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Aula 09
Literatura p/ ENEM 2016
Professores: Equipe Rafaela Freitas, Rafaela Freitas
Literatura p/ ENEM 
Teoria e Questões Comentadas 
Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 09 
 
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AULA 09 
CONCRETISMO, NEOCONCRETISMO, POESIA PRÁXIS, POEMA-
PROCESSO E POESIA MARGINAL 
 
 
 
Olá, pessoal! Hoje vamos nos aproximar das tendências brasileiras da 
segunda metade do século XX. Já no Modernismo vimos uma pluralidade 
das artes, e essa tendência continua de maneira muito vigorosa e contínua. 
Boa aula! 
 
 
SUMÁRIO 
CONCRETISMO .................................................................................. 02 
NEOCONCRETISMO ............................................................................ 07 
POESIA PRÁXIS .................................................................................. 11 
POEMA-PROCESSO ............................................................................. 15 
POESIA MARGINAL ............................................................................. 17 
HORA DE PRATICAR ............................................................................ 25 
LISTA DE QUESTÕES QUE FORAM COMENTADAS NESTA AULA .................. 49 
GARARITO ......................................................................................... 70 
O MEU ATÉ BREVE .............................................................................. 71 
 
 
³Seja marginal, seja herói!´ 
Hélio Oiticica 
 
 
 
 
 
Literatura p/ ENEM 
Teoria e Questões Comentadas 
Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 09 
 
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Quanto mais nos aproximamos da poesia feita na contemporaneidade, 
mais difícil sua definição e descrição. Essas correntes que veremos a seguir 
estão muito relacionadas ao eixo Rio-SP, com alguma rara exceção. Desses 
escritores, da segunda metade do século XX, muitos ainda estão vivos e em 
produção, ou seja, marcaram presença em determinada vertente, mas, embora 
carreguem ainda essas marcas, produzem e produzirão uma coisa outra 
atualmente. São exemplos: Augusto de Campos, Ferreira Gullar e Chacal. 
 
CONCRETISMO 
 
O Concretismo fora difundido no Brasil pelos irmãos Augusto e Haroldo 
de Campos, Décio Pignatari e José Lino Grunewald, a partir de 1952, com o 
lançamento da revista Noigandres, que apresentava a poesia concreta. Pode-
se dizer que o Concretismo, como os outros movimentos que veremos a seguir, 
estendeu a corda do Modernismo na tentativa da renovação da linguagem. 
Seu auge foi no início da década de 1950 e, dessa época, destacam-se 
as obras Poetamentos (1953) e Pop-cretos (1964), de Augusto de Campos, 
Galáxias (1963), de Haroldo de Campos e Teoria da Poesia Concreta (1965), 
de Décio Pignatari. E, em 1956, organizou-se a 1ª Exposição Nacional de Arte 
Concreta, unindo artes plásticas e poesia, no Museu de Arte Moderna de São 
Paulo. 
Apontando um esgotamento na poesia para propor seu apelo visual, os 
concretistas sugeriam a abolição do verso. Entretanto, efetivamente, isso 
nunca aconteceu, já que, como aponta Marcos Siscar, pesquisador de poesia 
brasileira, os concretos não conseguiram abandonar completamente o verso e 
³obviamente, não seriam únicos ao romper com o verso, mas romper com o 
YHUVR�SRU� LQpUFLD´� A criação visual, apelo ao significante ± materialidade da 
palavra (formas, cores e disposição) ± é o aspecto mais pungente desse 
período. 
 
Literatura p/ ENEM 
Teoria e Questões Comentadas 
Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 09 
 
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Alguns exemplos de poemas do Concretismo brasileiro: 
 
 
 
O poema Coca-Cola, de Décio Pignatari, é um dos textos mais 
emblemáticos do Concretismo. Criado a partir do slogan ³%HED�&RFD-&ROD´��R�
autor desconstrói através de um jogo fonêmico a ideia original. Então, através 
da desmontagem e colagem das palavras, o poema mostra o que existe, de 
IDWR��QDV�SDODYUDV�GR�DQ~QFLR��2�ILQDO�³FORDFD´��MXQomR�GH�FRFD�H�FROD��leva ao 
esgoto. Outros exemplos de poemas criados por Pignatari são: 
 
 
 
Literatura p/ ENEM 
Teoria e Questões Comentadas 
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 Abaixo vemos poemas dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos e José Lino 
Grünewald, respectivamente: 
 
 
Esse poema foi musicado por Caetano Veloso 
 
 
 
Literatura p/ ENEM 
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Principais características do Concretismo: 
 
Racionalidade e impessoalidade; 
Uso das artes plásticas e efeitos visuais; Figuras abstratas; 
Uso de efeitos musicais e sonoros; 
Intenção de romper com o verso e utilização do espaço do papel; 
Influência Futurista e Cubista (geometria); 
Literatura p/ ENEM 
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Não há presença de eu lírico; 
 
 
AUGUSTO DE CAMPOS (1931) 
 
É um dos maiores poetas brasileiros ainda em 
atividade, além de trabalhar com tradução, música e 
como crítico literário. Seu nome, na literatura brasileira, 
se junto ao de seu irmão, Haroldo de Campos, e o 
amigo Décio Pignatari, que deram início ao 
Concretismo, movimento de poesia nascido no Brasil nos anos 1950. Seus 
poemas concretos abusam das cores, abandono da sintaxe convencional da 
poesia e organização gráfica das palavras. 
 
 
 
HAROLDO DE CAMPOS (1929 ± 2003) 
 
 
Junto ao irmão, Augusto de Campos, Haroldo foi 
um dos precursores do concretismo no Brasil. Além de 
poeta, era exímio tradutor, criando o conceito de 
transcriação. Seu primeiro livro foi O Auto do Possesso 
(1949), publicado conjuntamente com outro poeta 
concreto, Décio Pignatari. Entretanto, sua obra prima 
é o livro-poema Galáxias. 
 
 
 
 
 
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DÉCIO PIGNATARI (1927 ± 2012) 
 
Décio Pignatari, assim como Haroldo e Augusto, 
foi poeta, tradutor e fundador da estética concreta. 
Entretanto, também trabalhou como ator, teórico da 
comunicação e publicitário, o que facilita uma análise 
de sua incorporação de elementos visuais à poesia. Em 
1965, publica Teoria da Poesia Concreta. 
 
 
JOSÉ LINO GRUNEWALD (1931 ± 2000) 
 
José Lino Grünewald, assim como os demais concretos, acumulou funções 
como crítico, poeta e tradutor. Trabalhou em diversos 
jornais, se destacando como crítico de cinema. Foi o 
último dos precursores do Concretismo a aderir ao 
movimento. Sua obra não está entre a mais lembrada 
quando falamos no Concretismo brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
NEOCONCRETISMO 
 
Com o objetivo de reagir ao Concretismo, surge n Brasil, no final da 
década de 1950, o Neoconcretismo. Armando-se da subjetividade contra o 
racionalismo concreto, os artistas dessa época mudaram as artes brasileiras 
com os novos meios de produção. 
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Os próprios concretistas começaram a repensar o projeto e observaram 
uma arte feita com moldes preestabelecidos. Dessa forma, em março de 1959, 
o Jornal do Brasil publicou em seu suplemento cultural, dirigido por Reynaldo 
Jardim (então participante do movimento), publicou o Manifesto Neoconcreto, 
assinado por Jardim, Ferreira Gullar, Theon Spanudis, Amílcar de Castro, Franz 
Weissmann, Lygia Clark e Lygia Pape. No dia da publicação do manifesto, 
acontecia também a 1ª Exposição de Arte Neoconcreta, no Museu de Arte 
Moderna do Rio de Janeiro. Nos anos seguintes ocorreriam ainda mais duas 
outras exposições neoconcretas. 
Embora nunca tenham se fixado fora do Rio de Janeiro e criticados pelos 
poetas concretistas rigorosos, o movimento não aceitavam a arte como apenas 
um objeto estético, incorporando, autonomia, subjetivismo e afeto à criação 
artística. 
 
 
FERREIRA GULAR (1930) 
 
A obra de Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira, poeta e 
crítico de arte, é vastíssima, já que continua vivo e em atuação. Entretanto, é 
marcado pela poesia social, bem como por encabeçar 
o Neoconcretismo. Ainda nos anos 1960 se afasta do 
grupo e se aproxima do Centro Popular de Cultura 
(CPC). Poema Sujo (1976) é sua obra prima, embora 
não corresponda com a estética neoconcreta, já que 
nessa época o poeta já havia rompido com o 
movimento. Desde 2014, é membro da ABL, 
ocupando a vaga que fora de Ivan Junqueira. Abaixo 
um poema da fase social do poeta: 
 
 
 
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NÃO HÁ VAGAS 
Ferreira Gullar 
 
O preço do feijão 
não cabe no poema. O preço 
do arroz 
não cabe no poema. 
Não cabem no poema o gás 
a luz o telefone 
a sonegação 
do leite 
da carne 
do açúcar 
do pão 
O funcionário público 
não cabe no poema 
com seu salário de fome 
sua vida fechada 
em arquivos. 
Como não cabe no poema 
o operário 
que esmerila seu dia de aço 
e carvão 
nas oficinas escuras 
- porque o poema, senhores, 
está fechado: 
³QmR�Ki�YDJDV´ 
Só cabe no poema 
o homem sem estômago 
a mulher de nuvens 
a fruta sem preço 
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O poema, senhores, 
não fede 
nem cheira 
 
REYNALDO JARDIM (1926 ± 2011) 
 
Reynaldo Jardim, nascido em uma família de 
militar, foi poeta e jornalista, tendo trabalhado nos 
principais jornais do país assim que se mudou para o 
Rio de Janeiro, logo após se formar em comunicação 
pela PUC SP. Trabalhou em jornais e televisão, gerindo 
colunas sobre poesia e cinema. 
 
