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NOÇÃO DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
 
1.      Conceito de Direito Internacional Público.
	O DIP caracteriza-se como o conjunto de normas jurídicas que regulam as relações mútuas entre os Estados, entre as organizações internacionais e entre os Estados e estas últimas.
 
2. Direito Interno x Direito Internacional
3.      Distinção entre Direito Internacional Público e Direito Internacional Privado
Há alguns pontos de contacto entre ambos. Primeiro, há um grande número de Convenções de Haia e de Genebra sobre direito de conflitos. Depois, há certos princípios ou normas de Direito Internacional Geral em matéria de Direito Internacional Privado, como acontece com a lei reguladora da forma dos actos com a lei aplicável aos crimes e delitos, com a lei aplicável ao regime jurídico dos imóveis e ainda quanto à lei definidora do estatuto das pessoas. Verifica-se, além do exposto, uma semelhança notável entre as regras de conflitos e o direito consular sobre matérias de Direito Privado.
O chamado Direito Internacional Privado ou Direito de Conflitos não passa de Direito Interno. Só é “internacional” pela simples razão de regular actos ou factos do comércio jurídico internacional. De resto, é construído por um conjunto de regras ditadas por cada Estado para que, quando surja uma relação conectada com duas ou mais ordens jurídicas, se possa escolher a lei material de uma delas que indique a solução mais apropriada ao problema suscitado.
NATUREZA E FUNDAMENTO DA OBRIGATORIEDADE DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
 
1.      A tese Anarquista
Anarquistas e Voluntaristas negam a existência do Direito Internacional Público.
Os primeiros fazem-no frontalmente. Dos acordos, actos livremente revogáveis pelo Estado mais forte, não pode nascer Direito. Falar em segurança colectiva é insistir numa utopia.
Embora frequentemente o panorama internacional se possa pintar com cores tão negras, há um aspecto essencial à questão que urge pôr em relevo: quando surge um litígio internacional, logo se tentam utilizar métodos e fórmulas jurídicas na sua resolução, citam-se precedentes judiciais, procura-se saber qual o sentido do Costume ou do Tratado aplicável ao caso, que se trata como jurídico, como relevante para uma certa ordem jurídica e que é exactamente a ordem jurídica internacional. Quer dizer, o exagero dos Anarquistas está em ligarem demasiado às violações espectaculares do Direito Internacional e não ao cumprimento de que muitíssimas vezes é objecto de uma forma espontânea. É certo que há violações constantes do Direito Internacional. Mas então a metodologia Anarquista peca pelo alvo que escolhe para sua crítica: o problema em causa é mais de imperfeição de grau, do que de inexistência.
Corrigidas as proporções da Tese Anarquista, há todavia conceder o que se segue.
Por um lado, os Estados só se submetem à jurisdição dum Tribunal Arbitral Internacional ou do Tribunal Internacional de Justiça se quiserem.
Em segundo lugar, e embora o nascimento de normas jurídicas internacionais não constitua um problema real, dado o seu contínuo surgimento sobre tudo por meio de Tratados Bi e Multilaterais e para não falar em competência “legislativa” das organizações de carácter supranacional, é óbvio que a inexistência de órgãos internacionalmente instituídos para a execução forçada de sanções leva cada Estado a munir-se individualmente de medidas de auto protecção que, para fazermos nossas as palavras de Truyul Y Serra,pecam por “dois grandes defeitos: por um lado, há frequentes desproporções entre o direito tutelado e a força que há-de aplicar-se para a sua satisfação; por outro lado, o êxito depende, em última análise, da distribuição de forças entre os respectivos Estados ou outros sujeitos internacionais, pelo que, de facto, a coacção será dificilmente operante contra grandes potências”.
 
2.      As doutrinas Voluntaristas
Também a Doutrina Voluntarista, em qualquer das suas variantes, acaba por negar o Direito Internacional Público. Mas fá-lo duma forma sub-reptícia. Afirmando o Estado como entidade soberana e onipotente, conclui muito logicamente que a obrigação internacional só pode derivar da sua própria vontade. Ou seja, a vinculação depende da vontade obrigada. Melhor dizendo, não existe obrigação.
a)      As doutrinas de Autolimitação e do Direito Estadual Externo:
O Estado, como poder independente e supremo, situa-se acima de todo e qualquer princípio ou norma jurídica. De forma que qualquer obrigação que surja só pode basear-se no seu consentimento, quer dizer, só pode ser uma auto-obrigação, já que nenhum órgão internacional nem nenhum outro Estado podem ditar leis que se imponham a outro ente supremo que para tal não manifestou o seu consentimento;
b)      A doutrina do Tratado-lei ou da Vontade Coletiva (“Vereinbarung”):
Quando se juntam duas ou mais vontades num acordo, pode ser para satisfazerem interesses antagônicos ou para prosseguirem finalidades comuns. Quando os Estados querem prosseguir um interesse comum, manifestam um único feixe de vontades no mesmo sentido, originando obrigações idênticas para todos, assim surge Verinbarung, acordo coletivo ou Tratado-lei. Nesta figura não se distinguem partes, mas antes legisladores.
c)      A teoria Marxista-leninista:
Para esta teoria, cada Estado é caracterizado por uma formação social, de cuja super estrutura também faz parte o Direito Internacional, condicionado e determinado pela infra-estrutura econômica e influenciando ainda pelo Direito Constitucional, pela moral, pela filosofia, etc. O Direito Internacional não surge, portanto, dum vogo comunitarismo, mas é antes o resultado de um complexo processo em que atuam sistemas sociais opostos. De forma que, se são diferentes as vontades dos Estados, por representarem interesses de classes diferentes, o Direito Internacional deixa de ser um Direito Universal. Começa então a distinguir-se o Direito Internacional do Sistema Capitalista e o Direito Internacional do Sistema Socialista.
Foi, sobretudo a partir de 1958 que Tunkin, começou a desenvolver a ideia e os princípios do Direito Internacional Socialista. Os Estados Sociais estão ligados por relações diferentes das que os ligam os Estado Capitalistas. A base econômica dessas relações é a propriedade social dos meios de produção; o regime político é dirigido pela classe trabalhadora; a ideologia é o Marxismo-leninismo; e o interesse da defesa das conquistas revolucionárias contra os ataques do Capitalismo é o comum dos indivíduos de todos os Estados Socialistas: o internacionalismo proletário torna-se o princípio fundamental do Direito Internacional Socialista.
A teoria Marxista-leninista, leva a uma contradição no campo dos princípios e a outras consequências práticas que apenas podem ser justificadas pela legitimação do uso da força.
 
3.      A teoria Objetivista de Kelsen
Conclui-se pois, que a obrigatoriedade do Direito Internacional provém doutra fonte que não a vontade dos Estados. A vontade só produz efeitos jurídicos na medida em que uma norma anterior e superior a essa vontade determina qual o seu relevo jurídico.
Para o internacionalista Vienense, a validade de uma norma não depende da vontade que a cria, mas antes da norma que lhe é imediatamente superior. Num sistema jurídico, as normas escalonar-se-iam de tal forma que cada uma encontraria o seu fundamento naquela de que procede e, no vértice da pirâmide, encontrar-se-ia a “Grundnorm”, a norma fundamental, de carácter hipotético, na qual o sistema encontraria a sua unidade.
