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RESUMO DO LIVRO O DISCURSO DA SERVIDÃO VOLUNTÁRIA DE ETIENNE DE LA BOETIE

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RESUMO DO LIVRO "O DISCURSO DA SERVIDÃO VOLUNTÁRIA” DE ÉTIENNE DE LA BOÉTIE
Nessa obra, o autor engloba temas polêmicos na sua época e tenta entender como os indivíduos se submetem a outros abrindo mão, muitas vezes, de sua própria liberdade. Ele aponta também nesta obra as principais características dos tiranos, além de apresentar a liberdade como um dom natural, e a tirania como sendo a oposição à ordem da natureza. A obra trata também da ingenuidade do povo perante o tirano sendo algo que vem desde a formação, levantando a questão de a educação vinculada à obediência exterminar a compreensão de viver em liberdade. O autor ao decorrer do livro se aprofunda nos aspectos da tirania e em como ela deixará de existir.
O autor inicia o texto delimitando o tema, afastando uma possível alusão a formas corretas e desejáveis de governo, e pontuando o tratamento no entendimento das razões que levariam tantas nações, homens, cidades e burgos a se submeterem ao poderio de um só homem. A submissão tratada no texto difere daquelas que são infligidas a povos que se viram subjugadas à força, como no caso de Atenas, em três períodos históricos (La Boétie 1549, p. 22). Nestes casos, segundo o autor:
Se, portanto, uma nação é pela força da guerra obrigada a servir a um só, como a cidade de Atenas aos trinta tiranos, não nos espanta que ela se submeta; devemos antes lamentá-la; ou então, não nos espantarmos nem lamentarmos mas sofrermos com paciência e esperarmos que o futuro traga dias mais felizes (La Boétie 1549, p. 6).
A sujeição abordada no texto, no entanto, não é desse tipo, e sim, a qual os próprios indivíduos se submetem voluntariamente. No caso em questão, são povos inteiros que aceitam os ditames de um único indivíduo que não deveria inspirar medo por seus próprios atributos. 
Segundo o autor, tal cenário mostra seu absurdo, pois é difícil acreditar que os indivíduos sejam capazes de abrir mão da sua liberdade para se submeter a alguém que vai limitá-los. Porém, ao contrário do que podemos pensar, de acordo com La Boétie (1549) esta servidão não pode ser chamada de covardia. Para ele a covardia não vai tão longe, “dois podem ter medo de um, ou até mesmo dez; mas se mil homens, se um milhão deles, se mil cidades não se defendem de um só, não pode ser por covardia” (La Boétie 1549, p. 8), isso se trata de um vício monstruoso à servidão. Esse vício não é dito como algo inerente da natureza do homem, aliás, para o autor essa natureza é como a observada nos animais: associada à liberdade e não ao fato de ser escravo. Ou seja, a liberdade é natural e a servidão um comportamento imposto pela sociedade tirânica, e assim, não natural.
Apesar das imposições de servidão, é possível sair desse estado. A saída do estado de servidão pode ser entendida como uma passividade, e não uma ação revolucionária. Isso porque, de acordo com o autor, não seria necessário que os homens nem sequer precisam combater o tirano, pois ele será destruído no dia em que o país se recuse a servi-lo, pois são os povos que se deixam oprimir, que tudo fazem para serem esmagados e deixariam de ser no dia em que deixassem de servir. (La Boétie 1549, p. 10). Logo, os próprios homens se sujeitarem e recobrar sua liberdade não implicaria grandes ações empreendedoras, mas somente recusar a servidão e assim, retomar sua liberdade.
Firmadas essas considerações, La Boétie (1549) passa a investigar de que maneira o “vício” de servir se enraizou a ponto de fazer crer que o amor à liberdade não é um estado natural do homem. De acordo com o autor, se o homem vivesse conforme a natureza não seria servo de ninguém. A constatação de que a natureza criou o homem em condições de igualdade é um dado imediato e de acordo com o livro em questão, mesmo as diferenças de corpo e espírito entre os homens teriam por finalidade desenvolver afeto fraternal e interdependência entre eles. Desse modo, a natureza criou os homens para serem companheiros, não pondo ninguém em condição de servidão.
A servidão não se faz sem que se impute mal a alguém, o que confere uma obviedade gritante à ideia de liberdade como um estado natural do homem. Mas há que se enfatizar que a liberdade é natural em razão de os homens não reconhecerem seus bens e suas afeições nativas, como ser livre e disposto a defender sua liberdade. Assim, toma-se como exemplo a reação de muitos animais em defesa de sua condição livre sempre que algo tenta lhes subtrair o bem da liberdade:
Se os animais estabelecessem entre si quaisquer grandezas e proeminências, fariam (creio firmemente) da liberdade a sua nobreza. Alguns há que, dos maiores aos menores, ao serem presos, opõem resistência com as garras, os chifres, as patas e o bico, demonstrando assim claramente o quanto prezam a liberdade perdida. E uma vez no cativeiro, dão evidentes sinais do conhecimento que têm da sua desgraça e deixam ver perfeitamente que se sentem mais mortos do que vivos, continuando a viver mais para lamentarem a liberdade perdida do que por lhes agradar a servidão (La Boétie 1549, p. 18).
