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O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por um padrão persistente de dificuldades atencionais e do controle motor e de impulsividade. Essas dificuldades ocorrem de forma persistente ao longo do tempo e não são compatíveis com o estágio de desenvolvimento do indivíduo, acarretando prejuízos funcionais variáveis. O TDAH inicia-se na infância e frequentemente persiste na adolescência e idade adulta. A heterogeneidade clínica do TDAH, que reflete a heterogeneidade etiológica subjacente, bem como de sistemas cerebrais envolvidos, torna o diagnóstico desse transtorno desafiador. Epidemiologia Os estudos disponíveis apontam para estabilidade da prevalência do transtorno nas últimas décadas. No entanto, vem ocorrendo um aumento das taxas de tratamento, o que também acontece em relação à maioria dos transtornos mentais em crianças. Apesar desse aumento nos últimos anos na maior parte do mundo, inclusive no Brasil, o número absoluto de indivíduos em tratamento no país ainda é muito aquém do número estimado de pessoas acometidas pelo transtorno. A proporção de meninas para meninos é 1:2,4 e essa diferença torna-se mais pronunciada (1:4-6) em amostras clínicas, provavelmente pelo fato de meninos serem mais frequentemente encaminhados a tratamento pela presença de sintomas mais evidentes de hiperatividade e impulsividade. Quadro clínico O TDAH é caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, que podem ocorrer em combinação ou isoladamente. Os primeiros sinais podem já ser detectados na fase pré-escolar, como agitação importante, acidentes repetidos, dificuldade em permanecer atento a atividades mesmo por períodos curtos, como para ouvir uma história ou montar um quebra-cabeça. Na idade escolar, os sintomas de desatenção manifestam-se principalmente como “sonhar acordado”, distratibilidade e dificuldade em manter o foco atencional em uma tarefa. Sintomas de hiperatividade e impulsividade manifestam-se como inquietude, parecer estar “a mil” ou “a todo vapor”, fala excessiva, dificuldade de esperar a vez, respostas precipitadas, entre outros. Na adolescência e na idade adulta, as dificuldades atencionais podem permanecer, e os prejuízos na organização e no planejamento progressivamente tornam-se proeminentes, refletidos, por exemplo, em dificuldade de executar tarefas seguindo prazos, procrastinação, atrasos frequentes, desorganização e esquecimento de pertences. A hiperatividade pode ser expressa por dificuldade de relaxar e uma sensação incômoda de inquietude. Dificuldades de aguardar a vez e de controle de impulsos revelam-se em situações como filas, trânsito, em discussões com familiares e colegas de trabalho e, eventualmente, no comportamento alimentar impulsivo e no uso de substâncias (álcool, tabaco e drogas ilícitas). A apresentação dos sintomas e prejuízos associados ao transtorno variam de acordo com a etapa de desenvolvimento dos indivíduos. Os sintomas de hiperatividade e impulsividade tendem a ser mais evidentes nas fases precoces do desenvolvimento, enquanto a desatenção torna- se mais evidente na fase escolar e tende a permanecer mais estável ao longo do tempo, eventualmente piorando em períodos de maior demanda cognitiva. Os sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade são modulados por questões como a estruturação do ambiente, a importância da tarefa e a motivação do indivíduo. Espera-se que os sintomas ocorram com menor intensidade em ambientes mais estruturados, com regras definidas e monitoramento próximo e contínuo (em uma aula particular), assim como ao desempenhar tarefas que sejam intrinsecamente motivadoras (jogos eletrônicos) ou quando o indivíduo encontra-se altamente motivado para desempenhá-las (estudar na véspera de uma prova). Assim, a presença dos sintomas deve ser determinada após a avaliação da sua ocorrência nos diversos ambientes em que o indivíduo está inserido, exposto a situações e tarefas com estrutura, relevância e motivação variáveis. TDAH É fundamental entender que os sintomas podem tornar-se mais ou menos evidentes em função de variáveis ambientais e também podem ser influenciados pela presença de transtornos psiquiátricos comórbidos e capacidade cognitiva global. Diagnóstico O diagnóstico do TDAH é clínico e estabelecido a partir da história clínica, associada a informações coletadas com os pais e a escola e ao exame da criança. Recomenda-se também, se necessário, coletar informações de outros familiares próximos e de outros profissionais envolvidos no cuidado da criança (babá). Os critérios diagnósticos utilizados atualmente são os do DSM-5 e do CID-10. O CID-10 agrupa os sintomas em 3 dimensões: desatenção, hiperatividade e impulsividade; Para que se faça o diagnóstico de TDAH de acordo com a CID-10, é necessária a presença de sintomas em todas as dimensões. Enquanto o DSM-5 os agrupa em 2 dimensões: desatenção e hiperatividade/impulsividade. De acordo com o DSM-5, pode haver sintomas isolados de desatenção ou hiperatividade/impulsividade e o TDAH pode ser classificado em apresentações (predominantemente desatento, predominantemente hiperativo/impulsivo e combinado), em função do número de sintomas em cada uma das dimensões. Para o diagnóstico em crianças, são exigidos o mínimo de 6 ou mais sintomas em cada uma das dimensões. Para que o diagnóstico de TDAH seja estabelecido, também é exigido que os sintomas sejam persistentes por um período mínimo de 6 meses, estejam presentes antes dos 12 anos, provoquem prejuízo em dois ou mais contextos e que haja prejuízo significativo no funcionamento. Na 4ª edição do tratado de Pediatria, um dos critérios para diagnóstico é que esse seja feito antes dos 12 anos. Já