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1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE QUÍMICA – IQ OPERAÇÕES UNITÁRIAS E PROJETOS INDUSTRIAIS NOTAS DE AULA MODELAGEM E SIMULAÇÃO DE PROCESSOS QUI 08-09541 PROFESSOR JULIO CESAR SAMPAIO DUTRA Modelagem, Simulação e Controle de Processos - LMSCP Programa de Engenharia Química COPPE – UFRJ e-mail: juliosdutra@yahoo.com.br RIO DE JANEIRO, 2010. 2 MODELAGEM E SIMULAÇÃO QUI 08-09541 1) ANO 2) SEM. 2010 I 3) UNIDADE: Instituto de Química 4) DEPARTAMENTO Operações e Projetos Industriais 5) CÓDIGO QUI08 - 09541 6) NOME DA DISCIPLINA Modelagem e Simulação ( x ) obrigatória eletiva ( ) universal 7) CH 30 8) CRÉD 02 ( ) definida ( ) restrita 9) CURSO(S) Engenharia Química 10) DISTRIBUIÇÃO DE CARGA HORÁRIA TIPO DE AULA SEMANAL SEMESTRAL TEÓRICA 02 30 PRÁTICA LABORATÓRIO ESTÁGIO TOTAL 02 30 11) PRÉ-REQUISITO (A): 12) CÓDIGO 11) PRÉ-REQUISITO (B): 12) CÓDIGO 11) CO-REQUISITO 12) CÓDIGO 13) OBJETIVOS Introduzir os conceitos de modelagem matemática de processos da engenharia química a- través da aplicação das leis fundamentais de conservação de massa, energia e quantidade de movimento e de métodos matemáticos e computacionais para a simulação e otimização de processos e operações da indústria química. Ao final da disciplina o aluno será capaz de for- mular modelos matemáticos capazes de descrever o comportamento de sistemas de interesse para engenharia química. 14) EMENTA Conceito de modelo. Equações constitutivas. Transformada de Laplace: definição, propri- edades, transformada inversa. Sistemas de primeira ordem: modelagem de processos térmicos, de nível de tanque de mistura, reator químico; funções de transferência e diagrama de blocos; respostas a diferentes funções perturbadoras – degrau, impulso, rampa e senóide; conceito de ganho e de constante de tempo morto. Sistemas de segunda ordem e ordem superior: função de transferência; resposta à função degrau; Análise da resposta do sistema amortecido; respos- ta da função senoidal. 15) BIBLIOGRAFIA 1. Seborg, D., Edgard, T. F., Mellichamp, D. A., Process Dynamics and Control, John Wiley & Sons, 1995. 3 CRONOGRAMA A. AULAS Março/2010 111 182 253 Abril/2010 014 085 156 22*7 298 Maio/2010 069 1310 2011 2712 Junho/2010 03*13 1014 1715 2416 Julho/2010 0117 0818 1519 *FERIADOS: 22/abril//2010 (dia entre Tiradentes e São Jorge – ainda a confirmar) 03/junho/2010 (Corpus Christi). B. AVALIAÇÕES PROVA 1: 06/maio/2010 PROVA 2: 01/julho/2010 PROVA 2ª CHAMADA: 08/julho/2010 PROVA FINAL: 15/julho/2010 C. ANOTAÇÕES 4 Sumário 1. Introdução a Modelagem e Simulação de Processos .......................................................................... 7 1.1. Introdução......................................................................................................................................... 8 1.2. A importância da modelagem e simulação de processos ................................................................. 8 1.3. Conceitos básicos de modelagem e simulação ............................................................................... 10 1.4. Classificação da natureza dos modelos .......................................................................................... 12 1.4.1. Definição das variáveis ............................................................................................................ 13 1.4.2. Variáveis temporais ................................................................................................................ 13 1.4.3. Variáveis espaciais .................................................................................................................. 13 1.4.4. Grau de certeza das variáveis e parâmetros ........................................................................... 14 1.4.5. Baseada na linearidade ........................................................................................................... 14 1.5. Classificação da estrutura matemática dos modelos ..................................................................... 15 2. Leis Fundamentais e Elementos Adicionais dos Modelos de Processos ............................................ 18 2.1. Introdução....................................................................................................................................... 19 2.2. Princípio de Conservação de Massa ................................................................................................ 19 2.2.1. Balanço de Massa Global (Equação da continuidade total) .................................................... 19 2.2.2. Balanço de Massa por Componente ....................................................................................... 20 2.3. Princípio de Conservação de Energia .............................................................................................. 20 2.4. Princípio de Conservação de Momento .......................................................................................... 22 2.5. Elementos Adicionais de Modelos de Processos ............................................................................. 22 2.5.1. Equações de Transporte ......................................................................................................... 22 2.5.2. Equações de estado ................................................................................................................ 23 2.5.3. Cinética química ...................................................................................................................... 23 2.5.4. Equilíbrio ................................................................................................................................. 24 2.5.4.1. Equilíbrio químico ..................................................................................................... 24 2.5.4.2. Equilíbrio de fase ....................................................................................................... 25 2.5.5. Tempo morto .......................................................................................................................... 26 3. Modelos Matemáticos Clássicos da EQ ............................................................................................ 27 3.1. Tanque de nível ............................................................................................................................... 28 3.2. Tanque de mistura .......................................................................................................................... 29 3.3. Reator de tanque agitado (CSTR) isotérmico .................................................................................. 32 3.4. Tanque de aquecimento agitado .................................................................................................... 35 3.5. Reator de mistura perfeita (CSTR) não isotérmico .......................................................................... 38 3.6. Reator batelada .............................................................................................................................. 42 5 4. Linearizaçãoe Variáveis-desvio ....................................................................................................... 46 4.1. Linearização .................................................................................................................................... 47 4.1.1. Introdução ............................................................................................................................... 47 4.1.2. Desenvolvimento .................................................................................................................... 47 4.2. Variáveis-desvio .............................................................................................................................. 48 5. Transformadas de Laplace ............................................................................................................... 52 5.1. Introdução....................................................................................................................................... 53 5.2. Definição ......................................................................................................................................... 53 5.3. Transformadas de Laplace de algumas funções básicas ................................................................ 54 5.4. Propriedade linear das Transformadas de Laplace ......................................................................... 57 5.5. Resolução de uma EDO Linear ........................................................................................................ 57 5.6. Expansão em frações parciais ......................................................................................................... 58 5.6.1. As raízes de ( )Q Q s são reais e distintas. ........................................................................ 59 5.6.2. As raízes de ( )Q Q s são complexas conjugadas. ............................................................. 60 5.6.3. As raízes de ( )Q Q s são reais e repetidas. ....................................................................... 61 5.6.4. Presença de tempo-morto ...................................................................................................... 62 6. Função de Transferência .................................................................................................................. 63 6.1. Introdução....................................................................................................................................... 64 6.2. Definição ......................................................................................................................................... 64 6.3. Desenvolvimento de uma função de transferência......................................................................... 65 6.4. Propriedades da função de transferência ....................................................................................... 67 6.5. Procedimento para desenvolvimento de uma função de transferência ......................................... 69 7. Comportamento Dinâmico de Sistemas de Primeira Ordem ............................................................ 70 7.1. Introdução....................................................................................................................................... 71 7.2. Definição ......................................................................................................................................... 71 7.3. Resposta transiente a uma perturbação degrau unitário............................................................... 73 7.3.1. Sistema puramente capacitivo ou integrador ......................................................................... 73 7.3.2. Sistema atraso de primeira ordem ......................................................................................... 73 7.4. Algumas características de sistemas de primeira ordem ............................................................... 74 8. Comportamento Dinâmico de Sistemas de Segunda Ordem e de Ordem Superior .......................... 76 8.1. Introdução....................................................................................................................................... 77 8.2. Definição ......................................................................................................................................... 77 8.3. Resposta transiente a perturbação degrau unitário ....................................................................... 78 8.3.1. Resposta superamortecida ou não oscilatória ( 1 ) .......................................................... 79 6 8.3.2. Resposta criticamente amortecida ( 1 )............................................................................ 79 8.3.3. Resposta subamortecida ou oscilatória ( 1 ) .................................................................... 80 8.3.3.1. Sobre-elevação (overshoot) - BA / ........................................................................ 80 8.3.3.2. Razão de declínio (decay ratio) - AC / ................................................................... 81 8.3.3.3. Período de oscilação - T .......................................................................................... 81 8.3.3.4. Período natural de oscilação - nT ............................................................................. 81 8.3.3.5. Tempo de resposta (settling time) - rt ..................................................................... 81 8.3.3.6. Tempo de ascensão (rise time) - at .......................................................................... 82 8.3.4. Resposta oscilatória com amplitude constante ( 0 ) ........................................................ 82 8.3.5. Resposta instável ( 0 ) ...................................................................................................... 82 9. Sistemas Multicapacitivos ................................................................................................................ 83 9.1. Introdução....................................................................................................................................... 84 9.2. Sistemas em série sem interação .................................................................................................... 84 9.3. Sistemas em série com interação ................................................................................................... 87 10. Exercícios ....................................................................................................................................... 