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Fichamento Capitulo 3 Bruno

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Capitulo 3: Aprofundar a democracia atacando os défices
Democráticos.
Noutros tempos havia prolongadas discussões
sobre se um ou outro país já. estava pronto para
a democracia. Isso só mudou recentemente, com
o reconhecimento de que a própria questão estava
errada: um país não tem que se considerar pronto
para a democracia, tem antes que se aprontar para
a democracia. Esta é uma mudança verdadeiramente
significativa.
 Amartya Sen
A pergunta que deve ser feita hoje é porque o otimismo pela democracia hoje é menor do que o período que seguiu à guerra fria. Talvez ainda mais grave que isso é a perda da eficiência e da confiança dos governos.
Um inquérito feito na América latina mostra que mais de 70% das respostas são queixosas, apontando o aumento da pobreza, do crime, da corrupção, do trafico e do consumo de drogas. A pouca fé nos governos e nos políticos não se limita às novas democracias. O inquérito do Milênio da Gallup International perguntou a mais de 50.000 pessoas em 60 países “Diria que o seu país é governado pela vontade do povo?” Menos de um terço disse sim. O inquérito também perguntou: “O governo corresponde à vontade do povo?” Apenas 10% disseram que sim.
Para algumas pessoas esses dados significam que a Democracia é incompatível com o desenvolvimento econômico e social, entretanto a história defende que esse não é o caso. Mas a história também ensina que a democracia, em si, não garante maior justiça social, crescimento econômico mais rápido ou maior habilidade social e política. Em quase todos os países analisados, esses laços precisam ser reforçados, e a melhor forma de reforçar esses compromissos é fomentar as instituições democráticas e promover a democracia.
O que se pode fazer quando uma democracia não atende às necessidades e preocupações dos cidadãos normais? A resposta é complexa, mas começa com uma questão simples, quanto poder de decisão está nas mãos das pessoas normais e quanta responsabilidade essas pessoas estão dispostas a tomar, tanto em questões oficiais de governo quanto o direito de responsabilizar os governantes, o quanto os cidadãos normais podem exigir dos seus governantes.
Essas responsabilidades significam coisas diferentes, podem muitas vezes ser preocupações com sanções contra erros legítimos, por exemplo uma empresa que polui o meio ambiente e por leis e regulamentos fracos está fora do alcance da lei. Em outros casos a preocupação pode ser em sancionar professores, médicos e outro profissionais que não estejam enquadrados nos padrões profissionais mínimos, essas responsabilidades são fundamentais para garantir a democracia, onde os detentores dos poderes públicos devem ser responsabilizados em agir de forma justa e eficiente.
Na democracia as pessoas podem pedir essas responsabilidades de duas maneiras
Através dá ação da sociedade civil (boicotes, manifestações)
Através de estruturas de representação e delegação
Mas o mais importante é a fiscalização dos poderes judicial, legislativo e executivo, e das entidades supervisoras especializadas e independentes, com a comissão dos direitos humanos e comissões anticorrupção.
Mesmo em países que essas instituições existem é difícil garantir o seu funcionamento, onde essas instituições não conseguem promover o interesse da maioria, e fazem um trabalho ainda mais precário ao defender o direito das minorias, existem duas razoes principais para isso:
As instituições democráticas estão subvertidas pela corrupção e pela captação das elites.
As instituições democráticas têm um alcance inadequado e há lacunas na pratica democrática.
Exemplo de corrupção 1: “No fim dos anos de 1990, a Ásia Oriental sofreu de uma permanente neblina atmosférica – que criava graves problemas de saúde – porque os proprietários de plantações subornavam funcionários indonésios para fecharem os olhos a incêndios florestais legais. Queimar a terra era mais barato do que a limpar manualmente.”
Exemplo de corrupção 2: “A transparência internacional, Bangladesh, num estudo de 2000 sobre a indústria bancaria do país, descobriu que as pessoas que obtinham credito do setor bancário oficial tinham que pagar um suborno direto de 2% a 20% do valor do empréstimo. As percentagens mais elevadas eram extorquidas aos candidatos rurais sem instrução, em parte porque os subornos eram partilhados por funcionários governamentais que analisavam os empréstimos.”
Quando os supostos beneficiários ficam com poucas opções, a não ser a conivência com o suborno, isso mina a sua disponibilidade para protestar, e a corrupção se arraiga na sociedade como um todo. Os processos judiciais também podem ser fatores excludentes dos mais pobres com uma linguagem oficial que muitas vezes não sabem ler ou escrever.
Os processos eleitorais também podem ser subvertidos pela fraude, como por exemplo em 1997 o presidente camaronês Paul Biya foi reeleito com 93% dos votos – mas os três principais partidos de oposição tinham boicotado a eleição e o governo rejeitado pedidos de uma comissão eleitoral independente.
O dinheiro também pode distorcer o fator eleitoral, quando os eleitos representam os seus financiadores e não o povo, e assim distorcer a política parlamentar.
O que se pode fazer para amenizar essa questão? A reforma no financiamento político é crucial deve incluir:
Aumentar a transparência e a divulgação das fontes de todas as eleições, partidos e candidatos
Fixar limites claros para os gastos, bem como para as contribuições – por nível e por fonte.
