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Educação emocional no seio familiar

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Habilidades sociais na infância e adolescência: A base de socialização
Carmem Aristimunha de Oliveira
RESUMO
Este artigo tem como objetivo contribuir para uma reflexão sobre a influência do contexto familiar nas habilidades sociais na infância e adolescência de forma a resultar um bom desempenho comportamental e escolar. As habilidades sociais ocorrem num processo constante desde a infância até a maturidade e a família constitui ambiente essencial na formação do desenvolvimento dessas habilidades. Este artigo explora o papel da família no desenvolvimento dessas habilidades, destacando a importância das práticas e estilos parentais na formação de habilidades cognitivas e socioemocionais. O presente estudo tem como recurso literário autores psicólogos e materiais sobre Habilidades Sociais Educativas (HSE). A identificação destas informações permite que se reflita sobre a fase infantil e adolescência, no que tange na formação comportamental do indivíduo social.
Palavras chave: família, desenvolvimento, habilidades sociais educativas.
INTRODUÇÃO
O homem é em sua essência um ser social, dotado de pensamentos, emoções e atitudes que permeiam as suas relações sociais e que durante todo o percurso de sua vida está em constante interação com outras pessoas, tendo como objetivo vivenciar relações saudáveis e produtivas. Nessa construção, os indivíduos se utilizam de estratégias que servem como mediadoras no processo de comunicação, essas estratégias podem ser entendidas como habilidades sociais, definidas como um conjunto de classes de comportamentos que o indivíduo apresenta para atender as diversas demandas existentes nas relações sociais cotidianas. As habilidades sociais podem ser aprendidas durante toda a vida e possuem uma significativa relevância em cada fase do desenvolvimento humano. O estudo das habilidades sociais tem crescido significativamente nos últimos anos, devido a sua aplicação em diferentes contextos e ao grande impacto que um déficit em habilidades sociais pode gerar na saúde e na qualidade de vida. Encontra-se na literatura diversas intervenções propostas para o desenvolvimento e tratamento destas habilidades, porém a introdução primária das habilidades sociais encontra-se no seio familiar através das habilidades sociais educativas. O objetivo do documento é contribuir para uma reflexão sobre a importante influência e relevância que a família introduz aos indivíduos através de habilidades sociais educativas que é um conceito integrante do campo das Habilidades Sociais. As HSE são definidas como aquelas intencionalmente voltadas para a promoção do desenvolvimento e da aprendizagem do interlocutor, em situação formal ou informal. A família é a base no processo de desenvolvimento das habilidades sociais em todo ciclo vital. A infância tem sido considerada uma etapa importante para esse processo de aprendizagem devido ao fato de ser primordial a intervenção que a família promoverá através das habilidades sociais educativas na criança para todas as fases subsequentes. A família tem atravessado inúmeras mudanças e transformações na estrutura de pensamentos, valores, tempo dedicado às crianças, o consumismo, a má utilização da tecnologia e falta de limites trazendo assim, reflexos em todo processo de desenvolvimento. As relações familiares em seu caminho percorrido marcam profundamente a relação do indivíduo no ambiente escolar, por exemplo. A escola trabalha em parceria com a família consolidando a busca da construção da personalidade saudável da criança em suas áreas emocional, intelectual, física e social. Neste contexto é importante se considerar todos os problemas vivenciados hoje nas escolas em relação à indisciplina, a falta de respeito ao outro, agressividade nos relacionamentos e bullying. Diante dos problemas apresentados é fundamental que família e escola estejam em uma relação de confiabilidade mútua e compartilhando a mesma linguagem nas estratégias encontradas em busca de soluções, que é o bem-estar no desenvolvimento da criança para que evolua plenamente suas habilidades sociais. Tais preocupações são de fato reforçadas pelas evidências empíricas que correlacionam alguns déficits, com uma variedade de problemas psicológicos, como: delinqüência juvenil, desajustamento escolar, suicídio, como também síndromes clínicas do tipo depressão e esquizofrenia. Ferramentas de intervenção que tenham como objetivo a aprendizagem de comportamentos que facilitem as relações interpessoais, como é o caso do treinamento em habilidades sociais (THS) têm sido apontadas como uma estratégia que pode ser utilizada, porém esses treinamentos têm sua aplicabilidade, na fase infantil, com instrumentos que a criança não detém total domínio. Com base na relação existente entre déficits em habilidades sociais e a intervenção que os responsáveis promovem através das habilidades sociais educativas como meio de prevenção e redução de problemas de comportamento, de forma a evitar dificuldades escolares e de socialização na infância e adolescência foi realizado esse artigo utilizando-se como fonte de informação a literatura especializada.
