Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 1 CRIMES AMBIENTAIS APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................... 3 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 4 CRÍTICA DE MIGUEL REALE JÚNIOR ............................................................................ 4 TERMINOLOGIAS ............................................................................................................ 4 2. CONCURSO DE PESSOAS E OMISSÃO AMBIENTALMENTE RELEVANTE ........................ 5 3. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA (PJ) NA CF/88 .................................. 6 NATUREZA JURÍDICA DA PJ .......................................................................................... 6 3.1.1. Teoria da Ficção Jurídica (Savigny) ........................................................................... 7 3.1.2. Teoria da Realidade ou Organicista (Otto Gierke) ..................................................... 7 RESPONSABILIDADE PENAL DA PJ .............................................................................. 7 3.2.1. Contras e prós da responsabilidade penal da PJ ....................................................... 8 RESPONSABILIDADE PENAL DA PJ DE DIREITO PÚBLICO ...................................... 10 DENÚNCIA GERAL VS PROCESSO PENAL KAFKIANO (CRIPTOIMPUTAÇÃO) ........ 10 4. ENCERRAMENTO DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO AMBIENTAL ........................ 12 5. REQUISITOS LEGAIS PARA RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DA PJ .................................. 13 6. SISTEMA DA DUPLA IMPUTAÇÃO OU DAS IMPUTAÇÕES PARALELAS .......................... 14 7. CRITÉRIOS PARA DOSIMETRIA DA PENA ......................................................................... 15 CRITÉRIOS EXTRAÍDOS DO DISPOSITIVO LEGAL ..................................................... 16 CARÁTER AUTÔNOMO E SUBSTITUTIVO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS 16 PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS APLICÁVEIS ÀS PESSOAS FÍSICAS ................ 17 7.3.1. Prestação de serviços à comunidade ...................................................................... 17 7.3.2. Interdição temporária de direitos .............................................................................. 18 7.3.3. Suspensão das atividades da pessoa física ............................................................. 18 7.3.4. Prestação pecuniária ............................................................................................... 19 7.3.5. Recolhimento domiciliar ........................................................................................... 19 8. CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES ...................................................................................... 20 9. CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES ...................................................................................... 21 10. PENAS APLICÁVEIS ÀS PJ’S ........................................................................................... 24 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE ............................................................ 24 RESTRITIVA DE DIREITOS ........................................................................................... 24 MULTA ........................................................................................................................... 24 10.3.1. Critério para aplicação e critério para triplicar .......................................................... 25 PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS DA PESSOA JURÍDICA ..................................... 25 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE PELA PESSOA JURÍDICA ................. 26 LIQUIDAÇÃO FORÇADA ............................................................................................... 26 11. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NA LCA ................................... 27 12. SURSIS SIMPLES NOS CRIMES AMBIENTAIS ................................................................ 27 13. SURSIS ESPECIAL (REPARAÇÃO DO DANO) NOS CRIMES AMBIENTAIS ................... 27 14. SURSIS ETÁRIO E HUMANITÁRIO NOS CRIMES AMBIENTAIS E TRANSAÇÃO PENAL 28 15. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO NOS CRIMES AMBIENTAIS .................. 29 16. APREENSÃO E VENDA DE INSTRUMENTOS DA INFRAÇÃO ........................................ 30 17. NATUREZA DA AÇÃO NA LCA ......................................................................................... 30 18. POSSIBILIDADE DE HABEAS CORPUS (HC) .................................................................. 31 19. COMPATIBILIDADE COM O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ...................................... 31 20. INTERROGATÓRIO DA PJ ................................................................................................ 31 21. COMPETÊNCIA ................................................................................................................. 32 REGRA ........................................................................................................................... 32 CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 2 CASUÍSTICA .................................................................................................................. 32 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL ....................................................................... 32 22. CRIMES EM ESPÉCIE ....................................................................................................... 33 CRIME DO ARTIGO 29 DA LCA..................................................................................... 33 ARTIGO 37 DA LCA – CIRCUNSTÂNCIAS ATÍPICAS ................................................... 35 CRIME DO ARTIGO 30 DA LCA..................................................................................... 35 CRIME DO ARTIGO 31 DA LCA..................................................................................... 35 CRIME DO ARTIGO 32 DA LCA..................................................................................... 36 ARTIGO 64 DA LEI DE CONTRAVENÇÕES PENAIS (LCP) .......................................... 36 CRIME DO ARTIGO 49 DA LCA..................................................................................... 37 CRIME DO ARTIGO 54 DA LCA..................................................................................... 38 CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 3 APRESENTAÇÃO Olá! Inicialmente, gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fonte de estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria. O Caderno Legislação Penal Especial – Crimes de Ambientais possui como base as aulas do professor Vinícius Marçal, do Curso G7 Jurídico. Dois livros foram utilizados para complementar nosso CS de Legislação Penal Especial: a) Legislação Criminal para Concursos (Fábio Roque, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar), ano 2017 e b) Legislação Criminal Comentada (Renato Brasileiro), ano 2018, ambos da Editora Juspodivm. Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito (www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito). Destacamos: é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da semana para ler no site do Dizer o Direito. Ademais, no Caderno constam os principais artigos de lei, mas, ressaltamos, queé necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação. Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina + informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você faça uma boa prova. Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito importante!! As bancas costumam repetir certos temas. Vamos juntos!! Bons estudos!! Equipe Cadernos Sistematizados. CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 4 1. INTRODUÇÃO CRÍTICA DE MIGUEL REALE JÚNIOR Quando a Lei nº 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais – LCA) surgiu, Miguel Reale Júnior escreveu um artigo intitulado de “A Hedionda Lei dos Crimes Ambientais”, porque entendeu que o dispositivo transformou comportamentos irrelevantes em crimes. Além disso, apontou o fenômeno da “abstratização do Direito Penal”, vislumbrado no ato de o legislador enquadrar inúmeras das infrações administrativas previstas em Decreto-Lei como crimes. Com essa postura, o Direito Penal ganha margem de populismo, renegando, inclusive, princípios que o caracterizam, tais como ultima ratio e intervenção mínima. Também, segundo Reale, a LCA trouxe a figura da responsabilidade penal da pessoa jurídica sem que se tenha uma teoria do crime própria, isto é, importou-se a referida, mas não por completo. A denominada “Lei de Adaptação” que existe na França não foi transportada para o ordenamento jurídico brasileiro. Inexistem normas processuais que regulamentam a responsabilidade penal da pessoa jurídica na LCA. Nesse contexto, assenta o doutrinador: “Incongruências e erros desse quilate apresenta a lei também no que respeita à previsão de novas penas alternativas e aos critérios de sua aplicação, além da criação inconstitucional da responsabilidade penal da pessoa jurídica e da admissão ampla e insegura da forma comissiva por omissão. A defesa imprescindível do meio ambiente não autoriza que se elabore e que o Congresso aprove lei penal ditatorial, seja por transformar comportamentos irrelevantes em crime, alçando, por exemplo, à condição de delito o dano culposo, seja fazendo descrição ininteligível de condutas, seja considerando crime infrações nitidamente de caráter apenas administrativo, o que gera a mais profunda insegurança.” TERMINOLOGIAS A LCA menciona termos que merecem atenção. A figura da Lei Penal em Branco ao Quadrado, por exemplo, significa os casos de complemento normativo que reclamam outro complemento normativo, como ocorre no artigo 38 da Lei nº 9.605/98, por exemplo: Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. Para saber no que consiste “floresta de conservação permanente” deve-se atentar ao Código Florestal que, além de conceituar o termo, estabelece uma hipótese em que a área de preservação permanente (APP) será assim considerada, após declaração de interesse social por parte do Chefe do Poder Executivo. Vide art. 6º da Lei nº 12.651/12: CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 5 Art. 6o Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades: I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha; II - proteger as restingas ou veredas; III - proteger várzeas; IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção; V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico; VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; VII - assegurar condições de bem-estar público; VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares. IX – proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional. 2. CONCURSO DE PESSOAS E OMISSÃO AMBIENTALMENTE RELEVANTE Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la A primeira parte do dispositivo (grifo) assemelha-se à previsão do art. 29 do CP, que agasalha a “Teoria Unitária” ou “Teoria Monista”. Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade O restante do artigo prescreve que o omitente responde pelo resultado em razão do nexo de evitação ou de não impedimento. Os demais sujeitos (mandatário, gerente, preposto) somente responderão se os requisitos estiverem presentes. Reforça-se que os agentes poderão responder tanto pela ação, quanto pela omissão ambientalmente relevante (semelhante ao art. 13, §2º do CP). Art. 13 (...) § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 6 3. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA (PJ) NA CF/88 A Constituição Federal de 1988 estabelece dois mandados de criminalização da pessoa jurídica, sendo um de menor citação e outro mais analisado. O mandado menos versado está no artigo 173, §5º da CF/88: Art. 173 (...) § 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular Apesar da previsão, não houve tratamento da responsabilidade penal da pessoa jurídica, mas, tão somente, da responsabilidade individual. O mandado constitucional de responsabilização foi parcialmente cumprido. O outro dispositivo constitucional, de maior debate, é o artigo 225, §3º da CF/88: Art. 225 (...) § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados Nesse caso, obedecendo ao mandado constitucional de criminalização, surgiu a Lei nº 9.605/98. Pode uma lei infraconstitucional estabelecer a responsabilidade penal da PJ para outros casos (diversos daqueles previstos na CF/88)? A grande maioria da doutrina é contra a extensão dessa responsabilidade penal para outras hipóteses, inclusive, nos crimes ambientais. ENTRETANTO, o projeto do Novo Código Penal (NCP) trata da responsabilidade penal da PJ em outras hipóteses (crimes contra a administração pública). Vide artigo 41 do Projeto de Lei 236 (Novo Código Penal): Art. 41. As pessoas jurídicas de direito privadoserão responsabilizadas penalmente pelos atos praticados contra a administração pública, a ordem econômica, o sistema financeiro e o meio ambiente, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, do seu órgão colegiado, no interesse ou benefício de sua entidade Note que, no projeto, está claro que somente responderão as pessoas jurídicas de direito privado. NATUREZA JURÍDICA DA PJ Existem duas principais teorias que disputam a natureza jurídica da PJ: CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 7 3.1.1. Teoria da Ficção Jurídica (Savigny) Tem como eixo algumas premissas, sendo que a principal é a de que “a pessoa jurídica não tem existência real”, portanto, não tem vontade própria e não pratica conduta. Consequentemente, não pratica crimes. 3.1.2. Teoria da Realidade ou Organicista (Otto Gierke) É oposta à anterior. Para seus seguidores, a PJ é ente autônomo, real e distinto das pessoas físicas que a administram. Tem vontade própria institucional. É capaz de direitos e obrigações na vida civil e justamente por esses atributos é que pode cometer crimes. RESPONSABILIDADE PENAL DA PJ Têm-se cinco correntes a respeito: 1ª corrente (Paganella Boschi e Luiz Regis Prado) A CF/88 não criou a responsabilidade penal da PJ, por isso, o artigo 3º da LCA é inconstitucional. Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato. Para essa corrente, o art. 225, §3º da CF/88 deve ser lido de modo diverso. Art. 225 (...) § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados Consoante seus defensores, o dispositivo deve ser lido da seguinte maneira: “As condutas consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão aos infratores, pessoas físicas, a sanções penais, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”. E “as atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão aos infratores, pessoas jurídicas, a sanções administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”. Em suma, condutas e sanções se referem exclusivamente às pessoas físicas. Por outro modo, atividades e sanções administrativas dizem menção às pessoas jurídicas. CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 8 2ª corrente Parte da premissa da Teoria da Ficção Jurídica. Se a PJ não é ente próprio, não pratica conduta e não detém vontade, logo, não pode praticar crimes. Os entendimentos da 1ª e 2ª correntes embasam a perspectiva da doutrina majoritária (Luiz Luisi, Rogério Greco, Cézar Roberto Bitencourt, Paulo José da Costa Júnior, João Franco Muniz da Rocha, Eugenio Raúl Zaffaroni, Luiz Vicente Cernicchiaro, José Henrique Pierangeli e outros). 3ª corrente (Luiz Flávio Gomes) A LCA instituiu, na verdade, um direito judicial sancionador, porque é aplicado pelo juiz e o principal efeito estigmatizador típico das sanções penais (prisão) não está presente. 