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Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas MATERIAL DIDÁTICO IMUNOLOGIA U N I V E R S I DA D E CANDIDO MENDES CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 Impressão e Editoração 0800 283 8380 www.ucampromina s.com.br Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas SUMÁRIO UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................. 03 UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS DE IMUNOLOGIA ...................................................... 05 2.1 Mecanismos de resistência ............................................................................... 07 2.2 Antígeno (Ag) e Anticorpo (Ac) .......................................................................... 12 2.3 Complementos .................................................................................................. 17 UNIDADE 3 – IMUNOPROFILAXIA ....................................................................... 22 3.1 Vacinas.............................................................................................................. 22 3.2 Soros ................................................................................................................. 27 UNIDADE 4 – IMUNOHEMATOLOGIA .................................................................. 33 UNIDADE 5 – DIAGNÓSTICO IMUNOSOROLÓGICO DE DOENÇAS INFECTO-PARASITÁRIAS ..................................................................................... 37 5.1 O emprego dos testes sorológicos .................................................................... 37 5.2 Diagnóstico individual e coletivo ........................................................................ 38 5.3 Técnicas imunosorológicas ............................................................................... 42 5.3.1 Reações de aglutinação ................................................................................. 43 5.3.2 Reações de precipitação - imunodifusão........................................................ 45 5.3.3 Reação de imunoeletroforese ........................................................................ 46 5.3.4 Reações de fixação do complemento............................................................. 48 5.3.5 Reação de imunofluorescência ...................................................................... 48 5.3.6 Ensaios imunoenzimáticos ............................................................................. 52 5.3.7 Outras técnicas .............................................................................................. 55 UNIDADE 6 – IMUNOLOGIA DOS TRANSPLANTES ........................................... 57 UNIDADE 7 - IMUNODEFICIÊNCIAS ..................................................................... 61 7.1 Autoimunidade .................................................................................................. 61 7.2 Tratamento de doenças autoimunes ................................................................. 63 7.3 Imunodeficiência ............................................................................................... 64 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 66 ANEXOS ................................................................................................................. 69 3 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO Imunologia é o tema da vez e, embora seja considerada ciência recente, se comparada com outras áreas como bacteriologia, a Imunologia tem sua origem atribuída por alguns autores como Edward Jenner, que, em 1796, verificou proteção induzida pelo cowpox (vírus da varíola bovina) contra a varíola humana, nomeando tal processo da vacinação. No entanto, é sabido que, na antiguidade, os chineses já inalavam o pó das crostas secas das pústulas de varíola ou as inseriam em pequenos cortes na pele, em busca de proteção (TEVA; FERNANDEZ; SILVA, 2009). A título de ilustração, Rezende (2009) também nos conta que a varíola foi a primeira doença infecciosa extinta da face da Terra pela vacinação preventiva. A história da vacina antivariólica merece ser relembrada pela magnitude da vitória alcançada e pela esperança que o método nos trouxe de obter a erradicação de outras doenças infecciosas. Até o final do século XVIII, a varíola constituía verdadeiro flagelo humano, ceifando vidas ou desfigurando o rosto dos sobreviventes com cicatrizes indeléveis e perda de visão. Calcula-se que no século XVIII houve, somente na Europa, 60 milhões de vítimas de varíola. A varíola foi introduzida no Brasil pelos colonizadores portugueses, vinda tanto da Europa como da África. A primeira epidemia de varíola ocorreu em 1563, iniciando-se na Bahia e causando cerca de 30.000 mortes. Os indígenas eram particularmente vulneráveis e muitas tribos foram dizimadas por verdadeiras epidemias de varíola. Calcula-se que a varíola tenha ocasionado maior número de óbitos nos três primeiros séculos de colonização do que todas as outras doenças reunidas. A Imunologia Clínica estuda as patologias causadas por distúrbios do sistema imunológico que protege o organismo de doenças. Mesmo com toda a complexidade desse sistema, existem certos componentes como os anticorpos que são facilmente detectados. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 4 Neste módulo, veremos detalhes dos mecanismos de resistência, os antígenos e anticorpos, os complementos; a imunoprofilaxia que se traduz nas vacinas e soros; a imunoematologia; diagnósticos imunosorológicos de doenças infecto-parasitárias, bem como daremos certa ênfase à imunologia dos transplantes e as imunodeficiências Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.brTelefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 5 UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS DE IMUNOLOGIA Abbas e Lichtman (2007) definem imunidade como a resistência a doenças, mais especificamente às doenças infecciosas. O conjunto de células, tecidos e moléculas que medeiam a resistência às infecções é chamado de sistema imunológico, e a reação coordenada dessas células e moléculas aos microrganismos infecciosos é conhecida como resposta imunológica. A imunologia é, portanto, o estudo do sistema imunológico e de suas respostas aos microrganismos invasores, tendo este sistema, a função fisiológica de prevenir as infecções e erradicar as infecções estabelecidas. De maneira simplificada, Jorge (2010) afirma que a imunologia estuda os mecanismos pelos quais o organismo é capaz de reconhecer e eliminar as substâncias heterólogas, estranhas a sua composição, ou seja, é o estudo da resposta imune. A importância do sistema imunológico para a saúde é ilustrada pela observação frequente de que indivíduos com resposta imunológica defeituosa são suscetíveis a infecções sérias, que frequentemente põem em risco a vida do paciente. Por sua vez, o estímulo da resposta imunológica contra os microrganismos pela vacinação é o método mais eficaz de proteger os indivíduos contra infecções, sendo, mais uma vez lembrado o caso da varíola, que foi completamente erradicada, conforme ilustra o quadro abaixo: Fonte: adaptado de Orenstein et al. (2005 apud ABBAS; LITCHMAN, 2007). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 6 Outra situação que chamou a atenção dos pesquisadores foi a necessidade urgente de descobrir mecanismos que combatessem a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), síndrome esta que a partir de 1980, de maneira trágica, ocasionou muitas mortes ao redor do mundo. Mas o impacto da imunologia vai além das infecções. A resposta imunológica é a principal barreira para o sucesso dos transplantes, um tratamento usado cada vez mais para a falência de um órgão. Há muitos anos têm-se tentado tratar as neoplasias malignas estimulando-se o sistema imunológico contra as células cancerosas. Além disso, as respostas imunológicas anormais são responsáveis por diversas doenças com alto grau de morbidade e mortalidade (ABBAS; LITCHMAN, 2007). Os anticorpos, um dos produtos da resposta imune, são reagentes altamente específicos para detectar uma grande variedade de moléculas na circulação, em células e em tecidos, e têm-se tornado reagentes inestimáveis para testes laboratoriais na medicina clínica e na pesquisa. Os anticorpos designados para bloquear ou eliminar moléculas e células potencialmente perigosas têm seu uso muito difundido para o tratamento de doenças imunológicas, câncer e outros tipos de desordens (ABBAS; LITCHMAN, 2007). Segundo Moura (2008), a resposta imunológica tem grande aplicação no diagnóstico de laboratório, pois é sensível e específica. Entende-se por sensibilidade a capacidade de quantidades extremamente pequenas de antígenos (frequentemente pictogramas) serem suficientes para iniciar uma resposta imunológica detectável. A especificidade da resposta imunológica permite demonstrar facilmente diferenças que métodos bioquímicos mesmo os mais precisos, não permitem. Uma única diferença num aminoácido ou numa unidade monossacarídica pode ser reconhecida pelo anticorpo específico. No início, o diagnóstico imunológico se restringia à demonstração de anticorpos circulantes contra agentes infecciosos. Assim, foi idealizada a reação de Widal, para o diagnóstico indireto da febre tifoide, através da demonstração de aglutininas no sangue circulante. A sorologia clássica baseava-se na busca de um Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 7 aumento de título entre o soro colhido na fase aguda da doença e o soro colhido na fase de convalescença. Verificou-se posteriormente que, devido à existência de antígenos cruzados, podemos fazer algumas reações imunológicas mesmo sem se ter o antígeno específico. Por exemplo, a reação de Wassermann é feita com cardiolipina e a reação de Weil-Felix se baseia em antígenos de Proteus, que apresentam cruzamento antigênico com riquétsias. O uso de anticorpos para a identificação de antígenos de microrganismos também se iniciou com febre tifoide, na direção do agente dessa infecção com o agente da cólera, por meio de soros específicos. Hoje, os métodos imunológicos ampliaram sua ação para estudar os distúrbios do próprio sistema imunológico. Células linfoides anormais podem perturbar a produção de imunoglobulinas, defeitos congênitos podem prejudicar a produção de anticorpos circulantes, a função dos linfócitos; macrófagos, neutrófilos ou do complemento. A resposta imunológica anormal pode causar doenças alérgicas ou doenças autoimunes. Os argumentos acima mostram que os métodos imunológicos estão em grande desenvolvimento e novas técnicas vêm sendo frequentemente descritas. 2.1 Mecanismos de resistência Segundo Teva, Fernandez e Silva (2009), o sistema imune é o conjunto de células, tecidos, órgãos e moléculas que os humanos e outros seres vivos usam para a eliminação de agentes ou moléculas estranhas, inclusive o câncer, com a finalidade de se manter a homeostasia do organismo. Os mecanismos fisiológicos do sistema imune consistem numa resposta coordenada dessas células e moléculas diante dos organismos infecciosos e dos demais ativadores, o que leva ao aparecimento de respostas específicas e seletivas, inclusive com memória imunitária, que também pode ser criada artificialmente, através das vacinas. Na ausência de um sistema imune funcional, infecções leves podem sobrepujar o hospedeiro e levá-lo à morte. Porém, mesmo com um sistema imune funcional, o homem, por exemplo, pode adquirir uma doença infecciosa ou um Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 8 câncer, pois a resposta imune específica, diante de um agente agressor, leva tempo para se desenvolver e, além disso, tanto organismos estranhos, como células neoplásicas, desenvolvem mecanismos de evasão para fugir da resposta imune. Por essas breves explicações, percebemos que o momento será para conhecer os mecanismos de resistência do organismo que podem ser divididos em específicos e inespecíficos. Tomaremos emprestados os conhecimentos de Jorge (2010) que sintetiza e explica de maneira bem didática. A) Mecanismos de Resistência Inespecífica (Constitucional) São mecanismos constitucionais, representados pelas barreiras que impedem a penetração dos microrganismos, processo inflamatório, fagocitose e fatores humorais de resistência inespecífica. - Barreiras à Penetração de Microrganismos: Na pele temos duas proteções: 1) proteção mecânica – comprometida por escoriações microscópicas e folículos pilosos; 2) mecanismos de certo poder bactericida – acidez cutânea (pH 3 a 5), conteúdo de ácidos graxos das secreções sebáceas, lisozima, influência combinada da luz solar com a vitamina D. Nas Mucosas elas são: 1) barreiramecânica; 2) retenção pelo muco que recobre as mucosas das vias aéreas superiores; 3) fluxo das secreções e ação bactericida das mesmas: presença de lisozima (lágrima, secreção nasal, saliva, pele, mucosa intestinal). Temos aqui os fatores microbianos representados pelo antagonismo bacteriano dos constituintes da microbiota normal da pele e mucosas. São dados pela competição por nutrientes essenciais e produção de catabólitos, ou produção de substâncias que suprimem as espécies competidoras (bacteriocinas). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 9 - Reação Inflamatória As reações inflamatórias, outro mecanismo de resistência inespecífica, é representada por uma série de reações vasculares e celulares. a) Reações vasculares: ocorrem principalmente reações que alteram o calibre e a permeabilidade dos vasos: Imediata – origem neurogênica ou adrenérgica; ocorre vasoconstrição com consequente isquemia (0-5 minutos após o estímulo); transitória precoce – liberação de histamina e serotonina, que produzem vasodilatação, alteração na permeabilidade capilar com saída de proteínas, eletrólitos e água dos vasos. Início da saída (migração) de leucócitos (5-30 minutos); prolongada tardia – liberação de substâncias farmacologicamente ativas; formação de agregado de células leucocitárias no local. b) Reações celulares são representadas principalmente por: transmigração de neutrófilos – marginação leucocitária, saída dos neutrófilos dos vasos para os tecidos. Os fatores quimiotáticos para essas células são representados por componentes solúveis dos microrganismos, componentes do complemento, enzimas séricas e intracelulares, complexos antígeno- anticorpo; transmigração de monócitos – mais lento (até cinco horas) e multiplicam-se no local da inflamação. Os fatores quimiotáticos são representados por componentes solúveis dos microrganismos e fatores derivados dos leucócitos lesados; transmigração de linfócitos – fatores quimiotáticos representados por componentes do complemento e fatores liberados pelos linfócitos sensibilizados. - Fagocitose Enquanto mecanismo de resistência inespecífico estão presentes as células fagocíticas: Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 10 micrófagos – polimorfonuclear neutrófilo (fagócito ativo) e polimorfonuclear eosinófilo (fagócito seletivo); macrófagos – podem ser denominados, de acordo com o tecido em que se encontram em: a) monócitos dos sangue; b) histiócitos da pele, alvéolos, baço, ossos; c) macrófagos derivados dos monócitos; d) micróglia do Sistema Nervoso Central; e) células endoteliais de sinusóides do fígado (células de Kupfer), baço, medula óssea e dos linfonodos. OBS.: 1mm cúbico de sangue contém aproximadamente de 5 a 10.000 leucócitos; destes, 60% são neutrófilos, 30% linfócitos, 6% monócitos e 3% eosinófilos. O mecanismo da Fagocitose se dá assim: fase de aderência – envolve receptores de membrana dos fagócitos, imunoglobulinas opsonizantes e componentes do complemento; fase de ingestão – penetração no citoplasma por invaginação da membrana citoplasmática; pós-fagocitose – formação do fagolissomo; morte intracelular dos microrganismos, por alterações no pH através da produção de ácido lático, pela produção de peróxido de hidrogênio e pela presença de componentes antimicrobianos dos lisossomos; e digestão intracelular, por meio de enzima hidrolíticas (proteases, peptidases, nucleases, lipases, etc.). Não podemos deixar de lado os fatores humorais de resistência inespecífica (não confundir com os fatores humorais de resistência específica que virá a seguir) que são representados pela ativação do complemento pela via alternativa, produção de interferon pelos linfócitos e pela presença de anticorpos naturais. B) Mecanismos de Resistência Específica Os mecanismos de resistência específica são fatores desencadeados frente a um estímulo imunogênico específico e podem conferir imunidade. A resposta imune ocorre de duas formas principais: Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 11 1) Imunidade Humoral: antitóxica – pela produção de antitoxina (anticorpos). O toxóide representa a toxina inativada, que perdeu sua capacidade tóxica, porém conserva a capacidade imunogênica (gerar antitoxina); antimicrobiana – ação direta sobre os microrganismos, através de ação bacteriolíptica, de aglutinação e de opsonização. 2) Imunidade Celular: conferida por meio de linfócitos efetuadores. São características da Resistência Específica: especificidade – os mecanismos da resistência são específicos para espécie, para indivíduos e para órgãos; heterogeneidade – a resistência específica é dada por diferentes respostas a uma infinidade de antígenos; memória: representada pelas células da memória. Quanto à dinâmica da resposta imune, esta resposta pode ser primária ou secundária. A resposta primária ocorre após o primeiro estímulo imunogênico. Após a introdução do antígeno, ocorre período de latência (alguns dias a algumas semanas), que depende da espécie e idade do animal inoculado, da dose e via de inoculação, da natureza do antígeno e da metodologia utilizada para detecção da resposta imune. Por exemplo, o coelho elabora anticorpos frente a hemácias e bactérias em aproximadamente cinco dias, enquanto que demoram 2-3 semanas para produção de antitoxina diftérica. Os anticorpos se mantêm em nível elevado no sangue dependendo do balanço entre a biossíntese e a destruição metabólica. A diminuição na quantidade de anticorpos no soro pode, conforme o caso, ocorrer em semanas ou anos, de acordo com a persistência do estímulo imunogênico e o índice de destruição metabólica. Antígenos particulados produzem estímulos antigênicos mais prolongados que os solúveis. O mesmo ocorre com antígenos que não são atacados por enzimas Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 12 do organismo; por exemplo: polissacarídeos da cápsula do pneumococo produzem maior estímulo antigênico que proteínas. Embora falaremos mais adiante sobre algumas formas de imunização, vale lembrar que elas podem ser por: imunidade ativa naturalmente adquirida (doença); imunidade ativa artificialmente adquirida (vacina); imunidade passiva naturalmente adquirida (imunidade congênita); imunidade passiva artificialmente adquirida (soro); imunidade adotiva (transferência de células linfóides). A resposta secundária acontece assim: no animal previamente sensibilizado por um estímulo primário, uma segunda dose do mesmo Ag, dita reativante (booster), produz uma resposta acelerada e em nível mais elevado que a primeira: é a resposta secundária, atribuída à “memória imunológica”. Tanto na resposta primária como na secundária, a fase de aumento no número de (anticorpos) Acs é logarítmica em relação ao tempo, o que sugere fortementeuma multiplicação de células formadoras de Ac mais intensa no caso da resposta secundária, em virtude do acúmulo prévio de células da memória (JORGE, 2010). 2.2 Antígeno (Ag) e Anticorpo (Ac) Antígenos (do grego: anti, contra e gen, gerar) são substâncias capazes de induzir resposta imune específica. Essa resposta consiste na elaboração de anticorpos, no desenvolvimento de imunidade mediada por células, ou de ambos. Os antígenos possuem duas propriedades fundamentais: a) imunogenicidade – capacidade de induzir resposta imune específica (anticorpos ou imunidade celular); b) antigenicidade – propriedade de uma substância (antígenos) de reagir com os produtos da resposta imune específica. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 13 São requisitos dos Antígenos: A primeira e principal característica para que uma molécula seja qualificada como antígeno é ser geneticamente estranha ao hospedeiro. Os linfócitos de um vertebrado são capazes de reconhecer as estruturas químicas herdadas como próprias do organismo. Esses mesmos linfócitos reconhecem ainda como próprias as estruturas químicas que estiverem em contato com os órgãos linfoides durante a vida embrionária desse organismo. Quando uma substância qualquer entra em contato com o organismo de um vertebrado, ocorrerá um processo de reconhecimento pelo organismo, e essa substância poderá ser reconhecida como estranha (não própria ou non selt). Se a substância for reconhecida como própria ao organismo, ele normalmente não apresentará resposta imune. Nesse caso, o organismo é tolerante a essa substância. Um segundo requisito de um antígeno se relaciona ao tamanho: moléculas de peso molecular inferior a 5.000 não são antigênicas (a menos que estejam agregadas); entre 5.000 e 10.000 são fracamente antigênicas (insulina e histonas, por exemplo); moléculas de elevado peso molecular (ovoalbumina, 40.000; soro- albumina, 60.000) situam-se entre os antígeno potentes. Não basta que uma substância seja macromolecular para que seja antígeno; alguns polímeros sintéticos (náilon, polistireno) possuem moléculas volumosas, porém, não são antigênicos. É necessário que a substância possua complexidade interna, como, por exemplo, as proteínas, para que possua capacidade antigênica. A complexidade interna é determinada pelas propriedades físicas e químicas da molécula de antígeno. Não existe nenhuma configuração (conformação) molecular que seja caracteristicamente imunogênica. Polipeptídeos e carboidratos, sejam lineares ou ramificados, assim como proteínas globulares, são todos capazes de induzir resposta imune. Entretanto, os anticorpos formados contra essas diferentes estruturas conformacionais são altamente específicos, podendo discriminar essas diferenças facilmente. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 14 Por outro lado, quando a conformação de um antígeno é alterada, o anticorpo induzido pela forma original não mais se combina com ele. Do mesmo modo, quando um grupamento determinante consiste de um conjunto de aminoácidos de diferentes porções de uma cadeia polipeptídica dobrada, um anticorpo específico não é capaz de reconhecê-lo após desdobramento das cadeias, em consequência da desnaturação sofrida. Ressalte-se que a imunogenicidade não é limitada a uma determinada carga molecular; substâncias positivas, negativas ou neutras podem ser imunogênicas. Entretanto, a carga global do antígeno parece influenciar a carga global do anticorpo resultante. Foi demonstrado que a imunização com certos antígenos de carga positiva resulta na produção de anticorpos carregados negativamente. Os determinantes antigênicos do antígeno têm que estar acessíveis. Possuir, portanto, acessibilidade ao sistema de reconhecimento para que ocorra a resposta imune. São propriedades químicas dos Antígenos: Determinante antigênico (ou epítopo) é a menor porção de uma molécula, responsável por sua propriedade de estimular a produção de anticorpos ou resposta imune celular. É a área do antígeno que determina a especificidade da reação antígeno-anticorpo. Na natureza, a maioria dos antígenos são proteínas. Estas podem existir puras ou combinadas com outras substâncias, como lipídeos (Iipoproteínas), ácidos nucléicos (nucleoproteínas) ou carboidratos (glicoproteínas: antígenos dos grupos sanguíneos, por exemplo). Entre as proteínas que podem ser imunogênicas encontram-se as proteínas séricas e teciduais, as proteínas estruturais dos vírus, bactérias e outros microrganismos, toxinas, proteínas vegetais e enzimas. Os polissacarídeos constituem outra classe de imunógenos; podem ocorrer puros (cápsula do pneumococo, por exemplo), ou na forma de lipopolissacarídeos (LPS) constituintes de parede celular de bactérias Gram-negativas. Lembremos que por muitos anos os ácidos nucléicos foram considerados não imunogênicos; entretanto, sob certas condições, eles podem servir de Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 15 imunógenos, particularmente quando compostos de filamento único. Em relação aos lipídios, não existem provas convincentes que induzam a formação de anticorpos. Os tipos de Antígenos existentes são os seguintes: Antígenos particulados e solúveis: Antígenos particulados são representados por determinantes antigênicos que fazem parte da estrutura de células, bactérias, fungos e vírus; estão, portanto, fixos aos mesmos. Antígenos solúveis são aqueles encontrados em substâncias químicas ou ainda em produtos de microrganismos liberados para o meio. Antígenos exógenos: São representados principalmente por microrganismos e seus produtos. Podem ser: • virais – existem três tipos fundamentais de antígenos virais; a) proteínas constituintes da superfície da partícula do vírus (Antígeno V); b) antígenos virais solúveis (S), constituídos de nucleoproteína ou enzimas; e, c) antígenos derivados da célula hospedeira em consequência da presença do vírus; • bacterianos – existem os solúveis (toxinas, enzimas), que são eliminados para o meio onde as bactérias crescem, e os que fazem parte da estrutura fixa do microrganismo, constituindo os antígenos figurados (constituintes de cápsula, LPS). Antígenos endógenos: São encontrados no próprio indivíduo ou animal. Compreendem: a) xenoantígenos (heteroantígeno): encontrados em uma variedade de espécies filogeneticamente não relacionadas. Exemplos: antígeno de Forssman, certos antígenos teciduais que reagem cruzadamente com antígenos exógenos (tecidos renais e cardíacos e estreptococos beta-hemolíticos). b) autoantígenos: são antígenos que naturalmente podem ser reconhecidos como estranhos pelo hospedeiro, porém, encontram-se isolados da ação do sistema imune, não sendo reconhecidos. Exemplos: antígenos em órgãos específicos como da tireoide e córnea. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 16 c) aloantígenos:são antígenos controlados geneticamente por determinantes antigênicos distinguindo indivíduos de mesma espécie. Exemplos: antígenos dos grupos sanguíneos e da histocompatibilidade. Anticorpo é uma globulina sintetizada pelos plasmócitos, por estímulo de um antígeno e que possui a propriedade de interagir com este de maneira específica. Os anticorpos são moléculas protéicas (também chamadas de gamaglobulinas ou imunoglobulinas) que trazem consigo a propriedade de combinar-se especificamente com a substância que provocou sua formação (antígenos). Com exceção dos anticorpos naturais, os mesmos são formados em resposta aos antígenos que penetram no organismo. As imunoglobulinas formam um grupo heterogêneo de proteínas que totalizam aproximadamente 20% do total de proteínas plasmáticas. Na eletroforese do soro, a maioria dos anticorpos migra para a zona designada gama-globulina, mas são encontradas quantidades significativas na zona das beta-globulinas. Populações diferentes de imunoglobulinas também são encontradas nos fluidos extravasculares, nas secreções exócrinas e na superfície de alguns linfócitos. Quanto à estrutura dos anticorpos, eles são glicoproteínas compostas de 82 a 96% de polipeptídeos e de 4 a 18% de carboidratos. Possuem uma estrutura básica (monômero) representada pelo modelo da molécula de IgG, que é, esquematicamente constituída por: a) duas cadeias pesadas, H (do inglês heavy) de cerca de 550.000 daltons de peso molecular, com 446 resíduos de aminoácidos, unidas covalentemente por pontes dissulfeto (SS), no nível da região da dobradiça, e por forças não covalentes, sobretudo hidrofóbicas; b) duas cadeias leves, L (do inglês light), de cerca de 25.000 daltons, com 214 resíduos de aminoácidos, unidas cada uma delas, por suas extremidades C-terminais, às respectivas cadeias H, através de pontes SS, ilustrada abaixo. Os anticorpos IgG purificados, quando vistos ao microscópio eletrônico, por coloração negativa, apresentam-se como moléculas em forma de “Y”, cujos braços podem abrir-se até um ângulo de 180°, através da região que atua como dobradiça. A digestão enzimática pela pepsina de moléculas de anticorpos foi utilizada por Pope (1938/1939) para purificação de soros terapêuticos; tal digestão originou Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 17 dois fragmentos: um que se liga ao antígeno (Fab) e outro cristalizável (Fc). Porter (1959) verificou que através da digestão pela papaína, são formados três fragmentos: dois fragmentos Fab e um Fc. Estrutura esquemática de um anticorpo Fonte: Jorge (2010, p. 298). 