como reconhecer um verdadeiro Mestre

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1Nota do editor - “Cristo” ou “Consciência Crística” é a consciência projetada de Deus, imanente em toda a criação. Nas 
escrituras cristãs aparece com o nome de “Filho Unigênito’”, o único puro reflexo de Deus, o Pai na criação. Nas escrituras 
hindus o nome é Kutastha Chaitanya ou Tat, a consciência do Espírito, presente em toda a parte,na criação. É a 
consciência universal, a unidade com Deus manifestada por Jesus, Krishna e outros grandes mestres. 
 
COMO RECONHECER UM VERDADEIRO MESTRE 
 
Pelo Dr. M. W.Lewis 
Templo da Self-Realization Fellowship 
em San Diego,Califórnia, em 23 de Maio de 1954 
 
 
É difícil reconhecer um verdadeiro mestre, até que tenhamos aprendido a conhecer os verdadeiros 
valores da vida; não obstante, existem certos indícios pelos quais qualquer pessoa pode distinguir 
um mestre verdadeiro daqueles que são na verdade autodesignados professores. 
 
Jesus falou sobre esse assunto no capitulo 23 de São Mateus, quando fala ao povo acerca dos 
escribas e Fariseus, que davam ordens aos outros. Mas “todas as suas obras”, diz ele, ”fazem 
para serem vistas pelos homens; por isso trazem as suas largas tiras de pergaminho e alargam as 
barras das suas vestes" - indicando a sua complacência para com a consciência do ego - “e amam 
os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas”; isto é, eles querem estar 
em posição de destaque. E querem “ser chamados pelos homens - Rabí, Rabí." - Mas Jesus avisa: 
”não queirais vós ser chamados de Rabí, porque um só é o vosso Mestre - o Cristo,e todos vós 
sois irmãos. E a ninguém na terra chameis de vosso pai, porque um só é o Vosso Pai ,que esta 
nos céus. Nem vos intituleis mestres, porque um só é o vosso Mestre - o Cristo1.” 
 
Jesus, desta forma, diz claramente que todos os verdadeiros mestres falam e atuam em estado de 
consciência crística. Nós encontramos a mesma idéia nas escrituras hindus; um exemplo é a vida 
de Jadava Krishna, que também manifestou essa consciência do Cristo universal. Assim, se vocês 
estão seguindo um instrutor, ou planejando seguir um, lembrem-se de fazer a vós mesmos esta 
pergunta: Será que esta pessoa elevou a si própria, desde a consciência exterior do ego até a real 
unidade com o Cristo interno, e com a onisciência de Deus? 
 
Quando Jesus fez declarações tais como: “Em verdade eu vos digo... minhas palavras não 
passarão”, ele não falava como Jesus, era a consciência do Cristo que falava dentro dele. 
Qualquer verdadeiro mestre sabe do que fala, e atua com a mente imparcial e sem preconceitos. 
Não é possível atuar desta forma até que as funções da mente (os sentidos e as faculdades 
intelectuais) tenham sido dominadas e não sejam mais controladas pelo ego. 
 
Poucos instrutores têm este perfeito auto-controle, mas ele é necessário para guiar corretamente 
aos devotos, isto é, atuar verdadeiramente do alto nível da Consciência Crística somente com um 
propósito: o bem estar absoluto do devoto. Se alguém sente qualquer apego egoísta, gostos ou 
desagrados pessoais, não pode na realidade ajudar os outros de uma forma imparcial e sem 
preconceitos, porque está sendo influenciado pelos caprichos e hábitos do ego, mesmo que não 
esteja consciente disso. Mas se ele pode levantar-se acima da consciência do ego e dominar não 
só o corpo físico, como também a mente e as emoções, então ele pode prestar verdadeiro auxílio 
aos outros, porque a onisciência de Deus está livre para falar e trabalhar através dele. 
 
Quando eu encontrei Paramahansa Yogananda, pus-me a observar isso, porque eu tinha sido 
enganado por outros. Mas notei nas relações que mantive com ele, que sempre agiu sem motivos 
pessoais e sempre para o meu bem. Mesmo na primeira vez em que o encontrei - foi em Boston, 
numa véspera de Natal - ele me convenceu disso. Eu recebi tanto auxílio espiritual dele, que 
nunca lhe poderei retribuir, ele estava obviamente, em posição de pedir certas coisas, se 
quisesse. Ainda assim, tudo o que me disse foi: ”Doutor, se depois de praticar estes 
ensinamentos, e se me permitir que o discipline, se os apreciar e achar que eles o auxiliaram, o 
senhor ajudaria outros a segui-los?” - “Certamente!”, respondi, porque eu pude ver que ele 
estava pedindo sem qualquer pensamento de ganho pessoal. 
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Não muito tempo antes do seu mahasamadhi, Paramahansaji chamou-me ao telefone numa 
manhã, e começou a repreender-me severamente. Quando você permite que um verdadeiro 
mestre o discipline, você deve ser capaz de se conter e lembrar-se de que ele está 
trabalhando para livrá-lo da escravidão do ego. Mas nessa manhã ele estava disciplinando-
me por uma coisa que eu não tinha feito. A principio eu tentei arriscar uma palavra, mas 
sem sucesso. Então, percebendo que era de maior valia aceitar a disciplina, embora 
imerecidamente, eu a recebi de bom grado. Depois de uma repreensão de duas ou três 
horas, eu disse:”Perfeitamente, o senhor ganhou. Eu tomo a responsabilidade.” 
 