DESENVOLVIMENTO
A comunicação entre as pessoas está presente em todo o ciclo da vida, ocorrendo nos mais diferentes contextos e de formas diversificadas, alguns pilares básicos como viver em grupo, solucionar problemas em situações conflituosas e expressar sentimentos, podem beneficiar as relações existentes no cotidiano, os seres humanos passam grande parte do tempo envolvidos em alguma forma de comunicação interpessoal. É nesse contexto que as habilidades sociais se manifestam, em virtude da crescente complexidade das demandas sociais existentes nos níveis pessoal e profissional, diversos autores e trabalhos são direcionados a uma pesquisa na fase infantil e juvenil, já que a habilidade social educativa, nessas fases, refletirão na vida adulta. As autoras, abaixo elencadas, são exemplos de profissionais que detém vários trabalhos voltados para o tema, inclusive serviram como importantes ferramentas de pesquisa para o capítulo utilizado como base para o referido artigo. São elas:
Pethymã P. Magalhães: Graduada em Psicologia pela Universidade Católica de Goiás (2003). Atualmente é Supervisora voluntária do Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado de Goiás.
Sheila G. Murta: Psicóloga (Pontifícia Universidade Católica de Goiás-1995), especialista em Análise Política e Políticas Públicas (2013), mestre em Psicologia do Desenvolvimento Humano (1998) e doutora em Psicologia Social e do Trabalho (2005, Universidade de Brasília-UnB). Realizou estágio de doutoramento ("doutorado sanduíche") na Queensland University of Technology, em Brisbane, Austrália (2004). Pós-Doutora pela Universidade Federal de São Carlos (2010) e Universidade de Maastricht-Holanda (2014). É professora associada no Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia e orientadora no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura da Universidade de Brasília. É membro do GT-ANPEPP "Relações Interpessoais e Competência Social". Coordenadora do Grupo de Estudos em Prevenção e Promoção de Saúde no Ciclo de Vida (GEPPSVida - www.geppsvida.com.br). Investiga o desenvolvimento, a avaliação, a difusão e a adaptação cultural de programas de promoção de saúde mental e prevenção a riscos para transtornos mentais para pessoas em diferentes estágios e transições do ciclo de vida. 
M. V. Trianes: Professora de Psicologia Educacional na Universidade de Málaga. Ela é especialista em educação de habilidades sociais em crianças e adolescentes e prevenção de violência entre pares e violência escolar. Publicou vários livros e artigos em revistas sobre a análise da violência escolar e o clima de classe e centro.
Alessandra Turini Bolsoni-Silva: possui graduação em Formação de Psicólogo pela Universidade Federal de São Carlos (1999), graduação em Bacharel Em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos (1997), mestrado em Educação Especial (Educação do IndivíduoEspecial) pela Universidade Federal de São Carlos (2000) e doutorado em Psicologia pela Universidade de São Paulo (2003). A docente possui Pós-Doutorado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (2009) e Livre Docente (Adjunto 3) em Psicologia Clínica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp-Bauru). Atualmente é Professora Adjunta em Psicologia Clínica da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Bauru), lecionando no curso de Psicologia e no Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Tem experiência na área de Psicologia, atuando principalmente nos seguintes temas: habilidades sociais, habilidades sociais educativas, análise do comportamento, relacionamento pais-filhos, relacionamento conjugal, depressão e fobia social em universitários, avaliação e terapia comportamental, psicologia baseada em evidência. Pertence a três Grupos de Pesquisa Cnpq: Aprendizagem, Desenvolvimento e Saúde Mental do Escolar (Coord. Profa. Dra. Sonia Regina Loureiro); Relações Interpessoais e Habilidades Sociais (Coord. Profa. Dra. Zilda Ap. Pereira Del Prette) e REDETAC - Rede de colaboração interinstitucional para a pesquisa e o desenvolvimento das Terapias Analítico-Comportamentais (Coord. Prof. Dr. Denis Zamignani). Participa do Grupo de Pesquisa Anpepp Relações Interpessoais e Competência Social. A docente é Bolsista Produtividade do CNPq. Até o momento teve quatro projetos de pesquisa regular apoiados pela FAPESP e um pelo CNPq. Conta com a orientação de projetos de iniciação científica, doutorado e mestrado com financiamento pela FAPESP e CNPq. Adicionalmente, a docente têm prestado assessorias a Agências de Fomento e consultorias à diversas revistas científicas. Atua como Editora Associada da Revista Perspectivas em Análise do Comportamento (2017-2018).