2.3 Complementos Leão e Jorge (2010) contam que Charles Bordet, em 1895, observou que o soro obtido de animais infectados com um microrganismo apresentava capacidade de aglutinar e lisar o mesmo microrganismo, numa suspensão em tubo de ensaio, em temperatura fisiológica (37°C). Se, entretanto, o soro fosse aquecido à 56°C ou mais, sua capacidade lítica era inibida. A capacidade lítica do soro podia ser devolvida com a adição de soro de animal não exposto ao microrganismo. Como os anticorpos são termoestáveis e específicos, Bordet concluiu que o soro deveria conter um outro componente, termolábil e inespecífico, que “complementava” a atividade antimicrobiana dos anticorpos. Assim, Erlich, originalmente, aplicou o termo complemento a esses componentes do soro. Hoje se sabe que o complemento não é uma substância única, mas sim um sistema bastante complexo, formado por vários elementos de natureza proteica, que Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 18 interagem de forma sequenciada (cascata) e regulada, desempenhando funções efetoras da resposta humoral e participando do processo inflamatório. O sistema complemento é constituído por um grande número de proteínas, várias das quais se apresentam como zimógenos, isto é, pró-enzimas que requerem lise proteolítica para se ativar. A ativação é uma reação em cascata, com cada componente agindo sequencialmente em outros, como no sistema da coagulação. O resultado da ativação do sistema complemento é a lise de células ou microrganismos, a produção de mediadores pró-inflamatórios e a solubilização de complexos antígeno-anticorpo. O sistema complemento pode ser ativado por três vias diferentes: via clássica, ativada pela ligação antígeno-anticorpo; via das lectinas ativada pela ligação de uma lectina sérica à manose de carboidratos presentes em bactérias e vírus; e via alternativa, ativada pela ligação de um componente do complemento espontaneamente gerado à superfície de um patógeno. Todas essas vias convergem para uma via comum, levando à formação de um complexo proteico citolítico chamado complexo de ataque à membrana. As proteínas da via clássica e da via comum são identificadas pela letra C acompanhada de um número. A via clássica consiste de seis proteínas: C1 (q, r, s), C4, C2 e C3, e a via comum dos componentes C5, C6, C7, C8 e C9. As proteínas da via alternativa são conhecidas como fatores e são identificadas por uma letra maiúscula. São eles: Fator B, Fator D e Properdina (P), além do componente C3. Essas proteínas circulam no plasma sob forma inativa (veja quadro a seguir). Quando estão sob a forma ativada, são indicadas com um traço horizontal sobre a letra e o algarismo respectivo. A letra “i” no final do símbolo serve para designar o componente que perdeu uma atividade definida, por exemplo: C4i = C4 inativado. Quando um componente é cIivado, de tal forma que resultem fragmentos, estes são representados por letras minúsculas após o símbolo; por exemplo: C3a e C3b, sendo a letra minúscula b reservada ao maior fragmento (alguns autores consideram como única exceção: C2a maior que C2b). O sistema complemento compreende ainda proteínas reguladoras ou inibidoras que se apresentam sob a forma solúvel ou ligadas à superfície de certas Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 19 células. A maioria delas é simbolizada pela abreviação de sua atividade por exemplo: C4bp (do inglês C4, binding protein). Também fazem parte de sistema complemento os receptores para os fragmentos gerados durante a cascata, identificados de acordo com seu ligante ou por um sistema numérico, por exemplo: CR1 e C3aR. Principais proteínas que constituem a cascata do sistema complemento, considerando-se a via, peso molecular e concentração sérica Fonte: Leão e Jorge (2010, p. 307). Dentre as ações biológicas do sistema complemento, podemos citar: a) Citólise Específica: O sistema complemento promove a lise de células pela inserção do MAC na superfície celular. Trata-se de um importante mecanismo de defesa contra microrganismos patogênicos, embora em algumas situações patológicas possa acontecer lise de células do próprio hospedeiro ocasionando dano tecidual e doença. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 20 b) Opsonização:Opsonização significa facilitação à fagocitose. Algumas células e bactéria são mais facilmente fagocitadas quando componentes do complemento estão aderidos a sua superfície. C3b e iC3b, quando ligados à superfície de um microrganismo, agem como opsoninas e ligam especificamente os receptores do complemento presentes nos neutrófilos e macrófagos, favorecendo a fagocitose e morte desses microrganismos. c) Liberação de Anafilatoxinas: C3a, C4a e C5a, fragmentos gerados durante a cascata, são chamado anafilatoxinas porque induzem vasodilatação e aumento de permeabilidade vascular, como na anafilaxia. Os fragmentos são capazes de agir diretamente sobre os vasos ou ligar determinadas células, promovendo a liberação de mediadores inflamatórios e vasoativos, como a histamina exocitada por mastócitos e basófilos. d) Quimiotaxia: C5a também atua como quimiotático para neutrófilos, induzindo sua migração para o local de agressão. Também estimulam a degranulação desses neutrófilos, atuam em seu metabolismo oxidativo e sua adesividade. e) Solubilização de Complexos Imunes: Os depósitos de grandes agregados Ag-Ac formados durante a resposta imune podem provocar reações de hipersensibilidade e muitas vezes podem se tornar difíceis de ser digeridos, mesmo quando fagocitados por macrófagos. A ligação do sistema complemento ao Ac pode impedir as interações entre as regiões Fc dos anticorpos, inibindo ou desestabilizando a formação desses grandes agregados. f) Imunoaderência: Essa função é mediada por CR1 presente na superfície de hemácias e plaquetas. Devido à presença desse receptor, essas células têm a capacidade de se ligar aos complexos Ag-Ac-C3b e retirá-los da circulação sanguínea. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 21 Os complexos, geralmente, são levados para o baço ou para o fígado, onde as células fagocíticas mononucleares fixas irão fagocitá-los. g) Interação com os Sistemas de Coagulação Sanguínea: O complemento interage com o sistema fibrinolítico e com o sistema bradicinina. Quanto à síntese das Proteínas do Complemento, é importante saber que a maior parte das proteínas circulantes do sistema complemento é sintetizada por fagócitos mononucleares e hepatócitos. A síntese pelos fagócitos mononucleares é muito evidente nos sítios de inflamação. A regulação da síntese dessas proteínas é bastante complexa e envolve a influência de certas interleucinas, como IL-1, IL-6 e TNF. Existem algumas doenças relacionadas ao complemento como a anormalidade em algum gene responsável pela síntese de proteínas do sistema complemento que pode levar a deficiência desse componente e, consequentemente, a uma ativação anormal da cascata. Várias deficiências já foram descritas e geralmente são atribuídas à herança genética ou mutação espontânea de algum gene. A deficiência de complemento mais descrita é a do componente C2 e a deficiência de C3 que está associada com infecções bacterianas piogênicas frequentes. Deficiências nas proteínas reguladoras estão associadas com ativação anormal do complemento e anormalidades clínicas relacionadas. Por exemplo, indivíduos deficientes em C1-INH possuem edema angioneurótico hereditário, cuja manifestação clínica é o desenvolvimento frequente de edemas na pele e mucosas, que duram de 24 a 72 horas. O sistema complemento também pode estar associado a doenças quando um sistema normal é ativado por estímulos anormais, como microrganismos persistentes ou resposta humoral para antígenos próprios. Nesses casos, os efeitos líticos e inflamatórios do complemento contribuem para o dano tecidual e doença (LEÃO; JORGE, 2010). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 22 UNIDADE 3 – IMUNOPROFILAXIA Imunoprofilaxia é a prevenção de doenças através da imunidade conferida pela administração de soros e vacinas. A imunoprofilaxia ativa se faz com vacinas, enquanto a passiva se faz com soros (ZÖLLNER; JORGE, 2010). A conservação de soros e vacinas depende de uma eficaz cadeia de manutenção de temperatura adequada, desde sua produção até seu transporte e aplicação. A maioria absoluta desses produtos necessita ser conservada em temperaturas de 2 a 8°C. Raros produtos podem ser também congelados (por exemplo, a vacina do sarampo) ou liofilizados (febre amarela e brucelose bovina). 3.1 Vacinas Vacinas são antígenos de várias categorias, capazes de estimular no organismo que os recebe um estado de resistência parcial ou total contra uma determinada infecção. Vacinação é a imunização ativa, na qual a vacina (Ag) consiste de uma suspensão de agentes infecciosos ou parte deles, administrados para dar proteção contra doenças infecciosas. O conhecimento da vacinoterapia vem de épocas remotas; povos da China e índia inoculavam pus de variolosos contendo vírus da varíola, produzindo nos inoculados uma doença relativamente benigna e com imunidade sólida. Podemos dizer que os estudos sobre vacinação se iniciaram em 1721 com Lady Wortley Montagu, que introduziu a variolização na Inglaterra. Lady Montagu colhia material de pústula de casos não severos de varíola e os inoculava na pele escarificada de indivíduos sadios. Esse método não era livre de riscos e frequentemente causava ataques típicos de varíola, e em alguns casos o desfecho era fatal. Havia, ainda, a possibilidade desses vacinados disseminarem a moléstia na ausência de preocupações especiais. Em 1798, Jenner, médico inglês, aproveitando-se da observação popular corrente na época de que os ordenhadores que desenvolviam o quadro clínico conhecido pelo nome de vaccinia ficavam mais tarde protegidos contra a varíola, Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 23 publicou seu trabalho de vacinação no homem com material colhido de pústulas de vaccinia (cow-pox), doença viral que ocorre nos bovinos, de baixa infectividade para o homem. Pasteur (1879) verificou que culturas envelhecidas de Pasteurella multocida, responsável pela cólera aviária em galinhas, não produziam a morte dessas aves e protegiam-nas contra inoculações virulentas do mesmo agente recentemente isolado. Esse mesmo autor, em 1881, trabalhando com o Bacillus anthracis tratado com ácido fênico a certa temperatura, conseguiu atenuá-lo e imunizar bovinos e ovinos contra o carbúnculo hemático. A essas culturas atenuadas, Pasteur denominou vacina, como um tributo a Jenner, ampliando, assim, o significado do termo. Em 1885, foi ainda Pasteur que demonstrou a possibilidade de proteger homens e animais contra a raiva através da vacinação. Em 1886, Solomon e Theobald Smith verificaram que também era possível obter-se imunidade mediante injeção de microrganismos mortos, quando estudaram uma doença de porcos, o paratifo, sendo seus resultados confirmados posteriormente em doenças humanas, como a febre tifoide e a disenteria bacilar. Wright demonstrou que suspensões de microrganismos mortos também podiam ser usadas para o tratamento de doenças, abrindo, assim, o caminho da vacinoterapia curativa (ZÖLLNER; JORGE, 2010). Em 1890, Behring e Kitasato injetaramtoxina em doses subletais em animais, descobrindo a anatoxina. Em 1906, Calmette e Guerin, no Instituto Pasteur de Paris, conseguiram uma amostra atenuada do bacilo da tuberculose após 230 passagens do bacilo da tuberculose bovina em meio de cultura contendo batata biliada. Essa vacina, que recebeu o nome de BCG (Bacilo de Calmette e Guerin), foi a primeira vacina bacteriana usada em grande escala no homem. Em 1931, Goodpasture abriu novo caminho cultivando vírus em ovos embrionados e possibilitando, assim, o preparo de vacinas contra infecções virais. Em 1949, Enders ampliou o campo descoberto por Goodpasture, replicando vírus em cultura de tecidos. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 24 Essa breve retrospectiva das pesquisas nos mostra que as descobertas e os avanços foram mais rápidos se pensarmos em séculos e século desde que os homens passaram a preocupar com as doenças que vieram dizimando milhares de pessoas ao longo da existência humana, mas de certo ainda há muito a fazer, muito a descobrir, principalmente mediante o desenvolvimento das novas tecnologias e instrumentos que jamais suporíamos existir. Quanto às vacinas, elas podem ser classificadas por sua constituição, pela procedência, número de antígenos, vias de aplicação e apresentação. 1) Constituição a) Vacinas vivas: preparadas com mutantes de microrganismos incapazes de produzir doença, obtidos geralmente no laboratório pela subcultura, em condições propícias à atenuação da virulência. Podem ser virais (poliomielite tipo Sabin, febre amarela) ou bacterianas (BCG, carbúnculo); rubéola, caxumba. b) Vacinas mortas: representadas por suspensões de microrganismos mortos pela ação de agentes físicos ou químicos ou de extratos purificados contendo o antígeno estimulador. Podem ser: virais (antissarampo, poliomielite tipo Salk) e bacterianas (coqueluche). c) Toxoides ou Anatoxinas: produzidas a partir de exotoxinas bacterianas, que mediante a ação combinada do formol e do calor transformam-se em produtos inócuos, porém, dotados de plena capacidade antigênica. Ex: tétano, difteria. 2) Procedência a) Autógenas: são preparadas com o agente infeccioso, bactéria ou vírus isolado do próprio paciente, seja ele homem ou animal. Exemplo: contra furunculose estafilocócica. b) De estoque: são produzidas industrialmente com amostras padronizadas de bactérias ou vírus. Estas são as rotineiramente usadas na profilaxia das doenças infecciosas em medicina humana ou veterinária. 3) Número de antígenos Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 25 a) Simples: contém um único tipo de microrganismo ou seu produto. Exemplo: vacina BCG. b) Mistas: preparadas com mais de um tipo de microrganismo ou seu produto. Exemplo: vacina tríplice bacteriana (tétano, coqueluche, difteria = DTP), vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola = SCR), quádrupla (DTP + vacina contra HIB = Haemophilus infuenzae tipo B ou toxóides da difteria e tétano + fração acelular de pertussis + Hepatite B + poliovírus inativado). c) Polivalentes: preparadas com diferentes tipos do mesmo microrganismo. Exemplo: vacina contra a poliomielite que é trivalente, isto é, preparada com os tipos I, II e III do vírus da poliomielite ou pneumo heptavalente ou mesmo 23 valente (preparada com produtos de sete ou 23 sorotipos de Streptococcus pneumoniae). 4) Vias de aplicação a) Parenterais: são aplicadas por diversas vias, como por escarificação, subcutânea, intramuscular e intradérmica. b) Orais: utilizam a boca como via de administração. c) Nasais e oculares: usadas principalmente em veterinária. d) Endovenosas e intraperitoniais: utilizadas apenas para experimentos em laboratório com animais. 