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Resumo literário

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Humanismo
Por Cristiana Gomes
O humanismo foi uma época de transição entre a Idade Média e o Renascimento.
Como o próprio nome já diz, o ser humano passou a ser valorizado.
Foi nessa época que surgiu uma nova classe social: a burguesia. Os burgueses não eram nem servos e nem comerciantes.
 	Com o aparecimento desta nova classe social foram aparecendo as cidades e muitos homens que moravam no campo se mudaram para morar nestas cidades, como consequência o regime feudal de servidão desapareceu.
 	Foram criadas novas leis e o poder parou nas mãos daqueles que, apesar de não serem nobres, eram ricos.
O “status” econômico passou a ser muito valorizado, muito mais do que o título de nobreza.
As Grandes Navegações trouxeram ao homem confiança de sua capacidade e vontade de conhecer e descobrir várias coisas. A religião começou a decair (mas não desapareceu) e o teocentrismo deu lugar ao antropocentrismo, ou seja, o homem passou a ser o centro de tudo e não mais Deus.
 	Os artistas começaram a dar mais valor às emoções humanas.
 	É bom ressaltar que todas essas mudanças não ocorreram do dia para a noite.
 
HUMANISMO = TEOCENTRISMO X ANTROPOCENTRISMO
 
Algumas manifestações
 
- Teatro
 O teatro foi a manifestação literária onde ficavam mais claras as características desse período.
 
Gil Vicente foi o nome que mais se destacou, ele escreveu mais de 40 peças.
 
Sua obra pode ser dividida em 2 blocos:
 
Autos: peças teatrais cujo assunto principal é a religião.
 
“Auto da alma” e “Trilogia das barcas” são alguns exemplos.
 
Farsas: peças cômicas curtas. Enredo baseado no cotidiano.
 
“Farsa de Inês Pereira”, “Farsa do velho da horta”, “Quem tem farelos?” são alguns exemplos.
 
Poesia
 
Em 1516 foi publicada a obra “Cancioneiro Geral”, uma coletânea de poemas de época.
 
O cancioneiro geral resume 2865 autores que tratam de diversos assuntos em poemas amorosos, satíricos, religiosos entre outros.
 
Prosa
 
Crônicas: registravam a vida dos personagens e acontecimentos históricos.
Fernão Lopes foi o mais importante cronista(historiador) da época, tendo sido considerado o “Pai da História de Portugal”. Foi também o 1º cronista que atribuiu ao povo um papel importante nas mudanças da história, essa importância era, anteriormente atribuída somente à nobreza.
 
Obras
 “Crônica d’El-Rei D. Pedro”
 “Crônica d’El-Rei D. Fernando”
 “Crônica d’El-Rei D. João I”
Classicismo
Por Cristiana Gomes
Classicismo, ou Quinhentismo (século XV) é o nome dado ao período literário que surgiu na época do Renascimento (Europa séc. XV a XVI). Um período de grandes transformações culturais, políticas e econômicas.
Vários foram os fatores que levaram a tais transformações, dentre eles a crise religiosa (era a época da Reforma Protestante, liderada por Lutero), as grandes navegações (onde o homem foi além dos limites da sua terra) e a invenção da Imprensa que contribuiu muito para a divulgação das obras de vários autores gregos e latinos (cultura clássica) proporcionando mais conhecimento para todos.
Foi na arte renascentista que o antropocentrismo atingiu a sua plenitude, agora, era o homem que passava a ser evidenciado, e não mais Deus.
 	A arte renascentista se inspirava no mundo greco-romano (Antiguidade Clássica) já que estes também eram antropocêntricos.
 
Características do Classicismo
 
- Racionalismo: a razão predomina sobre o sentimento, ou seja, a expressão dos sentimentos era controlada pela razão.
 - Universalismo: os assuntos pessoais ficaram de lado e as verdades universais (de preocupação universal) passaram a ser privilegiadas.
 - Perfeição formal: métrica, rima, correção gramatical, tudo isso passa a ser motivo de atenção e preocupação.
 - Presença da mitologia greco-latina
 - Humanismo: o homem dessa época se liberta dos dogmas da Igreja e passa a se preocupar com si próprio, valorizando a sua vida aqui na Terra e cultivando a sua capacidade de produzir e conquistar. Porém, a religiosidade não desapareceu por completo.
 
Principais Autores e Obras
 
- Luís Vaz de Camões
 
Um dos maiores nomes da Literatura Universal, e certamente, o maior nome da Literatura Portuguesa.
 
Escreveu poesias (líricas e épicas) e peças teatrais, porém sua obra mais conhecida e consagrada é a epopeia “Os Lusíadas” considerada uma obra-prima.
 
Essa obra é dividida em 10 partes (cantos) com 8816 versos distribuídos em 1120 estrofes e narra a viagem de Vasco da Gama às Índias enfatizando alguns momentos importantes da história de Portugal.
 
Outros escritores existiram, porém não tiveram tanto destaque quanto Camões, são eles: Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro e Antônio Ferreira.
 
O Classicismo terminou em 1580, com a passagem de Portugal ao domínio espanhol e também com a morte de Camões.
 
Características de uma epopeia
 
- É escrita em versos.
 - O tema é sempre grandioso e heroico e refere-se à história de um povo.
 - É composta de proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo.
Barroco na Literatura
Por Cristiana Gomes
BARROCO (Final do séc.XVI e início do séc. XVII)
 
Período literário caracterizado pelos contrastes, oposições e dilemas.
 	O homem do barroco buscava a salvação ao mesmo tempo em que queria usufruir dos prazeres mundanos, daí surgiram os conflitos.É o antropocentrismo (homem) opondo-se ao Teocentrismo (Deus).
 	O homem deste período está entre o céu e a Terra. Mesmo se valorizando, ele vivia atormentado pela ideia do pecado, então vivia buscando a salvação.
 
CARACTERÍSTICAS
 
1- Culto dos contrastes. Presença da antítese.
 claro/escuro
 vida/morte
 tristeza/alegria
 
2-Pessimismo
 3-Intensidade=presença da hipérbole (figura de linguagem caracterizada pelo exagero da expressão)
 4-Linguagem muito rebuscada
 
AUTORES E OBRAS
 
1-Bento Teixeira: “Prosopopeia” marco inicial do Barroco brasileiro em 1601
 
2-Gregório de Matos: apelidado “Boca do Inferno”. Escreveu poesia lírica, satírica e religiosa. Não publicou nada em vida, o que conhecemos de sua obra é fruto de pesquisas. O apelido é porque o autor retratava a sociedade da época (às vezes, com uma linguagem considerada de baixo calão.)
 
3 – Padre Antônio Vieira: “Sermão da Sexagésima”,”Sermão de Santo Antônio aos peixes”
 
ANÁLISE DO POEMA “A INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO” DE GREGÓRIO DE MATOS
 
Nasce o sol e não dura mais que um dia. (antítese vida/morte)
 Depois da luz, se segue a noite escura, (ant. claro/escuro)
 Em tristes sombras morre a formosura, (ant.feio/belo)
 Em contínuas tristezas a alegria. (ant. tristeza/alegria)
 
Porém, se acaba o sol, porque nascia? (dúvida)
 Se é tão formosa a luz, por que não dura?
 Como a beleza assim se transfigura?
 Como o gosto da pena assim se fia? (sofrimento)
 
Mas no sol e na luz falta a firmeza;
 Na formosura, não se dê constância
 E, na alegria, sinta-se tristeza. (ant. tristeza/alegria)
 
Começa o mundo, enfim pela ignorância,
 E tem qualquer dos bens por natureza:
 A firmeza somente na inconstância.
(Gregório de Matos.Obra Completa.)
 
