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Fichamento Cap.4

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Sarah Elizabeth Andrade – Direito diurno, 1ª fase, 2014.2 
BOBBIO, Norberto. A Teoria das Formas de Governo. 10. ed. UnB. 
 
Capítulo 4 – Políbio 
 
 Este capítulo se inicia com uma breve história sobre Políbio, porém ressaltarei 
apenas que ele era historiador, e não filósofo como os teóricos que vimos até agora. 
E, como tal, escreveu sua obra “História”, cujo sexto livro traz sua contribuição à teoria 
das formas de governo. Ele faz uma analise detalhada da constituição romana e uma 
descrição das funções públicas desse povo, como os cônsules, senado, tribunos, 
militares, etc. Isso porque, para ele, a causa do sucesso ou fracasso de uma nação é 
devida justamente à sua constituição. 
 Entretanto, antes dessa analise, Políbio fala sobre as constituições no geral, 
expondo 3 teses: 
 
 - Existem 6 formas de governo, 3 boas e 3 más (uso SISTEMÁTICO da 
teoria das formas de governo). Chama a terceira boa de “democracia”, diferente de 
Platão e Aristóteles, que usam essa palavra pra designar a primeira das formas ruins. 
Já sua forma corrompida, ele chama de “oclocracia” (governo das massas). Já sobre 
as outras, está explanado na página 66, penúltimo parágrafo: 
"Não se pode chamar de 'reino' qualquer governo de uma só pessoa, mas só o que é 
aceito voluntariamente, exercido de acordo com a razão, mais do que com o terror e a 
força; também não se deve considerar 'aristocracia' todo governo de poucos, mas só o 
que é dirigido por aqueles que forem eleitos os mais justos e sábios. Da mesma forma, 
não é um governo popular aquele em que a multidão decide o que se deve fazer, mas 
sim aquele onde é tradicional e habitual venerar os deuses, honrar os pais, respeitar 
os mais idosos, obedecer às leis... Podemos considerar assim seis espécies de 
constituição: três são conhecidas por todos – já falamos sobre elas; outras três, 
derivadas das primeiras, são: a 'tirania', a 'oligarquia' e a 'oclocracia'" 
Percebe-se que ele não usa o critério de Aristóteles para diferenciar as formas boas 
das ruins, ou seja, o interesse público ou privado, mas sim aproxima-se de Platão, 
quando considera os critérios como força/consenso e governo ilegal (arbitrário)/legal. 
 
 - Essas seis formas se sucedem umas às outras de acordo com 
determinado ritmo, constituindo assim um ciclo, repetido no tempo (uso 
HISTORIOGRÁFICO) 
Em ordem: reino, tirania, aristocracia, oligarquia, democracia, oclocracia. Isso mostra o 
ciclo defendido por Políbio, que é o de alternância de constituições boas e más, da 
melhor para a mais decadente/corrompida. Bobbio faz uma observação à essa 
concepção, alegando que parece que cada forma de governo já tem um final pré-
determinado que irá resultar exatamente na próxima descrita, como que por uma força 
da natureza. 
Políbio ainda compara o mal presente nas constituições como o mal natural que existe 
no ferro (a ferrugem) e na madeira (caruncho), alegando que é impossível que 
qualquer uma das formas boas não se transforme em má com o tempo. 
Vale lembrar a questão que foi deixada por Platão, sobre o que aconteceria depois da 
última forma de governo se estabelecer. Esta é esclarecida por Políbio: ao fim do ciclo, 
na oclocracia, o ciclo retorna ao reino, da pior forma, para a melhor de todas, iniciando 
um novo ciclo, “o eterno retorno do mesmo”. Giambattista Vico também possui uma 
teoria cíclica, apesar de ter alguns pontos completamente diferentes. Enquanto Políbio 
formula sua teoria a partir da observação limitada às cidades gregas, Vico abrange 
toda a história da humanidade. 
 
 
-Existe uma 7ª forma, como por ex, a constituição romana, a melhor de todas 
enquanto síntese das 3 formas boas (teoria do governo misto; uso AXIOLÓGICO) 
Esta é a tese principal da teoria polibiana. Bobbio começa falando que todas as 
constituições, para Políbio, sofrem de falta de estabilidade, já que duram por um 
período curto, dando lugar a próxima forma de governo, de acordo com sua teoria 
cíclica. Já que são instáveis, todas elas, mesmo as boas, são ruins, já que não 
cumprem seu papel de estabilidade. Aí é que está o ponto chave: Políbio pensa que 
todas as formas simples, mesmo as “retas”, são ruins. A solução seria o governo 
misto, uma constituição que combine as 3 formas clássicas. Esta forma, considerada 
por ele EXCLENTE, se exemplifica na constituição de Esparta: pegando as coisas 
boas de cada uma das três formas, equilibravam-se os poderes, fazendo com que “o 
sistema político permanecesse por muito tempo em perfeito equilíbrio.” (pg 70, § 3). 
Explicando esse governo misto: o rei (monarquia) está sujeito ao controle do povo 
(democracia), que é controlado pelo senado (aristocracia). O ponto importante está no 
“princípio do equilíbrio dos poderes”, e o controle recíproco desses poderes. No 
Estado Romano, esses 3 poderes eram: os cônsules (monarquia), o senado 
(aristocracia) e as eleições populares (democracia). A corrupção não ocorre devido ao 
temor de uma instância em relação à outra, já uma vigia a outra, não permitindo que 
saiam dos seus limites constitucionais. 
 
 A teoria polibiana de mecanismos constitucionais torna possível uma forma de 
governo estável (preferível à qualquer outra), já que impede os excessos que 
provocam mudanças. Porém, há uma contradição: já que, para o historiador, os 
governos são cíclicos por natureza, como um (o misto) poderia ser estável? As 
constituições mistas, apesar de estáveis, não são necessariamente eternas, são 
apenas mais duradouras. As mudanças também ocorrem, porém com um ritmo e uma 
razão diferentes. Até mesmo o Estado romano (para ele, um exemplo de excelencia), 
está sujeito à “lei natural” de ter um fim. O processo de mudanças é mais lento devido 
ao fato de que, se ocorrem conflito entre as partes do governo, estes são resolvidos 
dentro do próprio sistema político, sendo portanto mudanças graduais, não violentas, 
como nas constituições simples. 
 Ciclo no ciclo: ?? 
 Se o equilíbrio do governo misto tiver que pender para um dos 3 lados, o 
melhor seria para a aristocracia, reafirmando a teoria do “meio-termo” de Aristóteles no 
capítulo anterior. 
 Ao fim do capítulo, o autor expõe que os pensamentos de Cícero condizem 
com o de Políbio no que tange o governo misto e sua estabilidade.

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