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CADERNO F. R. Empresas (COMPLETO) 1

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FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
1 
Profa.: CINIRA MELO / E-mail: ciniramelo@hotmail.com 
Atividade: 24/03 
P1: 30/03 
Atividade: 12/05 
P2: 19/05 
 
BIBLIOGRAFIA 
Manoel Justino – Lei de Falências Comentada 
 
Fábio Ulhoa Coelho – Falência e Recuperação de Empresa 
 
 
=========================== 09/02 ======================== 
* Aula já tinha iniciado quando cheguei 
PANORAMA GERAL DA FALÊNCIA 
(...) se o empresário individual falir, ele vai falir por completo. Tanto os bens que compõem a 
atividade como os bens particulares serão expropriados na falência. 
Por isso é um erro pensarmos que a falência é um fenômeno privativo de pessoa jurídica. Não. 
O empresário individual é pessoa física e pode falir. É a única hipótese. Assim a pessoa física 
pode falir e pedir recuperação? R.: Sim. Só na hipótese de empresário individual. 
Pessoa jurídica que não pode falir: Associação, Cooperativa / Sociedade de Advogados 
(Sociedade Simples). 
Pode falir aquele que exerce atividade empresarial: empresário individual, EIRELI (se exercer 
atividade empresarial) ou sociedade empresária. 
Ordem da falência: empregados, credores, quirografários etc. (conforme a ordem de 
importância do crédito). 
O Estado toma para si essa função para não haver fraude >> para garantir o cumprimento desse 
princípio da preservação da empresa. 
Objetivo: interesse público por trás da falência, que o interesse dos credores. 
A falência é uma modalidade de execução concursal que objetiva a expropriação do 
patrimônio de alguém que exerce a atividade empresarial, empresário individual e a 
sociedade para a satisfação dos credores. 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
2 
Não existe falência extrajudicial. Ela depende de sentença, caso contrário não haverá sentença. 
Processo de falência são os atos processuais. 
A falência é o fim da atividade empresarial. Todavia, existe a possibilidade de o empresário falido 
voltar a exercer a atividade se ele conseguir se reabilitar (pagamento dos credores e decurso do 
prazo). 
O objetivo da lei atual é preservar a empresa. Conceito técnico de empresa: atividade. A 
sociedade empresária exerce uma atividade, essa atividade é empresa. 
Quando se fala em preservar a empresa quer-se preservar a atividade (função social da empresa: 
gera emprego, crescimento econômico). 
A recuperação é sempre anterior a falência. Ela é obrigatória? R.: Não. 
90% dos casos o credor é que pede a falência. A recuperação é sempre apresentada pelo 
devedor. 
Tem natureza constitutiva. 
O processo de recuperação é dividido em 2 procedimentos: 
a) Recuperação Judicial 
b) Recuperação Extrajudicial: homologação de acordo. 
**É sempre requerida pelo devedor. 
 
=========================== 10/02 ======================== 
1. Código Comercial de 1850 
2. Dec. Lei n. 7.661/45 
3. Lei n. 11.101/05 
4. Evolução da Falência 
 
Aspectos Históricos 
A primeira legislação brasileira a falar sobre falência – na época denominada de concordata – 
foi o Código Comercial de 1850. 
O Código Comercial tinha 3 partes: (i) Comércio em geral; (ii) Comércio Marítimo e (iii) Das 
Quebras. 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
3 
(i) Comércio em geral: foi revogada pelo Código Civil de 2002. O Brasil deixou de adotar a teoria 
dos atos do comércio (origem francesa) e passou a adotar a teoria da empresa (origem 
italiana). 
 
(ii) Comércio Marítimo (ainda está em vigor): não estudamos na faculdade. 
 
(iii) Das Quebras: sofreu alteração ao longo dos anos até que foi revogada em 1945. Na versão 
original, ela falava da concordata e da falência. 
 
O processo de falência melhorou com os anos, mas nunca mudou ou teve uma revolução. O 
processo de falência sempre teve a ideia de liquidação do patrimônio para pagamento dos 
credores. O que mudou foi a forma de pagamento aos credores. A grande alteração com o 
decorrer dos anos foi a concordata. 
 
Quando o código entrou em vigor só existia um tipo de concordata: a concordata suspensiva / 
moratória. NA concordata suspensiva o devedor podia pedi-la se a sua falência tivesse sido 
decretada. Portanto, a concordata servia para suspender a falência. 
 
O que era a concordata funcionava da seguinte maneira: 
 
 
Ex.: Eu sou comerciante e o juiz decretou a minha falência. Eu posso juntar um dinheiro, 
procurar o judiciário e pedir ao judiciário para que os credores me deem uma moratória, 
ou seja, para que os credores me deem um prazo para pagar. 
 
 
A ideia de concordata era o de acordo. O juiz deferia a concordata e convocava uma Assembleia 
para realizar o acordo. Se o devedor conseguisse fazer o acordo a falência ficava suspensa e o 
devedor voltava a trabalhar. 
 
Assim, era um acordo celebrado no judiciário. Muito parecido com o que é hoje, mas de forma 
simples porque hoje é muito mais complexo / perfeito. 
 
 1ª reforma do Código Comercial em 1908 - criação da concordata preventiva. 
 
A concordata preventiva tinha a função de evitar a falência. Assim, o devedor pedia a concordata 
antes de falir. O devedor procurava os Tribunais do Comércio para fazer o pedido de concordata. 
 
E também se admitia 2 modalidades de concordata: 
1) Concordata judicial 
2) Concordata extrajudicial: o devedor fazia o acordo fora do judiciário e levava para 
homologar. 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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Portanto, na vigência do Código Comercial tínhamos: 
a) Concordata suspensiva (ideia de acordo de natureza contratual) 
b) Concordata preventiva (ideia de prevenção) 
c) Concordata judicial 
d) Concordata extrajudicial 
 
A crítica feita a esse sistema era muito aberto e o Estado não intervinha ficando tudo na mão 
dos devedores. 
 O devedor reclamava que os credores se união contra ele, porque se era acordo e os credores 
se unissem não conseguiam aprovar; 
 Os credores reclamavam que o devedor se unia com alguns credores. 
 