O poema acima é formado por 2 quartetos e 2 tercetos, num total de 14 versos. Esta é a estrutura de um soneto.
Se notarmos bem veremos que há uma figura constante: a antítese. Figura pela qual se faz a contraposição de palavras. Exemplos.
Verso 1: vida/morte
Verso 2: claro/escuro
Verso 3: feio/belo
Verso 4: tristeza/alegria
Verso 11: tristeza/alegria
 
O traço comum a todos os versos da segunda estrofe é a interrogação, a dúvida e a incerteza.
O Barroco enfatiza tudo que é inconstante, que muda de aparência,que está em movimento.
Arcadismo
	Por Cristiana Gomes
ARCADISMO (SÉC.XVIII)
Em oposição aos exageros do Barroco, surge o Arcadismo que propunha uma literatura mais simples.
Arcadismo deriva de Arcádia.
Arcádia: região grega onde, segundo a mitologia, viviam os poetas e pastores.
O marco inicial do Arcadismo no Brasil foi a publicação de “Obras” de Cláudio Manuel da Costa em 1768.
CARACTERÍSTICAS
1-Culto à natureza2-Bucolismo (vida campestre)
3-Simplicidade
AUTORES E OBRAS
Cláudio Manuel da Costa
“Obras”
“Vila Rica”
Tomás Antônio Gonzaga
“Marília de Dirceu”
“Cartas Chilenas”
Basílio da Gama
“O Uraguai”
“Na obra desses poetas podemos reconhecer a presença não só de alguns elementos típicos da natureza brasileira como também certa tendência para a confissão de tramas sentimentais e amorosas, antecipando assim o estilo romântico que surgiria plenamente no século seguinte” (Douglas Tufano).
Romantismo
Por Cristiana Gomes
ROMANTISMO (SÉC. XIX)
 
-Prosa
 -Poesia
 
A POESIA DO ROMANTISMO
 
O Romantismo brasileiro surgiu em 1836 com a publicação de “Suspiros Poéticos e Saudades” de Gonçalves de Magalhães. Mas se originou mesmo na Alemanha e Inglaterra no final do séc. XVIII e se desenvolveu no Brasil durante o séc. XIX.
 	A característica principal da Poesia Romântica é a expressão plena dos sentimentos pessoais, com os autores voltados para o seu mundo interior e fazendo da literatura um meio de desabafo e confissão. A vida passa a ser encarada de um ângulo pessoal, em que se sobressai um intenso desejo de liberdade.
 	O estilo romântico revela-se inicialmente idealista e sonhador, depois, crítico e retórico mas sempre sentimental e nacionalista.
 
CARACTERÍSTICAS GERAIS
 
-Exaltação dos sentimentos pessoais;
 -Expressa os estados da alma;
 -Exaltação da liberdade, igualdade e reformas sociais;
 -Valorização da natureza;
 -Sentimento nacionalista
 
TENDÊNCIAS DA POESIA ROMÂNTICA
 
- Indianismo
- Ultrarromantismo
- Poesia Social (condoreirismo)
- Indianismo
 
O índio era retratado como valente e nobre, livre das corrupções sociais e dos vícios da civilização branca. Ele surge como digno representante da nação brasileira, símbolo da nossa liberdade.
 
GONÇALVES DIAS
 
Foi o único a dar realmente uma dimensão poética ao tema do índio.
 
ALGUMAS OBRAS
 
“I-Juca Pirama”
 “Canção do Tamoio”
 “Marabá”
 
Como poeta lírico-amoroso, cantou os temas consagrados pelo Romantismo (amor, saudade, melancolia), mas nunca se deixou levar pelo excesso de sentimentalismo. De seus poemas destacam-se:
 
“Se se morre de amor?”
 “Seus Olhos”
 
LIVROS
 
“Primeiros Cantos”
 “Segundos Cantos”
 “Os Timbiras”
 etc.
- Ultrarromantismo
Por Cristiana Gomes
“A expressão plena dos sentimentos pessoais e das paixões atingiu seu ponto mais alto com os poetas da segunda geração romântica, que escreveram principalmente nas décadas de 1840 e 1850.
Influenciados pelos românticos europeus, sobretudo Byron e Musset, esses poetas representam o Ultrarromantismo (também chamado de “Mal-do-Século”), cuja poesia é extremamente egocêntrica e sentimental, exprimindo um pessimismo doentio, uma descrença generalizada, um tédio pela vida e uma obsessão pela morte que impregna tudo de tristeza e desilusão.
“A poesia desta geração é quase sempre superficial e artificial, servindo como desabafo das próprias tristezas e frustrações, procurando envolver emocionalmente o leitor.” (Douglas Tufano)
 
AUTORES E OBRAS
 
Álvares da Azevedo= ”Lira dos Vinte Anos”, “Poema do Frade”, “Noite na Taverna”, “Macário”.
 
Apesar da curta vida ele é o melhor representante da poesia Ultrarromântica brasileira.
Seus poemas expressam uma concepção do amor que ora idealiza a mulher, identificando-a como um anjo, ora a representa envolvida por um grande erotismo e sensualidade; nos 2 casos ela é sempre inacessível, distante do poeta. O sentimento de morte e o tema da evasão (fuga da vida real para um mundo de sonhos e fantasias) são outros temas abordados em sua poesia.
 
Junqueira Freire= “Inspirações do Claustro”
 
Laurindo Rabelo=”Trovas”
 
Casimiro de Abreu (um dos mais populares poetas românticos) = “As Primaveras”, onde cantou as saudades da terra natal, da infância e da família, além das desilusões e emoções do amor adolescente.
- Condoreirismo
Por Cristiana Gomes
Em 1860, surgiram alguns escritores que demonstravam imensa preocupação com os problemas sociais.
Questões como: o direito dos povos à independência, abolição da escravidão, erradicação da miséria e educação começaram a ser discutidos e difundidos por estes escritores.
Castro Alves foi o melhor representante desta geração – também chama de Terceira Geração Romântica ou Condoreirismo (uma alusão às aves que enxergam longe e voam alto, assim como os poetas desta fase)
Além dele, merecem destaque Fagundes Varela e Sousândrade.
 
CASTRO ALVES (1847-1871)
 
Antônio Frederico de Castro Alves é considerado o último grande poeta do Romantismo. 
Suas melhores obras são abolicionistas, por esta razão é conhecido como o “Poeta dos Escravos”. Nelas, o poeta denuncia as injustiças sociais, clama por liberdade, fala sobre a opressão e cita a ignorância do povo brasileiro.
Além de apresentar a escravidão como um problema social, ele também valorizou a sentimentalidade do negro. O poeta procurou mostrar em seus escritos que o negro é dotado de sentimentos nobres assim como qualquer outro ser humano.
Na época, esta atitude de Castro Alves foi considerada ousada demais, pois o país vivia a época da escravidão e os negros eram vendidos como mercadorias.
 
Obras
 
- Espumas flutuantes (1870)
- A cachoeira de Paulo Afonso (1876)
- Os escravos (1883 – nesta obra estão os poemas O navio Negreiro e Vozes d’África)
 
Vozes d’África e O navio negreiro são considerados os seus melhores trabalhos abolicionistas. Nestas obras, o poeta trata a escravidão como algo inaceitável, principalmente em um mundo que avançava tecnologicamente.
 