Edna Maria Marturano: Tem graduação em Psicologia - Ribeirão Preto pela Universidade de São Paulo (1968), mestrado em Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo (1971) e doutorado em Ciências (Psicologia) pela Universidade de São Paulo (1973). Aposentou-se como professora titular da Universidade de São Paulo, na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Tem experiência nas áreas de Psicologia do Desenvolvimento e Tratamento e Prevenção Psicológica, atuando principalmente nos seguintes temas: fatores de risco e proteção ao desenvolvimento da criança; promoção do desenvolvimento na escola; prevenção de problemas de comportamento em diferentes contextos; apoio psicopedagógico nas dificuldades de aprendizagem; família e desempenho escolar.
Vale ressaltar um importante estudo na Universidade Católica de Goiás realizado em 2002, chamado “Treinamento de Habilidades Sociais em Universitários: uma proposta de intervenção“, pelas autoras Pethymã P. Magalhães e Sheila G. Murta. Nesse trabalho, por entenderem que estaria sendo negligenciado o ensino formal de habilidades sociais (HS) na formação de psicólogos, o estudo avaliou os efeitos de um treinamento em HS sobre o repertório socialmente em 13 estudantes. Foram realizadas 10 sessões grupais e utilizadas vivências, ensaio comportamental, reestruturação cognitiva e relaxamento. Os participantes responderam ao Inventário de Habilidades Sociais, antes e após a intervenção. Os dados foram analisados quantitativamente e o repertório de HS dos participantes classificado clinicamente. O grupo, em média, melhorou em todos os escores fatoriais de HS e o repertório de HS grupal progrediu na classificação clínica em todos os fatores. Os resultados indicaram que os participantes desenvolveram HS, mas a ausência de controles impede a atribuição de causalidade ao programa. Com a pesquisa foi observado inclusive que, na infância, as práticas educativas parentais (práticas em consonância com atividades propositadas no sentido de assegurar a sobrevivência e o desenvolvimento da criança, num ambiente seguro, de modo a socializar a criança e atingir o objetivo de torná-la progressivamente mais autônoma), promoção do autocontrole e formas de relacionamentos ajudam no desenvolvimento das habilidades sociais. Outros fatores deve ser levado em consideração quando o propósito é a construção da base emocional, psicológica e social dos indivíduos, como ajudar as crianças e adolescentes a formarem uma imagem positiva de si mesmas, conseguir que desde cedo aprendam a se valorizar, se gostar e a proteger o seus direitos e sua identidade, investir na sua qualidade de vida e dar asas ao seu potencial pessoal, tudo isso reflete no desenvolvimento das habilidades sociais. No entanto, em algumas ocasiões a família se encontra envolvida em favorecer nelas as habilidades curriculares e em conseguir que elas sejam boas em matemática e habilidosas em inglês, e descuidam completamente do que é essencial, por exemplo: favorecer uma imagem positiva de si mesmas; estar presente na vida da criança ou adolescente, dedicação não é só estar “presente”, mas que a presença seja positiva, favorecedora e inspiradora, na infância, a criança que se sente competente constrói diariamente uma adequada autoestima; evitar a todo custo os estereótipos, não fazer comparações com outras crianças, nem com irmãos ou qualquer outra pessoa, a criança é única, é valiosa e capaz de fazer coisas incríveis sozinha; valorizar sempre os esforços dela. Ensinar as crianças a arte da assertividade deve ser uma das maiores prioridades como responsáveis. Essa área se relaciona também com a autoestima, mas vai além, é a habilidade de saber proteger e reclamar os direitos, entender que as outras pessoas também merecem o mesmo respeito que ela, é a essência mais saudável da nossa sociabilidade, da mesma forma, antes de dar uma bronca ou fazer uma crítica negativa, ensinar a ela a forma correta de fazer as coisas. Explorar o papel da família no desenvolvimento da primeira infância, destacando a importância das práticas e estilos parentais na formação de habilidades cognitivas e socio-emocionais, propondo uma visão inclusiva das famílias como parte das políticas públicas da infância, focando o potencial das práticas positivas e estilos parentais participativos no desenvolvimento infantil indica que a construção da socialização se formará nas interações com sua família, esta considerada a rede mais imediata de cuidado e afeto, mas também na qual pode existir privações para as crianças. Nesse sentido, define-se um marco analítico dos fatores que influenciam a função de