O autor enfatiza também a relação se sustentação que se estabelece entre o povo e seu próprio algoz, havendo três tipos de tiranos os que obtêm o reino por eleições do povo, o que o tomam pela força das armas e outros por sucessão de trono. Apesar de haver diferenças entre eles, sobretudo entre seus meios de chegar ao poder, quase sempre é semelhante a maneira de governar  e tratar seus súditos: “Os eleitos procedem como quem doma touros; os conquistadores como quem se assenhoreia de uma presa a que têm direito; os sucessores como quem lida com escravos naturais”(La Boétie 1549, p. 21).
De acordo com La Boétie (1549) o povo, quando se sujeita, acostuma-se de tal maneira à sua nova condição que não a vê como perda da liberdade, mas sim como ganho da servidão. As gerações seguintes fazem de bom grado o que as passadas faziam eventualmente por imposição, e consideram natural a sua condição.
A primeira razão da servidão voluntária é o costume, pois os homens têm como naturais as coisas a que estão acostumados e habituados pelo uso. 
Não obstante, sempre haverá homens que sentem o peso da servidão e que aspiram à liberdade.
O autor aponta razões para os indivíduos se submeterem voluntariamente a servidão. Uma das razões para a servidão voluntária é a perda da valentia. Neste caso, os homens nascem servos, são criados como tais e, a partir, daí, reproduzem isto, como pode ser visto no seguinte trecho da obra:
As pessoas escravizadas não mostram no combate qualquer ousadia ou intrepidez. Vão para o castigo como que manietadas e entorpecidas, como quem vai cumprir uma obrigação. E não sentem arder no coração o fogo da liberdade que faz desprezar o perigo e dá ganas de comprar com a morte, ao lado dos companheiros, a honra da glória. Entre homens livres, todos disputam invejosamente quem há de ser o primeiro a servir o bem comum; todos desejam ter o seu quinhão no mal da derrota ou no bem da vitória. Mas as pessoas escravizadas, além desta falta de valor na guerra, perdem também a energia em todo o resto, têm o coração abatido e mole e não são capazes de grandes ações. Os tiranos o sabem e, à vista deste vício, tudo fazem para piorá-lo.
Firmadas as considerações anteriores, o autor chega ao ponto de lançar luz sobre o que acredita ser o fundamento da tirania. Esta não está assentada sobre exércitos e guardas, mas sim na existência de um pequeno grupo que se associa ao tirano e pode assim usufruir os benefícios do poder. Abaixo desse pequeno grupo, há outro grupo beneficiado com concessões as mais variadas, desde isenções até dominação sobre outrem. Dessa forma, o poder se distribui através de uma cadeia que culmina como o tirano. Mas quanto mais próximo do tirano, mais servo o homem é, porquanto a exigência de abdicação de si em nome das vontades do rei é maior.
O autor pretende finalizar o texto mostrando quão deplorável é a condição daqueles que sustentam o tirano, uma vez que este não está em condições de amar ou ser amado,nem muito menos se pode com ele estabelecer uma relação próxima da amizade, porquanto esta pressupõe igualdade, integridade e lealdade: “Não cabe amizade onde há crueldade, onde há deslealdade, onde há injustiça. Quando os maus se reúnem, fazem-no para conspirar, não para travarem amizade. Apóiam-se uns aos outros, mas temem-se reciprocamente. Não são amigos, são cúmplices.” ”(La Boétie 1549, p. 53).
Em suma, La Boétie aborda a questão da aceitação da tirania, enfatizando que a mesma só existe porque o povo a firma com sua servidão voluntária, e que essa servidão é questionada pelo caráter do tirano, que muitas vezes não passa uma impressão de superioridade em força. O autor também pressupõe o fim da tirania, deixando bem claro que os tiranos só pisam no povo porque os mesmo lhe dão os pés, e para ocorrer o fim dessa opressão, deve-se “cortar os pés do tirano”, concedido pelo povo, ou seja, retirar o poder concedido pelo povo. O tirano será destruído quando o povo não mais o servir, ou seja, a tirania só acabará quando a sua base for retirada e essa base é a servidão do povo.
 O autor deixa claro essa mensagem sobre o fim da tirania, organizando de maneira coerente os argumentos. O olhar do autor procura percorrer todas as instâncias por onde passa o poder, na forma como se institui e se sustenta, mostrando que se equiparam na mesma condição servil tanto os que estão subordinados a toda a hierarquia quanto os que se submetem imediatamente ao tirano. Essa obra de La Boétie como um todo, é de leitura bastante crítica, e mesmo que esteja abordando um tema característico de um modelo de governo que há séculos caiu, ainda tem muito a construir no principal e maior sistema político e econômico mundial vigente, que é o capitalismo.

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