim fosse, não poderíamos falar densidade da água, mas so- mente massa específica. Curiosamente já encontrei também massa específica se referindo a solo, que não é líquido. Em 23 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS termos gerais, a principal diferença observada que densida- de é um conceito mais usado na química e massa específica na física (hidrostática). CONCEITO DE PRESSÃO, PRESSÃO EM UM FLUIDO UNIFORME EM EQUILÍBRIO Muitas pessoas pensam que pressão é sinônimo de fôr- ça. Pressão, no entanto, leva em conta não apenas a fôrça que você exerce mas também a área em que a fôrça atua. Um bloco de 1 decímetro quadrado por dois decímetros de altura, pesando 4 kg. O pêso do bloco é distribuído sobre uma área de 1dm2, de modo que exerce uma pressão de 4kg por decímetro quadrado. Se o bloco estiver apoiado na face lateral de modo que a área em contato com a mesa seja de 2 dm2, a pressão será de 2kg por dm2. Um pneu de automóvel, de cerca de 20 centímetros de largura tem uma grande superfície em contato com o chão. Com esse pneu um carro pesado roda mais suavemente que com um pneu menor que exigiria maior pressão. Pressão = Força / Área. (A) O peso do bloco (4 kg), distribuído em 1 dm2, exerce uma pressão de 4 kg por dm2. (B) Qual é a pressão? (A) representa um homem de 80kg tentando andar em areia movediça. Seu peso produz gran- de pressão porque a área dos seus sapatos é pequena e ele afunda na areia. Se ele se deitar de costas seu peso atuará sobre uma área maior causando pressão muito menor e ele não afundará. Pressão e Área. (A) Quando o homem tenta ficar de pé na areia movediça, ele afunda porque seu peso causa uma grande pressão na pequena área de seus sapatos. (B) Quan- do se deita na areia ele não afunda porquê seu peso atua numa área maior e a pressão que ele exerce é menor. Um veículo perigoso tem as rodas formadas por gran- des sacos cheios de ar com uma pressão 8 vezes que o dos pneus de um jipe. Os sacos podem sustentar o enorme peso do veículo porquê têm uma grande área em contato com o solo. O veículo anda facilmente nas piores estradas porque os sacos amortecem os choques ou solavancos. Uma patinadora de gelo produz uma pressão de 45kg por cm2 em vista da pequena área da lâmina do patim. A moça está patinando no gelo com patins que se apóiam so- bre uma lâmina estreita, seu peso causa enorme pressão. Pressão é a força dividida pela área. Exemplo: Uma caixa pesando 150kg mede 1,20m de comprimento por 0,5m de largura. Que pressão exerce ela sôbre o chão? 120 kg = peso da caixa; 0,5 m = largura da caixa; 1,2 m = comprimento da caixa. Determinar a pressão. LÍQUIDOS EM EQUILÍBRIO EM UM CAMPO GRAVITACIONAL UNIFORME, PRINCÍPIOS DE PASCAL E DE ARQUIMEDES Princípio de Arquimedes Todo corpo imerso, total ou parcialmente, num fluido em equilíbrio, sofre a ação de uma força vertical, para cima, aplicada pelo fluido. Essa força é denominada empuxo , cuja intensidade é igual ao peso do fluido deslocado pelo corpo. E = Pfd = mfd . g E = df . Vfd . g Assim, quando um barco está flutuando na água, em equilíbrio, ele está recebendo um empuxo cujo valor é igual ao seu próprio peso, isto é, o peso do barco está sendo equi- librado pelo empuxo que ele recebe da água: E = P. Aplicação Um mergulhador e seu equipamento têm massa total de 80kg. Qual deve ser o volume total do mergulhador para que o conjunto permaneça em equilíbrio imerso na água? Solução: Dados: g = 10m/s2; dágua = 103kg/m3; m = 80kg. Como o conjunto deve estar imerso na água, o volume de líquido deslocado (Vld) é igual ao volume do conjunto (V). Condição de equilíbrio: E = P d . Vld . g = m . g103 x V x 10 = 80 x 10 V = 8 x 10-2m3 Princípio de Pascal Quando um ponto de um líquido em equilíbrio sofre uma variação de pressão, todos os outros pontos do líquido também sofrem a mesma variação. 24 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Dois recipientes ligados pela base são preenchidos por um líquido (geralmente óleo) em equilíbrio. Sobre a super- fície livre do líquido são colocados êmbolos de áreas S1 e S2. Ao aplicar uma força F1 ao êmbolo de área menor, o êmbolo maior ficará sujeito a uma força F2, em razão da transmissão do acréscimo de pressão p. Segundo o Princípio de Pascal: Importante: o Princípio de Pascal é largamente utilizado na construção de dispositivos ampliadores deforça – maca- co hidráulico, prensa hidráulica, direção hidráulica, etc. Aplicação Numa prensa hidráulica, as áreas dos êmbolos são SA = 100cm2 e SB = 20cm2. Sobre o êmbolo menor, aplica-se uma força de intensidade de 30N que o desloca 15cm. Determine: a intensidade da força que atua sobre o êmbolo maior; o deslocamento sofrido pelo êmbolo maior. Solução: Pelo Princípio de Pascal: O volume de líquido transferido do êmbolo menor para o maior é o mesmo: EQUILÍBRIO DE CORPOS FLUTUANTES Quando um corpo emerge na superfície da água, ele passa a deslocar um menor volume de água. De acordo com o Princípio de Arquimedes, seu empuxo (que antes era maior do que seu peso) diminui. O bloco ficará em equilíbrio de flutuação na superfície da água quando a força de empu- xo for exatamente igual ao peso. Dizemos que o corpo ficará flutuando em equilíbrio estático. Ocasionalmente, algumas embarcações ou navios po- dem ser modificadas, introduzindo-se mastros maiores ou canhões mais pesados; nestes casos, eles se tornam mais pesados e tendem a emborcar em mares mais agitados. Os “icebergs” muitas vezes também viram quando derretem parcialmente. Estes fatos sugerem que, além das forças, os torques destas forças também são importantes para o estu- do do equilíbrio de flutuação. Quando um corpo está flutuando em um líquido, ele está sujeito à ação de duas forças de mesma intensidade, mesma direção (vertical) e sentidos opostos: a força-peso e o empuxo. Os pontos de aplicação dessas forças são, res- pectivamente, o centro de gravidade do corpo G e o centro de empuxo C, que corresponde ao centro de gravidade do líquido deslocado ou centro de empuxo. Se o centro de gravidade G coincide com o centro de empuxo C, situação mais comum quando o corpo está total- mente mergulhado, o equilíbrio é indiferente, isto é, o corpo permanece na posição em que for colocado. Quando um corpo flutua parcialmente imerso no flui- do e se inclina num pequeno ângulo, o volume da parte da água deslocada se altera e, portanto, o centro de empuxo muda de posição. Para que um objeto flutuante permaneça em equilíbrio estável, seu centro de empuxo deve ser des- locado de tal modo que a força de empuxo (de baixo para cima) e o peso (de cima para baixo) produzam um torque restaurador, que tende a fazer o corpo retornar a sua posi- ção anterior. 25 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Quando o centro de gravidade G estiver acima do cen- tro de empuxo C, o equilíbrio pode ser estável ou não. Vai depender de como se desloca o centro de empuxo em virtu- de da mudança na força do volume de líquido deslocado. As figuras mostram essa situação, onde o centro de gravidade G está acima do centro de empuxo mas, ao deslocar o corpo da posição inicial, o centro de empuxo muda, de modo que o torque resultante faz com que o corpo volte para sua po- sição inicial de equilíbrio. Obs.: A diferença conceitual entre centro de empuxo e centro de gravidade é que a posição do centro de gravidade não se altera em relação ao corpo, a menos que ele seja deformado. Mas o centro de empuxo do corpo flutuante muda de acordo com a forma do líquido deslocado porque o centro de empuxo está localizado no centro de gravidade do líquido deslocado pelo corpo. As figuras abaixo mostram o equilíbrio chamado instá- vel. Movimentando o corpo (oscilando) de sua posição ini- cial, o deslocamento do centro de empuxo faz com que o torque resultante vire o corpo. A tarefa de um engenheiro naval consiste em projetar os navios de modo que isto não ocorra. 2 ONDULATÓRIA. 2.1 MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES. 2.2 OSCILAÇÕES LIVRES, AMORTECIDAS E FORÇADAS. 2.3. ONDAS. 2.3.1 ONDAS SONORAS, EFEITO DOPPLER E ONDAS ELETROMAGNÉTICAS. 2.3.2 FREQUÊNCIAS NATURAIS E RESSONÂNCIA. Ondulatória é a parte da Física que estuda as ondas. Qualquer onda pode ser estudada aqui, seja a onda do mar, ou ondas eletromagnéticas, como a luz. A definição de onda é qualquer perturbação (pulso) que se propaga em um meio. Ex: uma pedra jogada em uma piscina (a fonte), provocará ondas na água, pois houve uma perturbação. Essa onda se propagará para todos os lados, quando vemos as perturba- ções partindo do local da queda da pedra, até ir na borda. Uma sequência de pulsos formam as ondas. Chamamos de Fonte qualquer objeto que possa criar ondas. A onda é somente energia, pois ela só faz a transfe- rência de energia cinética da fonte, para o meio. Portanto, qualquer tipo de onda, não transporta matéria!. As ondas podem ser classificadas seguindo três critérios: Classificação das ondas segundo a sua Natureza Quanto a natureza, as ondas podem ser dividas em dois tipos: • Ondas mecânicas: são todas as ondas que precisam de um meio material para se propagar. Por exem- plo: ondas no mar, ondas sonoras, ondas em uma corda, etc. • Ondas eletromagnéticas: são ondas que não pre- cisam de um meio material para se propagar. Elas também podem se propagar em meios materiais. Exemplos: luz, raio-x , sinais de rádio, etc. Classificação em relação à direção de propagação As ondas podem ser dividas em três tipos, segundo as direções em que se propaga: • Ondas unidimensionais: só se propagam em uma direção (uma dimensão), como uma onda em uma corda. • Ondas bidimensionais: se propagam em duas dire- ções (x e y do plano cartesiano), como a onda provo- cada pela queda de um objeto na superfície da água. • Ondas tridimensionais: se propagam em todas as direções possíveis, como ondas sonoras, a luz, etc. 26 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Classificação quanto a direção de propagação • Ondas longitudinais: são as ondas onde a vibração da fonte é paralela ao deslocamento da onda. Exem- plos de ondas longitudinais são as ondas sonoras (o alto falante vibra no eixo x, e as ondas seguem essa mesma direção), etc. • Ondas transversais: a vibração é perpendicular à pro- pagação da onda. Ex.: ondas eletromagnéticas, ondas em uma corda (você balança a mão para cima e para baixo para gerar as ondas na corda). Características das ondas Todas as ondas possuem algumas grandezas físicas, que são: • Frequência: é o número de oscilações da onda, por um certo período de tempo. A unidade de frequên- cia do Sistema Internacional (SI), é o hertz (Hz), que equivale a 1 segundo, e é representada pela letra f. Então, quando dizemos que uma onda vibra a 60Hz, significa que ela oscila 60 vezes por segundo. A fre- quência de uma onda só muda quando houver alte- rações na fonte. • Período: é o tempo necessário para a fonte produzir uma onda completa. No SI, é representado pela letra T, e é medido em segundos. É possível criar uma equação relacionando a frequência e o período de uma onda: f = 1/T ou T = 1/f - Comprimento de onda: é o tamanho de uma onda, que pode ser medida em três pontos diferentes: de crista a crista, do início ao final de um período ou de vale a vale. Cris- ta é a parte alta da onda, vale, a parte baixa. É representada no SI pela letra grega lambda (λ) • Velocidade: todas as ondas possuem uma velocida- de, que sempre é determinada pela distância percor- rida, sobre o tempo gasto. Nas ondas, essa equação fica: v = λ / T ou v = λ . 1/T ou ainda v = λ . f • Amplitude: é a “altura” da onda, é a distância entre o eixo da onda até a crista. Quanto maior for a am- plitude, maior será a quantidade de energia trans- portada. Movimento Harmônico Simples (MHS) Um dos comportamentos oscilatórios mais simples de se estender, sendo encontrado em vários sistemas, podendo ser estendido a muitos outros com variações é o Movimento Harmônico Simples (M.H.S). Muitos comportamentos oscilatórios surgem a partir da existência de forças restauradorasque tendem a trazer ou manter sistemas em certos estados ou posições, sendo essas forças restauradoras basicamente do tipo forças elásticas, obedecendo, portanto, a Lei de Hooke (F = - kX). Um sistema conhecido que se comporta dessa maneira é o sistema massa-mola (veja a figura abaixo). Consiste de uma massa de valor m, presa por uma das extremidades de uma certa mola de fator de restauração k e cuja outra extre- midade está ligada a um ponto fixo. Sistema Massa-Mola Esse sistema possui um ponto de equilíbrio ao qual cha- maremos de ponto 0. Toda vez que tentamos tirar o nosso sistema desse ponto 0, surge uma força restauradora (F = -kX) que tenta trazê-lo de volta a situação inicial. Sistema Massa-Mola na Posição de Equilíbrio Sistema Massa-Mola Estendido Sistema Massa-Mola Comprimido 27 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS À medida que afastamos o bloco de massa m da posição de equilíbrio, a força restauradora vai aumentando (estamos tomando o valor de X crescendo positivamente à direita do ponto de equilíbrio e vice-versa), se empurramos o bloco de massa m para a esquerda da posição 0, uma força de sentido contrário e proporcional ao deslocamento X surgirá tentan- do manter o bloco na posição de equilíbrio 0. Se dermos um puxão no bloco de massa m e o soltar- mos veremos o nosso sistema oscilando. Você teria idéia de por quê o nosso sistema oscila? Se haveria, e se sim, qual a relação da força restauradora e do fato de nosso sistema ficar oscilando? Na tentativa de respondermos a essa pergunta começa- remos discutindo o tipo de movimento realizado por nosso sistema massa-mola e a natureza matemática deste tipo de movimento. Perfil de um comportamento tipo M.H.S. Oscilando em torno de um ponto central, apresentando uma variação de espaço maior nas proximidades do ponto central do que nas extremidades. Você saberia dizer qual o tipo de função representada em nosso esquema? Esse formato característico pertence a que tipo de fun- ções? Uma explicação para esse tipo de gráfico obtido poderia sair de uma análise das forças existentes no sistema massa- -mola, mesmo que a compreensão total da mesma somente possa ser entendida a fundo a nível universitário. Sabendo-se que a força aplicada no