 
4.      O Neojusnaturalismo
Fundamenta o Direito Internacional naquele conjunto de “normas que resultam da natureza racional e social do homem”, isto é, naqueles princípios objectivos que se sobrepõem à vontade humana e que são inerentes à comunidade político-social a que se destinam.
 
5.      Posição Adotada
O fundamento do Direito Internacional Público não é diferente do Direito em geral.
 Portanto, a diferença entre o Direito Internacionale o Direito Interno pode ser uma diferença de grau, mas nunca de natureza. É que, tal como para regular as relações entre indivíduos no quadro estadual há normas de determinado conteúdo que se impõem naturalmente, também as exigências da consciência pública impõem regras adequadas, em cada época, à cooperação, ao progresso e ao desenvolvimento dos povos.
Não há normas ou princípios necessários, a não ser os princípios constitucionais da comunidade internacional, mas há um certo conteúdo que é necessário em todas as normas e princípios. E só esse conteúdo de justiça evitará que tais normas e tais princípios pequem pela sua transitoriedade e, sobretudo que sejam alvo de uma contestação prematura.
“Ius Cogens”
Não podemos de forma alguma, negar a preponderância que assumiu o Direito convencional como Fonte de Direito Internacional. É impensável pôr lado a lado a mole das normas que diariamente surgem de fonte convencional e de fonte Costumeira. Aliás, é importante verificar que os Tratados Multilaterais vão desempenhando uma certa função de Direito Consuetudinário, ao mesmo tempo que a necessidade de rapidez de formação e regulação dos vínculos internacionais faz surgir “modelos” menos solenes e menos formais, como são os acordos em forma simplificada.
As normas consuetudinárias, integradas em Convenções Internacionais, conservam a sua natureza de Direito Costumeiro.
O Direito Internacional consuetudinário tem ainda um relevo importantíssimo na formação de normas de Ius Cogens, ou seja, das normas de direito imperativo que regulam as relações entre os sujeitos da nossa disciplina. O art. 53º da Convenção de Viena define a norma de Ius Cogens como “a que for aceite e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados no seu conjunto como norma à qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma de Direito Internacional da mesma natureza”.
PACTA SUNT SERVANDA
	O fundamento do DIP emana do entendimento de que ele se baseia em princípios jurídicos alçados ao patamar superior ao da vontade dos Estados, mas sem que, contudo, se deixe de lado a vontade desses mesmos Estados. Essa corrente reconhece no pacta sunt servanda o fundamento jurídico único e absoluto do DI.
	Pacta sunt servanda é um brocardo latino que significa "os pactos devem ser respeitados" ou mesmo "os acordos devem ser cumpridos". Com relação aos acordos internacionais, "todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa-fé".(A), ou seja, o pacta sunt servanda é baseado na boa-fé. Isto legitima os Estados a exigir e invocar o respeito e o cumprimento dessas obrigações. Essa base da boa-fé nos tratados implica que uma parte do tratado não pode invocar disposições legais de seu direito interno como justificativa para não executá-lo. O único limite ao pacta sunt servanda é o jus cogens (latim para "direito cogente"), que são as normas peremptórias gerais do direito internacional, inderrogáveis pela vontade das partes.
Indivíduos como sujeitos de direito internacional
	
A classificação da doutrina quanto ao tema, no século XX não é uniforme; entretanto, é possível dividi-la em dois grandes grupos: os que negam e os que afirma ser o homem sujeito de Direito Internacional.
Inobstante esse reconhecimento, o acesso do homem aos tribunais internacionais ainda permanece como uma exceção. Os Estatutos da Corte Internacional de Justiça, que é o principal órgão judiciário da Sociedade Internacional, não admite que o homem compareça perante ela como parte de um litígio. Este é o principal argumento utilizado pela corrente majoritária ao afirmar que o individuo não é sujeito de direito internacional. A possibilidade dos indivíduos reclamarem nos foros internacionais somente decorre de um compromioso prévio do Estado e necessita par seu exercício que esse mesmo individuo tenha um vinculo jurídico com o Estado (normalmente nacionalidade).
A experiência de duas guerras mundiais, as Convenções Internacionais que não passaram de projetos e modelos, as constatações de que violações às mais elementares regras de Direito Internacional Positivas continuaram a ser praticadas, muitas vezes por ação direta dos Estados e a experiência da persecução e punição de crimes internacionais nos Tribunais Especiais criados em Nuremberg, Tóquio, Ex-Iugoslávia e Ruanda, resultaram na convicção da necessidade da criação de uma Corte Penal Internacional permanente, para conhecer, processar e julgar crimes internacionalmente relevantes.
	A corrente minoritária afirma que também pode ser considerados sujeitos de DIP os indivíduos, embora o campo de atuação seja limitado. Funda-se na ideia de que os indivíduos também podem participar das relações internacionais tanto no pólo ativo (peticionando para tribunais internacionais) tanto no pólo passivo (responsabilidade por atos cometidos no plano internacional).
Evolução histórica do DIP
Há discordância na doutrina acerca do marco inicial do Direito Internacional, havendo alguns autores que o consideram desde a antiguidade e outros que somente o consideram a partir do tratado de Westfália em 1648.
Ocorre que há que se considerar as duas realidades acerca do Direito Internacional, quais sejam, a de um direito internacional rudimentar, anterior à existência dos Estados Modernos, e um Direito Internacional mais estruturado, a partir do surgimento do Estado Moderno e que vai se solidificar realmente a partir do final da II Guerra Mundial.
Direito Internacional antes do surgimento do Estado Moderno
Na fase anterior ao surgimento do Estado Moderno, viu-se alguns esboços do Direito Internacional, sendo este caracterizado por ser um direito Internacional Rudimentar.
Quanto a esta fase é importante salientar:
- O tratado mais antigo que se tem notícia data de 3100 a.C (tratado de Kadesh, tratado de paz celebrado entre o rei dos hititas e o faraó Egípcio)
- Na Grécia Antiga houveram regras de Direito Internacional, entre as cidades-estado gregas, principalmente no que tange à:
- Arbitragem
- Necessidade de Declaração de Guerra
- Inviolabilidade dos Arautos
- Em Roma, houveram regras de dois tipos relativas ao Direito Internacional:
- Jus Gentium – regras que se aplicavam aos estrangeiros (considerado o direito comum a todos os homens)[1]
Note-se que aos romanos aplicava-se o jus civile, e aos estrangeiros somente o jus gentium, que era considerado como embasado na razão natural, um direito inerente a todos os homens.[2]
- Jus Fetiale – que regulava a forma de interação com as nações estrangeiras, e tinha um caráter nitidamente religioso.
- Na Idade Média pode-se destacar algumas regras, especialmente no que se refere ao comércio marítimo:
- Leis de Rodes (Séc VII)
- Tabula Amalphitana (Séc X)
- Leis d’Oléron (Séc XII)
- Leis de Wisby e Consulado do Mar (séc XIII ou XIV)
- Pequenas codificações
Direito Internacional a partir do surgimento do Estado Moderno
Em primeiro lugar, é importante salientar que não se deve confundir o Estado Moderno com o Estado Laico.
O Estado Moderno tem como características principais a existência da noção de Soberania (que até então não existia), e a distinção entre a sociedade civil e o Estado, e aparece a partir do mercantilismo, a partir do século XIV.