Características de sua obra
 
Uso das figuras de linguagem: comparação, metáfora, antíteses, hipérboles, etc. 
Libertação do egocentrismo: ao discutir os problemas sociais, o poeta deixa de se importar somente com ele e passa a se preocupar com todos ao seu redor.
 
Gosto por espaços amplos e elementos da natureza: mar, infinito, céu, deserto, cachoeiras, tempestades, montanhas, etc.
 
Na poesia amorosa (lírica) de Castro Alves, a mulher aparece envolvida por um clima de erotismo e paixão.
 
O amor é encarado como uma experiência viável e concreta, que pode trazer felicidade e dor ao mesmo tempo.
 
O amor já é visto na sua fase “adulta” e “amadurecida” e não tão cheio de ilusões.
 
SOUSÂNDRADE
 
Joaquim de Sousa Andrade nasceu em 1832 e morreu em 1902. Foi incompreendido em vida (até mesmo por sua família) e recebeu o devido reconhecimento somente recentemente.
 	É considerado o poeta mais original do século XIX.
 	Em 1857, publicou “Harpas Selvagens”, porém, sua principal obra chama “O Guesa” onde reúne lendas indígenas com fatos da civilização moderna.
 
Outras Obras
 
- Eólias
- O novo Éden
- Harpas d’Ouro*
- Liras perdidas*
 
* Os manuscritos desses dois últimos foram achados recentemente.
 
Sousândrade defendia a união das três Américas, ou seja, queria uma nova civilização americana. Em sua obra podemos encontrar os pós e os contras da América, além de tradições indígenas amazônicas e colombianas.
 Para ele, o maior problema do mundo moderno é o centro financeiro de Wall Street, em Nova Iorque, nos EUA.
 
FAGUNDES VARELA (1841-1875)
 
Levou uma vida tumultuada. Com a morte de seu filho com 3 meses de vida, o poeta entregou-se à boemia e ao álcool.
 	No final de sua vida, encontrou apoio na religião e foi viver perto da natureza.
 
Obras
 
- Noturnas
- O estandarte auriverde
- Vozes da América
- Contos e Fantasias (que contém o poema “Cântico do Calvário” dedicado ao seu filho morto)
- Diário de Lázaro
A Prosa no Romantismo
Por Fernando Rebouças
O Romantismo no Brasil se desenrolou em quatro estilos, o romance urbano, indianista, histórico e regionalista. O Romantismo (com letra inicial maiúscula) é a escola literária de um momento artístico, e o termo romance designa um tipo de narrativa.
O primeiro romance brasileiro é “O filho do pescador”, de Teixeira e Souza, de 1843. Porém o nosso primeiro romance de qualidade é “A Moreninha”, de JoaquimManuel de Macedo, lançado em 1844, e considerado como romance urbano. O romance urbano é aquele que apresenta a cidade como cenário e o comportamento dos citadinos são incorporados nos personagens da narrativa.
 	Obras como os romances “Inocência”, de Alfredo Taunay, e “Escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães, são considerados romances regionalistas aqueles que expressavam o sertanejo e o interior do Brasil (fazendas e campos) como cenário. O livro “Inocência” foi adaptado para o cinema pelo cineasta Walter Lima Jr. “Escrava Isaura” foi adaptada para televisão em novela da Rede Globo, na década de 70, e novamente na TV Record, em 2005.
 
Quando falamos em prosa romântica histórica e indianista, precisamos nos referir a José de Alencar, o autor cearense conseguiu transitar entre as quatro tendências e sendo o principal autor nos dois últimos estilos citados. Dentre suas obras destacam-se:
 
- Romance urbano: Lucíola, de 1862.
- Romance regionalista: O sertanejo, de 1875.
- Romance histórico: A guerra dos mascates, de 1873.
- Romance indianista: O guarani, de 1857.
 
O romance indianista foi uma forma de similaridade à proposta europeia de valorização do passado medieval. A tendência histórica em nossos romances se baseava em tipos históricos e narrando-os em seu tempo e espaço real.
Realismo
Por Cristiana Gomes
CONTEXTO HISTÓRICO
 
- Surgiu a partir da segunda metade do século XIX.
- As ideias do Liberalismo e Democracia ganham mais espaço.
- As ciências evoluem e os métodos de experimentação e observação da realidade passam a ser vistos como os únicos capazes de explicar o mundo físico.
 - Em 1870, iniciam-se os primeiros sintomas da agitação cultural, sobretudo nas academias de Recife, SP, Bahia e RJ, devido aos seus contatos frequentes com as grandes cidades europeias.
 - Houve também uma transformação no aspecto social com o surgimento da população urbana, a desigualdade econômica e o aparecimento do proletariado.
 
O Realismo iniciou-se na França, em 1857, com a publicação de “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert.
 
No Brasil foi em 1881, com “Memórias Póstumas da Brás Cubas” de Machado de Assis e “O Mulato” de Aluísio Azevedo.
 
CARACTERÍSTICAS DO REALISMO
 
- Oposição ao idealismo romântico. Não há envolvimento sentimental
- Representação mais fiel da realidade
- Romance como meio de combate e crítica às instituições sociais decadentes, como o casamento, por exemplo.
- Análise dos valores burgueses com visão crítica denunciando a hipocrisia e corrupção da classe
- Influência dos métodos experimentais
- Narrativa minuciosa (com muitos detalhes)
- Personagens analisadas psicologicamente
 
AUTORES PRINCIPAIS
 
- Machado de Assis
 
É considerado o maior escritor do século XIX, escreveu romances e contos, mas também aventurou-se pelo mundo da poesia, teatro, crônica e critica literária.
 
Nasceu no Rio de Janeiro em 1839 e morreu em 1908. Foi tipógrafo e revisor tornando-se colaborador da imprensa da época.
 
Sua infância foi muito pobre e a sua ascensão artística se deve a muito trabalho e dedicação. Sua esposa, Carolina Xavier, o incentivou muito na carreira literária, tanto que foi o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras.
 
Como romancista escreveu: ”A mão e a luva”, “Ressurreição”, ”Helena” e “Iaiá Garcia”.
 
Embora sejam romances, essas obras também revelam algumas características que futuramente marcarão a fase realista e madura do autor, como a análise psicológica dos personagens, o humor, monólogos interiores e cortes na narrativa (uma das suas principais características).
 
“Memórias Póstumas da Brás Cubas” (considerado o divisor de águas na obra machadiana) “Quincas Borba”, “Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó” e “Memorial de Aires”, revelam o interesse cada vez maior do autor de aprofundar a análise do comportamento do homem, revelando algumas características próprias do ser-humano como a inveja, a luxúria, o egoísmo e a vaidade, todas encobertas por uma aparência boa e honesta.
 
Como contista Machado escreveu: ”A Cartomante”, “O Alienista”, “O Enfermeiro”, “O Espelho” dentre outros.
 
Como cronista, escreveu, entre 1892 e 1897, para a Gazeta de Notícias, sob o título “A Semana”.
 
Embora suas peças teatrais não tenham o mesmo nível que seus contos e romances, ele nos deixou “Quase ministro” e “Os deuses da casaca”.
 
Como crítico literário, além de vários prefácios e ensaios destacam-se 3 estudos: ”Instinto de nacionalidade”,”A nova geração” e “O primo Basílio” (a respeito do romance de mesmo nome de Eça de Queirós).
 