bloco m do nosso sistema massa-mola na direção do eixo X será igual à força restauradora exercida pela mola sobre o bloco na posição X aonde o mesmo se encontrar (3a. Lei de Newton) podemos escrever a seguinte equação: F (X) = - kX Passando o segundo termo para o primeiro membro temos: F (x) + kX = 0 Usando da 1a. Lei de Newton sabemos que F(X) = ma(X), tendo nós agora: ma(X) + kX = 0 Podemos perceber também que X = X(t) já que a po- sição de X varia com o tempo enquanto o nosso sistema oscila, ficando a nossa equação: ma(X(t)) + kX(t) = 0 É possível se ver em um curso de Cálculo Diferencial e Integral a nível superior que em sistemas dependentes do tempo como este podemos aplicar uma função de fun- ção chamada derivada aonde podemos dizer que a(X(t)) = d^2X(t)/d^2t, ou seja, que a derivada segunda de X em rela- ção ao tempo é igual à aceleração de nosso sistema. Tendo a nossa equação o seguinte aspecto agora: m(d2X(t)/d2t) + kX(t) = 0 Onde a solução desta equação sendo chamada de equa- ção diferencial é a função de movimento de nosso sistema massa-mola. Apesar de não termos conhecimentos para re- solve-la, comentários podem ser feitos sobre a mesma para termos uma idéia de como se resolve. Primeiro vamos tentar entender melhor o que seja uma derivada. Em uma função você sempre dá um número e a função lhe devolve outro nú- mero. A derivada que é uma função de função não é muito diferente, você lhe dar uma função e ela lhe dá outra função. Sendo a derivada segunda de uma função, o resultado de- pois de ter passado duas vezes uma função por uma deriva- da. Passado esse ponto vamos tentar entender melhor o que seja resolver uma equação diferencial. Você sabe resolver uma equação de 2o. Grau não sabe? Pois bem, você deve se lem- brar que você tem algo do tipo: aX2 + bX + c2 = 0 E que a idéia de resolver a equação de segundo grau é encontrar valores de X que satisfaçam a equação, ou seja, que se forem substituídos na expressão acima ela será igual a zero. Você se lembra do procedimento do algoritmo, não? delta = b2 - 4ac X = (-b ± ((delta)1/2))/2a Onde você encontra aos valores que satisfazem a equa- ção de 2o. Grau. Pois bem, a idéia de resolver uma equação diferencial não é muito diferente, somente que em vez de valores você deverá encontrar as funções que satisfazem a equação diferencial, funções que quando substituídas na equação diferencial no nosso caso dê uma expressão final igual a zero. Mesmo sem sabermos como resolver à equa- ção, posso dizer que um conjunto de funções que a resolve são funções do tipo seno e coseno, o que corrobora muito bem com o esquema apresentado no começo da seção. Em outras palavras, a nossa função de movimento X(t) terá a forma A cos(wt + ø) ou A sen(wt + ø), ou seja, X(t) = A cos(wt + ø) ou X(t) = A sen(wt + ø). Onde A é amplitude do nosso M.H.S, que seria o deslo- camento máximo realizado pelo bloco em relação à posição de equilíbrio, w é a freqüência angular do nosso movimento periódico em radianos por segundo (w = 2*p*f, sendo f o número de vezes que o ciclo se repete a cada unidade de tempo), t é a nossa grandeza de tempo, e ø é uma fase ou deslocamento angular acrescida ao nosso M.H.S. Não existe grande diferença entre uma função seno ou coseno se vir- mos pela questão de que uma função seno ou coseno se transforma na outra ou essa multiplicada por (-1) se deslo- carmos 90 graus ou p/2 uma em relação à outra. Uma outra forma para se ver que a equação de movi- mento do M.H.S. é do tipo seno ou coseno é a partir da projeção do Movimento Circular Uniforme (M.C.U.) sobre o eixo x, onde sabemos que projeções são feitas a partir das funções seno e coseno. 28 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Projeção do M.C.U. sobre o M.C.U. com uma diferença de fase ø. M.C.U. eixo x produzindo um M.H.S. A função obtida é do tipo seno ou coseno. O comportamento dessa equação de movimento pode ser mais bem compreendido ao tratarmos também outros parâmetros importantes como a velocidade, a aceleração, a dinâmica e a energia no M.H.S. A partir da projeção do vetor velocidade no M.C.U. (usando de um pouco de conhecimentos de trigonometria) também podemos deduzir que a função velocidade também será do tipo seno ou coseno, sendo somente que v(t) = -wA sen(wt + ø) ou v(t) = wA cos(wt + ø), o que também pode ser escrito v(t) = ±wX(t). Em um curso de Cálculo Diferencial e Integral podere- mos ver que a função velocidade é a derivada da função deslocamento em relação ao tempo, ou seja, que dX(t)/dt = v(t). E que disso, poderemos deduzir que v(t) = dX(t)/dt = -wA sen(wt + ø) ou wA cos(wt + ø), considerando que X(t) será igual a A cos(wt + ø) ou a A sen(wt + ø). Vetores Velocidade e Aceleração do M.C.U. Gráficos da função deslocamento, função velocidade e função aceleração do M.H.S. Entretanto, podemos fazer uma análise dimensional e verificar a coerência da forma apresentada. Podemos usar uma análise dimensional para verificar se em termos de uni- dades a expressão é coerente. Por exemplo, os termos cos(- wt + ø) e sen(wt + ø) são termos adimensionais, ou seja, não são representarmos em termos de m/s, m/s2, kg, N, oC, J ou qualquer unidade física, são apenas números que no caso dessas funções apenas assumem valores que vão de (-1) a 1. A amplitude A, no entanto está representando o valor máximo de deslocamento do nosso sistema massa-mola em relação à posição de equilíbrio em unidades de distância, que no nosso caso usaremos o m. A freqüênciaangular w, que é igual a 2*p*f, onde a freqüência linear f é dada em termos de 1 sobre a nossa unidade de tempo t ,(1/t), já que f dá o número de repetições de ciclos em uma unidade de tempo t, também será dada em termos de 1 sobre a unidade de tempo t já que 2*p também é adimensional. A nossa unidade de tempo no caso será o segundo. A expressão será coerente dimensionalmente se as unidades do primeiro membro forem iguais a do segundo membro. Ou seja, que as unidades do segundo membro dêem a uni- dade m/s que é correspondente à grandeza velocidade. udo isso pode ser escrito da seguinte maneira: 1o. Mem- bro: [v] = m/s 2o. Membro: [A][w] = m * 1/s = m/s Então dimensionalmente, a expressão é coerente. A aná- lise dimensional não permite definir se existem constantes ou outros termos adimensionais multiplicando as grande- zas, mas com certeza é uma ferramenta útil para dirimir dis- crepâncias e vermos a coerência de expressões. Para a ace- leração do M.H.S. também podemos ver que a mesma é do tipo seno ou coseno a partir da projeção do vetor aceleração do M.C.U., somente que a sua expressão é dada por a(t) = -(w2)A cos(wt + ø) ou -(w2)A sem(wt + ø). A partir de um curso de Cálculo Diferencial e Integral também podemos ver que a aceleração é a derivada segunda em relação ao tem- po da função deslocamento X(t), ou seja, que a(t) = dv(t)/dt = d(dX(t)/dt)/dt = d2X(t)/dt = -(w2)X(t), de onde podemos deduzir que a(t) = -(w2)A cos(wt + ø) ou -(w2)A sen(wt + ø); 29 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS mas podemos fazer uma análise dimensional para a função aceleração assim como fizemos para a função velocidade. Assim sendo: 1o. Membro: [a] = m/(s2) 2o. Membro: [A] [w2] = [A][w][w] = m * 1/s * 1/s = m * 1/(s2) = m/(s2) O que comprova que a equação dimensionalmente é coerente. A essa altura você deve estar se perguntando como po- demos saber qual é o valor de w? Posso dizer que w, que é a nossa freqüência angular, determinando a variação angular do nosso oscilador no tempo, que está diretamente relacio- nado a nossa freqüência linear f, que determina o número de ciclos realizados por nosso oscilador em uma unidade de tempo, dependerá do fator de restauração k da mola e do fator de inércia m do bloco, ambas respectivamente com unidades físicas de [k] = N/m e [m] = kg. Como [w] = 1/s, podemos encontrar uma maneira de arranjar as grandezas físicas k e m de maneira a termos uma expressão aproxima- da para w. De antemão já digo que essa expressão será obtida ti- rando-se a raiz quadrada da razão de k/m, ficando: (([k]/[m])1/2) = (((N/m)/kg)1/2) = ((((kg * m/(s2))/m)/ kg)1/2) = ((((kg/m)*(m/(s2)))/kg)1/2) = (((kg/(s2))/kg)1/2) = (((kg/kg)*(1/(s2)))1/2) = ((1/(s2))1/2) = 1/s onde já poderíamos considerar pela análise dimensional que uma expressão próxima da que determinasse w seria w ~ ((k/m)1/2), o que não permite sabermos se existiriam ter- mos adimensionais ou constantes, mas experimentalmente já fora comprovado a bastante tempo que realmente w = ((k/m)1/2). Na próxima seção, compreendermos como se dá o pro- cesso de conservação de energia dentro do sistema mas- sa-mola, como se dão as conversões de energia potencial em cinética e vice-versa, antes de chegarmos a Dinâmica do M.H.S., onde poderemos ver algumas variações do nosso sistema massa-mola apresentado. Pêndulo Simples O pêndulo simples é um tipo de oscilador que para cer- tas condições pode ser considerado um oscilador harmôni- co simples. A partir da figura com a decomposição de forças exis- tentes no pêndulo simples podemos ver que a força restau- radora do sistema pêndulo simples é do tipo F(teta) = -mg sen(teta), que é diferente do tipo de força restauradora do nosso sistema massa-mola e que caracteriza um movimento harmônico simples F(X) = -kX, contudo para ângulos peque- nos de teta, sen teta ~ teta, podendo nós fazermos a seguin- te substituição para a força restauradora do pêndulo simples para ângulos pequenos, F(teta) = -mg sen (teta) ~ -mg(teta). O que nos permitiria chegarmos a uma equação mui- to parecida com a que encontramos para o nosso sistema massa-mola: • F(teta) + mg*teta = 0 Onde teta também é teta = teta(t), conseguindo nós as- sim que: • F(teta(t)) + mg*teta(t) = 0 Que pelo o que comentamos anteriormente podemos reescrever como: • d2(teta(t))/dt + mg*teta(t) = 0 De onde dessa equação diferencial se é possível obter uma equação de movimento similar à equação de movi- mento do sistema massa-mola: • teta(t) = A cos (wt + ø) Todas as demais considerações que foram feitas para o sistema massa-mola poderão ser generalizadas para o pên- dulo simples agora, com a observação que a única represen- tante de energia potencial a entrar no somatório de ener- gias para dar Et é a energia potencial gravitacional (Epg), de maneira a conservar a energia total do sistema, com energia potencial gravitacional se convertendo em energia cinética e vice-versa, sendo que a nossa posição de equilíbrio é exata- mente o ponto mais baixo do sistema. De maneira análoga a que fizemos para encontrar a expressão de w para o sistema massa-mola podemos fazer para encontrar a expressão de w para o pêndulo simples; onde em vez de k e m, as grandezas físicas a serem conside- radas serão as grandezas g e l. Reescrevendo a equação de w agora com g e l ficamos que w = ((g/l)1/2), sobre a qual podemos fazer uma análise dimensional para verificar a sua coerência: • (([g]/[l])1/2) = (((m/(s2))/m)1/2) = ((1/(s2))1/2) = 1/s [w] = 1/s o que confere com o esperado, podendo se reescre- ver a expressão w = ((g/l)1/2) como o período de oscila- ção T, onde T = 1/f = 1/(w/2*p) = 2*p/w = 2*p/((g/l)1/2) = 2*p*((l/g)1/2), tendo nós deduzido a expressão: • T = 2* p * ((l/g)1/2) Esse resultado nós diz que o período de oscilação do pêndulo simples independe da abertura angular em que ele é solto, somente dependendo de parâmetros considerados fixos como o comprimento do fio do pêndulo ou haste e da 30 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS gravidade local (no caso do sistema massa-mola os parâme- tros a ser considerados como vimos é o fator de restauração k e o fator de inércia m). Dessa forma podemos concluir que não deverá haver variações no período do pêndulo poden- do o mesmo ser utilizado como medidor do tempo. Lei de Hooke Medida de uma força: deformação elástica. Podemos medir a intensidade de uma força pela deformação que ela produz num corpo elástico. O dispositivo utilizado é o dina- mômetro, que consiste numa mola helicoidal envolvida por um protetor. Na extremidade livre da mola há um pon- teiro que se desloca do ponto de uma escala. A medida de uma força é feita por comparação da deformação causa- da da deformação causada por essa força com a de força padrão. Uma mola apresenta uma deformação elástica se, retirada a força que a deforma, ela retorna ao seu compri- mento e forma originais. Robert Hooke, cientista inglês enunciou a seguinte lei, valida para as deformações elásticas: “A intensidade da força deformadora (F) é proporcional à deformada (X).” A expressão matemática da Lei de Hooke é: F = K . X Onde K = constante de proporcionalidade característica da mola (constante elástica da mola). ONDAS MECÂNICAS, ONDAS TRANVERSAIS E LON- GITUDINAIS As ondas podem ser classificadas de três modos. Quanto à natureza Ondas mecânicas: são aquelas que precisam de um meio material para se propagar (não se propagam no vácuo). Exemplo: Ondas em cordas e ondas sonoras (som). Ondas eletromagnéticas: são geradas por cargas elétri- cas oscilantes e não necessitam de uma meio material para se propagar, podendo se propagar no vácuo. Exemplos: Ondas de rádio, de televisão, de luz, raios X, raios laser, ondas de radar etc. Quanto à direção de propagaçãoUnidimensionais: são aquelas que se propagam numa só direção. Exemplo: Ondas em cordas. Bidimensionais: são aquelas que se propagam num pla- no. Exemplo: Ondas na superfície de um lago. Tridimensionais: são aquelas que se propagam em todas as direções. Exemplo: Ondas sonoras no ar atmosférico ou em me- tais. Quanto à direção de vibração Transversais: são aquelas cujas vibrações são perpendi- culares à direção de propagação. Exemplo: Ondas em corda. Longitudinais: são aquelas cujas vibrações coincidem com a direção de propagação. Exemplos: Ondas sonoras, ondas em molas. ONDAS EM UMA CORDA, VELOCIDADE, FREQUÊN- CIA E COMPRIMENTO DE ONDA, ONDAS ESTACIONÁ- RIAS NUMA CORDA FIXA EM AMBAS AS EXTREMIDADES Velocidade de Propagação de uma Onda Unidimen- sional Considere uma corda de massa m e comprimento ℓ, sob a ação de uma força de tração . Suponha que a mão de uma pessoa, agindo na extre- midade livre da corda, realiza um movimento vertical, pe- riódico, de sobe-e-desce. Uma onda passa a se propagar horizontalmente com velocidade . Cada ponto da corda sobe e desce. Assim que o ponto A começa seu movimento (quando O sobe), B inicia seu mo- vimento (quando O se encontra na posição inicial), moven- do-se para baixo. O ponto D inicia seu movimento quando o ponto O des- creveu um ciclo completo (subiu, baixou e voltou a subir e regressou à posição inicial). 