O Estado Laico é um desdobramento do Estado Moderno, que se desvincula do poder da Igreja (Estado absolutista), e, posteriormente, do poder monárquico (Estado Liberal).
Com o surgimento da idéia de soberania, passou-se a se desenvolver a idéia de relação diplomática entre os Estados, havendo então, o que muitos doutrinadores consideram o Início do Direito Internacional.
Em 1648, com o Tratado de Westfália (ou paz de Westfália- que pôs fim à guerra dos 30 anos), pela primeira vez os Estados Europeus se reúnem para deliberar, inclusive reconhecendo a Soberania dos Estados (art 2º), e é onde se mostra o início de uma regulamentação internacional positivada.
Após, houveram diversos tratados, até queem 1789, com a Revolução Francesa, consagra-se o princípio das nacionalidades, que foi consagrado na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, e trazia a idéia de reunião de um povo, através de um sentimento nacional, com garantia de direitos e estabelecimento de deveres.[3]
Em 1815, há a realização do Congresso de Viena, que consagra a queda de Napoleão, restabelece o poder às monarquias destituídas (inclusive na França), determina punição (multa) a ser cumprida pela França (até o pagamento da multa haveriam tropas em seu território), bem redistribui os territórios europeus, restabelecendo os limites franceses até os anteriores à Napoleão, havendo cessão de terras de Itália e Alemanha, para a Prússia e a Áustria, e ainda tratando-se sobre a hierarquia dos agentes diplomáticos.
Após deve-se lembrar do Congresso de Paris, de 1856, que versa sobre os princípios jurídicos que regem a guerra no mar e também as Convenções de Haia de 1899 e 1907 (Convenções sobre a Resolução Pacífica de Controvérsias Internacionais), que tratavam sobre as leis e os crimes de guerra.
Há que se notar que o verdadeiro desenvolvimento do Direito Internacional se dá a partir do final da II Guerra Mundial, quando são criados os organismos internacionais (começando pela criação da Organização das Nações Unidas - ONU), sendo que é a partir daqui que o Direito Internacional passa a ser visto como instrumento capaz de criar deveres de cooperação entre os Estados.
AS FONTES DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
Noção de Fontes Formais e Fontes Materiais
A expressão Fontes de Direito pode ser tomada em duas acepções: como Fontes Formais, ou seja, como processos de formulação do conteúdo de certa regra; e como Fontes Materiais, isto é, como razões do surgimento do conteúdo das fontes formais, por exemplo, as necessidades sociais. Apenas as Fontes Materiais criam Direito, enquanto as Fontes Formais se limitam a revelá-lo.
1. O costume internacional
Elementos do costume internacional
Prova do costume
Hierarquia dos costumes e tratados
	Não existe, porém, qualquer hierarquia entre Costume e a Convenção. O Tratado pode revogar ou modificar o Costume, se bem que esta hipótese seja menos usual, dado que normalmente o Tratado prevê o processo de modificação.
Verifica-se, contudo, uma hierarquia entre normas, não podendo as de Ius Cogens ser contrariadas por outras quaisquer de natureza diferente.
Fundamento da validade do costume
O Costume Internacional e a doutrina do “Tacitum Pactum”.
O Costume é uma prática reiterada e constante com convicção de obrigatoriedade. É uma concepção Voluntarista, reduzindo toda a regra consuetudinária aos Costumes particulares, fundamenta a obrigatoriedade do Direito Internacional do acordo interestadual, que, quanto ao Costume, revestiria a forma de um Tacitum Pactum.
A doutrina do Tacitum Pactum destrói completamente o fundamento do Costume Internacional e diverge em pleno do seu entendimento clássico.
 2.  Os princípios de Direito reconhecidos pelas nações civilizadas
A alínea c) do art. 38º do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça manda aplicar, nas controvérsias submetidas a este órgão jurisdicional, “os Princípios de Direito Reconhecidos pelas Nações civilizadas”.
As posições sobre este assunto são três: ou se trata de princípios de Direito Internacional Público, ou de princípios de Direito Interno, ou de princípios que tanto podem ser de Direito Internacional Público como ao Direito Interno.
Temos por correta a segunda posição, por vários motivos.
Por um lado, sendo os princípios gerais de direito considerados fonte subsidiária de Direito Internacional, impeditiva de um non liquet, que só funcionará quando falharem as normas convencionais e consuetudinárias, não se compreende que se confundem com os próprios princípios de Direito Internacional a cuja lacuna pretendem obviar.
Além disso, a formulação do art. 38º coloca esta fonte, sem ambiguidade, ao lado das restantes, com perfeita autonomia.
Em terceiro lugar, os trabalhos preparatórios da alínea c) mostram que se quis consagrar apenas os princípios de Direito Interno (Público ou Privado) e não quaisquer princípios de Direito Internacional.
Entendemos pois, os Princípios de Direito Reconhecidos pelas Nações civilizadas como fonte autónoma e directa de Direito Internacional, embora com carácter subsidiário, visando possibilitar ao juiz a resolução de todos os diferendos que lhe sejam submetidos. O art. 38º/1-c funciona, não como regra constitutiva, mas como norma puramente declarativa duma prática que já vinha de 1794.
O princípio do abuso do direito, significa que o Estado exerce uma competência de forma a iludir uma obrigação internacional ou leva-a a cabo com desvio de poder, isto é, desenvolve-a com vista a prosseguir um fim diferente daquele em virtude do qual a dita competência lhe foi reconhecida.
O princípio segundo o qual a lei especial prevalece sobre a lei geral, é de fácil apreensão: se entre os Estados de uma região do globo se forma um Costume regional, ele prevalece, nas relações entre tais Estados, sobre o Costume geral.
O princípio do estoppel, significa que uma parte num processo vê precludido o direito de adoptar uma atitude que contradiz o que ela expressa ou implicitamente admitiu anteriormente, se da adopção da nova atitude resulta prejuízo para a contra-parte.
 
3.  A Jurisprudência e a Doutrina
“Sob reserva do disposto no art. 59º, as decisões judiciais e a doutrina dos publicista mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito” serão também tidas em conta pelo Tribunal Internacional de Justiça.
Devemos assentar nisto: nem a Jurisprudência nem a Doutrina são Fontes Imediatas e Formais de Direito Internacional Público. De modo que a decisão que o Tribunal Internacional de Justiça venha a emanar não pode apoiar-se senão nas regras das três alíneas do n.º 1 do art. 38º do seu estatuto. O papel da Jurisprudência e da Doutrina é apenas o de servirem de meios auxiliares na determinação do sentido daquelas regras.
	Como doutrina entende-se toda tese que obtenha consenso doutrinário, vista como segura, seja no domínio da interpretação de uma regra convencional, seja naquele da dedução de uma norma costumeira ou de um princípio geral do direito.
4.  A Equidade e Analogia
De acordo com o exposto, o n.º 2 do art. 38º reconhece expressamente “a faculdade de o juiz decidir ex aequo et bono, se as partes estiverem de acordo”.
 
5.  Os atos jurídicos unilaterais
Tais atos podem produzir efeitos jurídicos, mas não representam normas.
Para que um ato Unilateral se considere uma Fonte Formal de Direito Internacional, tem de constituir um ato jurídico anterior. Respeitam estes pressupostos o protesto, o reconhecimento a promessa, a renúncia e a notificação.