90 7 CAPÍTULO I 1. INTRODUÇÃO A MODELAGEM E SIMULAÇÃO DE PROCESSOS 8 1.1. Introdução O interesse industrial em técnicas e pacotes computacionais para a modelagem e simulação de processos tem crescido muito nos últimos anos, in- fluenciado por vários fatores, tais como a redução de custos, o aumento do de- sempenho da produção, as análises de segurança e risco, a redução de emis- sões de componentes químicos e a reprodutibilidade de produtos de qualida- des especificadas. Entretanto, essas ferramentas ainda não são largamente empregadas devido à complexidade envolvida na obtenção e na análise dos modelos associada ainda à falta de treinamento dos engenheiros de processo. Na medida em que um processo torna-se mais complexo, há uma ne- cessidade maior de técnicas para análise dos problemas associados com o projeto e operação. Análises modernas desse tipo de problema envolvem al- guma forma de modelagem matemática e isto deveria atrair engenheiros quí- micos em favor da competitividade das plantas comerciais. Naturalmente,existem vários modelos matemáticos para o mesmo sis- tema, cada um ajustado para resolver um problema particular, onde o grau de detalhamento requerido depende do problema a ser resolvido e da quantidade de dados disponíveis. Quanto mais rigorosa a descrição de um processo quí- mico for, maior e mais difícil de tratar é o conjunto de equações resultantes. Embora elas possam ser resolvidas, é aconselhável ao analista usar julgamen- tos de engenharia para reduzir as equações para um conjunto menos complexo que, para propósitos práticos, resultará em soluções dentro da precisão dos dados proporcionados. Para tanto, o objetivo desta disciplina é apresentar os conceitos fun- damentais relativos à modelagem de processo de interesse à Engenharia Quí- mica tendo em vista o desenvolvimento de equações matemáticas que descre- vam adequadamente o comportamento destes processos. Tais equações cons- tituem um modelo matemático do processo e a solução deste modelo (geral- mente, por procedimentos numérico-computacionais) consiste na chamada si- mulação do processo. Neste contexto, enquanto modelar implica na aplicação de métodos ci- entíficos para caracterizar ou especificar matematicamente uma dada situação, simular sugere o desenvolvimento de procedimentos para solucionar as equa- ções matemáticas encontradas e apresentar os resultados obtidos da solução. 1.2. A importância da modelagem e simulação de processos Modelos matemáticos podem ser úteis em todas as fases da engenha- ria química, desde a pesquisa e desenvolvimento até a operação da planta, sendo de grande importância para a compreensão do processo e visualização da relação causa-efeito. De um modo geral, a modelagem de processos permite um maior grau de conhecimento do processo, a otimização de sua operação a partir de dados econômicos, testes de condições operacionais extremas, a estimativa de efei- 9 tos de incerteza e sensibilidade paramétrica e o projeto de estruturas de contro- le. É usualmente muito mais barato, seguro e rápido conduzir os tipos de estu- dos listados acima sobre um modelo matemático do que realizar testes experi- mentais na unidade em operação. Isto não quer dizer que não se necessita de testes na planta, pois eles são partes vitais na confirmação da validade do mo- delo. A lista abaixo apresenta as áreas de trabalho do Engenheiro químico, onde a modelagem desempenha um papel fundamental. Pesquisa e desenvolvimento Determinação de mecanismos cinéticos e parâmetros a partir dos da- dos de reação em laboratório e em planta piloto; exploração dos efei- tos de diferentes condições de operação para estudos de otimização; auxílio nos cálculos de scale-up. Projeto Exploração do dimensionamento e arranjo de equipamentos de pro- cesso para desempenho dinâmico; estudo das interações de várias partes do processo; cálculo de estratégias alternativas de controle; simulação da partida, parada situações e procedimentos de emergên- cia. Operação da planta Reconciliador de problemas de controle e processamento; partida da planta e treinamento de operadores; estudos de requerimentos e efei- tos de projetos de expansão (remoção de gargalos do processo); oti- mização da operação da planta. Para a solução desses problemas, a estratégia de abordagem dos pro- blemas comumente envolve a seguinte sequência de etapas: 1. Desenvolvimento de equações descritivas dos fenômenos de transferência que ocorrem no processo e que são geralmente re- sultantes dos balanços das variáveis descritivas dos processos fundamentados nas leis básicas do transporte. Deste procedimen- to, resulta um sistema de equações que constituem um modelo ma- temático determinístico ou mecanicista do processo. Por outro lado, quando um modelo é desenvolvido por meio de informações esta- tísticas e/ou probabilísticas dos fenômenos que ocorrem no pro- cesso, o mesmo é denominado de modelo estocástico. É uma re- gra recomendável começar com um modelo matemático mais sim- ples que, em muitos casos, descreve satisfatoriamente o processo. Assim, algumas hipóteses ou simplificações, por exemplo, conside- rar o comportamento de gases e de mistura de líquidos como ideal, devem ser admitidas no modelo inicial. 10 2. Desenvolvimento de códigos computacionais que, através de métodos numéricos, resolvam o sistema de equações do modelo desenvolvido. Este sistema de equações pode ser composto por: (i) exclusivamente equações algébricas: linear e não-linear; (ii) equa- ções diferenciais ordinárias (EDO); (iii) equações diferenciais parci- ais (EDP); (iv) equações de diferenças ou discretas; (v) ou siste- mas mistos constituídos por dois ou mais tipos, assim, os chama- dos sistemas algébrico-diferencial (EAD) são compostos por equa- ções diferenciais (geralmente ordinárias) acoplados a equações al- gébricas. 3. Simulação do processo que consiste na execução dos códigos computacionais desenvolvidos. Os resultados obtidos podem ser utilizados na análise das características operacionais (estacionárias ou dinâmicas) do processo, na caracterização da sensibilidade do processo a variações nos parâmetros físico/químicos ou variáveis de operação, na estimação de parâmetros do modelo (por meio da comparação de resultados simulados com experimentais), na aná- lise de estratégias e no projeto de controle, na otimização estacio- nária e/ou dinâmica do processo etc. Todas estas aplicações de- monstram o poder de tal ferramenta, principalmente em face à pro- liferação e ao potencial de recursos computacionais disponíveis nos dias de hoje, constituindo-se em algo extremamente comum e de aplicação imediata e não mais restrita exclusivamente aos mei- os acadêmicos. 1.3. Conceitos básicos de modelagem e simulação Processo: arranjo de unidades de operação (reatores, trocadores de calor, co- lunas de destilação, tanque, etc.) integradas entre si em uma maneira racional e sistemática. Modelo: descrição matemática de processos. Bases para os modelos matemáticos: leis fundamentais da física e química, tais como as leis de conservação de massa, energia e quantidade de movimento, e os conceitos de equilíbrio. Áreas de conhecimento básico: Escoamento de fluidos; Transferência de ca- lor; Transferência de massa; Cinética; Termodinâmica; Controle. Para a completa descrição dos modelos, fazemos uso de diferentes en- tidades matemáticas. Para tanto, necessitamos das seguintes definições: 11 Variável Símbolo matemático usado para descrever um sistema. Equação Expressão matemática que relaciona as diferentes variáveis. Parâmetro Constantes ou conjunto de valores que caracterizam uma propriedade do processo ou de seu ambiente, que podem assumir um valor co- nhecido ou ser estimados em uma condição operacional específica. Essa propriedade normalmente é representada por constantes ou co- eficientes em uma equação determinados experimentalmente. Especificação Valores que são atribuídos a diferentes variáveis a cada simulação. Condição inicial Conjunto de valores que descrevem o estado inicial do processo. Condição de contorno Conjunto de valores que definem os limites do processo por meio de restrições nas variáveis espaciais. Variáveis de entrada Variáveis manipuladas: são variáveis de entrada que podem ser vari- adas manual ou automaticamente de modo a controlar o processo (por exemplo, vazão de alimentação de um tanque). Variáveis de perturbação: variáveis de entrada que não podem ser manipuladas (por exemplo, composição de matéria-prima). Variável a determinar Variável do processo, cujo valor é desconhecido. Variáveis de saída São variáveis que descrevem as correntes que deixam o processo, sendo que algumas podem ser controladas e outras não (por exem- plo,composição, temperatura, pressão). Variáveis de estado São variáveis internas ao processo, que permitem representar o com- portamento dinâmico do sistema. Dado um conjunto de variáveis de estado do sistema, é possível conhecer o comportamento futuro a partir do conhecimento dos valores destas variáveis no instante pre- sente e de todas as perturbações do instante presente em diante. 12 Exemplo: 1. 2. NOTA: As variáveis de entrada são entradas manipuladas e perturbações, que afastam o processo do seu estado estacionário. Estas últimas variáveis são a principal razão para o uso de controle de processos, no intuito de se manter al- gumas variáveis de saída em seus valores (ou trajetórias) desejados. 1.4. Classificação da natureza dos modelos De forma geral, existem três tipos de modelos: Modelos de Fenômeno de Transporte: empregam-se princípios físico- químicos, isto é, equações contínuas descrevendo a conservação de massa, momento e energia. Modelos de Balanço Populacional: usam-se balanços de população. E- xemplos são distribuição de tempo de residência e outras distribuições de idade. 13 Modelos Empíricos: fazem uso de dados empíricos. Exemplos típicos de modelos empíricos são polinômios usados para ajustar dados empíricos pelo método de mínimos quadrados. Neste curso, somente os modelos baseados nos fenômenos de transporte são considerados. Os modelos matemáticos podem ser classificados segundo a natureza de suas variáveis e suas relações, como a dependência com o tempo e o espaço, a linearidade e o grau de certeza. A partir desse conhecimento, a busca da so- lução numérica do modelo é guiada por sua estrutura matemática, que envolve desde equações algébricas a equações diferenciais parciais. A determinação do método numérico permite, então, o uso dos modelos nos estudos de simu- lação de processos. Abaixo, segue uma lista das diferentes classificações dos modelos co- mumente encontrados na Engenharia Química. 1.4.1. Definição das variáveis Modelo em variáveis discretas × Modelo em variáveis contínuas Os modelos baseado em variáveis contínuas são aqueles em que se admite um conhecimento de se comportamento em todos os instantes de tempo ou posições espaciais do processo, ou seja, se o modelo é representado por ( ) [ ( )]y t f x t , então , ,t x y . Contudo, em um sis- tema real, as variáveis são amostradas em tempos específicos, pois o sistema de comunicação é digital, ou são avaliadas apenas em deter- minados em estágios, como os pratos de uma coluna de destilação. Neste caso, o modelo é dado por ( )k ky g x onde k representam os instantes de amostragem ou os estágios de um processo e ,x y . 1.4.2. Variáveis temporais Modelo em estado estacionário × Modelo dinâmico Os termos de acúmulo dos balanços são nulos quando o modelo é es- tacionário. Historicamente, modelos estacionários foram muito usados em técnicas de projeto em operações unitárias. Quando o controle de processos passou a ser levando em consideração, a operação transi- ente se tornou muito importante. O projeto de plantas em estado esta- cionário e posterior implantação de controle mostraram-se ineficiente. 1.4.3. Variáveis espaciais Modelo de parâmetros concentrados (lumped): as variações espa- ciais são desprezadas. As várias propriedades e variáveis dependentes do sistema podem ser consideradas homogêneas ao longo de todo o sistema. Se a resposta do sistema, isto é, a velocidade de propagação 14 da entrada é, para propósitos práticos, instantânea, então os parâme- tros do elemento podem ser concentrados. Modelo de parâmetros distribuídos: esta abordagem representa mais fidedignamente os processos reais e leva em conta as variações pontuais ao longo do sistema. Caso essas variações sejam pequenas, um modelo de parâmetros concentrados pode ser empregado. 1.4.4. Grau de certeza das variáveis e parâmetros Modelos determinísticos: as variáveis e parâmetros recebem valores definidos para quaisquer condições operacionais. Modelos estocásticos: aqui, as variáveis e parâmetros, que descre- vem as relações de entrada/saída, não são conhecidos de forma preci- sa ou exata. Portanto, é necessário recorrer a ferramentas estatísticas. Por exemplo, um parâmetro θ é definido como a com 95 % de probabilidade. 1.4.5. Baseada na linearidade Modelo linear × Modelo não linear Para um processo com várias variáveis de entrada e saída, considere- mos y o vetor de variáveis de saída e u o de variáveis de entrada, o modelo do processo pode ser representado de forma geral por: ( , ) d t dt y H y,u , onde H é um operador matemático. Se o operador H e as condições de contorno forem lineares o modelo é dito linear. Caso contrário, o modelo é não linear. Embora a natureza apresente, em geral, comportamentos não lineares, os modelos lineares são muito utilizados pela facilidade do tratamento matemático. Deve considerar-se que um modelo linear é uma aproxi- mação, às vezes grosseira, da realidade, e sabendo disto, os resulta- dos obtidos na simulação de um modelo linear devem ser utilizados com cautela. Um operador ( )L qualquer é linear quando obedece aos princípios de superposição e proporcionalidade. Superposição (aditividade): 1 2 1 2( ) ( ) ( )L f f L f L f Proporcionalidade: ( ) ( )L f L f 15 Exemplos: 1. O operador 2 2 2 d D dx é linear, pois 2 2 2 2 1 2 1 2 1 2 2 2 2 2 2 2 21 2 1 22 2 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) d y y d y d y D y y dx dx dx d y d y D y D y dx dx Logo, 2 2 2 1 2 1 2( ) ( ) ( )D y y D y D y 2. O operador 2 2 dS dx não é linear, pois 2 2 1 22 1 2 1 2 ( ) ( )d y y d y d y S y y dx dx dx 2 2 1 1 2 2 2 2 2 21 1 2 2 2 2 21 2 1 2 ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 ( ) 2 ( ) d y d y d y d y dx dx dx dx dy dy dy dy dx dx dx dx dy dy S y S y dx dx Logo, 2 2 21 2 1 2( ) ( )S y y S y S y . 1.5. Classificação da estrutura matemática dos modelos Geralmente, a formulação matemática dos modelos de processos é fei- ta em termos de sistemas de equações algébrico-diferenciais. Consequente- mente, tem-se um número elevado de métodos analíticos e numéricos para a solução destes sistemas. O diagrama abaixo apresenta algumas classificações para modelos de- terminísticos, de acordo com a estrutura matemática envolvida para a descri- ção do processo. 16 A partir deste diagrama, podemos destacar que variações contínuas no espaço ou no tempo não são consideradas em modelos que empregam em equações algébricas, uma vez que as mesmas não apresentam derivadas. Por- tanto, esse tipo de modelo é estacionário a parâmetros concentrados. Exem- plos comuns são os balanços de massa no estado estacionário de processos descrevendo estágios de equilíbrio. Por outro lado, uma equação diferencial ordinária (EDO) tem uma vari- ável independente que varia continuamente. Vale ressaltar que podem ser con- sideradas variações no tempo ou em uma dada direção espacial. O primeiro caso produz modelos dinâmicos a parâmetros concentrados (por exemplo, ba- lanço de massa transiente em um tanque de mistura); e o segundo caso leva a modelos estacionáriosa parâmetros distribuídos com uma dimensão (por e- xemplo, absorvedores e reatores químicos tubulares com variação em apenas uma direção). A partir do conhecimento da estrutura matemática, o engenheiro deve ser capaz de determinar algum método matemático adequado para a simula- ção do processo, isto é, a solução numérica do modelo. Alguns métodos de maior interesse são apresentados no diagrama abaixo de acordo com sua ca- tegoria. 