5) Apresentação: a) Líquidas: podem ou não ser adicionadas de adjuvantes, que são substâncias minerais ou orgânicas inespecíficas do ponto de vista imunológico e que, quando associadas a uma vacina, podem potencializar a resposta imune. A vacina tríplice bacteriana (DTP) contém hidróxido ou fosfato de alumínio como adjuvante. b) Liofilizadas: também chamadas de vacinas secas. Geralmente, as vacinas vivas são IiofiIizadas porque esse processo garante a viabiIidade mais prolongada do microrganismo ou do imunógeno purificado. Exemplo: vacina contra a brucelose, de uso em veterinária, que quando liofilizada pode ser Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 26 usada até dois anos após o preparo, enquanto que a mesma vacina, quando líquida, tem um prazo de viabilidade de apenas três meses. Algumas vacinas víricas também podem ser liofilizadas. Segundo Zöllner e Jorge (2010) existem quatro requisitos indispensáveis das Vacinas: a) Inocuidade Toda vacina deve ser, tanto quanto possível, inócua para o homem ou para o animal que a recebe. Mesmo assim, as vacinas não são totalmente destituídas de riscos, podendo provocar reações indesejáveis, que se manifestam desde uma febrícula ou uma reação geral de indisposição até a possibilidade de acidente pós- vacinal sério. b) Pureza As vacinas não devem conter substâncias estranhas ao substrato e que possam determinar reações principalmente de natureza alérgica, graves, do tipo anafilático. Deve-se ter cuidado com a seleção da amostra com a qual se vai trabalhar, para que não aconteçam acidentes como o de Lubeck na Alemanha, quando morreram 72 de 251 crianças vacinadas pelo BCG. Na verdade, a bactéria com que se preparou a vacina não era o bacilo de Calmette-Guerin, e sim uma amostra virulenta, de origem humana, devido a uma troca de tubos no laboratório produtor. c) Esterilidade Diz respeito à presença de outros microrganismos na vacina. Para se eliminar essa possibilidade, fazem-se provas semeando-se em meios de cultura adequados que permitam o crescimento de bactérias e fungos, e inoculação em ovos embrionados ou cultura de células para se detectar a presença de vírus. d) Potência Uma vacina, para proteger bem um indivíduo ou um animal, deve ser preparada com amostra altamente imunogênica, ou seja, capaz de induzir a Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 27 formação de anticorpos específicos em níveis elevados e suficientes para tal proteção. 3.2 Soros Soroterapia é a utilização de soro, contendo anticorpos, como prevenção ou tratamento de doenças infecciosas ou inativação de substâncias tóxicas (toxinas bacterianas e venenos de animais). Os soros utilizados geralmente são humanos ou de animais, contendo anticorpos contra determinado agente infeccioso, ou seus produtos. A imunização passiva teve, no passado, grande importância prática, que foi diminuindo gradativamente com a descoberta dos antimicrobianos e sua aplicação na terapêutica anti-infecciosa. Além disso, desenvolve-se grande número de vacinas com as quais se faz a profilaxia das doenças infectocontagiosas. No momento, a importânciada soroterapia reside em: a) no combate às toxi-infecções como difteria e tétano. b) aos acidentes motivados por mordidas de animais peçonhentos como ofídios, aranhas e escorpiões. c) às viroses, como raiva e hepatite. Duas classes de soros são atualmente utilizadas para imunização passiva em humanos: os soros hiperimunes heterólogos, que são obtidos geralmente em animais, sendo mais usualmente utilizado o cavalo e o carneiro, e os concentrados de imunoglobulina humana, que podem ser: a) imunoglobulina imune – produto derivado do sangue, plasma ou soro humano. Contém a maioria das imunoglobulinas (Acs) encontradas no sangue total. b) imunoglobulina humana hiperimune (imunoglobulina específica) – contém concentração maior de Ac específico para o agente em questão. São obtidas com soro de convalescentes ou de indivíduos hiperimunizados com determinado material. Evidentemente, o anticorpo ideal para ser usado em terapêutica é o anticorpo homólogo, pois, como se sabe, o organismo reage contra a introdução de proteínas estranhas à sua composição, eliminando-as. Quando se utiliza anticorpo Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 28 homólogo, a duração da imunidade passiva é condicionada apenas à vida média das globulinas da espécie de que provém o anticorpo (13-16 dias para o homem). Usando-se imunoglobulina heteróloga, intervém, ademais, a formação de anticorpos contra a mesma, que determina sua rápida e total eliminação. Num indivíduo no qual não tenha jamais sido injetado soro de cavalo, avalia-se em cerca de dez dias o tempo de duração da imunidade passiva conferida pela injeção de anticorpos daquela espécie de animal. No caso dos soros, eles podem ser classificados quanto à espécie animal, quanto ao número de anticorpos diferentes; quanto à especificidade e quanto à apresentação: a) Quanto à espécie animal • Homólogos ou homógenos: tanto do doador como do receptor pertencem à mesma espécie animal. Exemplos: o soro antitetânico obtido em cavalo para o tratamento do tétano em cavalos; as imunoglobulinas humanas para serem utilizadas no homem. • Heterólogos: o doador e receptor pertencem a espécies diferentes. Exemplo: soro antidiftérico preparado habitualmente em cavalos é heterólogo para o homem. b) Quanto ao número de anticorpos diferentes • Monovalentes. Exemplo: soro antitetânico. • Polivalentes: imunoglobulinas humanas são soros polivalentes, pois possuem anticorpos contra diversas moléstias infecciosas (sarampo, poliomielite, caxumba, coqueluche e outras). Exemplo: soro antiofídico é bivalente, pois contém anticorpos contra veneno dos gêneros Bothrops e Crotalus. c) Quanto à especificidade • Antitóxicos. Exemplos: antidiftérico, antitetânico, antibotulínico. • Antibacterianos. Exemplos: antipneumocócico, antimeningocócico. Estão em desuso, devido ao uso de antibióticos. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 29 • Antivirais. Exemplo: antirrábico. O soro antirrábico, quando precocemente administrado e juntamente com a vacina, é de valor inestimável na profilaxia da raiva. As imunoglobulinas humanas também são usadas como agentes antivirais. • Antipeçonhentos ou antivenenosos. Exemplo: soro antiaracnídeo (escorpião e aranha), soro antiofídico. d) Quanto à apresentação: Podem ser líquidos e liofilizados. Os principais soros de uso corrente em seres humanos são: a) Soro antitetânico (SAT) • Prevenção e tratamento do tétano. A dose depende do tipo e condição do ferimento. • Heterólogo: purificado do soro de equinos hiperimunizados com toxóide tetânico. • Apresentação: líquida. • Administração: intramuscular. b) Imunoglobulina humana hiperimune antitetânica: • Tratamento do tétano quando há hipersensibilidade a soro heterólogo específico ou não. • Plasma de doadores selecionados (submetidos recentemente à imunização ativa contra tétano e com altos títulos de anticorpos). • Dose depende do motivo e indicação. • Apresentação: líquida ou liofilizada. • Administração: intramuscular. c) Soro antirrábico (SAR) • Profilaxia da raiva humana pós-exposição. A indicação depende da natureza da exposição, tipo e condição do animal. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 30 • Heterólogo: solução concentrada e purificada do soro de equinos imunizados com antígenos rábicos. • Apresentação: líquida. • Administração: intramuscular (se possível, a maior parte da dose em torno da lesão). d) Imunoglobulina humana antirrábica (lGHAR) • Substituir o SAR quando há hipersensibilidade a soro heterólogo específico ou não. • Plasma de doadores selecionados (imunizados recentemente com Ag rábicos). • Apresentação: liofilizada. • Administração: intramuscular (se possível, a maior parte da dose em torno da lesão). e) Soro antidiftérico (SAD) • Tratamento da difteria (parte mais importante do tratamento, inativação rápida da toxina diftérica circulante). • Deve ser administrado o mais precocemente possível. • Não age na toxina impregnada nos tecidos. • Heterólogo: purificado do soro de equinos hiperimunizados com a toxina diftérica. • Apresentação: líquida. • Dose: de acordo com a forma e a gravidade clínica da difteria. • Administração: intramuscular, mais raramente endovenosa. f) Imunoglobulina humana antivaricela zoster (IGHAVZ) • Comunicantes suscetíveis ao vírus varicela zoster em situação epidêmica de risco (até 96 horas da ocorrência do contato). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 31 • Indicada para crianças e adultos imunocomprometidos; grávidas; recém- nascidos de mães que tiveram varicela desde cinco dias antes até 48 horas depois do parto; recém-nascidos prematuros (28 semanas ou menos de idade gestacional ou menos de 1 Kg de peso ou prematuros de maior idade gestacional cujas mães nunca tiveram varicela). • Solução concentrada e purificada de anticorpos, a partir de hemoderivados de plasma de doadores selecionados (convalescentes de varicela zoster com altos títulos de anticorpos específicos). • Apresentação: líquida. • Administração: intramuscular. g) Imunoglobulina humana anti-hepatite B (IGHAHB) • Pessoas não vacinadas após exposição ao vírus da Hepatite B (HB). • Indicada para recém-nascidos de mãe HBsAg positiva* (+ para Ag de superfície de HB); acidente com ferimento mucoso ou cutâneo com sangue positivo para HBsAg; contato sexual com pessoa HBsAg positiva; vítima de abuso sexual* (* iniciar também esquema de vacinação). • Plasma de doadores selecionados (submetidos recentemente à imunização ativa contra HB com altos títulos de anticorpos específicos anti HBsAg). • Apresentação: líquida. • Administração: intramuscular. h) Soros contra animais peçonhentos • Pessoas após exposição (acidentes em geral mais graves em menores de sete e maiores de cinquenta anos). • Soros para acidentes comserpentes (muito comuns no Brasil e de alta gravidade). • Polivalentes (antibotrópico/anticrotálico e antibotrópico/antilaquético). • Soro antiescorpiônico. • Soro antiaracnídeo. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 32 • Heterólogos (purificados do soro de equinos hiperimunizados com venenos específicos preparados com quatro gêneros de serpentes peçonhentas, três gêneros de aranhas e escorpiões). • Dose depende de cada caso. .• Apresentação: líquida. • Administração: EV (se não for possível subcutânea = SC). Cabe lembrarmos que a aplicação de soros heterólogos pode causar efeitos colaterais locais e gerais em alguns indivíduos. As reações locais se manifestam por dor, edema e fenômeno de Arthus. Nas reações gerais destacam-se febre, discreta hipotensão, hipersensibilidade com fenômeno de anafilaxia grave, podendo culminar com choque quase sempre fatal, mesmo em indivíduos que não contam história de inoculação anterior com a proteína do animal que recebeu. Pode ocorrer, também, doença do soro, que se traduz por febre, dores articulares e urticária, entre oito dias a três semanas após a inoculação (ZÖLLNER; JORGE, 2010). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 33 UNIDADE 4 – IMUNOHEMATOLOGIA Os glóbulos vermelhos humanos têm em sua membrana muitas substâncias antigênicas. O sistema antigênico mais importante é representado pelo sistema ABO. Quase todos os glóbulos vermelhos podem ser classificados dentro desse sistema em um dos quatro grupos ou tipos: A - B - AB e O. A identificação dos antígenos dos glóbulos vermelhos é feita por anticorpos tipo aglutininas, naturalmente encontrados no soro. Assim, os indivíduos do tipo ‘A’ têm antígenos ‘A’ nos eritrócitos e aglutininas naturais no soro, contra eritrócitos tipo ‘B’; os do tipo ‘B’ têm nos eritrócitos antígenos ‘B’ e no soro anticorpos naturais tipo aglutininas, contra eritrócitos do tipo ‘A’; o soro dos indivíduos do grupo ‘AB’ não contém tais anticorpos ou aglutininas e o soro dos indivíduos ‘O’ tem anticorpos tipo aglutininas antieritrócitos ‘A’ e também aglutininas antieritrócitos ‘B’. A tabela abaixo resume estes dados: Eritrócito Soro de tipagem Anticorpo no soro Anti A Anti B A + - Anti-B B - + Anti-A AB + + Ausentes O - - Anti-B e Anti-A O sistema ABO, o mais importante, apresenta transmissão genética tipo mendeliana dominante sendo sua expressão representada por 2 genes, 1 herdado do pai e outro da mãe. Há três alelos A, B e O para cada dois lócus genéticos. A e B são dominantes (MOURA et al., 2008). Assim, o indivíduo de tipo ‘A’, ele pode ter um ou dois genes ‘A’. Se ele tiver somente um tipo ‘A’, o outro será ‘O’. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 34 A tabela a seguir mostra exemplos de hereditariedade dentro do sistema ABO. Resultado de cruzamentos com AB Fenótipo Genótipo Genótipo Fenótipo A AO AA AB AO BO A, B, AB A AA AA AB A, AB A, B O OO AO BO B BO AB BB AO BO A, B, AB B BB AB BB B, AB Fonte: Moura et al. (2008, p 387). Outros sistemas de grupos sanguíneos são conhecidos e outros ainda estão sendo descobertos quando o soro de um paciente não reage com nenhum dos antígenos conhecidos, ou seja, com um “painel de glóbulos vermelhos humanos”. O segundo sistema de grupo sanguíneo mais importante é chamado sistema Rh ou Rhesus. Diferente do sistema ABO, os anticorpos deste sistema são produzidos por sensibilização e não naturalmente. Tem moléculas de menor tamanho (7S) do que as aglutininas ABO (17S macroglobulina). Existem no sistema Rh três antígenos: C, D, E, sendo o antígeno D o mais importante. Todos esses antígenos como no sistema ABO são determinados por dois genes em cada glóbulo vermelho. Cada gene é mais complexo pois é expresso por três lócus e muitos alelos para cada um desses lócus. Para o lócus D, temos dois alelos importantes D e d, C e c para o lócus C e E e e para o lócus E. Os antígenos designados pela letra maiúscula são os dominantes como no genótipo: CD e/cD e com fenótipo CD e. Outros sistemas conhecidos são: MNSs, li, P, Lewis, Kell, todos importantes, principalmente nas sensibilizações por transfusões. Abaixo temos o método para determinação dos Grupos Sanguíneos – Sistema ABO: Material e reagentes Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 35 1 - Soro aglutinante anti-A (soro anti-A). 2- Soro aglutinante anti-B (soro anti-B). 3- Suspensão de glóbulos vermelhos conhecidos, do grupo A (suspensão de 3 a 5% em salina a 0,85% = susp. de g.v.A.). 4 - Suspensão de glóbulos vermelhos conhecidos do grupo B (suspensão de 3 a 5% em salina a 0,85% = susp. de g.v.B.). 5 - Lâminas ou tubos de ensaio de 75 x 100 mm. 6 - Centrífuga para 1.000 a 3.000 r.p.m. 7 -Salina a 0,85%. Método a. Centrifugar o sangue colhido com anticoagulante, separando o plasma dos glóbulos. b. Transferir o plasma para outro tubo. c. Preparar uma suspensão de 3 a 5% dos glóbulos, com salina a 0,85% (susp. de g.v.). d. Colocar em 4 tubos ou lâminas de vidro, uma gota do antissoro e acrescentar uma gota de suspensão de g.v. Com um pequeno bastão (de vidro) misturar as duas gotas e observar macroscopicamente contra um fundo claro, após dois a três minutos. Se em tubos, estes devem ser agitados delicadamente, depois centrifugados a 1000 rpm por 1 minuto. Veja o esquema abaixo: Tubo Paciente Conhecido 1 2 gotas de susp. de g.v. + 2 gotas do soro anti-A 2 2 gotas de susp. de g.v. + 2 gotas do soro anti-A 3 2 gotas do plasma + 2 gotas de susp. de g.v. A 4 2 gotas do plasma + 2 gotas de susp. de g.v. B Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 36 Resultados: Soro anti-A Soro anti-B Glóbulos A Glóbulos B Grupo sanguíneo - - + + = O + - - + = A - + + - = B + + - - = AB + aglutinação - ausência de aglutinação Os anticorpos assim identificados são chamados completos (frequentemente IgM) e requerem apenas as células e salina para a reação. Os anticorpos anti-A e anti-B são de variedade incompleta (frequentemente IgG) e requerem albumina ou soro antiglobulinas ou ainda enzimas proteolíticas para desenvolver a reação. Obs.: Podem ocorrer erros que falseiam a tipagem sanguínea, dependentes principalmente de suspensões muito concentradas de glóbulos vermelhos, antissoros fracos ou mesmo pseudoaglutinações que ocorrem em doenças infecciosas devidas à presença de proteínas anormais. Quando se determina o grupo sanguíneo dos glóbulos do cordão umbilical em recém-nascido, devemos ter o cuidado de lavar os eritrócitos 5 vezes em salina para evitar pseudoaglutinações. Sendo que, os antissoros, bem como os glóbulosa serem usados nas reações, devem ser de boa procedência (MOURA et al., 2008). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 37 UNIDADE 5 – DIAGNÓSTICO IMUNOSOROLÓGICO PARA DOENÇAS INFECTO-PARASITÁRIAS 5.1 O emprego dos testes sorológicos O diagnóstico sorológico das doenças transmissíveis consiste na investigação da infecção no indivíduo ou na população, mediante a detecção, quantificação e caracterização de variáveis (imunoglobulinas, antígenos, citocinas) presentes no plasma/soro sanguíneo ou em outros materiais biológicos, tais como amostra fecal, urina, saliva, escarro ou tecidos (TEVA; FERNANDEZ; SILVA, 2009). O desenvolvimento de novas informações científicas está relacionado com os progressos na metodologia pelo desenvolvimento de novos procedimentos, novas técnicas ou instrumentos. Os primeiros métodos de identificação e medida de imunoglobulinas foram desenvolvidos por Von Behring & Kitasato, influenciados pelos experimentos de Pasteur sobre a Teoria dos Germes, ao encontrarem no soro de animais imunizados contra difteria e tétano, substâncias neutralizantes e específicas que denominaram anticorpos. As pesquisas desenvolvidas por vários cientistas se voltaram imediatamente para a caracterização bioquímica dessas substâncias neutralizantes e o desenvolvimento de técnicas capazes de induzir a formação de elevadas concentrações de anticorpos em animais de laboratório. Este foi o período fundador do diagnóstico sorológico. Os testes sorológicos vêm sendo constantemente empregados para auxiliar na confirmação diagnóstica das suspeitas clínicas de infecções, permitindo a obtenção de resultados em curto espaço de tempo, em função de algumas características que incluem a simplicidade de execução, baixo custo operacional e a possibilidade de automação. Suas contribuições, entretanto, são inestimáveis, principalmente quando o patógeno, ou seus produtos, dificilmente podem ser demonstrados nos fluidos biológicos ou na estrutura hística do hospedeiro. Teva, Fernandes e Silva (2009) explicam ainda que estes métodos são utilizados na qualificação e quantificação de diversos componentes, incluindo Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 38 antígenos, anticorpos, imunocomplexos, enzimas e hormônios, entre outras moléculas relacionadas ao processo inflamatório. O conhecimento dos fundamentos gerais para adequada aplicação e criteriosa interpretação dos resultados exige que estas técnicas sejam realizadas por profissionais bem treinados, a fim de se prevenir a ocorrência dos falsos resultados, que conduzem para o diagnóstico e tratamento incorretos dos pacientes. Pois bem, feitas as devidas considerações iniciais, vamos partir para a classificação ou tipos dos métodos sorológicos que podem ser qualitativo ou quantitativo. Enquanto o método qualitativo indica uma resposta do tipo ‘ou tudo ou nada’, por exemplo: aglutinou ou não aglutinou, infectado ou não infectado, o ensaio quantitativo mede a concentração de antígeno ou anticorpos, podendo ser expressa sob a forma de cruzes, titulações, densidades óticas em reações fotocolorimétricas ou outras unidades de medida que se aplicam. A expressão do resultado sob a forma de cruzes, ou por titulações, que correspondem a maior diluição em que ainda se observa a reação antígeno-anticorpo, é bastante subjetiva, por retratar a intensidade de uma reação determinada visualmente por critérios pessoais. A utilização de aparelhos que realizam a leitura automática das reações sorológicas traduz em números os resultados obtidos de maneira visual, reduzindo, por um lado, a probabilidade dos erros, mas por outro, elevando (em alguns casos) o custo do exame laboratorial (TEVA; FERNANDEZ; SILVA, 2009). 5.2 Diagnóstico individual e coletivo O indivíduo sintomático ou assintomático com níveis de anticorpos específicos detectáveis é denominado soropositivo. Aquele que não possui anticorpos detectáveis é o soronegativo. No caso do indivíduo diagnosticado soronegativo (em uma primeira análise), que ao reavaliar a primeira amostra junto com uma segunda, de coleta mais recente (processo conhecido como sorologia pareada), e no caso de resultado da primeira amostra se repetir e a segunda resultar positiva, diz-se que ocorreu soroconversão. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 39 O diagnóstico individual normalmente se realiza com a finalidade de elucidar processos patológicos com sinais e sintomas comuns a várias doenças, procedimento este denominado diagnóstico diferencial. Como exemplos, podem-se distinguir sorologicamente doenças como a leishmaniose tegumentar difusa e a hanseníase lepromatosa, a leishmaniose visceral e a hepatite viral, a hepatite B e a hepatite C, a toxoplasmose e a rubéola, entre outras. Em algumas situações, torna-se importante determinar a fase clínica da doença, principalmente aquelas em que os patógenos possuem habilidade para atravessar a barreira placentária e gerar embriopatias ou fetopatias. A presença de anticorpos específicos é uma evidência da exposição atual ou anterior aos agentes infecciosos, caracterizada pela diversidade funcional das várias classes de imunoglobulinas e a ordem em que se apresentam nos fluidos biológicos. Determinada por fatores genéticos, a IgM, regra geral, é a primeira a apresentar níveis que possibilitam a detecção após estímulo imunogênico e caracterizar fase inicial na maioria das infecções. O seu decréscimo é compensado pelo surgimento da IgG, normalmente encontrada ao final de um processo agudo, permanecendo durante a fase crônica, e podendo ser detectada durante longo período no plasma do hospedeiro, mesmo após a cura, como imunoglobulina de memória. Normalmente, nas solicitações de exame laboratorial, pedem-se a pesquisa de IgM e IgG específicas. Porém, em infecções recentes por Toxoplasma gondii ou por citomegalovírus, a IgM e IgG podem eventualmente resultar negativas, mas a IgA positiva pode corrigir falhas no diagnóstico. Por estas razões, imunoglobulinas como a IgE e a IgA específicas têm sido pesquisadas e utilizadas com maior precisão na determinação de fase inicial das infecções, uma vez que possuem vida média menor e permanecem na circulação após o início do processo infeccioso, por um período ainda mais curto que o da IgM. Os testes sorológicos são também utilizados para verificação do potencial de virulência e de invasividade dos enteroparasitos. A Entamoeba histolytica, por exemplo, enquanto parasita o lume intestinal, parece não induzir, ou pouco induz, a Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 40 formação de anticorpos específicos. Por outro lado, a ulceração, a penetração tecidual e a consequente multiplicação e disseminação deste parasito no hospedeiro, pode proporcionar elevados títulos de IgG antiameba no plasma sanguíneo, facilmente detectáveis. Além das imunoglobulinas,as Proteínas de Fase Aguda (PFA), presentes normalmente em baixas concentrações no plasma sanguíneo, alteram-se em resposta aos estímulos inflamatórios após lesão tecidual ou infecção. Em linhas gerais, as PFA constituem um vasto número de proteínas plasmáticas de origem hepática, cuja síntese aumenta em 25% ou mais e podem ser classificadas em função do incremento de sua produção após estímulo inflamatório. Tradicionalmente, a quantificação da Proteína C Reativa (PCR) na prática clínica tem vários objetivos, entre eles, a avaliação da extensão e a atividade da inflamação, o que permite o acompanhamento do processo patológico, diferenciação entre doença inflamatória e não inflamatória e estimativa de seu respectivo prognóstico. Os testes sorológicos também são utilizados para selecionar doadores e receptores de sangue e de órgãos, não só no contexto de quem desempenha a determinação de grupos sanguíneos ou antígenos de histocompatibilidade, como também para quem se compromete na detecção e prevenção de doenças infecciosas transmissíveis por meio da transfusão sanguínea e hemoderivados, como tecidos e órgãos transplantados. No Brasil, o Ministério da Saúde estabeleceu estratégias de controle apoiadas na triagem clínica, epidemiológica e sorológica para prevenção das doenças transfusionais, que incluem a doença de Chagas, a sífilis, as hepatites B e C, a síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA/AIDS), o vírus da leucemia T do adulto (HTLV-I e II), em todo o território nacional, e a malária, em regiões endêmicas. As condições que constituem contraindicação absoluta para doação de órgãos, relacionadas às doenças infecciosas, além das empregadas na prevenção de doenças transmissíveis por meio da transfusão sanguínea e hemoderivados, incluem avaliação laboratorial de septicemia bacteriana ou fúngica, ativa. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 41 As moléculas liberadas pelo parasito e os anticorpos correspondentes encontrados no hospedeiro são chamados de marcadores sorológicos. Estes marcadores podem ser utilizados para avaliar o prognóstico de doenças e alguns marcadores indicam evolução para cura, enquanto outro agravamento. Baseando-se nestes princípios, pode-se avaliar a eficácia terapêutica. Os anticorpos protetores, induzidos por parasitos em processos infecciosos ou por vacinas, podem ser pesquisados e utilizados como marcadores para avaliar a imunidade específica, naturalmente adquirida ou artificialmente induzida por vacinas. Os testes sorológicos realizados em paciente pré-natal são de fundamental importância na pesquisa de doenças congênitas, como a toxoplasmose, a sífilis, a citomegalia, entre outras; e na avaliação da imunidade específica, principalmente para doenças imunopreviníveis com a aplicação de vacinas (hepatite B, rubéola, difteria, tétano). A aplicação dos testes sorológicos em inquéritos epidemiológicos denomina- se soroepidemiologia e serve para estimar a soroprevalência, que corresponde ao número de indivíduos positivos em um período de tempo determinado, sem distinguir os casos novos dos antigos. Como a soroprevalência está intimamente relacionada com a taxa de infecção e a permanência dos anticorpos circulantes, este indicador auxilia nos seguintes propósitos em relação às doenças infectoparasitárias: estabelecer prevalência sorológica; identificar os principais problemas sanitários; estabelecer prioridades de vacinação; demarcar a distribuição e verificar a erradicação de doenças; verificar a reintrodução de doenças em áreas consolidadas; determinar a periodicidade das epidemias; avaliar as campanhas de vacinação; investigar enfermidades descobertas recentemente (doenças emergentes), e; estimar as perdas econômicas atribuídas à enfermidade. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 42 Testes sorológicos também são aplicados na análise do conteúdo intestinal de insetos hematófagos, para identificação das fontes alimentares dos vetores envolvidos na transmissão de doenças. Estabelecer o padrão alimentar dos insetos hematófagos é de grande importância para o entendimento de sua biologia, além de possuir valor fundamental para a Saúde Pública, no delineamento de estratégias de controle de vários agravos gerados por esses vetores (TEVA; FERNANDEZ; SILVA, 2009). 5.3 Técnicas imunossorológicas A pesquisa laboratorial da resposta imune pode ser empregada para a verificação da resposta humoral e da resposta celular. A pesquisa da resposta humoral pode ser realizada de duas maneiras. Uma dessas maneiras refere-se ao emprego de anticorpos específicos para identificar um antígeno parasitário ou outras substâncias que desempenham o papel de antígenos na reação, tais como drogas, hormônios, ácidos nucléicos, citocinas, receptores de células, etc. Uma outra maneira é a detecção de anticorpos específicos na amostra a ser testada, passível de determinar se um indivíduo foi exposto a um organismo específico. A medida das interações entre antígeno-anticorpo com o propósito de diagnóstico é conhecida como imunosorologia (TEVA; FERNANDEZ; SILVA, 2009). Conforme Jorge (2010, p.317), Ag e Ac correspondentes interagem por meio de forças reversíveis não covalentes para formar os complexos antígeno-anticorpo. Essa união do Ag com Ac ocorre através de pontes de hidrogênio, ligações eletrostáticas, forças de van der Waals e propriedades hidrofóbicas (JORGE, 2010, p. 317). Assim, as técnicas imunossorológicas fundamentam-se na natureza da interação antígeno-anticorpo, nas quais podem expressar-se de duas formas distintas, em decorrência da utilização de imunorreagentes livres de marcação ou de reagentes marcados. As técnicas em que não se empregam marcadores demonstram-se por fenômenos visíveis. Portanto, ao se combinar anticorpos com antígenos solúveis, os Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 43 complexos resultantes podem formar precipitados insolúveis. Se os antígenos são particulados (bactérias, protozoários, hemácias), os anticorpos os aglutinam. Se o anticorpo pode ativar a via clássica do sistema complemento e o antígeno se encontra em uma superfície celular, o resultado pode ser a citólise. As técnicas que empregam imunorreagentes marcados caracterizam-se pela simples combinação do antígeno com o anticorpo, necessitando que um deles esteja marcado convenientemente. O imunorreagente pode ser marcado com corantes fluorescentes ou quimioluminescentes, radioisótopos, enzimas, ouro ou prata coloidais, entre outros marcadores (TEVA; FERNANDEZ; SILVA, 2009). Vamos analisar algumas destas reações? 