6. Decisões das Organizações Internacionais
7. Tratados Internacionais
Terminologia
Formalidade
Atores
Efeitos Jurídicos
Classificação dos Tratados
c) Procedimento adotado para a conclusão:
→ strito sensu: unifásico (assinatura) – o Tratado passa a ter vigência a partir da assinatura. Prescindem, em sua generalidade, de ratificação e, consequentemente, da intervenção formal do Parlamento. Muitos deles, pela sua simplicidade, sequer contam com a participação direta do Chefe de Estado, ficando a cargo de funcionários do governo ou, mais frequentemente, do Ministro das Relações Exteriores.
Sua conclusão se dá, na maioria das vezes, por meio de troca de notas, troca de correspondências, notas reversais, protocolos, memorando de entendimentos ou declaração conjunta.
→ forma simplificada: bifásico (assinatura + ratificação) – Depende de um processo de ratificação/reconhecimento. A maioria dos Estados adota o sistema bifásico, inclusive o Brasil. Para sua conclusão, se nota um procedimento composto de duas fases internacionalmentedistintas, sendo que a primeira se inicia com as negociações e culmina com a assinatura de seu texto, e a segunda que vai da assinatura à ratificação.
b) Execução no tempo:
→ transitórios: embora criem situações que perdurem no tempo, têm sua execução exaurida de forma instantânea ou imediata, muitas vezes pela simples publicidade do ato ali concluído. Apesar de as relações jurídicas por eles criadas permanecerem no tempo, a execução desses acordos dá-se de forma quase que imediata, não se protraindo no tempo e no dia-a-dia dos Estados-partes.
 
→ permanente: são tratados cuja execução se prolonga por prazo indefinido no tempo, incluindo-se nesta categoria os tratados de comércio, de cooperação, de aliança, de extradição, de cooperação científica e tecnológica, de arbitragem, os de proteção dos direitos humanos, etc. São compromissos internacionais cuja execução não se consuma num exato momento, mas, ao contrário, se protrai no tempo enquanto estiverem em vigor, podendo ter vigência longa ou mesmo curta.
 
c) Execução no espaço: (art. 29[1] da CVDT – “aplicação territorial de tratados”)
→ todo o território;
→ parte do território.
d) Assibilidade de adesão:
- abertos: são abertos os tratados que permitem a posterior adesão por parte dos Estados que não participaram de suas negociações, ou mesmo não o ratificaram no momento devido. Os tratados abertos podem ser limitados ou ilimitados. Os primeiros permitem a adesão posterior, mas são limitados a um número certo de Estados ou a algum bloco de Estados (p. ex.: o tratado que constituiu o Mercosul). Os segundos são abertos para todos os Estados que pretendam ser partes no tratado (p. ex.: os tratados internacionais de proteção dos direitos humanos). Não há prazo para adesão nos tratados abertos. Existem, ainda, incondicional ou condicional (carta da ONU, art. 4º).
- fechados: são fechados os tratados que não permitem qualquer tipo de adesão posterior.
Condição da validade dos tratados
Efeitos dos tratados sobre terceiros Estados
Ratificação, Adesão e Aceitação dos Tratados
Ratificação
Adesão e Aceitação
Registro e Publicação
Interpretação dos Tratados
Extinção dos Tratados
Processo de formação
Regra geral, o processo de formação dos tratados tem início com os atos de negociação, adoção ou autenticação e assinatura (conclusão).
A)NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES
As negociações de um tratado têm lugar quando os representantes dos Estados se reúnem em um certo local e em uma época preestabelecida, a fim de estudar conjuntamente as possibilidades de se chegar a um entendimento relativo à conclusão de determinado instrumento internacional. 
O vocábulo negociação tem uma acepção ampla, abrangendo atualmente “toda ação anterior a um pacto de qualquer natureza, o momento da discussão e do acordo de vontades que será ou não traduzido em ato jurídico”.
TRAÇOS CARACTERÍSCTICOS DAS NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS
a)A troca de manifestações de vontades;
b)as propostas e contrapropostas; 
c)as concessões feitas por um Estado em relação a outros e; 
d)a fixação de um texto final.
As negociações de um tratado podem apresentar diferenças conforme o tipo de acordo que se deseja firmar.
AS NEGOCIAÇÕES ENVOLVENDO TRATADOS BILATERAIS
Iniciativa
Iniciam-se comumente por meio de envio de uma nota diplomática, de caráter informal, de um país para outro, de chancelaria para chancelaria. A iniciativa de uma negociação parte sempre do Estado que mais interesse apresenta na conclusão do tratado.
Lugar 
No território de um dos dois Estados-contratantes, embora não se descarte a possibilidade de tal negociação ocorrer no território de um terceiro Estado escolhido de comum acordo pelas partes. 
No caso de tratados celebrados entre um Estado e uma Organização internacional, as negociações normalmente têm lugar na sede da organização.
Idioma
No que tange ao idioma utilizado para negociação de tratados bilaterais, a prática têm demonstrado que, se os Estados Contratantes não têm o mesmo idioma, é comum a escolha de uma terceira língua, cômoda a ambos, visando facilitar o entendimento das negociações entre as partes.
Negociadores
É usualmente estabelecida entre a chancelaria e a missão diplomática acreditada no país e, na falta de representação diplomática, é normalmente enviada uma delegação ou missão especial ad hoc incumbida de negociar.
Comissões técnicas
Não fica descartada a possibilidade de participarem comissões técnicas do órgão diretamente interessado (respectivo Ministério) na conclusão do tratado, quando esse versar sobre matéria de sua competência, como agricultura, ciência e tecnologia, finanças públicas, saúde, educação, transportes, turismo etc.
AS NEGOCIAÇÕES ENVOLVENDO TRATADOS MULTILATERAIS
Lugar
As negociações dos tratados multilaterais têm normalmente lugar no seio de uma organização internacional ou em uma conferência internacional ad hoc (especialmente convocada para discussão e elaboração de um ou mais tratados) sediada no território de um dos Estados negociadores.
Procedimento
O procedimento das negociações, neste caso, reveste-se da mais alta complexidade e rigidez, obedecendo a um regulamento interno já previamente estabelecido e utilizando-se, normalmente de um ou mais do seis idiomas oficiais das Organizações das Nações Unidas (quais sejam, o inglês, o francês, o espanhol, o árabe, o russo e o chinês).
Especialista
Os negociadores de um tratado são, geralmente, acompanhados por um especialista (experts) naquela determinada matéria objeto do acordo, e isto tem por finalidade fornecer os subsídios necessários a uma boa negociação e tomada de posição.
B) ADOÇÃO DO TEXTO
Como se sabe, o texto final de um tratado internacional deve resultar de um acordo de vontades das partes presentes às negociações. Tais negociações têm o seu final com a chamada adoção do texto convencional, que regulada pelo art. 9º, §§ 1º e 2º da Convenção de Viena de 1969.
Nos termos deste dispositivo, são duas as regras para sua aprovação:
a) Ou tal adoção efetua-se pelo consentimento de todos os Estados que participam da sua elaboração, ou;
b) Quando a adoção tiver lugar em uma conferência internacional, efetua-se pela maioria de dois terços dos Estados presentes e votantes, salvo se esses Estados, pela mesma maioria, decidirem aplicar uma regra diversa.
