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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 1 Aula 3: A Reforma e o Controle da Adm. Pública .......................................................................... 2 ............................................................................................................................. 2 Introdução ................................................................................................................................ 4 Conteúdo A questão da legitimidade dos atos administrativos .................................................. 4 Outros fatores que afetam a validade dos atos administrativos .............................. 4 O controle administrativo ................................................................................................ 5 Como se dividem os tipos de controle ......................................................................... 5 Os tipos de controle .......................................................................................................... 6 Controle externo na Administração Pública ................................................................ 7 A função de controle por parte do Poder Legislativo ................................................. 8 Os papéis do Tribunal de Contas e do Congresso .................................................... 10 As acepções de controle, fiscalização e auditoria ..................................................... 11 Inspeção e auditoria para o Tribunal de Contas ....................................................... 11 Competências do Tribunal de Contas ......................................................................... 12 O objetivo central do controle externo ....................................................................... 13 Crimes em licitação ......................................................................................................... 14 Atividade proposta .......................................................................................................... 15 ........................................................................................................................... 16 Referências ......................................................................................................... 16 Exercícios de fixação Chaves de resposta ..................................................................................................................... 20 ..................................................................................................................................... 20 Aula 3 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 20 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 2 Introdução Nesta aula, será discutida uma das principais funções da Administração: o controle. O controle é de fundamental importância para gestão, pois assegura que resultados ocorram em consonância com os planos, objetivos e metas traçados pelo gestor. Em sentido amplo, os controles da Administração Pública previstos na Constituição Federal buscam garantir que os recursos oriundos dos impostos sejam aplicados de forma legal, moral e econômica na prestação do serviço público à sociedade. Sendo assim, serão apresentados os conceitos e tipos de controles previstos na Constituição Federal. Terão ênfase as formas de controle externo da Administração exercidas pelo Poder Legislativo por meio dos tribunais de contas da União, estados e municípios. Finalizando, serão discutidos os papéis do controle, fiscalização e auditoria exercidos pelos órgãos de controle, os limites do alcance desses instrumentos, bem como, os principais tipos de crimes praticados pelos gestores no âmbito das licitações. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 3 Preparado para iniciar a aula? Bons estudos! Objetivo: 1. Apontar os principais controles da Administração Pública; 2. Identificar as ferramentas básicas de controle. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 4 Conteúdo A questão da legitimidade dos atos administrativos A Administração Pública, em todas as suas manifestações, deve atuar com legitimidade, ou seja, segundo as normas pertinentes a cada ato e de acordo com a finalidade e o interesse coletivo na sua realização. Até mesmo nos atos discricionários, a conduta de quem os pratica há de ser legítima – conforme as opções permitidas em lei e as exigências do bem comum. Seja infringindo as normas legais, relegando os princípios básicos da Administração, ultrapassando a competência ou se desviando da finalidade institucional, o agente público vicia o ato de ilegitimidade e o expõe à anulação pela própria Administração ou pelo Judiciário, em ação adequada. Outros fatores que afetam a validade dos atos administrativos Em outros casos, o interesse público impõe a verificação da eficiência do serviço ou a utilidade do ato administrativo. Exige, assim, a modificação ou supressão desse ato, ainda que legítimo, mas ineficiente, inútil, inoportuno ou inconveniente à coletividade, o que é feito pela Administração – e somente por ela – por meio da revogação. Casos há, ainda, em que a realização do ato pelo Executivo ou sua eficácia depende de autorização ou aprovação do Legislativo, num controle eminentemente político. Assim, os Estados de Direito, como o nosso, ao organizarem sua Administração, fixam a competência de seus órgãos e agentes e estabelecem tipos e formas de controle de toda a atuação administrativa, para defesa da própria Administração e dos direitos dos administrados. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 5 O controle administrativo Controle, em tema de Administração Pública, é a faculdade de vigilância, orientação e correção que um Poder, órgão ou autoridade exerce sobre a conduta funcional de outro. O controle, no âmbito da Administração direta ou centralizada, decorre da subordinação hierárquica, e, no campo da Administração indireta ou descentralizada, resulta da vinculação administrativa, nos termos da lei instituidora das entidades que a compõem. Como decorrência disso, o controle hierárquico é pleno e ilimitado, enquanto o controle das autarquias e das empresas estatais em geral, sendo apenas um controle finalístico, é sempre restrito e limitado aos termos da lei que o estabelece. Como faculdade onímoda, o controle é exercido em todos e por todos os Poderes de Estado, estendendo-se a toda a Administração e abrangendo todas as suas atividades e agentes. Por isso, diversifica-se em variados tipos e formas de atuação para atingir os seus objetivos. Como se dividem os tipos de controle Segundo os especialistas do assunto, “os tipos e formas de controle da atividade administrativa variam segundo o Poder”. Nesse sentido, esses controles, de acordo com seu fundamento, serão hierárquicos ou finalísticos; consoante a localização do órgão que os realiza, podem ser internos ou externos; segundo o momento em que são feitos, consideram-se prévios, concomitantes ou subsequentes (ou, por outras palavras, preventivos, sucessivos ou corretivos); e, finalmente, quanto ao aspecto controlado, podem ser de legalidade ou de mérito. A partir de agora, entenda, com maior profundidade, cada um desses tipos. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 6 Os tipos de controle São tipos de controle da Administração Pública: Controlehierárquico - É o que resulta automaticamente do escalonamento vertical dos órgãos do Executivo, em que os inferiores estão subordinados aos superiores. Controle finalístico - É o que a norma legal estabelece para as entidades autônomas, indicando a autoridade controladora, as faculdades a serem exercidas e as finalidades objetivadas. Controle interno - É todo aquele realizado pela entidade ou órgão responsável pela atividade controlada, no âmbito da própria Administração. Assim, qualquer controle efetivado pelo Executivo sobre seus serviços ou agentes é considerado interno. A Constituição de 1988 determina, no § 1º do Artigo 74, que os três Poderes de Estado mantenham sistema de controle interno de forma integrada; e, mais, determina que os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade, dela deverão dar ciência ao Tribunal de Contas, sob pena de responsabilidade solidária. Controle externo - É o que se realiza por um Poder ou órgão constitucional independente funcionalmente sobre a atividade administrativa de outro Poder estranho à Administração responsável pelo ato controlado. Controle externo popular - Está previsto no Artigo 31, § 3º, da CF, determinando que as contas do município fiquem, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte para exame e apreciação. Mediante tal medida, pode-se questionar a legitimidade das contas aludidas nos termos da lei. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 7 Controle prévio ou preventivo - É o que antecede a conclusão ou operatividade do ato, como requisito para sua eficácia. Exemplo: a liquidação da despesa, para o oportuno pagamento. Controle concomitante ou sucessivo - É todo aquele que acompanha a realização do ato para verificar a regularidade de sua formação, por exemplo: a realização de auditoria durante a execução do orçamento; a fiscalização de um contrato em andamento. Controle subsequente ou corretivo - É o que se efetiva após a conclusão do ato controlado visando corrigir seus eventuais defeitos, declarar sua nulidade ou dar-lhe eficácia. Exemplo: a homologação do julgamento de uma concorrência. Controle de legalidade ou legitimidade - É o que objetiva verificar unicamente a conformação do ato ou do procedimento administrativo com as normas legais que o regem. Controle de mérito - É todo aquele que visa à comprovação da eficiência, do resultado, da conveniência ou oportunidade do ato controlado. Daí por que esse controle compete normalmente à Administração e, em casos excepcionais, expressos na Constituição, ao Legislativo (CF, Artigo 49, IX e X), mas nunca ao Judiciário. A eficiência é em face do desenvolvimento da atividade programada pela Administração e da produtividade de seus servidores; o resultado é aferido diante do produto final do programa de trabalho, levando-se em conta o trinômio custo-tempo-beneficio; a conveniência ou oportunidade é valorada internamente pela Administração. Controle externo na Administração Pública O controle externo da Administração Pública no Direito pátrio é matéria constitucional. A Constituição Federal assim estabelece: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 8 Art. 70: A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. Como podemos extrair desse mandamento constitucional, a função da fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da Administração Pública quanto aos aspectos de legalidade, legitimidade e economicidade está a cargo do Poder Legislativo, mediante o exercício do controle externo e com o apoio do sistema de controle interno de cada poder. A função de controle por parte do Poder Legislativo É oportuno mencionar que o Poder Legislativo também exerce a função de controle por meio dos mecanismos constitucionais a seguir exemplificados: Comissões parlamentares As comissões parlamentares são compostas por um grupo de deputados. Podem ser permanentes ou temporárias. As permanentes correspondem às comissões que subsistem ao longo das legislaturas. Têm como objetivo analisar toda matéria que tramita pela Assembleia antes de