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CADERNO Respondabilidade Civil (1° sem. 2017) 1

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RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Responsabilidade Civil, ministradas pelo Prof. Hamid 
Charaf Bdine Júnior, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 1 1 
Prof.: Hamid Charaf Bdine Júnior / E-mail: hamid.bdine@gmail.com 
P1: 27/3 
Trabalho: 29/5 valendo 1,0 ponto (em grupo e na sala) 
P2: 22/5 
 
BIBLIOGRAFIA 
Cezar Peluso - Código Comentado 
 
Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves de Farias - Curso de Direito Civil 
 
=========================== 06/02 ======================== 
1. Introdução 
2. Aspectos históricos 
3. Modalidades 
i. Subjetiva 
ii. Objetiva 
iii. Contratual 
iv. Extracontratual 
4. Requisitos 
i. Ação (fixo) 
ii. Dano (fixo) 
iii. Nexo de causalidade (fixo) 
iv. Culpa (variável) 
5. Leitura e interpretação dos arts. 
 
INTRODUÇÃO 
Arts. 927 a 954, CC 
 
No curso de direito civil, qual foi a 1ª vez que tivemos contato com resp. civil? R.: Em obrigações. 
Lá foi dito: Direito das obrigações é um vínculo jurídico pelo qual o credor pode exigir do devedor 
uma determinada prestação. A obrigação tem fontes. Existem relações jurídicas que fazem 
surgir a obrigação. A obrigação nasce de determinadas relações jurídicas. É uma relação jurídica 
que nasce de outra relação jurídica. Em obrigações, a fonte de obrigação mais fácil para 
manipular é o contrato. No contrato é possível enxergar facilmente os elementos da obrigação 
(relação jurídica da qual o credor pode exigir do devedor >> qualquer contrato tem isso). Mas o 
contrato não é a única fonte de obrigação. Há também o título de crédito (no papel há 
literalidade e abstração que faz surgir para quem subscreve o título o dever de cumprir a 
prestação prometida). 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Responsabilidade Civil, ministradas pelo Prof. Hamid 
Charaf Bdine Júnior, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 2 2 
Na resp. civil vamos tratar de mais uma fonte de obrigação. Agora a questão é que temos um 
prejuízo. Um dano. Alguém causou uma lesão aparentemente patrimonial. Ou pelo menos em 
princípio patrimonial. Alguém fez meu patrimônio diminuir de tamanho. 
 
A resp. civil é o estudo da obrigação de quem causou prejuízo tem a obrigação de pagar para 
fazer voltar para a situação anterior. 
 
 
Ex.: Alguém bateu no meu carro. Amaçou meu carro e terá que pagar o valor do prejuízo. 
Quando eu tenho uma hipótese de alguém bater no meu carro e me causar um dano essa 
obrigação de pagar é estudada/tratada na resp. civil. 
 
 
Além dessa hipótese, você vai ter situações de obrigação de pagar prejuízo que decorre de um 
descumprimento de um contrato. 
 
 
Ex.: Eu vendi um carro para você e prometi entregar até a semana que vem. Eu não 
entreguei. Você teve prejuízo. Teve que pagar táxi. Eu te causei um prejuízo. Também é 
resp. civil decorrente de um descumprimento de um contrato. 
 
 
 
É isso que vamos estudar. Estas são as fontes das obrigações. 
 
ASPECTOS HISTÓRICOS 
Vamos começar o estudo da resp. civil a partir de uma abordagem histórica. A finalidade é falar 
da história da resp. civil para nos mostrar o que aconteceu com a resp. civil e como ela deve ser 
vista hoje levando em conta essa evolução. 
 
Lá atrás a resp. civil significava que alguém que tinha patrimônio ou autoridade sobre outra 
pessoa ou coisa pagava todo o prejuízo que essa pessoa ou essa coisa causasse. Pagava esse 
prejuízo porque era dono. Porque tinha autoridade sobre alguém ou sobre alguma coisa. Tinha 
o dinheiro explorado na atividade e por isso pagava. 
 
No Direito Romano ninguém perguntava se esse proprietário (senhor feudal) tinha ou não tinha 
culpa. Era uma responsabilidade baseada na autoridade que ele tinha sobre determinadas 
pessoas ou coisas. Ele criava todos os filhos maiores etc. até ele morrer. Ele tinha escravos, 
vassalos, animais. Era tudo dele. Danos decorrentes disso ele indenizava pouco importa se ele 
tinha tido uma conduta culposa ou não. 
Isso vai assim, até que, ainda no Direito Romano, surge o que se chama de lei aquiliana. Essa 
lei/concepção aquiliana da resp. civil é um modo de tratar da resp. baseada na culpa. Olha que 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Responsabilidade Civil, ministradas pelo Prof. Hamid 
Charaf Bdine Júnior, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
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aconteceu: você sai de uma situação em que a culpa era irrelevante e vai para uma lei que passa 
a dizer: só indeniza se tiver culpa. 
 
Vários doutrinadores utilizam a expressão aquiliana. 
 
Na resp. aquiliana há a resp. subjetiva, ou seja, baseada na culpa. 
 
Então, num segundo momento, a responsabilidade passa a depender de ter ou não ter culpa. 
 
E de novo o direito dá outra guinada. Ocorre a Rev. Industrial (Máquinas, exploração do trabalho 
de menores e etc.; mas sobretudo o desenvolvimento da fase industrial - máquinas). Os 
empregados passaram a sofrer danos: maquinas explodem, trens que matam pessoas etc. Nesse 
momento, o direito passa a olhar para a resp. civil e dizer: só a responsabilidade baseada na 
culpa não vai resolver o nosso problema. Como vamos provar culpa quando explode uma 
máquina e mata alguém? Ou quando um operário se machuca operando determinada máquina. 
 
Assim, o direito começa a dar uma outra guinada com direção ao centro dessa discussão. 
 
O direito evolui de modo dialético. Uma hora ele vai para um extremo. Outra hora ele vai para 
o outro. Mas regularmente ele vai para uma posição em que considera de equilíbrio. 
 
Com base nisso, nos perguntamos: em qual momento estamos hoje? R.: Há a resp. subjetiva, 
mas há muito menos situações de resp. subjetiva do que de resp. objetiva. 
 
Durante o semestre veremos que as situações que geram dano são numericamente muito 
maiores, baseadas em requisitos que não são a culpa do que aquelas hipóteses em que só haverá 
obrigação de indenizar baseado na culpa. Quer dizer, tem muito mais hipótese de resp. sem 
culpa do que a resp. com culpa. 
 
 
Ex.: Se você comprar um refrigerante em garrafa de vidro e ele explodir e cortar seu braço 
essa resp. não depende de culpa, pois segundo o art. 2º do CDC essa resp. é baseada no 
simples fato de que se você lança o produto no mercado de trabalho e o produto tem 
defeito, você indeniza não porque você teve culpa, mas porque há um defeito. A empresa 
pode não ter culpa nenhuma (ISO 9.500). O processo foi regular, fiscalizado, sujeito a 
várias conferências. Deu azar e a garrafa saiu com defeito e explodiu. Paga o prejuízo. Não 
se pergunta o que ele fez de errado. Mas há outras hipóteses – como p. ex; a batida do 
carro – em que a resp. só vai existir se houver culpa, uma 1ª distinção que você deve fazer 
(e vai fazer o sem. todo) é: a obrigação de indenizar pode ser baseada na resp. subjetiva 
(culpa) ou na resp. objetiva (sem culpa). 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Responsabilidade Civil, ministradas pelo Prof. Hamid 
Charaf Bdine Júnior, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
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Quando o Hamid falar em resp. objetiva a culpa não vai ser exigida, mas alguma peculiaridade 
tem que ter para haver resp. objetiva. A lei tem que dizer o que é que caracteriza a resp. objetiva. 
 
MODALIDADES 
Assim, a resp. civil pode ser subjetiva ou objetiva. 
 
O processo do estudo da resp. civil passa por nos convencer que alguém paga uma indenização 
sem ter feito nada errado! Por isso NÃO acompanhe as aulas perguntando ao Hamid: o que ele 
fez de errado para pagar a indenização? O sistema não manda pagar só quem faz coisa errada, 
mas também que faz coisa certa/lícita. 
 
O Hamid espera provocarmuitas reações nossas com esses exemplos: de mandar pagar quem 
não fez nada de errado. 
 
A resp. também pode ser contratual ou extracontratual. 
Em regra, nenhuma das informações que o Hamid vai nos passar é meramente acadêmica. 
Então, essa distinção entre resp. contratual e extracontratual tem efeitos práticos 
relevantíssimos. 
 
 
Ex.: Vitor bateu no meu carro – Essa é uma hipótese de resp. extracontratual, pois nós 
não tínhamos relação jurídica. A nossa relação jurídica começou quando ele bateu no meu 
carro. 
 