 
O SOM EMBUTIDO NA MATÉRIA 
Reynaldo Jardim 
 
O Som se oculta no 
Lenho da madeira, 
Cordas de piano, mesa 
De bar, corpo de cristal 
Ou vidro ordinário, 
Se esconde, o Som, nos 
Másculos do corpo, couro 
Do tamborim, no 
Stradivarius, ossário 
Dos animais carnívoros 
Ou não. 
Em silêncio o Som 
Aguarda que o libertem 
Da matéria bruta ou 
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Manufaturada, para 
Expressar sua angústia, 
Melodia, ruído, linguagem 
Áspera, doce, requintada, 
Basta um leve toque 
No atabaque, da baqueta 
Na pele tensionada 
Do surdo para que 
Ele, o Som, rompa a 
Mortalha e vibre no ar 
O ritmo do samba sincopado. 
Ele, o Som, grita quando 
A porta bate forte no 
Batente e se desespera 
Quando mãos desajeitadas 
Foram, dele o irritante 
Arranhar de lixa polindo 
A ferrugem dos cascos 
Dos navios. 
O Som implora que 
Todos o tratem com 
A delicadeza de um 
João Gilberto. 
 
POESIA PRÁXIS 
 
A partir do início da década de 1960, nasce a Poesia Práxis, da rachadura 
dentro do movimento concretista, ou seja, esse novo grupo propunha outro 
lugar, distinto daquele almejado pelos concretos. Segundo Chamie, seu 
principal idealizador, a Prá[LV�³RS}H�j�SDODYUD-coisa, do concretismo, a palavra-
HQHUJLD��QmR�FRQVLGHUD�R�SRHPD�FRPR�XP� µREMHWR¶�HVWiWLFR�H� IHFKDGR�H�VLP�
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FRPR� XP� µSURGXWR¶� GLQkPLFR�� SDVVtYHO� GH� WUDQVIRUPDomR� SHOD� LQIOXrQFLD� RX�
PDQLSXODomR�GR�OHLWRU´�� 
O livro de Mário Chamie, Lavra-lavra, instaurou-se como marco desse 
SHUtRGR�H�ILFRX�FRQKHFLGR�FRPR�R�³0DQLIHVWR�'LGiWLFR´� A palavra, para esses 
poetas, era um organismo vivo, capaz de criar o novo. Dessa forma, 
propunham a criação através das palavras, mas preocupados também com o 
ritmo e o verso, utilizando trocadilhos fonéticos. 
Em 1962, é lançada a revista Práxis, com nomes como Mário Chamie e 
obras como Palavra (1963), de Armando Freitas Filho, A fala e a forma (1964) 
e de Ivone Geanetti Fonseca. Esses poetas estabeleceram um elo entre os 
aspectos linguísticos do poema e suas características extralinguísticas, 
adaptando poesia e vida social. 
 
Principais características da Poesia Práxis: 
 
Contramão do concretismo; 
Dinamismo; 
A palavra é uma energia; 
Realidade social; 
Papel do leitor é enaltecido (muitas interpretações); 
Valorização do ritmo, palavra e verso; 
 
MARIO CHAMIE (1933 ± 2011) 
 
Mário Chamie é o nome de maior notoriedade da Práxis, 
sendo, além de poeta, crítico. Em 1955, ainda filiado ao 
Concretismo, lança Espaço Inaugural, seu primeiro livro. 
Mas, em 1962, lança Lavra Lavra, abandonando essa 
HVWpWLFD� SDUD� ³IXQGDU´� D� 3RHVLD� 3Ui[LV�� cuja revista 
homônima contava com colaboradores como Cassiano 
Ricardo, José Guilherme Merquior e Cacá Diegues. 
Literatura p/ ENEM 
Teoria e Questões Comentadas 
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QUEDA INTERIOR 
Mário Chamie 
 
Se a queda é livre 
o medo da queda 
é preso. 
 
Livre é a queda 
sem embaraço 
defeso. 
 
A queda 
de um homem 
tenso 
não é a guerra 
do Peloponeso 
pelo estreito 
de um coração 
perverso. 
 
A queda 
livre 
é o próprio peso 
de um coração 
suspenso. 
 
Toda queda 
é o menosprezo 
de quem cai 
sobre si mesmo. 
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ARMANDO FREITAS FILHO (1940) 
 
Armando Freitas Filho é um poeta ainda em atividade. 
Amigo de Ana Cristina Cesar, após sua morte, tornou-se 
responsável e organizador de sua obra. Trabalhou sempre 
com pesquisa em fundações como a Casa de Rui Barbosa ou 
Biblioteca Nacional, ou em cargos na área de cultura. 
 
 
 
CANTO DO MURO AZUL 
Armando Freitas Filho 
 
No escuro 
O muro articula 
Severa arquitetura 
De íntima tessitura 
E circula viajante: 
Noturno andante 
 
Vento no cimento 
(Lento) 
Muro em movimento 
 
Pedra rutura 
Azul textura 
Líquida tela 
Aquarela. 
 
 
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Teoria e Questões Comentadas 
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POEMA-PROCESSO 
 
O movimento do Poema-Processo acontece entre a década que 
compreendeu a segunda metade da década de 1960 e o início dos anos 1970. 
Influenciados pelo Concretismo, os poetas de Natal (RN) e Rio de Janeiro (RJ), 
Moacy Cirne, Wlademir Dias-Pino, Álvaro de Sá e Neide Dias de Sá 
encabeçaram a criação de poemas ligados à processos semióticos e verbais. 
Posteriormente outros poetas foram inseridos ao grupo. 
Em 1968, lançam um manifesto na 4ª Exposição Nacional de Poema 
Processo, no Museu de Arte Moderna da Bahia, teorizando sobre o movimento. 
O objetivo era criar um objeto capaz de atender às massas, que fosse digerível. 
A ideia do que é um poema é ampliada à máxima potência, podendo significar 
quase tudo. 
Os Concretistas já haviam explorado a visualidade do poema, entretanto 
os poetas ligados ao Poema-Processo irão estender esse aspecto. Entretanto, 
os concretos ainda estão muito ligados à palavra enquanto os poetas dessa 
nova corrente pretendem empregar símbolos não verbais, tais como figuras 
geométricas e gráficos, por exemplo. Assim, o Poema/Processo é, antes de 
tudo, visual. 
 
 
 
Principais características do Poema-Processo 
 
Poema Visual; 
Linguagem não verbal e experimental; 
Inovação; 
 
 
 
 
Literatura p/ ENEM 
Teoria e Questões Comentadas 
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MOACY CIRNE (1943 ± 2014) 
 
Moacy Cirne foi poeta, jornalista e teórico, mas 
também ganhou notoriedade por seu vasto conhecimento 
sobre histórias em quadrinhos. Lecionou durante muitos 
anos na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal 
)OXPLQHQVH�� (P� ������ IRL� UHVSRQViYHO� SRU� ³LQDXJXUDU´� R�
Poema-Processo, cuja estética primava pelo aspecto gráfico 
ao semântico, ligada ao marxismo e para a ação. 
 
 
NEIDE DIAS DE SÁ 
 
 
 
 
Neide Dias de Sá trabalha com arte-educação e produz 
poemas visuais. Em 1967, ao lado Cirne, lança o movimento 
Poema-Processo. 
 
 
POEMÃOS E FOTOGRAMAS: 
experimentações formais com luzes, sombras e meios tons 
Literatura p/ ENEM 
Teoria e Questões Comentadas 
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POESIA MARGINAL 
 
³6HMD marginal, seja KHUyL´� O artista e performer, Helio Oiticica, resumiu 
a Marginália, ou Poesia Marginal (e ainda, Geração Mimeógrafo) ficou 
conhecida também como geração mimeógrafo, pois estava muito ligada ao 
aspecto gráfico das publicações independentes surgidas nessa época. A 
tendência marginal era justamente essa: os poetas dessa época estavam à 
margem das grandes editoras (embora, depois, tenham sido publicados por 
editoras de alcance nacional). Além de fugirem ás escritores e livrarias, os 
escritores dessa época vendiam seus livros na rua e se preocupavam em dar 
voz às poéticas subjetivas nascidas no movimento. Essa geração questionava, 
através de sua forma de produção, os meios tradicionais de veiculação de 
literatura. 
 