31 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Se continuarmos a movimentar o ponto O, chegará o instante em que todos os pontos da corda estarão em vi- bração. A velocidade de propagação da onda depende da den- sidade linear da corda e da intensidade da força de tração , e é dada por: Em que: F = a força de tração na corda µ = , a densi- dade linear da corda Aplicação: Uma corda de comprimento 3 m e massa 60 g é mantida tensa sob ação de uma força de intensidade 800 N. Determine a velocidade de propagação de um pulso nessa corda. Resolução: Reflexão de um pulso numa corda Quando um pulso, propagando-se numa corda, atinge sua extremidade, pode retornar para o meio em que estava se propagando. Esse fenômeno é denominado reflexão. Essa reflexão pode ocorrer de duas formas: Extremidade fixa Se a extremidade é fixa, o pulso sofre reflexão com in- versão de fase, mantendo todas as outras características. Extremidade livre Se a extremidade é livre, o pulso sofre reflexão e volta ao mesmo semiplano, isto é, ocorre inversão de fase. Refração de um pulso numa corda Se, propagando-se numa corda de menor densidade, um pulso passa para outra de maior densidade, dizemos que sofreu uma refração. A experiência mostra que a freqüência não se modifica quando um pulso passa de um meio para outro. Essa fórmula é válida também para a refração de ondas bidimensionais e tridimensionais. Observe que o comprimento de onda e a velocidade de propagação variam com a mudança do meio de propaga- ção. 32 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Aplicação: Uma onda periódica propaga-se em uma cor- da A, com velocidade de 40 cm/s e comprimento de onda 5 cm. Ao passar para uma corda B, sua velocidade passa a ser 30 cm/s. Determine: a) o comprimento de onda no meio B b) a freqüência da onda Princípio da Superposição Quando duas ou mais ondas se propagam, simultanea- mente, num mesmo meio, diz-se que há uma superposição de ondas. Como exemplo, considere duas ondas propagando-se conforme indicam as figuras: Supondo que atinjam o ponto P no mesmo instante, elas causarão nesse ponto uma perturbação que é igual à soma das perturbações que cada onda causaria se o tivesse atingido individualmente, ou seja, a onda resultante é igual à soma algébrica das ondas que cada uma produziria indivi- dualmente no ponto P, no instante considerado. Após a superposição, as ondas continuam a se propagar com as mesmas características que tinham antes. Os efeitos são subtraídos (soma algébrica), podendo-se anular no caso de duas propagações com deslocamento in- vertido. Em resumo: Quando ocorre o encontro de duas cristas, ambas le- vantam o meio naquele ponto; por isso ele sobe muito mais. Quando dois vales se encontram eles tendem a baixar o meio naquele ponto. Quando ocorre o encontro entre um vale e uma crista, um deles quer puxar o ponto para baixo e o outro quer pu- xá-lo para cima. Se a amplitude das duas ondas for a mesma, não ocorrerá deslocamento, pois eles se cancelam (ampli- tude zero) e o meio não sobe e nem desce naquele ponto. 33 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Ondas Estacionárias São ondas resultantes da superposição de duas ondas de mesma freqüência, mesma amplitude, mesmo compri- mento de onda, mesma direção e sentidos opostos. Pode-se obter uma onda estacionária através de uma corda fixa numa das extremidades. Com uma fonte faz-se a outra extremidade vibrar com movimentos verticais periódicos, produzindo-se perturba- ções regulares que se propagam pela corda. Em que: N = nós ou nodos e V= ventres. Ao atingirem a extremidade fica, elas se refletem, retor- nando com sentido de deslocamento contrário ao anterior. Dessa forma, as perturbações se superpõem às outras que estão chegando à parede, originando o fenômeno das ondas estacionárias. Uma onda estacionária se caracteriza pela amplitude variável de ponto para ponto, isto é, há pontos da corda que não se movimentam (amplitude nula), chamados nós (ou nodos), e pontos que vibram com amplitude máxima, chamados ventres. É evidente que, entre nós, os pontos da corda vibram com a mesma freqüência, mas com amplitudes diferentes. Observe que: Como os nós estão em repouso, não pode haver passagem de energia por eles, não havendo, então, em uma corda estacionária o transporte de energia. A distância entre dois nós consecutivos vale . A distância entre dois ventres consecutivos vale . A distância entre um nó e um ventre consecutivo vale . Aplicação: Uma onda estacionária de freqüência 8 Hz se estabelece numa linha fixada entre dois pontos distantes 60 cm. Incluindo os extremos, contam-se 7 nodos. Calcule a velocidade da onda progressiva que deu origem à onda estacionária. Resolução: Ondas Sonoras Som é uma onda que se propaga em meio material, água, ar, etc. O som não se propaga no vácuo, não se perce- be o som sem um meio material. A intensidade do som é tanto quanto maior que a am- plitude da onda sonora. * Velocidade de propagação das ondas: a) Quanto mais tracionado o material, mais rápido o pul- so se propagará. b) O pulso se propaga mais rápido em um meio de me- nor massa. c) O pulso se propaga mais rápido quando o compri- mento é grande. d) Equação da velocidade: ou ainda pode ser V = l.f • A equação acima nos mostra que quanto mais rápi- da for a onda maior será a freqüência e mais energia ela tem. Porém, a freqüência é o inverso do compri- mento de onda (l), isto quer dizer que ondas com alta freqüência têm l pequenos. Ondas de baixa fre- qüência têm l grandes 34 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS • Ondas Unidimensionais: São aquelas que se propa- gam em um plano apenas. Em uma única linha de propagação. • Ondas Bidimensionais: São aquelas que se propagam em duas dimensões. Em uma superfície, geralmente. Movimentam-se apenas em superfícies planas. • Ondas Tridimensionais: São aquelas que se propa- gam em todas as direções possíveis. Som O som é uma onda (perturbação) longitudinal e tri- dimensional, produzida por um corpo vibrante sendo de cunho mecânico. • Fonte sonora: qualquer corpo capaz de produzir vi- brações. Estas vibrações são transmitidas às molécu- las do meio, quepor sua vez, transmitem a outras e a outras, e assim por diante. Uma molécula pressiona a outra passando energia sonora. • Não causa aquecimento: As ondas sonoras se pro- pagam em expansões e contrações adiabáticas. Ou seja, cada expansão e cada contração, não retira nem cede calor ao meio. • Velocidade do som no ar: 337m/s • Nível sonoro: o mínimo que o ouvido de um ser hu- mano normal consegue captar é de 20Hz, ou seja, qualquer corpo que vibre em 20 ciclos por segundo. O máximo da sensação auditiva, para o ser huma- no é de 20.000Hz (20.000 ciclos por segundo). Este mínimo é acompanhado de muita dor, por isso tam- bém é conhecido como o limiar da dor. Há uma outra medida de intensidade de som, que cha- mada de Bell. Inicialmente os valores eram medidos em Béis, mas tornaram-se muito grandes numericamente. Então, introduziram o valor dez vezes menor, o deciBell, dB. Esta medida foi uma homenagem a Alexander Graham Bell. Eis a medida de alguns sons familiares: Fonte sonora ou dB Intensidade descrição de ruído em W.m-2 Limiar da dor 120 1 Rebitamento 95 3,2.10-3 Trem elevado 90 10-3 Tráfego urbano pesado 70 10-5 Conversação 65 3,2.10-6 Automóvel silencioso 50 10-7 Rádio moderado 40 10-8 Sussurro médio 20 10-10 Roçar de folhas 10 10-11 Limite de audição 0 10-12 • Refração: mudanças na direção e na velocidade. Refrata quando muda de meio. Refrata quando há mudanças na temperatura • Difração: Capacidade de contornar obstáculos. O som tem grande poder de difração, porque as ondas têm um l relativamente grande. • Interferência: na superposição de ondas pode haver aumento de intensidade sonora ou a sua diminuição. Destrutiva - Crista + Vale - som diminui ou para. Construtiva - Crista + Crista ou Vale + Vale - som au- menta de intensidade. Difração: Ocorre quando uma onda encontra obstáculos à sua propagação e seus raios sofrem encurvamento. Timbre O Timbre é a “cor” do som. Aquilo que distingue a qua- lidade do tom ou voz de um instrumento ou cantor, por exemplo a flauta do clarinete, o soprano do tenor. Cada objeto ou material possui um timbre que é único, assim como cada pessoa possui um timbre próprio de voz. FENÔMENOS ONDULATÓRIOS, REFLEXÃO, ECO, REVERBERAÇÃO, REFRAÇÃO, DIFRAÇÃO E INTERFERÊNCIA Já que sabemos o que é o som, nada mais justo do que entender como o som se comporta. Vamos então explorar um pouco os fenômenos sonoros. Na propagação do som observam-se os fenômenos ge- rais da propagação ondulatória. Devido à sua natureza lon- gitudinal, o som não pode ser polarizado; sofre, entretanto, os demais fenômenos, a saber: difração, reflexão, refração, interferência e efeito Doppler. Se você achar esta matéria cansativa, não se preocupe. Estaremos voltando a estes tópicos toda vez que precisar- mos deles como suporte. Você vai cansar de vê-los aplicados na prática... e acaba aprendendo ;-) A difração é a propriedade de contornar obstáculos. Ao encontrar obstáculos à sua frente, a onda sonora continua a provocar compressões e rarefações no meio em que está se propagando e ao redor de obstáculos envolvidos pelo mes- mo meio (uma pedra envolta por ar, por exemplo). Desta forma, consegue contorná-los. A difração depende do com- primento de onda. Como o comprimento de onda (?) das ondas sonoras é muito grande - enorme quando compara- do com o comprimento de onda da luz - a difração sonora é intensa. A reflexão do som obedece às leis da reflexão ondula- tória nos meios materiais elásticos. Simplificando, quando 35 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS uma onda sonora encontra um obstáculo que não possa ser contornado, ela “bate e volta”. É importante notar que a re- flexão do som ocorre bem em superfícies cuja extensão seja grande em comparação com seu comprimento de onda. A reflexão, por sua vez, determina novos fenômenos co- nhecidos como reforço, reverberação e eco. Esses fenôme- nos se devem ao fato de que o ouvido humano só é capaz de discernir duas excitações breves e sucessivas se o inter- valo de tempo que as separa for maior ou igual a 1/10 do segundo. Este décimo de segundo é a chamada persistência auditiva. Reflexão do som Suponhamos que uma fonte emita um som breve que siga dois raios sonoros. Um dos raios vai diretamente ao re- ceptor (o ouvido, por exemplo) e outro, que incide num an- teparo, reflete-se e dirige-se para ao mesmo receptor. Dependendo do intervalo de tempo (?t) com que esses sons breves (Direto e Refletido) atingem o ouvido, podemos ter uma das três sensações distintas já citadas: reforço, re- verberação e eco. Quando o som breve direto atinge o tímpano dos nos- sos ouvidos, ele o excita. A excitação completa ocorre em 0,1 segundo. Se o som refletido chegar ao tímpano antes do décimo de segundo, o som refletido reforça a excitação do tímpano e reforça a ação do som direto. É o fenômeno do reforço. Na reverberação, o som breve refletido chega ao ouvi- do antes que o tímpano, já excitado pelo som direto, tenha tempo de se recuperar da excitação (fase de persistência auditiva). Desta forma, começa a ser excitado novamente, combinando duas excitações diferentes. Isso ocorre quando o intervalo de tempo entre o ramo direto e o ramo refleti- do é maior ou igual a zero, porém menor que 0,1 segundo. O resultado é uma ‘confusão’ auditiva, o que prejudica o discernimento tanto do som direto quanto do refletido. É a chamada continuidade sonora e o que ocorre em auditórios acusticamente mal planejados. No eco, o som breve refletido chega ao tímpano após este ter sido excitado pelo som direto e ter-se recuperado dessa excitação. Depois de ter voltado completamente ao seu estado natural (completou a fase de persistência auditi- va), começa a ser excitado novamente pelo som breve refle- tido. Isto permite discernir perfeitamente as duas excitações. Ainda derivado do fenômeno da reflexão do som, é preciso considerar a formação de ondas estacionárias nos campos ondulatórios limitados, como é o caso de colunas gasosas aprisionadas em tubos. O tubo de Kundt, abaixo ilustrado, permite visualizar através de montículos de pó de cortiça a localização de nós (regiões isentas de vibração e de som) no sistema de ondas estacionárias que se estabelece como resultado da superposição da onda sonora direta e da onda sonora refletida. Ondas Estacionárias A distância (d) entre dois nós consecutivos é de meio comprimento de onda ( d = ? / 2 ). Sendo a velocidade da onda no gás Vgás = ?×f tem-se Vgás = 2×f×d, o que resulta num processo que permite calcular a velocidade de propa- gação do som em um qualquer gás! A freqüência f é for- necida pelo oscilador de áudio-freqüência que alimenta o auto-falante. A refração do som obedece às leis da refração ondula- tória. Este fenômeno caracteriza o desvio sofrido pela frente da onda quando ela passa de um meio para outro, cuja elas- ticidade (ou compressibilidade, para as ondas longitudinais) seja diferente. Um exemplo seria a onda sonora passar do ar para a água. Quando uma onda sonora sofre refração, ocorre uma mudança no seu comprimento de onda e na sua velocida- de de propagação. Sua frequência, que depende apenas da fonte emissora, se mantém inalterada. Como já vimos, o som é uma onda mecânica e transpor- ta apenas energia mecânica. Para se deslocar no ar, a onda sonora precisa ter energia suficiente para fazer vibrar as par- tículas do ar. Para se deslocar na água, precisa de energia suficiente para fazer vibrar as partículas da água. Todo meio material elástico oferece uma certa “resistência” à transmis- são de ondas sonoras: é a chamada impedância. A impe- dância acústica de um sistema vibratório ou meio de propa- gação, é a oposição que este oferece à passagem da onda sonora, em função de sua frequênciae velocidade. A impedância acústica (Z) é composta por duas grande- zas: a resistência e a reactância. As vibrações produzidas por uma onda sonora não continuam indefinidamente pois são amortecidas pela resistência que o meio material lhes ofe- rece. Essa resistência acústica (R) é função da densidade do meio e, consequentemente, da velocidade de propagação do som neste meio. A resistência é a parte da impedância que não depende da frequência. É medida em ohms acús- ticos. A reactância acústica (X) é a parte da impedância que está relacionada com a frequência do movimento resultante (onda sonora que se propaga). É proveniente do efeito pro- duzido pela massa e elasticidade do meio material sobre o movimento ondulatório. Se existe a impedância, uma oposição à onda sono- ra, podemos também falar em admitância, uma facilitação à passagem da onda sonora. A admitância acústica (Y) é a recíproca da impedância e define a facilitação que o meio elástico oferece ao movimento vibratório. Quanto maior for a impedância, menor será a admitância e vice-versa. É medi- da em mho acústico (contrário de ohm acústico). 