Por conta disso, tivemos uma mudança radical. Getúlio encomendou um projeto de lei para 
alterar a lei de falências. Ele queria acabar com a concordata de acordo, porque ele entendia 
que havia manipulação. 
 
E ele manteve o conceito de concordata; a falência continuou a mesma ideia, mas a concordata 
passou a ser chamada de favor legal. Essa foi a mudança principal. 
 
Favor legal: o deferimento da concordata não dependia mais da vontade dos credores. Então, o 
Decreto 7661/45 trazia uma lista de requisitos/documentos que o devedor devia apresentar. Se 
o devedor apresentasse aqueles documentos o juiz deferia a concordata, ou seja, o deferimento 
da concordata não dependia mais da vontade do credor. Por isso que a doutrina passou a 
chamar de favor legal. 
 
Foi esse sistema fechado que acabou com a concordata no Brasil. 
 
É importante sabermos como funcionada: a concordata não tinha acordo; era um favor legal. A 
concordata só podia ser judicial. A concordata extrajudicial passa a ser considerada ato de 
falência. 
 
No Brasil, hoje para o juiz decretar a falênciade alguém não há necessidade da prova da 
insolvência econômica. Na verdade, nunca houve necessidade. A falência no Brasil sempre foi 
definida pela prática de atos. Ex.: o protesto de título presume falência. Ou seja, são condutas 
que presumem o estado falimentar caso contrário ninguém conseguiria decretar falência. 
 
Portanto, o legislador, desde o Código Comercia, sempre presumiu a falência. Então, ele elenca 
uma série de atos/condutas. Se o devedor pratica uma delas significa que ele está em estado 
falimentar. Claro que ele terá a possibilidade de se defender e ter meios para pagar, mas se ele 
não fizer nada será decretado a falência. 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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Então, em 1945 se cria um novo ato de falência: realizar concordata extrajudicial. Ou seja, o 
devedor fica proibido de convocar os credores. Ele pode procurar individualmente, mas não 
convocá-los, porque se entendia que essa convocação era início de fraude. 
 
Saímos de uma ideia de negociação para uma ideia de atuação do Estado. O Estado começa a 
atuar intervindo diretamente na concordata. 
 
Quando o devedor procurava os credores extrajudicialmente se dizia que o devedor estava 
tentando uma concordata branca. Ou seja, a concordata extrajudicial não era permitida a partir 
de 1945. Só era permitida a concordata judicial. 
 
Se o devedor pedisse concordata, o que ocorria? R.: Ele ganhava um prazo para pagar os 
credores. 
 Na concordata preventiva o prazo máximo para pagamento dos credores era de 2 anos. 
 Na concordata suspensiva o prazo máximo para pagamento era 30 dias. 
 
Os credores atingidos pela concordata eram somente os quirografários. Os quirografários são 
aqueles que têm garantia real = são os fornecedores de matéria prima. Por quê? Porque os 
bancos normalmente não fornecem crédito, então banco ou é credor com garantia real ou é 
credor de alienação fiduciária. O banco nunca vai conceder crédito sem garantia. O fisco sempre 
esteve fora da recuperação e da falência; os credores trabalhistas também podiam continuar 
cobrando os seus créditos. Quem cobrava? R.: Os quirografários (que não tinham garantia). 
 
Todavia, a em razão do prazo curto para ser cumprido a concordata passou a ser ineficaz. Além 
do mais, só pagar os credores quirografários não era suficiente. Havia a obrigação de pagar os 
créditos trabalhistas, o fisco entre outros. 
 
Por isso, em 1993 foi apresentado um projeto de lei para criar uma nova lei de falências. O 
projeto de lei tramitou de 1993 a 2005. 
 
- Lei n. 11.101/2005 
Ordem para receber: 
1. Trabalhista; 
2. Credores com garantia real (bancos): se o banco não tiver um tratamento privilegiado 
ele não concede crédito e a política do governo lula era conceder crédito para 
fomentar a economia; 
3. Estado (fisco). 
 
O que esse projeto de lei trouxe? 
 Acabou com a concordata; 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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 Criou os procedimentos de recuperação de empresa: judicial e extrajudicial (admite-se 
de novo que o devedor procure seus credores extrajudicialmente, embora não tenha 
pegado na vida real porque os credores não facilitam); 
 
 Recuperação judicial: é o devedor que apresenta; tem natureza contratual (não há favor 
legal) – devedor procura seus credores e o devedor apresenta um plano de recuperação 
que suspende as obrigações enquanto ele é negociado; 
 
 Outro ponto importante: a lei não trouxe prazo para pagamento dos credores, salvo 
para os credores trabalhistas que é de 1 ano. Os demais credores não sabem quando 
vão receber (vida real: 10 a 30 anos); 
 
 Não sendo aprovado o plano de recuperação decreta-se a falência; 
 
 Falência: 
(i) Principal mudança: até 2005 qualquer credor podia pedia falência em título de 
qualquer valor. Assim, com a lei se estabeleceu um limite: só pode pedir falência hoje 
se o título for superior a 40 salários mínimos = R$ 37.500,00. 
 
(ii) O síndico era o administrador do patrimônio, na lei antiga ele era o maior credor ou 
aquele que requereu a falência. Na lei atual o administrador judicial é um profissional 
(grandes consultorias; grandes escritórios). 
 
(iii) Questão de sucessão: Hoje quem adquiri os bens do falido não responde pelas 
suas obrigações. 
 
(iv) O síndico só podia vender os bens do falido depois de consolidado o quadro geral 
de credores (demorava em torno de 5 anos). Hoje, avaliado os bens pode iniciar a 
venda. 
 