 
 
Helio Oiticida 
 
O movimento surgiu no Brasil na década de 1970 (durando até o início 
dos anos 1980), durante o período da Ditadura Militar, quando o cerco aos 
artistas, professores e escritores era apertado, ou seja, era necessário buscar 
formas alternativas de publicação, tal como o mimeógrafo. 
Literatura p/ ENEM 
Teoria e Questões Comentadas 
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A incursão desses poetas no meio das grandes editoras se deu a partir 
da publicação de 26 poetas hoje (Brasiliense, 1975), organizada pela 
pesquisadora Heloísa Buarque de Hollanda. O livro, em forma de antologia, 
reunia vinte e seis dessa geração que, através da publicação, registram na 
memória da literatura brasileira a geração. Os poetas que participam da 
antologia são: Rodrigo Lisboa, Francisco Alvim, Carlos Saldanha, Antônio Carlos 
de Brito (Cacaso), Roberto Piva, Torquato Neto, José Carlos Capinan, Roberto 
Schwarz, Zulmira Ribeiro Tavares, Afonso Henriques Neto, Vera Pedrosa, 
Antonio Carlos Secchin, Flávio Aguiar, Ana Cristina Cesar, Geraldo Carneiro, 
João Carlos Pádua, Luiz Olavo Fontes, Eudoro Augusto, Waly Salomão, Ricardo 
G. Ramos, Leomar Fróes, Isabel Câmara, Chacal, Charles, Bernardo Vilhena, 
Leila Miccolis e Adauto de Souza Santos. Alguns poetas nunca publicaram de 
maneira alternativa impressas pelo mimeógrafo, mas representavam minorias 
historicamente excluídas e, por isso, se enquadraram como marginais. 
Embora essa geração tenha notoriedade por sua produção literária, 
também produziu em outras linguagens artísticas. Hélio Oiticica e Lygia Clark 
são exemplos nas Artes Plásticas; a Tropicália de Gilberto Gil, Caetano Veloso, 
Tom Zé e Maria Bethânia; ou o Cinema Novo de Glauber Rocha. 
Os poetas marginais abriram precedentes de uma arte mais antenada 
para outras formas de veiculação do material criativo. 
 
 
WALY SALOMÃO (1943 ± 2003) 
 
 
Waly Salomão foi poeta e letrista, além de um artista 
extremamente versátil. Participou, de maneira 
engajada, do movimento da contracultura no Brasil. 
 
 
 
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WALY SALOMÃO 
Sala Sunyata 
 
Ó, tabula rasa. 
Nada vezes nada, noves fora nada. 
Sol nulo dos dias vãos. Lua nula das noites vãs. 
Eis que atingi o ponto Nadir. 
Se todas as coisas nos reduzem a 
 ZERO 
é daí do 
 ZERO 
 
 que temos que partir. 
 
CHACAL ( ) 
 
Ricardo de Carvalho Duarte, conhecido como Chacal, é letrista e poeta. 
Ainda em atividade, é um dos maiores nomes da Poesia Marginal. Trabalhou 
ainda com a Cia Asdrúbal Trouxa o Trombone e, desde 1990, é diretor do CEP 
20.000, sarau e misto de show de variedades, fundado com o amigo Guillherme 
Zarvos.. 
 
CHACAL 
Rápido e rasteiro 
 
Vai ter uma festa 
que eu vou dançar 
até o sapato pedir pra parar. 
aí eu paro 
tiro o sapato 
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e danço o resto da vida. 
 
 
ANA CRISTINA CESAR (1952 ± 1983) 
 
A tradutora e poeta Ana Cristina Cesar foi uma das vozes mais 
respeitadas da Poesia Marginal e a mulher de maior notoriedade dessa época. 
Conhecida também como Ana C., fazia poemas antes mesmo de ser 
alfabetizada, os quais ditava para a mãe. Depois de um intercâmbio pela 
Inglaterra, cursa Letras na PUC RJ. Publica, a partir de 1970, em jornais e 
revistas, lançando seus primeiros livros por editoras independentes. 
Atualmente, seu acervo pessoal está sob posse do Instituto Moreira Salles, que 
o recebeu da doação de Armando Freitas Filho, amigo de Ana e responsável 
por seu espólio. 
 
NOITE DE NATAL 
Ana Cristina Cesar 
 
Noite de Natal. 
Estou bonita que é um desperdício. 
Não sinto nada 
Não sinto nada, mamãe 
Esqueci 
Menti de dia 
Antigamente eu sabia escrever 
Hoje beijo os pacientes na entrada e na saída 
com desvelo técnico. 
Freud e eu brigamos muito. 
Irene nocéu desmente: deixou de 
trepar aos 45 anos 
Entretanto sou moça 
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estreando um bico fino que anda feio, 
pisa mais que deve, 
me leva indesejável pra perto das 
botas pretas 
pudera 
 
ROBERTO PIVA (1937 ± 2010) 
 
O poeta Roberto Piva publicou a primeira vez em 1961, na Antologia dos 
Novíssimos (1961), mas foi em Paranóia (1963), seu primeiro livro, que se 
destacou como uma voz potente e criativa. Influenciado pela Geração Beat e 
pelo Surrealismo, o poeta trabalha a erotização e a experiência com drogas, 
além da temática homoafetiva. 
OS ANJOS DE SODOMA 
Roberto Piva 
 
Eu vi os anjos de Sodoma escalando 
 um monte até o céu 
E suas asas destruídas pelo fogo 
 abanavam o ar da tarde 
Eu vi os anjos de Sodoma semeando 
prodígios para a criação não 
perder seu ritmo de harpas 
Eu vi os anjos de Sodoma lambendo 
 as feridas dos que morreram sem 
 alarde, dos suplicantes, dos suicidas 
 e dos jovens mortos Eu vi os anjos de 
Sodoma crescendo 
 com o fogo e de suas bocas saltavam 
 medusas cegas 
Eu vi os anjos de Sodoma desgrenhados e 
 violentos aniquilando os mercadores, 
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 roubando o sono das virgens, 
 criando palavras turbulentas 
Eu vi os anjos de Sodoma inventando a 
loucura e o arrependimento de Deus 
 
TORQUATO NETO (1944 ± 1972) 
 
Torquato Neto foi poeta, jornalista e letrista. Trabalhou também no 
cinema, explorando também elementos da contracultura. Nascido no nordeste, 
se inseriu na cena da Bahia com nomes da Tropicália. Sem nunca se formar em 
jornalismo, trabalhou em inúmeros periódicos. 
 
TORQUATO NETO 
Cogito 
 
eu sou como eu sou 
pronome 
pessoal intransferível 
do homem que iniciei 
na medida do impossível 
 
eu sou como eu sou 
agora 
sem grandes segredos dantes 
sem novos secretos dentes 
nesta hora 
 
eu sou como eu sou 
presente 
desferrolhado indecente 
feito um pedaço de mim 
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eu sou como eu sou 
vidente 
e vivo tranquilamente 
todas as horas do fim. 
 
ANTÔNIO CARLOS DE BRITO (CACASO) (1944 ± 1987) 
 
Antônio Carlos de Brito, nome de Cacaso, foi letrista, professor e poeta. 
Chega ao Rio de Janeiro no início da adolescência e alguns anos depois se filia 
a Poesia Marginal. Está na antologia de Heloisa Buarque de Hollanda, com quem 
escreveu sobre a poética e estética do movimento. 
CACASO 
E com vocês a modernidade 
 
Meu verso é profundamente romântico. 
Choram cavaquinhos luares se derramam e vai 
por aí a longa sombra de rumores ciganos. 
 
Ai que saudade que tenho de meus negros verdes 
anos! 
 
PAULO LEMINSKI (1944 ± 1989) 
 
Paulo Leminski foi poeta, tradutor, publicitário, professor e crítico. Sua 
poética busca poemas mais curtos, pontuais (às vezes como os haicais 
japoneses) e com bastantes trocadilhos. Estreou como 
poeta na revista Invenção, dirigida por Décio Pignatari, e 
também propulsora do Concretismo. Teve também vasta 
experiência como músico e letrista. Embora entre para a 
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corrente dos marginais, de fato, Leminski nunca foi próximo do grupo. 
 
AMOR BASTANTE 
Paulo Leminski 
 
quando eu vi você 
tive uma ideia brilhante 
foi como se eu olhasse 
de dentro de um diamante 
e meu olho ganhasse 
mil faces num só instante 
basta um instante 
e você tem amor bastante 
um bom poema 
leva anos 
cinco jogando bola, 
mais cinco estudando sânscrito, 
seis carregando pedra, 
nove namorando a vizinha, 
sete levando porrada, 
quatro andando sozinho, 
três mudando de cidade, 
dez trocando de assunto, 
uma eternidade, eu e você, 
caminhando junto 
 
 
 
 
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01. (PUC-PR) 
A poesia concreta no Brasil caracteriza-se por: 
 
A) dar continuidade à corrente intimista e estetizante dos anos 40. 
B) descaso pelos aspectos formais do poema e preferências pela linguagem 
correta. 
C) preocupação com a correção sintática, pela renovação dos temas 
relacionados com os estados psíquicos do poeta. 
D) rigidez no nível prosódico e pela impassibilidade diante dos problemas 
nacionais. 
E) visar a atingir e a explorar as camadas materiais do significante (som, letra 
impressa, linhas, superfície da folha). 
 
