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Universidade Federal de Minas Gerais Instituto de Geociências Departamento de Geografia Climatologia Prof. Wellington Lopes Assis Unidade III - Circulação Atmosférica e Fatores Dinâmicos 4. Sistemas Produtores de Tempo 4.1. Massas de Ar 4.1.1. Conceito e Gênese 4.1.3. Classificação das Massas de Ar 4.1.4. Áreas Fontes das Massas de Ar 4.1.5. Principais Massas de Ar que atuam no Globo e no Brasil 4.2. Superfícies Frontais e Frentes 4.2.1. Conceito e Gênese 4.2.3. Classificação das Frentes 4.2.4. Sequência de Tempo que acompanham a passagem de um Sistema Frontal 4.3. Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) 4.3.1. Conceito 4.3.2. Gênese Conceitos Sistemas Produtores de Tempo São sistemas de circulação de mesoescala acompanhados por padrões e tipos característicos de tempo. Eles causam as variações diárias e semanais nos parâmetros meteorológicos e são muitas vezes mencionados como perturbações atmosféricas. Massa de Ar A idéia de massa de ar foi introduzida pela primeira vez na meteorologia por Tor Bergeron em 1928, enquanto a análise frontal foi introduzida pela primeira vez por Vilhelm Bjerknes no início da década de 20. “Um grande corpo de ar horizontal e homogêneo deslocando-se como uma entidade reconhecível e tendo tanto origem tropical quanto polar” (HARE, 1963) “Uma grande porção da atmosfera, cobrindo milhares de quilômetros da superfície terrestre e que apresenta uma distribuição vertical aproximadamente uniforme, tanto da temperatura como da umidade” (VAREJÃO-SILVA, 2000) Massa de Ar Gênese - O transporte vertical de energia cria condições de homogeneidade no ar desde que a massa de ar esteja estacionária por alguns dias ou semanas, sobre uma superfície geograficamente uniforme (oceanos, grandes florestas, extensos desertos, amplos campos de gelo). - Por influência da superfície a camada de ar termina adquirindo propriedades termodinâmicas bastante definidas no que concerne a calor e umidade. Sobre esta superfície, a radiação variando pouco, o ar logo entra em equilíbrio com a superfície. - A estagnação da circulação atmosférica permite que a massa de ar adquira a umidade e as propriedades térmicas da superfície subjacente. - Originam-se nos lugares que possuem fracos movimentos divergentes e subsidentes do ar e atmosfera estável, como nas regiões de altas pressões subtropicais e polares. - As massas de ar sofrem modificações térmicas e dinâmicas assim que deixam sua área de origem – deslocamento. Massa de Ar Classificação das Massas de Ar • Frias e Quentes • Continentais e Marítimas - A natureza da superfície defini o teor de umidade e a temperatura da massa de ar. Principais Áreas Fontes de Massas de Ar • Planícies Árticas e Antárticas • Oceanos Subtropicais e Tropicais • Deserto do Saara • Interiores Continentais - Áreas Tropicais: pouca variação das massas de ar, atuação de 2 a 3. - Áreas Extratropicais: forte contraste entre as massas de ar, atuação de mais de 3. Massa de Ar Classificação das Massas de Ar Grupo Principal Subgrupo Região de Origem Propriedades Originais Polar (P) (Hemisfério Sul) Polar Atlântica (mPa) Polar Pacífica (mPp) Polar Índica (mPí) Oceanos, além da latitude 50ºS e N Fria, úmida, instável Polar Continental (mPc) Antártida Fria, seca, estável Ártica (A) (Hemisfério Norte) Oceanos além da latitude 50º N. Continentes em torno do Círculo Polar Ártico. Fria, seca, estável Tropical (T) (ambos os hemisférios) Tropical Atlântica (mTa) Tropical Pacífica (mTp) Tropical Índica (mTi) Oceanos dos trópicos e subtrópicos Quente e úmida, estável a lestes dos oceanos, instável a oeste dos oceanos (mTa) Tropical Continental (mTc) Desertos de baixas latitudes, particularmente o Saara e os desertos australianos. Áreas continentais das regiões tropicais e subtropicais. Quente, muito seca, estável. Equatorial (E) Equatorial Atlântica (mEa) Equatorial Pacífica (mEp) Equatorial Índica (mEi) Baixas latitudes (“Equador Térmico”) sobre os oceanos correspondentes Quentes, úmidas, instáveis. Equatorial Continental (mEc)* Baixas latitudes (“Equador Térmico”) sobre os