Conceder financiamento publico aos candidatos e aos partidos.
Reforçar as instituições democráticas formais
Os países podem começar a restaurar a confiança do publico nas estruturas representativas e a reduzir a concentração de poder político:
Desenvolvendo veículos mais fortes para a participação formal e a representação através dos partidos políticos e dos sistemas eleitorais.
Reforçar os controles sobre o poder arbitrário, separando os poderes entre executivo, judicial e o legislativo e criando entidades independentes e eficazes.
Descentralizar democraticamente devolvendo poder do governo central ás províncias e ás localidades, escorado em instituições e práticas democráticas locais mais fortes.
Desenvolvendo meios de comunicação livre e independentes.
Uma democracia saudável depende de partidos políticos que representem a população, escassez de financiamento publico faz com que partidos que representam minorias desapareçam, e desse modo é tendência no mundo todo o chamado “político vira casaca” que troca de partido conforme o financiamento e os favores são melhores do que nos partidos antecessores para aderirem aos vencedores. Os partidos devem ser abertos e transparentes se quiserem se auto denominar democráticos.
Os meios de comunicação também podem contribuir para esse esforço difundindo e fomentando o debate político e esclarecendo questões eleitorais a população em geral. Isso pode vir através de ONGs por exemplo.
A representação também é alvo de amplo debate onde os debates tem elementos comum como:
Melhorar a governação dos partidos políticos, com padrões éticos, formação, disciplina, e melhor gestão financeira.
Promover a participação das minorias e das mulheres
Reformas no sistema eleitoral 
Limitar a influencia do dinheiro nas campanhas visando o nivelamento do jogo politico
Revisar o controle sobre os poderes arbitrários também é sempre bem-vindo, não dando brecha para que os poderes se sobreponham para evitar uma autocracia. A descentralização do poder do centro para as províncias e distritos também é necessária para uma democracia saudável, isso permite que as pessoas participem diretamente da tomada de decisões, mas infelizmente pode simplesmente transferir poder das elites para outros, a descentralização do poder democrática exige não só o sedimento do poder para localidades menores e mais autônomas, exige também o alargamento da participação das minorias a nível local. 
Desenvolvimento de meios de comunicação livres e independentes
Talvez a reforma mais significativaseja a dos meios de comunicação, com o pluralismo e a exatidão das informações, que não devem ser tendenciosas, é extremamente necessário para uma ampla conscientização de seus deveres como cidadãos, é a base do poder da cidadania. Existem três papeis principais na promoção da governação democrática:
Dando voz a diferentes partes da sociedade
Como agente mobilizador fomentando o debate de todos os pontos de vista
Como vigilante e fiscalizador, controlando abusos de poder e realizando a transparência dos fatos.
A liberdade de expressão alavancou muito essas mídias que por não estarem sobre a égide de um Estado que censura a opinião alheia assegura a liberdade, que contam com a desregulamentação e a privatização dos mercados difusores de mídias tornando a pluralidade regra do jogo democrático, a internet tem papel ativo e gigante nesse quesito, que além de tudo tem o poder de romper as barreiras do Estado. A informação quando é amplamente divulgada é uma ferramenta de penetração da democracia sobre uma nação, promovendo muitas vezes o pluralismo e equilibrando o debate político. A principal ferramenta de regimes governamentais antidemocráticos é a censura, muitas vezes alegando que aquela mídia independente causa perigo para a sociedade como um todo, restringindo assim a imprensa livre.
Como disse em 1944 o escritor Albert Camus: “A imprensa é livre quando não depende, nem do poder do governo, nem do poder do dinheiro”.
Com um maior pluralismo dos meios de comunicação, tem-se um maior pluralismo político, entretanto as pressões comerciais ainda destorcem o mercado de ideias. Nestes pontos existem vários mecanismos para promover a imparcialidade de um meio de comunicação como:
Comissões independentes dos meios de comunicação
Sanções do livre mercado (votar com a carteira)
Auto regulação, via conselhos de imprensa que examinam o desempenho dos meios de comunicação.
Promover a política democrática para aprofundar a pratica democrática 
A pressão politica de baixo para cima é normalmente o agente de mudança mais eficaz que uma democracia pode contar para sua manutenção e para mudanças profundas na sociedade, como por exemplo a abolição da escravatura, a igualdade dos direitos não foram concedidos de cima para baixo, mas sim pelo inverso modo, através da luta do povo em várias camadas. Hoje, a tendência contemporânea é voltada para o ativismo da população exigindo das autoridades governamentais mais responsabilidade, assim como as empresas multinacionais sofrendo boicotes pela população. Dessa forma o apoio popular é a força motriz da democracia, sendo sua maior arma contra o despotismo que priva os cidadãos de sua liberdade.
Aprofundar a democracia para o desenvolvimento humano
A responsabilidade é a maior arma que o cidadão tem para manter a democracia em uma sociedade, quanto mais plural e inclusivo é o Estado, maior é a chance dessa sociedade não cair nas garras da tirania.

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