Comentário: A poesia concreta teve como marca principal a inserção de 
elementos até então esquecidos, ou secundários, na tradição poética, tal qual 
a tipografia (letra impressa), imagens e o som (através de aliterações, por 
exemplo). Com isso, os poetas concretos não só buscavam explorar as 
possibilidades na poesia, mas também romper com os limites impostos pela 
noção de verso. 
GABARITO: E 
 
02. (QUESTÃO INÉDITA) 
Leia o poema abaixo, O pulsar, de Augusto de Campos (1975): 
 
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Fonte: http://www.emanuelpimenta.net/PULSAR/poempulsar.html 
Acessado em: 29/05/2016 
 
Com base na leitura do poema acima e no seu conhecimento prévio, 
marque a alternativa incorreta: 
 
A) A Poesia Concreta busca romper com a noção tradicional do verso, e, 
portanto, com a noção tradicional de poesia; 
B) Os concretistas buscam uma poesia sem preocupação com a forma, 
tornando-a acessível para todos; 
C) Uma das inovações da Poesia Concreta é a existência de diversas 
possibilidades de OHLWXUD�GR�PHVPR�SRHPD��VHP�XP�³WUDMHWR´�SUp-determinado 
pelo autor; 
D) A Poesia Concreta se estabeleceu enquanto uma vanguarda de alcance 
internacional, marcada pelos elementos visuais como constituintes da sua 
poética; 
E) No poema O pulsar, podemos percHEHU�TXH�RV�³FyGLJRV´��TXH�VH�PHVFODP�
às letras, formando palavras, complementam o sentido do título do poema, 
JHUDQGR�XP�ULWPR�SUySULR�GR�³SXOVDU´� 
 
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Comentário: A letra B está incorreta, uma vez que uma das grandes 
preocupações dos concretistas era justamente com a forma, pois, através dela, 
e do trabalho com ela, foram capazes não só de questionar os limites do verso 
para pensar o conceito de poesia, mas também repensar como a construção de 
sentido pode se dar a partir dessa nova noção do poema. 
GABARITO: B 
 
03. (UFRGS) 
Considere as seguintes afirmações sobre o Concretismo. 
 
I. Buscou na visualidade um dos suportes para atingir rupturas radicais com a 
ordem discursiva da língua portuguesa. 
II. Teve como integrantes fundamentaisHaroldo de Campos, Augusto de 
Campos e Décio Pignatari. 
III. Foi um projeto de renovação formal e estética da poesia brasileira, cuja 
importância ficou restrita à década de 1950. 
 
Quais estão corretas? 
 
A) Apenas I. 
B) Apenas II. 
C) Apenas III. 
D) Apenas I e II. 
E) I, II e III. 
 
 
 
Comentário: A terceira afirmativa está incorreta, uma vez que o Concretismo 
não ficou restrito à década de 1950. Muito pelo contrário, a vanguarda rompeu 
com os limites nacionais, ganhando fôlego no cenário internacional, e 
sobrevivendo muito além da sua década de nascimento, 1950. Até hoje 
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encontramos ecos do Concretismo nas produções poéticas. A primeira está 
correta, já que essas rupturas se deram muito pelo compromisso com a 
visualidade na poesia. Ainda, a II afirmativa está correta, sendo os três 
componentes importantes do movimento. 
GABARITO: D 
 
04. 
 
o cão vê a flor 
a flor é vermelha 
 
anda para a flor 
a flor é vermelha 
 
passa pela flor 
a flor é vermelha 
 
Ferreira Gullar. "Melhores poemas" 
 
A partir da leitura do poema, marque a alternativa correta: 
 
A) Este poema explora os espaços em branco e sua estrutura visual tenta 
sugerir o objeto descrito, permitindo ao leitor que faça sua leitura tanto na 
direção horizontal como na vertical, sem que haja alteração do sentido 
expresso. 
B) Neste poema, percebe-se que o neoconcretismo é uma continuidade do 
concretismo, porque a linguagem se assenta no substantivo, é fragmentada e 
se distancia do fluxo discursivo. 
C) Este poema pode ser considerado neoconcreto porque, ao contrário do 
concretismo, não procura ser o objeto descrito, mas falar sobre esse objeto, o 
que significa retomar a discursividade na poesia. 
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D) Este poema é neoconcreto porque afasta qualquer sugestão imagética em 
sua linguagem, consumando uma das propostas do neoconcretismo, que é a 
de ruptura com as artes plásticas. 
E) NDA 
 
 
 
 
Comentário: Este poema, de Ferreira Gullar, pode ser considerado neoconcreto, 
que foi um movimento carioca surgido a partir da ruptura com o Concretismo, 
vanguarda nascida no Brasil, mais precisamente em São Paulo. Uma das 
características do Concretismo é buscar romper com a estrutura do verso, 
trabalhando com elementos visuais em sua poesia. O Neoconcretismo, ao 
contrário, busca retomar o elemento da discursividade, do uso dos versos, em 
sentido estrito, na construção poética. A letra D está incorreta, uma vez que 
esse posicionamento não denota uma ruptura com as artes plásticas. 
GABARITO: C 
 
05. (UFSC ± 2013) 
 
AS APARÊNCIAS REVELAM 
 
Afirma uma Firma que o Brasil 
FRQILUPD��³9DPRV�VXEVWLWXLU�R 
&DIp�SHOR�$oR´� 
Vai ser duríssimo descondicionar 
o paladar 
Não há na violência 
que a linguagem imita 
algo da violência 
propriamente dita? 
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CACASO. As aparências revelam. In: WEINTRAUB, Fabio (Org). Poesia marginal. São Paulo: 
Ática, 2004. p. 61. Para gostar de ler 39. 
 
Com base na leitura do poema, assinale a(s) proposição (ões) correta 
(s) acerca da Poesia Marginal: 
 
I. Entre as temáticas das quais se ocupou a poesia marginal da década de 1970, 
havia espaço para painéis sociais, para a memória afetiva e a pesquisa poética 
e para o registro literário da intimidade. Sem grandes exageros, a única regra 
era atender aos princípios da norma padrão da língua. 
II. 2V� YHUVRV� ³9DL� VHU� GXUtVVLPR� GHVFRQGLFLRQDU� �� R� SDODGDU´� SRGHP� VHU�
entendidos metaforicamente como uma referência a sacrifícios impostos à 
população, obrigada a acomodar-se a uma nova ordem econômica. 
III. Nos poemas reunidos em Poesia marginal, os autores enfocam a denúncia 
e a crítica social de uma maneira sisuda, sem apelar para o humor, pois visam 
conferir credibilidade ao que é dito. 
IV. A frDVH�³9DPRV�VXEVWLWXLU�R�&DIp�SHOR�$oR´�SRGH�VHU�LQWHUSUHWDGD�FRPR�XPD�
referência à abertura do país para a exportação de minérios, defendida por 
empresários e pelo Governo à época da Ditadura Militar. 
V. 1R� SULPHLUR� H� VHJXQGR� YHUVRV�� QR� MRJR� GH� SDODYUDV� ³$ILUPD´�� ³)LUPD´� H�
³FRQILUPD´��UHSHWH-se o segmento firma; isso pode ser interpretado como uma 
referência à influência das grandes empresas nas políticas estatais. 
VI. Na estrofe final, observa-se como Cacaso procura desvincular a linguagem 
das práticas sociais, ao propor que não há violência nas palavras em si, mas 
apenas na realidade a que elas se referem. 
 
A) II, IV e V. 
B) I, III e V. 
C) II, V e VI. 
D) I, II e IV. 
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E) Apenas VI. 
 
Comentário: A afirmativa I está incorreta, uma vez que a Poesia marginal não 
só não estava atrelada a variante padrão/culta da língua, como incorria contra 
ela, buscando a linguagem mais coloquial. A afirmativa III está incorreta, pois 
o humor é uma marca da Poesia marginal, ou seja, tratar de temáticas sociais, 
ou subjetivas, mas com a presença do humor, através, muitas das vezes, de 
um jogo de palavras. Por fim, a VI é igualmente incorreta, pois os poetas 
marginas fazem justamente o contrário, buscam vincular as práticas de 
linguagem ± a poesia, no caso ± e as práticas sociais. 
GABARITO: A 
 
A partir da leitura do poema de Paulo Leminski responsa as próximas DUAS 
perguntas: 
 
O ASSASSINO ERA O ESCRIBA 
Paulo Leminski 
 
Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente. 
Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida, 
regular como um paradigma da 1ª conjunção. 
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial, 
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito 
assindético de nos torturar com um aposto. 
Casou com uma regência. 
Foi infeliz. 
Era possessivo como um pronome. 
E ela era bitransitiva. 
Tentou ir para os EUA. 
Não deu. 
Acharam um artigo indefinido na sua bagagem. 
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A interjeição do bigode declinava partículas expletivas, 
conectivos e agentes da passiva o tempo todo. 
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça. 
 
06. (Mackenzie ± 2014) 
 
Sobre o texto de Paulo Leminski todas as alternativas estão corretas, 
EXCETO: 
 
A) a terminologia sintática e morfológica, que em um primeiro momento é 
motivo de estranhamento, concede o efeito de humor ao poema. 
B) o eu lírico demonstra por meio da composição de texto pessoal e 
confessional o seu desconhecimento gramatical. 
C) nos primeiros sete versos o eu-lírico apresenta seu professor, que, por meio 
de suas ações e funções, é caracterizado como um torturador. 
D) entre os versos 8 e 16 o leitor toma consciência de todos os fracassos que 
compuseram a vida do professor. 
E) o texto é estruturado em forma de narrativa policial, mas em função de sua 
organização gráfica, métrica e rítmica é consideradoum poema. 
 