continentes Quentes, secas, estáveis * mEc sobre a Amazônia: Quente, úmida, instável. Fonte: AYOADE (1991) Massa de Ar Fonte: http://www.uwsp.edu/ Áreas de Atuação das Massas de Ar Massa de Ar que Atuam no Brasil Fonte: Adaptado de VAREJÃO-SILVA (2000) Denominação Centro de Origem Características Área de Atuação mEc Equatorial Continental Noroeste da Amazônia Quente e úmida Atuação anual sobre a Amazônia ocidental e no verão, nas demais regiões do Brasil; ocorrência de precipitações. mEa Equatorial Atlântica Atlântico Norte / Anticiclone dos Açores Quente e úmida Região de origem dos ventos alísios de nordeste; atua principalmente no litoral das regiões N e NE, na primavera e verão. mTa Tropical Atlântica Atlântico Sul, próximo ao Trópico de Capricórnio / Anticiclone Santa Helena Quente e úmida Região de origem dos ventos alísios de sudeste. Atua nos litorais do NE, SE e S; provoca chuvas frontais de inverno quando do encontro com a mPa. Ocorrência de chuvas orográficas em contato com a Serra do Mar. Atua o ano todo. mTc Tropical Continental Depressão do Chaco (prolongamento do Pantanal em território boliviano e paraguaio) Quente e seca Na primavera-verão conecta-se com mEc provocando chuvas convectivas. No outono- inverno perde sua força em função do resfriamento superficial e atuação da mPa. mPa Polar Atlântica Atlântico Sul, não longe da Patagônia (Argentina) Fria e seca no início e fria e úmida em seu descolamento pelo Oceano Atlântico Regiões S e SE com maior intensidade. No outono-inverno chega atingir o litoral do NE onde provocando chuvas em seu encontro com a mTa. Quanto fortalecida chega até a região amazônica provocando o fenômeno chamado “friagem”. Massa de Ar que Atuam no Brasil Fonte: http://marcosbau.com Verão Inverno Fonte: http://marcosbau.com Sistemas Frontais ou Frentes Conceitos Os sistemas frontais podem ser definidos como um plano, ou linha nas cartas sinóticas, que separa massas de ar distintas. Forma-se uma zona de descontinuidade térmica. Quando duas massas de ar de densidades e propriedades térmicas diferentes tornam-se vizinhas, tendem a se manter individualizadas, como fluídos não miscíveis e, portanto, a conservar suas características particulares. Há entre elas uma camada de transição, normalmente com vários quilômetros de espessura, a onde se verifica mistura de ar das duas massas presentes. Classificação das Frentes: ● Frias: quando sua passagem por um determinado local da superfície terrestre provoca a substituição do ar quente que ali existia por ar frio. ● Quentes: quando sua passagem acarreta a substituição de ar frio por ar quente. No mapa sinótico os sistemas frontais aparecem como células de baixa pressão (depressões) com isóbaras elípticas. Extensão de +/- 1950 Km e velocidade média de deslocamento de 50 a 80 Km/h. As frentes variam de 80 a 240 Km de largura. Sistemas Frontais ou Frentes Condições necessárias para a formação de um sistema frontal • Massas de ar adjacentes com propriedades físicas diferentes; • Existência de um forte fluxo convergente para transportar as massas de ar uma em direção à outra; • Haver suficiente Força de Coriolis para garantir que o ar quente não permaneça sobre o ar frio. Denomina-se frontogênese o processo de formação das frentes e frontólise sua dissipação. As principais zonas de frontogênese no globo situam-se mais ou menos entre os paralelos 30º e 60º em ambos os hemisférios. Nestas zonas há fortes gradientes térmicos na direção dos pólos, durante todo o ano. No inverno esses gradientessão mais acentuados. Fonte: http://apollo.lsc.vsc.edu/ Sistemas Frontais ou Frentes Fonte: http://apollo.lsc.vsc.edu/ Frente Fria Sistemas Frontais ou Frentes Fonte: http://www.geog.ucsb.edu Frente Quente Sistemas Frontais ou Frentes Fonte: http://www.geog.ucsb.edu Sistemas Frontais ou Frentes Fonte: http://www.geog.ucsb.edu Sistemas Frontais ou Frentes Fonte: http://www.geog.ucsb.edu Sistemas Frontais ou Frentes Fonte: http://www.geog.ucsb.edu Sistemas Frontais ou Frentes Fonte: http://www.geog.ucsb.edu Fase inicial de um sistema frontal Sistemas Frontais ou Frentes Fonte: http://www.geog.ucsb.edu