sua votação final em Plenário. As temporárias são constituídas com finalidades especiais ou de representação. No primeiro caso, estão as Comissões Parlamentares de ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 9 Inquérito, que são constituídas para análise e investigação de fatos determinados e duram o tempo necessário para esse fim. No segundo caso, estão as Comissões de Representação, que são constituídas para representar a Assembleia Legislativa em atos externos. Artigo 58, § 3º, da CF. Pedidos de informação Documentos são expedidos pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal com pedidos de informações a ministros de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à presidência da República. Tratam-se de pedidos para que esses ministros, ou outros, prestem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando em crime de responsabilidade a recusa ou o não atendimento, no prazo de 30 dias, bem como a prestação de informações falsas. Artigo 50, § 2º, da CF. Convocação de autoridades A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas comissões, poderão também convocar ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada. Artigo 50 da CF. Participação na função administrativa O Congresso Nacional possui constitucionalmente competência para: intervir administrativamente nos atos do governo, sustando aqueles que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. A Câmara dos ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 10 Deputados pode proceder privativamente à tomada de contas do presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional no prazo de 60 dias após a abertura da sessão legislativa, bem como dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. Artigos 49, I, V, 51, V, 52, III, e 58 da CF. Função jurisdicional Cabe privativamente ao Congresso Nacional fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da Administração indireta, bem como julgar anualmente as contas prestadas pelo presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo. Artigo 49, X,da CF. Esses são os exemplos mais comuns de controle da Administração Pública previstos constitucionalmente e que são transferidos com os ajustes necessários às constituições estaduais e às leis orgânicas municipais. Os papéis do Tribunal de Contas e do Congresso Como tratado anteriormente, o Tribunal de Contas auxilia o Congresso Nacional na fiscalização da coisa pública. Esse é o mandamento constitucional vigente. Qual a melhor forma de designar essa importante atividade? Controle, fiscalização ou auditoria? O controle é a função exercida pelo Parlamento. Já a fiscalização é o mecanismo adicional a serviço do controle. E é a fiscalização, que fica a cargo dos órgãos que auxiliam o controle externo; ela se materializa pela auditoria. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 11 As acepções de controle, fiscalização e auditoria O controle, a fiscalização e a auditoria podem ser entendidos como sinônimos. A palavra controle, como já discutimos, significa, em uma de suas acepções, verificação e fiscalização. Por fiscalização entende-se a ação de fiscalizar. Já auditoria, modernamente falando, também significa examinar e verificar. Ou seja, é a simples confrontação entre a condição e o critério. Vale mencionar que a Constituição Federal distingue ainda a auditoria da inspeção, pois o inciso IV do Artigo 71 estabelece, como uma das competências do Tribunal de Contas, a realização de auditorias e inspeções. Inspeção e auditoria para o Tribunal de Contas O Tribunal de Contas da União, em sintonia com o mandamento constitucional, apresenta a seguinte distinção entre inspeção e auditoria: Inspeção Inspeção é o procedimento de fiscalização utilizado pelo Tribunal para suprir omissões e lacunas de informações, esclarecer dúvidas ou apurar denúncias quanto à legalidade e à legitimidade de fatos da Administração e de atos administrativos praticados por qualquer responsável sujeito à sua jurisdição. Auditoria Auditoria é o procedimento de fiscalização utilizado pelo Tribunal para, com a finalidade indicada nos incisos I, IV e V do Artigo 198: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 12 1) obter dados de natureza contábil, financeira, orçamentária e patrimonial quanto aos aspectos técnicos, de legalidade e de legitimidade da gestão dos responsáveis pelo órgão, projeto, programa ou atividade auditados, com vistas a verificar a consistência da respectiva prestação ou tomada de contas apresentada ao Tribunal e esclarecer quaisquer aspectos atinentes a atos, fatos, documentos e processos em exame; 2) conhecer a organização e o funcionamento dos órgãos e das entidades da Administração direta, indireta e fundacional dos Poderes da União, inclusive fundos e demais instituições que lhe sejam jurisdicionadas, no que respeita aos aspectos contábeis, financeiros, orçamentários e patrimoniais; 3) avaliar, do ponto de vista de desempenho operacional, as atividades e os sistemas desses órgãos e entidades, e aferir os resultados alcançados pelos programas e projetos governamentais a seu cargo. Competências do Tribunal de Contas No que tange ao controle externo, a Constituição Federal brasileira promulgada em 1988, em seu Artigo 71, delimitou os contornos da atuação do Tribunal de Contas da União. No caput do Artigo 71, o legislador assevera que o controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: “I – apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; II – julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário; III – apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 13 para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; IV – realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativos, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; V – fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI – fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Municípios; VII – prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; VIII – aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; IX – assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; X – sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; XI – representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados”. O objetivo central do controle externo Antes de prosseguir, você precisa compreender que o controle externo tem por objetivo central fiscalizar se os recursos oriundos dos impostos pagos pelos cidadãos brasileiros estão sendo aplicados de forma legal, moral ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 14 e econômica. Dessa forma, diferentemente do setor privado, o setor público possui regras rígidas para prover os recursos para as execuções dos serviços públicos. A Lei nº 8.666/93, em seu Artigo 2º, estabelece, para os gestores públicos, que a contratação de obras, serviços, compras, alienações, concessões, permissões e locação da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, deverão necessariamente ser precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses na lei. Crimes em licitação A licitação é a regra na Administração Pública. A Lei nº 8.666/93, em seus Artigos 89 a 98, tipifica as condutas condenáveis e puníveis que devem ser repudiadas pelo administrador público no processo licitatório. Elas estão elencadas a seguir: Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração,dando causa à instauração de licitação ou à celebração de contrato, cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 15 Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório. Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento licitatório ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo. Afastar ou procurar afastar licitante por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instaurada para aquisição ou venda de bens ou mercadorias, ou contrato dela decorrente: a. elevando arbitrariamente os preços; b. vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsa ou deteriorada; c. entregando uma mercadoria por outra; d. alterando substância, qualidade ou quantidade da mercadoria fornecida; e. tornando, por qualquer modo, injustamente, mais onerosa a proposta ou a execução do contrato. Admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa ou profissional declarado inidôneo. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a inscrição de qualquer interessado nos registros cadastrais ou promover indevidamente a alteração, suspensão ou cancelamento de registro do inscrito. Atividade proposta Reflita sobre a importância da existência de um órgão de controle interno dentro das instituições públicas. Chave de resposta: Combater a corrupção, a fraude e o desperdício de recursos públicos. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 16 Material complementar Para saber mais sobre processo licitatório (pregão eletrônico) bem como contratações sustentáveis na Administração Pública, leia os textos disponíveis em nossa biblioteca virtual. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 23 jul. 2015. BRASIL. Lei Complementar n° 101, de 04 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 mai. 2000. Disponível em: http://www.brasil.gov.br. Acesso em: 23 jul. 2015. CASTRO, Domingos Poubel de. Auditoria, contabilidade e controle interno no setor público: integração das áreas do ciclo de gestão. São Paulo: Atlas, 2010. CHAVES, Renato Santos. Auditoria e controladoria no setor público: fortalecimento dos controles internos. Curitiba: Juruá, 2011. Exercícios de fixação Questão 1 Assinale a alternativa que apresenta o mecanismo de controle externo que permite ao Congresso Nacional intervir administrativamente nos atos do governo, sustando aqueles que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa. a) Função jurisdicional b) Convocação de autoridades c) Pedido de informação d) Comissão parlamentar e) Participação na função administrativa ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 17 Questão 2 Assinale a alternativa que apresenta o mecanismo de controle externo que concede, privativamente, ao Congresso Nacional fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta, bem como julgar anualmente as contas prestadas pelo presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo. a) Função jurisdicional b) Convocação de autoridades c) Pedido de informação d) Comissão parlamentar e) Participação na função administrativa Questão 3 Assinale a alternativa que apresenta a forma de controle realizado pela entidade ou órgão responsável pela atividade controlada, no âmbito da própria Administração. a) Controle externo b) Controle finalístico c) Controle de mérito d) Controle externo popular e) Controle interno Questão 4 João Guilherme foi nomeado controlador da Guarda Municipal de São Paulo, e uma de suas primeiras medidas foi auditar 20 % de todos os processos de pagamento com montantes acima de R$ 1.400.000,00. A ação de João Guilherme materializa qual forma de controle? a) Controle externo. b) Controle interno c) Controle finalístico d) Controle de mérito ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 18 e) Controle externo popular Questão 5 Em setembro de 2014, foi noticiada, nos principais jornais do Rio de Janeiro, a ocorrência de fraude no sistema de saúde da Polícia Militar. Foram instaurados vários inquéritos para apurar a responsabilidade dos fatos. Em 10 de novembro do mesmo ano, chegaram à Polícia Militar três auditores do Tribunal de Contas