4ª corrente (Sílvio Maciel) Há necessidade de uma Lei de Adaptação como a que existe na França. A CF/88 previu a responsabilidade penal da PJ, contudo, carece duma teoria do crime e de normas processuais compatíveis com a natureza fictícia das PJ’s. 5ª corrente (Damásio de Jesus, Sérgio Salomão Shecaira, Antônio Herman Benjamin e outros) Fundada na Teoria da Realidade, conclui que a PJ pode cometer crimes, tal como previsto na CF/88 (leitura tradicional do artigo 225, §3º da CF/88). A 5ª corrente reflete o posicionamento da maioria da jurisprudência. Obs.: Se cobrado em prova objetiva, adota-se a 5ª corrente. Se questionado em provas subjetiva e oral, avançam-se com as demais correntes. 3.2.1. Contras e prós da responsabilidade penal da PJ Contras • Desde o Direito Romano a sociedade não pode delinquir (societas delinquere non potest); • A PJ não possui consciência e vontade, não pratica condutas, portanto, ausente o elemento subjetivo. A vontade da PJ é, em verdade, a vontade das PF’s que a representam – Teoria da Ficção Jurídica; • Como a PJ não é dotada de autoconsciência, não se consegue cumprir as funções da pena (prevenção e repressão); • PJ não tem culpabilidade. Não é imputável, somente o ser humano adquire capacidade de entender o caráter ilícito de um fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento; • A atuação da PJ é vinculada aos atos vinculados no seu estatuto social, não se incluindo a prática de crimes; CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 9 • Princípio constitucional da personalidade da pena (ou intranscendência): a punição da PJ alcançaria, ainda que indiretamente, seus integrantes; • Não se pode aplicar pena privativa de liberdade, característica indissociável do Direito Penal; • Viola o princípio da subsidiariedade do Direito Penal (Decreto Lei 6.514/2008 – infrações administrativas idênticas); • Segundo Fernando da Costa Tourinho Filho: “conforme o artigo 3º da LCA, as PJ’s serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício de sua entidade”. A própria lei reconhece que ela não pode praticar crimes. Prós: • A PJ é um ente autônomo, dotado de consciência e vontade, razão pela qual pode realizar condutas (“ação delituosa institucional”) e assimilar a natureza intimidatória da pena; • A vontade da PJ resulta do somatório das vontades dos seus dirigentes. Ao lado da “vontade individual”, passa-se a ter uma “vontade institucional”. • À culpabilidade penal individual clássica, deve-se somar a culpabilidade social (baseada na ideia da empresa como centro de emanação de decisões); • É óbvio que o estatuto social de uma PJ não prevê a prática de crimes como uma de suas finalidades. Da mesma forma, não contém em seu bojo a realização de atos ilícitos, o que não os impede de serem realizados (inadimplência, por exemplo); • A punição da PJ não viola o princípio da personalidade da pena. Deve-se distinguir a pena dos efeitos decorrentes da condenação, os quais também se verificam com a punição da pessoa física; • O direito penal não se limita à pena de prisão: conforme visto no artigo 28 da Lei de Drogas e artigo 4º, §2º, da Lei nº 7.716. Outros argumentos coerentes: • Insuficiência das sanções civis e administrativas para coibir as ações predatórias ao meio ambiente; • A forte simbologia que tem a norma penal; • Punir apenas a pessoa física é criar um escudo para proteger aquele que mais se beneficia do crime ambiental: a PJ violadora das normas ambientais. • Relevante se faz a evidenciação da responsabilidade penal da PJ através de ação delituosa institucional calcada na vontade institucional + culpabilidade social. CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 10 A jurisprudência do STJ tem se valido dos fundamentos favoráveis à responsabilização da PJ. Culpabilidade Social (Resp 564.960/Sc, 5ª T.Stj, Dj 13/06/2005) “A responsabilização penal da pessoa jurídica pela prática de delitos ambientais advém de uma escolha política, como forma não apenas de punição das condutas lesivas aomeio-ambiente, mas como forma mesmo de prevenção geral e especial. (...) Se a pessoa jurídica tem existência própria no ordenamento jurídico e pratica atos no meio social através da atuação de seus administradores, poderá vir a praticar condutas típicas e, portanto, ser passível de responsabilização penal. VI. A culpabilidade, no conceito moderno, é a responsabilidade social (...)”. Em suma: “a responsabilidade penal desta, à evidência, não poderá ser entendida na forma tradicional baseada na culpa, na responsabilidade individual subjetiva, propugnada pela Escola Clássica, mas deve ser entendida à luz der uma nova responsabilidade, classificada como social”. RESPONSABILIDADE PENAL DA PJ DE DIREITO PÚBLICO Acerca da responsabilidade penal da pessoa jurídica de Direito Público, dois são os entendimentos: 1ª corrente: É possível, pois a CF/88 não fez discrição entre pessoa jurídica de Direito Público e de Direito Privado. 2ª corrente: Não é possível, pois o Estado não se pode autopunir. A pena terminaria por prejudicar a própria coletividade, seja em face da lesão ao patrimônio público (multa, por exemplo); seja ainda com a suspensão ou interdição temporária de atividades (em franco juízo ao princípio da continuidade dos serviços públicos). Posição do STJ – “responsabiliza-se apenas as pessoas jurídicas de Direito Privado” Resp 564.960/SC, Rel. Min. Gilson Dipp, 5ª T.STJ, DJ 13/06/2005, obter dictum: “Os critérios para a responsabilização da pessoa jurídica são classificados na doutrina como explícitos: 1) que a violação decorra de deliberação do ente coletivo; 2) que autor material da infração seja vinculado à pessoa jurídica; e 3) que a infração praticada se dê no interesse ou benefício da pessoa jurídica; e implícitos no dispositivo: Que seja pessoa jurídica de direito privado; Que o autor tenha agido no amparo da pessoa jurídica; e Que a atuação ocorra na esfera de atividades da pessoa jurídica.” DENÚNCIA GERAL VS PROCESSO PENAL KAFKIANO (CRIPTOIMPUTAÇÃO) A denúncia geral, aquela que imputa um fato preciso a mais de uma pessoa, é absolutamente plausível no ordenamento jurídico, sobretudo, nos crimes de autoria coletiva. Já a denúncia genérica que, ao contrário da denúncia geral, não detém fato precioso e realiza a imputação criptografada, não é admitida pelo STJ. CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 11 Na denúncia genérica - criptografada (inadmitida pelo STJ) o sujeito não sabe pelo que está sendo acusado. Nesse contexto é que surge o “processo penal Kafkiano”. Na obra “O Processo”, Frank Kafka conta a história de “Joseph K”, que foi preso arbitrariamente sem qualquer explicação. Resumidamente, quando Joseph K. indaga o porquê está detido, tem como resposta que não lhe cabiam explicar isso, que deveria ele retornar aos aposentos e ali o esperar enquanto o inquérito, já em curso, corria. Durante todo o romance, Joseph K. insiste em saber pelo que está sendo acusado. O estilo kafkiano de ser processo é oriundo dessa história e reflete a situação em que são tolhidos os preceitos jurídicos. No decorrer do processo do personagem, são verificados obstáculo os injustos e desumanos, de modo que não lhe era dado acesso aos autos, justamente para que não soubesse nada esclarecedor e que servisse de subsídios para elaboração de defesa. Nesse contexto, alude o autor: “De modo que os expedientes da justiça e, especialmente, o escrito de acusação eram inacessíveis para o acusado e o seu defensor, o que fazia com que não se soubesse em geral ou ao menos com precisão a quem devia se dirigir a demanda”. É comum o erro do Ministério Público (MP), ao identificar um crime ambiental praticado por uma PJ, denunciar não só a PJ, como também seu sócio-diretor. Note que ser sócio ou gerente não é crime. Quem recebe uma denúncia simplesmente porque gerencia uma empresa está sendo acusado de um nada, de um fato