=========================== 16/02 ======================== 
Lei n. 11.101/05 
DEVEDOR SUJEITO A FALÊNCIA E A RECUPERAÇÃO 
1. Sujeitos (arts. 1° - 199) 
2. Excluídos (art. 2°) 
3. Foro e juízo (art. 3°) 
4. Lei n. 11.105/05 
a) Disposições preliminares (arts. 1° - 3°) 
a. 1) Devedor 
a. 2) Competência 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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b) Disposições comuns (arts. 5° - 46) 
b. 1) Verificação de créditos 
b. 2) Administração judicial 
b. 3) Assembleia e comitê de credores 
c) Recuperação Judicial (arts. 47 - 74) 
d) Falência (arts. 75 - 160) 
e) Recuperação Extrajudicial (arts. 161 - 168) 
f) Crimes falimentares 
g) Disposições finais 
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
Explicação 
A Lei n. 11.101/05 regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da 
sociedade empresária. 
 
Tudo que for dito até o art. 46 se aplica tanto a recuperação quanto a falência. 
 
Lei n. 11.105/05 
a) Disposições preliminares (arts. 1° - 3°) 
a. 1) Devedor 
Quem pode pedir recuperação judicial e quem pode falir? 
R.: Quem pede recuperação é sempre o devedor. No caso da falência é diferente, ela pode até 
ser requerida pelo próprio devedor embora não seja muito comum – é denominada 
autofalência. Mas, a falência também pode ser requerida por outra parte (a hipótese mais 
comum é do credor pedir a falência do devedor). 
 
Assim, na recuperação o devedor é sempre o autor. Na falência o devedor pode ser autor ou 
réu. Mas o falido é o devedor, por isso que se fala: “o devedor tem direito a falência”. 
 
Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a 
falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como 
devedor. 
Relembrando: o empresário é o empresário individual, ou seja, é a pessoa física que pode falir. 
Já a sociedade empresária significa os tipos societários que são registrados na Junta Comercial 
(SP - JUCESP) – sociedade empresária é a pessoa jurídica constituída por dois ou mais sócios que 
exercem atividade empresarial, ou seja, registradas na Junta Comercial (SP - JUCESP). 
 
Nós temos sociedades que não são empresárias? R.: Sim. Elas não estão sujeitas a recuperação 
e a falência porque não constituem elemento de empresa. 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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 Sociedade simples: são aquelas que exercem profissão intelectual (ex. sociedade de 
advogados) artista ou científica;e 
 Cooperativas de trabalho. 
 
Aquele que exerce sua profissão não é empresário. Ex.: uma sociedade de médicos, advogados, 
engenheiros, contadores >> não busca o exercício de uma atividade empresarial, mas sim da 
profissão e por isso ela não é empresarial. Nem toda a atividade econômica é empresarial. Como 
também a associação, fundação, organização religiosa, partido político não tem fins econômicos 
ou lucrativos. 
 
Na verdade, só há 2 diferenças entre a sociedade simples e a sociedade empresária: a questão 
do registro e a sujeição ou não ao processo falimentar. 
 
A sociedade simples não é empresária porque exerce atividade intelectual. E por que a 
cooperativa não é empresarial? R.: Porque os cooperados também vão exercer sua atividade 
profissional (ex. cooperativa de auxiliar de enfermagem – atendem serviços de home care >> 
essa cooperativa organiza um grupo de auxiliar de enfermagem e exercem sua profissão 
recebendo da cooperativa; cooperativa de taxistas etc.). 
 
As sociedades simples, embora seja sociedade, não estão sujeitas a falência e a recuperação. 
Vejamos o art. 2º: 
 
Art. 2o Esta Lei não se aplica a: 
I – empresa pública e sociedade de economia mista; 
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, 
entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à 
saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente 
equiparadas às anteriores. 
A cooperativa de crédito não é a cooperativa referida acima. A cooperativa de crédito é 
modalidade de instituição financeira. Ela é sociedade empresária. 
 
A associação, fundação, organização religiosa, partido político são pessoas jurídicas de direito 
privado e também não estão sujeitas a recuperação e a falência porque não tem fins 
econômicos. 
 
A EIRELI não está inserida expressamente na lei 11.101/05, mas está sim sujeita a recuperação 
e a falência se ela tiver natureza empresarial, pois os cartórios começaram a criar a possibilidade 
de pessoas que não são empresárias fazer o registro de EIRLI de natureza civil porque não tem 
conexão legal. Ex.: o médico se registra como EIRELI de natureza civil não estará sujeita a 
recuperação. Assim, a EIRELI tem que comprovar o registro na Junta Comercial, caso contrário 
não estará sujeita a recuperação e a falência. 
 
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Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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Desde 2016 existe a Sociedade Unipessoal de Advogados criado pela OAB. É uma pessoa jurídica 
registrada na OAB como sociedade de advogados. Também não está sujeita a recuperação, pois 
não tem natureza empresarial. 
 
A SPE (Sociedade de Propósito Específico) está sujeita? R.: SIM, pois ela é uma limitada ou S.A. 
A diferença é que ela tem prazo determinado. 
 
As concessionárias também estão. Se a concessionária falir, o contrato de concessão se 
extingue. Já nos casos dos consórcios não estão sujeitos quem pede recuperação é a empresa 
líder. 
 
As holdings também estão sujeitas a recuperação e a falência. Elas são criadas ou para 
administrar patrimônio ou para ser a “mãe” de outra sociedade. A holding é uma limitada ou 
s.a. que possui finalidade específica. 
 
O art. 198 diz que todos aqueles que estavam proibidos de requerer concordata da vigência do 
Decreto 7661/45 estão proibidos de requerer recuperação. 
 
Então, se havia no Decreto 7661/45 ou em legislação especial que dizendo que aquele tipo de 
sociedade não poderia pedir concordata, ao invés do legislador mudar cada uma das leis ele 
colocou o dispositivo transitório do 198 dizendo: 
 
Art. 198. Os devedores proibidos de requerer concordata nos termos da legislação 
específica em vigor na data da publicação desta Lei ficam proibidos de requerer recuperação 
judicial ou extrajudicial nos termos desta Lei. 
 
Assim, vamos ver que os bancos, seguradoras não podem requerer recuperação. 
 