Outros Autores
 
Raul Pompéia: “O Ateneu”
 
Aluísio Azevedo: “O cortiço”,”O Mulato”, “Casa de pensão”
 
Inglês de Souza: “O missionário”
 
Adolfo Caminha: “A normalista”, “Bom-Crioulo”
 
Domingos Olímpio: ”Luzia-Homem”
 
CRONOLOGIA DOS PRINCIPAIS ROMANCES DO REALISMO
 
1881 “O Mulato”, “Memórias póstumas de Brás Cubas”
1884 “Casa de pensão”
1888 “O missionário”, “O Ateneu”
1890 “O cortiço”
1891 “Quincas Borba”
1893 “A normalista”
1895 “Bom-Crioulo”
1899 “Dom Casmurro”
1903 “Luzia-Homem”
1904 “Esaú e Jacó”
1908 “Memorial de Aires”
Naturalismo
Por Cristiana Gomes
Século XIX. Nessa época surgiram novas concepções a respeito do homem e da vida em sociedade e os estudos da Biologia, Psicologia e Sociologia estavam em alta.
Os naturalistas começaram a analisar o comportamento humano e social, apontando saídas e soluções.
Aqui no Brasil, os escritores naturalistas ocuparam-se, principalmente, com os temas mais obscuros da alma humana (patológicos) e, por causa disso, outros fatos importantes da nossa história como a Abolição da Escravatura e a República foram deixados de lado.
O Naturalismo surgiu na França, em 1870, com a publicação da obra “Germinal” de Émile Zola. O livro fala das péssimas condições de vida dos trabalhadores das minas de carvão na França do século XIX.
O naturalismo é uma ramificação do Realismo e uma das suas principais características é a retratação da sociedade de uma forma bem objetiva.
 	Os naturalistas abordam a existência humana de forma materialista. O homem é encarado como produto biológico passando a agir de acordo com seus instintos, chegando a ser comparado com os animais (zoomorfização).
 	Segundo o Naturalismo, o homem é desprovido do livre-arbítrio, ou seja, o homem é uma máquina guiada por vários fatores: leis físicas e químicas, hereditariedade e meio social, além de estar sempre à mercê de forças que nem sempre consegue controlar. Para os naturalistas, o homem é um brinquedo nas mãos do destino e deve ser estudado cientificamente.
 
CARACTERÍSTICAS
 
- A principal característica do Naturalismo é o cientificismo exagerado que transformou o homem e a sociedade em objetos de experiências.
 
- Descrições minuciosas e linguagem simples
 
- Preferência por temas como miséria, adultério, crimes, problemas sociais, taras sexuais e etc. A exploração de temas patológicos traduz a vontade de analisar todas as podridões sociais e humanas sem se preocupar com a reação do público.
 
- Ao analisar os problemas sociais, o naturalista mostra uma vontade de reformar a sociedade, ou seja, denunciar estes problemas, era uma forma de tentar reformar a sociedade.
 
PRINCIPAIS AUTORES
 
Aluísio Azevedo
 
Com a publicação de O Mulato (1881), Aluísio Azevedo consagrou-se como um escritor naturalista. A publicação dessa obra marca o início do Naturalismo brasileiro.
 
O livro (que não é a nossa obra naturalista mais marcante) causou impacto na sociedade, principalmente entre o clero e a alta sociedade de São Luís do Maranhão.
 	O Mulato aborda temas como o puritanismo sexual, o anticlericalismo e o racismo.
Em 1890, o Naturalismo atinge o seu ápice com a publicação de O cortiço (obra repleta de personagens marginalizados).
 
Inglês de Souza
 
Em 1891, Inglês de Souza publicou O Missionário, obra que aborda a influência do meio sobre o individuo.
 
Adolfo Caminha
 
Publicou as obras A Normalista, em 1892 e O bom crioulo, em 1895que falam sobre desvios sexuais e mais especificamente, o homossexualismo em O bom crioulo.
 	
A ficção regionalista (iniciada no Romantismo) teve continuidade durante o naturalismo. As principais obras regionalistas são:
 
- Luzia-Homem de Domingos Olímpio.
- Dona Guidinha do poço de Manuel de Oliveira Paiva.
Parnasianismo
Por Cristiana Gomes
Nas últimas décadas do século XIX, a literatura brasileira abandonou o sentimentalismo dos românticos e percorreu novos caminhos.
Na prosa, surgiu o Realismo/Naturalismo e na poesia, o Parnasianismo e Simbolismo.
Os poetas parnasianos achavam que alguns princípios adotados pelos românticos (linguagem simples, emprego da sintaxe e vocabulário brasileiros, sentimentalismo, etc.) esconderam as verdadeiras qualidades da poesia. Então, propuseram uma literatura mais objetiva, com um vocabulário elaborado (às vezes, incompreensível por ser tão culto), racionalista e voltada para temas universais.
A inspiração nos modelos clássicos, ajudaria a combater as emoções e fantasias exageradas dos românticos, garantindo o equilíbrio que desejavam.
Desde a década de 1870, as ideias parnasianas já estavam sendo divulgadas.
No final dessa década, o jornal carioca “Diário do Rio de Janeiro” publicou uma polêmica em versos que ficou conhecida como “Batalha do Parnaso”. De um lado, os adeptos do Realismo e Parnasianismo, e, de outro os seguidores do Romantismo.
Como consequência, as ideias parnasianas e realistas foram amplamente divulgadas nos meios artísticos e intelectuais do país.
O marco inicial do Parnasianismo brasileiro foi em 1882 com a publicação de “Fanfarras” de Teófilo Dias.
 
PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS
 
- OLAVO BILAC (16/12/1865 – 28/12/1918)
Tentou estudar medicina e advocacia, porém abandonou as duas carreiras por gostar mais de artes plásticas.
 
Além de poesias, ele também escreveu crônicas e comentários, inicialmente publicados em jornais e revistas.
 
Foi inspetor escolar, secretário da Liga de Defesa Nacional, jornalista, tomou parte na fundação da Academia de Letras e foi sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.
 
Trabalhou muito pelo ensino cívico e pela defesa do país. 
Expressou seu mundo interior através de uma poesia lírica, amorosa e sensual, abandonando o tom comedido do Parnasianismo.
 
Olavo Bilac criou uma linguagem pessoal e comunicativa, não ficando limitado às ideias parnasianas.
 
Por causa disso, ele é considerado um dos mais populares escritores de sua época.
 
Escreveu: “A sesta de Nero”, “O incêndio de Roma”, “O Caçador de Esmeraldas” “Panóplias”, “Via Láctea”, “Sarças de fogo”, “As viagens”, “Alma inquieta”, “Tarde” (publicada após a sua morte, em 1919), etc. 
- ALBERTO DE OLIVEIRA (1857 – 1937)
 Um dos mais típicos poetas parnasianos.
 