genérico, através de uma denúncia criptografada. *MP-GO: “A doutrina denomina criptoimputação a imputação contaminada por grave situação de deficiência na narração do fato imputado, quando não contém os elementos mínimos de sua identificação como crime, como às vezes ocorre com a simples alusão aos elementos do tipo penal abstrato.” Nos chamados crimes de autoria coletiva, “embora a vestibular acusatória não possa ser de todo genérica, é válida quando, apesar de não descrever minuciosamente as atuações individuais dos acusados, demonstra um liame entre o seu agir e a suposta prática delituosa, estabelecendo a plausibilidade da imputação e possibilitando o exercício da ampla defesa”. (RHC 68.903, Dje 20/05/2016) A denúncia geral (ao contrário da genérica) se adequada aos princípios da ampla defesa e do contraditório. Dessarte, não é inepta a denúncia – geral – que apresenta uma narrativa fática congruente, de modo a permitir o due process of law, descrevendo conduta típica que, “atentando aos ditmaes do art. 41 do CPP, qualifica os acusados, descreve o fato criminoso e suas circunstâncias. O fato, por si só, de o MP ter imputado ao recorrente a mesma conduta dos demais denunciados não torna a denúncia genérica, indeterminada ou impresa.” (HC 311.571, STJ, Dje 15/12/2015) Repercussão na LCA “Não se pode confundir a denúncia genérica com a denúncia real, pois o direito pátrio não admite denúncia genérica, sendo possível, entretanto, nos casos de crimes societários e de autoria coletiva, a denúncia geral, ou seja, aquela que, apesar de não detalhar minudentemente as ações imputadas aos denunciados, demonstra, ainda que de maneira sutil, a ligação entre sua conduta e o fato delitivo. Da leitura da inicial, verifica-se que os recorrentes Cristiano e Maria da Graça foram denunciados apenas em virtude de serem sócios administradores da primeira recorrente, Caiçaras Empreendimentos CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 12 Imobiliários Ltda. A acusação limitou-se a vinculá-los ao crime porque eram sócios administradores da primeira recorrente, o que torna a denúncia genérica e inadmissível. (...) Recurso em habeas corpus provido em parte, para reconhecer a inépcia da denúncia aepans com relação aos recorrentes CRISTIANO e MARIA DA GRAÇA, sem prejuízo do oferecimento de nova inicial acusatória, desde que observados os requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal.” (RHC 88.264/RS, 5ª T.STJ, Dje 21/02/2018) Denúncia geral vs processo penal Kafkiano (criptoimputação) “A denúncia e o aditamento, apesar de descreverem a conduta delitiva consistente na supressão de vegetação em APP, não expõem, nem mesmo de passagem, o nexo causal entre o comportamento dos recorrentes e o fato delituoso. A acusação limitou-se a vinculá-los ao crime ambiental porque eram sócios da empresa em que realizada a fiscalização. (...) A mera atribuição de uma qualidade não é forma adequada para se conferir determinada prática delitiva a quem quer que seja. Caso contrário, abre- se margem para formulação de denúncia genérica e, por via de consequência, para reprovável responsabilidade penal objetiva.” (RHC 70.395, Dje 14/10/2016) “A mera condição de sócio, diretor ou administrador de determinada pessoa jurídica não enseja a responsabilização penal por crimes praticados no seu âmbito, sendo indispensável que o titular da ação penal demonstre uma mínima relação de causa e efeito entre a conduta do réu e os fatos narrados na denúncia, permitindo-lhe o exercício da ampla defesa e do contraditório. (...) No caso dos autos, da leitura da exordial acusatória percebe-se que ao paciente foi imputada a prática de crime contra o meio ambiente pelo simples fato de exercer o cargo de Diretor Presidente da companhia Paranaense de Energia Elétrica – COPEL, não tendo o órgão ministerial demonstrado a mínimarelação de causa e efeito entre os fatos que lhe foram assestados e a função por ele exercida na mencionada pessoa jurídica, pelo que se mostra imperioso o trancamento da ação penal contra ele instaurada” (STJ, HC 232751, Dje 15.03.2013). Não confundir denúncia geral (válida) com denúncia genérica (inválida). 4. ENCERRAMENTO DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO AMBIENTAL Observe a Súmula Vinculante 24: SV 24: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. Os delitos ambientais configuram infrações administrativas. No entanto, a doutrina e jurisprudência são uníssonas ao preconizar pela desnecessidade da conclusão do procedimento administrativo ambiental para a deflagração da persecução penal. “2. No caso dos autos, muito embora os crimes ambientais pelos quais o paciente foi acusado (artigos 39 e 40 da Lei 9.605/1998) sejam materiais, dependendo da ocorrência de dano para que possam se caracterizar, não há dúvidas de que o Ministério Público não precisa aguardar a conclusão do processo administrativo instaurado junto ao IBAMA para deflagrar a respectiva ação penal. 3. Isso porque as esferas administrativa e penal são independentes, razão pela qual o Parquet, dispondo de elementos mínimos para oferecer a denúncia, pode fazê-lo, prescindindo-se da apuração dos CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 13 fatos pelo órgão administrativo competente. 4. Eventual celebração de termo de ajustamento de conduta não impede a persecução penal, repercutindo apenas na dosimetria da eventual pena a ser cominada ao autor do ilícito ambiental. Precedentes.” (HC 160.525/RJ, 5ª T. STJ, Dje 14/03/2013) 5. REQUISITOS LEGAIS PARA RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DA PJ A responsabilização penal da PJ não surge automaticamente à vista de qualquer fato que tenha subsunção na LCA. São dois os requisitos necessários, verificados no artigo 3º da Lei nº 9.605/98: Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato. Esses requisitos são cumulativos (e não alternativos): • a infração seja cometida por decisão do representante legal ou contratual, ou órgão colegiado da PJ; • na prática se dê no interesse ou benefício da PJ. Exemplos dados por Luís Flávio Gomes e Sílvio Rodrigues: Se um funcionário de uma empresa, que trabalha com motosserra, resolve, por sua conta, avançar em APP e cortar árvores nesse local proibido; ausente o primeiro requisito, qual seja: infração ser cometida por decisão de representante ou órgão colegiado. Se o gerente de uma empresa autoriza o corte de árvores em uma APP, contra os interesses da empresa, causando-lhe inclusive prejuízos enormes (perda de incentivos fiscais, perda de contratos com a desmoralização pública); ainda que presente o primeiro requisito, o fato não foi praticado em interesse ou benefício da empresa (segundo requisito). *CESPE: “Na hipótese de o diretor de uma empresa determinar a seus empregados que utilizem veículos e instrumentos a ela pertencentes, em horário normal de expediente, para extraírem e transportarem madeira de lei, sem autorização do órgão ambiental competente, destinada a construção particular daquele dirigente, fica caracterizada a responsabilidade penal da pessoa jurídica e da pessoa física.” – FALSO! Questiona-se: o artigo 3º da LCA foi o primeiro dispositivo a dispor sobre a responsabilidade penal da pessoa jurídica no Brasil? Não. Já havia no ordenamento jurídico uma contravenção penal que previa responsabilização da PJ caso lesionasse o meio ambiente do trabalho. Vide artigo 19, §2º da Lei nº 8.213/91: Art. 19 (...) CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 14 § 2º Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho 6. SISTEMA DA DUPLA IMPUTAÇÃO OU DAS IMPUTAÇÕES PARALELAS Artigo 3º, §único da Lei nº 9.605/98: Art. 3º (...) Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato. É cediça a possibilidade de processamento das pessoas físicas e das pessoas jurídicas (PJ’s). Durante muitos anos, o STJ entendeu que o Sistema da Dupla Imputação ou das Imputações Paralelas era obrigatório, isto é, haveria de existir concurso necessário entre pessoas físicas e jurídicas para processamento, sem isso, seria a denúncia inepta. De acordo com Luís Flávio Gomes: “O sistema de imputações paralelas, também chamado de sistema da dupla imputação, diz que, nos crimes ambientais, não é possível processar exclusivamente a pessoa jurídica. É preciso processar a pessoa física com a pessoa jurídica. É possível punir criminalmente a pessoa física sozinha ou então, em concomitância com a pessoa jurídica”. “1. Para a validade de tramitação de feito criminal em que se apura o cometimento de delito ambiental, na peça exordial devem ser denunciados tanto a pessoa jurídica com a pessoa física (sistema ou teoria da dupla imputação). Isso porque a responsabilização penal da pessoa jurídica não põe ser desassociada da pessoa física – quem pratica a conduta com elemento subjetivo próprio. 2. Oferecida a denúncia somente contra a pessoa jurídica, falta pressuposto para que o processo-crime se desenvolva corretamente. 3. Recurso ordinário provido, para declarar a inépcia da denúncia e trancar, consequentemente, o processo-crime instaurado contra a Empresa Recorrente, sem prejuízo de que seja oferecida outra exordial, válida.” (RMS 37.293/SP, 5ª T.STJ, Dje 09/05/2013) Todavia, o referido sistema provocava injustiças. Tanto é que o posicionamento foi radicalmente alterado pelo STF ao entender que o Sistema da Dupla Imputação ou das Imputações Paralelas não era obrigatório. “1. O artigo 225, §23º da Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla imputação. 2. As organizações corporativas complexas da atualidade se caracterizam pela descentralização e distribuição de atribuições e responsabilidades, sendo inerentes, a esta realidade, as dificuldades para imputar o fato ilícito a uma pessoa concreta. 3. Condicionar a aplicação do art. 225, §3º, da Carta Política a uma concreta imputação também a pessoa física implica indevida restrição da norma constitucional, expressa a intenção do constituinte originário não apenas de ampliar o alcance das sanções penais, mas também de evitar a impunidade CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 15 pelos crimes ambientais frente às imensas dificuldades de individualização dos responsáveis internamente às corporações, além de reforçar a tutela do bem jurídico ambiental. 4. A identificação dos setores e agentes internos da empresa determinantes da produção do fato ilícito tem relevância e deve ser buscada no caso concreto, como forma de esclarecer se esses indivíduos ou órgãos atuaram ou deliberaram no exercício regular de suas atribuições internas à sociedade, e ainda para verificar se a atuação se deu no interesse ou em benefício da entidade coletiva. Tal esclarecimento, relevante para fins de imputar determinado delito à pessoa jurídica, não se confunde,todavia, com subordinar a responsabilização da pessoa jurídica à responsabilização conjunta e cumulativa das pessoas físicas envolvidas. Em não raras oportunidades, as responsabilidades internas pelo fato estarão diluídas ou parcializadas de tal modo que não permitirão a imputação de responsabilidade penal individual. (...)” (RE 548181, Rl. Min. Rosa Weber, 1ª T.STF, Dje-213 de 30-10-2014) ATENÇÃO: o sistema da Dupla Imputação existe, é legalmente previsto, mas é facultativo. Ante as circunstâncias, o STJ acompanhou o STF e alterou seu próprio entendimento. “Este Superior Tribunal, na ilha do entendimento externado pelo Supremo Tribunal Federal, passou a entender que, nos crimes societários, não é indispensável a aplicação da teoria da dupla imputação ou imputação simultânea, podendo subsistir a ação penal proposta contra a pessoa jurídica, mesmo se afastando a pessoa física do polo passivo da ação. Precedentes.” (AgRg no RMS 48.851/PA, 6ª T.STJ, Dje 26/02/2018) *Pergunta de prova oral: o STF rejeita a dupla imputação nos crimes ambientais? O STF não nega a dupla imputação, que está expressa na lei. O que ele disse é que não é obrigatória! 7. CRITÉRIOS PARA DOSIMETRIA DA PENA A LCA nada versou a respeito da dosimetria de pena. Justamente, por isso que se usa previsão do artigo 79 da Lei nº 9.605/98: Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal Ante o silêncio da lei, serão aplicadas as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal, porém, observadas algumas especificidades: (1º) Para a fixação da pena base, observa-se primeiramente à previsão do artigo 6º da Lei nº 9.605/98 e, subsidiariamente, à do artigo 59 do CP; (2º) Circunstâncias atenuantes e agravantes; (3º) Causas de diminuição e de aumento de pena. Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará: I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 16 II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. CRITÉRIOS EXTRAÍDOS DO DISPOSITIVO LEGAL • Gravidade do fato, motivo da infração e consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; • Antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação ambientais (ou seja, não exclusivamente penais, mas também normas administrativas); • Situação econômica do infrator no caso de multa + montante do prejuízo causado. Vide artigo 19 da Lei nº 9.605/98: Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa. Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório. CARÁTER AUTÔNOMO E SUBSTITUTIVO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS Conforme dispõe o art. 7º da LCA, as penas restritivas de direitos são autônomas, substituindo as privativas de liberdade nos seguintes casos: Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando: I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos; → No CP é diferente (artigo 44, inciso I: “aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo”). II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime. CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 17 → Aborda o Princípio da Suficiência. Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída. → Sem enormes diferenças com o previsto no artigo 55 do CP (As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o do art. 46). Embora a LCA não contemple a previsão do artigo 44, inciso II, do CP (As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: II – o réu não for reincidente em crime doloso), o reincidente em crime doloso (ainda que no mesmo crime) terá direito à substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, conforme entendimento majoritário. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS APLICÁVEIS ÀS PESSOAS FÍSICAS Artigo 8º da Lei nº 9.605/98: Art. 8º As penas restritivas de direito são: I - prestação de serviços à comunidade; II - interdição temporária de direitos; III - suspensão parcial ou total de atividades; IV - prestação pecuniária; V - recolhimento domiciliar. EM SUMA: LCA, ART. 8º. AS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO (APLICÁVEIS ÀS PESSOAS FÍSICAS) SÃO: CP, ART. 43. AS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS SÃO: I – prestação de serviços à comunidade; IV – prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; II – interdição temporária de direitos; V – interdição temporária de direitos; IV – prestação pecuniária; I – prestação pecuniária; III – suspensão parcial ou total de atividades; II – perda de bens e valores; V – recolhimento domiciliar. III – limitação de fim de semana. 