O art. 199 traz uma situação especial e que em 2005 foi inédito no Brasil: a situação das 
companhias aéreas: 
 
Art. 199. Não se aplica o disposto no art. 198 desta Lei às sociedades a que se refere 
o art. 187 da Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986. 
 
Parágrafo único. Na recuperação judicial e na falência das sociedades de que trata o 
caput deste artigo, em nenhuma hipótese ficará suspenso o exercício de direitos derivados 
de contratos de arrendamento mercantil de aeronaves ou de suas partes. 
§ 1o Na recuperação judicial e na falência das sociedades de que trata o caput deste 
artigo, em nenhuma hipótese ficará suspenso o exercício de direitos derivados de contratos 
de locação, arrendamento mercantil ou de qualquer outra modalidade de arrendamento 
de aeronaves ou de suas partes. 
 
§ 2o Os créditos decorrentes dos contratos mencionados no § 1o deste artigo não se 
submeterão aos efeitos da recuperação judicial ou extrajudicial, prevalecendo os direitos 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, não se lhes aplicando a ressalva 
contida na parte final do § 3o do art. 49 desta Lei. 
 
§ 3o Na hipótese de falência das sociedades de que trata o caput deste artigo, 
prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa relativos a contratos de locação, de 
arrendamento mercantil ou de qualquer outra modalidade de arrendamento de aeronaves 
ou de suas partes. 
 
Assim, o art. 199 permitiu que a companhia aérea de sujeitasse a recuperação e a falência. Isso 
aconteceu especificamente por conta da Varig posteriormente Vasp. A Transbrasil está em 
recuperação até hoje. 
 
O art. 2° não se refere a sociedade simples, pois ele só prevê os tipos que exercem atividade 
empresarial (que possuem natureza empresarial). 
 
O art. 2° é dividido em dois incisos: 
 
Art. 2o Esta Lei não se aplica a: 
I – empresa pública e sociedade de economia mista; 
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, 
entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à 
saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente 
equiparadas às anteriores. 
O prof. Fábio Ulhoa usa a seguinte classificação: 
a. Absolutamente excluídos (inc. I) 
Empresa pública e sociedade de economia mista. A empresa pública possui natureza de pessoa 
jurídica de direito privado, participa com a integralidade do capital social. Já na sociedade de 
economia mista ele tem a maioria do capital social. Ambas exercem atividade empresarial, mas 
o Estado participa. 
 
b. Relativamente excluídos (inc. II) 
Instituição financeira e cooperativa de crédito exercem a atividade empresarial, e, em regra, não 
estão sujeitas a recuperação e a falência. Mas por que em regra não? R.: Nós temos uma lei que 
regula a liquidação extrajudicial e a intervenção das instituições financeiras – é a Lei 6.024/74. 
As instituições financeiras são sociedades anônimas ou cooperativa de crédito, ou seja, tem 
natureza empresarial, exercem atividade empresarial administrativa, mas são fiscalizadas pelo 
banco central. Então, se uma instituição financeira está em crise ela jamais poderá pedir 
recuperação. Se ela estiver em crise o banco central decretará intervenção (ex.: banco 
Panamericano). Passando o prazo de 6 meses e o interventor entender que não há possibilidade 
de a instituição continuar com sua atividade o banco central vai decretar a liquidação 
extrajudicial da instituição financeira. Ou seja, aía instituição financeira encerra suas atividades. 
Ocorre a liquidação extrajudicial, porque a liquidação desse patrimônio será realizada 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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administrativamente pelo banco central. Então, a liquidação acontece de forma administrativa; 
é o banco central que faz o papel “jurídico”. 
 
A lei 6.024 diz que a instituição financeira não pode impetrar concordata. Sendo assim, a 
instituição jamais poderá pedir recuperação. Portanto, jamais uma instituição financeira vai 
pedir recuperação, pois tem uma lei especial proibindo a concordata. 
 
Se durante o procedimento de liquidação extrajudicial, ou seja, se durante a liquidação do 
patrimônio o liquidante (pessoa nomeada pelo banco central) entender que houve fraude, 
desvio de bens, indícios de crime, o banco central apresenta um pedido de falência no judiciário. 
O juiz verifica e decreta a falência – a falência jurídica da 11.101/05. 
 
Nas sociedades seguradoras quem faz esse procedimento é a SUSEP, pois também tem uma lei 
especial, e for constatado algo de errado no plano de recuperação. 
 
Nas operadoras de planos de saúde quem faz a liquidação é IMS se for constatado algo de errado 
no plano de recuperação. 
 
A capitalização é equiparada a seguradora e também é regulada pela SUSEP. 
 
É o mesmo caso entre todas, mas cada uma delas tem um plano especial. Com exceção do 
consórcio, todas elas são de atividade reguladas pelo Estado (banco, operadora de seguro, 
operadora de plano de saúde, de plano de capitalização). Ou seja, o Estado se ocupa da 
liquidação dessa atividade a não ser que haja fraude ou crime para que seja levada ao judiciário. 
 
O consórcio é uma situação especial. Ele não é uma pessoa jurídica, mas um ente 
despersonalizado. A prof. Não está falando de carro nem de casa etc. (são equiparadas a 
instituições financeiras). Ex.: construtoras envolvidas obras públicas grandes envolvem 
consórcio – Camargo Correa, Odebrecht. É registrado na Junta Comercial, mas não natureza de 
sociedade. É um ente despersonalizado formado por sociedades. Esse contrato estabelece quem 
são as consorciadas e qual é a responsabilidade de cada uma. As empresas consorciadas 
respondem solidariamente. Por isso não está sujeita a falência e a recuperação o consórcio, mas 
estão sujeitas as sociedades que compõem as consorciadas. 
 
 
 
 
 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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=========================== 17/02 ======================== 
a. 2) Competência 
 - De juízo (material) 
 - De foro (territorial) 
Competência de foro 
Onde é julgado o processo de falência e de recuperação? R.: O art. 3° trata deste assunto: 
 
Art. 3o É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, 
deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal 
estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. 
 
Ou seja, a competência de foro é a do local do principal estabelecimento do devedor. Principal 
estabelecimento não é necessariamente a sede estatutária. 
 