36 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS A impedância também pode ser expressa em unidades rayls (homenagem a Rayleigh). A impedância característica do ar é de 420 rayles, o que significa que há necessidade de uma pressão de 420 N/m2 para se obter o deslocamento de 1 metro, em cada segundo, nas partículas do meio. Para o som, o ar é mais refringente que a água pois a impedância do ar é maior. Tanto é verdade que a onda so- nora se desloca com maior velocidade na água do que no ar porque encontra uma resistência menor. Quando uma onda sonora passa do ar para a água, ela tende a se horizontalizar, ou seja, se afasta da normal, a linha marcada em verde (fig.6). O ângulo de incidência em relação à água é importante porque, se não for suficiente, a onda so- nora não consegue “entrar” na água e acaba sendo refletida. Refração da água para o ar A refração, portanto, muda a direção da onda sonora (mas não muda o seu sentido). A refração pode ocorrer num mesmo meio, por exemplo, no ar. Camadas de ar de tempe- raturas diferentes possuem impedâncias diferentes e o som sofre refrações a cada camada que encontra. Da água para o ar, o som se aproxima da normal. O som passa da água para o ar, qualquer que seja o ângulo de in- cidência. Dada a grande importância da impedância, tratada aqui apenas para explicar o fenômeno da refração, ela possui um módulo próprio. É um assunto relevante na geração e na transmissão de sons. Interferência A interferência é a conseqüência da superposição de ondas sonoras. Quando duas fontes sonoras produzem, ao mesmo tempo e num mesmo ponto, ondas concordantes, seus efeitos se somam; mas se essas ondas estão em discor- dância, isto é, se a primeira produz uma compressão num ponto em que a segunda produz uma rarefação, seus efeitos se neutralizam e a combinação desses dois sons provoca o silêncio. Trombone de Quincke O trombone de Quincke é um dispositivo que permi- te constatar o fenômeno da interferência sonora além de permitir a determinação do comprimento de onda. O pro- cesso consiste em encaminhar um som simples produzido por uma dada fonte (diapasão, por exemplo) por duas vias diferentes (denominados ‘caminhos de marcha’) e depois re- uni-los novamente em um receptor analisador (que pode ser o próprio ouvido). Observando a fig.9 percebe-se que o som emitido pela fonte percorre dois caminhos: o da esquerda (amarelo), mais longo, e o da direita (laranja), mais curto. As ondas entram no interior do trombone formando ondas estacionárias den- tro do tubo. Como o meio no tubo é um só e as ondas so- noras são provenientes de uma mesma fonte, é óbvio que as que percorrem o caminho mais curto cheguem primeiro ao receptor. Depois de um determinado período de tempo, chegam as ondas do caminho mais longo e se misturam às do caminho mais curto: é a interferência. De acordo com as fases em que se encontram as ondas do caminho mais longo e as ondas do caminho mais curto, o efeito pode ser totalmente diverso. Se as ondas amarelas chegarem em concordância de fase com as ondas laranja, ocorre uma interferência constru- tiva e, o que se ouve, é um aumento na intensidade do som. Se as ondas amarelas chegarem em oposição de fase com as ondas laranja, ocorre uma interferência destrutiva, o que determina o anulamento ou extinção delas. O resultado é o silêncio. Dois sons de alturas iguais, ou seja, de freqüências iguais, se reforçam ou se extinguem permanentemente conforme se superponham em concordância ou em oposição de fase. Batimento Se suas freqüências não forem rigorosamente iguais, ora eles se superpõem em concordância de fase, ora em opo- sição de fase, ocorrendo isso a intervalos de tempo iguais, isto é, periodicamente se reforçam e se extinguem. É o fenô- meno de batimento e o intervalo de tempo é denominado período do batimento. Distingue-se um som forte de um som fraco pela inten- sidade. Distingue-se um som agudo de um som grava pela altura. Distingue-se o som de um violino do som de uma flauta pelo timbre. EFEITO DOPPLER O Efeito Doppler é conseqüência do movimento rela- tivo entre o observador e a fonte sonora, o que determina uma modificação aparente na altura do som recebido pelo observador. O efeito doppler ocorre quando um som é gerado ou refletido por um objeto em movimento. Um efeito doppler ao extremo causa o chamado estrondo sônico. Se tiver curiosidade, leia mais sobre o assunto em “A Barreira Sôni- ca”. A seguir, veja um exemplo para explicar o efeito doppler. Imagine-se parado numa calçada. Em sua direção vem um automóvel tocando a buzina, a uma velocidade de 60 km/h. Você vai ouvir a buzina tocando uma “nota” enquanto o carro se aproxima porém, quando ele passar por você, o som da buzina repentinamente desce para uma “nota” mais 37 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS baixa - o som passa de mais agudo para mais grave. Esta mudança na percepção do som se deve ao efeito doppler. A velocidade do som através do ar é fixa. Para simplifi- car, digamos que seja de 300 m/s. Se o carro estiver parado a uma distância de 1.500 metros e tocar a buzina durante 1 minuto, você ouvirá o som da buzina após 5 segundos pelo tempo de 1 minuto. Porém, se o carro estiver em movimento, vindo em sua direção a 90 km/h, o som ainda será ouvido com um atraso de 5 segundos, mas você só ouvirá o som por 55 segundos (ao invés de 1 minuto). O que ocorre é que, após 1 minuto o carro estará ao seu lado (90 km/h = 1.500 m/min) e o som, ao fim de 1 minuto, chega até você instantaneamente. Da sua perspectiva, a buzinada de 1 minuto foi “empacotada” em 55 segundos, ou seja, o mesmo número de ondas sono- ras foi comprimida num menor espaço de tempo. Isto signi- fica que a frequência foi aumentada e você percebe o som da buzina como mais agudo. Quando o automóvel passa por você e se distancia, ocorre o processo inverso - o som é expandido para preen- cher um tempo maior. Mesmo número de ondas num es- paço de tempo maior significa uma frequência menor e um som mais grave. Reflexão do Som Se você joga uma bola de borracha perpendicularmente contra uma parede, ela bate na parede e volta na mesma direção. Se a bola é jogada obliquamente contra a parede, depois de bater ela se desvia para outra direção. Nos dois casos a bola foi refletida pela parede. O mesmo acontece com as ondas sonoras. Timbre: o “documento de identidade” dos instrumentos. Todo instrumento musical tem o seu timbre, isto é, seu som característico. Assim, o acordeão e o violão podem emi- tir uma mesma nota musical, de mesma freqüência e intensi- dade, mas será fácil distinguir o som de um edo outro. Na música, o importante não é a freqüência do som emi- tido pelos diversos instrumentos, mas sim a relação entre as diversas freqüências de cada um. Os, por exemplo, um dó e um mi são tocados ao mesmo tempo, o som que ouvimos é agradável e nos dá uma sensação de música acabada. Mas, se forem tocadas simultaneamente o fá e o sí, ou sí e o ré, os sons resultantes serão desagradáveis, dando a sensação de que falta alguma coisa para completá-las. Isso acontece porque, no primeiro caso, as relações entre freqüências são compostas de números pequenos, enquanto no segundo, esses números são relativamente grandes. Com o progresso da eletrônica, novos instrumentos fo- ram produzidos, como a guitarra elétrica, o órgão eletrônico etc., que nos proporcionam novos timbres. O órgão eletrônico chega mesmo a emitir os sons dos outros instrumentos. Ele pode ter, inclusive, acompanhamento de bateria, violoncelo, contrabaixo e outros, constituindo-se numa au- tentica orquestra eletrônica, regida por um maestro: execu- tante da música. Características das Ondas As ondas do mar são semelhantes às que se formam numa corda: apresentam pontos mais elevados – chamados cristas ou montes – e pontos mais baixos – chamados vales ou depressões. As ondas são caracterizadas pelos seguintes elementos: Amplitude – que vai do eixo médio da onda até o ponto mais auto de uma crista ou até o ponto mais baixo de um vale. Comprimento da onda – distâncias entre duas cristas sucessivas ou entre dois vales sucessivos. Freqüência – números de ondas formadas em 1s; a fre- quência é medida em hertz: 1 Hz eqüivale a uma onda por segundo; Período – tempo gasto para formar uma onda. O perío- do é o inverso da freqüência. Tipos de onda Ondas como as do mar ou as que se formam quando movimentamos uma corda vibram nas direções vertical, mas se propagam na direção horizontal. Nessas ondas, chama- das ondas transversais, a direção de vibração é perpendicu- lar à direção de propagação. Existem ondas que vibram na mesma direção em que se propagam: são as ondas longitudinais. Pegue uma mola e fixe uma de suas extremidades no teto. Pela outra extremi- dade, mantenha a mola esticada e puxe levemente uma das espirais para baixo. Em seguida, solte a mola. Você verá que esta perturbação se propaga até o teto prodazido na mola zonas de compressão e distensão. Estudo do som Encoste a mão na frente de seu pescoço e emita um som qualquer. Você vai sentir a garganta vibrar enquanto dura o som de sua voz. O som produzido resulta de um movimento vibratório das cordas vocais, que provoca uma perturbação no ar a sua volta, cujo efeito é capaz de impres- sionar o ouvido. Quando uma lâmina de aço vibra, ela também provoca uma perturbação no ar em sua volta. Propagando-se pelo ar, essa perturbação produz regiões de compressão e disten- são. Como nosso aparelho auditivo é sensível e essa vibra- ção do ar, podemos percebê-las sob a forma de som. Além das cordas vocais e lâminas de aço, existem inú- meros outros corpos capazes de emitir som. Corpos com essa capacidade são denominados fontes sonoras. Como exemplo, podemos citar os diapasões, os sinos, as membra- nas, as palhetas e os tubos. Frequência do som audível O ouvido humano só é capaz de perceber sons de fre- qüências compreendidas entre 16Hz e 20.000Hz, aproxima- damente. Os infra-sons, cuja freqüência é inferior a 16Hz, e os ultra-sons, cuja freqüência é superior a 20.000Hz, não são captados por nosso olvido, mas são percebidos por alguns animais, como os cães, que ouvem sons de 25.000Hz, e os morcegos, que chegam a ouvir sons de até 50.000Hz. 38 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Propagação do som O som exige um meio material para propagar-se. Esse meio pode ser sólido, líquido ou gasoso. O som não se propaga no vácuo, o q poder ser compro- vado pela seguinte experiência: colocando um despertador dentro de uma campânula onde o ar é rarefeito, isto é, onde se fez “vácuo”, o som da campainha praticamente deixa de ser ouvido. Velocidade do som A propagação do som não é instantânea. Podemos ve- rificar esse fato durante as tempestades: o trovão chega aos nossos ouvidos segundos depois do relâmpago, embora ambos os fenômenos (relâmpago e trovão) se formem ao mesmo tempo. (A propagação da luz, neste caso o relâmpa- go, também não é instantânea, embora sua velocidade seja superior à do som.) Assim, o som leva algum tempo para percorrer determi- nada distância. E a velocidade de sua propagação depende do meio em que ele se propaga e da temperatura em que esse meio se encontra. No ar, a temperatura de 15ºC a velocidade do som é de cerca de 340m/s. Essa velocidade varia em 55cm/s para cada grau de temperatura acima de zero. A 20ºC, a velocidade do som é 342m/s, a 0ºC, é de 331m/s. Na água a 20ºC, a velocidade do som é de aproxima- damente 1130m/s. Nos sólidos, a velocidade depende da natureza das substâncias. Qualidades fisiológicas do som A todo instante distinguimos os mais diferentes sons. Essa diferenças que nossos ouvidos percebem se devem às qualidades fisiológicas do som: altura, intensidade e timbre. Altura Mesmo sem conhecer música, é fácil distinguir o som agudo (ou fino) de um violino do som grave (ou grosso) de um violoncelo. Essa qualidade que permite distinguir um som grave de um som agudo se chama altura. Assim, cos- tuma-se dizer que o som do violino é alto e o do violoncelo é baixo. A altura de um som depende da freqüência, isto é, do número de vibrações por segundo. Quanto maior a freqüência mais agudo é o som e vice versa. Por sua vez, a frequência depende do comprimento do corpo que vibra e de sua elasticidade; Quanto maior a atração é mais curta for uma corda de violão, por exemplo, mais agudo vai será o som por ela emitido. Intensidade é a qualidade que permite distinguir um som forte de um som fraco. Ele depende da amplitude de vibração: quanto maior a amplitude mais forte é o som e vice versa. Na prática não se usa unidades de intensidade sonora, mas de nível de intensidade sonora, uma grandeza relacio- nada à intensidade sonora e à forma como o nosso ouvido reage a essa intensidade. Essas unidades são o bel e o seu submúltiplo o decibel (dB), que vale 1 décimo do bel. O ou- vido humano é capaz de suportar sons de até 120dB, como é o da buzina estridente de um carro. O ruído produzido por um motor de avião a jato a poucos metros do observador produz um som de cerca de 140dB, capaz de causar estímu- los dolorosos ao ouvido humano. A agitação das grandes cidades provocam a chamada poluição sonora composta dos mais variados ruídos: motores e buzinas de automóveis, martelos