Comentário: A letra B está incorreto por alguns motivos. Em um primeiro 
momento, fica explícito que o eu lírico tem conhecimento gramatical, e o usa 
para efeito de humor no poema ± afinal, o poema fala de um professor de 
análise sintática. Ainda, não é um poema confessional, uma vez que o eu lírico 
não se dedica a fazer confissões pessoais. 
GABARITO: B 
 
07. 
Pelos versos, percebe-se que a poesia de Leminski: 
 
A) mantém relação com a geometrização das formas e volumes cubistas. 
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B) tem como base os dilemas financeiros do ser humano. 
C) valoriza a concisão e é transgressora. 
D) é composta por uma observação rigorosa do mundo material. 
E) é composta por personagens positivamente idealizados. 
 
Comentário: A poesia de Paulo Leminski é, claramente, marcada pela 
transgressão, mas utilizando recursos de concisão em sua poética. O poema, 
sem si, não apresenta claramente esses elementos, mas é na sua aparente 
simplicidade que Leminski resguardou esses elementos. 
GABARITO: C 
08. (PUC ± SP) 
 
No poema 
e nas nuvens, 
Cada qual descobre 
o que deseja ver. 
(Helena Kolody) 
 
Nuvens brancas 
passam 
em brancas nuvens 
(Paulo Leminski) 
 
Assinale a alternativa correta: 
 
A) Os dois poemas têm em comum a forma do haicai e a mesma intenção de 
valorizar a natureza. 
B) A palavra nuvens, nos dois poemas, tem o mesmo significado. 
C) O poema de Helena Kolody tematiza o fazer poético. 
D) O poema de Paulo Leminski apresenta sentido denotativo ao constatar o 
movimento das nuvens. 
E) Helena Kolody influenciou a obra de Paulo Leminski quanto à adoção do 
haicai como forma poética. 
 
Comentário: O poema de Leminski usa a forma do haicai, ou seja, poemas de 
origem oriental, muito breve e com pouquíssimos versos, que aborda uma 
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temática da natureza, normalmente. No haicai acima, vemos o jogo de palavras 
estabelecido entre o elemento nuvens e a expressão brancas nuvens. Já o 
poema de Kolody é distinto, busca refletir sobre a própria poesia, o fazer 
poético, tratando-se de um metapoema. É um poema para falar sobre poemas, 
que seriam tais quais as nuvens, onde vemos aquilo que queremos (lembrar 
da prática social de ver as nuvens e identifica-las com formas de animais, 
objetos, etc). 
GABARITO: C 
 
 
09. (Unitau-SP) 
Segundo o poeta Mário Chamie, determinado movimento poético opõe à 
"palavra-coisa do concretismo a palavra-energia; não considera o poema como 
um objeto estático e fechado e sim como um produto dinâmico, passível de 
WUDQVIRUPDomR� SHOD� LQIOXrQFLD� RX� PDQLSXODomR� GR� OHLWRU´�� 7UDWD-se de uma 
referência ao (à) 
 
A) Hermetismo. 
B) Dadaísmo. 
C) Cubismo. 
D) Poesia-práxis. 
E) Simbolismo. 
 
Comentário: Mário Chamie foi um dos percussores da Poesia-práxis, que teve 
como marco um livro de sua autoria, Lavra lavra, sendo este composto de um 
manifesto didático do movimento, além dos poemas propriamente ditos. A 
Poesia-práxis trazia em sua formulação a importância do leitor, uma vez que o 
próprio poeta, após terminar de escrever seu poema, seria seu próprio leitor. 
Por isso, o poema nunca estaria hermeticamente fechado, pelo contrário, 
sempre estaria aberto a novos caminhos e interpretações, a depender dos 
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leitores. 
GABARITO: D 
 
10. (UEL-2007) 
Analise a imagem a seguir: 
 
 
 
 
 
Fonte: SERPA, I. Arte brasileira. Colorama Artes Gráficas, 
s/d p. 90. 
Com base na imagem e nos conhecimentos sobre 
a arte brasileira contemporânea (1950- 1980), é 
correto afirmar: 
 
A) A arte brasileira sofreu novas e diversas direções, quando artistas como 
Renina Katz e Lygia Clark ligaram-se a diferentes movimentos estéticos como 
o abstracionismo e o concretismo. 
B) O uso de materiais tradicionais permaneceu na concepção da arte ao 
priorizar temas como animais estranhos e cavaleiros medievais, ricos em 
detalhes realistas e pormenores incrustados. 
C) Ligada à estética do realismo mágico e propondo uma reconstrução ilógica 
da realidade, Tomie Ohtake compõe quadros com formas e cores suaves. 
D) Preocupados com os princípios matemáticos rígidos, os abstracionistas como 
Manabu Mabe, registraram temas vinculados à realidade social com desenhos 
e composições gritantes em grandes telas. 
E) O concretismo privilegiou elementos plásticos relacionados à expressão 
figurativa em murais, tematizando tradições populares brasileiras em 
manifestos com experiências intuitivas da arte. 
 
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Comentário: Uma das marcas do concretismo foi a busca pela integração das 
mais distintas artes, como as artes plásticas e a música, rompendo a barreira 
entre elas. Especificamente sobre as artes plásticas, esse contato foi muito 
intenso, pela força do elemento visual no Concretismo, o que fez com que 
muitos artistas plásticos se aproximassem da referida vanguarda e, inclusive, 
repensassem seu fazer artístico. 
GABARITO: A 
 
11. (UEPB-2006) 
Se a poesia de Ana Cristina Cesar está inserida na chamada literatura marginal, 
talvez porque a linguagem de que se apropria para falar da natureza do sujeito 
humano tenha sido não-convencional, no poema SAMBA-CANÇÃO, de A teus 
pés, a imagem do ser marginal pode ser vista como duplamente inscrita 
(marque a justificativa correta): 
 
SAMBA-CANÇÃO 
 
Tantos poemas que perdi. 
Tantos que ouvi, de graça, 
pelo telefone - taí, 
eu fiz tudo pra você gostar, 
fui mulher vulgar, 
meia-bruxa, meia-fera, 
risinho modernista 
arranhado na garganta, 
malandra, bicha, 
bem viada, vândala, 
talvez maquiavélica, 
e um dia emburrei-me, 
vali-me de mesuras 
(era uma estratégia), 
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fiz comércio, avara, 
embora um pouco burra, 
porque inteligente me punha 
logo rubra, ou ao contrário, cara 
pálida que desconhece 
o próprio cor-de-rosa, 
e tantas fiz, talvez 
querendo a glória, a outra 
cena à luz de spots, 
talvez apenas teu carinho, 
mas tantas, tantas fiz... 
 
A) porque a imagem a que o poema faz referência é de uma mulher 
³YXOJDU�PHLD-bruxa, meia-fera/risinho modernista/ arranhado na 
JDUJDQWD�PDODQGUD��ELFKD�EHP�YLDGD��YkQGDOD´�H�D�IRUPD�GR�WH[WR�VH�GLVWDQFLD�
tipologicamente da linguagem poética aproximando-se mais da prosa coloquial. 
B) porque o texto remete o leitor a um diálogo com uma escrita não-autorizada, 
j�HVFULWD�³FKXOD´�RX�GR�SDODYUmR��H�HVWD�OLQJXDJHP�p�WtSLFD�GH�SHVVRDV�GH�tQGROH�
má, como a que é aludida no poema: uma bruxa. 
C) porque os termos vulgar, bicha, viada situam na sociedade certos sujeitos 
PDUJLQDLV� H� D� IDOD� HQXQFLDGD� SHOD� ³SHUVRQDJHP´� GR� WH[WR� GHQXQFLD� D� VXD�
condição quando ela mesma marginaliza a sua condição de mulher em um texto 
cujo título remete o leitora interpretá-la a partir de um espaço físico também 
marginalizado: aTXHOH�RQGH�³QDVFHX´�R�VDPED-canção. 
'�� SRUTXH� D� ³SHUVRQDJHP´� GR� SRHPD�� DWUDYpV� GH� XPD� OLQJXDJHP� QmR-
DXWRUL]DGD�� D� OLQJXDJHP� SRpWLFD�� UL� GD� VXD� FRQGLomR� GH� ³LQIHULRU´�� SRU� VHU�
mulher e por ser vulgar, concentrando em si aspectos negativos. 
(��SRUTXH�D�³SHUVRQDJHP´�GR�SRHPD��HP�XPD�OLQJXDJHP�PRGHUQD�H�WtSLFD�GH�
jovens adestrados socialmente, canta o seu caso de amor não completado, 
instrumentalizando-se de estratégias discursivas capazes de enganar o outro e 
chamar a atenção para si e para o poema - duas instâncias marginais. 
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Comentário: O primeiro elemento que faz podermos considerar esse poema de 
Ana Cristina César, e sua poética em geral, partícipes do período da Poesia 
marginal é o uso da linguagem, próximo à prosa, e afeita da coloquialidade ± 
ou seja, negando a variante estritamente padrão/culta/escolarizada. Ainda, a 
imagem do eu lírico é de uma mulher, mas não de uma mulher que se aproxima 
dos estereótipos de gênero, pelo contrário: ³YXOJDU�PHLD-bruxa, meia-
fera/risinho modernista/ arranhado na garganta/malandra, bicha/bem viada, 
YkQGDOD´�� FRPR� GHVWDFD� D� OHWUD� $�� 3RU� LVVR�� HVVD� UHSUHVHQWDomR� SRGH� VHU�
encarada como a segunda característica que leva o poema no sentido da Poesia 
marginal. 
GABARITO: A 
 
12. Sobre o poema concreto de Augusto de Campos, estão corretas as 
proposições: 
 
 
 
Miragem, Augusto de Campos 
 
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I. Em Miragem que em mim mira temos um exemplo de catacrese. 
II. A oração eu tento tântalo pode ser compreendida como a forma coloquial eu 
tento tanto. É possível perceber que o poeta faz uma brincadeira com o nome 
da personagem mitológica por meio de uma paronomásia. 
III. No poema é possível perceber a preocupação com o efeito ótico, recurso 
comum na poesia concreta. 
IV. No poema de Augusto de Campos não há preocupação em romper com a 
estrutura discursiva do verso tradicional. 
 