C) AUTENTICAÇÃO DO TEXTO (ART. 10[3]) 
Somente depois de adotado o texto convencional é que os Estados irão apor suas assinaturas e prosseguir no iter da celebração do tratado em suas demais fases. É de se permitir aos plenipotenciários legalmente habilitados (como os Chefes de Missão Diplomática) assinar os tratados em nome do governo, quando essa assinatura não importar em ratificação. O que o plenipotenciário não pode fazer é ratificar o tratado, uma vez que a ratificação é ato de competência exclusiva do Chefe de Estado, justamente por ter, entre outras, a finalidade de verificar se tal plenipotenciário não excedeu as instruções que lhe foram confiadas.
A assinatura autentica o texto do tratado, daí, qualquer modificação no instrumento posterior a ela anula o acordo celebrado e abre, se assim quiserem as partes, nova rodada de negociações.
Em um primeiro momento ocorre uma discussão do Projeto, entre os países e, em seguida, é definido um texto oficial, que é o texto autêntico, que recebe a assinatura de todos.
D) ASSINATURA
Adotado o texto convencional, e estando as partes contratantes de acordo com os seus termos, tanto substancial como formais, procede-se então à sua assinatura. Por ela, o Estado aceita a forma e o conteúdo do tratado negociado, sem dar seu aceite definitivo.
CARACTERÍSTICAS:
A) É um aceite precário – por ser provisório, podendo jamais vir a ser ratificado e jamais entrar em vigor, uma vez que somente a ratificação (troca ou depósito de instrumentos) é que exprime o consensus efetivo daspartes relativamente ao acordado. É dizer, a assinatura que põe fim à negociação não vincula o Estado, apenas determina o conteúdo de sua vontade, não passando de uma manifestação meramente formal de sua parte.
B) É um aceite formal – porque atesta tão-somente que o texto ali produzido não apresenta vícios de forma e dispõe de todas as condições para prosseguir no seu processo de conclusão. 
CONSEQÜÊNCIA DA ASSINATURA
A obrigação formal que as partes assumem na assinatura é a de continuar no procedimento sobre a base do texto adotado, sem ulteriores alterações em sua estrutura (salvo, é claro, a possibilidade de reserva unilateral). Qualquer modificação posterior anula o acordo celebrado e abre, se assim quiserem as partes, nova rodada de negociações.
Quem assina? Como já vimos, anteriormente, cabe ao Chefe de Governo (Presidente da República) que tem capacidade originária e ao Ministro das Relações Exteriores que tem capacidade derivada.
No Brasil, qualquer autoridade, segundo a prática do Ministério das Relações Exteriores, pode assinar um ato internacional, desde que possua a Carta de Plenos Poderes.
ASSINATURA POR QUEM NÃO DETÉM REPRESENTAÇÃO DO ESTADO
A convenção de Viena de 1969 considera, em seu Art. 8º, sem efeito qualquer ato relativo à conclusão de um tratado praticado por quem, nos termos do art. 7º (plenos poderes), não detém a representação do Estado, a menos que este Estado confirme posteriormente o ato praticado.
O art. 10, alínea b, da Convenção de Viena dispõe que a autenticidade do tratado será dada pela assinatura, assinatura ad referendum ou rubrica, pelos representantes destes Estados.
Temos, então:
a)Assinatura
b)Assinatura ad referendum
c)Rubrica
A REGRA É A ASSINATURA AD REFERENDUM
A diferença da assinatura para assinatura ad referendum está ligada aos efeitos jurídicos do ato, pois em regra a assinatura de um tratado é sempre manifestada ad referendum dos órgãos internos (parlamento) do Estado competentes para autorizar a ratificação do tratado. 
EXCEÇÃO DO ARTIGO 12 DA CONVENÇÃO DE VIENA
Portanto, a referência à simples assinatura pelo art. 10, b, da Convenção de Viena, está ligada à hipótese do art. 12 da Convenção, em que a assinatura do tratado já vale como comprometimento definitivo. Trata-se do que chamamos de assinatura com efeito de ratificação (daí porque também ser chamada doutrinariamente de assinatura plena). Essa modalidade de assinatura não é muito bem vista pela legislação interna de vários países, a exemplo do Brasil em que o art. 84, VIII, da CF que sujeita os tratados a referendo do Congresso Nacional.
RUBRICA
A Rubrica, por sua vez, é prática antiga da diplomacia em geral. Por meio dela permite-se aos plenipotenciários consultar seus governos sobre questões que, porventura, ainda surjam relativamente ao tratado que ali se conclui ou quando não estão seguros quanto a matéria tratada. 
O fato é que, como explica João Hermes Pereira de Araújo, “apesar das instruções e dos poderes de que são investidos, os plenipotenciários raramente assinam um ato internacional sem o submeter, antes a várias autoridades administrativas e ao próprio Chefe de Governo ou do Estado”, sendo isto “o que se dá no Brasil, onde os tratados são examinados pela Consultoria Jurídica do Ministério das Relações Exteriores, pela Divisão de Atos Internacionais, pelo Ministro das Relações Exteriores e pelo Presidente da República.
Soft Law
O soft law não é tratado, pois não segue os rituais pertinentes à elaboração desta modalidade de fonte, também não é costume (embora muitas vezes seja indicativo da existência deste, no sentido de que formaliza um costume já existente, ou mesmo orienta a sua formação). O soft law, tal qual o tratado, se prova pelo texto escrito (como toda norma).
O soft law não se forma como o costume (não necessariamente), nem como um tratado23, este é um traço da distinção entre o soft law e as outras fontes tradicionais do DI. O soft law se cristaliza em um texto escrito (também a forma final dos tratados), porém dotado de um grau de cogência relativo (gradação de nível de cogência). Tal gradação não encontra paralelo nos tratados, costumes ou nos Princípios Gerais do DI. O termo “soft” encontra na gênese do soft law a sua melhor explicação. Na sua gênese o soft law não é hard (duro), como o tratado com todas as suas formalidades, nem demanda uma série de testes de verificação de sua existência, como o costume – forma-se, portanto, também, de maneira “soft”. A outra explicação, mais comum, para o termo “soft” refere-se ao seu nível de comprimento, que é relativo, i.e., dotado de flexibilidade, e, portanto, também “soft”. Porém, esse último pensamento leva à necessidade de se reconhecer que há diferentes graus de “soft”. É como se chamássemos o efeito pela designação da causa.
O papel que cabe ao soft law é o de desempenhar com agilidade a função de lei internacional, que as nações e os particulares devem cumprir, rendendo homenagem à concepção monista do DI, com prevalência da ordem internacional. Em matéria econômica (que evidentemente compreende também o comércio), o nível de cogência prática é enorme. Em outras matérias comporta, geralmente, um grau menor, porém, inexoravelmente condiciona comportamentos futuros dos agentes a ela sujeitos.
Com relação à obrigatoriedade de cumprimento (ao grau de cogência), pode-se dizer, genericamente, que os tratados e os costumes têm o mesmo grau para os Estados. 48 O problema da cogência dos costumes está mais ligado à sua prova, i.e., à demonstração da existência de determinado costume Internacional, ou se determinada prática é ou não é costume. Porém, uma vez demonstrado, o nível de cogência dos costumes é idêntico ao dos tratados (e com maior grau de generalidade, pois os tratados só obrigam as partes contratantes). Se for descumprido o tratado ou o costume, ensejará a imposição de sanção pela parte prejudicada.