O legislador poderia ter utilizado o conceito de sede que é a consta no estatuto social, ou seja, 
é aquele que no registro comercial. Essa sede pode ser alterada por vontade do devedor, por 
isso o legislador desde 45 já disse que quando falamos em competência territorial (em 
concordata na época) é o principal estabelecimento e não a sede. Por quê? R.: O conceito de 
principal estabelecimento é o estabelecimento mais importante do ponto de vista econômico e 
não do ponto de vista jurídico. 
 
Existe um segundo conceito minoritário que também é admitido principalmente na 
recuperação. É o conceito de onde está situada a administração da sociedade. É aquele onde 
está situado o escritório dos diretores / escritório administrativo. 
 
Quando falamos em falência, normalmente é o credor que pede a falência do devedor. A 
autofalência é uma hipótese mais rara. O credor é que vai verificar o principal estabelecimento. 
Já na recuperação é o devedor que deve indicar o local. O legislador criou o foro justamente 
porque o devedor pode mudar o local que ele vai pedir recuperação sem justificar. Por isso, para 
o devedor mudar ele deve fundamentar. Ex.: Bastante devedores preferem que seja em São 
Paulo em razão da celeridade; outros preferem que seja no local em que está situada a fábrica 
etc. 
 
Competência de juízo 
Os processos de falência e recuperação são julgados pela justiça estadual. Então, quem 
determina o juízo competente é a lei de cada Estado. Na capital de SP, desde 2005, foi 
inaugurada uma organização diferente – Câmara Reservada de Falência e Recuperação + 2 
Câmaras de direito empresarial. Em fev./2017 foram aprovadas a abertura de mais 3 Câmaras 
de Direito Empresarial – mas não sabemos como ficará a competência. 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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Nas comarcas do interior de SP não há vara de falência. São utilizadas as varas cíveis. 
 
 
Ex.: O Hopi Hari teve um problema de competência. 
 
O art. 6° fala da presunção, ou seja, ajuizado o pedido de falência ou de recuperação 
judicial, aquele juízo fica prevento para julgar ou o pedido de falência ou o pedido de 
recuperação com o fim de evitar duplicidade de ajuizamentos e questões conflitantes. 
 
Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da 
recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções 
em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. 
 
Haverá a prevenção mesmo que o processo esteja extinto. 
 
 
b) Disposições comuns (arts. 5° - 46) 
Órgãos da recuperação judicial e da falência 
O legislador criou três órgãos auxiliares para o processo de recuperação e de falência: 
administrador judicial, assembleia e comitê dos credores. Assim, o credor pode ser representado 
individualmente pelo seu advogado ou pode ser representado de forma coletiva pela 
Assembleia ou pelo Comitê. 
 
b. 1) Administrador judicial 
O administrador judicial é um órgão auxiliar do juízo. Este órgão está previsto nos arts. 21 – 34. 
Na falência era chamado de síndico e na concordata era chamado de comissário. O sindico era 
o credor que pedia a falência e ele ficava responsável pela liquidação do patrimônio (na verdade 
era o advogado da metalúrgica). Na concordata o comissário era como se fosse o fiscal dos 
credores – esse foi um dos institutos que mais mudou da lei antiga para a lei nova porque houve 
a profissionalização desse cargo. 
 
Então, hoje o art. 21 vai dizer: 
Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente 
advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica 
especializada. 
Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-
se-á, no termo de que trata o art. 33 desta Lei, o nome de profissional responsável pela 
condução do processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser 
substituído sem autorização do juiz. 
 
O administrador é um profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, 
administrador de empresas, contador ou pessoa jurídica especializada. (OAB) 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃODE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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A pessoa jurídica especializada são as contadorias que tem um setor de recuperação: Delloite, 
KPMG, Ernst e Price. 
 
Se o juiz nomear pessoa jurídica a lei diz que essa pessoa jurídica deve indicar a pessoa física que 
ficará responsável por aquele processo. 
 
 
Ex.: A Ernst foi nomeada em uma recuperação. Quando ela for assinar o termo de 
nomeação, ela deve indicar a pessoa que ficará responsável pela condução do processo. 
 
 
Esse profissional deve ser nomeado, ou seja, o juiz indica em sentença. A nomeação ocorre na 
decisão que defere o processamento da recuperação judicial ou na decisão que decreta a 
falência do devedor. 
 
Devedor pede recuperação judicial. O juiz vai fazer uma análise formal dos documentos. Ele 
vai verificar se o devedor juntou todos os documentos que a lei pede. Se sim, o juiz defere o 
processamento. Deferir o processamento não significa realizar uma análise de mérito, significa 
realizar uma análise formal. Equivale no processo ao procedimento comum – defere o 
processamento e dá sequência. Não é, em regra, julgado o mérito (há exceções que veremos 
depois). Quando o juiz recebe ele vê que os documentos estão todos em ordem e processa a 
recuperação. Para processar ele precisa do administrador para auxiliar no trabalho de 
processamento, então nessa decisão ele nomeia o administrador. 
Na falência, na hipótese de o credor pedir a falência do devedor. O devedor foi citado. Se 
defendeu ou não. O juiz julgou procedente. Quando o juiz julga procedente o pedido de 
falência ele decreta a falência. No momento em que ele decreta a falência, ele determina o 
encerramento das atividades do devedor. Assim, nesse mesmo ato ele nomeia o 
administrador. Ele precisa do administrador para fazer a arrecadação dos bens. Ou seja, ocorre 
logo depois da petição inicial ou sentença que decreta a falência – já é na fase final do processo 
de pedido de falência. 
Quem está impedido de ser nomeado? R.: Art. 30 da lei traz os impedidos: 
Art. 30. Não poderá integrar o Comitê ou exercer as funções de administrador 
judicial quem, nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício do cargo de administrador judicial 
ou de membro do Comitê em falência ou recuperação judicial anterior, foi destituído, 
deixou de prestar contas dentro dos prazos legais ou teve a prestação de contas 
desaprovada. 
§ 1o Ficará também impedido de integrar o Comitê ou exercer a função de 
administrador judicial quem tiver relação de parentesco ou afinidade até o 3o (terceiro) 
grau com o devedor, seus administradores, controladores ou representantes legais ou 
deles for amigo, inimigo ou dependente. 
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§ 2o O devedor, qualquer credor ou o Ministério Público poderá requerer ao juiz a 
substituição do administrador judicial ou dos membros do Comitê nomeados em 
desobediência aos preceitos desta Lei. 
§ 3o O juiz decidirá, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, sobre o requerimento 
do § 2o deste artigo. 
Ou seja, estão impedidos: 
 Parentes 
 Amigos do devedor 
 Inimigos 
 Administrador destituído 
 
Pessoas que tem vínculo com o devedor não podem ser administradores porque uma das 
funções do administrador é fiscalizar o devedor. 
 