A) II e III estão corretas. 
B) I e IV estão corretas. 
C) II, III e IV estão corretas. 
D) Todas estão corretas. 
E) Todas estão incorretas. 
 
Comentário: Além do apelo estético e ótico, muito comum entre os poetas 
concretistas, há uma referência ao mito de Tântalo, que condenado pelos 
deuses viveu em um pântano com água e comido, mas sempre que se aproxima 
de ambos eles se distanciavam. Podemos perceber isso pela figura estilística 
que emprega palavras parecidas com certa proximidade ou na mesma frase, a 
paronomásia. 
GABARITO: A 
 
13. (ENEM 2007) 
 
O AÇÚCAR 
Ferreira Gullar 
 
O branco açúcar que adoçará meu café 
nesta manhã de Ipanema 
não foi produzido por mim 
Literatura p/ ENEM 
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nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. 
Vejo-o puro 
e afável ao paladar 
como beijo de moça, água 
na pele, flor 
que se dissolve na boca. Mas este açúcar 
não foi feito por mim. 
Este açúcar veio 
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, 
dono da mercearia. 
Este açúcar veio 
de uma usina de açúcar em Pernambuco 
ou no Estado do Rio 
e tampouco o fez o dono da usina. 
Este açúcar era cana 
e veio dos canaviais extensos 
 
que não nascem por acaso 
no regaço do vale. 
�«� 
Em usinas escuras, 
homens de vida amarga 
e dura 
produziram este açúcar 
branco e puro 
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema. 
 
A antítese (ideias opostas) que apresenta uma imagem da divisão 
social do trabalho na sociedade brasileira é expressa poeticamente na 
oposição entre a doçura do branco açúcar e 
 
Literatura p/ ENEM 
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A) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar. 
B) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca. 
C) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar. 
D) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale. 
E) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras. 
 
Comentário: O poema propõe uma análise sobre a conjuntura dos 
trabalhadores brasileiros, que vivem duramente para servirem aos mais ricos, 
que possuem a doçura. Essa análise acontece por causa da antítese doce e 
amargo, pois os trabalhadores se desgastam na amargura de uma vida difícil 
para produzir o doce que está sobre a mesa da elite da Zona Sul carioca. 
GABARITO: E 
 
14. (ENEM 2010) 
 
RECLAME 
 
Se o mundo não vai bem 
 a seus olhos, use lentes 
... ou transforme o mundo 
 
ótica olho vivo 
agradece a preferência 
 
CHACAL et al. Poesia marginal. São Paulo: Ática, 2006. 
 
Chacal é um dos representantes da geração poética de 1970. A 
produção literária dessa geração, considerada marginal e engajada, de 
que é representativo o poema apresentado, valoriza 
 
A) o experimentalismo em versos curtos e tom jocoso. 
Literatura p/ ENEM 
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B) a sociedade de consumo, com o uso da linguagem publicitária. 
C) a construção do poema, em detrimento do conteúdo. 
D) a experimentação formal dos neossimbolistas. 
E) o uso de versos curtos e uniformes quanto à métrica. 
 
Comentário: O conteúdo do poema é extremamente importante para a sua 
construção. Dando continuidade a uma proposta moderna de manter a 
liberdade do verso, sem utilização da maneira formal como, por exemplo, no 
Simbolismo ou Parnasianismo, a Poesia Marginal experimentou os versos livros, 
normalmente mais curtos, abusando do tom irônico e engraçado. 
GABARITO: A 
 
15. (ENEM 2012) 
 
LOGIA E MITOLOGIA 
 
Meu coração 
de mil e novecentos e setenta e dois 
já não palpita fagueiro 
sabe que há morcegos de pesadas olheiras 
que há cabras malignas que há 
cardumes de hienas infiltradas 
no vão da unha na alma 
um porco belicoso de radar 
e que sangra e ri 
e que sangra e ri 
a vida anoitece provisória 
centuriões sentinelas 
do Oiapoque ao Chuí. 
 
CACASO. Lero-lero. Rio de Janeiro: 7Letras; São Paulo: Cosac & Naify, 2002. 
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O título do poema explora a expressividade de termos que representam 
o conflito do momento histórico vivido pelo poeta na década de 1970. 
Nesse contexto, é correto afirmar que 
 
A) o poeta utiliza uma série de metáforas zoológicas com significado impreciso. 
%��³PRUFHJRV´��³FDEUDV´�H�³KLHQDV´�PHWDIRUL]DP�DV vítimas do regime militar 
vigente. 
&�� R� ³SRUFR´�� DQLPDO� GLItFLO� GH� GRPHVWLFDU�� UHSUHVHQWD� RV movimentos de 
resistência. 
D) o poeta caracteriza o momento de opressão através de alegorias de forte 
poder de impacto. 
(��³FHQWXUL}HV´�H�³VHQWLQHODV´�VLPEROL]DP�RV�DJHQWHV�TXH�JDUDQWHP�D�SD]�VRFLDO�
experimentada. 
 
Comentário: Atravésdas alegorias, um método de interpretação através da 
representação de pensamentos através sob alguma forma figurada, como em 
����Ki� FREUDV� PDOLJQDV� TXH� Ki´�� R� SRHWD� H[SUHVVD� VHX� VHQWLPHQWR� VREUH� D�
realidade vivida. 
GABARITO: D 
 
16. (ENEM 2014) 
 
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CLARK, L. Bicho de bolso. Placas de metal, 1966. 
 
O objeto escultórico produzido por Lygia Clark, representante do 
Neoconcretismo, exemplifica o início de uma vertente importante na 
arte contemporânea, que amplia as funções da arte. Tendo como 
referência a obra ³Bicho de bolso´, identifica-se essa vertente pelo(a) 
 
A) participação efetiva do espectador na obra, o que determina a proximidade 
entre arte e vida. 
B) percepção do uso de objetos cotidianos para a confecção da obra de arte, 
aproximando arte e realidade. 
C) reconhecimento do uso de técnicas artesanais na arte,o que determina a 
consolidação de valores culturais. 
D) reflexão sobre a captação artística de imagens com meios óticos, revelando 
o desenvolvimento de uma linguagem própria. 
E) entendimento sobre o uso de métodos de produção em série para a 
confecção da obra de arte, o que atualiza as linguagens artísticas. 
 
Comentário: A partir da imagem, em que um espectador toca a o objeto 
construído pela artista, podemos perceber que essa proximidade modifica e 
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determina a relação entre a arte e a vida, já que o espectador participa 
ativamente do processo de recepção. 
GABARITO: A 
 
17. Sobre a Poesia Marginal, é incorreto afirmar: 
 
A) Poesia Marginal foi uma designação dada à poesia produzida pela chamada 
³JHUDomR�PLPHyJUDIR´��LQFOXLQGR�SRHWDV�GHVFRQKHFLGRV�FXMD�SURGXomR�OLWHUiULa 
estava fora do eixo Rio-São Paulo. 
B) A Poesia Marginal ficou conhecida por esse nome porque seus poetas 
abandonaram os meios tradicionais de circulação das obras, comercializando 
seus livros (que eram mimeografados) a baixo custo e vendendo-os de mão e 
mão, dispensando assim o trabalho das grandes editoras. 
C) Entre suas principais temáticas estava a preocupação com a forma e com a 
pesquisa poética. Nota-se um cuidado extremo em atender aos princípios da 
norma-padrão da língua, produzindo assim uma literatura canonicamente 
aceita pela Academia. 
D) A tradição marginal estendeu-se pelos anos de 1980, quando outros 
recursos foram adotados, tais como a fotocópia e a produção de fanzines. 
(��1RV�(VWDGRV�8QLGRV�� R� WHUPR� ³SRHVLD�PDUJLQDO´� p�XVDGR�SDUD�GHVLJQDU� D 
poesia produzida pelos poetas chamados de beats, como Jack Kerouac e Allen 
Ginsberg. 
 
Comentário: Os movimentos na literatura brasileira do século XX mantiveram 
D�XQLGDGH�FRP�R�0RGHUQLVPR�³VHPDQLVWD´��RX�VHMD��GD�6HPDQD�GH�����HP�XP�
aspecto determinante: a tentativa de ruptura com o as instituições canônicas 
e o elitismo linguístico. 
GABARITO: C 
 
18. (PUC-PR) 
Leio o poema concretista de: 
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de sol a sol 
soldado 
de sal a sal 
salgado 
de sova a sova 
sovado 
de suco a suco 
sugado 
de sono a sono 
sonado 
 
sangrando 
de sangue a sangue 
 
O poema acima foi escrito por Haroldo de Campos. Sobre o poema, qual 
alternativa abaixo corresponde a certa? 
 