de ar comprimido, rádios, televisores e etc. Já foi comprovado que uma exposição prolongada a níveis maio- res que 80dB pode causar dano permanente ao ouvido. A intensidade diminui à medida que o som se propaga ou seja, quanto mais distante da fonte, menos intenso é o som. Timbre – imagine a seguinte situação: um ouvinte que não entende de música está numa sala, ao lado da qual exis- te outra sala onde se encontram um piano e um violino. Se uma pessoa tocar a nota dó no piano e ao mesmo tempo outra pessoa tocar a nota dó no violino, ambas com a mes- ma força os dois sons terão a mesma altura (freqüência) e a mesma intensidade. Mesmo sem ver os instrumentos, o ou- vinte da outra sala saberá distinguir facilmente um som de outro, porque cada instrumento tem seu som caracterizado, ou seja, seu timbre. Podemos afirmar, portanto, que timbre é a qualidade que nos permite perceber a diferença entre dois sons de mesma altura e intensidade produzidos por fontes sonoras diferentes. INFRA-SOM E ULTRASSOM. Infrassons são ondas sonoras extremamente graves, com frequências abaixo dos 20Hz, portanto abaixo da faixa audível do ouvido humano que é de 20 Hz a 20.000 Hz. Ondas infrassônicas podem se propagar por longas dis- tâncias, pois são menos sujeitas às perturbações ou interfe- rências que as de frequências mais altas. Infrassons podem ser produzidos pelo vento e por al- guns tipos de terremotos. Os elefantes são capazes de emitir infrassons que podem ser detectados a uma distância de 2 km. É comprovado que os tigres têm a mais forte capaci- dade de identificar infrassons. Seu rugido emite ondas in- frassônicas tão poderosas que são capazes de paralisar suas presas e até pessoas. Há mais de 50 anos é estudada uma forma de usar o infrassom em armas de guerra, já que sua potência pode destruir construções e até mesmo estourar órgãos humanos. Ultrassom é um som a uma frequência superior àquela que o ouvido do ser humano pode perceber, aproximada- mente 20.000 Hz. Alguns animais, como o cão, golfinho e o morcego, têm um limite de percepção sonora superior ao do ouvido humano e podem, assim, ouvir ultrassons. Existem “apitos” especiais nestas frequências que servem a estes princípios. Um som é caracterizado por vibrações (variação de pressão) no ar. O ser humano normal médio consegue dis- tinguir, ou ouvir, sons na faixa de frequência que se estende de 20Hz a 20.000Hz aproximadamente. Acima deste interva- lo, os sinais são conhecidos como ultrassons e abaixo dele, infrassons. 39 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS O emissor de som, em aparelhos de som, é o alto-fa- lante. Um cone de papelão movido por uma bobina imersa em um campo magnético, produzido por um imã perma- nente. Este cone pode “vibrar” a frequências de áudio e com isto impulsionar o ar promovendo ondas de pressão que ao atingirem o ouvido humano, são interpretados como sons audíveis. Porém, à medida que a frequência das vibrações aumenta, a amplitude das vibrações vai se reduzindo. Para gerar sons de alta-frequência e ultrassons geralmente são utilizados cerâmicas ou cristais piezoelétricos, os quais pro- duzem oscilações mecânicas em resposta a impulsos elétri- cos. Corpos Rígidos é o conjunto de partículas agrupadas de forma que a distância entre as partes que constituem o corpo ou o sistema não sofram mudança, ou seja, essas par- tículas não se alteram para um referencial fixado no próprio corpo. O corpo rígido executa os movimentos de rotação, translação ou os dois de forma combinada. Rotação: a observação do movimento da força aplicada ao corpo, como um pião rodando. Translação: é o movimento provocado por forças exter- nas que agem sobre o corpo rígido. Equilíbrio estático É uma definição baseada no repouso, ou seja, na rela- ção de determinado referencial externo, quando nenhuma partícula que o constitui se move em relação a um dado re- ferencial. Em relação a esse mesmo referencial, caso as par- tículas apresentem movimento, o corpo rígido estará então em Equilíbrio dinâmico. As situações de equilíbrio sempre dependerão do refe- rencial adotado, isso porque o estudo de um equilíbrio de- pende do outro. Momento de uma força É a relação entre a força aplicada a um ponto, também chamado polo, com o produto dessa mesma força por uma distância, considerando a intensidade da força e sua linha de ação. Pode-se definir como: módulo do momento da força como o produto do módulo da força pela distância. Observações importantes: • Momento de uma força é uma grandeza vetorial (apesar de a definição abordar apenas sua intensi- dade). • Sinal positivo (+) representa o momento em que a força tende a produzir rotação no sentido anti-horá- rio em volta do polo. • Sinal negativo (-) é adotado quando a força tende a produzir rotação no sentido horário em volta do polo. Equilíbrio de Corpo Rígido O equilíbrio nos corpos rígidos acontece quando duas situações forem satisfeitas: 1. Quando a força resultante que atua sobre o corpo for nula; 2. Quando a soma dos momentos das forças que atuam sobre o corpo em relação a qualquer ponto for nula. Centro de Gravidade do corpo rígido É o ponto de aplicação do peso no corpo. Acontece como se todo o corpo estivesse ali concentrado. Em corpos homogêneos, a massa é distribuída de forma uniforme, e desde que o campo gravitacional seja também uniforme, o peso também será. Já em corpos não homogêneos ou de forma irregular, o centro de gravidade só é encontrado pendurando pon- tos do próprio corpo e, onde houver o cruzamento entre os pontos, ali estará o centro de gravidade. 3. ÓPTICA GEOMÉTRICA: REFLEXÃO E REFRAÇÃO DA LUZ. 3.1 INSTRUMENTOS ÓPTICOS: CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES. A óptica é um ramo da Física que estuda a luz ou, mais amplamente, a radiação eletromagnética, visível ou não. A óptica explica os fenômenos de reflexão, refração e difração, a interação entre a luz e o meio, entre outras coisas. Ge- ralmente, a disciplina estuda fenômenos envolvendo a luz visível, infravermelha, e ultravioleta; entretanto, uma vez que a luz é uma onda electromagnética, fenômenos análogos acontecem com os raios X, microondas, ondas de rádio, e outras formas de radiação electromagnética. A óptica, nesse caso, pode se enquadrar como uma subdisciplina do ele- tromagnetismo. Alguns fenômenos ópticos dependem da natureza da luz e, nesse caso, a óptica se relaciona com a mecânica quântica. Segundo o modelo para a luz utilizada, distingue-se entre os seguintes ramos, por ordem crescente de precisão (cada ramo utiliza um modelo simplificado do empregado pela seguinte): • Óptica geométrica: Trata a luz como um conjunto de raios que cumprem o princípio de Fermat. Utiliza-se 40 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS no estudo da transmissão da luz por meios homogê- neos (lentes, espelhos), a reflexão e a refração. • Óptica ondulatória: Considera a luz como uma onda plana, tendo em conta sua frequência e comprimen- to de onda. Utiliza-se para o estudo da difração e interferência. • Óptica eletromagnética: Considera a luz como uma onda eletromagnética, explicando assim a reflexão e transmissão, e os fenômenos de polarização e ani- sotrópicos. • Óptica quântica ou óptica física: Estudo quântico da interação entre as ondas eletromagnéticas e a ma- téria, no que a dualidade onda-corpúsculo joga um papel crucial. Conceitos e propriedades ópticas, princípios da ópti- ca geométrica, reflexão e refração da luz, dioptros pla- nos. A Óptica Geométrica ocupa-se de estudar a propaga- ção da luz com base em alguns postulados simples e sem grandes preocupações com sua natureza, se ondulatória ou particular. Princípios Os princípios em que se baseia a Óptica Geométrica são três: Propagação Retilínea da Luz: Em um meio homogêneo e transparente a luz se propaga em linha reta. Cada uma dessas “retas de luz” é chamada de raio de luz. Independên- cia dos Raios de Luz: Quando dois raios de luz se cruzam, um não interfere na trajetória do outro, cada um se com- portando como se o outro não existisse. Reversibilidade dos Raios de Luz: Se revertermos o sentido de propagação de um raio de luz ele continua a percorrer a mesma trajetória, em sentido contrário. O princípio da propagação retilínea da luz pode ser ve- rificado no fato de que, por exemplo, um objeto quadrado projeta sobre uma superfície plana, uma sombra também quadrada. O princípio da independência pode ser observado, por exemplo, em peças de teatro no momento que holofotes específicos iluminam determinados atores no palco. Mesmo que os atores troquem suas posições nos palcos e os fei- xes de luz sejam obrigados a se cruzar, ainda sim os atores serão iluminados da mesma forma, até mesmo, por luzes de cores diferentes. O terceiro princípio pode ser verifica- do por exemplo na situação em que um motoristade táxi e seu passageiro, este último no banco de trás, conversam, um olhando para o outro através do espelho central retrovisor. O domínio de validade da óptica geométrica é o de a escala em estudo ser muito maior do que o comprimento de onda da luz considerada e em que as fases das diversas fon- tes luminosas não têm qualquer correlação entre si. Assim, por exemplo é legítimo utilizar a óptica geométrica para ex- plicar a refração mas não a difração. Todos os três princípios podem ser derivados do Princípio de Fermat, de Pierre de Fermat, que diz que quando a luz vai de um ponto a outro, ela segue a trajetória que minimiza o tempo do percurso (tal princípio foi utilizado por Bernoulli para resolver o problema da braquistócrona. Note a semelhança entre os enunciados do princípio e do problema). A óptica geométrica fundamentalmente estuda o fenô- meno da reflexão luminosa e o fenômeno da refração lu- minosa. O primeiro fenômeno tem sua máxima expressão no estudo dos espelhos, enquanto que o segundo, tem nas lentes o mesmo papel. Durante sua propagação no espaço, a onda propicia fenômenos que acontecem naturalmente e frequentemente. O conhecimento dos fenômenos ondula- tórios culminou em várias pesquisas de importantes cien- tistas, como Christiaan Huygens e Thomas Young, estes de- fendiam que a luz tinha características ondulatórias e não corpusculares como Isaac Newton acreditava, isso foi possí- vel mediante a uma importante experiência feita por Young, a da “Dupla fenda”, baseada no fenômeno de interferência e difração (veja a figura Fig.1), inerente às ondas. Mais tarde, um outro cientista célebre chamado Heinrich Rudolf Hertz, runescape fotoelétrico que foi muito bem entendido e expli- cado pelo físico Albert Einstein, o que lhe rendeu o Nobel de Física. Essa contradição permitiu à luz ter caráter dualista, ou seja, ora se comporta como onda ora como partícula. Outro exemplo importante foi o de Gauss, no campo da óptica, com suas descobertas e teorias sobre a reflexão da luz em espelhos esféricos e criador das fórmulas que permite cal- cular a altura e distancia de uma imagem do espelho com relação ao objeto. Reflexão Há muitos séculos, curiosos gregos como Heron de Ale- xandria tentavam desvendar os mistérios da natureza, em especial a ele a reflexão luminosa. Atualmente os conheci- mentos adquiridos sobre este campo culminaram, em par- te, na contemporânea mecânica quântica, cientistas como Niels Bohr (com seu modelo atômico mais complexo) per- passaram por estudos na área da reflexão, quando um de seus postulados dizia que fótons poderiam interagir com os elétrons da camada mais exterior da eletrosfera de um áto- mo, excitando-os e proporcionando-os a estes os chamados saltos quânticos que resultariam na “devolução” da radia- ção(pacote destes fótons) incidente. A reflexão, no entanto, não vale só para as ondas luminosas e sim para todas as ondas, ou seja, acústica, do mar, etc. Tomando como exem- plo ondas originadas de inúmeras perturbações superficiais (pulsos) periódicas em um balde largo e comprido de água inerte (parada), percebe-se que as ondas se propagam no meio “batem” nas paredes do recipiente e “voltam” sem so- frerem perdas consideráveis de energia, esse fenômeno é chamado de reflexão. Os estudos do grego Alexandria resul- taram na conclusão de que as ondas luminosas, natureza de onda estudada por ele, incidiam sobre um espelho e eram refletidas, e ainda que o ângulo de incidência é igual ao de reflexão. Esta teoria, aceita até os dias atuais, é valida para todas as naturezas de onda, com exceção à acústica, por se propagar em todas as direções (tridimensional). 41 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Refração Propagando-se numa corda de menor densidade, quan- do um pulso passa para outra de maior densidade, está so- frendo uma refração. Leis da refração 1. Os raios de onda incidente, refratado e normal são coplanares. 