Suas poesias se caracterizam por um grande preciosismo vocabular. Possui características românticas, porém é mais contido e não tão sentimental como os românticos. 
Obras: “Canções Românticas”, “Meridionais”, “Sonetos e Poemas”, “Versos e Rimas”. 
- RAIMUNDO CORREIA (1860 – 1911)
 A visão negativa e subjetiva que tinha do mundo deu um certo tom filosófico à sua poesia, embora apenas superficialmente. 
Poemas: “Plenilúnio”, “Banzo”, “A cavalgada”, “Plena Nudez”, “As pombas”. 
Livros: “Primeiros Sonhos”, “Sinfonias”, “Versos e Versões”, “Aleluias”, “Poesias”. 
- VICENTE DE CARVALHO (1866 – 1924)
 Apesar do rigor com a forma, ele não possui características parnasianas, pois não abandonou a expressão lírica e sentimental do romantismo. 
Obras: “Ardentias”, “Relicário”, “Rosa, rosa de amor”, “Poemas e canções”. 
Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia formavam a “Tríade Parnasiana”. 
CARACTERÍSTICAS DO PARNASIANISMO
 
- Preocupação formal
- Comparação da poesia com as artes plásticas, principalmente com a escultura
- Referências a elementos da mitologia grega e latina
- Preferência por temas descritivos (cenas históricas, paisagens)
- Enfoque sensual da mulher (davam ênfase na descrição de suas características físicas)
- Habilidade na criação dos versos
- Vocabulário culto
- Objetivismo
- Universalismo
- Apego à tradição clássica
Simbolismo
Por Cristiana Gomes
O cientificismo e materialismo que predominava na sociedade europeia na Segunda metade do século XIX, não agradava os simbolistas.
 	O simbolismo reagia contra tudo que representava o materialismo e racionalismo. Ao contrário, pregavam o subjetivismo, o misticismo e a sugestão sensorial.
Tanto o Simbolismo quanto o Parnasianismo se preocupavam com a linguagem, talvez porque esses dois movimentos tenham nascido na França, na revista “Parnasse Contemporain” em 1866.
O simbolismo buscou uma linguagem que pudesse “sugerir” a realidade, em vez de retratá-la de maneira tão óbvia como faziam os realistas. Para “sugerir” a realidade, os simbolistas usavam símbolos, imagens, metáforas, sinestesias*, recursos sonoros e cromáticos (cor).
O precursor do simbolismo foi o poeta francês Charles Baudelaire (1821 – 1867). Sua poesia buscava abordar temas como miséria, prostituição, bêbados, frequentadores desocupados das tavernas, etc. Pode parecer estranho para muitos, mas ele via poesia em todos esses assuntos.
 
Baudelaire deixou muitos seguidores pelo mundo afora.
 
OBS: Sinestesia é o cruzamento de campos sensoriais diferentes.
 - Ex: Um perfume que evoca uma cor (olfato + visão)
 - Um som que evoca uma imagem. (audição + visão)
 
CARACTERÍSTICAS 
- Misticismo, religiosidade
- Desejo de transcendência e integração com o cosmos
- Interesse pelo inconsciente e subconsciente
 - Subjetivismo
 - Pessimismo
 - Interesse pelo noturno, pelo mistério e pela morte
 - Retomada de elementos da tradição romântica
 - Atração pela morte e elementos decadentes da condição humana
 
SIMBOLISMO NO BRASIL (final do século XIX)
 
Na Europa, o simbolismo teve muito mais destaque do que o Parnasianismo. Aqui no Brasil, não foi assim. O Parnasianismo foi bastante valorizado pelas camadas cultas da sociedade até os primeiros anos do século XX, chamando muito mais atenção do que o Simbolismo. Mesmo assim, o Simbolismo nos deixou obras e escritores muito significativos.
O marco inicial desse movimento no Brasil foi em 1893, com a publicação dos livros “Missal” e “Broquéis” de Cruz e Sousa.
 
CARACTERÍSTICAS
- Valorização dos sentimentos individuais
- Isolamento da sociedade
- Conteúdo relacionado com o espiritual, o místico e o subconsciente
- Concepção mística da vida
- Ênfase na imaginação e fantasia
- Comparação da poesia com a música
- Enfoque espiritualista da mulher envolvendo-a em um clima de sonho
 
AUTORES E OBRAS
 
- CRUZ E SOUSA (1861 – 1898)
 
Filho de ex-escravos, Cruz e Sousa sofreu muito com o preconceito racial.
 
Considerado um dos mais importantes poetas da nossa literatura brasileira é o mais importante poeta simbolista.
 
Seus livros “Missal” e “Broquéis” (únicos publicados em vida), marcam o início desse estilo literário no Brasil.
 
Características de suas obras
- Preocupação formal
- Temas ligados aos mistérios da vida
- Temas voltados para os marginalizados e miseráveis
- Linguagem rica, utilizando a sonoridade das palavras para obter bons efeitos – fônicos e musicalidade.
 
Obras
 
Cruz e Sousa foi apelidado “Dante Negro” e escreveu belos poemas:
“Vida obscura”
“Triunfo Supremo”
“Sorriso Interior”
“Monja Negra”
 
Escreveu também alguns livros:
“Tropos e Fantasias”
“Evocações”
“Faróis”
“Últimos Sonetos”
 
ALPHONSUS DE GUIMARAENS (1870 – 1921)
 
Nasceu em Ouro Preto (Minas Gerais) e foi um dos grandes representantes do Simbolismo nacional.
Sua poesia é voltada para o tema da morte da mulher amada. Ao explorar esse tema ele se aproxima dos escritores ultrarromânticos que exploravam a literatura gótica e macabra. Sua obra possui uma atmosfera mística e melancólica.
 
Obras
“Câmara Ardente”
“Dona Mística”
“Kiriale”
“Pastoral aos crentes do amor e da morte”
 
Na edição completade sua obra, feita em 1960 por Alphonsus de Guimaraens Filho, foram incluídos os inéditos: “Escada de Jacó”, “Pulvis”, “Nova Primavera” (tradução) e “Salmos da Noite”.
Pré-modernismo
Por Cristiana Gomes
Esse início de século foi marcado por várias invenções e descobertas que influenciaram toda a humanidade.
O Brasil vivia sob o regime da chamada República do Café com Leite e foi uma época marcada por revoltas e conflitos sociais: Revolta da Armada, Revolta de Canudos, Cangaço, Revolta da Vacina, Revolta da Chibata, Guerra do Contestado.
Apesar disso, surgiram também várias manifestações artísticas tanto na música, na pintura e na literatura.
Vários escritores brasileiros que surgiram nessa época adotaram uma postura mais crítica diante dos problemas sociais.
Através de seus escritos, Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Graça Aranha e Lima Barreto (principais autores desta época) investigaram e questionaram a realidade brasileira.
 
Autores Pré-Modernos
 
Euclides da Cunha (1866 – 1909)
 
Foi colaborador do Jornal “O Estado de S. Paulo” e por conta disso, em 1887 foi para Canudos cobrir a rebelião.
 
Obras
- Os Sertões (1902)
- Contrastes e Confrontos (1907)
- Peru versus Bolívia (1907)
- À Margem da História (1909 – obra póstuma)
 
Euclides da Cunha também foi professor do Colégio Pedro II. Morreu assassinado em 1909 pelo suposto amante da sua esposa.
 
Lima Barreto
 
Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 1881 no Rio de Janeiro e faleceu em 1922.
Foi jornalista, cronista, contista e escreveu romances.
 	Suas obras possuem o relato realista da sociedade carioca do início do século. Seu estilo é simples e comunicativo.
Foi valorizado pelos modernistas e hoje é considerado um dos maiores nomes da nossa Literatura.
Levou uma vida triste e já no final de sua trajetória de vida se entregou à boemia e foi internado em um hospício.
 
Algumas Obras
- Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915)
- Recordações de Escrivão Isaías Caminha (1909)
- Numa e a Ninfa (1915)
- Clara dos Anjos (1948)
- Histórias e Sonhos (1956 – contos)
- Bagatelas (1923 – crônicas)
 
Monteiro Lobato (1882 – 1948)
 
O maior nome da Literatura Infantil Brasileira.
 
Obras
- Reinações de Narizinho
- Ideias de Jeca Tatu
- Urupês
- Cidades Mortas
 
Graça Aranha (Maranhão 1868 – RJ 1931)
 
Era membro da Academia Brasileira de Letras, porém criticou seu conservadorismo e ficou ao lado da nova geração de artistas que surgiram com a Semana de Arte Moderna em 1922.
 