A) abolição do verso tradicional; desintegração do sistema em seus 
morfemas; a palavra dá lugar ao símbolo gráfico. 
B) apresentação de um ideograma; uso de estrangeirismos; esfacelamento 
da linguagem. 
C) ausência de sinais de pontuação; uso intenso de certos fonemas; jogos 
sonoros e uso de justaposição. 
D) uso construtivo dos espaços brancos; neologismo; separação dos sufixos 
e dos prefixos; uso de versos alexandrinos. 
E) apresentação de trocadilhos; uso de termos plurilinguísticos; 
desintegração da palavra e emprego de símbolos gráficos. 
 
Comentário: A resposta correta para essa questão é a que fala sobre a falta de 
pontuação, uso dos fonemas e recursos sonoros, já que esse é um jogo muito 
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utilizado pelo Concretismo. Não existe a criação de palavras, nem separação 
visual de morfemas. 
GABARITO: A 
 
19. Liderado por Mário Chamie, a Poesia-Práxis é um movimento é lançado a 
partir de 1961 com o Manifesto Didático. Seu poema ³Agiotagem´ é um 
representante dessa poesia, que considera a palavra como um organismo vivo, 
do qual outros são gerados. Leio o poema abaixo: 
 
 
 
AGIOTAGEM 
Mário Chamie 
 
um 
dois 
três 
o juro:o prazo 
o pôr / o cento / o mês / o ágio 
 
p o r c e n t a g i o. 
 
dez 
cem 
mil 
o lucro:o dízimo 
o ágio / a mora / a monta em péssimo 
 
e m p r é s t i m o. 
 
muito 
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nada 
tudo 
a quebra:a sobra 
a monta / o pé / o cento / a quota 
 
h a j a n o t a 
agiota. 
 
Ciente do poema, podemos dizer que: 
 
A) O poema Agiotagem busca no significado isolado das palavras a 
decomposição de um cenário em que se critica a monetarização da vida. 
B) No poema, a valorização da palavra se dá mais no seu contexto 
extralinguístico, o que mantém, portanto, uma forte ligação com a realidade. 
C) Porcentágio é um neologismo que consubstancia a noção de mercantilização 
do cotidiano do brasileiro. 
D) O poema mantém uma forte relação com a realidade do brasileiro, que é 
obrigado a recorrer ao mercado negro para sobreviver. 
E) NDA 
 
Comentário: A poesia Práxis, movimento da década de 1960, pensa a palavra 
como um organismo vivo, ou seja, atrás desse organismo outros novos são 
criados. O poema de Chamie é um exemplo dessa poética, que busca, através 
das palavras, mostrar a realidade extralinguística do mundo capitalista. 
GABARITO: B 
 
20. ( QUESTÃO INÉDITA) 
 
vai e vem 
 
 
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e e 
 
 
vem e vai 
 
$�SDUWLU�GD�OHLWXUD�GR�SRHPD�³9DL�H�YHP´��GH�-RVp�/LQR�*UXQHZDOG��p�SRVVtYHO�
afirmar que: 
 
A) Há uma forte influência dos poetas modernos por apresentar um 
esquema de leitura que deprecia a poesia. 
B) O poema quebra com a lógica de leitura ocidental, da esquerda para a 
direita e de cima para baixo. 
C) A construção do poema não tem relação com intenção do Concretismo. 
D) O poema é dotado de um aspecto visual, mas não é possível afirmar 
seu caráter sonoro e a criação de interfaces. 
E) Embora exista uma circularidade no poema, ele não pode ser lido a 
partir de qualquer ponto.Comentário: O poema de José Lino Grunewald pode ser lido em qualquer 
sentido, e não privilegia o sentido ocidental de esquerda para a direita e de 
cima para baixo. Dotado de muito apelo visual, sonoro e inúmeras interfaces, 
o poema tem todas as caraterísticas que se esperava de poema concreto. 
GABARITO: B 
 
LISTA DE QUESTÕES QUE FORAM COMENTADAS NESTA AULA 
 
01. (PUC-PR) 
A poesia concreta no Brasil caracteriza-se por: 
 
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A) dar continuidade à corrente intimista e estetizante dos anos 40. 
B) descaso pelos aspectos formais do poema e preferências pela linguagem 
correta. 
C) preocupação com a correção sintática, pela renovação dos temas 
relacionados com os estados psíquicos do poeta. 
D) rigidez no nível prosódico e pela impassibilidade diante dos problemas 
nacionais. 
E) visar a atingir e a explorar as camadas materiais do significante (som, letra 
impressa, linhas, superfície da folha). 
 
02. (QUESTÃO INÉDITA) 
Leia o poema abaixo, O pulsar, de Augusto de Campos (1975): 
 
 
Fonte: http://www.emanuelpimenta.net/PULSAR/poempulsar.html 
Acessado em: 29/05/2016 
 
Com base na leitura do poema acima e no seu conhecimento prévio, 
marque a alternativa incorreta: 
 
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A) A Poesia Concreta busca romper com a noção tradicional do verso, e, 
portanto, com a noção tradicional de poesia; 
B) Os concretistas buscam uma poesia sem preocupação com a forma, 
tornando-a acessível para todos; 
C) Uma das inovações da Poesia Concreta é a existência de diversas 
SRVVLELOLGDGHV�GH�OHLWXUD�GR�PHVPR�SRHPD��VHP�XP�³WUDMHWR´�SUp-determinado 
pelo autor; 
D) A Poesia Concreta se estabeleceu enquanto uma vanguarda de alcance 
internacional, marcada pelos elementos visuais como constituintes da sua 
poética; 
E) No poema O pulsar��SRGHPRV�SHUFHEHU�TXH�RV�³FyGLJRV´��TXH�VH�PHVFODP�
às letras, formando palavras, complementam o sentido do título do poema, 
JHUDQGR�XP�ULWPR�SUySULR�GR�³SXOVDU´� 
 
03. (UFRGS) 
Considere as seguintes afirmações sobre o Concretismo. 
 
I. Buscou na visualidade um dos suportes para atingir rupturas radicais com a 
ordem discursiva da língua portuguesa. 
II. Teve como integrantes fundamentais Haroldo de Campos, Augusto de 
Campos e Décio Pignatari. 
III. Foi um projeto de renovação formal e estética da poesia brasileira, cuja 
importância ficou restrita à década de 1950. 
 
Quais estão corretas? 
 
A) Apenas I. 
B) Apenas II. 
C) Apenas III. 
D) Apenas I e II. 
E) I, II e III. 
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04. 
 
o cão vê a flor 
a flor é vermelha 
 
anda para a flor 
a flor é vermelha 
 
passa pela flor 
a flor é vermelha 
 
Ferreira Gullar. "Melhores poemas" 
 
A partir da leitura do poema, marque a alternativa correta: 
 
A) Este poema explora os espaços em branco e sua estrutura visual tenta 
sugerir o objeto descrito, permitindo ao leitor que faça sua leitura tanto na 
direção horizontal como na vertical, sem que haja alteração do sentido 
expresso. 
B) Neste poema, percebe-se que o neoconcretismo é uma continuidade do 
concretismo, porque a linguagem se assenta no substantivo, é fragmentada e 
se distancia do fluxo discursivo. 
C) Este poema pode ser considerado neoconcreto porque, ao contrário do 
concretismo, não procura ser o objeto descrito, mas falar sobre esse objeto, o 
que significa retomar a discursividade na poesia. 
D) Este poema é neoconcreto porque afasta qualquer sugestão imagética em 
sua linguagem, consumando uma das propostas do neoconcretismo, que é a 
de ruptura com as artes plásticas. 
E) NDA 
 
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05. (UFSC ± 2013) 
 
AS APARÊNCIAS REVELAM 
 
Afirma uma Firma que o Brasil 
FRQILUPD��³9DPRV�VXEVWLWXLU�R 
&DIp�SHOR�$oR´� 
Vai ser duríssimo descondicionar 
o paladar 
Não há na violência 
que a linguagem imita 
algo da violência 
propriamente dita? 
 
CACASO. As aparências revelam. In: WEINTRAUB, Fabio (Org). Poesia marginal. São Paulo: 
Ática, 2004. p. 61. Para gostar de ler 39. 
 
Com base na leitura do poema, assinale a(s) proposição (ões) correta 
(s) acerca da Poesia Marginal: 
 
I. Entre as temáticas das quais se ocupou a poesia marginal da década de 1970, 
havia espaço para painéis sociais, para a memória afetiva e a pesquisa poética 
e para o registro literário da intimidade. Sem grandes exageros, a única regra 
era atender aos princípios da norma padrão da língua. 
II. 2V� YHUVRV� ³9DL� VHU� GXUtVVLPR� GHVFRQGLFLRQDU� �� R� SDODGDU´� SRGHP� VHU�
entendidos metaforicamente como uma referência a sacrifícios impostos à 
população, obrigada a acomodar-se a uma nova ordem econômica. 
III. Nos poemas reunidos em Poesia marginal, os autores enfocam a denúncia 
e a crítica social de uma maneira sisuda, sem apelar para o humor, pois visam 
conferir credibilidade ao que é dito. 
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IV. $�IUDVH�³9DPRV�VXEVWLWXLU�R�&DIp�SHOR�$oR´�SRGH�VHU�LQWHUSUHWDGD�FRPR�XPD�
referência à abertura do país para a exportação de minérios, defendida por 
empresários e pelo Governo à época da Ditadura Militar. 
V. 1R� SULPHLUR� H� VHJXQGR� YHUVRV�� QR� MRJR� GH� SDODYUDV� ³$ILUPD´�� ³)LUPD´� H�
³FRQILUPD´��UHSHWH-se o segmento firma; isso pode ser interpretado como uma 
referência à influência das grandes empresas nas políticas estatais. 
VI. Na estrofe final, observa-se como Cacaso procura desvincular a linguagem 
das práticas sociais, ao propor que não há violência nas palavras em si, mas 
apenas na realidade a que elas se referem. 
 
