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IQ-UFBA Departamento de Química Orgânica QUI-B37 – Química Orgânica Básica Experimental I-A 2018.1 RELATÓRIO DE ATIVIDADES Título: Reação de esterificação 1. Introdução 1.1 Objetivos Esta prática possui como objetivo discutir o mecanismo de uma reação de esterificação, conhecer as condições experimentais necessárias para que uma reação de esterificação ocorra, discutir os espectros de absorção do ácido benzoico, metanol e benzoato de metila. Além disso, utilizar os métodos de separação, purificação e caracterização de uma produto orgânico líquido. 1.2 Fundamentação teórica A esterificação é uma reação química reversível entre um ácido carboxílico e um álcool, produzindo éster e água. A reação de esterificação é lenta, sendo necessário um aumento de temperatura e a presença de um catalisador para acelerar a sua velocidade. Esse processo é denominado de Esterificação de Fischer. A reação inversa a de esterificação é denominada de Hidrólise de Ester. No caso, a partir de éster e água são produzidos ácido carboxílico e álcool. Se ela ocorrer em meio ácido, serão formados o ácido e o álcool exatamente. Mas se ela ocorrer em meio básico, serão formados um sal de ácido carboxílico e álcool. A equação geral de uma reação de esterificação é a seguinte: Note que a água é formada pela união do grupo hidroxila (OH) do ácido carboxílico com o hidrogênio (H) do álcool. O restante da cadeia carbônica do ácido carboxílico e do álcool se unem para originar o éster. A esterificação também pode ocorrer entre um ácido inorgânico ou álcool secundário ou terciário. Nesse caso, a formação da água ocorrerá de forma diferente: o grupo hidroxila será proveniente do álcool e o hidrogênio do ácido. A obtenção de ésteres são importantes para a produção de produtos como: aromatizantes em industrias alimentícias, biodiesel, empregados como solventes de tintas, vernizes e plásticos, usada para a produção de cosméticos e perfumes, dentre diversas outras aplicações. 1.3 Reação principal e possíveis reações secundárias 1.4 Mecanismo da reação principal 2. Parte experimental 2.1 Resumo do experimento - Em balão de fundo redondo de 125mL adicionar 15mL de ácido acético glacial e 12mL de álcool isoamílico. - Adicionar, cuidadosamente, 2mL de ácido sulfúrico concentrado - Colocar 2 pedras de porcelana porosa e aquecer a reação até o refluxo por 1hora. - Depois do tempo reacional, resfriar a mistura em banho de água/gelo até temperatura ambiente. - Com um funil de separação, lavar a mistura com 40mL de água destilada (retirando os resquícios que ficou no balão de fundo redondo) - Realizar a separação, depois lavar a mistura com 20mL de água destilada - Separar e lavar com 20mL de bicarbonato de sódio 20% - E lavar por último com 20mL de água destilada, obtendo assim, o produto. - Secar fase orgânica com sulfato de sódio anidro, transferir para balão de 125mL e destilar. - Realizar destilação simples, coletando o produto que se destilará entre 136-143ºC. - Calcular o rendimento obtido e rendimento percentual. - Rendimento indicado é 9,8g. 2.2 Desenho da aparelhagem 2.3 Materiais. I) Reagentes e solventes; - Ácido acético glacial - Álcool isoamílico - Ácido sulfúrico concentrado - Água destilada - Bicarbonato de sódio 20% - Sulfato de sódio anidro - Acetato de isoamila II) Vidraria; - Balão de fundo redondo - Funil de separação - Erlenmeyer - Béquer III) Materiais diversos; - Picete IV) Equipamentos. - Equipamento da destilação simples 2.4 Tabela de reagentes e produtos Reagentes e Produtos MM Quantidades Proporção mL g mol Teórica Usada Ácido acético glacial 60,05 15 15,75 0,26 1 2,36 Álcool isoamílico 88,15 12 9,72 0,11 1 1 Sub-total (reagentes) 148,2 - 25,47 - - - Ácido sulfúrico concentrado 98,08 2 3,66 0,04 - - Total (reagentes, catalisador, solvente etc.) - - 29,13 - - - Acetato de isoamila 130,19 - - - 1 - 2.5 Tabela de propriedades físicas Substância MM d g/mL Tf o C Te o C nTD Solubilidade (g/100 mL) H2O EtOH CHCl3 Et2O Ácido acético glacial 60,05 1,05 17 116 1,370 Sim Sim - Sim Álcool isoamílico 88,15 0,81 -117,2 132 - Sim - - - Ácido sulfúrico concentrado 98,08 1,83 10,38 279,6 1,330 Sim - - - Bicarbonato de sódio saturado 84,01 2,20 60 50 - Sim Não - - Sulfato de sódio anidro 142,04 2,66 888 1429 - Sim Não - - Acetato de isoamila 130,19 0,87 - 142 - - - - - 2.6 Tabela de propriedade toxicológicas (resumo objetivo) Substância Propriedades (riscos