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O QUE É O CONTEMPORÂNEO - Anotações | Giorgio Agamben

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO DA UFBA
HILZA NATÁLIA DE OLIVEIRA CORDEIRO
DISCIPLINA: COMUNICAÇÃO E ATUALIDADE I
PROFESSOR: PAULO ROGÉRIO COSTA
O QUE É O CONTEMPORÂNEO E OUTROS ENSAIOS, GIORGIO AGAMBEN
CAPÍTULO: O QUE É O CONTEMPORÂNEO?
Nesse capítulo específico do livro “O que é o contemporâneo e outros ensaios”, Agamben busca explicar o que vem a ser a contemporaneidade destrinchando a definição do filólogo Nietzsche: “o contemporâneo é o intempestivo”.
O contemporâneo não é aquele que vive em outro tempo, mas que vive no seu próprio tempo, por mais que o odeie. A contemporaneidade, portanto, é definida como “uma singular relação com o próprio tempo, que adere a este e, ao mesmo tempo, dele toma distâncias”. Com isso ele quer dizer que é preciso estar fora, dissociado, do nosso próprio tempo para entendê-lo. Agamben, no entanto, entende que o contemporâneo não é somente aquele que vive em outro tempo, afinal é impossível nos desamarrarmos do presente.
Assim, para entender o seu próprio tempo é preciso vivê-lo, ainda que teoricamente tenha a consciência em outra era. Portanto, contemporâneo é aquele capaz de discordar do presente, afinal, os que conseguem se adequar facilmente não são capazes de compreender como ele é de fato. 
Outra definição dada para a contemporaneidade é a de que o “contemporâneo é aquele que mantém fixo o olhar no seu tempo, para nele perceber não as luzes, mas o escuro”. Ou seja, além de tudo o que já foi dito como necessário para se entender o presente, existe ainda o desafio de enxergar a escuridão desse tempo, ir além do visível. É preciso ainda estar à altura de transformá-lo e relacioná-lo com outros tempos.
Portanto, ser contemporâneo significa ter a capacidade de perceber as trevas de sua época e nessas trevas encontrar uma luz que, direcionada para nós, se distancia infinitamente, tal como as galáxias. Por isso é que os contemporâneos são raros, lembra o autor. A partir daí, lança-se a metáfora: ser contemporâneo é como “ser pontual num compromisso ao qual se pode apenas faltar”.
 A contemporaneidade não se dá somente relacionada ao tempo cronológico, mas é nesse tempo que surge algo que o transforma. Eis aí a intempestividade citada por Nietzsche. Tal experiência do tempo contemporâneo é facilmente explicada através da moda. O autor evidencia a divisão marcada pelo “estar” ou “não estar” na moda que muito se assemelha com a lógica contemporânea.
.	De toda forma, a moda também não pode ser vista do ponto de vista cronológico, justo que vive em constante transformação. O que é moda agora pode não ser mais amanhã e o que foi moda há muito tempo pode voltar a ser agora. A partir de tal analogia fica mais claro entender como coisas do passado vêm fazer sentido no presente, como o sentido delas é retomado no agora.
	Assim Agamben propõe que o tempo atual só pode ser entendido dissociando-se dele, voltando às nossas origens, ao passado. Somente aqueles que enxergam as nuances do arcaico dentro do presente podem deste ser contemporâneo. A análise do autor defende o entendimento do tempo presente a partir da construção histórica do passado. A luz do presente projetada sobre o passado gera uma sombra que ativa este último a responder às trevas do agora.

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