No que diz respeito ao grau de cogência, o soft law pode ser tão cogente quanto os tratados (que têm supedâneo no princípio ‘pacta sunt servanda’) e os costumes (com base no direito comum das gentes), mas a base de sua cogência é pragmática, i.e., decorre da experiência prática, e comporta gradações. Em algumas circunstâncias, se um Estado, ou mesmo partes privadas, não adotarem determinados preceitos (de soft law ) estarão fora do mercado mundial, estarão execrados, na prática, da comunidade internacional. Esta coercibilidade é real, é fato, não é conjetura.
Uma das razões pelas quais o soft law em geral tem grau de cogência menor que o hard law é porque muitas vezes o Estado, embora não tenha participado diretamente de sua elaboração, a ela se vincula sem supedâneo no pacta sunt servanda – daí ser mais fácil negar-se ao seu cumprimento, o que não acontece com o tratado. Mas tal pode acontecer com o costume, i.e., um Estado se manifestar contra sua formação e se recusar a segui-lo, de forma que a ele não se vincula. Se uma norma de soft law é contrariada, o que acontece? Há pouca ou nenhuma possibilidade de sanção direta (no sentido admitido no Direito Internacional). A possibilidade de sanção no DI é um fator não determinante (no sentido kelseniano) porque não há um Governo Internacional que obrigue ao cumprimento de tratados ou decisões das cortes. Elas são cumpridas pela regra de ouro do DI: o consentimento dos Estados que se submetem a elas e que implica que irão cumpri-las, sem que isto represente negação de sua soberania. Daí que a não obediência ao soft law , embora não possa formalmente gerar sanções clássicas do DI (como ocorre com a quebra de tratados, costumes e de PGDI), pode gerar outras modalidades de “sanção”, como a exclusão. Portanto, sob este aspecto (o efeito), o soft law se emparelha às outras fontes.
Considerando as distinções feitas, pode-se afirmar que o soft law distingue-se das fontes tradicionais do DI. Constitui-se como fonte autônoma, mas não independente, como de resto nenhuma fonte o é, pois, há sempre a possibilidade de uma intercorrelação(e.g., costume materializado em norma de soft law , norma de soft law que se torna texto de tratado etc). Diga-se que tal afirmação não é, de forma nenhuma, uma proposta absolutamente nova, considerando que a doutrina há um bom tempo vem acalentando tal entendimento.
Assim, pode-se entender o soft law como sendo um quartum genus no que diz respeito às fontes do Direito Internacional, pois, é dotado de cogência tanto quanto os costumes e os tratados, embora essa comporte gradação, porém, sua formação sendo diferente dessas outras duas fontes.
RECONHECIMENTO DE ESTADO
Arts 13 e 14 da COEA
Os Estados são as pessoas jurídicas internacionais por excelência. Ao contrário de outros sujeitos de Direito Internacional, cuja personalidade é criada e cuja capacidade é delimitada por Tratado e muito raramente pelo Costume Internacional, “os Estados são sujeitos imediatos ou primários da ordem jurídica internacional”. O Estado é hoje a forma política essencial por meio da qual toda a coletividade tem acesso à vida internacional.
O reconhecimento é um ato unilateral e livre pelo qual um Estado manifesta ter tomado conhecimento da existência de outro, como membro da comunidade internacional.
Nesta definição está já pressuposto um modo de ver quanto ao problema da natureza do reconhecimento como declarativo ou constitutivo. De fato, quem considerar o ato de reconhecimento como unilateral, enfileira na tese dos defensores do seu caráter declarativo, acontecendo o contrário com os defensores do reconhecimento como ato bilateral.
A realização de tratados bilaterais implica no reconhecimento recípocro, o que não ocorre nos tratados multilaterais.
Além do voluntarismo inerente a esta concepção, repudiamos a doutrina do efeito constitutivo por várias razões: primeiro, porque a prática internacional é justamente no sentido do efeito declarativo; por outro lado, se o reconhecimento tivesse efeito constitutivo, seria um ato retroativo, e só perante ele o Estado reconhecido assumiria em face do reconhecedor os seus deveres e responsabilidades desde o momento em que constituiu e nunca os assumiria se não fosse reconhecido.
A personalidade jurídica do Estado não surge com o reconhecimento, mas antes quando se reúnem todos os elementos constitutivos (território, comunidade nacional e governo soberano). O reconhecimento apenas consigna um fato preexistente.
O reconhecimento de um Estado pode ser expresso ou tácito. No primeiro caso, há uma declaração explícita numa nota ou num Tratado. O reconhecimento tácito é aquele que resulta de um ato que, implicitamente, mostra a intenção de tratar o novo Estado como membro da comunidade internacional.
O fato de um Estado ser membro de uma Organização Internacional não implica que tenha reconhecido todos os Estados da mesma.
Costuma-se falar ainda em reconhecimento de iure e de facto, considerando-se o segundo como um reconhecimento provisório, ou apenas referente a certo número de relações, enquanto o primeiro é definitivo e completo.
RECONHECIMENTO DE BELIGERÂNCIA
	Um grupo é Beligerante quando uma parte da população se subleva, dando origem a uma guerra civil, pretendendo desmembrar-se do Estado de que faz parte ou ocupar definitivamente o poder.
	Se a luta assume vastas proporções, de tal forma que o grupo sublevado se mostra suficientemente forte, de modo que mantém um exército organizado com o qual domina uma parte considerável do Território nacional e se mostra disposto a respeitar os deveres de neutralidade de qualquer Estado atingido pela luta ou que não possa ficar indiferente perante ela, os governos estrangeiros podem reconhecer-lhe o caráter de beligerante. Reconhecidos, os beligerantes adquirem, de fato, os direitos e deveres de um Estado.
RECONHECIMENTO DE INSURGÊNCIA
	Quando uma insurreição, com fins puramente políticos, deixa de ter o caráter de simples motim e assume proporções de guerra civil, sem, contudo, se lhe poder reconhecer o caráter jurídico desta, considera-se que existe uma situação de fato, que, não podendo ser classificada como estado de beligerância, não deve ser qualificada como situação de pura violência ou de banditismo. A esse estado de fato, que poderá ser reconhecido por governos estrangeiros, dá-se a denominação de insurgência.
	O reconhecimento não confere direitos especiais aos insurretos, mas os estados que o reconhecem não podem tratá-los como piratas ou bandidos, devendo tratá-los como prisioneiros de guerra os que caírem em seu poder, de modo que os atos insurretos são comprometerão a responsabilidade do governo legal.
	Todavia, tais insurrectos, mesmo quando reconhecidos, não podem exercer direitos de visita, de captura de contrabando de guerra, etc.
RECONHECIMENTO DE GOVERNO
	O reconhecimento do novo governo não importa no reconhecimento de sua legitimidade, mas significa apenas que este possui, de fato, o poder de dirigir o Estado e o de representá-lo internacionalmente.
	Não se pode confundir reconhecimentos de governo com o de Estados. Se a forma de governo muda, isto não altera o reconhecimento do Estado; só o novo governo terá necessidade de novo reconhecimento.
	O reconhecimento de governo pode ser expresso, tácito, de jure (quando definitivo e completo), de fato (quando provisório ou limitado a certas relações jurídicas).
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
	São associações voluntárias do Estado. Trata-se de uma sociedade entre Estados, constituída através de um tratado, com a finalidade de buscar interesses comuns através de uma permanente cooperação entre seus membros.