2. Lei de Snell - Descartes: a frequência e a fase não va- riam. A velocidade de propagação e o comprimento de onda variam na mesma proporção. Difração Uma onda quando perpassa um obstáculo que possui a mesma ordem de grandeza de seu comprimento de onda, apresenta um fenômeno denominado difração, modifican- do sua direção de propagação e contornando um obstácu- lo. Esse fenômeno foi estudado pelo físico Thomas Young e representado em sua experiência junto ao de interferên- cia - utilizado pra provar a característica ondulatória da luz. Se uma pessoa tentar se comunicar com outra, sendo estes separados por uma parede espessa e relativamente alta, os dois se ouvirão em uma conversa, isso é possível graças ao fenômeno de difração, pois como a onda sonora possui um comprimento de onda na escala métrica, esta contornar a parede e atingir os ouvidos dos indivíduos. A luz não po- deria contornar a parede, pois possui um comprimento de onda na escala manométrica o que faz os indivíduos não se verem apenas se escutarem. Interferência É quando duas ondas, simultaneamente, se propagam no mesmo meio. Denomina-se então uma superposição de ondas. Quando ocorre o encontro entre duas cristas ambas aumentam sua amplitude. Quando dois vales se encontram sua amplitude é igualmente aumentada e os dois abaixam naquele ponto. Quando um vale e uma crista encontram-se, ambos irão querer puxar cada elevação para o seu lado. Se as amplitudes forem iguais elas se cancelam (a=0). Se as am- plitudes foram diferentes elas se subtraem. Polarização A polarização é um fenômeno que pode ocorrer apenas com ondas transversais, aquelas em que a direção de vibra- ção é perpendicular à de propagação, como a produzida em uma corda esticada. A onda é chamada polarizada quando a vibração ocorre em uma única direção. Polarizar uma onda significa orientá-la em uma única direção ou plano. Dioptro É todo o sistema formado por dois meios homogêneos e transparentes. Quando esta separação acontece em um meio plano, chamamos então, dioptro plano. A figura acima representa um dioptro plano, na separa- ção entre a água e o ar, que são dois meios homogêneos e transparentes. Formação de imagens através de um dioptro Considere um pescador que vê um peixe em um lago. O peixe encontra-se a uma profundidade H da superfície da água. O pescador o vê a uma profundidade h. Conforme mostra a figura abaixo: A fórmula que determina esta distância é: Prisma Um prisma é um sólido geométrico formado por uma face superior e uma face inferior paralelas e congruentes (também chamadas de bases) ligadas por arestas. As late- rais de um prisma são paralelogramos. No entanto, para o contexto da óptica, é chamado prisma o elemento óptico transparente com superfícies retas e polidas que é capaz de refratar a luz nele incidida. O formato mais usual de um pris- ma óptico é o de pirâmide com base quadrangular e lados triangulares. A aplicação usual dos prismas ópticos é seu uso para se- parar a luz branca policromática nas sete cores monocromá- 42 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS ticas do espectro visível, além de que, em algumas situações poder refletir tais luzes. Funcionamento do prisma Quando a luz branca incide sobre a superfície do prima, sua velocidade é alterada, no entanto, cada cor da luz bran- ca tem um índice de refração diferente, e logo ângulos de refração diferentes, chegando à outra extremidade do prima separadas. Tipos de prismas • Prismas dispersivos são usados para separar a luz em suas cores de espectro. • Prismas refletivos são usados para refletir a luz. • Prismas polarizados podem dividir o feixe de luz em componentes de variadas polaridades. Lentes esféricas convergentes • Em uma lente esférica com comportamento con- vergente, a luzque incide paralelamente entre si é refratada, tomando direções que convergem a um único ponto. • Tanto lentes de bordas finas como de bordas espes- sas podem ser convergentes, dependendo do seu índice de refração em relação ao do meio externo. • O caso mais comum é o que a lente tem índice de refração maior que o índice de refração do meio ex- terno. Nesse caso, um exemplo de lente com com- portamento convergente é o de uma lente biconve- xa (com bordas finas): Já o caso menos comum ocorre quando a lente tem me- nor índice de refração que o meio. Nesse caso, um exemplo de lente com comportamento convergente é o de uma lente bicôncava (com bordas espessas): Lentes esféricas divergentes Em uma lente esférica com comportamento divergente, a luz que incide paralelamente entre si é refratada, tomando direções que divergem a partir de um único ponto. Tanto lentes de bordas espessas como de bordas finas podem ser divergentes, dependendo do seu índice de refração em rela- ção ao do meio externo. O caso mais comum é o que a lente tem índice de refração maior que o índice de refração do meio externo. Nesse caso, um exemplo de lente com com- portamento divergente é o de uma lente bicôncava (com bordas espessas): Já o caso menos comum ocorre quando a lente tem me- nor índice de refração que o meio. Nesse caso, um exemplo de lente com comportamento divergente é o de uma lente biconvexa (com bordas finas): Propriedades da Luz A luz é um dos entes físicos mais intrigantes existentes. Foi devido a alguns fenômenos luminosos, como o efeito fotoelétrico (onde a incidência de luz sob um material metá- lico provoca uma corrente elétrica a partir deste metal), que a física se desenvolveu para as áreas: quântica e relativística. Um dos maiores panes sobre a compatibilidade entre as teorias clássicas da mecânica e o eletromagnetismo de James Maxwell ocorreu quando este encontrou um valor curioso para medir a velocidade da luz no vácuo, indepen- dentemente do referencial adotado: 43 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS A luz, na verdade, além de apresentar velocidade abso- luta no vácuo de aproximadamente 300.000 km/s (indepen- dente do referencial inercial adotado) provocou uma revo- lução em alguns conceitos físicos clássicos por apresentar caráter dúbio: Partícula e Onda. Sim, a luz apresenta com- portamento ondulatório (pois sofre polarização, reflexão, di- fração, refração entre outros) e comportamento corpuscular (pois sofre colisões, tem momento linear etc). Tem como propriedades básicas: Velocidade Absoluta; Propagação Retilínea; Independência dos Raios e Reversibi- lidade. Velocidade da Luz A velocidade da luz no vácuo, simbolizada pela letra c, é, por definição, igual a 299.792.458 metros por segundo. O símbolo c origina-se do latim celeritas, que significa veloci- dade ou rapidez. A velocidade da luz em um meio material transparente, tal como o vidro ou o ar, é menor que c, sendo a fração função do índice de refração do meio. A unidade fundamental do Sistema Internacional de Unidades (SI) para comprimentos, o metro, é definida desde 21 de outubro de 1983, como a distância que a luz viaja no vácuo em 1/299 792 458 do segundo. Sendo assim, a defini- ção do metro passou a ser dependente da velocidade da luz, numa inversão do que havia anteriormente. Assim, qualquer mudança na definição do correspondente numérico da velo- cidade da luz modificaria a definição do metro, ao passo que eventuais novos cálculos da velocidade da luz poderiam, ao invés de mudar o valor numérico do “c”, modificar a medida do metro. A velocidade da luz no vácuo é geralmente denotada por c, de “constante” ou da palavra latina celeritas (que signi- fica “rapidez”). Originalmente, o símbolo V era usado, intro- duzido por James Clerk Maxwell em 1865. Em 1856, Wilhelm Eduard Weber e Rudolf Kohlrausch usaram c para uma cons- tante, que mais tarde mostrou-se que era igual a √2 vezes a velocidade da luz no vácuo. Em 1894, Paul Drude redefiniu c para o seu significado moderno. Einstein usou V em seus artigos originais em alemão sobre a relatividade restrita em 1905, mas em 1907 ele mudou para c, que então tinha se tornado o símbolo padrão. Às vezes c é usado para a velocidade de ondas em qual- quer meio material, e c0 para a velocidade da luz no vácuo. Esta notação com índice, que é endossada na literatura ofi- cial SI, tem a mesma forma que outras constantes relaciona- das: nomeadamente, μ0 para a permeabilidade do vácuo ou constante magnética, ε0 para a permissividade do vácuo ou constante elétrica, e Z0 para a impedância do espaço livre.No Sistema Internacional de Unidades (SI), o metro é definido como a distância que a luz percorre no vácuo em 1⁄ 299.792.458 de um segundo. Essa definição fixa a velocida- de da luz no vácuo em exatamente 299.792.458 m/s. Como uma constante física dimensional, o valor numérico de c é diferente para sistemas de unidades diferentes. Em ramos da física em que c aparece frequentemente, como na rela- tividade, é comum usar sistemas de unidades naturais de medida em que c = 1. Usando essas unidades, c não aparece explicitamente porque multiplicação ou divisão por 1 não afeta o resultado. A velocidade a que as ondas de luz se propagam no vá- cuo é independente tanto do movimento da fonte de onda quanto do referencial inercial do observador, de modo que a velocidade da luz emitida por uma fonte em alta velocidade é a mesma que a de outra fonte estacionária. No entanto, a frequência da luz (que define a cor) e a energia pode depender de movimento da fonte relativo ao observador, devido ao efeito Doppler relativístico. Todos os observadores que medem a velocidade da luz no vácuo chegam ao mesmo resultado. Essa invariância da velocidade da luz foi postulada por Einstein em 1905, motivado pela teoria de Maxwell do eletromagnetismo e a falta de evidên- cias para suportar o éter luminífero; e desde então tem sido consistentemente confirmado por diversos experimentos. Somente é possível verificar experimentalmente que a ve- locidade da luz de ida e volta (por exemplo, de uma fonte para um espelho e então de volta) independe do referencial, porque é impossível medir a velocidade de ida da luz (por exemplo, de uma fonte para um detector distante) sem uma convenção sobre como os relógios na fonte e no detector devem ser sincronizados. No entanto, adotando a sincroni- zação de Einstein para os relógios, a velocidade de ida da luz fica igual à velocidade da luz de ida e volta, por definição. A teoria especial da relatividade explora as consequências dessa invariância de c com a suposição de que as leis da física são as mesmas em todos os referenciais inerciais. Uma consequência é que c é a velocidade a que todas as partícu- las sem massa e toda radiação eletromagnética, incluindo a luz visível, se propaga (ou move) no vácuo. É também a ve- locidade de propagação da atração gravitacional, na teoria geral da relatividade. Distâncias astronômicas são frequentemente medidas em anos-luz, que é a distância que a luz percorre em um ano solar, aproximadamente 9,46×1012 quilômetros. Passando por materiais transparentes, a velocidade da luz é reduzida a uma fração de c, sendo esse seu índice de refração, uma característica do material. No ar, a velocida- de é pouco menor que c, enquanto materiais mais densos como água ou vidro podem reduzir a velocidade da luz para 70 a 60% de c. Fibras ópticas, muito utilizadas em teleco- municações, normalmente reduzem 30% da velocidade. Essa redução também é responsável pelo fenômeno da refração, quando a luz passa de um material para outro. Como a velocidade depende do índice de refração, e este depende da frequência da luz, tem-se que a luz em dife- rentes frequências viaja a diferentes velocidades no mesmo material.Isto pode causar distorções das ondas eletromag- néticas chamadas de dispersão. Deve-se notar que ao voltar de um meio físico para o vácuo, a luz reassume a velocidade c sem receber nenhuma energia. Propagação da Luz Inúmeras experiências demonstram que a luz se propa- ga em linha reta e em todas as direções, em qualquer meio homogêneo e transparente. Chama-se raio luminoso a linha que indica a direção de propagação da luz. O conjunto de 44 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS raios que parte de um ponto é um feixe. Se o ponto de onde procedem os raios está muito distante, os raios são conside- rados paralelos. Numa casa às escuras, uma pequena aber- tura numa janela nos permite observar a trajetória reta da luz. Do mesmo modo, se fizermos alguns furos nas paredes de uma caixa opaca e acendermos uma lâmpada em seu interior, percebemos que a luz sai por todos os orifícios, isto é, ela se propaga em todas as direções. Meios de propagação da luz Os diferentes meios materiais comportam-se de forma diferente ao serem atravessados pelos raios de luz, por isso são classificados em: Meio transparente É um meio óptico que permite a propagação regular da luz, ou seja, o observador vê um objeto com nitidez através do meio. Exemplos: ar, vidro comum, papel celofane, etc. Meio translúcido É um meio óptico que permite apenas uma propagação irregular da luz, ou seja, o observador vê o objeto através do meio, mas sem nitidez. Meio opaco É um meio óptico que não permite que a luz se propa- gue, ou seja, não é possível ver um objeto através do meio. Princípio de Huygens. Christian Huygens (1629-1695), no final do século XVII, propôs um método de representação de frentes de onda, onde cada ponto de uma frente de onda se comporta como uma nova fonte de ondas elementares, que se propagam para além da região já atingida pela onda original e com a mesma frequência que ela. Sendo esta ideia conhecida como Princípio de Huygens. Para um considerado instante, cada ponto da frente de onda comporta-se como fonte das ondas elementares de Huygens. A partir deste princípio, é possível concluir que, em um meio homogêneo e com as mesmas características físicas em toda sua extensão, a frente de onda se desloca manten- do sua forma, desde que não haja obstáculos. Desta forma: Difração de ondas Partindo do Princípio de Huygens, podemos explicar um outro fenômeno ondulatório, a difração. O fenômeno chamado difração é o encurvamento sofri- do pelos raios de onda quando esta encontra obstáculos à propagação. Imagine a situação em que uma onda se propaga em um meio, até onde encontra uma fenda posta em uma bar- reira. 