7.3.1. Prestação de serviços à comunidade Artigo 9º da Lei nº 9.605/98: Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível Tem finalidade íntima com a preservação e restauração do meio ambiente. CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 18 A diferença para o CP são as localidades em que são realizados, os serviços são prestados em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos. Artigo 46, §4º do CP: Art. 46 (...) § 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. A previsão do artigo 46, §4º do CP será também aplicada à LCA, com base na subsidiariedade prevista no artigo 79 da LCA. 7.3.2. Interdição temporária de direitos Artigo 10 da Lei nº 9.605/98: Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos No CP, existem outrasproibições diversas, tais quais: • exercer cargo, função, atividade pública, mandato eletivo; • exercer profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; e • de frequentar determinados lugares (artigo 43, inciso V, do CP, com incurso no artigo 47, também do CP). A doutrina critica sobremaneira os prazos previstos pelo artigo 10 da LCA, fundada na ideia de que a LCA não prevê nenhum crime doloso com pena máxima de 5 anos, tampouco crime culposo com pena máxima de 3 anos. Portanto, não poderia a pena restritiva de direitos (que tem caráter substitutivo) ser maior que a pena privativa de liberdade (substituída). Trata-se de desproporcionalidade. Por essa razão, sugere a desconsideração desses patamares e invoca-se a previsão do artigo 7º, §único da LCA: Art. 7º (...) Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída Aplica-se, portanto, a regra geral, de modo que a pena restritiva de liberdade tenha a mesma duração da pena privativa de liberdade. 7.3.3. Suspensão das atividades da pessoa física Artigo 11 da Lei nº 9.605/98: CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 19 Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais Exemplo: desenvolvimento de atividade impactante sem licença ambiental ou em desconformidade com a obtida. 7.3.4. Prestação pecuniária Artigo 12 da Lei nº 9.605/98: Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator O artigo 45, §1º e §2º do CP incide na LCA. Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proceder-se- á na forma deste e dos arts. 46, 47 e 48. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) § 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) O descumprimento injustificado da prestação poderá acarretar a conversão em prisão, porque é modalidade de pena restritiva de direitos, cuja conversão é perfeitamente possível quando não forem cumpridas. 7.3.5. Recolhimento domiciliar Artigo 13 da Lei nº 9.605/98: Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado à sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória Segundo Guilherme Nucci, a crítica que se faz ao artigo é que o legislador criou uma modalidade de prisão travestida de pena restritiva de direitos. Pela leitura do dispositivo, remete-se às penas de regime aberto. Vide artigo 36 do CP: Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 20 MPF – 21º Concurso: Em crimes ambientais, limitação de fim de semana NÃO é sinônimo de recolhimento domiciliar. TJMG: A limitação de fim de semana prevista no art. 48 do CP não é equivalente ao recolhimento domiciliar estabelecido no art. 13 da LCA. Artigo 48 do CP: Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. Nesse sentido, na prática pode haver semelhança entre a pena restritiva de direitos e a figura da prisão domiciliar, todavia, na previsão legal são institutos diferentes. “II. Se o caótico sistema prisional estatal não possui meios para que o paciente cumpra a pena restritiva de direitos em estabelecimento apropriado, é de se autorizar, excepcionalmente, que a mesma seja cumprida em seu domicilio. III. O que é inadmissível, é impor ao paciente o cumprimento da limitação de fim de semana em presídio, estabelecimento inadequado para tanto.” (HC 146.558/RS, 5ª Turma do STJ, DJe 05/04/2010) 8. CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES Aplicação das atenuantes típicas e inominadas do CP na LCA Artigo 14 da Lei nº 9.605/98. Salienta-se que é absolutamente admitida a analogia in bonam partem, portanto, podem ser aplicadas as atenuantes previstas no CP à LCA. Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; O inciso I do artigo 14 é semelhante ao “desconhecimento da lei” previsto no artigo 65, inciso II, do CP. De acordo com Cléber Masson: “Embora o desconhecimento da lei seja inescusável (CP, art. 21) e não afaste o caráter criminoso do fato, funciona como atenuante genérica. Suaviza-se, no campo penal, a regra definida pelo art. 3º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro: ‘Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece’. ... Justifica-se essa atenuante elo fato de o ordenamento jurídico brasileiro ser composto por um emaranhado complexo de leis e atos normativos, constantemente revogados e em contínua modificação, dificultando por parte do cidadão a exata compreensão de seu significado e do seu alcance.” *(Advogado do Senado – FGV) Nos crimes previstos na Lei 9.605/98, o baixo grau de instrução ou escolaridade do agente constitui circunstância que atenua a pena. II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada; CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 21 Em relação à reparação do dano, somente aplica-se ao infrator que reparar o dano APÓS o recebimento da denúncia. No entanto, se o reparar antes do recebimento da denúncia será beneficiado pelo Arrependimento Posterior (causa de diminuição de pena prevista no artigo 16 que aqui se aplica). Atenção: não poderá ocorrer Arrependimento Posterior em caso de “limitação significativa da degradação ambiental causada”. III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; A comunicação exigida é prévia, ou seja, o dano ainda não ocorreu. IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental. É chamada, impropriamente, por Roberto Delmanto Júnior, de Delação premiada ambiental. Exemplo: se o infrator ambiental colaborar com a vigilância ambiental indicando o local do dano ambiental causado, terá sua pena atenuada. ATENÇÃO: essa figura nada tem a ver com delação premiada, já que inexistentes bons prêmios. 9. CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES A LCA criou um rol de 18 agravantes. O referido arrolamento é criticado pela doutrina, porque tais previsões, na sua maioria, não são aplicadas, ora por já constituírem elementares de outros crimes, ora por funcionarem como causas de aumento de pena. Trata-se, em verdade, de adornos legislativos sem qualquer aplicação prática.Artigo 15 da Lei nº 9.605/98: Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; Somente agrava a pena a reincidência ambiental, ainda que não no mesmo delito. O período depurativo (artigo 64, I, do CP), em razão da previsão do artigo 79 da LCA, é aqui aplicado. II - ter o agente cometido a infração: para obter vantagem pecuniária; Majoritariamente, entende-se que basta a intenção de obtenção da vantagem. b) coagindo outrem para a execução material da infração; CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 22 O coato, em se tratando de coação moral resistível, responderá com atenuante da pena. Em se tratando de coação moral irresistível, o coato não responderá, porque é causa de exclusão de imputabilidade. Em se tratando de coação física irresistível, também não responderá, porque, nessa hipótese, não há sequer conduta. O coator responderá sempre. c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; Se já foi valorado na primeira fase de fixação da pena, não pode incidir o mesmo critério como agravante (bis in idem). d) concorrendo para danos à propriedade alheia; Os crimes ambientais quase sempre causam danos à propriedade alheia, seja pública ou privada (bis in idem). e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; Causar dano dessa forma já é crime – vide artigo 40 da LCA. f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; Não se aplica quando funcionar como elementar, qualificadora ou causa de aumento de pena, como ocorre com o crime de poluição – artigo 54, §2º da LCA. g) em período de defeso à fauna; Não se aplica quando se tratar de fauna silvestre (artigo 29, §4º, inciso II da LCA), bem como no artigo 34 da LCA (que é elementar). h) em domingos ou feriados; Atenção: o sábado não agrava a pena. Mas, cuidado, não se aplica aos crimes contra flora, já que lá é causa de aumento de pena. i) à