17 NOTA: A apresentação dos métodos numéricos, devido à carga horária limitada desta disciplina, não faz parte dos objetivos trabalhados aqui. 18 CAPÍTULO II 2. LEIS FUNDAMENTAIS E ELEMENTOS ADICIONAIS DOS MODELOS DE PROCESSOS 19 2.1. Introdução Na maioria dos processos de relevância para a Engenharia Química, há três grandezas fundamentais: massa, energia e momento. Muitas vezes, essas grandezas não podem ser medidas diretamente. Nestes casos, são se- lecionadas outras variáveis passiveis de medição e que agrupadas corretamen- te fornecem o valor da grandeza fundamental. Massa, energia e momento po- dem ser caracterizados por variáveis como densidade, concentração, tempera- tura, pressão e vazão. Estas variáveis são denominadas variáveis de estado. As equações que relacionam as variáveis de estados com as diversas variáveis independen- tes são desenvolvidas aplicando-se o princípio da conservação das grandezas fundamentais, sendo chamadas de equações de estado. Portanto, para desenvolver e utilizar os modelos matemáticos é neces- sário que o engenheiro químico seja familiar com os fundamentos dos fenôme- nos que regem os processos químicos. 2.2. Princípio de Conservação de Massa 2.2.1. Balanço de Massa Global (Equação da continuidade total) O princípio da conservação de massa quando aplicado a um sistema dinâmico estabelece que: As unidades dos termos desta equação são massa por tempo. Somen- te uma equação da continuidade total pode ser escrita para um determinado sistema. O termo do lado direito da igualdade é uma derivada parcial (∂/∂t) ou uma derivada ordinária (d/dt) da massa dentro do sistema com respeito a vari- ável independente, t. Exemplo: balanço de massa em um tanque. ( ) i i j j i j d V F F dt , onde : densidade do material no sistema; i : densidade do material na cor- rente i; j : densidade do material na corrente j; V : volume total do sistema; iF : vazão volumétrica da corrente de entrada i; jF : vazão volumétrica da corrente de saída j. 20 2.2.2. Balanço de Massa por Componente De forma diferente da massa global, os componentes químicos não são conservados. Se ocorrer reações químicas em um sistema, a quantidade de um componente individual aumentará se ele for produto de reações ou diminui- rá se ele for reagente. Portanto, a equação da continuidade de componente pa- ra a i-ésima espécie química estabelece que: As unidades desta equação são massa de i por unidade de tempo. As taxas de massa que entram e saem do sistema podem ser advectivas (devido ao fluxo da massa) e molecular (devido à difusão). Pode-se escrever uma e- quação da continuidade de componente para cada componente no sistema. Entretanto, a equação de balanço de massa global e as equações de balanço de componente não são todas independentes, visto que a soma das massas dos componentes é igual à massa total. Portanto, um dado sistema tem somen- te C equações da continuidade independentes, onde C é o número de com- ponentes. Exemplo: balanço de massa por componente em um reator químico ( )A Ai i A j j i j d C V C F C F rV dt , onde AC : concentração molar do componente A no sistema; AiC : concentração molar do componente A na corrente de entrada i; A jC : concentração molar do componente A na corrente de saída j; r : taxa de reação por unidade de volume para A no sistema; V : volume total do sistema. 2.3. Princípio de Conservação de Energia A Primeira Lei da Termodinâmica propõe este principio de modo que: “Embora a energia assuma diversas formas, a quantidade total de energia é constante e, quando desaparece em uma forma, ela aparece em outras formas de modo simultâneo.” Assim, para um sistema aberto genérico (onde pode ocorrer fluxo para dentro e fora do sistema), o balanço de energia tem a forma: 21 As unidades desta equação são energia por tempo. Na maioria dos sis- temas da Engenharia Química, esta forma geral reduz-se essencialmente a um balanço de energia em termos de entalpias e energia interna (energia térmica). Exemplo: balanço de energia em um tanque de mistura sem reação. ( ) ( ) ( ) ( )i i i i i j j j j j j j i i i j j i d U K F U K F U K Q w F P FP dt , onde U , K , : energias interna, cinética e potencial no sistema; ,i jU , ,i jK , ,i j : energias das correntes de entrada i e de saída j; w : trabalho de eixo feito pelo sistema; ,i jP : pressão das correntes i e j; Q : calor trocado com as vizi- nhanças; ,i jF : vazão volumétrica das correntes i e j; ,i j : densidade das corren- tes i e j. Podemos simplificar o balanço de energia fazendo válidas algumas hi- póteses como 0w (não há trabalho de eixo) e K e são desprezíveis. Considerando V como o volume especifico (inversos da densidade), vem que ( )i i i j j j j j i i dU FU FU Q F P FP dt ( ) j i i i i j j j j j i i j i P P dU FU FU Q F F dt ( ) ( )i i i i i j j j j j dU F U PV F U PV Q dt Sendo H U PV , temos que i i i j j j dU FH F H Q dt Em sistemas líquidos, ainda vale que PV U dU dH dt dt . 22 2.4. Princípio de Conservação de Momento A Segunda lei de Newton do movimento diz que a força é igual à mas- sa vezes a aceleração para um sistema com massa constante. F m a Esta é a relação básica que é usada para escrever a equação do mo- vimento para um sistema. Em uma forma um pouco mais geral, onde a massa pode variar com o tempo, tem-se: 1 ( )N i ji j d Mv F dt , onde iv : velocidade na direção i; jiF : j-ésima força atuando na direção i. Isto diz que a taxa de variação de quantidade de movimento na direção i (massa vezes velocidade na direção i) é igual à soma líquida das forças em- purrando na direção i. Ou em outras palavras é um balaço de forças, ou ainda, a conservação da quantidade de movimento, que tem a forma: 2.5. Elementos Adicionais de Modelos de Processos 2.5.1. Equações de Transporte Representam leis que governam as transferências de massa, energia e quantidade de movimento e têm a forma de fluxo (taxa de transferência por u- nidade de área), sendo proporcional a sua força motriz (gradiente de concen- tração, temperatura ou velocidade). A constante de proporcionalidade é uma propriedade física do sistema (como a difusividade, condutividade térmica ou viscosidade). Isto é: . fluxo taxa de transferência const força motriz área Transferência de massa Lei de Fick A A A C j D x 23 Transferência de calor Lei de Fourier T T q k x Transferência de quantidade de movimento Lei de Newton x yx v y (fluido newtoniano) As relações de transferência ao nível macroscópico são também usa- das, onde as forças motrizes são as diferenças de propriedadesda massa principal entre duas posições. A constante de proporcionalidade é um coefici- ente global de transferência. Exemplo: transferência de massa: A L AJ k C ; transferência de calor: Q U T . 2.5.2. Equações de estado Durante a obtenção dos modelos, estas equações são necessárias pa- ra descrever como as propriedades físicas (massa específica, calor específico, entalpia, etc.) variam com a temperatura, pressão e composição, isto é: , ,l l T P x , ,v v T P y , ,h h T P x , ,H H T P y Ocasionalmente estas relações têm que ser bastante complexas para descrever adequadamente o sistema. Felizmente, em muitos casos podem ser feitas simplificações sem sacrificar muito a precisão global. 2.5.3. Cinética química Uma reação química ocorre quando moléculas de uma ou mais espé- cies perdem sua identidade (por decomposição, combinação ou isomerização), assumindo uma nova forma pela mudança do número ou tipo de átomos no composto e/ou pela variação estrutural ou da configuração dos átomos. A taxa global de reação é usualmente definida como a taxa de variação do número de moles de qualquer um dos componentes por unidade de volume devido à reação química dividida pelo coeficiente estequiométrico do compo- nente. Assim, para uma reação química qualquer, a taxa de reação é dada por 1 j j j dn r V dt , onde j é o coeficiente estequiométrico de um componente j . 24 Essa taxa varia com a temperatura e com as concentrações dos rea- gentes elevadas em alguma potência, isto é, ( ) mj i i r k T C , onde m : ordem da reação em relação ao j-ésimo componente, que não é ne- cessariamente igual ao seu coeficiente estequiométrico; 0( ) aE RTk T k e : constan- te cinética de Arrhenius (ou taxa específica de reação); 0k : fator pré- exponencial; aE : energia de ativação; R : constante universal dos gases; T : temperatura. Observação: a dependência exponencial da taxa de reação com a temperatura representa uma das mais fortes não linearidades nos sistemas da Engenharia Química. Por exemplo, para a reação 2 1,5A B C que ocorre em um volume V e é de 2ª ordem em relação ao reagente A , pode-se escrever que: 1 2 A A dn r V dt , 1 B B dn r V dt , 1 1,5 C C dn r V dt . 2( )A Ar k T C e ainda são válidas as relações 2 1 1,5 CA B rr r . 2.5.4. Equilíbrio 2.5.4.1. Equilíbrio químico A Segunda Lei da Termodinâmica é a base para as equações que des- crevem as condições de um sistema em equilíbrio químico. Neste caso, temos que: j jdn d , onde jv : coeficiente estequiométrico de um componente j ; jdn : modificação infinitesimal do número de moles; d : variação na coordenada de reação ou grau de avanço. Para um sistema monofásico e multicomposto, a expressão da energia livre de Gibbs é dada por j jdG SdT VdP dn j jdG SdT VdP d Para T e P constantes e no equilíbrio, , 0j j T P dG d 0j j 25 Considerando a reação reversível em fase gasosa 1 2 k a b k A B , no equi- líbrio temos que 0j j 0b b a a 0 0ln ln 0b b B a a ART P RT P 0 0ln ln b a b b a aB A função deT P P RT Definindo k como a constante de equilíbrio, 1 2k k k 0 ln G k RT . 2.5.4.2. Equilíbrio de fase O equilíbrio de duas fases ocorre quando o potencial químico de cada componente e o mesmo nas duas fases: I II j j . Substituindo jP na definição formal 0 lnj j jRT P por uma nova va- riável a fim de tornar a equação com validade universal, temos que 0 lnj j jRT f , sendo 0 lim 1 j P j f x P e jf é definido com a fugacidade de um componente em uma solução. E, no equilíbrio de fases, I II j jf f . As relações de equilíbrio de fases mais comuns são: Lei de Raoult: líquidos que obedecem a essa lei são denominados ide- ais. 1 c sat j j j P x P sat j jsat j j j j Lei de Dalton Lei de Raoult x P y P x P y P sat jP : pressão de vapor do componente j , que pode ser calculada pela equação de Antoine ln sat B P A C T . Volatilidade relativa: i i ij j j y x y x Para uma mistura binária, 26 1 1 1 1 y x x y y x x . Caso as o equilíbrio líquido-vapor seja ideal, a volatilidade relativa entre duas substâncias em uma mistura é uma simples relação de pressões de va- por. Assim, se tivermos A A AB B B y x y x , então, a partir da Lei de Raoult, temos que sat A A Ap P x e sat B B Bp P x , e, a partir da Lei de Dalton, /A Ay p P e /B By p P . Após certa álgebra, vem que sat A AB sat B P P . Valores de K: muito utilizados na indústria de petróleo. j j j y K x é uma função de P , T e composição. Coeficiente de atividade:para líquidos não ideais, a lei de Raoult pode ser modificada para levar em consideração não linearidades. 1 c sat j j j j P x P j : coeficiente de atividade definido a partir de j j jx . Note que no caso ideal (Lei de Raoult), 1j . 2.5.5. Tempo morto Muitas vezes, quando uma variável de entrada de um sistema se modi- fica, há um intervalo de tempo durante o qual nenhum efeito é observado na saída do processo. Esse intervalo de tempo é chamado de tempo morto (ou a- traso por transporte ou atraso puro). Esse atraso por ser causado pelo movi- mento de materiais líquidos e sólidos no sistema e também por atraso de leitu- ra e transmissão de sensores instalados na planta. Por exemplo, o uso de cro- matógrafo para medir concentrações introduz um tempo morto, que é o tempo de análise das amostras. A presença desse elemento pode tornar instável o comportamento de um processo controlado, sendo fator muito importante na modelagem de pro- cessos dinâmicos. 27 CAPÍTULO III 3. MODELOS MATEMÁTICOS CLÁSSICOS DA EQ 28 3.1. Tanque de nível iQ , oQ : vazão volumétrica; : densidade constante; h : altura do nível de líquido; V : volume de líquido; A : área transversal do tanque. Sistema isotérmico O modelo desejado deve ser capaz de descrever as variações mássi- cas que ocorrem no processo frente a mudanças internas e em seu entorno. Neste caso, como não há entrada de diferentes componentes nem ocorre dilui- ção de uma substância, apenas a aplicação do balanço de massa global é sufi- ciente para descrever este tipo de processo. Balanço de massa global i o d V Q Q dt , sendo V dado por V Ah V Ah e , que é um parâmetro constante. i o d Ah Q Q dt Assim, o modelo fica simplesmente i o dh A Q Q dt . Com o modelo obtido acima, pode-se descrever as mudanças tempo- rais que ocorrem no nível de líquido no tanque de área A a partir de mudanças em iQ e/ou oQ . Convém destacar que há três tipos principais de tanques de nível a partir do modelo obtido acima: Caso 1: a vazão de entrada ou saída é mantida constante.Por exemplo, oQ é sustentada por uma bomba o bombaQ Q . Com a vazão de saída constante, diz-se que o tanque atua como inte- grador. 29 i bomba d A h Q Q dt Caso 2: há uma resistência distribuída ou pontual (válvula) ao escoamento na saída do processo, sendo a vazão oQ linear- mente dependente de h (força motriz). Nesse caso, a expres- são empregada é dada por o v h Q R , onde vR é a constante de resistência característica. i v d h A h Q dt R Caso 3: uma expressão mais realista para oQ quando há esco- amento turbulento através de uma válvula é representada por ' o v aQ C P P , onde ' vC : constante da válvula, P : pressão no fundo do tanque, aP : pressão ambiente. Sabendo que aP gh P , temos que aP P gh . Assim, ' o v vQ C gh C h e o modelo é dado por: i v d A h Q C h dt 3.2. Tanque de mistura 1F , 2F , 3F : vazão volumétrica; 1 , 2 , 3 : densidade nas correntes; : densidade dentro do tanque; 1Ca , 2Ca , 3Ca : concentração nas corren- tes 1F , 2F e 3F ; Ca : concentração dentro do tanque; V : volume do tanque. Sistema isotérmico 30 Neste processo, duas correntes são misturadas em um tanque de mis- tura perfeita isotérmico, produzindo uma corrente de produto. Nesse caso, ca- da corrente de alimentação é composta pelo mesmo componente A em con- centrações molares diferentes 1Ca e 2Ca , cujas vazões volumétricas são 1F e 2F respectivamente. As variáveis 3Ca e 3F são propriedades da corrente de produto e Ca a concentração dentro do tanque. Como esse processo apresenta a mistura de uma substância, a busca pelo modelo envolve o balanço de massa por componente juntamente com o balanço global de massa do processo. Balanço de massa global 1 1 2 2 3 3 d V F F F dt De forma geral, sabemos que as densidades são funções do tipo ,i i if Ca T , onde i representa uma corrente ou o interior do sistema. Adi- cionalmente, como o tanque é de mistura perfeita, temos que 3 e 3Ca Ca . Para simplificar, vamos assumir a hipótese de que 1 2 3 , já que o tanque é isotérmico e que ,a iC varia de forma suave. O modelo fica na seguinte forma: 1 2 3 dV F F F dt Portanto, 1 2 3 dV F F F dt . Balanço de massa para o componente A 1 1 2 2 3 3 d VCa Ca F Ca F Ca F dt O termo d VCa dt deve ser tratado a partir da propriedade da derivada do produto, uma vez que V e aC não são constantes neste exemplo. 