 
Quando a resp. é extracontratual, há 2 perguntas: 
 - Quem deve provar a culpa para ganhar a indenização? R.: O ônus da prova é da vítima. 
Assim, em regra (na maioria das vezes) o ônus de provar a culpa é da vítima. 
 
- Desde quando incidem juros de mora sobre o valor que o Vitor vai me pagar? R.: Desde o dia 
em que ele bateu no meu carro (398, CC + Súmula 54, STJ). 
 
Art. 398, CC. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em 
mora, desde que o praticou. 
 
Súmula 54, STJ. Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de 
responsabilidade extracontratual. 
 
Ex.: O Márcio me contrata para fazer uma reforma na casa dele. Ele sai, aluga outro imóvel 
e eu descumpro o contrato. Dou prejuízo para ele, pois ele teve que arcar com mais 1 mês 
de aluguel. Estourei o encanamento. 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Responsabilidade Civil, ministradas pelo Prof. Hamid 
Charaf Bdine Júnior, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
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- Quem deve provar a culpa para ganhar a indenização? R.: Na resp. contratual o ônus de provar 
é invertido porque há uma presunção de culpa quando o resultado do contrato não é cumprido. 
Porque eu tenho um contrato prévio, a prestação está prevista e eu não entro ao Márcio, 
presume-se que o descumprimento do contrato decorreu de culpa minha. Portanto, em razão 
dessa presunção, EU tenho que produzir a prova de que eu não cumpri o contrato por um fato 
que não foi a minha culpa. 
 
 
Ex.: O Márcio me forneceu um material de má qualidade; ou então: havia um defeito na 
casa dele que não me permitiu concluir a reforma. 
 
 
 
- Desde quando incidem juros de mora sobre o valor? R.: Desde a citação. O efeito da citação é 
constituir o réu em mora (405, CC ¬¬ regra geral). 
 
Art. 405, CC. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial. 
 
***Não associe resp. contratual com resp. objetiva***não são sinônimos, são critérios 
classificatórios. Você pode ter resp. objetiva contratual e resp. objetiva extracontratual, e 
também resp. subjetiva contratual e subjetiva extracontratual. 
 
Em resp. civil aquele que indeniza o prejuízo não está sendo punido. Quando o Hamid disser que 
o pagamento do prejuízo é uma sanção, leia sanção como sinônimo de consequência; de efeito. 
O que a resp. civil quer é que o causador do dano pague o valor necessário para fazer com que 
a vítima volte a situação patrimonial que ela tinha antes de suportar o dano. 
 
De vez em quando a resp. civil tem caráter punitivo. 
 
E quando é que discutimos a natureza punitiva na resp. civil? R.: Ou a lei diz que é para punir 
(em sucessões, na hipótese de indignidade, sonegação a lei prevê punição. Você perde a herança 
por uma dessas razões). Na resp. civil também haverá situações parecidas, como p. ex; o art. 
940, CC. 
 
Art. 940, CC. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem 
ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao 
devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente 
do que dele exigir, salvo se houver prescrição. 
 
Também temos que nos preocupar com o caráter punitivo quando estudarmos danos morais 
(teremos uma aula só sobre isso), pois é preciso avaliar a natureza punitiva, pois é comum ouvir 
que dano moral tem natureza punitiva. Não é uma verdade tão óbvia, mas há também uma 
discussão sobre a natureza punitiva dos danos morais na resp. civil. 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Responsabilidade Civil, ministradas pelo Prof. Hamid 
Charaf Bdine Júnior, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
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REQUISITOS 
Antes de tratarmos dos arts. do código o Hamid pediu para lidarmos o semestre inteiro com a 
avaliação da existência de 4 requisitos. Toda vez que falarmos de resp. civil devemos pensar 
nestes requisitos. 
 
Só haverá resp. civil se estes 4 requisitos estiverem presentes. 
O que complica é que 3 deles são sempre fixos, ou seja, sempre os mesmos. O 4º é sempre 
variável. No 4º deveremos perguntar: qual será o requisito que gera a obrigação de indenizar. 
Se você errar o requisito não necessariamente vai perder a ação. 
 
 
Ex.: Se você escolher provar a culpa numa determinada hipótese (é difícil provar a culpa). 
Você perde a ação. Mas se você tiver o domínio da técnica da resp. da culpa: “isso é resp. 
objetiva e o requisito é esse” a probabilidade de você ganhar a ação é muito maior. 
 
 
No exemplo da garrada da coca que explode – se você tentar provar para o juiz a culpa >> com 
perícia etc. (sistema produtivo). Já na hipótese de você tentar provar a resp. objetiva que todos 
estavam sentados na mesa da faculdade e a garrafa explodiu, não será preciso provar mais nada. 
Claro, tem que provar que aconteceu isso, mas é mais fácil do que provar a culpa no sistema 
produtivo. Então, esse é o trabalho do estudo da resp. civil >> detectar o 4º requisito. 
 
São eles: 
1. AÇÃO: evento de qualquer tipo que provoque um resultado lesivo para alguém que vai 
caracterizar a ação. 
Já pensamos imediatamente na ação do homem. Todavia, a ação não necessariamente é uma 
provocação do homem. 
 
 
Ex.: A Tânia tem uma casa que não está ocupada por ninguém. Ela viajou e está vazia. Um 
dia uma pessoa está passando na frente da casa dela e a parede cai e a machuca. Qual é 
a ação? R.: A parede caiu. Aqui não tem atuação do homem. A parede caiu sozinha. Não 
vale você dizer: “Ah, mas ela não tinha que preservar a casa?”. Isso é uma fase prévia. O 
dano é: parede caiu. Essa é a conduta lesiva. O dano não é não cuidar da parede, pois ela 
poderia nunca ter cuidado da parede e ela não ter caído. 
 
 
 
Ex.: O cachorro atacou alguém. Estava trancado no canil com proteção devida. Alguém 
destruiu o cadeado. Um raio caiu no cadeado e o cachorro se soltou. 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Responsabilidade Civil, ministradas pelo Prof. Hamid 
Charaf Bdine Júnior, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
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2. DANO: 
Quando o Hamid estiver no art. 944, CC ele tratará de danos emergentes e lucros cessantes 
(igual vimos em obrigações nos arts. 403 3 404, CC, mas aqui vamos aprofundar). 
 
O dano pode não ser material, mas sim moral/extrapatrimonial. A violação da dignidade da 
pessoa também é dano e, portanto, preenche esse requisito. 
 
Hoje há uma teoria de que você pode ter uma resp. civil sem dano >> O Hamid não quer falar 
sobre isso agora, mas só quer pontuar para sabermos que existe. 
 
 
3. NEXO DE CAUSALIDADE 
A doutrina não diz exatamente qual é o sistema que deve ser utilizado. É difícil explica-lo. 
 
4. CULPA 
 
Ex.: O sujeito tem que fazer uma cirurgia para colocar um marca-passo. O marca-passo 
tem defeito. O hospital indeniza. 
 
 
Que culpa tem o hospital se o fabricante entregou o marca-passo com defeito para ele? R.: 
NENHUMA, mas ele vai pagar em razão do risco da atividade (12, CDC). 
 
Art. 12, CDC. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o 
importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparaçãodos 
danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, 
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de 
seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua 
utilização e riscos. 
 § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele 
legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre 
as quais: 
 I - sua apresentação; 
 II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
 III - a época em que foi colocado em circulação. 
 § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor 
qualidade ter sido colocado no mercado. 
 § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será 
responsabilizado quando provar: 
 I - que não colocou o produto no mercado; 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Responsabilidade Civil, ministradas pelo Prof. Hamid 
Charaf Bdine Júnior, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
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 II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; 
 III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 
Ex.: no caso de o muro cair, o proprietário paga. Assim, o 4º elemento nesta hipótese é a 
condição de proprietário. 
 
 
 
EXS. PARA REFLETIRMOS 
1. Desentendimento de trânsito causa briga e agressão. 6 meses depois o sujeito que 
apanhou se matou em razão do trauma psicológico por abalo psicológico. A família do 
rapaz ingressou com uma ação contra a empresa requerendo os danos que o funcionário 
causou. 
O suicídio não será pago, pois não há nexo de causalidade jurídico. 
 
2. O avião atrasa e você tem danos por atrasar em um evento. Não há pagamento pelo 
dano. 
 
3. Construção de Shopping. Governo desapropria parte do terreno onde shopping será 
construído. O dono teve danos, pois teve que pagar outro projeto de 
engenharia/arquitetura e atrasar em 6 meses a inauguração do shopping. 
Tribunal manda pagar apenas o projeto, mas não o lucro que teria se inaugurasse antes 
por considerar que isso não é lucro cessante, mas sim hipotético. 
 
 
***Lucros cessantes são quando você vinha tendo lucro e ele cessou. O hipotético você esperava 
ter, mas ele ainda não tinha começado. 
Hoje, embora as decisões não tenham mudado, o tema começa a ser debatido/rediscutido. Já 
há em doutrinas que o lucro hipotético que está bem próximo de ocorrer, manda pagar como 
lucros cessantes. Isso é ainda acadêmico, pois a jurisprudência não deu importância ainda para 
esta tese. 
 