Pode ser um credor como era antes da lei? R.: Não há nenhum impedimento, mas hoje em dia 
não é mais comum se nomear credor em razão da profissionalização. Ocorre que em algumas 
comarcas do interior não tem quem seja administrador aí o credor é nomeado. 
 
O administrador pode vir a ser destituído do cargo caso aja com desídia (não cumpre ordens 
judiciais), comete crime falimentar (ex. desviar bens, ser corrompido). É uma pena. Esse 
impedimento da destituição tem o prazo de 5 anos, ou seja, nesse período ele não poderá ser 
nomeado em nenhum outro processo judicial. 
 
O administrador vai ser intimado dessa nomeação e terá 48hs para prestar compromisso. Ele vai 
até o fórum e assina o termo dizendo que se compromete a cumprir todas as atribuições etc. 
 
E se o nomeado não quiser? R.: Ele diz que não quer, já que não há nenhuma obrigação. E caso 
ele não apareça em 48hs o juiz nomeará outro e não te nomeará mais – é a denominada recusa 
tácita. 
 
O art. 24 estabelece a remuneração do administrador: 
 
Art. 24. O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do 
administrador judicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de 
complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o desempenho de 
atividades semelhantes. 
§ 1o Em qualquer hipótese, o total pago ao administrador judicial não excederá 5% 
(cinco por cento) do valor devido aos credores submetidos à recuperação judicial ou do 
valor de venda dos bens na falência. 
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§ 2o Será reservado 40% (quarenta por cento) do montante devido ao administrador 
judicial para pagamento após atendimento do previsto nos arts. 154 e 155 desta Lei. 
§ 3o O administrador judicial substituído será remunerado proporcionalmente ao 
trabalho realizado, salvo se renunciar sem relevante razão ou for destituído de suas funções 
por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações fixadas nesta Lei, hipóteses em 
que não terá direito à remuneração. 
§ 4o Também não terá direito a remuneração o administrador que tiver suas contas 
desaprovadas. 
§ 5o A remuneração do administrador judicial fica reduzida ao limite de 2% (dois por 
cento), no caso de microempresas e empresas de pequeno porte. 
 
Na recuperação o administrador será remunerado em até 5% do passivo sujeito a recuperação 
(tudo menos crédito judiciário e alienação fiduciária) pago pelo devedor. A forma do pagamento 
desse valor é arbitrada pelo juiz também. 
 
Na falência o administrador será remunerado em até 5% do valor da venda dos bens. Desse 
valor 40% deve ser pago necessariamente no final porque no final acontece a prestação de 
contas e é preciso saber se o administrador cuidou direito do dinheiro. O valor é pago pela massa 
falida, ou seja, é o patrimônio do falido que paga. 
 
Situação que não está prevista na lei, mas se torna cada vez mais pacífica na juris: 
 
 
Ex.: Eu ajuízo um pedido de falência contra o devedor. O oficial de justiça vai na sede do 
devedor e diz: “o devedor encerrou sua atividade de forma irregular”, ou seja, fechou e 
foi embora. O juiz decreta a falência. Como será nomeado administrador se não dinheiro? 
R.: Se o juiz percebe que não tem patrimônio ele manda o credor que pediu a falência 
antecipar os honorários do administrador. 
 
Assim, o credor faz o depósito em juízo da remuneração do administrador. Se o credor 
não pagar o juiz vai extinguir o processo de falência. Ele não encerra a falência, ele 
extingue e arquiva os autos. Significa que o devedor continua falido. 
 
Esse pagamento é chamado quantia adiantada pela massa do credor. Caso seja 
encontrado patrimônio do devedor, o credor tem a prioridade de receber antes (na 
verdade há uma chance maior de receber). 
 
 
 
 
 