31 Assim, d dCa dV VCa V Ca dt dt dt Mas sabemos que 1 2 3 dV F F F dt . Então, vem que 1 2 3 d dCa VCa V Ca F F F dt dt Voltando á formulação inicial, 1 2 3 1 1 2 2 3 3 dCa V Ca F F F Ca F Ca F Ca F dt , onde 3Ca Ca . Finalmente, 1 1 2 2 dCa V F Ca Ca F Ca Ca dt Sendo assim, o modelo para o tanque de mistura isotérmico é dado pe- lo conjunto das equações diferenciais encontradas, juntamente com suas con- dições iniciais. Observe que a simulação dinâmica é dada pela solução simul- tânea das duas equações. Podemos representar o modelo da seguinte forma: 1 2 3 0 1 1 2 2 0 ; (0) (0) dV F F F V V dt dCa V F Ca Ca F Ca Ca Ca Ca dt . Observe que, se no início da modelagem o volume do tanque fosse as- sumido constante, não haveria necessidade de aplicação da propriedade da derivada do produto e o modelo do processo se reduziria apenas à segunda equação, já que 0 dV dt . 32 3.3. Reator de tanque agitado (CSTR) isotérmico 1F , 2F , 3F : vazão volumétrica; 1 , 2 , 3 : densidade nas correntes; : densidade dentro do reator; 1Ca , 2Ca , 3Ca : concentração nas corren- tes 1F , 2F e 3F ; Ca : concentração dentro do reator; V : volume do reator; k A B : reação irreversível de 1ª ordem. Sistema isotérmico Este reator é comumente utilizado no processamento industrial e se constitui como um tanque agitado operado continuamente. Ele é referido como reator tanque agitado contínuo ou CSTR (Continuous Stirred Tank Reactor). Como o meio reacional é agitado, obtém um elevado grau de mistura. Isso faz com que o CSTR seja geralmente modelado como não possuindo variações espaciais em suas propriedades através do tanque, como concentração, tem- peratura ou velocidade de reação. Dessa forma, a temperatura e a concentra- ção são idênticas em qualquer ponto do reator e são as mesmas na corrente de saída. Portanto, a temperatura e a concentração na corrente de saída são modeladas como sendo as mesmas no interior do reator. Devido ao seu grau de mistura, este reator é utilizado quando se ne- cessita de agitação intensa, especialmente, em reações em fase líquida. Quase que invariavelmente, os reatores de fluxo contínuo são preferíveis aos reatores batelada, quando a capacidade de processamento requerida é grande. Embora o investimento de capital necessário seja maior, os custos operacionais por u- nidade do produto são menores para operação contínua do que batelada. Pode ser usado tanto isoladamente quanto combinado em série, au- mentando a conversão química. Contudo, A conversão do reagente por unida- de de volume do reator é a menor dentre os reatores com escoamento contí- 33 nuo. Adicionalmente, o controle da temperatura e da qualidade dos produtos desse tipo de reator é relativamente fácil devido ao controle automático do pro- cesso. Diferentemente do sistema da sessão anterior, que inclui apenas a mis- tura de uma substância, o CSTR isotérmico envolve o termo de reação em seu modelo. Assim, a busca pelo modelo completo do processo envolve o balanço de massa global e o balanço de massa por componente, incorporando o termo de geração/consumo. Neste caso, são necessárias informações a respeito da reação química que processada no reator, como sua ordem e relações este- quiométricas. Balanço de massa global 1 1 2 2 d V F F dt Assumindo 1 1 2 2 d V F F dt 1 2 e constantes, 1 2 dV F F dt Caso o volume do reator seja considerado constante também, a equa- ção acima se anula e 1 2F F . Isto é, a vazão volumétrica de alimentação deve ser igual a de saída. Balanço de massa para o componente A 1 1 2 2a a a d VC FC F C rV dt O termo rV se refere à reação que ocorre no CSTR e o sinal ( ) indi- ca o consumo do reagente A . Como a reação é de primeira ordem, pela cinéti- ca química, temos que ar kC . Lembre que para o caso genérico, em que a ordem de reação em relação ao reagente A é n , representamos n ar k C . No caso deste exemplo, 1n . 1 1 2 2a a a a d VC FC F C VkC dt 34 Como o reator é de mistura perfeita, 2a aC C . 1 1 2a a a d VC FC F Vk C dt . Novamente, se o volume do reator não é constante, vem que: aa a dCd dV VC V C dt dt dt 1 2 1 1 2 a a a a a a dCd VC V C F Fdt dt d VC FC F Vk C dt 1 2 1 1 2 a a a a dC V C F F FC F Vk C dt 1 1 a a a a dC V F C C VkC dt . Portanto, o modelo completo é dado por 1 2 0 1 1 0 ; (0) ; (0)a a a a a a dV F F V V dt dC V F C C VkC C C dt Caso V seja constante, o modelo pode ser reescrito, fazendo 1 2F F F . Assim, 1 a a a a dC V F C C VkC dt . Considerando F V como o tempo de residência do sistema, 1 1a a a a dC C C kC dt 1 0 1 1 ; (0)a a a a a dC C k C C C dt 35 3.4. Tanque de aquecimento agitado 1F , F , cF : vazão volumétrica; 1T , T , ciT , cT : temperatura das res- pectivas correntes indicadas pelos subíndices; : densidade constante; pc : calor específico constante; V : volume do tanque; 0 (trabalho de eixo); K , desprezíveis. Este sistema representa o primeiro processo não isotérmico que iremos tratar aqui. O processo é bem simples e se constitui apenas de um tanque de nível, onde se encontra disposta uma serpentina responsável por ceder ou reti- rar calor do meio. Neste exemplo, não ocorrem a mistura de diferentes compo- nentes e nem alguma reação química, portanto apenas faz sentido aplicar o ba- lanços de massa global. Posteriormente, já que o tanque é não isotérmico, de- vemos modelar as variações de energia por meio do Princípio de Conservação de Energia. Como o calor é cedido ou retirado pelo fluido da serpentina, o mo- delo do sistema deve incluir a modelagem para este fluido também. Balanço de massa global 1 d V F F dt , onde é constante. Logo, 1 dV F F dt . Balanço de energia para o tanque Sabendo que as hipóteses incluem trabalho de eixo nulo e variações nas energias potencial e cinética desprezíveis, o balanço pode ser simplificado à seguinte equação: 1 1 1 1( ) ( ) dU Fh T Fh T Q dt , 36 onde Q : calor cedido ou retirado indicado pelo sinal de ( ) ou ( ) respectiva- mente; h : entalpia específica da corrente (função da temperatura). Como se trata de um sistema líquido, dU dH dt dt , onde H representa a entalpia total do sistema. Logo, 1 1 1 1( ) ( ) dH Fh T Fh T Q dt . Da Termodinâmica, sabemos que ( , )H H T n , onde é número de mo- les, as seguintes relações: dH H dT H dn dt T dt n dt , p H Vc T e ~ ( ) H H T n , onde ~ ( )H T : entalpia parcial molar. No caso deste exemplo, não reação química, portanto não há variação do número de moles com o tempo, isto é, 0 dn dt . Assim, p dH dT Vc dt dt . 1 1 1 1( ) ( ) p dH Fh T Fh T Q dt dH dT Vc dt dt 1 1 1 1( ) ( )p dT Vc Fh T Fh T Q dt Se pc é constante e *T é arbitrário, temos 1 * * 1 1( ) ( ) T p T h T h T c dT * *1 1 1( ) ( ) ph T h T c T T * *( ) ( ) T p T h T h T c dT * *( ) ( ) ph T h T c T T Logo, * * * *1 1 1( ) ( )p p p dT Vc F h T c T T F h T c T T Q dt Como a densidade é constante e igual a ao longo do sistema e su- pondo 1F F (veja que isto implica em volume constante no tanque), vem que 37 * *1p p dT Vc F c T T T T Q dt 1p p dT Vc F c T T Q dt Portanto, o modelo para o tanque de aquecimento com volume cons- tante é dado por 1 p dT F Q T T dt V Vc Balanço de energia para o fluido refrigerante Podemos fazer as seguintes hipóteses, que são validas para grande parte dos sistemas reais na indústria: 1. grau de mistura perfeita na serpentina; 2. massa da parede da serpentina é desprezível; 3. a transferência de calor global é dada por ( )c cQ UA T T , onde U : coeficiente global de transferência de calor e cA : área de troca tér- mica; 4. volume interno cV da serpentina e densidade c do fluido refrigeran- te constantes. Do mesmo modo, ( ) ( )c c c c ci c c c c dH F h T F h T Q dt , * *,( ) ( )ci ci c p c cih T h T c T T e * *,( ) ( )c c c p c ch T h T c T T . ( )c c c c ci c dH F h T T Q dt c c c c c dH dT dnH H dt T dt n dt . Mas se lembre de que não há reação na serpentina, , c c c c p c dH dT V c dt dt . 38 , ( ) c c c c p c c c c c ci c dH dT V c dt dt dH F h T T Q dt , ( ) c c c p c c c c ci c dT V c F h T T Q dt Assim, o modelo para o fluido refrigerante é dado por , ( ) ( )c c c cci c c c c p c dT F UA T T T T dt V V c . Portanto, o modelo completo, para o caso que o volume do tanque é constante, é representado pelo sistema de equações diferenciais: 1 0 0 , ( ) ; (0) ( ) ( ) ; (0) c c p c c c c ci c c c c c c p c a UA T TdT F T T T T dt V Vc dT F UA T T T T T T dt V V c Repare no sinal do termo de transferência de calor. No exemplo apre- sentado, a serpentina cede calor para o líquido no tanque, uma vez que o sinal de Q é positivo no modelo do tanque e negativo no modelo do fluido refrigeran- te. Para o caso em que o líquido do tanque é resfriado, os sinais são trocados. 3.5. Reator de mistura perfeita (CSTR) não isotérmico 39 Este sistema se refere a um reator de mistura perfeita não isotérmico, onde se processa uma reação, que necessita da remoção ou fornecimento de calor para garantir um desempenho adequado. Neste exemplo, a transferência de calor é realizada por meio de uma camisa ou jaqueta em torno do reator, por onde escoa um líquido refrigerante de vazão de entrada cF e temperatura ciT . O volume cV de líquido na camisa é admitido constante. A densidade é função das concentrações e da tempera- tura; entretanto, muitas vezes, essa dependência é pequena e a densidade po- de ser considerada constante à medida que a reação se processa. A modelagem deste sistema é uma extensão dos modelos já vistos até agora, envolvendo a variação do nível da mistura reacional, a variação do nú- mero de moles dos componentes e a variação de energia no interior do reator e do líquido refrigerante. Para este exemplo, vamos considerar a reação k A B irreversível de ordem n . Balanço de massa global 1 d V F F dt , onde é constante. Logo, 1 dV F F dt . Balanço de massa para o componente A 1 1a a a d VC FC FC rV dt , onde n ar kC e 0 aE RTk k e . 1 a a a a a dC dCd dV VC V C V C F F dt dt dt dt 1 1 1 n a a a a a a a d VC FC FC VkC dt dCd VC V C F F dt dt 1 1 1 na a a a a dC V C F F FC FC VkC dt 40 1 1 naa a a dC V F C C VkC dt Assim, 1 1 0 aE na RT a a a dC F C C k e C dt V Balanço de energia para o reator Supondo trabalho de eixo nulo e variações nas energias potencial e ci- nética desprezíveis e reação em fase líquida, o balanço pode ser simplificado à seguinte equação: 1 1 1 1( ) ( ) dH Fh T Fh T Q dt (*). Novamente, podemos fazer uso da relação , ,a bH H T n n , que forne- ce a b a b dn dndH H dT H H dt T dt n dt n dt . Como há ocorre reação química no reator, o termo idn dt não é nulo e se refere às variações temporais de todos componentes do sistema, A e B . As- sim, 1 1 a na a a a d VCdn FC FC VkC dt dt e b nb b a d VCdn FC VkC dt dt . Logo, a b a b dn dndH H dT H H dt T dt n dt n dt ~ ~ ( ) ( )a bap b dn dndH dT Vc H T H T dt dt dt dt ~ ~ 1 1( ) ( ) n n ap a a a b b a dH dT Vc H T FC FC VkC H T FC VkC dt dt (**) 41 De (*) e (**), vem que ~ ~ 1 1( ) ( ) n n ap a a a b b a dT Vc H T FC FC VkC H T FC VkC dt 1 1 1 1( ) ( )Fh T Fh T Q Sendo, ~ 1 1 1 1 1 1 1 1 ,1 1 1 1 1 ,1 1( ) ( ) ( ) ( ) ( )ap a pFh T F h T c T T F C H T c T T ~ ~ ( ) ( ) ( )a ba bFh T F C H T C H T , temos que ~ ~ 1 1( ) ( ) n n ap a a a b b a dT Vc H T FC FC VkC H T FC VkC dt 1 1 1 1( ) ( )Fh T Fh T Q ~ ~ ~ ~ 1 1( ) ( ) ( ) ( ) n a a ap a a a b b dT Vc H T FC H T FC H T VkC H T FC dt ~ ~ ~ ~ 1 1 1 1 ,1 1( ) ( ) ( ) ( ) ( ) n a a bb a a p a bH T VkC FC H T F c T T FC H T FC H T Q Observe que alguns termos podem ser cancelados. Assim, ~ ~ 1 1 ,1 1( ) ( ) ( ) n n ap a b a p dT Vc H T VkC H T VkC F c T T Q dt ~ ~ 1 1 ,1 1( ) ( ) ( ) n ap b a p dT Vc H T H T VkC F c T T Q dt Definindo ~ ~ ( ) ( )ab rxH T H T H (entalpia da reação), 1 1 ,1 1( )p rx p dT Vc H rV F c T T Q dt , onde n ar kC Se ,1p pc c e 1 , temos o seguinte modelo para a mistura reacional: 1 1( ) rx p p HFdT Q T T r dt V c V c Balanço de energia para o fluido refrigerante Fazendo as mesmas hipóteses da seção anterior, obtem-se o seguinte modelo para o fluido refrigerante: 42 , ( )c c ci c c c c p c dT F Q T T dt V V c . Portanto, o modelo completo é representado pelo sistema de equações diferenciais com suas condições iniciais, lembrando que a consideração do si- nal do termo Q de transferência de calor também é válida aqui. 1 0 1 1 0 1 1 0 0 , 0 ; (0) ; (0) ( ) ; (0) ( ) ; (0) a a a a a a rx p p c c ci c c c c c c p c n a E RT dV F F V V dt dC F C C r C C dt V HFdT Q T T r T T dt V c V c dT F Q T T T T dt V V c r kC k k e 3.6. Reator batelada Este é um tipo de reator tanque com agitação mecânica como o reator CSTR. Contudo, um reator batelada (Batch Reactor em inglês) não admite cor- rentes de entrada nem de saída de reagentes ou produtos durante o proces- samento da reação. Todos os reagentes são introduzidos no reator de uma só vez através de aberturas no topo. Em seguida são misturados e reagem entre si. Após algum tempo, os produtos obtidos também são descarregados de uma 43 só vez. Nesse tipo de reator, as variáveis como temperatura e concentração não variam com a posição dentro do reator, mas variam com o tempo. O reator batelada é usado para operação em pequena escala para tes- te de novos processos, que ainda não foram completamente desenvolvidos, para a fabricação de produtos caros e para processos que são difíceis de con- verter em operações contínuas. Além disso, permite que altas conversões pos- sam ser obtidas, deixando o reagente no reator por longos períodos de tempo. Entretanto, também está associado a alto custo de mão de obra por batelada, por causa do tempo perdido durante a alimentação, o esvaziamento e a limpe- za (o chamado “tempo morto”), que pode até inviabilizar o processo. A qualida- de do produto é mais variável do que em reator de operação contínua. Um problema típico para este tipo de reator é a maximização da produ- ção de um determinado produto, geralmente obtido a partir de reações em sé- rie ou paralelo. Vamos demonstrar a modelagem para este caso considerando uma reação do tipo 1 2k k A B C de primeira ordem. Balanço de massa global Como não correntes de entrada e nem de saída, o volume do reator é constante. Pela equação da continuidade global, temos 0 d V dt , onde é constante. Logo, 0 dV dt . Balanço de massa para o componente A a a d VC rV dt , onde 1a ar k C . 1 a a dC k C dt . 44 Balanço de massa para o componente B b a b d VC rV rV dt , onde 2b br k C . 