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DOS ARTIGOS 
DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, 
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo 
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Responsabilidade Civil, ministradas pelo Prof. Hamid 
Charaf Bdine Júnior, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
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- Aquele que pratica ato ilícito e causa dano, ainda que exclusivamente moral é obrigado a 
repará-lo. Esse art. contém os elementos da resp. civil. Fica faltando o 4º requisito. Qual é o 4º 
requisito desse art.? R.: Na verdade são 2 – Ele trata como se fosse 1 só quando diz “ato ilícito”, 
mas ele coloca entre parênteses os arts. 186 e 187. 
 
DOS ATOS ILÍCITOS 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, 
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Assim, no caput estão os requisitos variáveis. Diz que se você enquadrar o comportamento do 
causador do dano no art. 186 ou no 187, estando presente dos demais requisitos você tem 
direito de ser indenizado por ele. 
Quando você conecta o art. 927 ao 186 temos o conceito de resp. subjetiva, pois o 186 dá a 
definição de culpa. Mas misturando as 2 regras, você lê assim: quem praticar um ato ilícito 
culposo e causar dano, indeniza. 
O art. 186, como 1º requisito variável que temos na resp. subjetiva, diz que aquele que, por ação 
ou omissão voluntária, imprudência ou negligência, violar direito e causar dano pratica ato 
ilícito. 
Ação ou omissão voluntária é dolo. É a conduta ativa ou omissiva destinada a produzir um 
resultado. Ex.: atirei em alguém; joguei o carro em alguém. 
Repetindo: no direito civil o dolo é uma espécie de culpa. Culpa é gênero. 
Negligência ou imprudência – Pode causar dano sem ter o desejo de prejudicar, mas você causou 
dano com base na culpa. E a culpa o código define dizendo negligência / imprudência / imperícia 
>> se resumem a negligência em sua essência. 
- Negligência: deixar de tomar os cuidados que o caso exigia; 
- Imprudência: negligenciar cuidados no comportamento; 
 
- Imperícia: agir sem ter a qualificação técnica que a conduta exigia. Negligenciar a cautela que 
o caso exigia. 
 
 
Ex.: O médico é clínico e faz uma cirurgia. Embora ele tenha autorização técnica para fazer 
a cirurgia, mas não tem perícia (tem formação, mas não qualificação técnica); advogado 
penal que faz uma peça trabalhista >> exige uma especialização que ele não tem. 
 
 
Não há muita diferença prática entre as 3, sendo o resultado é praticamente o mesmo. 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Responsabilidade Civil, ministradas pelo Prof. Hamid 
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Hamid acha que no ponto de vista da qualificação do instituto, a negligência é essencial em todas 
as culpas em qualquer modalidade que houver. 
 
A negligência / imprudência / imperícia são mais bem compreendidas quando você associa à 
negligência a ideia da previsibilidade. Você só tem culpa se você puder prever que da sua atitude 
decorreria o resultado lesivo. Se você não consegue prever o resultado, não haverá culpa. 
 
*Próxima aula: o incapaz – mesmo depois do Estatuto – quem tem uma limitação intelectual de 
discernimento não pode prever e por isso não pode ter culpa. Mas veremos que mesmo quem 
é incapaz pode ter a obrigação de indenizar. 
 
 
=========================== 13/02 ======================== 
Aula passada: 
A resp. civil sempre tem 4 elementos: conduta, dano, nexo de causalidade e o 4º é sempre variável que só 
saberemos qual é analisando a hipótese específica; caso concreto. 
O art. 927, CC diz que quem pratica ato ilícito e causa dano fica obrigado a reparar o dano causado. Esse 
art. dá o caminho do estuda da resp. civil subjetiva: “quem pratica ato ilícito (186 e 187)”; o art. 187 traz 
o 3 requisitos fixos (conduta, nexo de causalidade e dano). Já o dano (4º requisito variável) será o 186 ou 
o 187. 
 
Nessa aula vamos usar o art. 186, mesmo já que tenhamos usado ele para definir culpa. 
 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, 
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
A ideia desse artigo é estabelecer o conceito de culpa, esse conceito compreende/inclui o dolo. 
Quando você diz que alguém terá uma atitude negligente ou imprudente, você quer dizer que a 
pessoa previu o comportamento dela podia causar dano, mas mesmo assim ela agiu. Assim, logo 
percebemos que a ideia da culpa está vinculada a adoção de previsão. Para compreender a ideia 
da culpa, é preciso pensar em previsão. Há culpa porque eu tenho condições de prever o que 
vai acontecer. Posso prever as consequênciasdo meu ato. Se eu posso prever as consequências 
do meu ato, eu já estou no caminho da análise da culpa. A outra questão é: eu tenho condições 
de agir de uma outra maneira? Eu tenho condições de mudar o meu comportamento para que 
o dano que eu prevejo não ocorra? Se eu tenho condições de mudar meu comportamento e 
mudando meu comportamento eu posso evitar o dano e não mudo >> eu agi com culpa. Eu fui 
negligente. Eu fui imprudente. 
 
 
Ex.: hipótese em que não poder prever o dano interfere no conceito de culpa (caso real): 
Av. São Carlos, interior de SP. Ela não tem canteiro divisório. O sujeito vai fazer uma 
ultrapassagem um pouco antes do cruzamento. O carro que vem da perpendicular faz 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Responsabilidade Civil, ministradas pelo Prof. Hamid 
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uma curva para a direita para entrar na avenida e bate com o carro que está fazendo a 
ultrapassagem. O sujeito que estava passando a ultrapassagem foi atingido pelo carro que 
entrou na avenida entrou com uma ação indenizatória contra quem fez a curva e diz: 
“Para entrar na av. você deveria ter olhado para ver se não vinha carro. Você não olhou, 
bateu em mim por negligência sua. O Juiz disse que não culpa, pois, o elemento 
caracterizador da culpa é a previsão e eu só posso exigir que uma pessoa preveja atos 
lícitos. A pessoa não é obrigada a prever um ato ilícito. É proibido pelo código de trânsito 
ultrapassar o cruzamento faixa contínua. Eu olhei para o lado de onde devia vir carro, de 
onde era lícito vir. Mas eu não sou obrigado a olhar para o outro lado porque isso é uma 
atitude ilícita. Se você não estivesse ultrapassando ali eu não bateria em você. Você é o 
causador determinante do dono, já que eu não sou obrigado a prever um fato contra o 
direito. 
 
 
Assim, para ter culpa é preciso poder prever e poder mudar seu comportamento. A resp. civil 
hoje é muito mais objetiva (sem culpa) do que com culpa. 
 
É exigível que o incapaz (<16a) / amental preveja o dano? 
*A ideia de incapacidade está ligada a noção de compreensão da realidade. Para ser capaz é 
preciso ter discernimento. Ou seja, uma pessoa que discerne, tem condições de, com seu 
desenvolvimento mental, compreender o que acontece naquela idade com o comportamento 
dela. É a possibilidade de entender quando manifesta à vontade. Quem não tem, é incapaz. E 
quem não tem a lei diz que não prevê as consequências dos seus atos. E é por isso que se uma 
criança de 12 anos jogar uma pedra em alguém que está passando e machucá-la, você não vai 
dizer que aquela criança teve culpa, pois você exige que ela tenha toda compreensão do mundo 
para evitar essa conduta. 
 
***OBS.: Mas se um menino de 15 anos faz isso, ele não sabe o que está fazendo? R.: É A LEI 
QUE ELEGE O DISCERNIMENTO. Até os 16 anos é absolutamente incapaz; dos 16 aos 18 anos é 
relativamente incapaz. Terá curatela aquele que não tiver condições de expressar sua vontade. 
É a que diz, portanto, você não precisa ficar preocupado. 
 
Quando eu digo que o capaz não prevê, significa que ele não terá culpa. Sendo assim, ele não 
preenche os requisitos do art. 186, ou seja, ele não paga indenização por falta de previsão dos 
fatos. 
 
Hamid vai nos dar uma informação só porque está se referindo a culpa e a previsão (pois irá 
retomar com maior profundidade mais para a frente) ¬¬ Quando o incapaz pratica um ato lesivo, 
o código diz que o dano que ele causa não pode ser pago por ele, mas será pago por quem tem 
o dever de cuidar do incapaz. 
Tem o dever de cuidar do incapaz: pais (filho menor), curador (aquele que não tem 
desenvolvimento mental completo). 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Responsabilidade Civil, ministradas pelo Prof. Hamid 
Charaf Bdine Júnior, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
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Não há, então, culpa dessa pessoa. Mas, quem tem o dever legal de cuidar dele paga pelos 
prejuízos que ele causa (nós não vamos além agora, pois não é tão simples assim). 
 
O código, no entanto, no art. 928, CC diz que em determinados casos o próprio incapaz pode 
pagar o prejuízo. Assim, ele abre uma exceção e diz que preenchido determinados requisitos a 
vítima do dano pode cobrar o prejuízo do próprio incapaz. 
 