A) II, IV e V. 
B) I, III e V. 
C) II, V e VI. 
D) I, II e IV. 
E) Apenas VI. 
 
A partir da leitura do poema de Paulo Leminski responsa as próximas DUAS 
perguntas: 
 
O ASSASSINO ERA O ESCRIBA 
Paulo Leminski 
 
Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente. 
Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida, 
regular como um paradigma da 1ª conjunção. 
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial, 
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito 
assindético de nos torturar com um aposto. 
Casou com uma regência. 
Foi infeliz. 
Era possessivo como um pronome. 
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E ela era bitransitiva. 
Tentou ir para os EUA. 
Não deu. 
Acharam um artigo indefinido na sua bagagem. 
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas, 
conectivos e agentes da passiva o tempo todo. 
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça. 
 
06. (Mackenzie ± 2014) 
 
Sobre o texto de Paulo Leminski todas as alternativas estão corretas, 
EXCETO: 
 
A) a terminologia sintática e morfológica, que em um primeiro momento émotivo de estranhamento, concede o efeito de humor ao poema. 
B) o eu lírico demonstra por meio da composição de texto pessoal e 
confessional o seu desconhecimento gramatical. 
C) nos primeiros sete versos o eu-lírico apresenta seu professor, que, por meio 
de suas ações e funções, é caracterizado como um torturador. 
D) entre os versos 8 e 16 o leitor toma consciência de todos os fracassos que 
compuseram a vida do professor. 
E) o texto é estruturado em forma de narrativa policial, mas em função de sua 
organização gráfica, métrica e rítmica é considerado um poema. 
 
07. 
Pelos versos, percebe-se que a poesia de Leminski: 
 
A) mantém relação com a geometrização das formas e volumes cubistas. 
B) tem como base os dilemas financeiros do ser humano. 
C) valoriza a concisão e é transgressora. 
D) é composta por uma observação rigorosa do mundo material. 
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E) é composta por personagens positivamente idealizados. 
 
 
08. (PUC ± SP) 
 
No poema 
e nas nuvens, 
Cada qual descobre 
o que deseja ver. 
(Helena Kolody) 
 
Nuvens brancas 
passam 
em brancas nuvens 
(Paulo Leminski) 
 
Assinale a alternativa correta: 
 
A) Os dois poemas têm em comum a forma do haicai e a mesma intenção de 
valorizar a natureza. 
B) A palavra nuvens, nos dois poemas, tem o mesmo significado. 
C) O poema de Helena Kolody tematiza o fazer poético. 
D) O poema de Paulo Leminski apresenta sentido denotativo ao constatar o 
movimento das nuvens. 
E) Helena Kolody influenciou a obra de Paulo Leminski quanto à adoção do 
haicai como forma poética. 
 
09. (Unitau-SP) 
Segundo o poeta Mário Chamie, determinado movimento poético opõe à 
"palavra-coisa do concretismo a palavra-energia; não considera o poema como 
um objeto estático e fechado e sim como um produto dinâmico, passível de 
WUDQVIRUPDomR� SHOD� LQIOXrQFLD� RX� PDQLSXODomR� GR� OHLWRU´�� 7UDWD-se de uma 
referência ao (à) 
 
A) Hermetismo. 
B) Dadaísmo. 
Literatura p/ ENEM 
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C) Cubismo. 
D) Poesia-práxis. 
E) Simbolismo. 
 
10. (UEL-2007) 
Analise a imagem a seguir: 
 
 
 
 
 
Fonte: SERPA, I. Arte brasileira. Colorama Artes Gráficas, 
s/d p. 90. 
 
 
 
Com base na imagem e nos conhecimentos sobre a arte brasileira 
contemporânea (1950- 1980), é correto afirmar: 
 
A) A arte brasileira sofreu novas e diversas direções, quando artistas como 
Renina Katz e Lygia Clark ligaram-se a diferentes movimentos estéticos como 
o abstracionismo e o concretismo. 
B) O uso de materiais tradicionais permaneceu na concepção da arte ao 
priorizar temas como animais estranhos e cavaleiros medievais, ricos em 
detalhes realistas e pormenores incrustados. 
C) Ligada à estética do realismo mágico e propondo uma reconstrução ilógica 
da realidade, Tomie Ohtake compõe quadros com formas e cores suaves. 
D) Preocupados com os princípios matemáticos rígidos, os abstracionistas como 
Manabu Mabe, registraram temas vinculados à realidade social com desenhos 
e composições gritantes em grandes telas. 
Literatura p/ ENEM 
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E) O concretismo privilegiou elementos plásticos relacionados à expressão 
figurativa em murais, tematizando tradições populares brasileiras em 
manifestos com experiências intuitivas da arte. 
 
 
11. (UEPB-2006) 
Se a poesia de Ana Cristina Cesar está inserida na chamada literatura marginal, 
talvez porque a linguagem de que se apropria para falar da natureza do sujeito 
humano tenha sido não-convencional, no poema SAMBA-CANÇÃO, de A teus 
pés, a imagem do ser marginal pode ser vista como duplamente inscrita 
(marque a justificativa correta): 
 
SAMBA-CANÇÃO 
 
Tantos poemas que perdi. 
Tantos que ouvi, de graça, 
pelo telefone - taí, 
eu fiz tudo pra você gostar, 
fui mulher vulgar, 
meia-bruxa, meia-fera, 
risinho modernista 
arranhado na garganta, 
malandra, bicha, 
bem viada, vândala, 
talvez maquiavélica, 
e um dia emburrei-me, 
vali-me de mesuras 
(era uma estratégia), 
fiz comércio, avara, 
embora um pouco burra, 
porque inteligente me punha 
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logo rubra, ou ao contrário, cara 
pálida que desconhece 
o próprio cor-de-rosa, 
e tantas fiz, talvez 
querendo a glória, a outra 
cena à luz de spots, 
talvez apenas teu carinho, 
mas tantas, tantas fiz... 
 
A) porque a imagem a que o poema faz referência é de uma mulher 
³YXOJDU�PHLD-bruxa, meia-fera/risinho modernista/ arranhado na 
JDUJDQWD�PDODQGUD��ELFKD�EHP�YLDGD��YkQGDOD´�H�D�IRUPD�GR�WH[WR�VH�Gistancia 
tipologicamente da linguagem poética aproximando-se mais da prosa coloquial. 
B) porque o texto remete o leitor a um diálogo com uma escrita não-autorizada, 
j�HVFULWD�³FKXOD´�RX�GR�SDODYUmR��H�HVWD�OLQJXDJHP�p�WtSLFD�GH�SHVVRDV�GH�tQGROH�
má, como a que é aludida no poema: uma bruxa. 
C) porque os termos vulgar, bicha, viada situam na sociedade certos sujeitos 
PDUJLQDLV� H� D� IDOD� HQXQFLDGD� SHOD� ³SHUVRQDJHP´� GR� WH[WR� GHQXQFLD� D� VXD�
condição quando ela mesma marginaliza a sua condição de mulher em um texto 
cujo título remete o leitor a interpretá-la a partir de um espaço físico também 
PDUJLQDOL]DGR��DTXHOH�RQGH�³QDVFHX´�R�VDPED-canção. 
'�� SRUTXH� D� ³SHUVRQDJHP´� GR� SRHPD�� DWUDYpV� GH� XPD� OLQJXDJHP� QmR-
DXWRUL]DGD�� D� OLQJXDJHP� SRpWLFD�� UL� GD� VXD� FRQGLomR� GH� ³LQIHULRU´�� SRU� VHU�
mulher e por ser vulgar, concentrando em si aspectos negativos. 
(��SRUTXH�D�³SHUVRQDJHP´�GR�SRHPD��HP�XPD�OLQJXDJHP�PRGHUQD�H�WtSLFD�GH�
jovens adestrados socialmente, canta o seu caso de amor não completado, 
instrumentalizando-se de estratégias discursivas capazes de enganar o outro e 
chamar a atenção para si e para o poema - duas instâncias marginais. 
 
12. Sobre o poema concreto de Augusto de Campos, estão corretas as 
proposições: 
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Miragem, Augusto de Campos 
 
I. Em Miragem que em mim mira temos um exemplo de catacrese. 
II. A oração eu tento tântalo pode ser compreendida como a forma coloquial eu 
tento tanto. É possível perceber que o poeta faz uma brincadeira com o nome 
da personagem mitológica por meio de uma paronomásia. 
III. No poema é possível perceber a preocupação com o efeito ótico, recurso 
comum na poesia concreta. 
IV. No poema de Augusto de Campos não há preocupação em romper com a 
estrutura discursiva do verso tradicional. 
 
A) II e III estão corretas. 
B) I e IV estão corretas. 
C) II, III e IV estão corretas. 
D) Todas estão corretas. 
E) Todas estão incorretas. 
 
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13. (ENEM 2007) 
 
O AÇÚCAR 
Ferreira Gullar 
 
O branco açúcar que adoçará meu café

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