1 2 b a b dC k C k C dt . Repare que , 0, a iE RT i ik k e , onde 1,2i . Balanço de energia para o reator Para o reator batelada, o balanço de energia pode ser simplificado à seguinte equação: dH Q dt (1). Novamente, podemos fazer uso da relação , , ,a b cH H T n n n , que fornece a b c a b c dn dn dndH H dT H H H dt T dt n dt n dt n dt . Assim, temos que 1 aa a a d VCdn Vk C rV dt dt ; 1 2 bb a b a b d VCdn Vk C Vk C rV rV dt dt ; 2 cc b b d VCdn Vk C rV dt dt Logo, a b a b dn dndH H dT H H dt T dt n dt n dt ~ ~ ~ ( ) ( ) ( )a b cap b c dn dn dndH dT Vc H T H T H T dt dt dt dt dt ~ ~ ~ ( ) ( ) ( )ap a b a b c b dH dT Vc H T rV H T rV rV H T rV dt dt (2) 45 De (1) e (2), vem que ~ ~ ~ ( ) ( ) ( )ap a b a b c b dT Vc H T rV H T rV rV H T rV Q dt ~ ~ ~ ~ ( ) ( ) ( ) ( )ap b a b c b dT Vc H T H T rV H T H T rV Q dt Definindo ~ ~ ( ) ( )ab raH T H T H e ~ ~ ( ) ( )bc rbH T H T H , temos: p ra a rb b dT Vc H rV H rV Q dt p ra a rb b dT Vc H rV H rV Q dt ra rb a b p p p H HdT Q r r dt c c Vc Balanço de energia para o fluido refrigerante Fazendo as mesmas hipóteses válidas para o fluido refrigerante, obtém o seguinte modelo: , ( )c c ci c c c c p c dT F Q T T dt V V c . Portanto, o modelo é dado pelas equações diferenciais com suas con- dições iniciais, onde 0V é constante. Observe sempre o sinal do termo Q . ,1 ,2 0 1 0 1 2 0 0 0 , 1 0,1 2 0,2 ; (0) ; (0) ; (0) ( ) ; (0) a a a a a a b a b b b ra rb a b p p p c c ci c c c c c c p c E RT E RT V V dC kC C C dt dC k C k C C C dt H HdT Q r r T T dt c c Vc dT F Q T T T T dt V V c k k e k k e 46 CAPÍTULO IV 4. LINEARIZAÇÃO E VARIÁVEIS-DESVIO 47 4.1. Linearização 4.1.1. Introdução A maioria dos sistemas químicos é descrita por equações não lineares, que podem ser linearizadas em torno de uma condição operacional estacioná- ria. As equações lineares resultantes descrevem adequadamente a resposta dinâmica do sistema em uma região em torno do estado estacionário. A região de validade do modelo linearizado depende do grau de não linearidade do pro- cesso e da magnitude. A técnica de linearização é muito utilizada no estudo de dinâmica de processos e no estudo de projeto de sistemas de controle, porque: existe solução analítica para sistemas lineares; a teoria de controle clássico está baseada em processos linea- res. 4.1.2. Desenvolvimento Vamos considerar o sistema não linear descrito por duas equações: 1 1 1 2, dx f x x dt e 2 2 1 2, dx f x x dt A expansão das funções 1 1 2,f x x e 2 1 2,f x x não lineares em série de Taylor em torno do ponto estacionário 10 20,x x fornece: 10 20 10 20 10 20 10 20 10 20 1 1 1 1 2 1 10 20 1 10 2 20 1 2, , 2 22 2 2 1 10 2 201 1 1 1 10 2 202 2 1 2 1 2, , , , , 2! 2! x x x x x x x x x x f f f x x f x x x x x x x x x x x xf f f x x x x x x x x 10 20 10 20 10 20 10 20 10 20 2 2 2 1 2 2 10 20 1 10 2 20 1 2, , 2 22 2 2 1 10 2 202 2 2 1 10 2 202 2 1 2 1 2, , , , , 2! 2! x x x x x x x x x x f f f x x f x x x x x x x x x x x xf f f x x x x x x x x Dessa forma, para uma aproximação linear basta truncar a série da ex- pansão depois da derivada parcial de primeira ordem. Assim, temos que 10 20 10 20 1 1 1 1 2 1 10 20 1 10 2 20 1 2, , , , x x x x f f f x x f x x x x x x x x 10 20 10 20 2 2 2 1 2 2 10 20 1 10 2 20 1 2, , , , x x x x f f f x x f x x x x x x x x 48 Como o sistema agora é modelado por e modelos lineares, podemos representá-lo em forma de uma operação matricial: 10 20 10 20 10 20 10 20 1 1 1 2, ,1 1 2 1 10 1 10 20 2 1 2 2 20 2 10 20 2 2 1 2, , , , , , x x x x x x x x f f x xf x x x x f x x f x x x x f x xf f x x O erro introduzido por esta aproximação é da mesma ordem de gran- deza do termo relativo à derivada ordinária de ordem 2 (erro de trucamento) no caso de um modelo unidimensional. 0 22 0 2 2! x x xd f erro dx A aproximação linear depende da localização do ponto estacionário, ao redor do qual se faz a expansão em série de Taylor do modelo não linear. Essa aproximação é exata apenas no próprio ponto de linearização, deteriorando-se quando há um afastamento deste. Para o caso de sistemas não lineares multi- variáveis, a aproximação sofre deterioração na medida em que o ponto 1, , nx x de avaliação do modelo se afasta daqueles utilizados na lineariza- ção 10 0, , nx x . 4.2. Variáveis-desvio Seja o sistema não linear dx f x dt . Vamos supor que *x seja o esta- do estacionário deste sistema, de modo que * * 0 dx f x dt . Considerando *x como o ponto de linearização, o modelo é dado por: * * * x dx df f x x x dt dt , onde * 0f x . Assim, temos que Balanço dinâmico (BD) * * * x dx df f x x x dt dt Balanço estacionário (BE) * * * * * 0 x dx df f x x x dt dt Definindo a variável-desvio como ' *x x x e fazendo (BD)-(BE), ob- temos: * * * * * * * * x x dx dx df df f x f x x x x x dt dt dt dt * * * x d x x df x x dt dt 49 Mas ' *x x x , então * ' ' x dx df x dt dt . Esta equação é a aproximação linear do sistema dinâmico não linear, descrito em termos da variável-desvio 'x . Esta variável é muito importante em controle. Frequentemente, deseja- se manter o valor de uma variável de processo em algum estado estacionário. Assim, este estado é um candidato natural em torno do qual se desenvolve o modelo linear aproximado. Neste caso, a variável-desvio descreve diretamente a magnitude de deslocamento do sistema em relação ao seu nível operacional desejado. O modelo linearizado, descrito em termos de variáveis-desvio, é efi- caz na descrição do comportamento dinâmico do processo próximo ao estado estacionário. Exemplos a) Considere a função que descreve a corrente de saída de um tanque como função de uma altura: ( ) vF h C h . A expansão em série de Taylor em torno do estado estacionário sh é dada por 22 2 ( ) ( ) 2 s s s s s h h h hdF d F F h F h h h dh dh Truncando a expansão na derivada de primeira ordem, temos que 1 ( ) 2 s v s v s h F h C h C h h h Finalmente, 1 ( ) 2 v s v s s F h C h C h h h . Para escrever em termos de variável-desvio, basta fazer (BD)- (BE) a partir do modelo linearizado, onde: (BD) 1 ( ) 2 v s v s s F h C h C h h h (BE) 1 ( ) 2 s v s v s s s F h C h C h h h 1( ) ( ) 2 s v s v s v s s s s F h F h C h C h C h h h h h 1 ( ) ( ) 2 s v s s F h F h C h h h Assim, se ' sh h h e ' '( ) ( ) ( )sF h F h F h , ' ' '1( ) 2 v s F h C h h . 50 b) O produto de duas variáveis dependentes ( , )A Af C F C F é uma função não linear que também pode ser linearizada em torno de ( , )As sC F . ( , )A Af C F C F ,, ( , ) ( , ) As sAs s A As s A As s C FA C F f f f C F f C F C C F F C F ( , )A As s s A As As sf C F C F F C C C F F Para escrever o modelo em termo de variáveis-desvio, nova- mente basta fazer (BD)-(BE) partir do modelo linearizado, onde: (BD) ( , )A As s s A As As sf C F C F F C C C F F (BE) ( , )As s As s s As As As s sf C F C F F C C C F F ( , ) ( , )A As s As s As s A As As Ass As s s s f C F f C F C F C F F C C C C C F F F F ( , ) ( , )A As s s A As As sf C F f C F F C C C F F Assim, se ' A As AC C C , ' sF F F e ' ' '( , ) ( , ) ( , )A As s Af C F f C F f C F , en- tão o modelo linearizado e em termos de variáveis-desvio é dado por ' ' ' '( , )A s s A Asf C F FC C F . c) O modelo diferencial dado abaixo representa uma reação de se- gunda ordem em um reator CSTR é não linear. 21 0,75a a dC Ca C dt com ( 0)a asC t C Para que sejam aplicadas as técnicas clássicas de modelagem e controle, o mesmo deve ser linearizado. Repare que, neste caso, o termo não linear se refere apenas a 2( )af C Ca . Desta forma, basta encontrar o ponto estacionário asC (ou valor inicial) do modelo, fazer a expansão de Taylor apenas para o termo não li- near (tendo em vista linearizar todo o modelo) e, em seguida a- plicar o conceito de variáveis-desvio. Determinação do ponto estacionário: 0a dC dt 21 0,75 0s asCa C 2 3 asC Linearização do termo não linear: 2( )af C Ca 51 ( ) ( ) a as a a as a as C C dC f C f C C C dt 2 2 3 2 2 4 4 2 ( ) 2 3 3 9 3 3as a as a aC f C C C C Termo linearizado: 4 4 ( ) 3 9 a af C C . Logo, o modelo do CSTR linearizado é dado pela substituição do termo não linear na equação original do problema. Assim, vem que: 1 0,75a a a dC f C C dt 3 4 4 1 4 3 9 a a a dC C C dt 4 2 3 a a dC C dt com 2 ( 0) 3 aC t Representação do modelo em variáveis-desvio: (BD) 4 2 3 a a dC C dt , 2 (0) 3 aC (BE) 4 2 3 as as dC C dt , 2 3 asC Sabemos que para escrever em termos de variável-desvio, basta fazer (BD)-(BE) a partir do modelo linearizado. Assim, 2a as a as dC dC C C dt dt , 2 2 (0) 3 3 a asC C 2a as a as d C C C C dt , (0) 0a asC C Definindo ' a a asC C C , o modelo em termo de varáveis-desvio é dado pela equação: ' '2a a dC C dt , ' (0) 0aC . Repare que o fato de o modelo ser linearizado em torno de seu ponto estacionário faz com que a condição inicial do modelo se torne nula. Durante a simulação do processo, qualquer perturba- ção que entre no sistema implica em mudanças no comporta- mento de ' aC , que, neste caso, representam a magnitude do desvio em relação à condição inicial. Para recompor aC , basta fazer ' a a asC C C . 52 CAPÍTULO V 5. TRANSFORMADAS DE LAPLACE 53 5.1. Introdução Oliver Heaviside (matemático inglês), quando estudava processos sim- ples para obter soluções de Equações Diferenciais, vislumbrou um método de Cálculo Operacional que leva ao conceito matemático da Transformada de La- place, que é um método simples para transformar um Problema com Valores Iniciais (PVI), em uma equação algébrica, de modo a obter uma solução deste PVI de uma forma indireta, sem o cálculo de integrais e derivadas para obter a solução geral da Equação Diferencial. Pela utilidade deste método em Matemá- tica, na Computação, nas Engenharias, na Física e outras ciências aplicadas, o método representa algo importante neste contexto. As transformadas de Lapla- ce são muito usadas em diversas situações, porém, aqui trataremos de suas aplicações na resolução de Equações Diferenciais Ordinárias Lineares. 5.2. Definição Sejam ( )f f t uma função real ou complexa definida para todo 0t e o parâmetro 0s tais que ocorre a convergência da integral imprópria: 0 0 ( ) ( ) lim ( ) M st st M F s f t e dt f t e dt . Então, a função ( )F F s , definida pela integral acima, recebe o nome de transformada de Laplace da função ( )f f t . A transformada de Laplace depende de s e é representada por uma le- tra maiúscula ( )F F s , enquanto que a função original que sofreu a transfor- mação depende de t é representada por uma letra minúscula ( )f f t . Para representar a transformada de Laplace da função f , é comum usar a notação: ( ) = F(s)L f t . Para que a transformada de Laplace exista e para que se possa recu- perar a função f de sua transformada, é suficiente que: 54 Em um número finito de subintervalos, sendo ( )f t contínua no interior de cada intervalo, tendo para limites finitos quando t , caminhando a partir do interior do intervalo, tendo para o ponto final do intervalo (isto é, a função deve ser contínua por partes em 0 t . A integral 0 ( ) stf t e dt deve possuir um valor finito (ser limitada). Por exemplo, sendo ( ) atf t e com 0a : ( ) 0 0 = at at st a s tL e e e dt e dt Caso 0a s ou s a , a integral não é limitada. Dessa forma, a transformada de ( ) atf t e somente é definida para s a , quan- do a integral possui valores finitos. Da definição, constata-se que a transformada de Laplace é uma trans- formação de uma função no domínio do tempo t para o domínio de s . A variá- vel s é definida como sendo um número complexo: s a i . A transformada de Laplace inversa 1L transforma ( )F s em ( )f t , mas ( )F s não contém infor- mação sobre ( )f t para 0t , então, 1( ) ( )f t L F s não é definida para 0t . 5.3. Transformadas de Laplace de algumas funções básicas a) Função exponencial: ( ) atf t e para 0a e 0t . ( ) 0 0 ( ) = at st a s tL f t e e dt e dt ( ) 0 1 = ( ) a s te a s s a . Logo, 1 = atL e s a . b) Função rampa: ( )f t at para a constante e 0t . 2 = a L at s . c) Funções trigonométricas: ( ) ( )f t sen t e ( ) cos( )g t t para 0t . Vamos empregar a identidade de Euler: ( ) 2 i ie e sen i e cos( ) 2 i ie e ( ) ( )f t sen t 0 ( ) = ( ) stL f t sen t e dt 55 ( ) ( ) 0 0 1 ( ) = 2 2 i t i t st s i t s i te eL f t e dt e e dt i i ( ) ( ) 0 0 1 ( ) = 2 ( ) ( ) s i t s i te e L f t i s i s i 2 2 1 1 1 1 2 ( ) = 2 2 i L f t i s i s i i s Logo, 2 2( ) = L sen t s . Do mesmo modo para ( ) cos( )g t t , obtemos que: 2 2cos( ) = s L t s d) Função degrau: , 0 ( ) 0, 0 A t f t t . Em 0t , há uma descontinuidade da função degrau (isto é, ( 0)f t é indefinida). Assim, considera-se que o limite inferior como sendo 0t (tempo positivo infinitesimalmente pequeno). 0 0 ( ) = st st Ae AL f t Ae dt s s . ( ) = A L f t s e) Função exponencial multiplicada pelo tempo: ( ) atf t te . 2 1 = ( ) atL te s a f) Funçãopulso: 0, 0, ( ) , 0 t t T f t H t T . 0 0 ( ) = T st stL f t He dt He dt 0 = 1 T st sTHe H e s s Logo, ( ) = 1 sT H L f t e s . g) Função impulso: ( ) ( )f t t (Delta de Dirac). Esta função é um pulso com amplitude infinita e duração zero, com área unitária ( ) 1H T . Ou seja, 0 ( ) lim T t função impulso 0 1 0 ( ) = 1 0 sT T L t lim e Ts (inderteminação!) 56 Aplicando L’Hopital, vem que 0 ( ) = 1 sT T se L t lim s Logo, ( ) = 1L t . Tabela de algumas transformadas de Laplace Domínio do tempo (t) Domínio Complexo de Laplace (s) a s a ate as 1 t 2 1 s !1n t n , ,3,2,1n ns 1 !1 1 n et atn , ,3,2,1n nas 1 atsen 22 as a atcos 22 as s btseneat 22 bas b bteat cos 22 bas as )( cttu : degrau unitário em ctt s e stc )( cttf : função com tempo-morto dt stdesF )( )( ctt : Delta de Dirac no tempo ctt stce Pulso de magnitude H em ctt com intervalo de duração t )1( tsst ee s H c Derivada: )()( tf n ou )( )( )( n n dt tfd )0()0()( )1(1 nnn ffssFs 57 5.4. Propriedade linear das Transformadas de Laplace A transformada de Laplace é uma transformação linear, isto é: ( ) ( ) = L ( ) L ( )L f t g t f t g t ( ) = L ( )L f t f t Por exemplo, é fácil mostrar que: 2 2 = a 1L at bt c L t bL t cL . Do mesmo modo, a transformada inversa de Laplace também é uma transformação linear, isto é: 1 1 1( ) ( ) = L ( ) L ( )L F s G s F s G s 1 1( ) = L ( )L F s F s 5.5. Resolução de uma EDO Linear Como exemplo, podemos procurar obter a solução do problema de va- lor inicial (PVI) dado por: tdy y e dt com (0) 5y . Em se aplicando a trans- formada de Laplace a essa EDO Linear, temos que: tdyL y L e dt t dy L L y L e dt Pela tabela de transformadas, ( ) (0) dy L sY s y dt ; ( )L y Y s e 1 1 tL e s . Logo, 1 ( ) (0) ( ) 1 sY s y Y s s 1 ( ) 5 ( ) 1 sY s Y s s 1 1 ( ) 5 1 s Y s s 2 1 5 ( ) 11 Y s ss . Agora, para voltar ao domínio do tempo usando a transformada inversa de Laplace. Assim, vem que 1( ) ( )y t L Y s . Aplicando 1L a equação de ( )Y s , temos 1 1 2 1 5 ( ) 11 L Y s L ss 1 1 1 2 1 5 ( ) 11 L Y s L L ss Novamente, pela tabela de transformadas, temos que 58 1 ( ) ( )L Y s y t , 1 2 1 1 tL te s e 1 5 5 1 tL e s . Logo, ( ) 5t ty t te e . A solução do PVI é dada por ( ) 5 ty t t e . 