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele 
responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. 
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não 
terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem. 
Assim, se os responsáveis não puderem pagar (não tem dinheiro ou “?”) é possível ir no patrimônio 
do incapaz. 
 
GRAUS DA CULPA 
A culpa pode ser: 
1. Grave 
2. Leve (é como se eu disse: culpa de grau intermediário/médio) 
3. Levíssima 
 
Essa graduação está ligada a verificação de quanto quem agiu com culpa se afastou dos cuidados 
que devia ter tomado. 
 
Se eu tivesse um padrão, eu pergunto: 
- Se se afastou muito >> a culpa é grave (é uma atitude de a grande maioria das pessoas não 
teria tomado porque sabe que o dano ia ocorrer). 
 
 
Ex.: Andou a 140km/h na Vila Madalena de madrugada e em época de carnaval. 
 
 
- Culpa leve (intermediária). Ex.: avançar o cruzamento. 
- Culpa levíssima. Ex.: prática de ato de infração de trânsito mínimo e mesmo assim causa um 
dano. 
 
Essa é a maneira que há de graduar a culpa. Essa aula, que fala da gradação da culpa, tinha 
perdido a utilidade. Guardar o que vem a seguir: a culpa, mesmo levíssima/mínima, gera o dever 
de indenizar. Não importa o grau de culpa, A INDENIZAÇÃO É A MESMA >> pode variar no dano 
moral (mas Hamid falará + a frente), mas no dano material é a mesma. Ex.: atirou para matar; 
matou por um descuido mínimo num acidente de trânsito. Vai pagar o mesmo prejuízo. 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
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No entanto, há uma regra no código que pode fazer diferença. Está previsto no PÚ do 944, CC 
que pode ser útil quando você domina a técnica da gradação da culpa. 
 
Art. 944, PÚ, CC. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o 
dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. 
 
O Juiz não manda deixar de pagar, mas ele pode mandar pagar menos do que o valor do prejuízo. 
É como se ele desse um prêmio para quem tem culpa pequena. 
 
Devemos perceber mais um ponto. Com relação a previsão de pessoa capaz, para eu saber se 
aquele fato era previsível e se a conduta não causadora do dano podia ser exigida daquela 
pessoa, eu tenho que comparar o que ele fez com alguém. Eu tenho que saber de quem eu to 
falando, pois cada um de nós tem características próprias. E aqui aparece aquela figura do 
homem médio (é aquele que tem um padrão de comportamento mais ou menos 
frequente/padrão; há um grau de conhecimento parecido para todos e etc.). 
 
Se você avaliar o ex. do sujeito que está a 140km/ na Vila Madalena em vista o homem médio a 
explicação está boa. MAS, não é sempre que podemos usar o homem médio como parâmetro. 
 
 
Ex.: Eu sou um homem simples, moro no interior no meio da zona rural, meu grau de 
instrução é baixo. Vou pescar no fim de semana e encontro uma pessoa lá. Essa pessoa se 
corta e eu, na minha simplicidade / pouco conhecimento, pego um pano sujo e amarro 
no machucado no rapaz. Na minha cabeça para o sangramento do rapaz é o melhor que 
eu podia fazer para ele. O corte dele infecciona. 
 
Todavia, esse homem simplesnão tem culpe em razão da pouca instrução dele. MAS, se 
no lugar do homem simples estivesse lá um médico experiente e ele amarrasse um pano 
sujo ele terá culpa, pois o médico tinha que prever o resultado lesivo. 
 
 
Assim, quando o fato é comum para todo mundo é razoável eu usar o padrão homem médio, 
mas quando fizer de diferença o grau de diferença sobre aquilo posso pensar que a culpa tem 
que ser calculada de acordo com aquele que está na situação específica. Temos que nos 
perguntar num caso como este: é o homem simples ou é o médio? 
Examinar esse homem específico leva em conta o que chamamos de culpa objetiva. 
***ATENÇÃO: você confunda a ideia de CULPA objetiva (é resp. baseada na culpa, mas considerada 
objetivamente) com RESPONSABILIDADE objetiva (despreza a culpa). 
 
Além do ato ilícito culpa, o art. 927, CC trata de um outro ato ilícito: abuso de direito – art. 187, 
CC. 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
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Charaf Bdine Júnior, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
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Ou seja, quem pratica abuso de direito e causa dano, fica obrigado a reparar. Portanto, agora, 
para eu dizer se tem a obrigação de indenizar é preciso compreender o conceito de abuso de 
direito. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos 
bons costumes. 
Assim, aquele que ao exercer o direito exceder manifestadamente a sua finalidade econômico 
social, boa-fé e bons costumes pratica ato ilícito. 
 
Só pode haver abuso de direito para alguém que tem o direito. Devemos refletir: quando eu falo 
do abuso de direito eu não estou naquelas hipóteses em que eu não tenho o direito que eu 
exerço. Por isso devemos perguntar: “Esse cara tem o direito?”. Se ele não tiver, você pode até 
estar diante de um ilícito, mas não é abuso de direito. Pois abuso de direito só pratica quem tem 
direito. Esse alguém que tem o direito pratica o ato ilícito não porque não tenha o direito, mas 
porque no exercício do direito ele age abusivamente. O ilícito no abuso de direito está no 
exercício de direito que você faz; está no modo que você exerce o direito que você tem. Você 
tem direito, mas na hora de exercer você o exerce mal. 
 
 
Ex.: (caso real que vimos em direito real – “Origem da teoria do abuso do direito”) Em 
1800 na Inglaterra havia 2 proprietários vizinhos. O direito de propriedade é absoluto, 
naquela época era mesmo, pois não existia função social da propriedade. Então, o dono 
podia fazer o que quiser com o que era dele. Os limites eram os seguintes: imagine uma 
cortina em volta dos limites de sua casa e imaginar que é meu o solo e que vai até o infinito 
para cima. E ninguém poderia limitar esse direito que eu tinha como proprietário que eu 
era (hoje a propriedade está limitada para a utilidade; o conceito de direito de 
propriedade mudou). Os dois vizinhos brigavam. Um deles, que usava dirigíveis para 
transportar agricultura, precisava passar pelo vizinho. O outro coloca, então, umas lanças 
pontiagudas que não serviam para nada, apenas para furar o balão/dirigível do vizinho e 
impedir que ele passasse por cima de sua casa. O dono do balão entrou com uma ação 
pedindo para ele tirar as lanças sob o fundamento de que para nada serviam e que elas 
estavam dando um prejuízo econômico enorme, sendo que ele usava o balão para o 
sustento/trabalho/produção. O vizinho das lanças contestou dizendo que não iria retirar 
já que a propriedade do direito é absoluta. O juiz julgou a favor do vizinho das lanças, o 
Tribunal da Inglaterra confirmou a sentença e esse tema foi parar no que se chama até 
hoje – na Corte de Cassação (STJ de lá). Quando chega lá, pela 1ª vez na história do direito: 
lá eles disseram que ele realmente tinha o direito de propriedade, MAS usar um direito 
que você tem com a única finalidade de fazer mal/emular/atrapalhar alguém é ilícito. 
 
Intenção de lesar é denominado de espírito emulativo. Essa teoria que surge na Inglaterra 
é chamada de teoria subjetiva, pois ela condicionada o reconhecimento do abuso a 
 
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intenção do agente. Você tinha que perguntar: Esse sujeito agiu com desejo de causar 
dano? Ele queria prejudicar? Assim, saber o que ele queria para aquele direito era 
relevante. 
 
 
BRASIL: no abuso de direito do art. 187, CC quando você le o texto você não encontre nenhuma 
palavra que seja desejo/intenção de prejudicar. O texto é seco. Ele diz: pratica ato com abuso 
de direito aquele que ao exercer excede manifestadamente. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos 
bons costumes. 
 
Exceder manifestadamente NÃO É A INTENÇÃO DE PREJUDICAR, é tirar uma vantagem 
pequenininha e causar um dano grande. É uma teoria que se limita a comparar quanto eu causei 
de dano; quanto eu obtive de vantagem. Você põe as 2 coisas na balança e vai para o art. 187, 
CC: “eu exerci o meu direito e obtive vantagem zero e causei dano para o outro que vai suportar 
o meu direito”. Quando eu tenho a resp. baseada no art. 187 é preciso de um exemplo. 
 