Obras
- Canaã (1902)
- Malazarte (1911)
- A estética da vida (1920)
- O espírito moderno (1925)
- A viagem maravilhosa (1929)
 
Além desses escritores podemos destacar também Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos, ou Augusto dos Anjos como é mais conhecido. Sua obra é marcada pelo pessimismo, pela angústia e pelo medo.
 
É considerado um poeta de transição à procura de novos caminhos. Falou sobre morte e decomposição da matéria usando um vocabulário científico.
 
Sua obra está reunida no livro Eu (1912).
Expressionismo
Por Desconhecido
Berlim, 1912. Uma vez mais, a galeria e livraria de arte der Sturm (A Tempestade) teve seu nome comentado como uma das principais patrocinadoras de novo movimento estético-literário, entre os que sistematicamente eclodiam (nasciam) no início do século XX. Isso porque, em 1912, a Der Sturm resolveu reunir o trabalho de alguns pintores por ela qualificados de “expressionistas”. Tal qualificação – explicava o editor da revista Der Sturm – Surgiu de maneira de maneira diferente e revolucionária com que os expositores “expressavam” sua visão das coisas, do mundo e da vida, que subvertia radicalmente a estética da época, por meio de técnica não menos revolucionária e escandalosa.
O termo “expressionismo”, embora aplicado inicialmente à pintura, abrangia fenômeno bem mais amplo e complexo: batizava abertamente a inquietação (agitação) espiritual e a renovação cultural que se encontrava em marcha não só na Alemanha, mas também em toda a Europa. E passou, então, a ser aplicado também à literatura e às demais artes.
 	Seus ideais não ficaram completamente claros e definidos, mas sua conduta seguiu uma linha lúcida e decidida, impulsionada por um núcleo central de aspirações e metas, que permitiu reunir, nesse movimento autores e personalidades diferentes e até divergentes.
Os antecedentes do Expressionismo, nas artes plásticas, podem se encontrados em Van Gogh: “Vejo expressão e até alma em toda a natureza”; na nostalgia da arte primitiva de Gauguin; na escultura negra; e na obra violenta e trágica do norueguês Edvard Munch. Mas foi com o grupo da “Ponte” (“Brücke”), formado na Alemanha em 1905, que a pintura expressionista começou a se impor. 
A Obsessão e o drama do expressionismo
 
A destruição expressionista da imagem tradicional foi favorecida pela crise da sociedade e pela desarticulação moral que antecederam a Primeira Guerra Mundial. Assim, o movimento baseou-se em sua imagem de condição humana e procurou transmitir às telas a situação do homem no mundo, seus vícios e seus horrores. As cores tornaram-se violentas e explosivas, as figuras, distorcidas, quase caricaturais, e a perspectiva foi negligenciada. Os artistas infundiram aos objetos sua própria personalidade e as emoções derivadas da tradição romântica (na qual sonho e imaginação eram valores essências). E isso sob uma nova forma do trágico, unido à angústia do século XX.
 	Os temas expressionistas eram obsessivos e dramáticos, não somente pela marcação das cores, mas também pela monumentalidade da forma, a violência e a agudeza do grafismo; daí uma volta à linha expressiva, aos modelos simplificadores da gravura e às técnicas de ilustração, onde se contrastam juventude e velhice e onde os horrores da guerra e da decadência são apresentados de maneira nostálgica e angustiada, chegando por vezes à alucinação e às raízes da inconsciência.
 
Cor e magia do expressionismo
 
“Tentei com o vermelho e com o verde exprimir as terríveis paixões dos homens”. Falando a propósito de seu quadro Café à noite, Van Gogh expôs um dos princípios básicos do expressionismo: desenhar diretamente com a cor para que se exprimam de maneira sugestiva as coisas sofridas e vividas, por meio da deformação plástica. Assim o desenho perdeu sua importância em favor da magia do que não é totalmente expresso.
 	Com o alemão Nolde, a cor passou a ser elemento natural, fluente, ardoroso e agitado. Suas paisagens de um mundo primitivo e visionário exprimem estados psíquicos por meio do desenho simplificado e caricatural, em estranhos tons violeta, laranja e amarelo.
 	O norueguês Edvard Munch, por outro lado, exprime o ser humano com melancolia e solidão, constantemente atormentado pela doença e pela morte; são figuras do desvario, de olhar medroso, boca apagada pelo medo.
Impressionismo
Por Ana Lucia Santana
Pode-se dizer que o Impressionismo foi uma tendência da arte, principalmente francesa, que dominou o fim do século passado. Investido de um realismo mais objetivo, foi uma reação ao romantismo da época. De certa forma, preparou o caminho para futuras manifestações artísticas. Revelou nomes importantes como Manet, Monet, Renoir, Pissarro, Sisley, Edgar Degas, Boudin, Cézanne, Lautrec, Gauguin, Van Gogh e outros, na área da pintura. 
Os contatos entre o público e os pintores davam-se através dos Salons – o Salão dos Recusados foi muito utilizado para mostras coletivas dos impressionistas, e nele foi exposta a tela de Édouard Manet, o célebre O Almoço Campestre, que a muitos chocou e provocou aplausos de outros tantos. Para Manet, os objetos tinham somente valor pictórico. Depois de 1870, ele adota cores claras. Este artista pode ser considerado um precursor do Impressionismo, ao lado de Jongkind e Boudin. 
O termo ‘Impressionismo’ foi criado por um crítico de arte, pelo pintor e escritor Louis Leroy, em 1874, ao comentar o quadro Impressão: Nascer do Sol, de Claude Monet. Definir este movimento não é fácil, mas o artista EugéneBoudin o resumiu como um movimento que leva a pintura à pesquisa da luz total do espaço exterior. 
O mais importante para os impressionistas são os efeitos visuais, a impressão imediata da imagem, a fixação desse instante único, pois o momento seguinte será certamente diferente. O prazer de pintar ao ar livre pode ser explicado pela importância dada ao fenômeno da luz. Os adeptos desta escola usavam cores vivas e puras, justapondo-as nas telas, visando obter os meios-tons desejados, dando sempre a impressão de captar a luz refletida em superfícies naturais. As formas desaparecem, não mais se percebem os contornos, permanecendo no quadro apenas borrões de tinta. 
Pau Cézanne expôs em 1874, na 1ª Mostra Impressionista, nas não pode ser considerado um típico adepto deste movimento. Suas obras-primas são as naturezas-mortas. Ele procurou fazer do Impressionismo, porém, algo sólido e duradouro, ao agregar em torno de si um importante grupo de artistas, os quais se tornariam famosos impressionistas. É também considerado um dos precursores do Cubismo. 
O Impressionismo manifestou-se, além da pintura, igualmente na música puramente auditiva de Debussy, Ravel, entre outros; e na literatura, através de escritores da estirpe de Marcel Proust, Graça Aranha, Raul Pompéia, etc. 
Na oitava e última exposição impressionista, os pintores Signac e Seurat apontam o caminho nascente do Neo-Impressionismo, e Gauguin e Vincent Van Gogh contribuem para o surgimento da chamada Arte Moderna, juntamente com Cézanne. Mas as obras produzidas pelos impressionistas se imortalizaram, e são até hoje preciosas pérolas na História da Arte.
Futurismo
Por Ana Lucia Santana
O movimento futurista eclodiu historicamente no dia 20 de fevereiro de 1909, sendo caracterizado como uma escola de cunho artístico e literário. Ele nasceu dos princípios expostos no Manifesto Futurista, publicado no periódico francês Le Figaro por Filippo Marinetti, renomado poeta italiano.
Esta corrente desprezava explicitamente todo padrão moral, bem como os valores que permaneceram no passado. Ela primava por um novo paradigma estético, o qual deveria seguir parâmetros fundados na celeridade temporal, no engrandecimento dos combates e, consequentemente, na recorrência à força.
Seus seguidores se fiavam excessivamente no progresso tecnológico vigente em fins do século XIX. Eles cultivavam especialmente a publicidade como principal meio de comunicação, exaltando a tipografia à qual se recorria neste período. O lema do primeiro manifesto era “Liberdade para as palavras”. Qualquer fronteira ainda existente entre a arte e o design é então eliminada.
 