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=========================== 23/02 ======================== 
Atribuições do administrador 
Na recuperação o foco do trabalho do administrador fiscalizar. Na falência as atribuições são 
muito maiores, porque ele de fato gerencia o patrimônio do falido. A diferença entre as duas é 
muito grande porque na falência o devedor perde a administração do seu negócio e na 
recuperação não. Portanto, na falência o papel do administrador é muito grande porque ele de 
fato vai cuidar, avaliar e providenciar a venda dos bens e paga os credores. Ele cuida do dinheiro 
(ele ganha muito mais na recuperação, mas tem muito mais trabalho na falência). 
*OBS.: profa. nunca vai cobrar em prova letra da lei, mas é importante ter uma noção geral. 
Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, 
além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: 
I – na recuperação judicial e na falência: 
a) enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o inciso 
III do caput do art. 51, o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II do caput do art. 105 desta 
Lei, comunicando a data do pedido de recuperação judicial ou da decretação da falência, a 
natureza, o valor e a classificação dada ao crédito; 
Administrador é nomeado, vai ao fórum para assinar o termo de compromisso, se o processo 
for digital ele acessará do computador dele, se for físico ele vai levar os autos para o escritório 
e vai enviar uma correspondência para cada credor se apresentando como administrador 
judicial do processo de recuperação de falência da empresa xpto, e diz que está disponível para 
atendê-lo. 
As vezes o credor fica sabendo que a empresa está em recuperação por essa carta. Essa carta 
não tem natureza nem de intimação, nem de notificação. Ela não é uma comunicação oficial. Ela 
é apenas uma correspondência informativa. Não irá contar prazo. O administrador apenas faz a 
ressalva porque a lei exige com relação aos prazos de habilitação. 
b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores 
interessados; 
c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem 
de fundamento nas habilitações e impugnações de créditos; 
d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer informações; 
e) elaborar a relação de credores de que trata o § 2o do art. 7o desta Lei; 
O quadro geral de credores delimita o passivo da falência e da recuperação. Esse documento é 
essencial e deve observar pressupostos. 
f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta Lei; 
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g) requerer ao juiz convocação da assembléia-geral de credores nos casos previstos 
nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a tomada de decisões; 
h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas especializadas 
para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções; 
i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei; 
II – na recuperação judicial: 
a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação 
judicial; 
b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano 
de recuperação; 
c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do 
devedor; 
Todo mês o administrador deve juntar as atividades do devedor nos autos da recuperação. É 
muito importante. Ele deve ir na sede, tirar fotos para comprovar. 
d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o 
inciso III do caput do art. 63 desta Lei; 
Esse relatório é apresentado no final da recuperação. É muito comum a recuperação ser 
encerrada antes de pagar todo mundo. O processo de recuperação não precisa durar até o final 
dos pagamentos. O juiz acompanha no período inicial e depois esse processo é encerrado e 
arquivado. Nesse momento do encerramento a lei determina que o administrador deve 
apresentar um relatório final que é o relatório de execução do plano, vai comprovar o que foi 
feito pelo devedor até aqui. 
III – na falência: 
a) avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores terão à 
sua disposição os livros e documentos do falido; 
Quando o administrador é nomeado numa falência o devedor já perdeu a administração do seu 
negócio. O administrador vai na sede do falido, manda todos saírem, ele tranca, leva a chave 
com ele e os livros do devedor ficam na posse do administrador. Então, esses livros podem ser 
consultados pelos credores. 
b) examinar a escrituração do devedor; 
c) relacionar os processos e assumir a representação judicial da massa falida; 
Decretada a falência é como se surgisse uma nova pessoa; um ente despersonalizado. Quem é 
esse ente despersonalizado? R.: A massa falida. Assim, a massa falida será representada a partir 
da decretação da falência pelo administrador judicial. Ex.: “Massa Falida da Sociedade XPTO”. O 
advogado da “Massa Falida da Sociedade XPTO” é o administrador; isso se ele for advogado. Se 
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ele não for advogado, ele terá de pedir ao juiz autorização para contratar um advogado para 
representar a massa falida judicialmente. Ou as vezes quando é nessas empresas grandes que 
já tem uma equipe multidisciplinar ele já tem na equipe um advogado que vai representar a 
massa falida. 
 
O devedor falido pode ter um advogado dele? R.: SIM. Além do mais é recomendado que ele 
tenha. 
 
Então, nós temos 2 pessoas diferentes: o falido - devedor (que vai ser representado pelo 
advogado dele) e a massa falida – ente despersonalizado (que vai ser representada pelo 
administrador judicial). Por isso que qualquer citação, intimação em processos judiciais depois 
da decretação da falência tem que ser feita na pessoa do administrador. 
 
d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o que não 
for assunto de interesse da massa; 
Quando o juiz decreta a falência ele manda um ofício por correio e o correio passa a entregar 
toda a correspondência do falido no escritório do administrador e ele tem autorização legal para 
abrir a correspondência do administrador. Por ex; se o falido for empresário individual (pessoa 
física) é mais complicado, pois pode haver correspondências relacionadas a cunho pessoa dele. 
Todavia, ele tem autorização para abrir e enviar para ele se for o caso. 
e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo de 
compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e circunstâncias que 
conduziram à situação de falência, no qual apontará a responsabilidade civil e penal dos 
envolvidos, observado o disposto no art. 186 desta Lei; 
O administrador tem que apresentar um relatório dizendo porque o devedor faliu. É nesse 
momento que ele vai indicar um eventual indício de crime falimentar, de confusão patrimonial, 
de abuso da personalidade. Então, o juiz pode desconsiderar a personalidade jurídica na 
falência. O juiz pode responsabilizar os sócios normalmente com base nesse relatório. 
f) arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de arrecadação, 
nos termos dos arts. 108 e 110 desta Lei; 
A arrecadação é uma constrição judicial; é como se fosse uma penhora, mas a diferença é que a 
penhora se dá a título singular.Eu penhoro quando os bens são suficientes para a classificação 
do crédito. A arrecadação é feita a título universal, ou seja, se arrecadam todos os bens do falido. 
Mesmo que um imóvel seja suficiente para o pagamento o administrador deve arrecadar tudo, 
aí se sobrar ele devolve ao falido. 
g) avaliar os bens arrecadados; 
O administrador deve avaliar os bens e caso precise de auxílio para avaliar, ele pode pedir 
autorização judicial. 
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h) contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial, para 
a avaliação dos bens caso entenda não ter condições técnicas para a tarefa; 
i) praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos credores; 
Realizar o ativo é vender os bens. É o administrador que providencia a venda dos bens (por meio 
de leilão – está previsto no CPC). 
j) requerer ao juiz a venda antecipada de bens perecíveis, deterioráveis ou sujeitos a 
considerável desvalorização ou de conservação arriscada ou dispendiosa, nos termos do art. 
113 desta Lei; 
É o administrador que paga os credores. Ele pode requerer ao juiz a venda antecipada dos bens 
perecíveis. 
l) praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a cobrança de 
dívidas e dar a respectiva quitação; 
É o administrador que cobra os devedores do falido, ou seja, ele deve ajuizar todas as ações. E 
ele responde pessoalmente se eventualmente deixar prescrever alguma cobrança. 
m) remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens apenhados, 
penhorados ou legalmente retidos; 
Quando o juiz decreta a falência todos os bens do devedor são reunidos na massa falida. Vamos 
supor que sobre um determinado bem do devedor ache uma penhora em um outro processo. 
Essa penhora até pode continuar, mas esse credor da execução não vai conseguir prosseguir 
com essa execução. Então, o administrador tem que resgatar esse bem e trazer de volta para a 
massa falida, porque se essa execução prosseguisse esse credor pode receber fora da ordem. 
Esse credor vai receber num outro momento específico. 
O mesmo ocorre com direito de retenção. 
n) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, advogado, cujos 
honorários serão previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de Credores; 
o) requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o 
cumprimento desta Lei, a proteção da massa ou a eficiência da administração; 
p) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o 10o (décimo) dia do mês seguinte 
ao vencido, conta demonstrativa da administração, que especifique com clareza a receita e 
a despesa; 
q) entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu poder, 
sob pena de responsabilidade; 
r) prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou 
renunciar ao cargo. 
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§ 1o As remunerações dos auxiliares do administrador judicial serão fixadas pelo juiz, 
que considerará a complexidade dos trabalhos a serem executados e os valores praticados 
no mercado para o desempenho de atividades semelhantes. 
§ 2o Na hipótese da alínea d do inciso I do caput deste artigo, se houver recusa, o 
juiz, a requerimento do administrador judicial, intimará aquelas pessoas para que 
compareçam à sede do juízo, sob pena de desobediência, oportunidade em que as 
interrogará na presença do administrador judicial, tomando seus depoimentos por escrito. 
§ 3o Na falência, o administrador judicial não poderá, sem autorização judicial, após 
ouvidos o Comitê e o devedor no prazo comum de 2 (dois) dias, transigir sobre obrigações 
e direitos da massa falida e conceder abatimento de dívidas, ainda que sejam consideradas 
de difícil recebimento. 
§ 4o Se o relatório de que trata a alínea e do inciso III do caput deste artigo apontar 
responsabilidade penal de qualquer dos envolvidos, o Ministério Público será intimado para 
tomar conhecimento de seu teor. 
 