noite; Essa agravante também não se aplica aos crimes contra a flora – artigo 54, §4º, II da LCA. De igual modo, não será aplicada ao crime do artigo 29, §4º, III da LCA – que é causa de aumento de pena. j) em épocas de seca ou inundações; Não se aplica nos crimes contra a flora. l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 23 Roberto Delmanto Júnior: abrangida pela alínea “e” do inciso II (áreas de UC). Ainda que se considere a expressão da alínea “I” mais abrangente, “a redundância do legislador permanece já que, então, bastaria a previsão desta agravante, sendo desnecessária a existência da disposta na alínea e”. m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; Aplica-se aos crimes contra a fauna, inclusive no crime de abuso e maus tratos de animais (artigo 32 da LCA), que pode ser exercido com ou sem métodos cruéis. n) mediante fraude ou abuso de confiança; Exemplo de Guilherme de Souza Nucci: “confiada a um empregado de longos anos a guarda de uma propriedade, ele é descoberto danificando a floresta nativa, com intuito de lucro. Houve, nesse caso, crime ambiental com abuso de confiança”. o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; Inaplicável aos crimes previstos nos artigos 29, caput, e §1º, 55, 63 e 64 da LCA: abuso da licença como elementar. p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; Justifica-se a previsão da presente circunstância atenuante. q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes; Não se aplica aos crimes contra a flora (artigo 53, II, “c” da LCA) e não se aplica aos crimes do artigo 29, caput e §1º, I a III e §2º, pois o artigo 29, §4º, I já prevê como causa de aumento de pena a prática de tais infrações contra espécies raras ou ameaçadas de extinção. r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. Havendo oferecimento ou recebimento de vantagem indevida, haverá concurso com crimes de corrupção ativa e passiva com o delito ambiental, sem a agravante. Aplicação das agravantes dos artigos 61 e 62, ambos do CP na LCA Luís Flávio Gomes e Sílvio Maciel entendem que as agravantes dos artigos 61 e 62, ambos do CP não podem ser aplicados na LCA por não haver previsão e tratar de analogia in malam partem. Guilherme de Souza Nucci, por seu turno, entende que podem ser aplicados, desde que não haja conflito com o disposto no artigo 15 da LCA. Aparentemente, o primeiro entendimento (Luís Flávio Gomes e Sílvio Maciel) é o majoritário. *CESPE: Os crimes contra a fauna praticados durante a noite, aos sábados e aos domingos aumentam as respectivas penas - FALSO! - Domingo, feriado e noite (agravantes de qualquer crime ambiental: art. 15, II,h, i) - Domingo, feriado e noite (nos crimes contra a flora: art. 53, II, e) CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 24 - Noite (no crime do art. 29, §4º, III) *(FGV, Advogado do Senado) Nos crimes previstos na Lei 9.605/98, a prática do crime no domingo é circunstância que agrava a pena, quando não constitui elementar ou qualifica o crime. 10. PENAS APLICÁVEIS ÀS PJ’S Artigo 21 da Lei nº 9.605/98 Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são: I - multa; II - restritivas de direitos; III - prestação de serviços à comunidade. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE Para as pessoas jurídicas, a prestação de serviços à comunidade é pena autônoma. Não está abarcada nas modalidades de penas restritivas de direito, conforme previsto para as pessoas físicas e na sistemática do Direito Penal. RESTRITIVA DE DIREITOS Como têm natureza de penas principais, não substituem as penas privativas de liberdade e não comportam a marca da conversibilidade. Com exceção do artigo 22, §3º da LCA, não há estipulação dos limites mínimos e máximos para fixação dessas penas. Justamente por isso, boa parte dos doutrinadores enxergam-na como uma mácula à constituição (artigo 5º, XXXIX da CF/88). Como forma de solução, Luís Flávio Gomes e Sílvio Maciel entendem que deve ser aplicada a pena restritiva de direitos de forma direta (não em substituição de pena de prisão) utilizando como limite o máximo da pena privativa de liberdade cominada no tipo penal, obedecendo ao critério trifásico do artigo 68 do CP. MULTA Artigo 18 da Lei nº 9.605/98: Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida Sérgio Salomão Shecaira preconiza que dias-multa não deveria ser o critério para as pessoas jurídicas que cometem crimes ambientais, uma vez que se corre o risco de revelar-se CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 25 ineficaz frente à vantagem econômica auferida, por sua vez, sobremaneira maior do que o valor da multa a ser paga. O critério mais adequado, consoante Shecaira, deveria ser dias-faturamento – no entanto, essa não foi a opção legislativa. 10.3.1. Critério para aplicação e critério para triplicar LCA CP Art. 6º. Para a imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará: III. a situação econômica do infrator, no caso de multa. + Montantedo prejuízo causado (art. 19). Art. 60. Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu. Art. 18. Se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida. §1º. A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS DA PESSOA JURÍDICA Artigo 22 da Lei nº 9.605/98: Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: I - suspensão parcial ou total de atividades; II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. § 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente. § 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar. § 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos. O prazo de dez anos do §3º é demasiadamente criticado pela doutrina, porquanto as penas previstas na LCA raramente passam de 03 anos. Há nítida incongruência na estipulação do prazo de dez anos. Se o legislador comina uma pena máxima de 03 anos para determinado delito, entendendo esse patamar como suficiente para a prevenção e reprovação do crime, o que justificaria aplicar, para a mesma infração, uma pena de 10 anos de restrição de direitos? Nada justificaria. Assim, Luís Flávio Gomes e Sílvio Maciel creem que, em obediência aos princípios da proporcionalidade (razoabilidade) e da individualização da pena, esse patamar máximo de 10 anos deve ser desconsiderado, devendo esta pena restritiva de direitos seguir os limites máximos da pena privativa de liberdade para a infração. CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 26 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE PELA PESSOA JURÍDICA Artigo 23 da Lei nº 9.605/98: Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em: I - custeio de programas e de projetos ambientais; II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas; III - manutenção de espaços públicos; IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. Por óbvio, essas previsões são diferentes daquelas destinadas às pessoas físicas. Também não têm limites cominados, assim, utilizam-se como parâmetros os prescritos à pena privativa de liberdade da infração Os incisos I, II e IV podem ser fixados em valores a serem pagos de uma só vez, não se falando, nessas hipóteses, em prazo de cumprimento. Em relação aos valores, não há unanimidade, todavia, considerável parcela da doutrina sugere a aplicação do artigo 12 da LCA: Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator LIQUIDAÇÃO FORÇADA Muitos denominam a liquidação forçada como a pena de morte da empresa. Quando a PJ é constituída preponderantemente para a prática de crimes ambientais, não deterá função social alguma, por isso, deve “morrer”. Artigo 24 da Lei nº 9.605/98 Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional. O Fundo Penitenciário Nacional não guarda relações com os crimes ambientais. Fiquem atentos, isso costuma ser cobrado em concursos públicos. Essa pena deve ser aplicada com cautela, apenas quando a PJ se entrega ao crime, apenas e tão somente. O mecanismo para incidência da liquidação forçada, de acordo com uma corrente doutrinário, é uma ação penal que incidirá como efeito da condenação criminal, reclamando pedido expresso e motivação na sentença (Roberto Delmanto Júnior). CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 27 Vladimir Passos de Freitas, por seu turno, leciona que pode ser um efeito da condenação, mas também pode ser Ação Civil Pública proposta pelo MP. 11. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NA LCA Artigo 4º da Lei nº 9.605/98: Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente Ocorrerá a desconsideração da personalidade jurídica na LCA quando a personalidade servir de obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. Não tem caráter de sanção penal ou efeito da condenação, mas consiste num instituto relacionado ao Direito Civil e Direito Administrativo, conforme entendimento amplamente majoritário. Aqui, não se exige abuso de direito. Independe da doação com excesso de poderes, por parte dos dirigentes, basta, por exemplo, o obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos. A verificação da insuficiência patrimonial da PJ para reparar ou compensar os prejuízos por ela causados à qualidade do meio ambiente é satisfatória para desconsideração de sua personalidade jurídica. 12. SURSIS SIMPLES NOS CRIMES AMBIENTAIS LCA CP Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos. Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. A grande maioria da doutrina entende que os incisos I, II e III do artigo 77 do CP se aplicam também ao artigo 16 da LCA. 13. SURSIS ESPECIAL (REPARAÇÃO DO DANO) NOS CRIMES AMBIENTAIS CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 28 LCA CP Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º do art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao meio ambiente. Art. 78, §2º. Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: a) proibição de frequentar determinados lugares; b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. Diferentemente da LCA, as condições do CP não têm viés ambiental e não devem ser provadas mediante laudo. 14. SURSIS ETÁRIO E HUMANITÁRIO NOS CRIMES AMBIENTAIS E TRANSAÇÃO PENAL A LCA foi silente em relação à aplicaçãodo sursis Etário e Humanitário. Porém, pela previsão do artigo 79 da LCA entendem-se aplicáveis as disposições do CP aos crimes Ambientais. Vide artigo 77, §2º do CP: Art. 77 (...) § 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão Existe uma peculiaridade na LCA, tal qual: a prévia reparação do dano. Artigo 27 da Lei nº 9.605/98: Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade. Se o infrator não reparar o dano, será aplicada da transação penal, porque a lei não exigiu a reparação do dano para haver a transação penal, mas sim a prévia composição do dano que, por vezes, ocorre num termo de ajustamento de conduta (TAC). Se a transação é cumprida, mas o infrator deixa de reparar o dano, o MP não pode oferecer denúncia, conforme preconiza a Súmula Vinculante 35. Nessa hipótese, a transação foi cumprida, o que foi descumprida foi a reparação do dano. Se a transação penal foi efetuada significa que o sujeito aceitou, previamente, a imposição de pena restritiva de direitos e multa. Se aceitar, cumprir CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 29 e, posteriormente, for denunciado também pelo fato de não ter reparado dano ambiental cumprirá novamente uma pena. Não se pode cumprir duas penas em virtude do mesmo fato. Assim, não reparado o dano, executa-se o TAC. Nesse sentindo, a Súmula Vinculante 35: SV 25: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial. *VUNESP – PC-BA – 2018: No que concerne à aplicação da Lei no 9.099/95 quanto às infrações penais ambientais previstas na Lei no 9.605/98, é correto afirmar que nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a transação penal somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, salvo em caso de comprovada impossibilidade 15. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO NOS CRIMES AMBIENTAIS Artigo 28 da Lei nº 9.605/98: Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações: → A doutrina, em sua maioria, classifica a previsão do caput do artigo 28 da LCA como um equívoco legislativo, visto que as disposições do artigo 89 da Lei nº 9.099/95 se aplicam não apenas aos crimes de menor potencial ofensivo, mas também aos de médio potencial ofensivo. I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo; → O laudo é indispensável, em regra. II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição; → O prazo da suspensão condicional do processo, ordinariamente, é de 02 a 04 anos. → Aqui, o período de prorrogação poderá ser de 05 anos, suspendendo-se a prescrição. III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado no caput; IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III; CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 30 → Pode-se prorrogar por mais 05 anos. Assim, a suspensão condicional na LCA pode durar até 14 anos. → Ocorre que, na segunda prorrogação, o legislador esqueceu-se de prever a suspensão da prescrição. Como deixou de prever, há amplo entendimento na doutrina de que a suspensão da prescrição NÃO acontece na segunda prorrogação. V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do dano. → Se não comprovadas as reparações durante os 14 anos, o processo estará fadado ao insucesso. Assim, caso incorra nessa circunstância de sucessivas prorrogações, é interessante o requerimento de produção antecipada de provas urgentes, sob pena de ineficácia processual. 16. APREENSÃO E VENDA DE INSTRUMENTOS DA INFRAÇÃO Artigo 25 da Lei nº 9.605/98: Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos (...) §5 os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem. Quanto à previsão em destaque no §5º, a doutrina aponta os seguintes posicionamentos: 1ª corrente (Fernando Capez): Quaisquer instrumentos utilizados para a prática da infração ambiental podem ser apreendidos e vendidos, sejam ou não permitidos o seu porte, fabrico ou alienação. 2ª corrente (Luís Flávio Gomes e Sílvio Maciel): A regra do artigo 25, §5º, não é absoluta, e deve observar se a utilização do instrumento é reiterada em crime ambiental e se há proporcionalidade entre o valor do proveito e do bem. “Os objetos que devem ser confiscados são apenas aqueles usualmente utilizados na prática de delitos ambientais. Um objeto lícito, que muitas vezes representa o sustento do agente e de sua família, não pode ser confiscado porque, esporadicamente, foi utilizado irregularmente e caracterizou a prática de um delito ambiental. É preciso fazer a distinção, para não haver injustiças e abusos. Motosserras utilizadas por madeireiras clandestinas, barcos utilizados por pesqueiros ilegais devem, sem dúvida, ser confiscados; mas um barco de um humilde pescador, que eventualmente pescou peixes além da quantidade permitida, não tem necessidade de ser confiscado.” 17. NATUREZA DA AÇÃO NA LCA Todos os crimes previstos na LCA se processam mediante Ação Penal Pública Incondicionada. CS – CRIMES AMBIENTAIS 2019.1 31 Artigo 26 da Lei nº 9.605/98: Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada 18. POSSIBILIDADE DE HABEAS CORPUS (HC) Tecnicamente, não é cabível HC para PJ’s. Em eventual processo deve se valer de Mandado de Segurança. 19. COMPATIBILIDADE COM O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 1ª corrente: não é possível a aplicação do princípio da insignificância, em virtude do bem jurídico tutelado e da regência dos princípios da prevenção e precaução no Direito Ambiental (TRF- 3, RSE2004.61.24.001001-8). 2ª corrente: “Esta Corte tem entendimento pacificado no sentido de que é possível a aplicação do denominado princípio da insignificância aos delitos ambientais, quando demonstrada a ínfima ofensividade ao bem ambiental tutelado” (AgRg no AREsp 1051541/ES, DJE 04/12/2017). Entendimento majoritário dos Tribunais Superiores é
Compartilhar