	A atribuição de personalidade jurídica de direito internacional é algo aleatório no texto dos tratados constitutivos de organizações internacionais. Se os pactuantes definem os órgãos da entidade projetada, assinando-lhes competências próprias a denotar autonomia em relação à individualidade dos Estados-membros, então, a partir da percepção dessa estrutura orgânica e da analise dessas competências, será possível afirmar que o tratado efetivamente deu origem a uma nova personalidade jurídica de Direito Internacional Público.
	A competência da organização para celebrar tratados em seu próprio nome é, de todas, a mais expressiva como elemento indicativo da sua personalidade.
	A assembléia geral é o órgão onde todos os Estados-membros têm voz e voto, em condições igualitárias, e que configura o centro de uma possível competência “legislativa” da entidade. Não é permanente, ela se reúne, de ordinário, uma vez por ano, e pode ser convocada em caráter extraordinário, quando exigem as circunstâncias.
	A secretaria é o órgão de administração, de funcionamento permanente, integrado por servidores neutros em relação à política dos Estados-membros. Nela, as pessoas se neutralizam enquanto duram seus mandatos. Há uma certa partilha numérica de postos, de tal modo que nenhum outro Estado-membro seja especialmente favorecido ou desprezado.
ONU E O SISTEMA DE TUTELA
	
SANTA SÉ
	A Santa Sé, também chamada de Sé Apostólica, do ponto de vista legal, é distinta do Vaticano, ou mais precisamente do Estado da Cidade do Vaticano. Este “é um instrumento para a independência da Santa Sé que, por sua vez, tem uma natureza e uma identidade própria sui generis, enquanto representação do governo central da Igreja”. O atual líder é o Papa Francisco.
	O sujeito de direito internacional é a Santa Sé. As relações e acordos diplomáticos (Concordatas) com outros estados soberanos portanto, são com ela estabelecidos e não com o Vaticano, que é um território sobre o qual a Santa Sé tem soberania.
Com poucas exceções, como a República Popular da China e a Coreia do Norte, a Santa Sé possui representações diplomáticas (Nunciatura Apostólica) com quase todos os países do mundo.
Obs.: Dá-se o nome de concordata ao tratado internacional celebrado entre a Santa Sé e um Estado, usualmente com a finalidade de assegurar direitos dos Católicos ou da Igreja Católica naquele Estado. Muitas foram assinadas quandoos Estados se laicizaram, como forma de garantir direitos para a Igreja e permitir sua existência em tais países.
Vaticano
	O Tratado de Latrão, de 1929, que criou a cidade-Estado do Vaticano, a descreve como uma nova criação (preâmbulo e no artigo III) e não como um vestígio dos muito maiores Estados Pontifícios (756-1870), que anteriormente abrangiam a região central da Itália. A maior parte deste território foi absorvido pelo Reino de Itália em 1860 e a porção final, ou seja, a cidade de Roma, com uma pequena área perto dele, dez anos depois, em 1870.
A Cidade do Vaticano é um Estado eclesiástico ou teocrático-monárquico, governado pelo bispo de Roma, o Papa. A maior parte dos funcionários públicos são todos os clérigos católicos de diferentes origens raciais, étnicas e nacionais. É o território soberano da Santa Sé (Sancta Sedes) e o local de residência do Papa, referido como o Palácio Apostólico.
MICROESTADO
Microestado também conhecido como cidade-Estado ou micronação é um Estado independente com área menor que 1 000 km². As micronações mais famosas (e economicamente importantes) são: Singapura, o microestado mais populoso do mundo, uma pequena ilha ao sul da Malásia com mais de 5 milhões de habitantes. Mônaco, um enorme bairro de 33 mil habitantes, à beira o Mar Mediterrâneo e aos pés dos Alpes, na França. Vaticano um quarteirão murado de 800 habitantes no centro da cidade de Roma, na Itália, é sede da Igreja Católica Apostólica Romana, é o menor país do mundo tanto em área quanto em população. San Marino, uma pequena vila medieval murada de 30 mil habitantes, no topo do Monte Titano, também na Itália, mas numa área rural, e não encravada em uma cidade, como o Vaticano. Liechtenstein um reino de castelos e vilas medievais de 35 mil habitantes, numa região de difícil acesso dos Alpes, entre a Áustria e a Suíça. E Bahrein um pequeno sultanato islâmico formado por 33 ilhas, situadas no meio do golfo Pérsico.
A maioria dos micropaíses constituiu-se por iniciativa e luta de povos que, ao longo da história, buscaram o reconhecimento de sua autenticidade cultural e de sua soberania, ainda que em reduzido espaço territorial. Muitas dessas nações conquistaram sua independência a partir da década de 1960, com o processo de descolonização europeia na África, na Ásia, na Oceania e na América Central. Atualmente, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece a soberania de 24 micropaíses.
É usual que os microestados tenham suporte de países vizinhos, com os quais têm algum vínculo histórico e cultural. É o caso de Mônaco, monarquia constitucional situada ao sul da França, que recebe apoio francês em várias áreas essenciais à sua soberania — como em assuntos ligados à defesa nacional, já que não possui Marinha, nem Aeronáutica.
O mesmo ocorre no âmbito jurídico. A Suprema Corte monegasca, considerada, pelo seu país, a corte constitucional mais antiga do mundo, foi estabelecida pela Constituição de 1911, cujo texto foi elaborado por renomados juristas franceses, Louis Renault, André Weiss, Jules Roche. A Constituição vigente, datada de 1962, dispõe sobre a competência da Suprema Corte, junto com a Lei 2.984, de 1963.
O tribunal máximo de Mônaco tem jurisdição administrativa e constitucional. Na esfera constitucional, é responsável por verificar a conformidade do regimento interno do órgão legislativo monegasco, o Conselho Regional, com dispositivos constitucionais, e apreciar os recursos de anulação, que podem ser interpostos em hipóteses de violação de direitos e garantias constitucionais.
A Corte é composta por cinco membros efetivos e por dois substitutos, indicados pelo príncipe após proposta dos principais órgãos do país. Os eleitos devem ter pelo menos 40 anos de idade e são selecionados “dentre juristas com particular competência”. Na prática, os juízes da Suprema Corte são professores de Direito Público de instituições francesas ou juízes aposentados do Conseil Constitutionnel da França.
CRUZ VERMELHA
Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) é uma organização humanitária, independente e neutra, que se esforça em proporcionar proteção e assistência às vítimas da guerra e de outras situações de violência.
Com sua sede em Genebra, Suíça, possui um mandato da comunidade internacional para servir de guardião do Direito Internacional Humanitário, além de ser o órgão fundador do Movimento da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
No seu constante diálogo com os Estados, o CICV insiste continuamente no seu caráter neutro e independente. Somente sendo assim, livre para atuar de forma independente em relação a qualquer governo ou a qualquer outra autoridade, a organização tem condições atender aos interesses das vítimas dos conflitos, que constituem o centro da sua missão humanitária.
Suas principais atividades são visitar prisioneiros de guerra e civis detidos; procurar pessoas desaparecidas; intermediar mensagens entre membros de uma família separada por um conflito; reunir famílias dispersas; em caso de necessidade, fornecer alimentos, água e assistência médica a civis; difundir o Direito Internacional Humanitário (DIH); zelar pela aplicação do DIH; chamar a atenção para violações do DIH e contribuir para a evolução deste conjunto de normas.