à saúde, inflamabilidade, reatividade) Ácido acético glacial O vapor é irritante para o nariz e a garganta, podendo causar tosse, náusea, vômito ou dificuldade respiratória. Já o líquido é prejudicial se ingerido e poderá queimar olhos e pele. Álcool isoamílico O vapor é irritante para olhos, nariz e garganta, sendo prejudicial se for ingerido. O líquido é irritante para os olhos Ácido sulfúrico concentrado Vapores provocam irritação das mucosas, corrosão dos dentes, dificuldade para respirar, bronquite, edema na laringe e pulmões e perda de sentido. Na pele, soluções diluídas causam dermatites irritativas e soluções concentradas causam alterações e destruição dos tecidos. Bicarbonato de sódio saturado A ingestão em doses elevadas pode causar distúrbios gastrointestinais, a inalação pode causar efeito irritante intenso e dano celular pela ação cáustica alcalina (quando em altas concentrações do pó). Não causa efeito irritante na pele, porém em contato com olhos pode causar irritação. Sulfato de sódio anidro Depois do contato com os olhos pode ocorrer ligeira irritação. Após a ingestão (em grandes quantidades) pode causar náuseas, vômitos, diarréia. Acetato de isoamila Não foram encontrados dados sobre a toxicologia deste composto. 3. Resultados, discussão, observações e conclusões 3.1 Observações Na primeira etapa deste procedimento, foi realizado a adição de ácido acético glacial e álcool isoamílico; misturou um pouco esses dois reagente e depois foi adicionado o catalisador, o ácido sulfúrico concentrado, onde está adição foi feita aos poucos, já que este reage de forma muito violenta. Depois, foi adicionada 2 pedras de porcelana porosa (está é considerada como o núcleo de ebulição) ao sistema e a mistura reacional foi acoplada ao sistema de refluxo (porque por ser uma reação que ocorre a quente, evita que o ambiente seja contaminado com os reagentes) com trap (este é importante pois capta os gases formados, impedindo que a mistura seja contaminada) e aquecida (com uma manta de aquecimento) por um período de uma hora. Depois da adição do ácido acético Adição do álcool isoamílico Depois da adição do ácido sulfúrico concentrado Mistura acoplada ao sistema de refluxo com trap Mistura antes de começar o aquecimento Mistura durante o aquecimento Mistura no final do tempo de aquecimento Depois da adição do ácido acético glacial Mistura acoplada ao condensador de refluxo com trap Após passado o tempo reacional, a mistura foi deixada em banho de água/gelo até chegar a temperatura ambiente (em média 5 minutos), depois de resfriada ela foi levada ao funil de separação. Em seguida foi feito a lavagem do balão com 40mL de água destilada (para se aproveitar o máximo do produto possível) e essa, depois, foi postano funil de separação juntamente com a fase orgânica, esperou-se um tempo para que separa-se as fases e a camada aquosa (a de baixo) foi recolhida; Nessa primeira lavagem, houve a formação de 3 fases, porém a terceira era metainstável, logo quando agitamos o funil, a terceira fase é desfeita e há a formação de apenas 2 fases, como era o esperado. Depois, a fase orgânica foi lavada com mais 20mL de água destilada, em seguida com 20mL de bicarbonato de sódio 20% ( este é utilizado na lavagem para neutralizar o ácido sulfúrico utilizado para catalisar a reação) e por último é feita novamente a lavagem com mais 20mL de água destilada. Neste processo de separação, sempre a fase orgânica, de interesse, ficará em cima (por conta da sua menor densidade em relação aos das demais substâncias utilizadas) e a fase aquosa ficará em baixo, e será sempre a descartada. Resfriamento da mistura reacional em banho de água/gelo Lavagem com água destilada para transferir para o funil Formação das 3 fases, sendo a última uma fase metainstável Depois da agitação, formação de apenas 2 fases, como é o esperado. Ao finalizar a separação, a fase orgânica, restante no funil, foi transferida para um Erlenmeyer. Neste mesmo erlenmeyer, foi adicionado todas as fases orgânicas e todos os grupo (que totalizaram 5 grupos) e depois foi feita a destilação simples. Neste processo, a cabeça da destilação (primeiras 20 gotas) foi descartada e apenas o corpo foi coletado em um balão de fundo redondo, previamente tarado em uma balança semi analítica (peso = 85,931 g). A destilação teve seu início a 129ºC e o seu final a 140ºC. Quando encerrada a destilação, o balão, agora contendo o produto, foi novamente tarado e