na 3ª edição e segundo a aula ministrada pela professora, essa idade cai para 7 anos. Apesar de se tratar de uma edição mais recente e provavelmente atualizada, recomenda-se seguir o critério de 7 anos, pelo menos na prova, visto que foi algo muito frisado em sala de aula, não só pela professora quanto pelos monitores. Como parte da avaliação da criança com suspeita de TDAH, é também fundamental a investigação da presença de outros transtornos psiquiátricos comórbidos, por exemplo, transtornos ansiosos, transtornos do humor, transtorno de oposição e desafio, tiques e transtornos de aprendizagem. A presença de condições comórbidas pode alterar a decisão sobre intervenções terapêuticas e influenciar a resposta e a adesão ao tratamento. Outras condições médicas devem ser investigadas, como alterações em capacidade auditiva, visual e sono, já que influenciam sobremaneira as funções cognitivas e o comportamento. Exames de imagem ou eletroencefalografia não apresentam valores preditivos suficientes para serem necessários no processo diagnóstico do TDAH. Tratamento A abordagem de primeira linha para o TDAH, independentemente da faixa etária, é multimodal, ou seja, além dos sintomas específicos, abrange todos os aspectos do transtorno, como prejuízos sociais, escolares, comorbidades, conflitos familiares. A família, a escola e os profissionais de saúde envolvidos no cuidado da criança devem trabalhar em conjunto para garantir um plano de tratamento articulado. As modalidades de tratamento implementadas variam dependendo da faixa etária do paciente. Para crianças em idade pré-escolar comsintomas leves ou prejuízo funcional restrito a um ambiente, é recomendada como primeira linha, por diversas diretrizes clínicas de tratamento, a terapia comportamental dirigida aos pais (treinamento parental) e/ou professores, seguida da prescrição de estimulante caso as intervenções comportamentais não produzam melhora e os sintomas continuem a causar prejuízo funcional. Quando o tratamento comportamental não estiver disponível, devem ser pesados os riscos e os benefícios de se iniciar tratamento medicamentoso nessa idade, considerando a ATENÇÃO! DIVERGÊNCIA ENTRE AS LITERATURAS ÊNCIA ENTRE AS LITERATURAS importância de se diagnosticar e tratar o TDAH precocemente. Para crianças em idade escolar (6 a 11 anos) e adolescentes (12 a 18 anos), recomenda-se tratamento medicamentoso e/ou tratamento comportamental, preferencialmente as duas opções em combinação, sobretudo na presença de múltiplas comorbidades. A terapia comportamental tem o objetivo de modificar o ambiente físico e social a fim de modificar o comportamento. A terapia dirigida aos pais (ou treinamento parental) visa a desenvolver as habilidades dos pais de modificar o comportamento da criança e de melhorar a capacidade de a criança regular o seu próprio comportamento. O treinamento envolve técnicas como: utilização adequada de reforços positivos (ou recompensas) quando o comportamento desejado é atingido, utilização apropriada de punições quando o objetivo não é atingido, e aprendizado de que alguns comportamentos podem ser reduzidos se ignorados. Estratégias comportamentais também podem ser aplicadas na escola e incluem: assento preferencial, atividades e testes modificados e reforço extraclasse. Os medicamentos de primeira escolha para o tratamento do TDAH são os estimulantes, que são medicações estruturalmente semelhantes às catecolaminas e potencializam a transmissão dopaminérgica e noradrenérgica. As medicações estimulantes disponíveis no Brasil são o metilfenidato (Ritalina) e a lisdexanfetamina (Venvanse). Os efeitos adversos mais comuns são redução do apetite, alterações do sono, dor abdominal, cefaleia e alterações de humor. Em razão de evidências, ainda que inconsistentes, de ocorrência rara de morte súbita associada ao uso de estimulantes, é necessário que se investigue a história familiar de sintomas cardíacos específicos, morte súbita, síndrome de Wolff- Parkinson-White, cardiomiopatia hipertrófica e síndrome do QT longo. Outro risco potencial do uso de estimulantes é a redução da velocidade de crescimento (com redução da estatura final), que tende a diminuir a partir do 3º ano de tratamento. Por esse motivo, recomenda-se o acompanhamento do desenvolvimento ponderoestatural pelo pediatra e, se necessário, a avaliação da possibilidade de suspender a medicação. Como alternativa aos medicamentos estimulantes, medicamentos não estimulantes também podem ser utilizados no tratamento do TDAH. São eles: antidepressivos tricíclicos (p.ex., imipramina), atomoxetina, bupripiona, guanfacina e clonidina. Essas medicações mostraram-se eficazes no tratamento do TDAH, porém com efeito menos pronunciado que medicamentos estimulantes. Prognóstico A presença do TDAH implica maior risco de prejuízos acadêmicos e de relacionamentos familiares, menor nível de formação acadêmica, pior colocação no mercado de trabalho, acidentes, maiores taxas de gestação na adolescência e não planejadas e menores rendimentos. O TDAH também está frequentemente associado a transtornos psiquiátricos comórbidos, o que se relaciona a um pior prognóstico, incluindo maiores prejuízos sociais, emocionais e psicológicos. Apesar do livro dizer que a terapêutica depende da faixa etária e que em alguns casos só se faz a terapia medicamentosa, caso a comportamental não funcione, a professora frisou também em sala que se trata SEMPRE de uma associação entre o medicamento e a terapia comportamental. Além disso, há alguns medicamentos falados em sala que o livro não comentou, são eles: Ritalina LA Concerta ATENÇÃO! DIVERGÊNCIA ENTRE AS LITERATURAS ÊNCIA ENTRE AS LITERATURAS
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