O Futurismo se insinua no âmbito de todas as expressões artísticas e inspira muitos artífices a instituir suas próprias escolas modernistas. Ele cultua de tal forma a novidade, que até mesmo se vê tentado a demolir instituições museológicas e cidades ancestrais. Para os futuristas as conflagrações bélicas visavam sanar o Planeta.
 	Os futuristas navegavam pelas vertentes dos jogos, do idioma puro, do rompimento das regras tipográficas convencionais, optando pelo recurso às onomatopeias, figuras de linguagem com as quais é possível simular sonoridades através de um fonema ou de uma palavra. Esses meios explorados pelo futurismo reverberaram, posteriormente, em movimentos como o dadaísta, o concretista, bem como na tipografia dos tempos modernos e no design gráfico típico da pós-modernidade.
A França e a Itália foram os núcleos por excelência do Futurismo. Infelizmente, muitos dos artistas que se alistaram em suas fileiras se aliaram também ao ideal fascista. No pós-guerra, porém, esta escola perdeu seu vigor inicial, embora sua alma desassossegada tenha continuado a pairar sobre futuras manifestações artístico-culturais. Nas artes plásticas o futurismo foi inspirado pelo cubismo e pelo abstracionismo. Na literatura, a principal repercussão se dá na poética italiana, veículo de defesa das ideologias políticas.
No Brasil este movimento marcou a trajetória de vários artistas, entre eles Oswald de Andrade, na esfera literária, e Anita Malfatti, no campo da pintura. Eles conheceram o futurismo e o próprio Marinetti em suas idas à Europa, em 1912. Embora tenham se distanciado durante a Guerra, resgataram posteriormente este precioso intercâmbio de ideias.
A Semana de Arte Moderna de 1922 foi igualmente inspirada pelo Futurismo. Concepções como a rejeição ao passado, o culto do futuro, o desprezo às reproduções e o cultivo da pureza original vieram perfeitamente de encontro ao que os modernistas buscavam. Eles não desejavam nada mais que substituir padrões artísticos europeus por uma genuína criação nacional, valorizando a arte dos nativos e a cultura produzida pelos africanos.
Modernismo
Por Camila Conceição Faria
O modernismo foi um movimento literário e artístico do início do séc. XX, cujo objetivo era o rompimento com o tradicionalismo (parnasianismo, simbolismo e a arte acadêmica), a libertação estética, a experimentação constante e, principalmente, a independência cultural do país. Apesar da força do movimento literário modernista a base deste movimento se encontra nas artes plásticas, com destaque para a pintura.
No Brasil, este movimento possui como marco simbólico a Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, na cidade de São Paulo, devido ao Centenário da Independência. No entanto, devemos lembrar que o modernismo já se mostrava presente muito antes do movimento de 1922. As primeiras mudanças na cultura brasileira que tenderam para o modernismo datam de 1913 com as obras do pintor Lasar Segall; e no ano de 1917, a pintora Anita Malfatti , recém-chegada da Europa, provoca uma renovação artística com a exposição de seus quadros. A este período chamamos de Pré-Modernismo (1902-1922), no qual se destacam literariamente, Lima Barreto, Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos; nesse período ainda podemos notar certa influência de movimentos anteriores como realismo/naturalismo, parnasianismo e simbolismo.
A partir de 1922, com a Semana de Arte Moderna tem início o que chamamos de Primeira Fase do Modernismo ou Fase Heroica (1922-1930), esta fase caracteriza-se por um maior compromisso dos artistas com a renovação estética que se beneficia pelas estreitas relações com as vanguardas europeias (cubismo, futurismo, surrealismo, etc.), na literatura há a criação de uma forma de linguagem, que rompe com o tradicional, transformando a forma como até então se escrevia; algumas dessas mudanças são: a Liberdade Formal (utilização do verso livre, quase abandono das formas fixas – como o soneto, a fala coloquial, ausência de pontuação, etc.), a valorização do cotidiano, a reescritura de textos do passado, e diversas outras; este período caracteriza-se também pela formação de grupos do movimento modernista: Pau-Brasil, Antropófago, Verde-Amarelo, Grupo de Porto Alegre e Grupo Modernista-Regionalista de Recife.
Na década de 30, temos o início do período conhecido como Segunda Fase do Modernismo ou Fase de Consolidação (1930-1945), que é caracterizado pelo predomínio da prosa de ficção. A partir deste período, os ideais difundidos em 1922 se espalham e se normalizam, os esforços anteriores para redefinir a linguagem artística se une a um forte interesse pelas temáticas nacionalistas, percebe-se um amadurecimento nas obras dos autores da primeira fase, que continuam produzindo, e também o surgimento de novos poetas, entre eles Carlos Drummond de Andrade.
Temos ainda a Terceira Fase do Modernismo (1945- até 1960); alguns estudiosos consideram a fase de 1945 até os dias de hoje como Pós-Modernista, no entanto, as fontes utilizadas para a confecção deste artigo, tratam como Terceira Fase do Modernismo o período compreendido entre 1945 e 1960 e como Tendências Contemporâneas o período de 1960 até os dias de hoje. Nesta terceira fase, a prosa dá sequência às três tendências observadas no período anterior – prosa urbana, prosa intimista e prosa regionalista, com uma certa renovação formal; na poesiatemos a permanência de poetas da fase anterior, que se encontram em constante renovação, e a criação de um grupo de escritores que se autodenomina “geração de 45”, e que buscam uma poesia mais equilibrada e séria, sendo chamados de neoparnasianos.
 
Principais representantes do Pré-Modernismo e do Modernismo no Brasil:
 
Pintura: Anita Malfatti, Lasar Segall, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Candido Portinari, Rego Monteiro, Alfredo Volpi;
 
Literatura: Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Lima Barreto, Augusto dos Anjos, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Alcântara Machado, Manuel Bandeira, Cassiano Ricardo, Carlos D. de Andrade, Cecília Meireles, Vinicius de Morais, Murilo Mendes, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge de Lima, José Lins do Rego, Thiago de Mello, Ledo Ivo, Ferreira Gullar, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Olavo Bilac, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Ronald de Carvalho, Ribeiro Couto, Raul Bopp, Graça Aranha, Murilo Leite, Mário Quintana, Jorge Amado, Érico Veríssimo;
 
Música: Alberto Nepomuceno, Heitor Villa-Lobos e Guiomar de Novais;
 
Escultura: Victor Brecheret;
 
Teatro: Benedito Ruy Barbosa, Nelson Rodrigues;
 