teve um peso igual a 126,380g; ao subtrair o peso do balão puro com o peso do balão com o produto, temos que somente o produto pesa 40,449g e quando dividimos isso por 5 (quantidade total de grupos) teremos um valor de 8,09g de rendimento para cada grupo. Lavagem com 20mL de água destilada Lavagem com 20mL de bicarbonato de sódio 20% Lavagem com 20mL de água destilada novamente União de todos os produtos, é possível perceber uma turvação Adição do sulfato de sódio anidro, para retirar a turvação, causada pela presença de água Diminuição da turvação após adição do sulfato anidro Sistema de destilação simples É possível observar, nesta imagem, a temperatura em que a destilação começa a acontecer (após a retirada da cabeça). Temperatura igual a 129ºC. 129ºC Ao finalizar a destilação ainda podemos observar que o produto está um pouco amarelado, isso é explicado pelo fato de que a primeira destilação não retira todas as impurezas contidas nessa mistura, sendo, no entanto, necessário fazer uma redestilação e, em alguns casos, ainda se faz uma destilação do redestilado (somando-se 3 destilações). 3.2 Avaliação da eficiência da reação ou processo I) Rendimento Teórico (RT); 1 mol de ácido acético _______ 1 mol de álcool isoamílico 0,26 mol de ácido acético ____ x X = 0,26 mol de álcool isoamílico Logo, o álcool isoamílico é o reagente limite. 88,15 MM de álcool isoamílico _________ 130,19 MM de acetato de isoamila 9,72g de álcool isoamílico ____________ x X = 14,35g de acetato de isoamila para rendimento de 100% II) Rendimento Indicado (RI); RI = 9,8g III) Rendimento Obtido (RO); RO = 8,09g IV) Rendimento percentual (R%); R%= (8,09 /14,35) x 100 = 56,38% V) Economia de átomos (EA%); EA% = (130,19/ 148,2) x 100 = 87,84% de economia atômica VI) Fator ambiental E (Fator E). Fator E= (25,47 - 8,09)/ 8,09 = 2,15 3.3 Conclusões Nesta reação é utilizado o ácido sulfúrico concentrado como catalisador da reação, pois sem este a reação poderia levar meses para ocorrer (o que, em uma janela de tempo de trabalho de laboratório, é considerado como uma reação que não reage). O catalisador vai agir protonando a carbonila e deixando o carbono, desta carbonila, mais positivo facilitando, então, o ataque nucleofílico; Então, dessa forma, terá uma menor energia de ativação, atingindo o ponto de equilíbrio em um menor tempo. Lembrando que, o catalisador não muda o equilíbrio da reação, apenas aumenta a velocidade desta. Para que consiga deslocar o equilíbrio da reação, nesse caso para a direita (aumentando o rendimento da reação), é necessário aumentar a quantidade de reagente (nesse caso, aumentaríamos a quantidade de ácido acético, pois este é mais barato) ou pode, também, remover o subproduto, que nesse caso é a água. Com a realização deste experimento, podemos concluir que nem sempre uma destilação é o suficiente para obter o produto purificado, sendo então, necessário realizar 2 ou mais destilações. Relacionado aos cálculos, podemos concluir que o rendimento obtido deste produto é de 8,09g o que representa cerca de 83% do rendimento indicado. O rendimento percentual é de 56,38% o que representa cerca de metade do rendimento teórico. Ao analisarmos a economia de átomos, concluímos que esta reação tem uma alta economia atômica, ou seja, utiliza uma rota sintética que maximiza a incorporação de átomos do reagente ao produto desejado. E o fator ambiental E, com um valor de 2,15, podemos considerar que este processo possui um médio impacto ambiental, possuindo , dessa forma, alguma massa de rejeito que é pouco significativa. O acetato de isoamila é um éster com odor de fruta, por isso é muito utilizado na industria e essências e fragrâncias de alimentos. Não será encontrado em perfumes porque ésteres não são adequados para perfumaria em geral pois tendem a se hidrolisar em seus dois constituintes primários, que são um álcool e um ácido (neste caso álcool isoamílico e ácido acético). O álcool isoamílico tem odor de solvente; não muito agradável. O ácido acético resultará em um odor de vinagre. Por estas razões os ésteres têm aplicação em situações nas quais não hidrolisam. 4. Bibliografia Acetato de isoamila. Disponível em: < http://nuquiocat.quimica.blumenau.ufsc.br/files/2015/07/EXPERIE%CC%82NCIA-06_- Acetato-de-isoamila.pdf>. Acesso em: 03 de Julho de 2018. Acetato de isoamila na industria. Disponível em: <http://www.gluon.com.br/blog/2007/02/24/cheiro-abelhas/>. Acesso em: 06 de Julho de 2018.