cuidado da família estabelecendo fatores de proteção, e ao mesmo tempo, fatores de risco para o bem-estar infantil. Maior ênfase é dada às dinâmicas das famílias e que definem a qualidade das experiências às quais são expostas as crianças e que influenciam o processo de desenvolvimento em suas diferentes etapas. Há períodos da vida, em que determinadas influências são de maior impacto para o desenvolvimento, o período correspondente ao início da escolaridade pode ser considerado um período sensível para a trajetória do desempenho escolar, os dois maiores desafios da socialização, enfrentados pela criança em idade escolar, consistem em se ajustar às exigências do professor e em responder às expectativas dos colegas, o que versará nessa fase é a aceitação, reciprocidade e vínculos de amizades, se a criança falhar nesses desafios, pode ter, como consequência, o risco do fracasso escolar e da rejeição pelos colegas, como também pode correr o risco de desenvolver outros padrões de comportamentos problemáticos. Atualmente, os cientistas compreendem o desenvolvimento humano como a junção entre os domínios físico, cognitivo, emocional e social. O desenvolvimento humano é o resultado do desenvolvimento dessas várias dimensões conjuntamente, não acontecendo isoladamente umas das outras. Na infância e adolescência, mantendo o estímulo através de disciplina consciente, interação positiva, monitoramento e supervisão das atividades realizadas, resultará pelos educadores responsáveis, a adequação comportamental, ou seja, um bom desenvolvimentonas habilidades sociais educativas, que é uma forma de prevenção e redução de problemas de comportamento e que evita dificuldades escolares e de socialização. Desenvolver habilidades sociais na infância não só ajuda a construir relações mais positivas, como também faz com que as crianças interajam melhor com os demais. As crianças desenvolvem grande parte do seu aprendizado por meio da observação, a imitação e a interação contínua. Todos esses processos são conhecidos como “sociabilidade” e os mesmos compõem a base determinante da vida de uma criança. Desse modo, dependendo da qualidade destes processos e das experiências vividas, as percepções, as relações construídas e os aspectos sócio emocionais assumidos, se construirão habilidades sociais saudáveis e eficazes ou, ao contrário, um conjunto de carências que costumam ser bastante problemáticas quando chega o período da pré-adolescência. Por outro lado, o que os especialistas em psicologia infantil comentam com muita frequência é que a realidade social atual se mostra bastante mais complexa para as crianças do que no passado ela foi para os seus pais. A sociedade se modifica constantemente, o mundo na contemporaneidade, com os avanços tecnológicos, apresenta diariamente novas formas de comunicação e as constantes mudanças de regras da sociedade posicionam as crianças em uma área extremamente ampla onde elas encontram dificuldade para se orientar, as crianças rotineiramente se deparam com diversas situações que exigem delas aprendizagens de novos conhecimentos para que possam responder de maneira satisfatória a essas demandas. As formas de relacionamento e até o modo como conhecemos pessoas mudou, as redes sociais e os aplicativos de mensagens são mais dinâmicos, oferecendo oportunidades muito rápidas, não têm filtros, mecanismos de controle e, em instantes, obviamente, são muito perigosos. É positivo que o desenvolvimento social das crianças se amplie em várias áreas, muitos âmbitos e novos cenários. Também é vital colocar à disposição infantil estas ferramentas, suficientes e necessárias para que elas possam se desenvolver de maneira eficaz e saudável em uma esfera social cada vez mais rica, mais ampla, o que é muito valioso. Daí a importância do aprendizado das habilidades sociais educativas. Uma das estratégias mais eficazes para ensinar habilidades sociais infantis é criar uma “linguagem social” a partir de tenra idade. Trata-se de um tipo de linguagem acima de tudo bastante compreensível, básica e eficaz, já que nessa fase a tendência é que haja muito mais receptividade a tudo que acontece no seu entorno. Esta linguagem social favorecerá o desenvolvimento precoce das habilidades sociais infantis e está baseada nas seguintes áreas:
Aprender a exercer uma escuta ativa. Não podemos falar enquanto outra pessoa está nos dizendo algo, nós temos que respeitar os intervalos. Isso é algo que custa um pouco porque o seu autocontrole ainda é muito limitado. Por outro lado, a melhor forma de ensiná-las é com o exemplo: se nós não as interrompemos, elas aprenderão a não nos interromper.