 
Ex.: Eu sou proprietário de um imóvel e Claudivan é meu inquilino. Ele montou na sala do 
prédio que eu aluguel para ele uma loja de consertar relógios. Para isso ele investiu 
dinheiro e toma todos os cuidados com o imóvel. Conserva-o muito bem. Sempre pagou 
o aluguel adiantado e o fiador dele é milionário. Ou seja, não tem risco de eu ficar no 
prejuízo. A lei de locação autoriza o proprietário a despejar o Claudivan. Então, 1º 
requisito que o Hamid falou no 187 >> Eu tenho o direito de despejar o Claudivan. Eu 
posso despejá-lo e quero fazer isso. Notifico o Claudivan avisando para ele sair porque 
vou exercer o direito previsto na lei de locação. Claudivan me manda uma contra 
notificação dizendo: eu te pago o maior valor que você pode cobrar no mercado e além 
do mais estar aqui é muito importante para mim porque eu tenho uma relojoaria e meus 
clientes todos moram aqui do lado e eu gastei muito para me instalar aqui. Então, para 
mim sair daqui será um prejuízo grande. E eu respondo: vou tirar o Claudivan. 
 
Lendo o art. 187, existe proporção entre o dano que o estou causando e a vantagem que 
estou recebendo? R.: NÃO! Não estou tendo vantagem alguma, salvo na hipótese de eu 
ceder o espeço ao meu filho que abrirá um escritório para trabalhar. 
 
 
TODAVIA, quando há uma vantagem pequena deve-se pensar, pois o sujeito TEM O DIREITO. 
 
 
 
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Ex.: Ano passado, na Itália, uma senhora tinha 2 fontes de água. Queriam fazer uma obra 
e mudar fechando o sistema dela. Ou seja, ela perderia a fonte de água. Ela não autorizou, 
pois poderia faltar água no outro sistema. Eles replicaram que isso ocorria a cada 2 anos. 
O Juiz negou o abuso de direito deixando a água com a senhora. 
 
*Hamid deixaria a senhora sem água, pois a economia do restante dos moradores seria 
enorme. 
 
 
É difícil aparecer abuso de direito. 
 
>> Zero vantagem = abuso de direito 
>> Vantagem mínima = fico em dúvida 
 
 
ATO LÍCITO 
Depois que você examina o ato ilícito cuja prática pode provocar o dano (art. 927 + 186 +187)o 
estudo da resp. civil quer que nos tratemos do ato LÍCITO. 
 
O ato lícito não gera obrigação de indenizar. Mas veremos que alguns podem gerar obrigação 
de indenizar embora lícitos. 
 
Art. 188, CC. Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito 
reconhecido (estado de necessidade); 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover 
perigo iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as 
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do 
indispensável para a remoção do perigo. 
 
Legítima defesa: é a conduta de alguém para se livrar de um ataque com o fim de proteger sua 
vida/integridade física etc. nos limites do necessário. 
 
Estado de necessidade: minha casa pega fogo e eu quebro a janela do vizinho para entrar; desvio 
carro para não atropelar alguém e colido com outro. 
 
Ao agir em legítima defesa ou em estado de necessidade eu causo um prejuízo para alguém. Eu 
indenizo? R.: depende de para quem eu causei o prejuízo. 
 
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Ex.: Alexandre vai me agredir fisicamente e eu reajo e o machuco. O Alexandre não pode 
querer receber indenização já que ele me atacou. MAS, imagine que o Alexandre vai me 
atacar, eu me defendo e atinjo o Rodrigo que não tem nada a ver com a história – ele 
estava por acaso perto de nós. Eu agi em legítima defesa nos dois casos. Para o Alexandre 
eu não pago nada, e para o Rodrigo eu pago? R.: SIM. Art. 929, CC. 
 
 
 
Art. 929, CC. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, 
não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que 
sofreram. 
 
Você não pode perguntar, o que eu fiz de errado!!! Realmente eu não pratiquei ilícito, mas você 
deve perguntar: o que o Rodrigo tem a ver com isso? Assim, o art. 929 diz que quando alguém 
agir em legítima defesa machuca uma pessoa que não foi responsável pelo ataque, eu sou 
obrigado a indenizar. 
 
Eu posso pagar o Rodrigo e me voltar contra o Alexandre? R.: SIM. Art. 930, CC – direito de 
regresso: 
Art. 930, CC. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, 
contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver 
ressarcido ao lesado. 
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se 
causou o dano (art. 188, inciso I). 
 
Por que o Rodrigo não entrou ação direto contra o Alexandre? R.: Por que o Alexandre é pobre 
e eu sou rica. Simples assim. É a lei da resp. civil ¬¬ Você busca a indenização de quem, do 
empregado ou do patrão? R.: DO EMPREGADO. 
Assim, a lógica da resp. civil é quem tem dinheiro para pagar e o código aumenta a possibilidade 
de indenização neste caso do ato lícito, como se o sistema dissesse: “os envolvidos diretamente 
no problema, ambos indenizam o 3º que não tem nada com a história. 
 
O código aumenta a possibilidade do Rodrigo ser indenizado, já que ele não tem nada a ver com 
isso. 
 
Essa resp. minha de pagar o prejuízo do Rodrigo é objetiva ou subjetiva? R.: OBJETIVA. Não 
importa a culpa (só vai interessar no direito de regresso) importa que eu pratiquei um ato lícito. 
 
 
Ex.: ¬¬ JURIS: “acidente de trânsito” fato exclusivo de terceiro – “A culpa exclusiva de 3º 
 
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não exonera a responsabilidade do causador do dano”): eu estou no meu carro em uma 
rua de mão dupla. Estou na minha faixa corretamente. Sai uma criança correndo de trás 
do carro e entra na minha frente. Eu desvio > agir para evitar o dano a ela, agi, portanto, 
em estado de necessidade. Mas eu desviei e bati no carro do Márcio que vinha na direção 
contrária danificando seu carro. Márcio pode cobrar de mim o valor da indenização? R.: 
SIM! Depois eu posso entrar com ação contra o responsável da criança. 
 
Vamos imaginar que estou parado atrás do carro de alguém, vem um outro carro atrás de 
mim e me projeta para o carro da frente. No estado de necessidade eu tenho um 
comportamento/ação para evitar o dano. Aqui eu não fiz nada (*juris “acidente de 
trânsito” colisão na traseira projétil). Aqui eu não pratiquei ato nenhum. Fui um mero 
projétil. 
 
 
=========================== 20/02 ======================== 
Vimos: 
- 927: indenização por ato ilícito 
- 928: indenização devida pelo incapaz 
- 929: resp. do ato lícito 
- 930: direito de regresso no caso da resp. pelo ato lítico. 
*OBS.: deixamos de lado o PÚ do 927 para ver no final de resp. objetiva – vício da atividade. 
 
Hoje estudaremos o art. 931. Porém, ele está fora de lugar, pois ele não trata da hipótese de 
resp. por ação da pessoa humana, mas sim de resp. pelo fato do produto. 
 
Veremos e conteúdo do 931 e o Hamid vai abrir uma espécie de subitem para ir ao CDC tirar os 
elementos que precisamos para o 931. 
Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários 
individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados 
pelos produtos postos em circulação. 
Ou seja, quem coloca em circulação um produto que causa dano fica obrigado a repará-lo. 
Interpretação literal do art. (*obs.: é a pior interpretação): quando o art. fala “as pessoas que 
colocam o produto em circulação são obrigados a indenizar os danos” tem por destinatário: 
aqueles que colocam o produto em circulação (fabricantes e comerciantes). E o art. para por aí. 
Fazendo a interpretação literal (a ferro e fogo) alguém que leva uma facada, p. ex; poderia 
ajuizar uma ação contra a Tramontina, já que o art. diz que toda vez que você coloca o produto 
em circulação e causar dano e poderá ser obrigado a indenizar. ABSURDA INTERPRETAÇÃO 
LITERAL DESTE ART.! Entretanto, a literalidade desse artigo permitiria fazer uma interpretação 
como esta. 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
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Assim, iremos interpretar o art. 931 “abrindo esse buraco” e buscando substâncias no CDC. 
Importante destacar que o CDC não se aplica a qualquer situação jurídica. Não é tão simples 
quanto parece identificar o que é ou não uma relação de consumo. 
Na verdade, quando você diz que vai haver uma relação de consumo, essa resposta vai depender 
de estarem presentes 2 pessoas na relação jurídica. Portanto, só existe relação de consumo, se 
eu tiver, na mesma relação jurídica um FORNECEDOR e um CONSUMIDOR. 
O conceito de fornecedor é simples, porém o conceito de consumidor é controvertido. 
Encontraremos a definição de fornecedor e consumidor nos arts. 2° e 3°, do CDC. 
Art. 2°, CDC. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatário final. 
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. 
Art. 3°, CDC. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional 
ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de 
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, 
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
§ 1° Produto é qualquer bem, móvelou imóvel, material ou imaterial. 
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo 
as decorrentes das relações de caráter trabalhista. 
- Fornecedor: aquele que coloca / oferece no mercado de consumo produtos e serviços. 
- Consumidor: é o destinatário final do produto. 
MAS, o conceito de consumidor provoca conflitos. Há 2 teorias distintas para responder quem 
é consumidor. 
O código diz que é o destinatário final, mas, quem eu chamo de destinatário final? 
Dizemos que é destinatário final quem compra um produto ou serviço. Mas, há 2 teorias 
conflitantes. Todavia, hoje prevalece uma 3ª teoria: a teoria intermediária. 
*OBS.: O que revemos usá-la para sempre em se tratando de direito do consumidor. 
1. TEORIA FINALISTA - É destinatário final alguém que compra um produto ou serviço; 
 