Fase de maturidade e início da oclusão do sistema frontal Sistemas Frontais ou Frentes Fonte: http://www.geog.ucsb.edu Fase de oclusão do sistema frontal Sequências de Tipos de Tempo que Acompanham a Passagem de um Sistema Frontal Na vanguarda da Frente No domínio da Frente Na retaguarda da Frente FRENTE QUENTE Pressão Diminuição constante Cessa a diminuição Pequena variação Vento Recua e aumenta a velocidade Muda a direção, diminui a velocidade Constante Temperatura Constante ou aumento gradual Aumenta lentamente Pequena variação Umidade Aumenta gradual Elevação rápida Pequena variação Nuvens Ci, Cs, As, Ns em sucessão Nimbus e stratus baixos Stratus e stratocúmulus Tempo Chuva contínua (ou neve no inverno) A precipitação quase cessa Boas condições ou chuvas ligeirasintermitentes ou chuviscos Visibilidade Boa, exceto nas chuvas Ruim, neblina e nuvens baixas causam má visibilidade Frequentemente ruim, com nuvens baixas e neblinas ou nevoeiro FRENTE FRIA Pressão Diminuição Elevação rápida Elevação lenta, mas contínua Vento Recua e aumenta a velocidade Mudanças súbitas, na direção, geralmente acompanhadas por rajadas Com rajadas, e posteriormente estável Temperatura Constante; algumas vezes há quedasligeiras durante as chuvas Queda acentuada Mudanças pequenas Umidade Sem mudanças significativas Queda acentuada Geralmente reduzida Nuvens Altocumulus e stratocumulus seguidaspor cumulonimbus Cumulonimbus, com fractocumulus ou baixos nimbostraturs Ascensões rápidas, mas podem- se desenvolver cumulus ou cumulonimbus Tempo Há alguma chuva, com possíveistrovoadas Aguaceiros, geralmente acompanhados de granizo e trovoadas. Aguaceiros, de curta duração Visibilidade Ruim, com a possível presença de nevoeiros Deterioração temporária; melhoria rápida Muito boa Fonte: Adaptado de AYOADE (1992) Sequências de Tipos de Tempo que Acompanham a Passagem de um Sistema Frontal Fonte: Adaptado de AYOADE (1992) FRENTE FRIA FRENTE QUENTE Deslocamento no Hemisfério Sul Deslocamento no Hemisfério Norte Temperatura Aumenta , depois diminui. Aumenta, depois diminui. Pressão Diminui, depois aumenta. Diminui, depois aumenta. Vento Pré-Frontal NW SW Pré-Frontal SW NW Frontal HS W HN W Frontal HS W HN W Pós-Frontal SW NW Pós-Frontal NW SW Nuvens Ci, Cc, Ac, Cu e Cb Ci, Cs, As, Ns e St Nevoeiro Pós-Frontal Pré-Frontal NE SW NE SW NW SE NW SE Carta Sinótica de Superfície Carta Sinótica de Altitude Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) é um fenômeno típico de verão na América do Sul. Sua principal característica é a persistência de uma faixa de nebulosidade orientada no sentido noroeste-sudeste (NW-SE), cuja área de atuação engloba o centro sul da Amazônia, regiões Centro- Oeste e Sudeste, centro sul da Bahia, norte do Estado do Paraná e prolonga-se até o Oceano Atlântico sudoeste. Características - Intensa instabilidade atmosférica associada a convergência de umidade em baixos e médios níveis na troposfera; - Banda de nebulosidade de natureza convectiva na América do Sul com chuvas contínuas que duram no mínimo 3 dias. - Exerce um papel preponderante no regime de chuvas na região Sudeste do Brasil, acarretando altos índices pluviométricos. Gênese A ZCAS é formada pela associação entre os sistemas frontais frios (FF), oriundos do Sul do país, e pela organização da convecção tropical, principalmente proveniente da região amazônica. Na medida em que avançam os sistemas frontais sobre o continente, ocorre o alinhamento dos centros de baixa pressão, formando intensa nebulosidade no território brasileiro, com uma orientação predominante noroeste-sudeste (ABREU, 1998) Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) Atuação da ZCAS no Estado de Minas Gerais em 15 de março de 2009. Em (a) observa-se intensa nebulosidade com orientação NW-SE, estendendo da bacia amazônica até o litoral da região Sudeste. Em (b) tem-se a carta sinótica de superfície mostrando a interação do sistema frontal com as linhas de instabilidades na formação da ZCAS. Fonte: INPE-CPTEC (2009). A – Imagem de Satélite GOES B – Carta Sinótica
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