Arquitetura: Lúcio Costa, Oscar Niemayer;
Neoparnasianismo
Por Gabriella Porto
O Neoparnasianismo foi uma corrente literária do século XX, que corresponde, segundo a crítica, à terceira fase do Modernismo.
 	A denominação “Neoparnasianismo” é de fundo pejorativo, partindo do pressuposto de que os autores desta fase opunham-se às características radicais e enérgicas da Primeira Fase Modernista, tendo um comportamento mais formal diante das produções literárias.
A Terceira Fase Modernista data-se estimadamente de 1945 a 1960. Neste período não só o Brasil como o mundo enfrentaram diversas mudanças no cenário sócio-econômico e político, e, obviamente, a literatura e as artes sofreram reflexos de tais acontecimentos.
 	Algumas novas características literárias surgem no Brasil, com destaque para alguns autores, como Clarice Lispector. A autora deu vazão a uma nova forma de abordar os aspetos psicológicos na literatura, com constantes questionamentos do “eu”, do papel de si mesma no mundo, dos motivos para os acontecimentos da vida. Clarice era húngara de nascimento, mas viveu desde bebê no Brasil, considerando-se brasileira. Lispector ascendeu ao posto de autora mais intimista do mundo, devido à sua delicada e persuasiva habilidade de tratar do psicológico humano, dentro de um período tão complexo da história da humanidade.
 	Outro autor que ascendeu neste período foi Guimarães Rosa, fortalecendo a cultura regionalista, dos jagunços do Brasil Central, a fala sertaneja, expressões e sotaques.
 	Um aspecto comum aos dois autores citados é a pesquisa da linguagem, são autores instrumentalistas. No entanto, suas oras distanciam-se muito nas características literárias, pois a preocupação que Guimarães Rosa tem com o enredo, com a linearidade da história não é encontrada nas obras Lispectorianas. Clarice Lispector fazia análise de situações cotidianas, analisando assim a estrutura comportamental dos personagens diante de diferentes situações, e fazendo assim uma viagem pelo íntimo do mesmo. Não há uma trama pré-definida nem mesmo linear nas obras de Clarice Lispector.
Assim como na prosa, na poesia também houve mudanças com relação ao Modernismo rompedor de 1922. A poesia de 1945 é séria, reflete o momento tenso de mudanças bruscas e bastante significativas pelas quais passava a humanidade. As sátiras, a liberdade de versos e as ironias são deixadas de lado, para uma poesia mais equilibrada, que remonta às características simbolistas e parnasianas.
Apesar de todas as complicadas mudanças pelas quais passavam o Brasil e o mundo, como fim da Segunda Guerra Mundial, Bombas Atômicas de Hiroshima e Nagasaki, criação da ONU, Declaração dos Direitos Humanos, Guerra Fria, Fim da Era Vargas e redemocratização do Brasil, o período tem seu fim antes do Golpe Militar de 1964. No entanto as perseguições políticas e os exílios começam com o período literário ainda em vigência
 	Os principais autores da prosa e da poesia neoparnasianas foram: Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Ledo Ivo, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Geir de Campos, Darcy Damasceno, Raúl Leal, Mário Saa e Gomes Leal. João Cabral de Melo Neto surge no fim dos anos 1940, no entanto não se enquadra na corrente neoparnasiana.
Poesia Concreta
Por Emerson Santiago
É denominada poesia concreta aquela forma de poesia surgida do movimento concretista aplicado ao poema, movimento iniciado no Brasil na década de 50 do século XX por Décio Pignatari (1927), Haroldo de Campos (1929) e Augusto de Campos (1931). Em uma nova identidade surgida da Revolução Industrial e sua recente instalação no Brasil, estes três autores anteviram uma nova perspectiva para a arte poética, e, assim como a industrialização iria mudar a paisagem e o povo brasileiro, o concretismo iria estabelecer nova realidade neste segmento da arte, rompendo com o verso tradicional e sua forma convencional de disposição e rima, organizando-o de uma maneira a privilegiar o espaço em branco da página, a pausa, as imagens, o significante, sons e até mesmo cores e nuances. O concretismo, enfim, propunha uma arte poética que ocupasse a página de um modo diferente, aproveitando conceitos pouco ou nunca antes explorados pelos autores consagrados.
Como seus três principais pioneiros eram paulistas, foi a cidade de São Paulo que contribuiu inicialmente para o desenvolvimento do concretismo. O movimento combinava com o lugar, pois a cidade estava para se tornar o principal centro industrial do país, sendo que na época um surto desenvolvimentista, fomentado pelo governo JK dava a São Paulo os ingredientes para ser o centro da vanguarda nas letras brasileiras à época. A influência dos modernistas da geração de 22 não foi desprezada, ao contrário, foi de grande influência, em especial o modelo de poema criado por Oswald de Andrade, o “poema pílula”, símbolo de um vanguardismo radical que se encaixava na proposta dos irmãos Campos e de Décio Pignatari.
Foi através de uma revista de vanguarda denominada “Noigandres” (palavra retirada de um poema de Ezra Pound, que nada significa) que os concretistas puseram em prática seu experimentalismo poético, publicando seus primeiros trabalhos, isso por volta de 1952. As características de um poema concreto eram basicamente:
 •a abolição do verso tradicional, com o seu início no canto da página, sem espaços em branco entre palavras ou trechos. O concretismo explora o silêncio, as potencialidades das letras e suas formas em si, figuras, sons de palavras, letras, fonemas, cores, imagens, etc. em um máximo de radicalismo, até o próprio papel acaba sendo eliminado mais tarde, para dar lugar ao poema visual, feito em filme, em projeção, ou até mesmo escrito em neon.
 •linguagem sintética, desprendida de sentimentalismo, buscando combinações básicas e o potencial mais primitivo do som e da linguagem. A ideia é de uma língua dinâmica, em harmonia com a realidade industrial da época.
 •utilização de paronomásias, neologismos, estrangeirismos, distinção de prefixos e sufixos; repetição de certos morfemas; valorização da palavra solta (som, forma visual, carga semântica) que se fragmenta e se recompõe dentro da página;
 •poema transformado em objeto visual: agora, a letra, sua forma física, as formas combinadas de cada trecho são exploradas de modo a formarem figuras, significantes, permitindo que o poema se torne ao mesmo tempo uma peça visual de arte.
Poesia Marginal
Por Fernando Rebouças
A poesia marginal foi uma prática poética marcada pelo artesanal, por poetas que queriam se expressar livremente em época de ditadura, buscando caminhos alternativos para distribuir poesia e revelar novas vozes poéticas.
É um movimento cultural fundado nos anos 70, os poetas mais marcantes desta época foram Ana Cristina César, Paulo Leminski, Ricardo Carvalho Duarte (Chacal),Francisco Alvim e Cacaso. As poesias eram distribuídas em livretos artesanais mimeografados e grampeados, ou simplesmente dobrados.
Poetas, universitários e cabeludos eram caras que imprimiam no álcool do mimeógrafo as suas poesias originais. Foram poemas instigantes, carregados de coloquialidade e objetividade.
A poetisa Ana Cristina César além de escrever poemas também redigia para jornais, se suicidou aos 31 anos, em 1981. Cacaso faleceu em 1987, aos 43 anos, após uma parada cardíaca. Paulo Leminski, que adorava experimentar a linguagem dos poetas concretos, faleceu em 1989.
É importante enfatizar que não foi um movimento poético de características padronizadas, foi um momento de libertação dos termos e expressão livre num momento de repressão política nos fins da década de 60. A poesia foi levada para as ruas, praças e bares como alternativa de publicação, alternativa que estivesse longe do alvo da censura. Tudo era considerado suporte para a expressão e impressão das poesias, fosse um folheto, uma camiseta, xerox, apresentações em calçadas, etc.
 
Trecho de um poema sem título de Paulo Leminski :
“Eu hoje, acordei mais cedo
e, azul, tive uma ideia clara
só existe um segredo
tudo está na cara.”