45 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Este fenômeno prova que a generalização de que os raios de onda são retilíneos é errada, já que a parte que atin- ge a barreira é refletida, enquanto os raios que atingem a fenda passam por ela, mas nem todas continuam retas. Se esta propagação acontecesse em linha reta, os raios continuariam retos, e a propagação depois da fenda seria uma faixa delimitada pela largura da fenda. No entanto, há um desvio nas bordas. Este desvio é proporcional ao tamanho da fenda. Para o caso onde esta largura é muito inferior ao comprimento de onda, as ondas difratadas serão aproximadamente cir- culares, independente da forma geométrica das ondas in- cidentes. Reflexão e refração são fenômenos muito comuns que estão relacionados à propagação da luz. Quando a luz está se propagando em um determinado meio e atinge uma su- perfície, como um bloco de vidro transparente, por exemplo, parte dessa luz retorna para o meio no qual estava se pro- pagando. Este fato é chamado de reflexão da luz. Já a outra parte da luz que passa para o outro meio, é a refração da luz. Esses dois fenômenos ocorrem de forma simultânea, no entanto, pode acontecer de um prevalecer sobre o outro, mas isso depende da natureza dos meios que a luz esta inci- dindo e das condições de incidência. A reflexão pode ser definida de duas formas. Quando a superfície de incidência da luz é totalmente polida, o raio re- fletido é bem definido. Quando isso acontece dizemos que ocorreu reflexão especular. Por outro lado, se a superfície de incidência for irregular, cheia de imperfeições, os raios de luz não são bem refletidos e, dessa forma, ocorre o que chamamos de reflexão difusa. De maneira simples podemos dizer que a reflexão é o ato da luz ser refletida para o meio que estava se propagan- do. A reflexão luminosa é regida por duas leis que são: • Primeira Lei – diz que o raio incidente, o raio refletido e a normal pertencem ao mesmo plano. • Segunda Lei – diz que o ângulo de reflexão é igual ao ângulo de incidência, ou seja, r = i. A refração da luz é responsável por uma série de fe- nômenos ópticos que acontecem no cotidiano, como por exemplo, o fato de a profundidade de uma piscina parecer menor do que realmente é. Esse fenômeno acontece em ra- zão da diferença entre os meios de propagação. Podemos definir a refração como sendo o fenômeno que consiste na mudança de direção de propagação dos feixes de luz quando essa passa de um meio para outro. No ano de 1620, o matemático e astrônomo holandês Snell Descartes descobriu uma relação para calcular o ângu- lo de desvio dos raios solares. Essa relação leva o seu nome Lei de Snell e pode ser escrita da seguinte forma: n1senθ1 = n2senθ2 Onde: • n1 e n2 são os índices de refração; • θ1 e θ2 são os ângulos de incidência e de refração. Fenômenos ópticos Ao incidir sobre uma superfície que separa dois meios de propagação, a luz sofre algum, ou mais do que um, dos fenômenos a seguir: Reflexão regular A luz que incide na superfície e retorna ao mesmo meio, regularmente, ou seja, os raios incidentes e refletidos são paralelos. Ocorre em superfícies metálicas bem polidas, como espelhos. Reflexão difusa A luz que incide sobre a superfície volta ao mesmo meio, de forma irregular, ou seja, os raios incidentes são paralelos, mas os refletidos são irregulares. Ocorre em superfícies ru- gosas, e é responsável pela visibilidade dos objetos. Refração A luz incide e atravessa a superfície, continuando a se propagar no outro meio. Ambos os raios (incidentes e refra- tados) são paralelos, no entanto, os raios refratados seguem uma trajetória inclinada em relação aos incididos. Ocorre quando a superfície separa dois meios transparentes. Absorção A luz incide na superfície, no entanto não é refletida e nem refratada, sendo absorvida pelo corpo, e aquecendo-o. Ocorre em corpos de superfície escura. Princípio da independência dos raios de luz Quando os raios de luz se cruzam, estes seguem inde- pendentemente, cada um a sua trajetória. 46 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Princípio da propagação retilínea da luz Todo o raio de luz percorre trajetórias retilíneas em meios transparentes e homogêneos. Sombra e penumbra Quando um corpo opaco é colocado entre uma fonte de luz e um anteparo é possível delimitar regiões de sombra e penumbra. A sombra é a região do espaço que não rece- be luz direta da fonte. Penumbra é a região do espaço que recebe apenas parte da luz direta da fonte, sendo encontra- da apenas quando o corpo opaco é posto sob influência de uma fonte extensa. Ou seja: Fonte de luz puntiforme Fonte de luz extensa Câmara escura de orifício Uma câmara escura de orifício consiste em um equipa- mento formado por uma caixa de paredes totalmente opa- cas, sendo que no meio de uma das faces existe um peque- no orifício. Ao colocar-se um objeto, de tamanho o, de frente para o orifício, a uma distância p, nota-se que uma imagem refle- tida, de tamanho i, aparece na face oposta da caixa, a umadistância p’, mas de forma invertida. Conforme ilustra a fi- gura: Desta forma, a partir de uma semelhança geométrica pode-se expressar a seguinte equação: Sendo esta conhecida como a Equação da câmara es- cura. Tipos de reflexão e refração Reflexão é o fenômeno que consiste no fato de a luz voltar a se propagar no meio de origem, após incidir sobre uma superfície de separação entre dois meios. Refração é o fenômeno que consiste no fato de a luz passar de um meio para outro diferente. Durante uma reflexão são conservadas a frequência e a velocidade de propagação, enquanto durante a refração, apenas a frequência é mantida constante. Reflexão e refração regular Acontece quando, por exemplo, um feixe cilíndrico de luz atinge uma superfície totalmente lisa, ou tranquila, desta forma, os feixes refletidos e refratados também serão cilín- dricos, logo os raios de luz serão paralelos entre si. Reflexão e refração difusa Acontece quando, por exemplo, um feixe cilíndrico de luz atinge uma superfície rugosa, ou agitada, fazendo com que os raios de luz refletidos e refratados tenham direção aleatória por todo o espaço. Reflexão e refração seletiva A luz branca que recebemos do sol, ou de lâmpadas fluorescentes, por exemplo, é policromática, ou seja, é for- mada por mais de uma luz monocromática, no caso do sol, as sete do arco-íris: vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Sendo assim, um objeto ao ser iluminado por luz branca “seleciona” no espectro solar as cores que vemos, e as refle- tem de forma difusa, sendo assim, vistas por nós. Se um corpo é visto branco, é porque ele reflete todas as cores do espectro solar. 47 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Se um corpo é visto vermelho, por exemplo, ele absorve todas as outras cores do espectro, refletindo apenas o ver- melho. Se um corpo é “visto” negro, é por que ele absorve to- das as cores do espectro solar. Chama-se filtro de luz a peça, normalmente acrílica, que deixa passar apenas um das cores do espectro solar, ou seja, um filtro vermelho, faz com que a única cor refratada de forma seletiva seja a vermelha. Ponto imagem e ponto objeto Chama-se ponto objeto, relativamente a um sistema óptico, o vértice do feixe de luz que incide sobre um objeto ou uma superfície, sendo dividido em três tipos principais: • Ponto objeto real (POR): é o vértice de um feixe de luz divergente, sendo formado pelo cruzamento efetivo dos raios de luz. • Ponto objeto virtual (POV): é o vértice de um feixe de luz convergente, sendo formado pelo cruzamen- to imaginário do prolongamente dos raios de luz. • Ponto objeto impróprio (POI): é o vértice de um feixe de luz cilíndrico, ou seja, se situa no infinito. Chama-se ponto imagem, relativamente a um sistema óptico, o vértice de um feixe de luz emergente, ou seja, após ser incidido. • Ponto imagem real (PIR): é o vértice de um feixe de luz emergente convergente, sendo formado pelo cruzamento efeitivo dos raios de luz. • Ponto imagem virtual (PIV): é o vértice de um feixe de luz emergente divergente, sendo formado pelo cruzamento imaginário do prolongamento dos raios de luz. • Ponto imagem impróprio (PII): é o vértice de um feixe de luz emergente cilíndrico, ou seja, se situa no infinito. Reflexão da Luz - Fundamentos Reflexão é o fenômeno que consiste no fato de a luz voltar a se propagar no meio de origem, após incidir sobre um objeto ou superfície. É possível esquematizar a reflexão de um raio de luz, ao atingir uma superfície polida, da seguinte forma: AB = raio de luz incidente BC = raio de luz refletido N = reta normal à superfície no ponto B T = reta tangente à superfície no ponto B i = ângulo de incidência, formado entre o raio incidente e a reta normal. r = ângulo refletido, formado entre o raio refletido e a reta normal. Leis da reflexão Os fenômenos em que acontecem reflexão, tanto regu- lar quanto difusa e seletiva, obedecem a duas leis funda- mentais que são: 1ª lei da reflexão O raio de luz refletido e o raio de luz incidente, assim como a reta normal à superfície, pertencem ao mesmo pla- no, ou seja, são coplanares. 2ª Lei da reflexão O ângulo de reflexão (r) é sempre igual ao ângulo de incidência (i). i = r Espelho plano Um espelho plano é aquele em que a superfície de refle- xão é totalmente plana. Os espelhos geralmente são feitos de uma superfície metálica bem polida. É comum, usar-se uma placa de vidro onde se deposita uma fina camada de prata ou alumínio em uma das faces, tornando a outra um espelho. Os espelhos planos tem utilidades bastante diversifica- das, desde as domésticas até como componentes de sofisti- cados instrumentos ópticos. 48 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Representa-se um espelho plano por: As principais propriedades de um espelho plano são a simetria entre os pontos objeto e imagem e que a maior parte da reflexão que acontece é regular. Construção das imagens em um espelho plano Para se determinar a imagem em um espelho plano bas- ta imaginarmos que o observador vê um objeto que parece estar atrás do espelho, isto ocorre pois o prolongamento do raio refletido passa por um ponto imagem virtual (PIV), “atrás” do espelho. Nos espelhos planos, o objeto e a respectiva imagem têm sempre naturezas opostas, ou seja, quando um é real o outro deve ser virtual, portanto, para se obter geometri- camente a imagem de um objeto pontual, basta traçar por ele, através do espelho, uma reta e marcar simétricamente o ponto imagem. Translação de um espelho plano Considerando a figura: A parte superior do desenho mostra uma pessoa a uma distância do espelho, logo a imagem aparece a uma dis- tância em relação ao espelho. Na parte inferior da figura, o espelho é transladado para a direita, fazendo com que o observador esteja a uma distância do espelho, fazendo com que a imagem seja deslocada x para a direita. Pelo desenho podemos ver que: Que pode ser reescrito como: Mas pela figura, podemos ver que: Logo: Assim pode-se concluir que sempre que um espelho é transladado paralelamente a si mesmo, a imagem de um ob- jeto fixo sofre translação no mesmo sentido do espelho, mas com comprimento equivalente ao dobro do comprimento da translação do espelho. Se utilizarmos esta equação, e medirmos a sua taxa de variação em um intervalo de tempo, podemos escrever a ve- locidade de translação do espelho e da imagem da seguinte forma: Ou seja, a velocidade de deslocamento da imagem é igual ao dobro da velocidade de deslocamento do espelho. Quando o observador também se desloca, a velocidade ao ser considerada é a velocidade relativa entre o observa- dor e o espelho, ao invés da velocidade de translação do espelho, ou seja: Associação de dois espelhos planos Dois espelhos planos podem ser associados, com as su- perfícies refletoras se defrontando e formando um ângulo entre si, com valores entre 0° e 180°. Por razões de simetria, o ponto objeto e os pontos ima- gem ficam situados sobre uma circunferência. Para se calcular o número de imagens que serão vistas na associação usa-se a fórmula: 49 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Sendo o ângulo formado entre os espelhos. Por exemplo, quando os espelhos encontra-se perpendicular- mente, ou seja =90°: Portanto, nesta configuração são vistas 3 pontos ima- gem. Espelhos esféricos Chamamos espelho esférico qualquer calota esférica que seja polida e possua alto poder de reflexão. É fácil observar-se que a esfera da qual a calota acima faz parte tem duas faces, uma interna e outra externa. Quan- do a superfície refletiva considerada for a interna, o espelho é chamado côncavo, já noscasos onde a face refletiva é a externa o espelho é chamado convexo. Reflexão da luz em espelhos esféricos Assim como para espelhos planos, as duas leis da re- flexão também são obedecidas nos espelhos esféricos, ou seja, os ângulos de incidência e reflexão são iguais, e os raios incididos, refletidos e a reta normal ao ponto incidido. Aspectos geométricos dos espelhos esféricos Para o estudo dos espelhos esféricos é útil o conheci- mento dos elementos que os compõe, esquematizados na figura abaixo: C é o centro da esfera; V é o vértice da calota; O eixo que passa pelo centro e pelo vértice da calota é chamado eixo principal. As demais retas que cruzam o centro da esfera são cha- madas eixos secundários. O ângulo , que mede a distância angular entre os dois eixos secundários que cruzam os dois pontos mais externos da calota, é a abertura do espelho. O raio da esfera R que origina a calota é chamado raios de curvatura do espelho. Um sistema óptico que consegue conjugar a um ponto objeto, um único ponto como imagem é dito estigmático. Os espelhos esféricos normalmente não são estigmáticos, nem aplanéticos ou ortoscópicos, como os espelhos planos. No entanto, espelhos esféricos só são estigmáticos para os raios que incidem próximos do seu vértice V e com uma 50 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS pequena inclinação em relação ao eixo principal. Um espelho com essas propriedades é conhecido como espelho de Gauss. Um espelho que não satisfaz as condições de Gauss (inci- dência próxima do vértice e pequena inclinação em relação ao eixo principal) é dito astigmático. Um espelho astigmático conjuga a um ponto uma imagem parecendo uma mancha. Focos dos espelhos esféricos Para os espelhos côncavos de Gauss pode ser verifi- car que todos os raios luminosos que incidirem ao longo de uma direção paralela ao eixo secundário passam por (ou convergem para) um mesmo ponto F - o foco principal do espelho. No caso dos espelhos convexos é a continuação do raio refletido é que passa pelo foco. Tudo se passa como se os raios refletidos se originassem do foco. Determinação de imagens Analisando objetos diante de um espelho esférico, em posição perpendicular ao eixo principal do espelho pode- mos chegar a algumas conclusões importantes. Um objeto pode ser real ou virtual. No caso dos es- pelhos, dizemos que o objeto é virtual se ele se encontra “atrás” do espelho. No caso de espelhos esféricos a imagem de um objeto pode ser maior, menor ou igual ao tamanho do objeto. A imagem pode ainda aparecer invertida em re- lação ao objeto. Se não houver sua inversão dizemos que ela é direita. Equação fundamental dos espelhos esféricos Dadas a distância focal e posição do objeto é possível determinar, analiticamente, a posição da imagem. Através da equação de Gauss, que é expressa por: Luz Mono e Policromática De acordo com sua cor a luz pode ser classificada como Monocromática ou Policromática. Chama-se luz monocromática aquela composta de apenas uma cor, como por exemplo, a luz amarela emitida por lâmpadas de sódio. Chama-se luz policromática aquela composta por uma combinação de duas ou mais cores monocromáticas, como por exemplo, a luz branca emitida pelo sol ou por lâmpadas comuns. Usando-se um prisma é possível decompor a luz poli- cromática nas luzes monocromáticas que a formam, o que não é possível para as cores monocromáticas, como o ver- melho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Um exemplo da composição das cores monocromáticas que formam a luz branca é o disco de Newton, que é uma experiência composta de um disco com as sete cores do es- pectro visível, que ao girar em alta velocidade, “recompõe” as cores monocromáticas, formando a cor policromática branca. 