5.6. Expansão em frações parciais O Método das frações parciais é utilizado para decompor uma função racional ( ) ( ) ( ) P s F s Q s , que é a divisão de dois polinômios ( )P P s e ( )Q Q s , ambos na variável s , para obter frações mais simples, com o objetivo de facili- tar processos de integração ou obter as transformadas inversas de Laplace. Para realizar tal tarefa, necessitamos de três hipóteses essenciais so- bre os polinômios ( )P P s e ( )Q Q s : 1. ( )P P s e ( )Q Q s só possuem coeficientes reais; 2. ( )P P s e ( )Q Q s não possuem fatores em comum; 3. O grau de ( )P P s é sempre menor que o grau de ( )Q Q s ; 4. Presença de tempo-morto. A expansão em frações parciais depende das raízes do polinômio ( )Q Q s , de modo que a natureza dessas raízes determina o método de solu- ção do problema. Neste caso, a função racional ( )F s pode ser representada por: 1 2 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) ( )n P s P s F s Q s s p s p s p , onde ip são as n raízes de ( )Q s . Desse modo, a expansão em frações parciais implica que: 1 2 1 2 1 2 ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) ( ) ( ) n n n AA AP s F s s p s p s p s p s p s p . Para a solução, devemos encontrar primeiramente as raízes ip e de- pois determinarmos o valor dos coeficientes iA da expansão. Assim, a trans- formada inversa pode ser aplicada a cada fração e fornecer a função solução desejada: 1 1 1 11 2 1 2 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) n n AA A f t L F s L L L s p s p s p Em seguida, apresentamos alguns exemplos e o mínimo necessário de teoria relacionado com cada método. 59 5.6.1. As raízes de ( )Q Q s são reais e distintas. 1 2 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) ( )n P s P s F s Q s s p s p s p , onde ip e 1 2 np p p . 1 2 1 2 ( ) ( ) ( ) ( ) n n AA A F s s p s p s p lim ( ) i i i s p A s p F s , 1, 2, ,i n 1 2 1 2 lim ( ) ( ) ( ) ( )i i n i i s p i n A AA A A s p s p s p s p s p 1 2 1 2 lim ( ) ( ) ( )i i i n i i i s p n A s p A s p A s p A A s p s p s p Exemplo 2: 2 2 ( ) ( ) 3 2 ( ) 5 ( ) d c t dc t c t u t dt dt , onde ( )u t é uma função de- grau unitário aplicado no instante 0ct , (0) 0c e (0) 0 dc dt . Resposta: 2( ) 2,5 5 2,5t tc t e e . 2 2 ( ) ( ) 3 2 ( ) 5 ( ) d c t dc t L c t L u t dt dt 2 2 ( ) ( ) 3 2 ( ) 5 ( ) d c t dc t L L L c t L u t dt dt 2 (0) 5 ( ) (0) 3 ( ) (0) 2 ( ) dc s C s sc sC s c C t dt s 2 5 3 2 ( )s s C s s 2 5 5 ( ) 1 23 2 C s s s ss s s Verificamos que as raízes do denominado de ( )C s são 0, -1 e -2, ou seja, são reais e distintas. Podemos expandir em frações parciais agora e fazer o cálculo dos coeficientes iA : 31 25( ) 1 2 1 2 AA A C s s s s s s s lim ( ) i i i s p A s p F s , onde 1, 2 3i e 1 1 1 0 1 0 0 lim ( ) lim ( ) 5 5 lim lim 2,5 1 2 1 2 s p s s s A s p C s sC s A s s s s s s 60 2 2 2 1 2 1 1 lim ( ) lim 1 ( ) 5 5 lim 1 lim 5 1 2 2 s p s s s A s p C s s C s A s s s s s s 3 3 3 2 3 2 2 lim ( ) lim 2 ( ) 5 5 lim 2 lim 2,5 1 2 1 s p s s s A s p C s s C s A s s s s s s Logo, 5 2,5 5 2,5 ( ) 1 2 1 2 C s s s s s s s . 1( ) ( )c t L C s 1 1 1 12,5 5 2,5 2,5 5 2,5( ) 1 2 1 2 c t L L L L s s s s s s 2( ) 2,5 5 2,5t tc t e e 5.6.2. As raízes de ( )Q Q s são complexas conjugadas. As raízes são do tipo 1p p i e 2p p i , de modo que a expan- são em frações parciais fornece: ( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) ( )k P s P s F s Q s s p i s p i s p 1 2( ) ( ) ( ) ( ) k k AA A F s s p i s p i s p 1 lim ( ) s p i A s p i F s e 2 lim ( ) s p i A s p i F s 1 1 1 1 1 cos sin p i t pt i t ptAL Ae Ae e Ae t i t s p i 1 2 2 2 cos sin p i t ptAL A e A e t i t s p i 1 kp tk k k A L A e s p Definindo 1A B iC e 2A B iC 1( ) ( )f t L F s ( ) cos sin cos sin kp tpt kf t e B iC t i t B iC t i t A e ( ) 2 cos 2 sin kp tpt kf t e B t C t A e 61 Mas sabemos que 1 2 3cos sin sina t a t a t , sendo 2 2 3 1 2a a a e 1 2 arctan a a . Dessa maneira, a solução é dada por: 2 2( ) 2 sin kp tpt kf t e B C t A e , onde arctan B C . Exemplo 3: 2 2 ( )( ) ( ) 2 5 ( ) ( )i i dc td c t dc t c t c t dt dt dt , onde ( )iC t é a função Delta de Dirac aplicado no instante 0ct , (0) 0c , (0) 0 dc dt e (0) 0ic . Res- posta: ( ) 2 (2 )tc t e sen t , onde º45 . 5.6.3. As raízes de ( )Q Q s são reais e repetidas. Os dois métodos aplicados anteriormente para o cálculo do coeficiente não são adequados quando há raízes repetidas. Neste caso, o polinômio ( )Q Q s tem raízes cuja multiplicidade é maior que 1. Supondo que ( )Q Q s tenha uma raiz p cuja multiplicidade seja 1m , então a expansão em frações parciais fornece: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )mk k P s P s F s Q s s p s p 1 2 1 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) m k m m m k k A AA AP s F s s p s p s p s p s p s p lim ( ) k k k s p A s p F s 1 lim ( ) m s p A s p F s Contudo, para os outros 1m coeficientes, devemos multiplicar am- bos os lados da equação de ( )F s por m s p , derivar ambos os lados em re- lação a s e depois fazer o limite s p para obter 2A . Aplica-se este método alternativo a busca de todos os outros coeficientes, de modo sucessivo até en- contrar mA . Uma generalização possível pode ser dada pelas equações abaixo: 1 lim ( ) m s p A s p F s 2 lim ( ) m s p d A s p F s ds 2 3 2 1 lim ( ) 2! m s p d A s p F s ds 1 1 1 lim ( ) 1 ! m m m ms p d A s p F s m ds 62 Assim, a inversão fornece: 1 21 2( ) 1 ! 2 ! kp tm m pt m k A A f t t t A e A e m m Exemplo 4: 3 2 3 2 ( ) ( ) ( ) 3 3 ( ) 2 ( ) d c t d c t dc t c t u t dt dt dt , onde ( )u t é uma fun- ção degrau unitário aplicado no instante 0ct , (0) 0c , (0) 0 dc dt e 2 2 (0) 0 d c dt . Resposta: 2( ) 2 2 2 ( )tc t e t t u t . 5.6.4. Presença de tempo-morto Quando a transformada de Laplace apresenta tempo-morto, na técnica de expansão em frações surge termo dt se , onde dt é o tempo-morto. Caso o termo apareça no denominador, não é possível fazer a inversão por expansão em frações parciais. Caso apareça no numerador, o seguinte procedimento po- de ser aplicado: 1 ( ) ( ) ( ) ( ) d dt s t s P s F s e F s e Q s Fazemos apenas a expansão em frações parciais apenas da razão de polinômios: 1 2 1 1 2 ( ) ( ) ( ) k k AA AP s F s Q s s p s p s p 11 1( ) ( )f t L F s 1 2 1 1 2( ) kp tp t p t kf t Ae A e A e Usando a translação real: 1 1( ) ( ) ( )d t s dF s F s e L f t t 1 1( ) ( ) ( )df t L F s f t t Logo, 1 2 1 2( ) d d k dp t t p t t p t t kf t Ae A e A e para dt t . Exemplo 4: ( ) 2 ( ) ( ) dc t c t f t dt , onde ( ) ( 1)f t u t é uma função de- grau unitário aplicado no instante 1ct e (0) 0c . Resposta: 2 11( ) ( 1) 1 2 t c t u t e . 63 CAPÍTULO VI 6. FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA 64 6.1. Introdução Vamos agora usar uma nova metodologia baseada nas chamadas fun- ções de transferência. A função de transferência é uma função (expressão) al- gébrica representando a relação dinâmica entre a entrada e a saída do proces- so. Ela é definida de forma a ser independente das condições iniciais e da es- colha particular da função perturbação e adicionalmente simplifica a análi- se/projeto do sistema de controle. A função de transferência somente é aplica- da a sistemas lineares, uma vez que a transformada de Laplace apenas pode ser empregada em equações lineares. Se o modelo em questão for não-linear, primeiramente, deve ser feita sua linearização por meio da expansão de Taylor já vista. 6.2. Definição A função de transferência de um sistema linear invariante no tempo é definida como sendo a razão da transformada de Laplace da resposta (saída) do sistema pela transformada de Laplace da excitação (perturbação) do siste- ma, considerando-se nulas todas as condições iniciais. Em outras palavras, se )(trr é a resposta de um sistema devido a uma excitação (perturbação) )(tee , então sua função de transferência )(sGG é dada por )( )( )( sE sR sG onde )(sRR é a transformada de Laplace da resposta do sistema e )(sEE é a transformada de Laplace da excitação do sistema. Reescrevendo: )()()( sEsGsR observamos que a transformada de Laplace da resposta do sistema é dada pe- lo produto da função de transferência do sistema pela transformada de Laplace da excitação. Supondo que as raízes de )(sR são todas diferentes das raízes de )(sE , pode-se definir o seguinte: pólos de G(s): raízes de )(sE . zeros de G(s): raízes de )(sR . ordem do sistema: grau de )(sE . tipo do sistema: número de pólos da )(sG em 0s . 65 Exemplo: Seja um sistema representado pela seguinte função de trans- ferência: )10)(5( )3)(2( 5015 65 )( 23 2 sss ss sss ss sG , tem-se então que: pólos: 0, -5, -10 zeros:-3, -2 tipo do sistema: 1 (apenas um pólo na origem) ordem do sistema: 3 6.3. Desenvolvimento de uma função de transferência Consideremos uma EDO de 1ª ordem descrevendo um tanque de a- quecimento agitado com V , pC , e F constantes: QTTCF dt dT CV ipp )( Outra hipótese válida é considerar que o processo está inicialmente em estado estacionário, isto é, no instante inicial, temos que: sTT )0( sii TT ,)0( sQQ )0( Uma forma de eliminar a dependência do modelo com as condições i- niciais estacionárias é subtrair o balanço estacionário (BE) do balanço dinâmico (BD), definindo as variáveis-desvio: BD QTTCF dt dT CV ipp )( BE sssip QTTCF )(0 , sssiip s p QQTTTTCF dt TTd CV )]()[( )( , ''' ' )( QTTCF dt dT CV ipp sendo 'T , ' iT e 'Q as variáveis-desvio: sTTT ' 0)0(' ss TTT siii TTT , ' 0)0( ,, ' sisii TTT sQQQ ' 0)0(' ss QQQ Reordenando, obtemos p i CF Q TT dt dT F V ' '' ' . 66 O termo F V tem a dimensão de ][TEMPO e é denominado comumen- te como constante . Essa constante de tempo indica a velocidade de res- posta do processo a uma mudança desejada ou a uma perturbação. elevado indica processo lento pequeno indica processo rápido O termo pCF 1 é chamado de ganho estacionário K do processo. Aplicando o conceito de Transformadas de Laplace ao modelo linear descrito em termos das variáveis-desvio, temos que: p i CF Q TT dt dT F V ' '' ' ''' ' KQTT dt dT i )()()()]0()([ '' ''' sKQsTsTTssT i )()()()( '' '' sKQsTsTssT i )( 1 )( 1 1 )( ' '' sQ s K sT s sT i )()()()()( '2 ' 1 ' sQsGsTsGsT i onde: i. 1 1 )(1 s sG é a função de transferência que relaciona a entrada )( ' sTi com a saída do sistema )( ' sT ; ii. 1 )(2 s K sG é a função de transferência que relaciona a entrada )(' sQ com a saída do sistema )( ' sT ; Fazendo 0)( ' sTi , uma perturbação degrau em )(' sQ com amplitude Q implica em: )( 1 )( 1 1 )( ' '' sQ s K sT s sT i )( 1 )( '' sQ s K sT s Q s K sT 1 )(' )1( )(' ss QK sT 67 Resolvendo a equação acima por expansão em frações parciais, temos que: ) 1 ( / )1( )(' ss QK ss QK sT 1 ) 1 ( / )( 21' s A s A ss QK sT QKssTA s )]([lim ' 0 1 QKsTsA s )]() 1 [(lim ' 1 2 1 )(' s QK s QK sT ] 1 [][)]([)( 11'1' s QK L s QK LsTLtT t eQKQKtT 1 ' )( )1()( 1 ' t eQKtT Para encontrar o novo valor estacionário de 'T após a aplicação da perturbação degrau em 'Q , basta fazer t : )]1([lim)]([lim 1 '' t tt NOVO eQKtTT QKT NOVO ' Ou seja, sNOVO TQKT 6.4. Propriedades da função de transferência O ganho estacionário ( K ) do processo pode ser calculado a partir da função de transferência. Fazendo-se 0s em )(sG , obtemos o ganho es- tacionário caso ele exista. Pelo Teorema do Valor Final, implementando-se uma perturbação de- grau unitária na variável de entrada x , a mudança na saída y para t é dada por )]([lim 0 sGK s , sendo )( )( )( sx sy sG . )]()([lim)]([lim)(lim 00 sxsGssystyK sst )]([lim] 1 )([lim 00 sG s sGsK ss )]([lim 0 sGK s 68 A ordem do denominador (polinômio em s ) de uma função de transferência é igual à ordem da equação diferencial equivalente. xb dt dx b dt xd b dt xd bya dt dy a dt yd a dt yd a m m mm m mn n nn n n 011 1 1011 1 1 Vamos considerar x e y na forma de variáveis-desvio e ainda condi- ções iniciais nulas. Dessa forma, temos que: 01 1 1 01 1 1 )( )( )( asasasna bsbsbsb sx sy sG n nn m m m m A ordem do numerador e do denominador é limitada por razões físicas, sendo mn . Suponha que um processo real possa ter 0n e 1m : xb dt dx bya 010 . Este sistema responde a uma mudança do tipo degrau em )(tx como um im- pulso. Funções de transferência com 0m são classificadas como possuindo dinâmica no numerador. Por exemplo: 1 1 )( )( s s sx sy b a Funções de transferência possuem a propriedade de adição. )()()()()( 22113 sXsGsXsGsX Se dois processos estão em série, então: )()()( 112 sXsGsX )()()( 223 sXsGsX )()()()( 1213 sXsGsGsX X2(s) X3(s) X1(s) G1(s) G2(s) X2(s) G2(s) X3(s) + X1(s) G1(s) 69 6.5. Procedimento para desenvolvimento de uma função de transferência 70 CAPÍTULO VII 7. COMPORTAMENTO DINÂMICO DE SISTEMAS DE PRIMEIRA ORDEM 71 7.1. Introdução O conhecimento de processos elementares é fundamental, porque sis- temas reais são uma combinação mais ou menos complexa desses processos básicos. Sistemas de 1ª ordem são caracterizados por sua capacidade de ar- mazenar massa, energia ou momento, bem como pela resistência relacionada ao escoamento dessas três grandezas fundamentais. Por exemplo, a resposta dinâmica de tanques, que armazenam subs- tâncias, pode ser modelada como sendo de 1ª ordem. A resistência desses sis- temas está associada a componentes como bombas, válvulas e tubos, que es- tão acoplados a entrada ou a saída da substância. Do mesmo modo, a resposta térmica de um sistema, que armazena energia térmica, pode ser modelada como um sistema de 1ª ordem. A resistên- cia está associada, nesse caso, com a resistência à transferência de calor atra- vés das paredes, de fluidos etc. 7.2. Definição O sistema de 1ª ordem é aquele cuja saída )(ty é modelada por uma equação diferencial de 1ª ordem. Para o caso de um sistema linear (ou lineari- zado), temos a seguinte forma para o modelo: )(01 tbfya dt dy a onde )(tf representa uma função perturbadora (variável de entrada). I. Se 00 a , temos que )( 00 1 tf a b y dt dy a a Agora, podem-se definir as constantes 0 1 a a , constante de tempo 0a b K , ganho estático ou estacionário Portanto, )(tKfy dt dy 72 Se )(ty e )(tf estão definidas em termos de variáveis-desvio em torno de um estado estacionário, as condições iniciais são: 0)0( y e 0)0( f . Des- sa forma, aplicando a transformação de Laplace, temos que )(tKfLy dt dy L )(tfKLyL dt dy L )()()]0()([sKFsYyssY , 0)0( y 1)( )( )( s K sF sY sG , FT de um sistema de 1ª ordem! A equação acima é a função de transferência de um sistema de 1ª or- dem denominada na literatura comumente como retardo ou atraso de 1ª ordem, atraso linear ou atraso de transferência exponencial. II. Se 00 a , temos que )(1 tbf dt dy a )( 1 tf a b dt dy Do mesmo modo, pode-se definir a constante 1 ' a b K , ganho estático ou estacionário Se )(ty e )(tf estão definidas em termos de variáveis-desvio em torno de um estado estacionário e 0)0( y e 0)0( f , temos que )(' tfKL dt dy L )()]0()([ ' sFKyssY , 0)0( y s K sF sY ' )( )( Esta é a função de transferência de um sistema de 1ª ordem denomi- nada como puramente capacitivo ou integrador. K ou 'K e definem a “personalidade” do pro- cesso. 