2. TEORIA MAXIMALISTA – (... considera quase tudo como relação de consumo (semelhante 
ao 1º)); 
3. TEORISTA FINALISTA MITIGADA - É destinatário final aquele que, exclusivamente, 
compra o produto e não o utiliza a cadeia produtiva. 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Responsabilidade Civil, ministradas pelo Prof. Hamid 
Charaf Bdine Júnior, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 20 20 
 
Ex.: Lucas compra uma máquina de café expresso para usar na casa dele. Ele não utilizará essa 
máquina para fins produtivos, como p. ex; revender a máquina e nem em sua empresa. Se ele 
colocar na empresa para servir aos clientes OU se tornar revendedor de máquinas de café, ele 
estará inserido na cadeia produtiva. 
Suponhamos que ele use no seu trabalho (corretora de valores) para agradar a clientela, como 
parte integrante de uma atividade produtiva. 
- Para a teoria finalista não haveria relação de consumo. 
- Para a teoria maximalista (máximo uso do CDC) não é relação de consumo vender máquinas de 
café, mas diz: “se eu uso o produto e passo para a outra pessoa, eu não sou destinatário final”. 
Assim, se eu não fiquei com a máquina eu não sou destinatário final / consumidor. Mas essa 
teoria, no caso do Lucas usar a máquina na empresa dele ele é destinatário final. Se eu comprar 
um produto e deixar na minha empresa até ela estragar, eu sou destinatário final / consumidor. 
Portanto, perante o fabricante de máquinas eu posso invocar o CDC. 
 
Hoje não é adotado nem a teoria finalista, e nem a maximalista. Adotamos a teoria finalista 
mitigada. TODAVIA, o STJ entende que há situações em que aplicar essa teoria leva a injustiça 
flagrante. 
 
 
Ex.: Padaria da periferia que tem máquina de café expresso em que poucos compram por 
ser caro. Embora ele tenha comprado para revender e não a teoria finalista entende que 
ele não é consumidor/destinatário final, MAS diante da hipossuficiência do dono da 
padaria diante do vendedor da máquina de café expresso, entende-se que o dono da 
padaria precisa de uma proteção. Assim, vem a teoria finalista mitigada e diz: “não pode 
colocar na cadeia produtiva, mas se for o pequeno produtor / microempresário ele tem 
hipossuficiência” (pelo valor do contrato social, “jeitão” da empresa). Ou seja, ele não tem 
força para combater aquele fornecedor e por isso ele precisa de uma lei protetiva. 
 
 
Essa é a teoria finalista mitigada. Não se pode deixar de dar a proteção do CDC que, embora 
colocando o seu produto na cadeia produtiva, sejam fracos / vulneráveis. Portanto, hoje a teoria 
que se adota ao CDC é a teoria finalista mitigada. 
 
A quem se destina a regra do CDC? R.: Só aplica o CDC se houver uma relação de consumo. 
 
O art. 12, do CDC trata do fato do produto – que é o dano decorrente do produto defeituoso: 
 
Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço 
Art. 12, CDC. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o 
importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos 
danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, 
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
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seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua 
utilização e riscos. 
O fabricante responde pelos danos decorrentes do defeito do produto. 
931, CC x 12, CDC 
A 1ª diferença entre o 931, CC e o 12, CDC é que o 12 diz que quem responde pelo defeito do 
produto é o FABRICANTE e não quem coloca em circulação. E o que é defeito? R.: O CDC define 
no §1º do art. 12: 
§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente 
se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: 
Considera-se defeituoso o produto que não fornece o que o consumidor legitimamente 
esperava dele. 
 
 
Ex.: Você põe o celular para carregar e ele pega fogo (queima seu móvel; machuca 
alguém). É legítimo que você espere que você possa carregar o celular, pois sem carregar 
o celular não funciona. E ninguém espera que ele irá pegar fogo. Isso é um defeito do 
produto. O incêndio viola a expectativa de segurança. 
 
 
OBS. do art. 931, CC 
- Ele não usa a palavra defeito, MAS a doutrina e juris consideram, no 932, o defeito como uma 
qualidade intrínseca; como se estivesse escrito: “quem coloca em circulação o produto indeniza 
pelo defeito que ele tiver”. 
Já no art. 12, CDC se o produto tem defeito o FABRICANTE responderá. Ele não trata de qualquer 
um que colocar o produto em circulação como o 931. 
 
A outra figura dessa relação econômica – comerciante – só trata no art. 13, CDC: 
 
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, 
quando: 
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser 
identificados; 
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, 
construtor ou importador; 
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. 
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o 
direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação 
do evento danoso. 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Responsabilidade Civil, ministradas pelo Prof. Hamid 
Charaf Bdine Júnior, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
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Diz que o comerciante só indeniza se: 
i. O defeito decorrer de o comerciante não ter cuidado direito do produto; 
 
Ex.: comerciante mantém a carne numa temperatura inadequada daquela recomendada 
pelo fabricante. Vende o produto vencido. Há defeito, portanto, por atuação do 
comerciante. 
 
 
ii. Se vender o produto sem identificar o fabricante; 
 
Ex.: você vai no Mercado Municipal você compra milho e batatas. Aqueles produtos dão 
intoxicação alimentar provocando uma doença maléfica. Portanto, é defeito, ela não tem 
a segurança que se esperava do alimento. Você quer ingressar com uma ação de 
indenização contra o fabricante, mas o comerciante não identificou na embalagem do 
alimento o produtor rural. Ficando neste caso, portanto, responsável pelos danos. 
Neste caso o consumidor está autorizado a reclamar do defeito contra o comerciante. É 
isto que diz o art. 13, CDC. 
 
 
Fora isso, quem responde pelo defeito do produto é o fabricante. Ao contrário do Código Civil 
que NÃO faz essa distinção. O 931 trata de modo equivalente quem fabrica e quem comercializa. 
 
 
Ex.: você vai ao Carrefour e compra um brinquedo fabricadono interior do Acre - por um 
pequeno fabricante. A tinta do brinquedo provocou irritação na pele. O produto tem 
defeito? R.: SIM. Causou dano? R.: SIM. Você prefere entrar com a ação contra o Carrefour 
ou contra o pequeno fabricante do interior do Acre? R.: Contra o Carrefour. Mas o CDC 
não permite entrar com a ação contra o comerciante. Aí nesta hipótese você pode usar o 
art. 931 porque neste caso concreto o CDC é pior que o CC. 
 
 
Este exemplo mostra claramente a perplexidade que há no CDC. O CDC, que tem por objeto 
defender o consumidor, sendo que na prática é pior do que a regra do CC (pois o CC se aplica a 
todas as relações jurídicas e o CDC só protege o consumidor). O CC protege mais e melhor do 
que a própria regra do CDC. 
 
 Tem uma resposta muito fácil para isso – devemos aplicar a teoria do diálogo das fontes. 
Sempre houver dificuldades para saber qual lei utilizar no caso concreto, eles têm que 
necessariamente passar pela teoria do diálogo das fontes. Essa teoria diz que sempre que 
você tiver mais de uma lei para ser aplicada ao mesmo fato, para decidir qual lei aplicar, você 
deve se preocupar com a finalidade da lei. Analisar o porquê ela foi criada. 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
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 - Por que a CF/88 mandou fazer o CDC? R.: Para proteger o consumidor hipossuficiente. Mas 
se outra lei protege melhor, eu só atendo a finalidade da constituição se utilizar a outra lei. 
 
Art. 7°, CDC. Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de 
tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna 
ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem 
como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade. 
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão 
solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. 
O art. 7º, CDC diz que sem prejuízo do CDC, se eu tiver outra regra + benéfica ao consumidor, 
eu devo utilizá-la. Esse art. está se preocupando com a teoria do diálogo das fontes. 
 
O Hamid não viu ainda juris tratando do 931 em relação ao CDC, mas a doutrina tem discutido 
muito essa incidência. 
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
 
O art. 932 trata da responsabilidade de uma pessoa pelo ato praticado por outra: 
Art. 932, CC. São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua 
companhia; 
Quando o inc. I diz que deve estar sob sua autoridade, significa que ele tem poder familiar pelo 
filho menor. Todavia, não pode ter perdido este poder familiar (previsto no ECA) para ter 
autoridade sob o filho. 
Atualmente significa que não havendo os 2 requisitos (autoridade e companhia) não há 
obrigação de indenizar. 
Problemas: Existem alguns casos em que, embora o pai não tenha perdido a autoridade, a 
companhia se romeu. Se rompeu a ponto de não permitir que ele aja para evitar danos do filho 
menor de 18 anos. 
 
