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AD1 ÉTICA

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AD1 – ÉTICA
Na maioria das vezes os usuários de mídias digitais agem com prosternação às informações recebidas através delas, digerindo-as sem avaliar ou indagar a sua própria consciência sobre o assunto ou verificando a veracidade dos fatos, ficando refém das mídias para dizer-lhe o que é certo ou errado, agindo como sujeito passivo (no conceito ético, aquele que se deixa governar e arrastar por seus impulsos, inclinações e paixões, pelas circunstâncias, pela boa ou má sorte, pela opinião alheia, pelo medo dos outros, pela vontade de um outro, não exercendo sua própria consciência, vontade, liberdade e responsabilidade (CHAUÍ, 2000)), não assumindo seu papel na sociedade e deixando a cargo de outros os rumos que aquela informação ira tomar, afinal uma sociedade é impulsionada por informações e ações que tomamos baseadas nelas. Sendo assim o sujeito ativo (aquele que controla interiormente seus impulsos, suas inclinações e suas paixões, discute consigo mesmo e com os outros o sentido dos valores e dos fins estabelecidos, indaga se devem e como devem ser respeitados ou transgredidos por outros valores e fins superiores aos existentes, avalia sua capacidade para dar a si mesmo as regras de conduta, consulta sua razão e sua vontade antes de agir, tem consideração pelos outros sem subordinar-se nem submeter-se cegamente a eles, responde pelo que faz, julga suas próprias intenções e recusa a violência contra si e contra os outros (CHAUÍ, 2000)), o sujeito ativo é de suma importância para o crescimento responsável e livre de um ambiente social saudável. 
Com a recente eclosão das redes sociais, que deram voz a qualquer pessoa a capacidade de expor pensamentos, reflexões e opiniões mundialmente, apenas com um acesso ao computador, o prestígio das megacorporações de notícias e entretenimento caiu vertiginosamente. De carona neste cenário, as redes sociais dão vida a uma infinidade de “bons escritores” que não tem condições de escrever para veículos tradicionais de comunicação, por não refletirem a opinião oficial, as notícias falsas, que eles propagam, se aproveitam de elementos verdadeiros para enganar as pessoas. Se um elemento é verdadeiro, ele pode validar o resto, conectando com as crenças e valores de quem lê a notícia. O elemento falso preenche um buraco, costurado a informações verdadeiras. Usuários que compartilham notícias com as quais já concordam ou que corroboram suas crenças colocando as crenças antes dos fatos, o sujeito passivo acaba repassando aquilo para reforçar determinado ponto de vista em um grupo do qual participa reverberando o "Basking in reflected glory" (aquecer-se na glória alheia), um conceito da psicologia social segundo o qual as pessoas tendem a se associar com pessoas bem-sucedidas para se sentirem bem-sucedidas também. Assim, ao transmitir uma mensagem com informações exclusivas, o transmissor se sente vitorioso e bem conectado, mesmo que mais tarde essas informações não sejam validadas. Sabemos que a notícia circula em torno da ideia de verdade. Não necessariamente a verdade do jornalismo totalmente imparcial, desprovido de interesses, mas aquela que dá o sentido à atividade jornalística, como fonte de informação. Nesse contexto, surge o conceito das “fake news”, e a qual, em verdade, se refere a uma “mentira contada na forma de notícia”. O WhatsApp é a mídia ideal para compartilhar boatos, afinal recebe-se informações de pessoas em que se costuma haver contato e confiança, a procedência raramente é verificada, o anonimato das ideias em corrente lembra uma brincadeira de criança, um telefone se fio, onde no meio do caminho a informação se perde e se corrompe. Apesar de tudo, de acordo com o relatório sobre Notícias Digitais do Instituto Reuters, O Brasil aparece como o país mais preocupado com as chamadas “notícias falsas” (fake news) em um estudo global que analisou a realidade de 37 nações, o que nos leva a crer que existe uma esperança de que o brasileiro, dentre todas as nuances de responsabilidade (Obrigação, falta de escolha ou comprometimento) e liberdade (Irresponsabilidade, desobrigação ou possibilidade de escolha), esteja ao menos preocupado em ter possibilidade de escolher no que acreditar com o comprometimento com o que seja realidade. O sujeito que está praticando atos imorais, faz escolhas que estão diretamente relacionadas com suas consequências e elas serão compartilhadas entre os diversos atores sociais. Portanto, a liberdade está diretamente ligada à responsabilidade que qualquer ato implica.
A Pesquisa do Instituto Reuters, Torna evidente que cada vez mais brasileiros de grandes centros urbanos usam redes sociais como fonte de notícias. Elas tem sido, um instrumento importante na difusão das notícias falsas, pois a replicação de informações ocorre em velocidade incomparável às mídias tradicionais. Há que se reconhecer, que a questão transcende as fronteiras geográficas de um país e medidas legislativas, judiciais ou executivas isoladas seriam, ainda que importantes, insuficientes no combate às “fake news”, na medida em que no território cibernético onde elas se desenvolvem, tais fronteiras são pouco significativas. 
No Brasil, o Relatório da Reuters apurou que alguns meios de comunicação como o Portal web G1 e jornal O Globo anunciaram a criação de equipes de verificação de fatos para investigar notícias publicadas na Internet, bem como rumores espalhados nas mídias sociais e até informações retiradas de anúncios oficiais. 
Entretanto, um dos maiores desafios no combate às “fake news” é assegurar que qualquer medida para coibir sua divulgação, não afete a liberdade de expressão. Como garantir a liberdade de expressão na internet e, ao mesmo tempo, evitar que ela seja utilizada de forma criminosa é uma equação difícil de ser resolvida, mas que merece atenção e discussões da sociedade. 
Referências:
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-06/brasil-e-pais-mais-preocupado-com-noticias-falsas-diz-estudo-global
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-43797257
https://g1.globo.com/mundo/noticia/boatos-de-whatsapp-sobre-traficantes-de-criancas-deflagram-onda-de-linchamentos-na-india.ghtml
https://graduacao.cederj.edu.br/ava/pluginfile.php/169478/mod_resource/content/1/Aula%204%20-%20Liberdade%20e%20Responsabilidade.pdf
https://lbmadvogados.jusbrasil.com.br/artigos/603002073/fake-news-liberdade-de-expressao-e-responsabilidade-de-indenizar
https://reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/risj-review/trust-misinformation-and-declining-use-social-media-news-digital-news-report-2018

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