Nesse momento, quando a batalha comigo próprio tinha acabado, o ego cessou de 
incomodar-me. Eu sabia que tinha dado um passo espiritual à frente. Vocês nunca perderão 
por seguir a orientação de um homem de Deus, pareça ele certo ou errado, do ponto de 
vista da consciência do ego. Penso que o Mestre me castigou nessa ocasião, para me testar. 
 
Mais tarde, ainda pela manhã, telefonou-me de novo, e disse um tanto timidamente: ”Como 
está se sentindo? O senhor está bem?” - Eu respondi: “Sim, estou bem.” - Então o Mestre 
mostrou-me os seus motivos, dizendo: “Ninguém mais teria ousado falar-lhe daquela forma. 
Mas eu quero que o senhor obtenha o máximo; foi por isso que eu procedi assim.” 
 
Quem mais, senão um verdadeiro mestre, o vosso melhor amigo, faria isso por vocês? Se o 
devoto está disposto, o mestre pode elevá-lo da consciência do ego até ao despertar em 
Deus. É por isso que ele é chamado de mestre - porque ele pode auxiliar sem motivos 
pessoais e sem esperar nenhum ganho pessoal. 
 
Outra forma pela qual vocês podem reconhecer um verdadeiro mestre, é pela paz e pela 
felicidade da Consciência Crística que dele se desprende. Isto é muito diferente do 
magnetismo natural que algumas pessoas possuem, que nos faz sentir um certo poder 
quando estamos diante delas. Eu me lembro de um encontro com um dos membros do 
gabinete do presidente Coolidge, em quem senti isso. Mas os seus efeitos são vastamente 
diferentes da “satisfação da alma”, que um mestre nos dá. Muitas vezes vamos à presença 
de um mestre com perguntas, mas acabamos por não as formular porque se tornam 
desnecessárias. A alma fica satisfeita só por estar na sua presença porque nós recebemos sa 
bênçãos do Espírito através dele. 
 
No Bhagavad-Gita, o Senhor diz: ”Quem declarar o supremo segredo entre os meus 
devotos, é uno Comigo; nenhum outro executa um serviço que me seja mais caro do que 
ele, nem nenhum outro é mais amado por Mim na Terra do que ele.” O supremo segredo 
não é transmitido, dizendo apenas “Deus está contigo”. Ele é uma dádiva real da 
manifestação do espírito. 
Quando uma mulher foi curada por tocar a bainha da túnica de Jesus, ele disse: ”Alguém me 
tocou; senti que uma virtude saiu de mim.” Um verdadeiro mestre transmite-nos uma parte 
do Espírito, a vibração do poder de Deus que possui dentro dele. 
 
Comparações pessoais, muitas vezes vem da tentativa de distinguir um mestre de um bom 
professor. Os mestres, naturalmente têm personalidades fortes, porque eles estão 
continuamente cientes da presença de Deus fluindo através deles. Mas usam essa força de 
personalidade para elevar outros da ilusão até a consciência divina. Um verdadeiro mestre 
não pode deixar de atrair as pessoas, porque o poder de Deus nele é tão grande que quase 
todos o sentem. 
 
Quando os cientistas colocam juntas duas massas de matéria fissionável, dá-se uma reação 
atômica, fazendo sentir uma grandeforça à considerável distância. Se existe tanta energia 
na matéria aparentemente inerte, quanto maior poder não existe num mestre, que está 
conscientemente em sintonia com Deus?! Quando nós estamos com um mestre, essa força 
causa uma sutil e elevada vibração no nosso corpo espiritual e físico. Assim como os átomos 
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vibrando altamente numa massa crítica são transmutados de matéria em energia, assim 
também a nossa consciência material é elevada à presença de Deus pelo Seu poder fluindo 
através do mestre. 
Contudo, um mestre nunca se apodera de outra pessoa. Ele atrai e a eleva, mas nunca se 
aproveita dessa atração; ele leva-a até Deus para Sua glorificação. Somente por isso! 
 
Os mestres nunca usam o seu magnetismo pessoal para ganhos materiais. Eles sempre se 
sacrificam pelo benefício espiritual do devoto. E se não o fazem, não são verdadeiros 
mestres. Durante os primeiros anos de estada de Paramahansaji na América, numa altura 
em que estava sem dinheiro para suportar a sua organização, um homem veio até ele e 
disse-lhe: ”Aqui está um cheque de 25.000 dólares, e deixe que eu me encarregue do seu 
trabalho.” Então o Mestre replicou: ”Se o senhor quer me dar o dinheiro para eu usa-lo 
como Deus me disse para o fazer, está bem. De outro modo, eu não o tocarei”. Um 
verdadeiro homem de Deus nunca compromete os seus ideais divinos. 
 