As crianças devem aprender a mostrar gratidão, saber quando e como se desculpar e incluir um “por favor” nas suas solicitações. Nós as ensinaremos já, seja de maneira implícita ou explicita, a diferença entre um pedido e uma exigência.
A linguagem social adequada também inclui diferentes “ensinamentos”: as de dar reforços positivos, saber dizer “obrigado”, saber tolerar, dividir, reconhecer quando alguém faz algo bem e quando nós estamos errados.
Desta forma, o artigo também propõe uma visão inclusiva das famílias como parte no potencial das práticas parentais positivas e estilos parentais participativos no desenvolvimento infantil. Levando em consideração as demandas interpessoais mais freqüentes encontradas na infância e adolescência, propõe-se um sistema de sete classes de habilidades sociais entendidas como essenciais para o desenvolvimento interpessoal do indivíduo. A adolescência é uma fase decisiva no processo pois é nesse momento que ele começa a reclamar a sua autonomia precoce, a formar a personalidade, além de aprender um conjunto de habilidades sociais para atender às demandas das diferentes situações sociais, precisa articular fatores pessoais, da situação para apresentar um desempenho socialmente competente. Esta articulação implica coerência entre sentimentos, pensamentos e ações e está na base do conceito de competência social, que é a capacidade de articular sentimentos, pensamentos e ações de objetivos pessoais e de demandas da situação, gerando consequências positivas para o indivíduo e para a sua relação com as demais pessoas. Deve-se oferecer às crianças e adolescentes ferramentas apropriadas para que elas aprendam a administrar precocemente as suas emoções. Só assim elas irão perceber que a raiva ou a ira, por exemplo, devem ser controladas previamente para poder demostrar uma irritação, uma decepção ou uma contradição de maneira correta e inteligente.
 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, a aprendizagem de habilidades sociais se dá continuamente durante toda vida, permitindo assim que possíveis déficits sejam superados. Fatores constitucionais inatos como temperamento e capacidade sensorial influenciam as interações iniciais da criança, porém é inquestionável o papel das experiências de aprendizagem, planejadas ou não, na determinação do estilo interpessoal que a criança pode vir a desenvolver. A força e coerência dessas aprendizagens dependem das condições que as crianças encontram nos ambientes dos quais participam, o que influi diretamente sobre a qualidade de suas relações interpessoais subsequentes (DEL PRETTE E DEL PRETTE, 2005). A família é considerada a rede mais imediata de cuidado e afeto, mas também na qual pode existir privações para as crianças. Nesse sentido, define-se um marco analítico dos fatores que influenciam a função de cuidado da família estabelecendo fatores de proteção, e ao mesmo tempo, fatores de risco para o bem-estar infantil. Maior ênfase é dada às dinâmicas das famílias e que definem a qualidade das experiências às quais são expostas as crianças e que influenciam o processo de desenvolvimento em suas diferentes etapas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1992), Especialização em Diagnóstico Psicológico pela Pontifícia Universidade Católica do Rio grande do Sul (1995) e mestrado em Psicopatologia Psicologia Clínica pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada (1999). Atualmente é professor adjunto com mestrado da Universidade Luterana do Brasil. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Fundamentos e Medidas da Psicologia, atuando principalmente nos seguintes temas: avaliação psicológica, personalidade e avaliação na área jurídica.

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