do estado, Vagner, Rosangela e Mariana, para realizar uma auditoria especial a respeito dos fatos. Os procedimentos de auditoria materializam qual forma de controle? a) Controle interno b) Controle finalístico c) Controle externo d) Controle de mérito e) Controle externo popular Questão 6 Em 2014, foi veiculado pela imprensa paulista, um rombo de R$ 4.300.000,00 na aquisição de material hospitalar para o Hospital São Judas Tadeu (HSJT), na capital paulista. O Secretário de Saúde municipal instaurou uma comissão de auditoria interna composta pelos gestores Paulo Roberto, Marcos José e José Luis. O prazo para a conclusão dos trabalhos foi de 30 dias. A comissão diligenciou ao HSJT e requisitou documentos referentes ao processo licitatório, processos de liquidação e pagamento, controles de estoque, a relação de ordenadores de despesas do HSJT. Após decorridos os 30 dias, a comissão apresentou seu relatório e indicou que a firma WST Medical Ltda. entregou remédios diferentes dos descritos no processo, tanto em quantidade quanto nos valores licitados; ao analisar a documentação da empresa, constatou-se que: a firma era inidônea à época do certame; as notas fiscais foram atestadas por dois servidores mesmo com os materiais diferentes do processo. Como se classifica a conduta da empresa WST Medical Ltda.? a) Fraudulenta prejudicando a fazenda pública ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 19 b) Fraudando procedimentos licitatórios c) Fraudando procedimentos licitatórios d) Peculato doloso e) Peculato culposo Questão 7 Ainda segundo o texto apresentado na questão anterior, indique a forma correta de compreender a conduta do ordenador de despesa que assinou o contrato. a) Fraude em prejuízo da Fazenda Pública b) Improbidade administrativa c) Conduta condenável pela Lei nº 8.666/93 d) Peculato doloso e) Peculato culposo Questão 8 É o procedimento de fiscalização utilizado pelo Tribunal para suprir omissões e lacunas de informações: a) Auditoria especial b) Auditoria interna c) Inspeção d) Comissão parlamentar e) Controle interno Questão 9 Tem como finalidade obter dados de natureza contábil, financeira, orçamentária e patrimonial quanto aos aspectos técnicos, de legalidade e de legitimidade da gestão dos responsáveis pelo órgão, projeto, programa ou atividade auditados, com vistas a verificar a consistência da respectivaprestação ou tomada de contas apresentada ao Tribunal e esclarecer quaisquer aspectos atinentes a atos, fatos, documentos e processos em exame: a) Inquérito policial ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 20 b) Auditoria c) Sindicância patrimonial d) Averiguação e) Inspeção Questão 10 A Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 74, recepcionou a obrigatoriedade dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterem, de forma integrada, sistemas de controle interno, bem como definiu as suas finalidades. A seguir, assinale a alternativa que não prefigura uma finalidade do controle interno. a) Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres a estado, ao Distrito Federal ou a município. b) Avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União. c) Comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da Administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado. d) Exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e deveres da União. e) Apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. Aula 3 Exercícios de fixação Questão 1 - E Justificativa: A participação na função administrativa é o mecanismo de controle externo que permite ao Congresso Nacional intervir administrativamente nos atos do governo, sustando aqueles que exorbitem do poder regulamentar ou ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 21 dos limites de delegação legislativa, conforme Artigos 49, I e V, 51, V, 52, III, e 58 da CF/88. Questão 2 - A Justificativa: A função jurisdicional é o mecanismo de controle externo que concede, privativamente, ao Congresso Nacional fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta, bem como julgar anualmente as contas prestadas pelo presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo, conforme Artigo 49, X, da CF/88. Questão 3 - E Justificativa: O controle interno é aquele realizado dentro dos órgãos com a finalidade de garantir que os atos dos ordenadores sejam legais, morais e econômicos. Questão 4 - B Justificativa: O controle interno é a forma de controle realizado pela entidade ou órgão responsável pela atividade controlada, no âmbito da própria Administração. Questão 5 - C Justificativa: A resposta correta é a terceira, pois, no caso em questão, a fiscalização estava sendo realizada por um Poder ou órgão constitucional independente funcionalmente sobre a atividade administrativa de outro Poder estranho à Administração responsável pelo ato controlado. Questão 6 - A Justificativa: A firma, ao entregar material diverso do contratado, fraudou em prejuízo da fazenda pública. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA 22 Questão 7 - C Justificativa: O ordenador infringiu a Lei nº 8.666/93, quando assinou o contrato com uma firma inidônea. Questão 8 - C Justificativa: O procedimento de fiscalização utilizado pelo Tribunal, para suprir omissões e lacunas de informações, é a inspeção, conforme previsto no inciso IV do Artigo 7 da CF/88. Questão 9 - B Justificativa: A finalidade descrita no enunciado é uma da atribuições inerentes ao procedimento de auditoria dos Tribunais de Contas. Questão 10 - A Justificativa: As atribuições descritas na primeira alternativa correspondem às competências do controle externo, como descrito no Artigo 71 da CF/88.
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