Outra qualidade que têm os verdadeiros mestres, é o amor - um maravilhoso e 
incondicional amor - que é mesmo maior do aquele que a nossa própria mãe e o nosso pai 
nos dedicam, porque o amor dos pais é circunscrito e condicional. Os pais nos amam porque 
tornaram possível o nosso temporal e físico nascimento; mas um mestre dá-nos um 
nascimento espiritual para o reino eterno de Deus. Se vocês têm filhos e podem expandir o 
vosso amor no imparcial e circundante amor de Deus, então a vossa família inteira poderá 
tornar-se mais feliz. 
Jesus manifestou esse grande amor e essa compaixão. Ele poderia ter feito muitas coisas 
em retaliação por aquilo que lhe fizeram, mas se sacrificou sempre, e mesmo na cruz disse: 
”Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Ele tinha o divino e expandido amor, 
que é uno com o amor onipresente de Deus, e que estendeu mesmo àqueles que foram 
responsáveis pela destruição do seu corpo físico. 
 
Há muitos pregadores de “coisas espirituais”, mas poucos são os verdadeiros mestres da lei 
espiritual. Eu tive dois ou três maravilhosos professores quando comecei buscando a 
verdade. Eles disseram-me, por exemplo, como a grande luz de Deus é focada no centro da 
medula, na base do cérebro, e que a medula é como uma lente, concentrando essa luz para 
formar o corpo físico. Mas eu fui incapaz de encontrar alguém que me pudesse mostrar essa 
luz e outros mistérios do Espírito. Quando encontrei Paramahansaji, falei-lhe acerca disto, e 
ele disse: ”Pode o cego conduzir o cego? Ambos caem no mesmo fosso”. Isto produziu-me 
uma grande impressão. O Mestre não me deu mera teoria, ele mostrou-me esse anel da luz 
espiritual concentrada, vindo através da medula, e mostrou-me outras coisas. E eu vi então, 
a diferença entre a teoria e a realização. Um mestre ensina através da experiência direta. 
 
Podemos igualmente reconhecer um verdadeiro mestre através de certos sinais físicos. Ele 
tem completo controle do seu corpo, da mente e das emoções, permanecendo calmo sob 
todas as circunstâncias, não importando quão adversas sejam. Uma vez eu fui até 
Paramahansaji com informações de um desastroso acontecimento. Eu pensava que ele 
ficaria transtornado, ou pelo menos inquieto, como eu estava. Mas ele permaneceu imóvel, 
não demonstrando qualquer sinal de agitação ou perturbação. Eu lhe disse mais tarde: 
”Mestre, eu desejaria ter como o senhor, a convicção de que Deus está comigo, tal como 
está consigo.” - Então ele me respondeu: ”Lembre-se, o mesmo Pai que me protege, 
também lhe protege. Ele é o nosso Pai comum.” - Com esta resposta, recebi uma tal 
realização, como apenas um mestre pode nos dar. Desde então eu tenho sentido essa 
segurança em Deus. 
 
As pessoas sempre esperam que um mestre opere milagres, mas um verdadeiro mestre só 
os faz, quando tem a permissão de Deus. Jesus nem sempre realizou os milagres que os 
outros esperavam dele. Quando ele foi capturado pelos servos do sumo-sacerdote e foi 
levado para ser julgado no tribunal, ele disse que poderia chamar doze legiões de anjos. Ele 
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tinha o poder de se salvar porque Deus estava com ele como Consciência Crística, mas ele 
sabia que isso não era o que o seu Pai desejava. Antes, ele havia dito: ”Oh meu Pai, se é 
possível, afasta de mim este cálice; contudo, que se faça não a minha, mas a Tua vontade.” 
- Esta maravilhosa obediência à vontade de Deus é outro sinal de um verdadeiro mestre. 
Na Índia, certa vez, Paramahansaji foi chamado a casa de alguém que estava morrendo. As 
pessoas haviam pedido ao Mestre para entrar, acreditando que o moribundo então ficaria 
curado. Depois de algum tempo, finalmente Paramahansaji entrou e a pessoa foi curada. 
Eu estava falando ao Mestre acerca disto e lhe disse: “O senhor, quando entrou, sabia que 
esta era a vontade de Deus?” – “Sim” – respondeu - ”ou eu então não o teria feito.” – O 
verdadeiros mestres atuam apenas quando Deus diz: ”Está bem, vai em frente!” - Eles 
sabem que Deus é o único Fazedor, e que somente pela Sua vontade trabalhando através 
deles, podem efetuar qualquer coisa. 
 
Todos os mestres sabem isso; um mestre é a súmula da humildade, e deseja somente fazer 
a vontade de Deus. 
 
Estas são algumas das formas pelas quais vocês podem reconhecer um autêntico homem de 
Deus. Mas se não puderem perceber nenhuma destas coisas através dos sentidos comuns 
ou pelo intelecto, então acalmem as ondas da mente inquieta na profunda meditação, e o 
vosso coração vos dirá quando estiverem na presença de um verdadeiro mestre.