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A Vida como Ilusão Metafísica

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airtonlima.com.br 
 
Filosofando (08/2017) 
 
 
 
ILUSÃO 
 
Santos Filho, J. ¹ 
 
 
“A metade de nossa vida se passa no sono, onde nós próprios reconhecemos que não temos nenhuma 
ideia do verdadeiro, e tudo que sentimos não é mais que ilusão, quem sabe se essa outra metade da vida em 
que pensamos estar acordados não é outro sono um pouco diferente do primeiro, e do qual despertamos 
quando julgamos dormir? ”¹ 
(Blaise Pascal) 
A vida é uma ilusão. Discorramos metafisicamente, a partir de agora, no amplo sentido da palavra 
ILUSÃO. Partindo da premissa inspirada em Pascal, vemos que não somos capazes sequer de compreender 
nosso descanso. E o sono, juntamente com a sensação prazerosa que ele nos dá, faz com o que nosso cérebro 
entre em “stand by”. Você já parou para pensar o que acontece quando está dormindo? Ou, você já se 
perguntou o que é o SONHO? 
Qual é o seu sonho? Para muitas pessoas esta pergunta ajuda na busca para a construção de uma vida 
melhor, fazendo com que sonho seja sinônimo de realização. 
José Saramago escreveu: “O sonho é o pensamento que não foi pensado quando devia”². Quantas 
vezes deixamos para depois o que podemos fazer agora? 
Olhemos ao nosso redor, e logo percebemos que a geração atual vive realmente um sonho, mas agora 
no sentido de “faz de conta”, confundindo sonho com sono. Hoje em dia a preocupação com quantidade de 
curtidas nas redes sociais torna a realidade refém de: “durma, pois seu futuro depende do seu sonho (sono)”. 
Não há, de fato, preocupação com a realidade ao nosso redor (partindo do princípio que ela existe). 
 Geração do “oba-oba”, é essa que vivemos. Na vida... aliás, o que é vida? Pois bem, uma ilusão! 
Contudo, o que julgamos ser vida inevitavelmente gerou uma convivência entre humanos totalmente 
diferentes, olhe para a sua mão, e veja que “até mesmo na mesma mão os dedos não são iguais”. ³ Essa 
interação humana pede, ou melhor clama, por ação. O que importa é O HOJE E O AGORA! Pois o passado 
é uma roupa que não me serve mais⁴, e o futuro eu não sei o que é. Infelizmente, o que presenciamos 
diariamente no convívio social é: Aqui? Agora? 
É muito fácil dizer que é difícil. É muito fácil julgar e simplesmente não se preocupar com o mundo 
e com a humanidade. Cada ser em si, cria sua própria ilusão da realidade e age, não por natureza, mas por 
imbecilidade, como idiotas. 
 
 
 
 
 Como acadêmico do curso de Física, não podia deixar de me iludir fisicamente. Na Mecânica 
Quântica, mais precisamente no princípio da Incerteza de Heisenberg está enunciado que não podemos 
determinar a posição exata de uma partícula. Há sempre uma indeterminação, seja no tempo ou no espaço. 
Isso por si só já era motivo de espantar-se, mas os mistérios da natureza não param por aí. Schroedinger 
formulou uma equação capaz de descrever com a maior precisão possível o deslocamento de uma partícula, 
e por mais maravilhosa e satisfatória que essa equação seja, ela depende de um número imaginário “i”. E 
Niels Bohr, um dos maiores nomes da Física no século XX, escreveu: “Tudo aquilo que chamamos de real é 
feito de coisas que não podem ser consideradas reais”. 
Seja no macro, seja no micro, não sabemos quem somos e para onde vamos. Simplesmente 
aceitamos, moldamos e fazemos a nossa vida. Mas, pergunto novamente, o que é vida? Amigos, a vida é 
uma ilusão. O que é a realidade? Adaptamos uma ideia para que o que julgamos ser vida faça sentido. 
Ilusão. Ilusão é sem sombras de dúvida compartilhar falsos momentos de alegria só para que outros iludidos 
possam curtir. Ilusão é não desejar bom dia, é não dizer muito obrigado e querer respeito. Ilusão é eleger 
idiotas e esquecer que somos idiotas. Ilusão é não se perguntar o que é ilusão. 
 Vamos filosofar, ou melhor, vamos nos iludir! 
 
Notas: 
1 - Jailton dos Santos Filho. Aluno de Departamento de Física (DFI), matrícula 201420016673, 
Universidade Federal de Sergipe. 
 
Referências: 
1 – Pascal, Blaise. Pensamento; tradução de Leonel Vallandro. Porto Alegre, Globo, Brasília, INL, 1973. 
2 – O Evangelho Segundo Jesus Cristo. Saramago, José. São Paulo, Companhia das Letras. 
3 - Trecho da música “Corações animais”, do Zé Ramalho. 
4 – Alusão à Música “Velha Roupa Colorida”, de autoria do Belchior. 
5 – Física Quântica / Robert Eisberg e Robert Resnick; tradução de Paulo Costa Ribeiro, Enio da Silveira de 
Marta Feijó Barroso. – Rio de Janeiro: Elsevier, 1979 – 35ª reimpressão.

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