51 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Cor de um corpo Ao nosso redor é possível distinguir várias cores, mesmo quando estamos sob a luz do Sol, que é branca. Esse fenômeno acontece pois quando é incidida luz branca sobre um corpo de cor verde, por exemplo, este ab- sorve todas as outras cores do espectro visível, refletido de forma difusa apenas o verde, o que torna possível distinguir sua cor. Por isso, um corpo de cor branca é aquele que reflete todas as cores, sem absorver nenhuma, enquanto um corpo de cor preta absorve todas as cores sobre ele incididas, sem refletir nenhuma, o que causa aquecimento. Luz - Velocidade Há muito tempo sabe-se que a luz faz parte de um gru- po de ondas, chamado de ondas eletromagnéticas, sendo uma das características que reúne este grupo a sua veloci- dade de propagação. A velocidade da luz no vácuo, mas que na verdade se aplica a diversos outros fenômenos eletromagnéticos como raios-x, raios gama, ondas de rádio e tv, é caracterizada pela letra c, e tem um valor aproximado de 300 mil quilômetros por segundo, ou seja: No entanto, nos meios materiais, a luz se comporta de forma diferente, já que interage com a matéria existente no meio. Em qualquer um destes meios a velocidade da luz v é menor que c. Em meios diferentes do vácuo também diminui a velo- cidade conforme aumenta a frequência. Assim a velocidade da luz vermelha é maior que a velocidade da luz violeta, por exemplo. Índice de refração absoluto Para o entendimento completo da refração convém a in- trodução de uma nova grandeza que relacione a velocidade da radiação monocromática no vácuo e em meios materiais, esta grandeza é o índice de refração da luz monocromática no meio apresentado, e é expressa por: Onde n é o índice de refração absoluto no meio, sendo uma grandeza adimensional. É importante observar que o índice de refração absoluto nunca pode ser menor do que 1, já que a maior velocidade possível em um meio é c, se o meio considerado for o pró- prio vácuo. Para todos os outros meios materiais n é sempre maior que 1. Alguns índices de refração usuais: Material n Ar seco (0°C, 1atm) ≈ 1 (1,000292) Gás carbônico (0°C, 1atm) ≈ 1 (1,00045) Gelo (-8°C) 1,310 Água (20°C) 1,333 Etanol (20°C) 1,362 Tetracloreto de carbono 1,466 Glicerina 1,470 Monoclorobenzeno 1,527 Vidros de 1,4 a 1,7 Diamante 2,417 Sulfeto de antimônio 2,7 Índice de refração relativo entre dois meios Chama-se índice de refração relativo entre dois meios, a relação entre os índices de refração absolutos de cada um dos meios, de modo que: Mas como visto: Então podemos escrever: Ou seja: 52 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Observe que o índice de refração relativo entre dois meios pode ter qualquer valor positivo, inclusive menores ou iguais a 1. Refringência Dizemos que um meio é mais refringente que outro quando seu índice de refração é maior que do outro. Ou seja, o etanol é mais refringente que a água. De outra maneira, podemos dizer que um meio é mais refringente que outro quando a luz se propaga por ele com velocidade menor que no outro. Leis de Refração Chamamos de refração da luz o fenômeno em que ela é transmitida de um meio para outro diferente. Nesta mudança de meios a frequência da onda lumino- sa não é alterada, embora sua velocidade e o seu compri- mento de onda sejam. Com a alteração da velocidade de propagação ocorre um desvio da direção original. Para se entender melhor este fenômeno, imagine um raio de luz que passa de um meio para outro de superfície plana, conforme mostra a figura abaixo: Onde: Raio 1 é o raio incidente, com velocidade e comprimen- to de onda característico; Raio 2 é o raio refratado, com velocidade e comprimen- to de onda característico; A reta tracejada é a linha normal à superfície; O ângulo formado entre o raio 1 e a reta normal é o ângulo de incidência; O ângulo formado entre o raio 2 e a reta normal é oângulo de refração; A fronteira entre os dois meios é um dioptro plano. Conhecendo os elementos de uma refração podemos entender o fenômeno através das duas leis que o regem. 1ª Lei da Refração A 1ª lei da refração diz que o raio incidente (raio 1), o raio refratado (raio 2) e a reta normal ao ponto de incidên- cia (reta tracejada) estão contidos no mesmo plano, que no caso do desenho acima é o plano da tela. 2ª Lei da Refração - Lei de Snell A 2ª lei da refração é utilizada para calcular o desvio dos raios de luz ao mudarem de meio, e é expressa por: No entanto, sabemos que: Além de que: Ao agruparmos estas informações, chegamos a uma forma completa da Lei de Snell: Dioptro É todo o sistema formado por dois meios homogêneos e transparentes. Quando esta separação acontece em um meio plano, chamamos então, dioptro plano. A figura acima representa um dioptro plano, na separa- ção entre a água e o ar, que são dois meios homogêneos e transparentes. 53 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Formação de imagens através de um dioptro Considere um pescador que vê um peixe em um lago. O peixe encontra-se a uma profundidade H da superfície da água. O pescador o vê a uma profundidade h. Conforme mostra a figura abaixo: A fórmula que determina estas distância é: Focos de uma lente e Vergência Focos principais Uma lente possui um par de focos principais: foco prin- cipal objeto (F) e foco principal imagem (F’), ambos locali- zam-se a sobre o eixo principal e são simétricos em relação à lente, ou seja, a distância OF é igual a distância OF’. Foco imagem (F’) É o ponto ocupado pelo foco imagem, podendo ser real ou virtual. Foco objeto (F) É o ponto ocupado pelo foco objeto, podendo ser real ou virtual. Distância focal É a medida da distância entre um dos focos principais e o centro óptico, esta medida é caracterizada pela letra f. Pontos antiprincipais São pontos localizados a uma distância igual a 2f do centro óptico (O), ou seja, a uma distância f de um dos focos princiapais (F ou F’). Esta medida é caracterizada por A (para o ponto antiprincipal objeto) e A’ (para o ponto antiprincipal imagem). Vergência Dada uma lente esférica em determinado meio, chama- mos vergência da lente (V) a unidade caracterizada como o inverso da distância focal, ou seja: A unidade utilizada para caracterizar a vergência no Sis- tema Internacional de Medidas é a dioptria, simbolozado por di. Um dioptria equivale ao inverso de um metro, ou seja: Uma unidade equivalente a dioptria, muito conhecida por quem usa óculos, é o “Grau”. 1DI = 1GRAU Quando a lente é convergente usa-se distância focal positiva (f>0) e para uma lente divergente se usa distância focal negativa (f<0). Por exemplo: 1) Considere uma lente convergente de distância focal 25cm = 0,25m. Neste caso, é possível dizer que a lente tem vergência de +4di ou que ela tem convergência de 4di. 2) Considere uma lente divergente de distância focal 50cm = 0,5m. Neste caso, é possível dizer que a lente tem vergência de -2di ou que ela tem divergência de 2di. 54 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS QUESTÕES 1. Um macaco que pula de galho em galho em um zoológi- co, demora 6 segundos para atravessar sua jaula, que mede 12 metros. Qual a velocidade média dele? S=12m t=6s v=? 2. Um carro viaja de uma cidade A a uma cidade B, distantes 200km. Seu percurso demora 4 horas, pois decorrida uma hora de viagem, o pneu dianteiro esquerdo furou e precisou ser trocado, levando 1 hora e 20 minutos do tempo total gasto. Qual foi a velocidade média que o carro desenvolveu durante a viagem? S=200km t=4h v=? Mesmo o carro tendo ficado parado algum tempo duran- te a viagem, para o cálculo da velocidade média não levamos isso em consideração. 3. No exercício anterior, qual foi a velocidade nos intervalos antes e depois de o pneu furar? Sabendo que o incidente ocorreu quando faltavam 115 km para chegar à cidade B. Antes da parada: S= 200-115=85km t=1hora v=? Depois da parada: S= 115km t= 4h-1h-1h20min= 1h40min=1,66h (utilizando-se regra de três simples) v=? 4. Um bola de basebol é lançada com velocidade igual a 108m/s, e leva 0,6 segundo para chegar ao rebatedor. Su- pondo que a bola se desloque com velocidade constante. Qual a distância entre o arremessador e o rebatedor? , SE ISOLARMOS S: 5. Durante uma corrida de 100 metros rasos, um competidor se desloca com velocidade média de 5m/s. Quanto tempo ele demora para completar o percurso? , SE ISOLARMOS T: 6. Um carro desloca-se em uma trajetória retilínea descrita pela função S=20+5t (no SI). Determine: A. a posição inicial; B. a velocidade; C. a posição no instante 4s; D. o espaço percorrido após 8s; E. o instante em que o carro passa pela posição 80m; F. o instante em que o carro passa pela posição 20m. Comparando com a função padrão: (a) Posição inicial= 20m (b) Velocidade= 5m/s (c) S= 20+5t S= 20+5.4 S= 40m (d) S= 20+5.8 S= 60m 55 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS (e) 80= 20+5t 80-20=5t 60=5t 12s =t (f) 20= 20+5t 20-20= 5t t=0 7. Em um trecho de declive de 10km, a velocidade máxima permitida é de 70km/h. Suponha que um carro inicie este trecho com velocidade igual a máxima permitida, ao mesmo tempo em que uma bicicleta o faz com velocidade igual a 30km/h. Qual a distância entre o carro e a bicicleta quando o carro completar o trajeto? Carro: S=10km v=70km/h t=? S=70t 10=70t 0,14h=t t=8,57min (usando regra de três simples) Bicicleta O tempo usado para o cálculo da distância alcançada pela bicicleta, é o tempo em que o carro chegou ao final do trajeto: t=0,14h v=30km/h t=0,14h S=? S=0+30.(0,14) S=4,28Km 8. O gráfico a seguir mostra as posições em função do tem- po de dois ônibus. Um parte de uma cidade A em direção a uma cidade B, e o outro da cidade B para a cidade A. As distâncias são medidas a partir da cidade A. A que distância os ônibus vão se encontrar? Para que seja possível fazer este cálculo, precisamos saber a velocidade de algum dos dois ônibus, e depois, calcular a distância percorrida até o momento em que acontece o en- contro dos dois, onde as trajetórias se cruzam. Calculando a velocidade ônibus que sai da cidade A em direção a cidade B (linha azul) Sabendo a velocidade, é possível calcular a posição do encontro, quando t=3h. 9. Um carro, se desloca a uma velocidade de 20m/s em um primeiro momento, logo após passa a se deslocar com ve- locidade igual a 40m/s, assim como mostra o gráfico abaixo. Qual foi o distância percorrida pelo carro? Tendo o gráfico da v x t, o deslocamento é igual à área sob a reta da velocidade. Então: S= Área A + Área B S=20 . 5 + 40 . (15-5) S=100+400 S=500m 10. Dois trens partem simultaneamente de um mesmo local e percorrem a mesma trajetória retilínea com velocidades, respectivamente, iguais a 300km/h e 250km/h. Há comuni- cação entre os dois trens se a distância entre eles não ultra- passar 10km. Depois de quanto tempo após a saída os trens perderão a comunicação via rádio? Para este cálculo estabelece-se a velocidade relativa en- tre os trens, assim pode-se calcular o movimento como se o trem mais rápido estivesse se movendo com velocidade igual a 50km/h (300km/h-250km/h) e o outro parado. 56 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Assim: v=50km/h S=10km t=? 11. Um fio de cobre é percorrido por uma corren- te elétrica constante com intensidade 7A. Sabendo que qual o módulo da carga elétrica que atravessa uma secção transversal do condutor, durante um segundo? E quantos elétrons atravessam tal região neste in- tervalo de tempo? Para resolvermos aprimeira parte do problema devemos lembrar da definição de corrente elétrica: Substituindo os valores dados no exercício: Para a resolução da segunda parte do exercício basta uti- lizarmos a equação da quantização da carga elétrica: 12. Dada a figura abaixo: Calcule as intensidades das correntes 1 e 2. Lembrando da condição de continuidade da corrente elé- trica (1ª Lei de Kirchoff): No primeiro nó: No segundo nó: Lembrando que o total de corrente que chega ao sistema não pode ser alterado, neste caso, basta sabermos a corrente total, e utilizarmos o valor que já conhecemos para a corrente 1: Reduzindo deste total o valor já conhecido: 13. A tabela abaixo descreve a corrente elétrica em função da tensão em um resistor ôhmico mantido a temperatura constante: i (A) U (V) 0 0 2 6 4 12 6 18 8 24 Calcule a resistência e explique o que leva a chamar este condutor de ôhmico. 57 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS Um condutor ôhmico é caracterizado por não alterar sua resistência quando mudam a corrente ou a tensão, fazendo com que o produto entre as duas permaneça constante. Se o resistor descrito é ôhmico, basta calcularmos a resistência em um dos dados fornecido (exceto o 0V, pois quando não há tensão não pode haver corrente), esse cálculo é dado por: 14. Dada as associações de resistores abaixo, diga qual é o seu tipo de associação, justifique e calcule a resistência total da associação. A) Onde: O circuito A é uma associação de resistores em série, pois há apenas um caminho para que a corrente passe de uma extremidade à outra, devendo atravessar cada resistor sucessivamente. O cálculo da resistência total do circuito é feito pela soma de cada resistência que o forma, ou seja: B) Sendo: O circuito B é uma associação de resistores em paralelo, pois há caminhos secundários a serem utilizados pela cor- rente, o que faz com que duas resistências possam ser per- corridas por corrente elétrica no mesmo instante. O cálculo do inverso da resistência total do circuito é feito pela soma dos inversos de cada resistências, ou seja: 58 FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS ANOTAÇÕES ——————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— 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