73 7.3. Resposta transiente a uma perturbação degrau unitário 7.3.1. Sistema puramente capacitivo ou integrador s K sF sY ' )( )( Vamos fazer )(tf sofrer uma perturbação degrau unitário: s sF 1 )( Assim, tKty s K ss K sY L ' 2 '' )( 1 )( 1 tKty ')( 7.3.2. Sistema atraso de primeira ordem 1)( )( s K sF sY Fazendo novamente )(tf sofrer uma perturbação degrau unitário, te- mos que: )1(1 1 )( ss K s K s sY 11 )( s B s A ss K sY K s K ssYA ss 1 lim)]([lim 00 K s K sYsB ss 11 lim)(1lim t L KeKty s K s K sY 1 )( 1 )( 1 t eKty 1 1)( 74 7.4. Algumas características de sistemas de primeira ordem a. Tais sistemas são autorregulavéis, alcançando um novo estado estacionário quando da implementação da perturbação degrau. b. O coeficiente angular da resposta em 0t é unitário, indicando que se a mudança inicial em )(ty fosse mantida, a resposta atin- giria seu valor final em uma constante de tempo . c. Quanto menor o valor de mais íngreme é a resposta inicial do sistema. Portanto, a constante de tempo é a medida do tempo necessário para que o processo se ajuste a uma mudança em sua entrada. t eKty 1)( t e K ty 1 )( t e td K ty d 1 )( d. A resposta )(ty alcança: 63,2 % do seu valor final quando t 86,5 % do seu valor final quando 2t 95 % do seu valor final quando 3t 98 % do seu valor final quando 4t Assim, aproximadamente após 4 constantes de tempo, pode-se dizer que o sistema atingiu seu valor final. e. O valor último da resposta (valor do novo estado estacionário) é idêntico a K para uma mudança degrau unitário na entrada. Por- tanto, essa característica explica o nome de ganho estático ou es- tacionário para o parâmetro K . Exemplo: Tanque de nível com resistência linear na corrente de saída. oi FF dt dh A , onde R h Fo iRFh dt dh AR (balanço dinâmico - BD) sis RFh ,0 (balanço estacionário - BE) '' ' )()( iRFh dt dh ARBEBD 75 Definindo AR e RK e admitindo 0)0(' h , temos que '' ' iKFh dt dh )()()0()( '''' sKFsHhssH i 1)( )( ' ' s K sF sH i 76 CAPÍTULO VIII 8. COMPORTAMENTO DINÂMICO DE SISTEMAS DE SEGUNDA ORDEM E DE ORDEM SUPERIOR 77 8.1. Introdução Sistemas de 2ª ordem ou de ordem mais elevada surgem de diversas situações físicas, as quais sejam: Processos multicapacitivos: são dois ou mais sistemas de 1ª or- dem em série com fluxo de matéria ou energia; Sistemas de 2ª ordem inerentes: são processos que têm inércia e estão sujeitos a aceleração. Tais sistemas estão associados a movimento de líquidos ou com a movimentação de partes soli- das. Alguns exemplos são os modelos para o manômetro, indi- cador de nível, válvula pneumática entre outros. Um sistema e seu controlador: o sistema de controle instalado em uma unidade de processo introduz uma dinâmica adicional, que, acoplado a dinâmica da unidade, origina um comportamen- to de 2ª ordem ou de ordem mais elevada. 8.2. Definição Um sistema de 2ª ordem é aquele cuja saída )(ty é modelada por uma equação diferencial de 2ª ordem. Para o caso de um sistema linear (ou lineari- zado), temos a seguinte forma para o modelo: )(012 2 2 tbfya dt dy a dt yd a onde )(tf representa uma função perturbadora (variável de entrada). Se 00 a , temos que )( 00 1 2 2 0 2 tf a b y dt dy a a dt yd a a Podemos definir as seguintes constantes 0 22 a a , é o período natural de oscilação do sistema 0 12 a a , é o fator de amortecimento 0a b K , ganho estático ou estacionário Portanto, )(2 2 2 2 tKfy dt dy dt yd 78 Se )(ty e )(tf estão definidas em termos de variáveis-desvio em torno de um estado estacionário, as condições iniciais são: 0 )0( dt dy , 0)0( y e 0)0( f . Dessa forma, aplicando a transformação de Laplace, temos que )(2 2 2 2 tKfLy dt dy dt yd L )(2 2 2 2 tfKLyL dt dy L dt yd L )()()0()(2)0()0()(22 sKFsYyssY dt dy sysYs 12)( )( )( 22 ss K sF sY sG , FT de um sistema de 2ª ordem! Polos da FT de 2ª ordem: 12 1 p , 12 2 p . 8.3. Resposta transiente a perturbação degrau unitário Vamos fazer )(tf sofrer uma perturbação degrau unitário: sss K sY s sF 12 )( 1 )( 22 Assim, sss K sY 11 )( 22 2 Dependendo do valor de , podemos ter os seguintes casos: Fator de amortecimento Polos 1p e 2p Tipo de resposta (classificação) 1 Reais e distintos parte real negativa Superamortecida 1 Reais e iguais parte real negativa Criticamente amortecida 0 1 Complexos conjugados parte real negativa Subamortecida 0 Complexos conjugados parte real nula Oscilatória com amplitude constante 0 Complexos conjugados parte real positiva Instável 79 8.3.1. Resposta superamortecida ou não oscilatória ( 1 ) 11 )( 22 2 sss K sY 11 )( 2 3 2 21 s A s A s A sY KA 1, 2122 22 2 K A e 2122 22 3 K A tsenhteKty t 1 1 1 cosh1)( 2 2 2 onde )cos( 2 )cosh( ix ee x xx e )( 2 )( ixisen ee xsenh xx A resposta para 1 é não-oscilatória e se torna mais lenta (morosa) na medida em que aumenta. Quando comparada a resposta a uma pertur- bação degrau em um sistema de 1ª ordem, verifica-se que o sistema responde inicialmente com um atraso, permanecendo a resposta mais lenta também ao longo do tempo. Um ponto importante a ser destacado é que as respostas su- peramortecidas são típicas de sistemas de 1ª ordem em série. 8.3.2. Resposta criticamente amortecida ( 1 ) 2 2 )( ss K sY 2 321 2 2 )( s A s A s A ss K sY 21 K A , 22 K A e 23 K A t e t Kty 11)( 80 8.3.3. Resposta subamortecida ou oscilatória ( 1 ) isiss K sY 22 2 11 )( is A is A s A sY 2 3 2 21 11 )( KA 1 , i KK A 2 2 122 e i KK A 2 3 122 )( 1 1 1)( 2 tseneKty t onde 21 e 2 1 1tan A resposta subamortecida é inicialmente mais rápida que a criticamen- te amortecida e que a superamortecida. Apesar de a reposta subamortecida ser mais veloz inicialmente e alcançar seu valor final rapidamente, a mesma não permanece nesse valor e começa a oscilar com amplitude progressiva- mente decrescente. Esse comportamento oscilatório torna a resposta subamor- tecida completamente diferente das demais. Esse comportamento oscilatório torna-mais pronunciado com o decréscimo do fator de amortecimento . Vale ressaltar que a maior parte das respostas subamortecidas em uma planta química decorre da interação dos controladores com as unidades do processo. Os projetistas de sistemas de controle buscam fazer com que a resposta a um degrau no valor desejado da variável controlada se aproxime da resposta ao degrau de um sistema de 2ª ordem subamortecido. Valores de entre 0,4 e 0,8 ( )8,04,0 são frequentemente empregados em malhas de controle. O desempenho em regime transiente de um sistema com resposta su- bamortecida é avaliado, em geral, pela resposta temporal do sistema a uma en- trada do tipo degrau. E para avaliar o desempenho do sistema, vamos definir alguns termos que são comumente empregados para descreve a dinâmica de sistemas de 2ª ordem ou de ordem superior. 8.3.3.1. Sobre-elevação (overshoot) - BA / É a medida de quanto a resposta de um sistema, submetido a uma per- turbação degrau, excede seu valor final. É definida como a razão BA / . B é o valor final da resposta ( )(ty quando t , isto é, KtyB t )(lim ) e A é a quantidade máxima excedida pela resposta em relação ao seu valor final. 81 21 e B A 8.3.3.2. Razão de declínio (decay ratio) - AC / É a razão entre a altura de dois picos sucessivos acima do valor último, definida como AC / . Vale observar que 2)(overshoot declínio de razão . 21 2 e A C 8.3.3.3. Período de oscilação - T A frequência em radianos de uma resposta subamortecida é definida como 21 . Então, sendo T 2 , temos que 21 2 T 8.3.3.4. Período natural de oscilação - nT Um sistema de 2ª ordem com fator de amortecimento 0 está livre de qualquer amortecimento. Sua função de transferência é dada por isis K s K s K sF sY sG 2 2 2 2 22 11)( )( )( Como há dois polos puramente imaginários, o sistema oscila com am- plitude constante e frequência natural ( 1n ). Novamente, como T 2 , temos que 2nT 8.3.3.5. Tempo de resposta (settling time) - rt A resposta de um sistema subamortecido alcança seu valor final de forma oscilatória na medida em que t . Para fins práticos, admite-se que a resposta atingiu seu valor final quando ela alcança uma faixa de %5 de seu valor final e nela permanece. O tempo necessário para a resposta alcançar es- sa situação é denominado tempo de resposta ( rt ). 82 8.3.3.6. Tempo de ascensão (rise time) - at Esse termo é usado para caracterizar a velocidade de reposta de um sistema subamortecido. É definido como o tempo que a resposta leva para al- cançar pela primeira vez seu valor final. Quanto menor o fator de amortecimen- to, menor o tempo de ascensão (mais rápida é a resposta do sistema), porém com maior overshoot. 8.3.4. Resposta oscilatória com amplitude constante ( 0 ) O sistema oscila com amplitude constante. 8.3.5. Resposta instável ( 0 ) O termo exponencial cresce sem limite na medida em t (sistema instável). Para finalizar este capítulo, vale destacar que a velocidade máxima da resposta (coeficiente angular máximo) de sistemas de 2ª ordem não ocorre em 0t (como é o caso dos sistemas de 1ª ordem). Para os de 2ª ordem, a res- posta se inicia com inclinação nula e a velocidade máxima de resposta ocorre no ponto de inflexão. Vale ressaltar que dt dy em 0t vale zero para todos os sistemas de ordem superior a 1. 83 CAPÍTULO IX 9. SISTEMAS MULTICAPACITIVOS 84 9.1. Introdução Quando massa ou energia flui através de dois sistemas de 1ª ordem em série, a dinâmica resultante do sistema é de 2ª ordem sem oscilação. Por exemplo, dois tanques em série, onde cada um é modelado como um sistema de 1ª ordem, constituem um sistema de 2ª ordem com ou sem interação. Dessa forma, costuma-se modelar processos de ordem superior pelo resultado da as- sociação em série de processos de 1ª ordem. Vale ressaltar que não é necessária a existência de mais de uma uni- dade na planta. Nesse caso, podemos citar outros exemplos de sistemas multi- capacitivos: Tanque de aquecimento com agitação no qual a vazão e tempe- ratura da corrente de alimentação variam: o balanço de massa constitui um sistema de 1ª ordem, mas o balanço de energia é de 2ª ordem em relação à vazão e de 1ª ordem em relação à temperatura de alimenta- ção; Torre de destilação, pois cada prato acumula massa e energia, constituindo, segundo um modelo de parâmetros concentrados, cada um deles um tanque agitado; Reatores de mistura perfeita (CSTR) com variação na composi- ção e temperatura de alimentação: as duas equações diferenciais (ba- lanço molar e de energia), constituem um sistema de equações dife- renciais interativas. Processos com variáveis que interagem entre elas ou contendo reali- mentaçãointerna de matéria ou energia (corrente de reciclo) formam os cha- mados sistemas com interação. Esses sistemas sempre têm respostas dinâmi- cas superamortecida, a menos que existam termos de gera- ção/desaparecimento de matéria/energia. A presença destes termos produz uma variedade de respostas. Convém destacar que em um CSTR, descrito por balanços linearizados de massa e energia (sistema com interação), a resposta pode apresentar modos oscilatórios. 9.2. Sistemas em série sem interação Tais sistemas são descritos pelas equações diferenciais )(11 1 1 tfKy dt dy )(122 2 2 tyKy dt dy A resolução de tais sistemas é sequencial, característica de sistemas em série sem interação. 85 As funções de transferência de cada unidade são dadas por 1 )( 1 1 1 s K sG e 1 )( 2 2 2 s K sG Assim, a função de transferência global do processo pode ser encon- trada: )()()()( )( 1 )( )( )( 2121 2 sGsGsGsY sFsF sY sG 11 )( 2 2 1 1 s K s K sG 12 )( ''22' ' ss K sG 21 ' 21 2' 1 2 2 21 21' 21 '' 21 ' KKK Os valores de 1 e 2 determinam o tipo de resposta dinâmica para o sistema. Nesse caso, se temos que: 21 : polos reais e distintos 2 1 1 1 11 pp 21 : polos idênticos Portanto, sistema em serie sem interação sempre geram sistemas de 2ª ordem superamortecidos ou criticamente amortecidos. Exemplo: Dois tanques em série sem interação Sejam dois tanques conforme a Figura 1, a descarga do primeiro tan- que alimenta o segundo, na saída de cada um existe uma válvula que impõe ao escoamento uma resistência 1R e 2R . 1º tanque 1 1 1 1 1 )( R h tq dt dh A F(s) Y1(s) Y2(s) G2(s) G1(s) 86 (BD) )(111 1 11 tqRh dt dh RA (BE) ss qRh ,11,10 (BD - BE) )('111 ' ' 1 11 tqRh dt dh RA Figura 1 111 RA e 11 RK )()()( '11 ' 1 ' 11 sQKsHssH 1)( )( 1 1 ' 1 ' 1 s K sQ sH 2º tanque 2 2 2 2 2 )( R h tq dt dh A (BD) )(222 2 22 tqRh dt dh RA (BE) ss qRh ,22,20 (BD - BE) )('22 ' 2 ' 2 22 tqRh dt dh RA 222 RA e 22 RK )()()( '22 ' 2 ' 22 sQKsHssH 1)( )( 2 2 ' 2 ' 2 s K sQ sH 87 ? )( )( ' 1 ' 2 sQ sH , essa FT representa a variação do nível do 2º tanque frente a uma perturbação implementada na alimentação do 1º tan- que. )( )( )( )(1 )( )( )( )( )( )( )( )( )( )( ' 1 ' 1 ' 2 ' 2 1 ' 1 1 ' 1 ' 2 ' 2 ' 1 ' 2 ' 2 ' 2 ' 1 ' 2 sQ sH sQ sH RsQ R sH sQ sH sQ sQ sQ sH sQ sH 11 1 )( )( 1 1 2 2 1 ' 1 ' 2 s K s K RsQ sH , onde 11 RK 11)( )( 21 2 ' 1 ' 2 ss K sQ sH 1)( )( 21 2 21 2 ' 1 ' 2 ss K sQ sH 9.3. Sistemas em série com interação Sejam dois tanques conforme a Figura 2. A descarga do primeiro tan- que alimenta o segundo, na saída de cada um existe uma válvula que impõe ao escoamento uma resistência 1R e 2R , porém ao contrário do sistema sem inte- ração, o nível de segundo tanque influência no nível do primeiro. Figura 2 )()( 21 1 1 tqtq dt dh A )()( 32 2 2 tqtq dt dh A Admitindo resistência linear ao escoamento, temos 88 1 21 2 )( R hh tq e 2 2 3 )( R h tq (BD) 01 )( 1 1 2 2 1 22 22 1121 1 11 h R R h R R dt dh RA tqRhh dt dh RA (BE) 010 0 ,1 1 2 ,2 1 2 ,11,2,1 ss sss h R R h R R qRhh (BD-BE) 01 )( ' 1 1 2' 2 1 2 ' 2 22 11 ' 2 ' 1 ' 1 11 h R R h R R dt dh RA tqRhh dt dh RA Aplicando as transformas de Laplace com condições iniciais nulas e definindo 111 RA e 222 RA , temos que 0)()(1 )()()(1 ' 1 1 2' 2 1 2 2 ' 11 ' 2 ' 11 sH R R sH R R s sQRsHsHs Resolvendo o sistema de equações lineares em relação a )('1 sH e )('2 sH , vem que )( 1 )( '1 2121 2 21 2112' 1 sQ sRAs RRsR sH )( 1 )( '1 2121 2 21 2' 2 sQ sRAs R sH Relembrando a função de transferência para tanques sem interação, )( 1 )( '1 21 2 21 2' 2 sQ ss K sH , onde 22 RK podemos verificar que nos sistemas com interação aparece o termo 21RA no denominador. Este termo é denominado fator de interação. Quanto maior o va- lor de 21RA , maior será a interação entre os tanques. Vale observar os polos de )( )( ' 1 ' 2 sQ sH dados por 89 21 21 2 21212121 2,1 2 4 RARA p Como 04 21 2 2121 RA , os polos são sempre reais e distintos, sendo a saída superamortecida. Reescrevendo a função de transferência em termos dos polos 1p e 2p , vem que 21 21 2 ' 1 ' 2 )( )( psps R sQ sH Considerando que * 1 1 1 p e * 2 2 1 p , podemos fazer 1111)( )( * 2 * 1 21 2 * 2 * 1 * 2 * 1 21 2 ' 1 ' 2 ss R ss R sQ sH E finalmente assumindo que 21 , temos que 1 4 4 21 2 21212121 21 2 21212121 1 2 * 2 * 1 RARA RARA p p Observa-se que o efeito da interação é mudar a razão das constantes de tempo efetiva para os dois tanques (um tanque se torna mais rápido e o ou- tro mais lento). Uma vez que a resposta global de )(2 th é afetada por ambos os tanques, o tanque mais lento se torna a etapa determinante e a resposta global se torna mais lenta devido à interação. Portanto, sistemas com interação são mais morosos que aqueles sem interação. 90 CAPÍTULO X 10. EXERCÍCIOS 91 1) A palavra “modeleiro” é um jargão muito utilizado entre os pesquisadores para se referir àqueles que trabalham com a modelagem e simulação de processos. Mostre sucintamente as etapas envolvidas na atividade des- se profissional. 