O Direito Internacional Humanitário (DIH) é um conjunto de normas - entre elas Convenções de Genebra e as Convenções de Haia - que rege as práticas de guerra com o objetivo de limitar os efeitos dos conflitos armados por razões humanitárias. Embora a prática da guerra seja muito antiga, apenas há 150 anos os Estados criaram normas internacionais para proteger as pessoas. O DIH, de quem o CICV recebeu dos Estados o mandato de guardião, é também conhecido como "Direito da Guerra" ou "Direito dos Conflitos Armados".
A CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA
MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO NACIONAL
Os Movimentos de Libertação Nacional são aqueles movimentos nacionalistas que pretendem a independência política ou económica de um território, denunciando a opressão e a dependência nacional sob regimes coloniais, neo-coloniais, racistas ou de ocupação militar. Amiúde, os movimentos de libertação nacional aderiram a programas de libertação nacional que incluíam a nacionalização de setores básicos da economia e também medidas de limitação ou restrição das atividades de empresas multinacionais.
BLOCOS REGIONAIS
	A multiplicação dos acordos e blocos econômicos regionais constitui um dos fenômenos mais marcantes do pós-Guerra Fria. A antiga paisagem plana, onde se destacava o cume praticamente solitário da Comunidade Européia, foi preenchida por cordilheiras, montanhas e morros de blocos poderosos, intermediários ou pífios, ou apenas de projetos ambiciosos de megablocos transcontinentais.
Atualmente, ao lado da União Européia, perfilam-se o Nafta, a Bacia do Pacífico e, em outra escala, o Mercosul, o Pacto Andino, o Mercado Comum Centro-Americano e muitos outros ainda menos significativos. Há também uma declaração política de países da APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico) projetando para as primeiras décadas do novo século a formação de uma zona comercial envolvendo países asiáticos e americanos.
A selva de blocos regionais não é habitada por uma única espécie de animais. Efetivamente, deve-se distinguir quatro tipos de tratados econômicos diferentes, e ainda uma modalidade de bloco regional espontâneo.
O tipo de tratado econômico menos ambicioso consiste na Zona de Livre Comércio. A sua constituição envolve apenas um acordo entre Estados destinado a, na etapa final eliminar as restrições tarifárias e não-tarifárias que incidem sobre a circulação de mercadorias entre os integrantes. Trata-se de um acordo circunscrito à esfera comercial, que não implica compromissos a respeito do intercâmbio de cada Estado com países externos ao bloco. Teoricamente, um integrante de determinada zona de livre comércio pode se associar a outras zonas similares.
A finalidade de um tratado de livre comércio, do ponto devista da teoria econômica, é ampliar a exposição da economia dos países integrantes à concorrência externa, a fim de estimular ganhos de produtividade na estrutura produtiva nacional. O Nafta é, atualmente, o mais ilustre representante dessa espécie que vaga pelas planícies da selva de blocos regionais.
Um pouco mais ambicioso é o tratado de União Aduaneira. Trata-se também de um acordo circunscrito à esfera comercial, mas define duas metas: a eliminação das restrições alfandegárias e a fixação de uma tarifa externa comunitária. Essa tarifa externa consiste em um imposto de importação comum cobrado sobre mercadorias provenientes de países externos ao bloco. Obviamente, um integrante de determinada união aduaneira não pode se associar a outro tratado econômico que projete a eliminação de restrições comerciais.
A finalidade de uma união aduaneira é atrair investimentos produtivos para o interior do território recoberto pelo tratado. As empresas que nele se instalam - sejam elas controladas por capitais internos ou externos - beneficiam-se do tamanho do mercado consumidor gerado pela regra de livre comércio e da proteção alfandegária comum contra a concorrência de empresas exteriores ao bloco. O Mercosul projeta tornar-se uma união aduaneira.
Nos planaltos da selva dos blocos encontra-se o hábitat de um animal superior: o Mercado Comum. O tratado de Mercado Comum engloba as regras da união aduaneira, mas não se contenta com elas. Ele tem por objetivo assegurar, além da livre circulação de mercadorias, a de capitais, serviços e pessoas, através das fronteiras políticas dos países integrantes. Dessa forma, não se restringe à esfera comercial, invadindo os domínios da legislação industrial, ambiental, financeira e educacional.
Em termos de teoria econômica, o mercado comum almeja estimular a integração internacional das corporações produtivas e financeiras no interior do bloco. A idéia consiste em unificar praticamente todas as dimensões dos mercados nacionais, criando um mercado regional poderoso, capaz de funcionar como trampolim para que as empresas instaladas no seu interior possam concorrer vantajosamente no espaço global. O grande representante dessa espécie é a União Européia.
Nos cumes mais altos da selva, existe um animal mítico, que jamais viveu realmente: a União Econômica e Monetária. Esse animal mítico foi criado pelos governos europeus no Tratado de Maastricht. A União Européia pretende tentar o salto mortal para se transfigurar na primeira união econômica e monetária da história.
A união econômica e monetária é um mercado comum acrescido de uma moeda única. No seu interior, as moedas nacionais seriam substituídas por uma divisa comunitária, emitida e controlada por um banco central supranacional.
Por isso, diferentes análises podem conduzir a distintas delimitações dessas áreas. Pelo mesmo motivo, com o tempo, áreas desse tipo se alastram ou se contraem, independentemente da vontade dos governos ou da ação dos diplomatas.
A multiplicação dos blocos regionais ameaça fragmentar a economia mundial, isolando macro-áreas fechadas sobre si mesmas? Seria a tendência à regionalização um obstáculo para a integração global dos mercados" A teoria econômica explica que a formação de áreas regionais de livre comércio acarreta duas conseqüências simultâneas. De um lado, fluxos comerciais direcionados, em função da atração exercida pela remoção de barreiras alfandegárias. De outro, criam-se novos fluxos comerciais, na medida em que a retirada de barreiras alfandegárias estimula a importação de mercadorias a custos mais baixos. O primeiro fenômeno atua contra a tendência à globalização; o segundo atua a favor.
Atualmente, o forte crescimento do comércio mundial indica que a criação de novas oportunidades de intercâmbio é mais intensa que o redirecionamento de fluxos já existentes. A causa desse predomínio é simples: as políticas econômicas liberais têm suplantado as estratégias protecionistas, de forma que os países integrantes de blocos regionais preferem rebaixar também as tarifas que cobram de mercadorias importadas de fora do seu bloco. Os acordos multilaterais alcançados no âmbito do GATT e as regras da Organização Mundial de Comércio funcionam como garantias da continuidade desse movimento liberalizante.
Mas a globalização não se circunscreve (restringe) ao comércio. No terreno dos investimentos e da ampliação da área de atuação geográfica das transnacionais, os blocos econômicos representam verdadeiros trampolins para a estruturação de um mercado globalizado.
A regionalização não representa uma barreira para a globalização. Os blocos regionais, pelo contrário, formam a estrutura orgânica da economia mundial. Por isso, o fortalecimento da última implica a multiplicação dos primeiros.
http://octalberto.no.sapo.pt/Direito_Internacional_Publico.htm
http://www.concursos.com.br/Direito%20Internacional.pdf <<<< LIVRO
PÁG 44
http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12240 ESTADO

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