5.3.1 Reações de aglutinação A aglutinação é a formação de redes de células ou partículas inertes (látex ou gelatina), interligadas por pontes moleculares de anticorpos, que se combinam simultaneamente com dois determinantes antigênicos nas superfícies de células ou partículas adjacentes (TEVA; FERNANDEZ; SILVA, 2009). Explicando melhor: Quando uma suspensão de partículas (Ag particulado), que apresenta determinantes antigênicos em suasuperfície, é misturada com o antissoro específico (Ac), formam-se grumos mais ou menos volumosos, que logo sedimentam no fundo do tubo. Ocorre com bactérias, hemácias, leucócitos e outras células. Quando se empregam hemácias, esse processo é denominado hemaglutinação. Se a reação ocorrer com determinantes antigênicos naturais de microrganismos ou células, a aglutinação é chamada de ativa ou direta. Quando se utilizam de partículas inertes (látex) ou hemácias revestidas de antígenos, a reação é chamada aglutinação passiva ou indireta. Teoricamente, ocorre a formação de mosaico entre os anticorpos e o antígeno JORGE (2010). Na reação de aglutinação direta ocorre a formação de agregados suficientemente grandes que ocorre entre partículas insolúveis, em sua forma íntegra ou fragmentada, contendo antígenos naturais de superfície. Hemácias, bactérias, fungos e protozoários podem ser aglutinados diretamente por anticorpos, Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 44 os quais, sendo bivalentes, formam pontes, ligando determinantes antigênicos nas superfícies de partículas vizinhas. Para se detectar anticorpos específicos, diluições seriadas das amostras são postas para reagir junto a uma quantidade constante de antígeno. Após um período de incubação, a reação se concretiza, conforme mostra a ilustração abaixo e o resultado é geralmente expresso como título da amostra, ou seja, a máxima diluição em que ocorre aglutinação. Representação esquemática da reação de aglutinação direta Na reação de inibição da aglutinação direta de hemácias por antígenos virais, diversos antígenos virais encontram receptores na superfície de hemácias, principalmente hemácias aviárias, e induzem sua aglutinação. Esta propriedade particular de muitos vírus é aproveitada para a titulação de anticorpos produzidos contra esses antígenos virais, na vigência dos processos infecciosos ou na convalescença, para fins diagnósticos e de segmento evolutivo. Todas as reações de inibição baseiam-se na competição, seja de dois determinantes antigênicos semelhantes por um mesmo sítio de combinação ou de dois anticorpos diferentes por um mesmo determinante antigênico. A reação se efetua entre os imunorreagentes que formam o composto mais estável. Neste caso, o soro do paciente, contendo anticorpos específicos, em diluição seriada, é misturado a quantidades fixas de antígeno viral padronizado, sendo incubado a 37ºC e, em seguida, as hemácias são adicionadas. Verifica-se até qual diluição houve neutralização, ou seja, inibição da propriedade aglutinante para hemácia. Na reação de aglutinação passiva de hemácias e suportes inertes, a reação se baseia na aglutinação de hemácias ou de partículas inertes (látex, gelatina) que funcionam como suporte, recobertas por um antígeno específico solúvel, em presença de amostra de soro ou plasma contendo os anticorpos correspondentes. A Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 45 formação de pontes de anticorpos entre as partículas adjacentes indica a ocorrência da reação. Temos também a reação de inibição passiva de partículas inertes (látex), ou seja, partículas de látex tendo antígenos ancorados à sua superfície podem ser aglutinadas pela formação de ponte anticórpica, do mesmo modo que a aglutinação direta de hemácias, como já foi exposto. No entanto, ao se misturar antígenos solúveis aos soros contendo anticorpos, haverá bloqueio dos sítios de combinação das moléculas de anticorpo e inibição da aglutinação (TEVA; FERNANDEZ; SILVA, 2009). 5.3.2 Reações de precipitação - imunodifusão Basicamente quando Ag e Ac são solúveis, ocorre a formação de precipitação quando o Ag reage com a Ac. O Ag tem que possuir dois ou mais determinantes antigênicos, que irão reagir com moléculas bivalentes (ou mais) de anticorpo. São reações que podem ocorrer em meio líquido ou sólido. Na primeira possibilidade o antissoro em meio líquido é colocado em tubo de ensaio, e a seguir, cuidadosamente o antígeno também em meio líquido. Ocorrerá a formação de um disco de precipitação na interface antígeno antissoro. Conhecida também como técnica da precipitina ou técnica do anel, a reação de precipitação em meio líquido (ilustrada a seguir) consiste em se colocar em tubos de ensaio ou em tubos capilares uma solução de anticorpos conhecidos (soro hiperimune) e sobre ela se adicionar, cuidadosamente, a solução antigênica que se deseja pesquisar, de modo a constituir-se uma interface entre ambas. As moléculas da solução antigênica irão difundir-se através da outra solução, formando um gradiente de concentração. Ao nível em que a equivalência antígeno/anticorpo for a ideal, se formará uma faixa de precipitado visível (um anel de turvação branco leitoso na interface). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 46 Imunodifusão em meio líquido (Teste de Precipitina) Na precipitação em meio sólido, as reações que acontecem são chamadas de imunodifusão e podem ser simples, quando o Ag ou o Ac permanecem fixos, enquanto o outro reagente se move e forma precipitado com ele; ou duplas, quando a Ag e o Ac se movem um em direção ao outro. Ambas podem ser lineares ou radicais. Uma importante aplicação da imunodifusão é a quantificação de imunoglobulinas séricas. Podemos provocar também a reação de imunodifusão simples em meio semissólido. Neste sistema, também chamado imunodifusão unidirecional ou técnica de Oudin, a solução antigênica é sobreposta a uma coluna de ágar, em um tubo de 35 a 45 mm de altura contendo o soro hiperimune. As moléculas de antígeno penetram no gel e se difundem com velocidade característica para cada espécie molecular (coeficiente de difusão) influenciada pela concentração do gel. Ao final de certo tempo de difusão, que em geral é de uma semana, cada antígeno terá formado, com o seu anticorpo correspondente, um disco ou zona de precipitação (TEVA; FERNANDEZ; SILVA, 2009). 5.3.3 Reação de imunoeletroforese A imunoeletroforese, também conhecida como Método de Grabar e Williams, é uma técnica de imunoprecipitação em meio gelatinoso que combina a eletroforese com a imunodifusão radial. A técnica é realizada em duas etapas: na primeira, os antígenos são fracionados por eletroforese, enquanto na segunda etapa, ocorre a difusão dos antígenos contra o antissoro específico, presente nas canaletas abertas Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 47 no gel. A reação antígeno-anticorpo nesse sistema é evidenciada pela formação de linhas ou bandas de precipitação no gel, correspondendo cada banda a um complexo imune específico. Uma variante seria a reação de imunoeletroforese unidimensional simples, também conhecida como eletroforese de foguete ou técnica de Laurell, que utiliza antissoro específico para o antígeno, ou o anticorpo que se quer quantificar, incorporado ao gel de agarose, que é colocado em lâminasde vidro. Assim como na técnica de Grabar e Williams, o pH do gel é determinado de modo que a molécula a ser analisada fique com carga negativa, migre para o polo positivo e a substância incorporada não migre ao gel. As amostras a serem quantificadas, bem como os controles, são distribuídas em pequenos orifícios do gel e submetidas à eletroforese. A partir dos orifícios de aplicação, formam-se cones de precipitação, cujas extensões variam de acordo com as concentrações das substâncias pesquisadas. O padrão de precipitação se assemelha a um foguete, por se formar nas margens laterais do curso da migração eletroforética, até que se esgote a substância em análise, resultando na convergência das margens laterais em forma de ponta. Ainda cabe falar da reação de contraimunoeletroforese ou eletroimunodifusão dupla unidimensional. Nesta técnica, antígenos e anticorpos migram por eletroforese, simultaneamente, em direções opostas, a partir de orifícios separados do gel, no mesmo eixo, resultando na precipitação no ponto de encontro dos imunorreagentes entre os orifícios. Para a realização deste método, antígenos e anticorpos devem apresentar diferentes mobilidades eletroforéticas. Os anticorpos possuem propriedades de migrar para o polo negativo (cátodo) em um campo elétrico, enquanto os antígenos devem ser previamente tratados com solução tampão de pH adequado para otimizar os efeitos eletroendosmóticos que orientem sua migração para o polo positivo (ânodo). Este fenômeno pode ser induzido com o uso de tampões alcalinos. Este método permite a realização de várias análises em uma única lâmina, fornece resultados mais rápidos e mais sensíveis que a imunodifusão convencional e pode ser realizado em outros suportes, como o acetato de celulose (TEVA; FERNANDEZ; SILVA, 2009; JORGE, 2010). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 48 5.3.4 Reações de fixação do complemento Essa reação parte do princípio de que, quando ocorre a reação Ag+Ac+Complemento, o mesmo é fixado, portanto, utilizado, não ocorrendo a segunda parte da reação. Embora tenha sido muito utilizada no radiodiagnóstico da sífilis, proposta por Wasserman, em 1906, hoje tem sido substituída por outras reações. Na primeira parte da reação, adicionando-se a um soro desconhecido determinado Ag A e complemento (C), pode ocorrer: a) o soro contém Acs (anti-A), portanto o C foi fixado; ou, b) o soro não contém Acs, portanto o C não foi utilizado. Na segunda Parte da Reação: a) ausência do complemento + hemácias de carneiro + soro de coelho anti-hemácias de carneiro = não ocorre a reação (ausência de hemólise); b) complemento + hemácias de carneiro + soro de coelho anti-hemácias de carneiro = reação de hemólise. Ao se pesquisar a presença de anticorpos em fluídos biológicos, a ausência de lise do sistema hemolítico indica a sua presença na amostra, pois como os principais componentes do sistema complemento foram consumidos na lise do imunocomplexo inicial, não estarão disponíveis para a lise do sistema hemolítico e a reação será positiva. Tanto os anticorpos como os antígenos devem ser destituídos de atividade anticomplementar para não ativar o complemento, independentemente do imunocomplexo. O complemento é obtido de soro de cobaia, colhido e estocado de maneira apropriada para preservar a atividade hemolítica. 5.3.5 Reação de imunofluorescência A técnica de imunofluorescência foi descrita pela primeira vez por Albert H. Coons e seus colaboradores, em 1941. Estes pesquisadores objetivavam empregar corantes em técnicas sorológicas e utilizaram para isso, além dos corantes comuns, radicais fluorescentes. Neste período, já era conhecida a capacidade dos anticorpos de se ligarem a radicais químicos sem perder sua característica de reconhecimento e ligação aos Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 49 antígenos. Já haviam sido descritos trabalhos utilizando conjugados de anticorpos e corantes em técnicas de aglutinação. O produto resultante desta conjugação não só mantinha suas propriedades aglutinantes originais como ainda coloria os grumos aglutinados. Porém, esta coloração foi considerada de fraca intensidade, o que levou Coons a optar pelos corantes fluorescentes. Uma das grandes vantagens da técnica é a intensa luminosidade emitida por quantidades muito pequenas de corantes fluorescentes, permitindo identificar estruturas fluorescentes entre várias outras estruturas presentes em cortes de tecidos ou esfregaços. A técnica de imunofluorescência representou um grande avanço no imunodiagnóstico, principalmente no que diz respeito à sorologia. Até a elaboração deste método, as reações ocorridas entre antígeno e anticorpo só podiam ser evidenciadas através de reações secundárias, como a precipitação ou a aglutinação, que geram fenômenos decorrentes da formação de imunocomplexos em grande quantidade ou utilizando partículas relativamente grandes. Uma das vantagens da imunofluorescência foi o fato de ter maior sensibilidade que os métodos existentes na ocasião, permitindo distinguir uma única célula bacteriana corada por fluoresceína entre 107 bactérias não coradas. Luminescência é o nome dado ao fenômeno de algumas substâncias possuírem capacidade de armazenar energia luminosa e liberá-las mais tarde. Se a substância é capaz de armazenar e emitir luminescência por períodos mais longos, chama-se então fosforescência. Se o período de emissão da luminosidade é mais curto, chama-se a isso fluorescência. Entre os corantes fluorescentes mais utilizados destacam-se a rodamina (isotiocianato de tetrametil rodamina – TRICT) e a fluoresceína (isotiocianato de fluoresceína – FITC), esta última supera a primeira por possuir maior eficiência quântica, ou seja, maior capacidade de absorção e de emissão de luminosidade. Porém, com a modernização dos equipamentos, não só de microscópios como também de citômetros, foram feitas modificações para aumentar a eficiência Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 50 quântica dos demais corantes para utilizá-los em testes que buscam mais de um marcador em superfícies celulares. A intensidade da luz emitida por este corante sofre grande interferência do meio em que ele se encontra. O pH é um dos fatores que mais interfere, pois há um mínimo de fluorescência em pH ácido e máxima fluorescência em pH alcalino, por isso o material deve ser montado em glicerina tamponada alcalina antes da observação em microscópio de fluorescência. Para se obter bons resultados com as técnicas imunofluorescentes, é fundamental a utilização de um bom microscópio ótico equipado com acessórios e filtros que permitam a boa visualização e captação da fluorescência. Atualmente, existem vários modelos de variadas procedências, mas Teva, Fernandez e Silva (2009) fazem algumas recomendações: escolher o equipamento que mais se adapte às necessidades do laboratório; ter em mente qual o objetivo do teste; que tipo de material será utilizado como antígeno ou como amostra (para que seja feita a escolha das objetivas e oculares); qual o corante ou corantes que serão utilizados (para que sejam definidos os filtros do equipamento); quantos exames serão realizados em média e quantas vezes por semana, uma vez que tal escolha irá interferir na vida útil e escolha da lâmpada a ser utilizada, entre outros fatores. A partir do método descrito por Coons e seus colaboradores, sugiram numerosas variações, como imunofluorescência direta e indireta: a) imunofluorescência direta: coloração direta do antígeno com o anticorpo marcado, ou seja, o conjugado reage diretamente com antígenos presentes na superfície de células. É utilizada para demonstração de agentes infecciosos como Bordetella pertussis no exsudato nasofaríngeo de casos de coqueluche; Corynebacterium diphtheriae na falsa membrana diftérica, entre outros (Jorge, 2010). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 51 Como esta técnica se presta à pesquisa de substâncias que atuam como antígenos para o conjugado, torna-se necessária, a cada procura de um antígeno diferente, a produção de um conjugado diferente. Além disso, de todas as variações da imunofluorescência, esta é a menos específica, já que principalmente em tecidos ou esfregaços, devido à grande quantidade de material na amostra, pode ocorrer a presença de antígenos homólogos ao que se está pesquisando. Quando se trata de células íntegras, há certa facilidade no reconhecimento, porém em fragmentos celulares ou estruturas muito pequenas é necessário grande conhecimento e intenso treinamento para diminuir a inespecificidade. Esta variação do método ainda é bastante aplicada no diagnóstico de infecções por Chlamydia trachomatis em esfregaços cervicais e uretrais (TEVA; FERNANDEZ; SILVA, 2009). b) Imunofluorescência indireta: o espécime com antígeno fixado é tratado num primeiro tempo com o anticorpo específico não marcado, e, a seguir, após lavagem, com um conjugado de antiglobulina marcada (contra a espécie 1). É utilizada para demonstração de anticorpos, como, por exemplo, anticorpos contra Treponema pallidum. Imunofluorescência direta e indireta A modalidade indireta auxilia o diagnóstico de várias doenças e permite a pesquisa de diferentes isotipos de imunoglobulinas, sendo que, neste caso, há a necessidade de utilizar um conjugado para cada um dos isotipos. Dessa forma, o Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 52 método é utilizado no acompanhamento da doença e, em alguns casos, pode ser também utilizado como critério de cura. 5.3.6 Ensaios imunoenzimáticos Os ensaios imunoenzimáticos são análogos à imunofluorescência, utilizando como marcador uma enzima, por exemplo, a fosfatase alcalina ou a peroxidase de raiz forte. Pode ser utilizado para medir Ag ou Ac. Para medir Ac, o mesmo é fixado a uma fase sólida, e a seguir adiciona-se o antígeno. Vice-versa quando se deseja medir Ag. É utilizado em virologia para detectar e medir Ag ou Ac virais. Para medir Ac: o Ag é fixado a uma fase sólida, a seguir incubado com o soro teste (no qual se deseja pesquisar Ac), lavado e incubado com anti- imunoglobulina marcada com enzima, lavado novamente e adiciona-se o sistema revelador (substrato). Para medir Ag: o Ac é fixado a uma fase sólida, incubado com o soro teste (no qual se deseja pesquisar Ag), lavado e incubado com uma anti-imunoglobulina marcada com a enzima, lavado novamente e adicionado o sistema revelador (substrato). A intensidade da reação é medida em espectrofotômetro, para obter quantidades. Segundo Jorge (2010), o imunoensaio enzimático pode também ser realizado em lâminas e visualizado em microscópio óptico. Nesse caso, as lâminas são permanentes. Pode-se utilizar como substrato a benzidina (cor azul), a diaminobenzidina (marrom) e o alfa-naftol (vermelho). Para microscopia eletrônica também pode ser usado, desde que utilizados substratos adequados. Não podemos deixar de falar sobre Enzyme-linked immunosorbent assay – ELISA ou prova imunoabsorvente. Os estudos preliminares que tornaram passíveis de execução os métodos imunoenzimáticos foram realizados, simultaneamente, em 1966, por Nakane e Pierce, nos Estados Unidos, e por Avrameas e Uriel, na França, com a utilização da peroxidase (horseradish peroxidase – HRP) para a confecção de conjugados Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 53 proteicos, tendo como precursor o processo de marcação de proteínas com corantes fluorescentes, criado por Coons, em 1941. Em 1971, dois grupos de pesquisadores, um holandês, formado por Van Weemen e Schurs, e um sueco, formado por Engvall e Perlmann, idealizaram e introduziram, pioneiramente, o método imunoenzimático para detecção e quantificação de antígenos ou anticorpos específicos. Estes grupos observaram que proteínas poderiam ser imobilizadas em uma superfície sólida de poliestireno e a reação imune, ser revelada pela formação de produtos coloridos da reação enzima- substrato, na presença de um componente doador de elétrons, denominado cromógeno. O método ELISA, quando efetuado em ótimas condições (enzimas altamente ativas, antígenos puros, substratos de alta qualidade, anticorpo e conjugado), apresenta sensibilidade semelhante ao radioimunoensaio, com a vantagem de não ser necessário utilizar material radioativo. Entretanto, esse método apresenta algumas desvantagens, pois alguns substratos usados nessas reações são teratogênicos e a presença de enzimas endógenas interfere nos resultados quando se usa células inteiras como antígenos. A reação é desenvolvida frequentemente em placas plásticas de microdiluição (suporte), contendo séries de orifícios, nas quais são depositados os imunorreagentes, antígenos ou anticorpos, dependendo do objetivo do método. O processo de revestimento da placa com o imunorreagente adequado denomina-se sensibilização. Para sensibilizar a placa, deve-se tratar o imunorreagente com solução alcalina, deixando-o com carga efetiva negativa, e assim promover, passivamente, a adsorção à placa por interações eletrostáticas (forças coulômbicas), as quais ocorrem em virtude das cargas positivas do poliestireno ou polivinil (polyvinyl chloride – PVC) utilizado para confeccioná-las. Além das placas de microdiluição de 96 cavidades, também são utilizados outros suportes, entre os quais, esferas de sefarose, esferas de poliestireno ou de PVC, ou tubos de poliestireno ou PVC, que possibilitam a adsorção adequada da maioria dos imunorreagentes. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 54 As etapas de lavagem das placas de microdiluição interpõem-se às demais etapas de execução do método e servem para retirar excessos de imunorreagentes não ligados. Podem ser usados procedimentos manuais ou automáticos, que vão desde o uso de jorradeiras contendo a solução de lavagem, ou de pente multicanal adaptado a um sistema de vácuo (lavadora semiautomática), até a utilização delavadoras de placas automáticas, que reduzem o tempo de realização do teste e proporcionam maior uniformidade ao processo. O revestimento da superfície interna da placa de ELISA, pelo menos no plano teórico, não é absoluto e, portanto, algumas regiões permanecem livres de ligação. Estes espaços devem ser ocupados com qualquer molécula alheia ao sistema reacional, no sentido de reduzir, ou mesmo evitar, a ligação inespecífica, não imune, de componentes da amostra, geradores de reações indesejáveis que possibilitam falsas interpretações. A cobertura destes espaços vazios é chamada de bloqueio. Entre as proteínas mais empregadas nesta etapa destacam-se a soro albumina bovina (BSA), a ovalbumina e a caseína, além de um complexo proteico, como o soro de cobaia. Dependendo do material a ser pesquisado, pode-se conjugar antígenos com enzimas (Ag-E) e anticorpos ou antianticorpos com enzimas (Ac-E). Enzimas são macromoléculas de natureza proteica, com função biológica de alto poder catalítico de reações químicas e elevada especificidade ao substrato correspondente. As mais usadas nestes testes são a fosfatase alcalina e a peroxidase. Para revelar a presença da enzima no complexo formado, utiliza-se uma solução reveladora, que consiste em um tampão adequado, onde se adicionam o substrato correspondente à enzima conjugada e um componente doador de elétrons (cromógeno). A enzima conjugada quebra o substrato e seus produtos atuam no cromógeno, alterando a coloração do sistema. A leitura da reação em condições de trabalho de campo pode ser feita de forma visual, simplesmente pela observação da alteração da coloração. Em condição laboratorial, utiliza-se espectrofotômetro apropriado para leitura dos orifícios das placas, que transforma a intensidade de cor em números. Quanto maior a leitura, maior será a concentração de enzima conjugada e, Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 55 consequentemente, maior será a concentração da substância pesquisada em técnicas não competitivas. O método ELISA pode ser classificado de acordo com sua atividade de amplificação, ou seja, por métodos diretos não competitivos, ou baseados em sua atividade moduladora, que são métodos competitivos. O ELISA direto é mais usado em imuno-histoquímica. Seu fundamento consiste na utilização de anticorpos primários marcados com enzima, que se combinam especificamente aos antígenos presentes em cortes histológicos. A aplicação da solução reveladora destaca o material pesquisado. O ELISA indireto é empregado para a pesquisa de anticorpos, no qual amostras de soro ou plasma são colocadas para reagir com antígenos imobilizados em uma fase sólida (placas de ELISA). Posteriormente, são revelados com auxílio de conjugado enzimático específico levando a formação de um produto corado ao agir sobre substratos cromogênicos. Para pesquisa de antígenos presentes em material biológico, a amostra é posta para reagir com anticorpos específicos imobilizados na fase sólida. O ELISA competitivo consiste na pesquisa de antígeno, no qual o anticorpo é mobilizado na fase sólida e o antígeno correspondente compete com uma quantidade padronizada e marcado para sítios de combinação disponível. Nesse caso, a redução da reação indica maior quantidade de antígeno na solução. Para pesquisar anticorpos, o antígeno é imobilizado e poderá se ligar ao anticorpo da amostra ou ao já conhecido e marcado (conjugado enzimático), para, assim, decrescer a intensidade de coloração da reação. Em ambos os métodos competitivos, dois procedimentos podem ser seguidos: a competição simultânea, cujo antígeno ou anticorpo marcado é adicionado junto com a amostra; ou a saturação sequencial, na qual o antígeno ou anticorpo é adicionado primeiro, seguido de uma incubação com o imunorreagente marcado (TEVA; FERNANDEZ; SILVA, 2009). 5.3.7 Outras técnicas A técnica de Western Blotting, também chamada de immunoblotting ou imunoeletrotransferência, é uma ferramenta de grande utilidade para a Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 56 caracterização de antígenos, ou para pesquisa de anticorpos específicos para um determinado componente antigênico. A técnica de WB baseia-se numa combinação de três métodos muito aplicados em biologia molecular: a separação de macromoléculas através de eletroforese em gel de poliacrilamida, na presença de duodecil-sulfato de sódio (SDS-PAGE); sua transferência eletrolítica para membranas (geralmente de nitrocelulose); e o ensaio de revelação, utilizando anticorpos ou proteína A, marcados por enzimas, radionuclídeos, fluorocromos, metais coloidais ou complexo biotinina-avidina-peroxidase. Assim, as proteínas de um dado antígeno são separadas, transferidas eletroliticamente para membranas de nitrocelulose e postas a reagir com anticorpos marcados. No final, a reação antígeno-anticorpo é revelada por meio de imunocomplexos formados com proteínas definidas, e facilmente identificadas pelos seus pesos moleculares característicos. Temos ainda a radioimunoensaios; imunohistoquímica, teste imunocromatográfico, citometria de fluxo, testes de hipersensibilidade celular cutânea tardia. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 57 UNIDADE 6 – IMUNOLOGIA DOS TRANSPLANTES Antes de iniciarmos o raciocínio sobre a imunologia dos transplantes, torna- se necessário incluirmos uma terminologia específica: Rejeição – é a resposta imune do receptor aos antígenos próprios do órgão transplantado. A rejeição é, portanto, causada por diferenças genéticas entre as células do doador e do receptor. Os antígenos responsáveis pela rejeição são chamados de antígenos de histocompatibilidade ou antígenos de transplante. Autoenxerto – é o enxerto feito de um local para outro no mesmo indivíduo. As células são genética e antigenicamente iguais. Não ocorre rejeição se a técnica tiver sido executada corretamente. Homo ou Aloenxerto – transplante em indivíduos de mesma espécie e histoincompatíveis (geneticamente diferentes). Iso ou Sinenxerto - transplante em indivíduos de mesma espécie e histocompatíveis. Ocorre quando de transplantes em gêmeos idênticos (monozigóticos) ou em estirpes de animais endocruzados com propósitos experimentais (animais isogênicos). Hetero ou Xenoenxerto – transplantes de tecidos ou órgãos realizados entre espécies diferentes. O reconhecimento do antígeno pelo linfócito T ocorre quando determinantes antigênicos da molécula são apresentados ao mesmo pelas células apresentadoras de antígenos (CAA). Essas células (CAA), além dos antígenos, possuem em sua membrana citoplasmática moléculas codificadas pelo Complexo da Histocompatibilidade Principal (MHC). Os receptores dos linfócitos T ligam-se aos antígenos somente quando estes estão associados às glicoproteínas codificadas pelo complexo da histocompatibilidade principal. O complexo da histocompatibilidade principal é representado por um conjunto de genes estritamente ligados, localizados no cromossomo 6, que codificam receptores glicoprotéicos da superfície das células.Através desses Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 58 receptores de superfície, as células do sistema imune reconhecem a si próprias entre as outras do organismo; e reconhecem moléculas e células não pertencentes ao organismo. Os principais receptores codificados pelo complexo da histocompatibilidade principal são de três tipos: a) receptores classe I: são os antígenos da histocompatibilidade. Antígeno ligado ao receptor de classe I é reconhecido pelo Iinfócito T. b) receptores de classe II: antígenos Iigados aos receptores de classe II, são reconhecidos pelos linfócitos T auxiliadores de linfócitos B. c) receptores de classe III: são receptores para os componentes do complemento. A) Evolução dos Aloenxertos A rejeição de enxertos é considerada principalmente mediada por células; contudo, anticorpos também parecem tomar parte no processo da rejeição. Esta pode ser primária, secundária, crônica ou lenta. Na rejeição primária, o tecido enxertado a princípio parece ter sido aceito, o suprimento sanguíneo ao tecido é restabelecido (revascularização) e o mesmo parece estar sadio. O tempo no qual o tecido começa a ser rejeitado depende do hospedeiro e do tipo de tecido. Em muitos animais, a rejeição se inicia ao redor de dez dias; o tecido se torna infiltrado com células mononucleadas, incluindo linfócitos, macrófagos e alguns plasmócitos. A rejeição é iniciada quando os antígenos do enxerto atingem os linfonodos, onde entram em contato com linfócitos B e T e causam sua ativação. Os linfócitos ativados sofrem expansão clonal; as células B se diferenciam em plasmócitos, que produzem anticorpos; os linfócitos T ativados (ou sensibilizados) penetram no sangue e infiltram-se no enxerto, quando encontram-se com o antígeno produzem linfocinas. Os anticorpos também chegam ao enxerto, entretanto, parece que as reações da rejeição primária são principalmente mediadas por células. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 59 Na rejeição secundária, quando da realização de um novo enxerto, do mesmo doador, a série de eventos associados com rejeição e descritos na rejeição primária ocorre numa velocidade acelerada. Essa reação é um exemplo da resposta anamnésica ou da memória. A reação secundária é causada por linfócitos T sensibilizados e por anticorpos citotóxicos. A reação secundária é específica para o doador e sistêmica; qualquer tipo de tecido do doador será rejeitado. Quanto à rejeição crônica ou lenta, experimentalmente, ocorre rejeição crônica quando os tecidos se combinam quanto aos principais determinantes de histocompatibilidade, mas não quanto a pequenos determinantes. Em relação ao transplante humano, a rejeição crônica de um rim pode se dar em meses ou anos depois do que pareceu ter sido um transplante com sucesso. A rejeição crônica provavelmente é influenciada, no caso de um aloenxerto, pelo fato de que é impossível conseguir uma imunossupressão completa no paciente. Quanto ao uso clínico dos transplantes, muitas espécies diferentes de transplantes são usadas na prática da medicina, indo desde transfusões de sangue (suspensões celulares) a enxertos de órgãos (tecido sólido), citando-se como exemplos: a) Medula Óssea: Devido às graves reações enxerto versus hospedeiro que frequentemente se seguem ao transplante de medula óssea, esse processo deve ser considerado experimental e potencialmente perigoso. Às vezes usa-se medula óssea para suprir células germinativas não somente para as linhagens de células linfoides, em casos de imunodeficiência, mas também para as células da linhagem hemopoiética, em casos de anemia aplástica. b) Córnea: É um procedimento clínico aceito. Não é necessário tipagem de HLA nem imunossupressão, apesar de as córneas conterem antígenos de tecidos. A córnea existe num local privilegiado porque, em condições normais (ausência de traumatismos e infecções), ela é avascular e não é sujeita à rejeição. As córneas podem ser retiradas várias horas após a morte e guardadas num banco de tecidos. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 60 c) Cartilagens: O transplante de cartilagens é usado em cirurgia plástica. Nem provas de histocompatibilidade e imunossupressão são necessárias. Os condrócitos são considerados células privilegiadas porque podem ser transplantadas sem se combinar, em locais não privilegiados, e ainda sobreviver. A falta de rejeição é atribuída à estrutura da cartilagem. d) Pele: Aloenxertos de pele são facilmente rejeitados. Autoenxertos são mais utilizados. Pele alogênica é usada em casos de queimaduras extensas para tentar cobrir a pele por um tempo suficientemente longo para que ocorra cicatrização, apesar de se saber que o aloenxerto será rejeitado. e) Órgãos: Foram feitas tentativas de enxertar muitas diferentes espécies de órgãos, incluindo rim, coração, pulmão, fígado, pâncreas e intestino. O maior sucesso em termos de sobrevida do órgão e sua função no novo hospedeiro tem sido com o rim, por várias razões. Cirurgicamente, o transplante de rins é uma técnica simples; durante o período de rejeição ou deficiência renal, o paciente pode ser mantido num aparelho de diálise; se um rim é rejeitado, o paciente pode ser mantido até que seja encontrado outro doador; como o organismo tem dois rins, a doação pode ser obtida de um irmão ou, em alguns casos, até mesmo de um gêmeo idêntico. Nos transplantes alogênicos de órgãos, o receptor tem que ser mantido continuamente sob a ação de drogas imunossupressoras (JORGE, 2010). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 61 UNIDADE 7 – IMUNODEFICIÊNCIAS 7.1 Autoimunidade O sistema imunológico é capaz de distinguir suas próprias células e tecidos (próprios), que devem ser ignorados, dos antígenos estranhos (não próprios), que devem ser eliminados. A discriminação entre próprio e não próprio ocorre durante o desenvolvimento do sistema imune e suas células e a falha nessa discriminação pode levar a autoimunidade (do grego, auto, por si próprio), que se refere à resposta imune de um hospedeiro contra determinados constituintes de seu próprio organismo. (LEÃO; JORGE, 2010) Além disso, a falha em qualquer componente do sistema imune impede o indivíduo de eliminar eficientemente os antígenos estranhos, o que poderia levar a infecções potencialmente fatais. Essa condição é chamada de imunodeficiência. Tolerância aos Auto-antígenos significa a ausência de resposta imunológica, induzida principalmente pelos antígenos próprios. A autotolerância é essencial para a sobrevivência, pois ela evita o ataque autoimune. O principal mecanismo de indução de tolerância aos antígenos próprios é a deleção central de linfócitos autorreativos. No timo, células com alta especificidade para antígenos próprios são selecionadas negativamente e induzidas a morrer por apoptose. Alguns linfócitos com baixaespecificidade para auto-antígenos escapam da seleção negativa. Além disso, nem todos os auto-antígenos estão presentes no timo na hora da seleção, e, por isso, os linfócitos com especificidade para eles também escapam da eliminação. Nesses casos, a tolerância acontece por inativação funcional dessas células, ou seja, elas permanecem em estado de anergia ou não responsividade; ou ainda por imunossupressão das mesmas. Em certas situações, a harmonia da autotolerância é quebrada e acontece a autoimunidade, que pode levar ao desenvolvimento das doenças autoimunes. Alguns possíveis mecanismos para explicar a falha na autotolerância são: Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 62 liberação de antígenos sequestrados – alguns antígenos próprios não entram em contato com o sistema imune por estarem anatomicamente isolados ou ocultos dentro de uma proteína. Um contato ocasional poderia levar a uma resposta imune contra tais antígenos; erros nos mecanismos de tolerância – qualquer anormalidade no sistema imune poderia permitir o surgimento de linfócitos autorreativos responsivos; alteração estrutural de auto-antígenos – os auto-antígenos podem sofrer alterações por métodos físicos, químicos ou biológicos e não serem mais ignorados pelo sistema imune; ativação policlonal – alguns microrganismos são capazes de estimular muitos clones de células B ou T e, desta forma, alguns clones autorreativos poderiam ser estimulados; antígenos de reatividade cruzada – alguns microrganismos apresentam antígenos e sequências de aminoácidos que são muito semelhantes às do hospedeiro, e isso poderia estimular células autorreativas. Quanto às doenças autoimunes, estas são classificadas em órgão- específicas ou sistêmicas. Nas doenças órgão-específicas a resposta imune é específica contra um determinado órgão. Um exemplo clássico é a tireoidite de Hashimoto, na qual ocorre lesão localizada da tireoide por infiltração de células mononucleares e produção de autoanticorpos para antígenos tireoideanos. O dano tecidual nas doenças órgão-específicas acontece, principalmente, por hipersensibilidade tipo II e tipo IV. Nas doenças sistêmicas, a resposta acontece contra antígenos encontrados em todas as células dos organismos como DNA, RNA e histonas, entre outros. O principal mecanismo de dano tecidual é a hipersensibilidade tipo III, mediada por depósitos de imunocomplexos de auto-antígenos e auto-anticorpos. Existem, ainda, algumas doenças autoimunes intermediárias, que apresentam comprometimento de um órgão, mas podendo haver manifestações em Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 63 outros órgãos. Também algumas doenças podem mudar seu perfil clínico durante sua evolução. Estudos com gêmeos idênticos e não idênticos demonstraram que os fatores genéticos exercem mais influência na predisposição a doenças autoimunes que o meio ambiente, embora este também tenha sua participação. Algumas doenças autoimunes tendem a ocorrer em famílias, como o lúpus eritematoso sistêmico e a tireoidite de Hashimoto. Segundo Leão e Jorge (2010), outras evidências para a participação dos fatores genéticos na autoimunidade vêm da tendência de algumas doenças estarem associadas com moléculas do MHC de classe II específicas. O mecanismo pelo qual esses genes predispõem à autoimunidade ainda não está claro. 7.2 Tratamento das Doenças Autoimunes A maior parte do tratamento é direcionada para diminuir a inflamação crônica. Drogas antiinflamatórias, como corticóides e imunossupressores, são comumente utilizadas. Nas doenças órgão-específicas, muitas vezes o sintoma pode ser corrigido somente com controle metabólico. Por exemplo, na anemia perniciosa a correção metabólica se faz administrando vitamina B12. Novos métodos terapêuticos têm surgidos à medida que o conhecimento nessa área evolui. Entre as possibilidades terapêuticas estão a intervenção na rede de citocinas, estimulação de funções supressoras e indução de tolerância oral. São exemplos de doenças autoimunes: a) Órgão-específicas: tireoide de Hashimoto, doença de Graves, anemia perniciosa, esclerose múltipla, doença de Addison, diabetes mellitus, infertilidade. b) Intermediária: Síndrome de Goodpasture, Miastenia gravis, Doenças hematológicas como anemia hemolítica autoimune. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 64 c) Sistêmicas: lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, Síndrome de Sjögren. 7.3 Imunodeficiência Imunodeficiência resulta da ausência ou falha na função normal de um ou mais elementos do sistema imune. Pessoas portadoras de imunodeficiências correm maior risco de adquirir infecções e neoplasias incomuns. Pacientes com falhas de imunoglobulinas, de proteínas do complemento ou na fagocitose são mais suscetíveis a infecções recorrentes por bactérias extracelulares encapsuladas. Já pacientes com deficiência de imunidade celular são mais suscetíveis a infecções graves causadas por microrganismos presentes no meio ambiente, geralmente não patogênicos para pessoas saudáveis (microrganismos oportunistas). As imunodeficiências são classificadas como primárias, resultantes de defeito congênito nos componentes do sistema imune ou seus produtos, ou secundárias, resultantes da ação de agentes externos ou falhas em outros sistemas do corpo que afetam o sistema imune. a) Imunodeficiências primárias: Pode resultar de defeitos na imunidade natural ou adaptativa, ocorrendo em vários níveis, de células básicas a células mais diferenciadas. As doenças relacionadas com deficiências de células B incluem: agamaglobulinemia ligada ao X, deficiência seletiva das subclasses IgG e IgA, imunodeficiência com hiper IgM e hipogamaglobulinemia transitória da infância. Um exemplo de deficiência de células T é a Síndrome de DiGeorge, que ocorre devido à falha na embriogênese do timo (aplasia tímica congênita). Algumas imunodeficiências afetam tanto a imunidade humoral quanto a imunidade celular. Estas incluem: imunodeficiência severa combinada (SCID), deficiências de MHC classe II, imunodeficiência com ataxia-telangiectasia hereditária e Síndrome de Wiskott-Aldrich (deficiência de célula T e níveis anormais de Ig com trombocitopenia e eczema). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 65 Existem, ainda, as doenças resultantes da fagocitose deficiente, como: doença granulomatosa crônica e deficiência de adesão leucocitária. Além disso, já foram encontradas deficiências genéticas para quase todas as proteínas do complemento, e essas deficiências auxiliaram na compreensão das funções normais do sistema complemento. b) Imunodeficiências secundárias: São as mais comuns e acontecem devido à influência de vários fatores, como: desnutrição – baixa ingestão de proteínas e carência de certos elementos na dieta são a causa mais comum de imunodeficiênciano mundo; perda de componentes celulares ou humorais – devido a alguma doença de base como, por exemplo, a perda de anticorpos na urina na Síndrome nefrótica; tumores – alguns tumores desenvolvidos no sistema imune comprometem diretamente sua eficiência; drogas citotóxicas – utilizadas no tratamento de neoplasias ou doenças autoimunes sistêmicas. Essas drogas deprimem severamente as funções imunológicas, afetam o tráfico celular, induzem leucopenia ou inibem a síntese de citocinas. São exemplos de drogas imunossupressoras os esteroides, a ciclofosfamida, a azatioprina e a ciclosporina; outras doenças – alterações nas funções neutrocitárias são observadas no diabetes, na cirrose hepática e outras doenças; infecções – também podem induzir importantes estados de imunodeficiência, como as infecções parasitárias, a varicela, a tuberculose, a hepatite, etc. O vírus da imunodeficiência humana (HIV) provoca uma forma severa de imunodeficiência, a AIDS. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 66 REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS BÁSICAS ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H. Imunologia básica: funções e distúrbios do sistema imunológico. Trad. de Bárbara de Alencar Leão Martins. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. JORGE, Antônio Olavo Cardoso. Princípios de microbiologia e imunologia. 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Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 68 VAZ, N. M.; FARIA, A. M. C. Guia incompleto de imunobiologia: imunologia como se o organismo importasse. Belo Horizonte: COOPMED, 1993. ZÖLLNER, Maria Stella Amorim da Costa; JORGE, Antonio Olavo Cardoso. Imunoprofilaxia: soros e vacinas. In: JORGE, Antônio Olavo Cardoso. Princípios de microbiologia e imunologia. São Paulo: Santos Editora, 2010. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 69 ANEXOS Conceitos básicos em Imunologia Imunidade: estado específico de proteção que se desenvolve no organismo em consequência de um ataque prévio pelo agente infeccioso. Resistência: mecanismos defensivos de que normalmente dispõe o hospedeiro a fim de impedir a implantação de um agente infeccioso. Infecção: é a implantação, crescimento e multiplicação de seres inferiores no organismo de hospedeiros altamente organizados, com certo prejuízo do hospedeiro. Infecção é sinônimo de microparasitismo. Virulência: propriedades intrínsecas do parasita. São mecanismos próprios dos microrganismos que auxiliam sua penetração e permanência no organismo. A virulência dos microrganismos é dada por sua capacidade de invasão, pela produção de toxinas, enzimas e outras substâncias. Poder invasor: capacidade que possui o agente infeccioso de multiplicar-se in vivo e de invadir os tecidos do hospedeiro. O poder invasor está condicionado ao metabolismo do microrganismo em face às condições que lhe são oferecidas in vivo, e à produção de substâncias que facilitem a difusão dos microrganismos nos tecidos: a) metabolismo do microrganismo: substâncias que utilizam do hospedeiro, e os produtos catabólitos liberados. b) produção de cápsulas: componentes capsulares de alguns microrganismos que dificultam a fagocitose, como por exemplo, cápsulas de Pneumococos, Neisseria e Klebsiella. c) produção de enzimas: hialuronidase, estafilocoagulase, colagenase, leucocidina, entre outras. Poder toxígeno: produção de toxinaspelos microrganismos: a) Exotoxinas: são proteínas fortemente antigênicas, produzidas geralmente por bactérias Gram-positivas como Corynebacterium, Staphylococcus, Clostridium e Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 70 por bactérias Gram-negativas como Yersinia e Shigella. As exotoxinas se difundem no meio de cultura e são relativamente termolábeis. Atuam por: 1) ação nos sistemas enzimáticos: inibição de enzimas do sistema de respiração presente nas mitocôndrias, inibição da síntese proteica; 2) ação como enzima: lecitinase e hemolisinas, que possuem ação sobre membranas citoplasmáticas. b) ação de neurotoxinas: atuam sobre o Sistema Nervoso Cental. c) Endotoxinas: são lipopolissacarídeos-proteínas constituintes da parede celular das bactérias, sendo liberados somente quando a integridade da parede for perturbada. Encontradas apenas nas bactérias Gram-negativas, são relativamente termoestáveis e pouco imunogênicas. Mais conhecidas: Salmonella, Shigella, Escherichia, Neisseria. Atuam por toxidade inespecífica e pirogenicidade.