 
Ex.: Eu deixo minha filha de 5 anos na escolinha para a profa. cuidar. Neste caso, o pai 
dela, embora tenha autoridade, não está em companhia dela. Não dá para exigir do pai 
que ele evite que a menina pegue uma pedra no parquinho e machuque outra criança. 
Assim, a falta de companhia nesse ex. é obstáculo, e, portanto, ele NÃO indeniza. Deve 
ingressar com ação contra a escola. 
 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
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Charaf Bdine Júnior, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
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Mas pode ocorrer de que quem tem a guarda é a mãe e o pai visita no fds. 
 
 
Ex.: A criança comete um dano contra o Estado durante a semana na companhia da mãe, 
o pai deve responder? 
 
R.: - OAB deste ano – Não responde. 
 - O STJ, em seu último acórdão disse que não responde. 
 - Mas, o Hamid tem dúvida, pois há uns 3 anos teve um acórdão dizendo que 
respondia. Assim, esse assunto diverge na doutrina e jurisprudência. 
 - HOJE, prevalece o entendimento de que o pai não responde. 
 
 
 
Ex.: adolescente de 15 anos que sai sozinho e comete dano. Quem responde? R.: 
Responde objetivamente a pessoa sob quem o filho devia estar em companhia. 
 
 
Tanto é que na grande maioria das vezes o dano ocorre quando a criança não está com o pai. 
 
O que vai nos ajudar é a lógica no caso concreto. 
 
 
Ex.: criança leva faca/arma de casa e feri outra criança. Neste caso a escola e o pai 
indenizam. O pai responde, pois, o ato praticado pela criança está ligado a um fenômeno 
que ocorreu quando estava na companhia do pai. Não era para a criança levar a faca/arma 
para escola. A escola paga a vítima e o pai da criança indeniza a escola. A responsabilidade 
é solidária. Responderá objetivamente e provar que não teve culpa é irrelevante. Isto para 
o caso de escola particular (dever de guarda remunerada que deve evitar lesão), se for 
escola pública é a hipótese do art. 37, § 6º, CF pelas quais o Estado responde 
objetivamente. 
 
 
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
 
RESPONSABILIDADE DO PAI PELO ATO DO FILHO MENOR EMANCIPADO 
Na hipótese de menor emancipado causar dano o pai tem dever de responder? 
Art. 5º, CC define emancipação é reconhecer juridicamente que uma pessoa que é menor de 18 
anos vai ser tratada como maior de 18 anos. 
Há 2 maneiras de emancipação: a VOLUNTÁRIA e a LEGAL. 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
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 LEGAL: ninguém precisa emancipar aquele adolescente, basta que ocorre um 
determinado fato que a lei ache relevante para que ocorra a emancipação 
automaticamente. 
- O código prevê pode casar ou a partir dos 16 anos (idade núbio) ou antes dos 16 com 
autorização judicial. Nos 2 casos ocorre a emancipação automática. Há casos em que a 
lei exige 16 anos. 
 
 VOLUNTÁRIA: é a emancipação decorrente da vontade dos pais para os filhos <18 e >16 
necessariamente. 
 
R.: Na hipótese de menor emancipado LEGALMENTE, eu devo considera-lo maior para todos os 
fins. Assim, ele responderá pelos atos que pratica. Mas, quando se trata da emancipação 
VOLUNTÁRIA, a doutrina abre um debate: 
1) 1ª corrente: a lei autoriza o pai emancipar. Emancipar é ato legal. Se ele emancipou e é 
ato legal, o adolescente não é mais menor. Se ele é maior, ele responde pelos atos 
praticados. 
 
2) 2ª corrente: diz que a emancipação se destina a permitir que o filho menor pratique 
atos, negócios jurídicos com fins de relações contratuais – ele foi emancipado para 
praticar atos lícitos sem assistência do pai e não para praticar ato ilícito. Portanto, se ele 
causa um dano, o pai continua responsável. 
 
3) 3ª corrente (intermediária): diz que se a emancipação foi dada sem que o pai tivesse 
razão para desconfiar do comportamento do filho (ele nunca deu problema, não tem 
atos de dano, rebeldia) essa emancipação foi juridicamente correta. E se o menino 
mudar de comportamento e começar a causar dano ele não responde. MAS, se o 
menino deu problema a vida inteira e o pai emancipa. Se conseguir provar que não era 
o caso de emanciparporque o passado dele indicava que ele não tinha maturidade para 
ser emancipado o pai responde pelos atos dele. É como se a lei desconsiderasse a 
emancipação. 
 
Encontraremos na doutrina quem defenda as 3 correntes, mas para o Hamid 3ª corrente 
intermediária é a mais razoável. 
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
 
RESPONSABILIDADE PELO INCAPAZ 
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas 
condições; 
É a responsabilidade pelo relativamente ou absolutamente incapaz de compreender. De ter 
discernimento. 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
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Essa explicação passou a sofrer uma certa dificuldade diante do fato de termos o Estatuto dos 
Portadores de Deficiência e mudou o tratamento da incapacidade. Hoje o absolutamente e 
relativamente incapaz é só o <16 anos. 
Não há mais incapacidade absoluta para o portador de deficiência mental. Na verdade, a 
questão continua sendo a mesma, pois na regra da curatela o Estatuto mudou o dispositivo para 
dizer: poderão ser interditados pródigos, e os que não tiverem condições de manifestarem sua 
vontade. 
Para o Hamid, quem não tem condições de manifestar sua vontade, continua sendo incapaz. 
Não se chama mais de incapaz, mas ele é curatelado e chega no mesmo resultado. 
O art. 932 não fala em incapaz, ele fala em curador. Pois alguém que não tem discernimento 
nenhum é curatelado. Portanto, amental continua sendo tratado como incapaz, continua sendo 
curatelado e o curador dele tem a obrigação de pagar o prejuízo que ele provocar. 
Como alguém se torna curador de outra pessoa? R.: No processo de curatela (anteriormente 
chamado de interdição) o juiz verifica qual é a condição de desenvolvimento mental daquela 
pessoa e verifica que o desenvolvimento mental é insuficiente e nomeia alguém para cuidar 
dela. Esse alguém é o curador. O juiz manda fazer um laudo, nomeia o curador e a partir dali o 
curador é responsável por ele. 
Assim, se ele pratica ato ilícito, o curador responderá nas mesmas condições que o filho incapaz. 
Deve estar nas condições de curador. 
E se o sujeito tem irmão, pai e filho <18 anos, mas não tem desenvolvimento mental incompleto. 
Mas ele não entra com ação de curatela. Se omite. Neste caso, a doutrina e juris entendem que 
quem não é curador porque se omitiu do dever de entrar com o processo de curatela, indeniza 
como se fosse curador legalmente constituído. 
 
=========================== 06/03 ======================== 
RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR PELOS EMPREGADOS 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no 
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; 
 
Ex.: sujeito está trabalhando com o carro da empresa e causa um dano o empregador 
responde. 
 
 
Mas essa expressão “em razão do trabalho” amplia as possibilidades de responsabilidade do 
empregador. 
 
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Hipóteses em que o empregador indeniza 
 
1. o empregado trabalha numa empresa de segurança. Ele tem arma. Vai para casa com 
ela, para do bar, arruma uma briga e mata alguém com a arma. A juris manda a empresa 
pagar pelo assassinato, pois ele tinha a arma em razão da relação de emprego. 
 
2. sujeito tem carro da empresa e vai para casa com o carro no fds. Atropela alguém. 
 
3. Acórdão antigo e dificilmente hoje ele seria dado; Hamid não concorda – acha que há 
um ato criminoso e não ato em decorrência do emprego. Funcionário convida amigos para 
irem na empresa pegar o carro para sair. Ele arrebentou o portão, sai com o carro da 
empresa e atropela e mata uma pessoa. O acórdão manda indenizar o atropelamento, 
dizendo: se ele não fosse empregado ele não teria como ter acesso. 
 
 
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
 
Quem hospeda por dinheiro, indeniza pelos danos causados por seus hóspedes. 
 
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue 
por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; 
Ele não vai aprofundar, pois esse inciso é de muito pouca utilidade já que a proteção é muito 
mais fácil ser obtida no CDC (relação de consumo). 
Essa regra não foi revogada, mas ela deixou de ter a utilidade que já teve por causa do CDC (diz 
o CDC: “se eu tiver um serviço defeituoso, eu tenho que pagar os prejuízos que meu serviço 
causa”). 
 
 
 
Ex.: hóspede furta bens do quarto vizinho. 
 
 
 
Ex.: hóspede danifica o carro de outro hóspede. 
 
 
O hotel indeniza e tem direito de regresso contra o hóspede causador do dano (pode ser que ele 
não identifique o hóspede causador do dano). 
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
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Essa é uma norma heterotrófica, ou seja, regra fora de lugar. 
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a 
concorrente quantia. 
A art. diz que quem recebe o produto de crime gratuitamente fica obrigado a devolver aquilo 
que recebeu ou o valor daquilo que recebeu. 
 