2) Considerando o contexto da Engenharia Química, discuta sobre a impor- tância da modelagemde processos e em que circunstâncias os modelos obtidos podem ser aplicados. 3) Cite alguns softwares ou pacotes computacionais que são comumente empregados para a implementação dos métodos numéricos na solução dos modelos e, consequentemente, para a simulação do processo em estudo. 4) Apresente um processo qualquer da Engenharia Química por meio de uma representação esquemática, elucidando suas variáveis e parâme- tros e o tipo de modelo que seria adequado para sua descrição matemá- tica. 5) Considere as equações abaixo e as classifique quanto à linearidade. Caso o modelo seja linear, identifique o operador linear associado. Logo abaixo, há um exemplo ilustrativo para orientação. a) 2 2 2 0, ( ) d y dy y y y x dx dx b) 2 0, ( ) 3 dx x x x t dt c) 0 , ( )a a a a a a dC C C kC C C t dt 0aC e k são constantes d) 0 , ( )v dh F C h h h t dt 0F e vC são constantes e) 2 2 0, ( ) d d t dt dt f) 2 2 2 0, ( )x d y dy x sen x e y y y x dx dx 92 Exemplo ilustrativo Seja a equação diferencial ordinária (EDO): 2 1 2 zd P dP P dz dz , onde e são constantes. Pode-se classificar a mesma como uma equação linear, uma vez que todos os coeficientes (1, 1 z e ) não são funções da variável dependente P ao mesmo tempo em que P e suas derivadas têm expoente 1 (o u 0). Nesse caso, o operador linear é facilmente identificado em se fazendo: 2 2 2 d d d d D e DD D dz dz dz dz Temos que: 2 1 2 1 2 2 1( 1) z z z d P dP P D P DP P dz dz P D D Fazendo agora 2 1 1zL D D , encontramos o operador linear asso- ciado à EDO 2 1 2 1z d d L dz dz , onde é um argumento qualquer. Aplicar o operador a P é o mesmo que fazer: 2 1 2 2 2 1 1 2 2 ( ) 1z z z d d L P P dz dz d P dP d P dP P P dz dz dz dz Ainda sabemos que se L é linear, valem as igualdades: 1 2 1 2 1 1 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) L P P L P L P L P L P A obtenção de um operador é muito importante, pois permite predizer sobre a estabilidade de um sistema e, no caso de EDO com coeficientes cons- tantes, as raízes do polinômio característico do operador permitem obter a so- lução homogênea da equação. 93 6) O processo abaixo representa um reator e uma coluna de destilação bi- nária, que estão interconectados por uma corrente de reciclo de material. Uma reação irreversível de primeira ordem A B ocorre no reator con- tínuo de mistura perfeita e a corrente efluente do reator, uma mistura de A e B , é alimentada a uma coluna de destilação. O produto B é retira- do pelo fundo, enquanto a espécie A não-reagida é reciclada para o reator por meio do topo da coluna. Considerando a operação isotérmica e que as frações molares dadas para cada corrente são relativas ao rea- gente A , obtenha o modelo estacionário do processo. Diagrama de um processo reator/separador com reciclo. 7) Considere um tanque com uma saída livre por onde escoa um líquido de densidade constante 3( / )Kg m . O tanque tem uma seção transversal 2( )A m e o tubo da saída apresenta uma seção transversal 2( )a m . O ní- vel de líquido no tanque é ( )h m , a vazão de alimentação é 3( / )u m s e a vazão de saída é 3( / )q m s . a. Obtenha o modelo do processo, aplicando a lei fundamental de balanço de massa global; b. Classifique o modelo quanto à natureza e à estrutura matemática; c. Encontre uma expressão que represente como a vazão q varia com u . Dica: aplique a Equação de Bernoulli para fluidos incom- pressíveis e considere também que a velocidade do líquido na su- 94 perfície superior do tanque é desprezível quando comparada à ve- locidade na saída do tubo. Diagrama de um tanque de escoamento. Equação de Bernoulli 2 2 v p gh constante v = velocidade do fluido g = aceleração da gravidade h = altura com relação a um referencial p = pressão = densidade do fluido 8) Para os casos abaixo, desenhe o fluxograma do processo e depois apli- que os conceitos de balanço de massa, admitindo que a operação se desenvolva em regime permanente e que a massa específica do sistema seja constante. a. Tendo-se uma alimentação de um evaporador de 1000,0 kg/h de suco integral de fruta com 12,0% de sólidos solúveis, quanto se produz de suco concentrado com 40,0% de sólidos solúveis? Quanto de água será evaporado? b. Deseja-se produzir 2 4H SO a 18,63% em peso a partir de 200,0 kg/h de uma solução a 77,7% e de outra solução do ácido a 12,43%. Qual a quantidade de solução a 18,63% obtida? 9) Dois componentes A e B são transportados para um reator contínuo de tanque agitado (CSTR) por meio de um solvente. No CSTR, ocorre uma reação isotérmica de primeira ordem em A. Considerando que a massa específica do sistema seja constante, S seja a área trans- A B kr 2 95 versal do reator e s vF c h , determine as equações do modelo do pro- cesso e o classifique quanto a sua linearidade, dependência com o tem- po e variáveis espaciais. 10) Um líquido de massa específica constante entra e sai de um tanque cô- nico agitado pela ação da gravidade. Considerando s vF c h e 2 3 V r h , determine seu modelo dinâmico. 11) Um dos motivos mais comuns para a existência de tempo-morto é o efei- to de atraso de transporte de massa ou de sinal. Um exemplo típico po- de ser o controle de uma propriedade de um fluido (por exemplo, a tem- peratura) que escoa em um tubo onde a distância d entre o local de a- tuação ( )u t de um controlador e o local da medida ( )y t pelo sensor é significativa. Que problema a existência deste tempo-morto pode acarre- tar para o sistema? Exemplo de um sistema com tempo-morto. h Fs Fe CAo CBo CA CB R r Fe Fs h H 96 12) Considere um tanque de diluição de volume V no qual duas correntes são alimentadas: uma corrente de uma espécie química ( ) com con- centração molar 0C e vazão volumétrica 0F e outra de um solvente puro com vazão volumétrica S . A concentração molar da corrente de descar- te da espécie, cuja vazão volumétrica é F , é igual à C . Suponha ainda que as densidades das correntes e a da solução no tanque sejam cons- tantes e aproximadamente iguais e que o tanque apresente mistura per- feita. a. Encontre o modelo dinâmico do sistema; b. Determine a expressão para a concentração estacionária C . Tanque de diluição. 13) Considere agora que a espécie poluente da questão (12), em vez de ser apenas diluída para descarte, é convertida em outra espécie de menor impacto ambiental. A reação química irreversível ocorre no mes- mo tanque da questão (2) e pode ser considerada de 2ª ordem com uma constante de cinética . Supondo as mesmas hipóteses, encontre o modelo dinâmico do sistema. Reação química Velocidade de consumo de 2CrA [mol/(tempo.volume)] 14) Expresse as equaçõesde taxa de consumo para as reações químicas elementares: a. b. 97 15) Em sala de aula, foi apresentada uma modelagem genérica para um reator contínuo de mistura perfeita (CSTR) não isotérmico. Também foi dito que, em se aplicando certas hipóteses, outros sistemas não iso- térmicos da Engenharia Química também podem se representados a partir do modelo dado. Dessa forma, indicando as considerações que julgar necessárias, obtenha um modelo simples para os sistemas abai- xo. Dica: inicie a solução fazendo um esboço do processo e identifi- cando as variáveis de entrada, de saída e de estado. a. Reator batelada (batch), onde se processa uma reação irreversí- vel exotérmica ( 0 rH ) de 1ª ordem; b. Tanque de pré-aquecimento de uma corrente de óleo em uma u- nidade de uma refinaria. 16) A utilização das Transformadas de Laplace é muito útil na solução dos modelos matemáticos obtidos para os processos da Engenharia Quími- ca, uma vez que simplifica a busca da solução transformando um siste- ma de EDO em um sistema de equação algébricas em um domínio complexo. 0 )()())(( dtetfsftfL st Quais são as propriedades que )(tf deve apresentar para que a trans- formação seja possível? 17) Sabemos que a maioria dos sistemas químicos é descrita por modelos não lineares, que podem ser linearizados em torno de uma condição o- peracional estacionária empregando a metodologia de expansão em sé- rie de Taylor. Isso se justifica pelo fato de os modelos lineares apresen- tarem solução analítica e a teoria de controle clássico ser baseada em processos lineares. Sendo assim, linearize os seguintes itens: a. Corrente de saída de um tanque como função de uma altura: hkhF )( b. Taxa específica de reação como função da temperatura: RT E eT 0)( 98 18) Já vimos em sala de aula que o modelo matemático dinâmico de um CSTR não-isotérmico pode ser dado pelo sistema de equações abaixo: F VCeCC dt dC A RT E AiA A )( 0, )( 1 p r p A RT E i C H JTT VC UA CeJTT dt dT )()(1 0)(0 Neste caso, linearize o modelo e apresente os resultados em forma de variável-desvio. Dica: para a linearização, observe que o único termo não-linear nas duas equações simplesmente se refere a AA CeTCf RT E )( ),( . 19) Apresente o sistema algébrico resultante da aplicação das Transforma- das de Laplace ao sistema de EDO linear encontrado na questão anteri- or. 20) Resolva os seguintes problemas pelo método das transformadas de La- place, empregando a expansão em frações parciais se for necessário: 0 )0( ;0)0(0 )(5)(2 )( 3 )( ) 2 2 dt dC Ct tutC dt tdC dt tCd a onde )(tu representa uma função degrau unitário. Resposta: tt eetC 25,255,2)( 0)0(;0 )0( ;0)0(0 )( )( )(5 )( 2 )( ) 2 2 i i i C dt dC Ct tC dt tdC tC dt tdC dt tCd b onde )()( ttCi representa uma função impulso ou Delta de Dirac. Resposta: º45),2(2)( tsenetC t 0 )0( ;0 )0( ;0)0(0 )(2)( )( 3 )( 3 )( ) 2 2 2 2 3 3 dt Cd dt dC Ct tutC dt tdC dt tCd dt tCd c onde )(tu representa uma função degrau unitário. Resposta: ]22[2)( 2 ttetC t 0)0(0 )()(2 )( ) Ct tftC dt tdC d onde )1()( tutf representa uma fun- ção degrau unitário defasada de um tempo morto 1dt . Resposta: ]1)[1( 2 1 )( )1(2 tetutC 99 21) Exercício resolvido O procedimento de start-up para um reator batelada inclui um passo de aquecimento onde a temperatura do reator é gradualmente elevada de T0 = 20 ºC até chegar a temperatura nominal de operação de Tf = 75 ºC. O perfil desejado para temperatura )(tT é mostrado na figura abaixo. Determine )(' sT , considerando que a variável-desvio é definida por 0 ' )()( TtTtT . Solução A partir da figura acima, podemos escrever o seguinte sistema de equa- ções que descreve o perfil desejado: t tt tT t tt tT 30;75 300;20 30 55 )( 30;75 300;20 030 )2075( )( Definindo 0 ' )()( TtTtT , onde T0 = 20 ºC, temos que: t tt tTtTtT 30;55 300; 30 55 )(20)()( '' Então, aplicando a definição de Transformadas de Laplace presente na questão 1: t (min) 30 T (ºC) 7 5 2 0 0 100 ))(()( '' tTLsT 30 30 0 ' 55 30 55 )( dtedttesT stst )1( 30 55 )( 30 2 ' se s sT Caso seja de interesse, pode-se confirmar se a expressão de )(' sT está correta em se fazendo inversão ( )]([)( '1' sTLtT ) para o domínio do tempo. )1( 30 55 )( 30 2 ' se s sT )]1( 30 55 [)( 30 2 1' se s LtT )]() 1 ([ 30 55 )( 2 30 1 2 1' s e L s LtT s )]30()30([ 30 55 )(' tutttT sendo t t tu 30;1 300;0 )30( , que sempre deve aparecer nos termos que têm tempo-morto. Nesse exercício, o tempo-morto é visto pelo termo se 30 . Assim, t tt tT 30;55 300; 30 55 )(' , que está correto com a formulação ini- cial! 22) Admita que a concentração de alimentação )(0 tCa de um reagente A pa- ra um reator é inicialmente igual a 1 lbmol/ft3. Esta concentração é então aumentada de 10 % de seu valor inicial por 1 hora, em seguida cai para 10 % de seu valor inicial por 1 hora novamente e finalmente retorna para seu valor original. Esquematize uma trajetória para essas mudanças em termos de variável-desvio e encontre )(0 ' sC a . 23) Sucintamente, diferencie as repostas dinâmicas de sistemas de 1ª e de 2ª ordens. 24) Cite as três situações gerais das quais surgem os sistemas de 2ª ordem ou de ordem superior. 101 25) Para fins de controle de processos, a constante de tempo ( ) dos siste- mas de 1ª ordem desempenha um importante papel, uma vez que indica a velocidade de resposta destes sistemas. Do mesmo modo, resposta dinâmica de um sistema de 2ª ordem apresenta o tempo de resposta ( rt ) e o tempo de ascensão ( at ). Apresente a definição de cada uma destas duas propriedades importantes dos sistemas de 2ª ordem. 26) Para fins de controle de processos, a constante de tempo ( ) dos siste- mas de 1ª ordem desempenha um importante papel, uma vez que indica a velocidade de resposta destes sistemas. Do mesmo modo, resposta di- nâmica de um sistema de 2ª ordem apresenta o tempo de resposta ( rt ) e o tempo de ascensão ( at ). Apresente a definição de cada uma destas du- as propriedades importantes dos sistemas de 2ª ordem. 27) Considere o modelo dinâmico de um reator CSTR isotérmico, onde um reagente A é consumido segundo uma cinética de segunda ordem. A va- riável inAC , representa a concentração da alimentação do processo. O volume V do reator, a vazão F de alimentação e oparâmetro da re- ação são mantidos constantes. 2, AAinAA CVCCF dt dC V a) Apresente o modelo dinâmico linearizado, supondo que as condi- ções estacionárias são dadas por 31mV , )/(2 3 hkmolm , hmF /2 3 e 3 , /2 mkmolC inA ; b) Apresente a função de transferência que relaciona a saída ' AC com a entrada ' ,inAC ; c) Verifique a ordem do modelo e calcule o ganho estacionário deste sistema. 28) Um processo qualquer apresenta o seguinte modelo, onde 'x e 'y são variáveis-desvio com valores iniciais das funções 'y e 'x e das derivadas nulos: ' ' ' ' 2 '2 3 '3 32485 x dt dx y dt dy dt yd dt yd 102 Encontre a expressão (função de transferência) que relaciona a saída )(' sY à entrada )(' sX . Calcule os polos e zeros do sistema, bem como o classifique quanto à ordem e ao tipo. 29) Um exemplo simples de um sistema que apresenta correntes em parale- lo pode ser visto na figura abaixo, onde as unidades 1 e 2 estão em in- terconectadas em paralelo e ambas, posteriormente, em série com a su- bunidade 3. Supondo que as unidades sejam lineares e que suas funções de transfe- rência sejam dadas por )(1 sG , )(2 sG e )(3 sG , mostre que a função de transferência global do sistema é representada pela equação: 3 1 2 3 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Y s G s G s G s U s 30) Considere que comportamento dinâmico de um sistema de segunda or- dem pode ser dado representado pela função de transferência 1325,2 4 )( )( 2 sssX sY . a) Calcule o ganho estacionário, a constante de tempo e o fator de amorte- cimento do sistema. b) Verifique o tipo de resposta que o sistema apresenta a uma perturbação degrau e apresente um esboço desta resposta. c) Determine a resposta ( )y t para uma perturbação degrau unitário aplica- da em )(tX no instante de tempo tc= 2. Observação: veja que no materi- al trabalhado em sala, já se encontram as respostas para os casos em que se aplica um degrau unitário instante de tempo igual a zero. Portan- to, a solução deste item é facilitada pela aplicação da translação real. y3 y2 u y1 + )(1 sG )(2 sG )(3 sG