- Esta regra não se aplica aos casos em que quem recebeu o bem cometeu o crime. Se quem 
recebeu o bem é criminoso essa regra não se aplica. Ou seja, quem recebe o produto de crime 
pode ter praticado receptação dolosa ou culposa. Quem age com dolo ou culpa na 
responsabilidade civil ESTÁ NA RESP. SUBJETIVA. Art. 186, CC: 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, 
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Se ele tivesse praticado o crime de receptação ele teria que pagar o prejuízo integral da vítima. 
Assim, quando eu tenho alguém que praticou um crime eu não me preocupo com esse inciso. 
Eu vou na regra geral do 186, CC. 
 
 
Ex.: alguém furta máquina de uma empresa e eu, sabendo que a máquina é furtada, 
compro. Pratico um crime. Ao cometer um crime eu participei do prejuízo da vítima. Qual 
é o prejuízo da vítima? R.: É o valor da máquina + lucros cessantes, pois essa máquina 
vinha sendo usada numa atividade que foi interrompida. 
 
 
O lucro cessante não está previsto no inc. V. Por quê? R.: Porque neste caso do inc. V não há 
prática de crime/receptação. Ele não sabia e nem podia saber que o produto era fruto de roubo. 
 
 
Ex.: seu melhor amigo comercializa máquinas de que você tanto precisa. Você acha que 
ele atua de maneira lícita. Ele, sabendo que você precisava das máquinas, te deu uma e 
você de boa-fé recebe o bem e não paga. MAS, seu amigo tinha roubada a máquina. Você 
não comete crime nenhum (nem receptação culposa). A vítima descobriu que a máquina 
estava com você porque foi um dia em sua loja. Você só deve devolver a máquina para a 
vítima, mas não precisa pagar os lucros cessantes, já que não fez nada de errado. 
 
Essa é uma hipótese de indenização por resp. civil? R.: NÃO, pois não estão presentes os 
4 requisitos:dano OK / fato OK / nexo de causalidade OK / culpa NÃO. 
 
Aqui é hipótese de enriquecimento sem causa e NÃO responsabilidade civil. 
 
 
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
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O art. 933 diz que as pessoas do 932 tem responsabilidade OBJETIVA. Ou seja, respondem 
mesmo que não tenha tido culpa pelo ato do filho, do incapaz ou do empregado. Mas o filho, o 
incapaz e o empregado tem que ter culpa. 
Art. 933, CC. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que 
não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. 
Há 2 coisas para examinar e, portanto, 2 responsabilidades: 
1. O comportamento de quem causa diretamente o dano. 
2. O comportamento de quem vai responder por essa pessoa. 
 
A resp. daquele que causa o dano direto (incapaz, empregado, hóspede, ladrão) é SUBJETIVA. 
Tem que ter agido com dolo ou culpa. 
 
 
Ex.: o empregado tem que ter agido culposamente. Se ele está andando com o carro da 
empresa e alguém cruza a preferencial, ele não tem culpa e a empresa indeniza. 
 
 
O art. 933 diz é que aquele que indeniza (pai, empregador, etc.) pelo ato do outro tem resp. 
OBJETIVA, já que a presunção é absoluta. Ou seja, não se discute a culpa do empregador, só do 
empregado e assim sucessivamente. 
 
MAS, o incapaz não tem culpa, pois não consegue discernir. O 932 diz que curador, pai, ou tutor 
só responde se o incapaz tiver culpa. 
 Só tem culpa quem prevê. Só prevê quem tem discernimento. O incapaz não tem 
discernimento, logo ele não prevê. MAS, se eu disser a você que o curador responde 
pelo dano causado pelo incapaz, mesmo que incapaz não tenha culpa, você terá que 
explicar porque o incapaz que merece proteção independentemente dele ter culpa e o 
capaz que pode prever só indeniza se tiver culpa. NÃO TERIA LÓGICA. 
 
Então, como fazer para responder se o pai/tutor/curador indenizam pelo ato do 
incapaz? R.: Sim, desde que quando você compara o ato praticado pelo incapaz com o 
ato de uma pessoa capaz praticaria, você conclui que ele é culposo. Você compara 
ficticiamente o que o incapaz fez com aquela mesma atitude praticada pela pessoa 
capaz. Se ele fosse capaz, seria culposo? R.: Se sim, o responsável por ele indeniza. Se 
não, ninguém indeniza. 
 
 
Ex.: Um curatelado pega o carro, cruza o sinal vermelho e provoca um acidente. 
Coloque no lugar do curatelado uma pessoa capaz. Se ele cruza o pátio e bate em 
 
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Alguém, seria culposo o ato? Se sim, é como se o incapaz tivesse agido com culpa 
e seu curador dele indenizar. Se não, o curador não indeniza. 
 
Ex.: O incapaz estava andando na preferencial, vem um carro, cruza a preferencial 
e bate nele. Se ele fosse capaz, ele teria que indenizar? R.: Não. Então, o incapaz 
também não. 
 
 
Essas podem não ter patrimônio para pagar o prejuízo do incapaz, ou podem não ter 
responsabilidade pelo dano causado pelo incapaz. 
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
 
Existem hipóteses em que os pais não respondem pelos filhos incapazes? R.: Sim. Quando o filho 
não estiver na companhia dele OU quando o patrimônio do responsável não é suficiente para 
pagar a indenização. A vítima pode pedir diretamente para o incapaz. 
 
Art. 928, CC. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele 
responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. 
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa 
(equidade: possibilidade de o juiz diminuir no caso concreto a aplicação do rigor da lei), não 
terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem. 
 
Ex.: Eu sou incapaz. Sou empresária e tenho patrimônio. E o meu curador é meu filho que 
não tem patrimônio. Se eu cometo um dano, quem responde é meu filho (932, II). Como 
ele não tem patrimônio, a vítima deve entrar com uma ação contra mim, pois eu tenho 
patrimônio. Hipótese prevista no 928, CC. 
 
 
 
Ex.: Eu sou incapaz. Sou empresária e tenho patrimônio. E o meu curador é meu filho que 
não tem patrimônio. Eu estou numa clínica que cuida de mim e causo dano. Não estou na 
companhia do meu filho e por isso ele não tem o dever de indenizar, mas sim a clínica. 
Outra hipótese do art. 928. Mas pode entrar com a ação contra mim também. 
 
 
O art. 928, portanto, tem uma hipótese de responsabilidade do incapaz de natureza SUPLETIVA 
/ SUBSIDIÁRIA e MITIGADA (de forma menor que as pessoas capazes respondem). Só posso ir 
ao patrimônio do incapaz se eu estiver em uma dessas 2 hipóteses (não tem resp. OU não tem 
patrimônio), caso contrário deverá receber do responsável. 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 8º Semestre 
 
 
 
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*OBS.: o novo CC entrou em vigor em 11/jan./2003, e antes disse não era possível pedir 
indenização ao incapaz. De forma alguma. 
 
EQUIDADE - possibilidade de o juiz diminuir no caso concreto a aplicação do rigor da lei. Isso 
significa que se o prejuízo for de 100 mil e o incapaz tem um patrimônio de 200, ele paga 70/50 
mil. É um número que não tem como prever, só examinando o caso concreto. Se o incapaz é 
milionário, você manda ele pagar tudo. Se ele é muito pobre, ele não paga nada. Ele tiver uma 
renda pequena de aluguel o juiz pode resolver não tirar o imóvel dele. 
 
=========================== 13/03 ======================== 
Art. 934, CC. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que 
houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, 
absoluta ou relativamente incapaz. 
O art. 934 reconhece o direito das pessoas que estão no 932 agirem em regresso contra o 
causador direto do dano. Ou seja, o empregador indeniza porque o empregado dele causou 
dano a alguém e depois que ele pagar o dano da ação ele se volta numa ação de regresso contra 
o empregado. 
 
Todas as hipóteses do 932 estão, em tese, abrangidas pela afirmação anterior – quem paga pode 
usar a ação de regresso. 
 
Vimos que art. 932, V trata da resp. de uma pessoa que de boa-fé e gratuitamente recebe um 
produto de crime. A pessoa tem que devolver o produto do crime > neste caso o CC diz que pode 
haver cobrança de regresso. Quem seriam as pessoas que, em tese, poderiam usar essa ação? 
R.: São as pessoas que receberam o bem gratuitamente. 
 
 
Ex.: alguém furtou um bem. Me deu de presente. Eu não tinha como saber que era fruto 
de roubo. Tenho que devolver à vítima. Pela regra do 934, CC, eu poderia me valer da 
ação de regresso e cobrar o mesmo valor da pessoa que me deu o presente. MAS, isso 
não faz sentido cobrar por um presente que me foi dado. Por isso, nesta hipótese não 
cabe ação de regresso. 
 
 
O art. diz que as pessoas do 932 estão autorizadas a cobrar na via de regresso. E o art. 934 diz: 
“com exceção do ascendente que não pode usar a ação regressiva contra o descendente”. Essa 
hipótese é só na hipótese que ele responde por filho incapaz. 
 
Vimos que o pai indeniza

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