Responsabilidade do administrador 
O administrador responde pessoalmente (resp. subjetiva) por atos dolosos e culposos. Ex.: 
desvio de bem da massa; desfavorecimento de credor – inverte a ordem para pagar credor na 
frente. Por atos culposos: deixei prescrever um crédito que a massa falida tinha para receber. 
 
Se for administrador pessoa jurídica a lei não fala nada, mas o entendimento que se tem é se 
aquela pessoa física que ficou responsabilizada pela condução daquele processo também 
responde. 
 
Substituição do administrador 
Quando o administrador será substituído? R.: Podemos ter a substituição pura e simples. O juiz 
resolveu substituir o administrador. Não tem uma justa causa para isso, ele simplesmente 
substitui. Ex.: O administrador que foi nomeado está impedido. Mas a substituição também 
pode decorrer de renúncia ou de destituição e nesses casos a lei traz disposição especial. 
 
Na renúncia o administrador diz que não quer mais ser administrador. A lei diz que se o 
administrador judicial renunciar e apresentar uma relevante razão de direito, p. ex; o 
administrador foi aprovado em concurso público compatível com a atribuição do administrador; 
O administrador está doente e precisar ficar sem trabalhar por um tempo. São questões de 
relevante razão de direito. Ele receberá proporcionalmente ao trabalho realizado. Art. 24, § 3°: 
 § 3o O administrador judicial substituído será remunerado proporcionalmente ao 
trabalho realizado, salvo se renunciar sem relevante razão ou for destituído de suas funções 
por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações fixadas nesta Lei, hipóteses em 
que não terá direito à remuneração. 
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Se não for por relevante questão de direito a lei diz que ele não tem direito a remuneração. 
Todavia, os doutrinadores consideram inconstitucional (em razão do enriquecimento ilícito do 
devedor não remunerar o administrador). E tem mais, e se ele já recebeu uma parte, ele tem 
que devolver? Nas juris quase não tem. Por quê? R.: Porque eles evitam essa situação 
justamente para não cair nessa situação de inconstitucionalidade, porque se ele recebeu uma 
parte ele deve devolver o que pagou. 
 
Na destituição o juiz quer mandar o administrador embora por desídia - falta do cumprimento 
de suas obrigações. Art. 23: 
 
Art. 23. O administrador judicial que não apresentar, no prazo estabelecido, suas 
contas ou qualquer dos relatórios previstos nesta Lei será intimado pessoalmente a fazê-lo 
no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de desobediência. 
 Parágrafo único. Decorrido o prazo do caput deste artigo, o juiz destituirá o 
administrador judicial e nomeará substituto para elaborar relatórios ou organizar as contas, 
explicitando as responsabilidades de seu antecessor. 
 
Assim, se o administrador deixar de cumprir alguma obrigação o juiz deve notifica-lo, intimá-lo 
com o prazo de 5 dias para retificar. A destituição é uma sanção. 
 
Consequências/sanções da destituição: 
 Não terá direito a remuneração; Art. 24, § 3°: 
§ 3o O administrador judicial substituído será remunerado proporcionalmente ao 
trabalho realizado, salvo se renunciar sem relevante razão ou for destituído de suasfunções 
por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações fixadas nesta Lei, hipóteses em 
que não terá direito à remuneração. 
 
 Ficará impedido de ser administrador pelos próximos 5 anos; 
 
O administrador que não prestar contas ou tiver as contas desaprovadas sobre as mesmas 
sanções da destituição. 
 
Na sentença em que o juiz julgar as contas ele condena o administrador fixando as sanções. 
 
Por fim, o administrador é um órgão de auxílio do juízo, já os órgãos que veremos a seguir são 
órgãos de representação dos credores (assembleia e comitê). 
 
b. 2) Assembleia Geral e Comitê dos credores 
São órgãos de representação coletiva dos credores. Os credores podem ser representados 
individualmente – cada credor nomeia seu advogado e, além disso, podem ser representado 
coletivamente – Assembleia e Comitê. 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
23 
 
Assembleia: é a reunião de todos os credores do devedor. Ela será convocada em casos 
específicos que veremos a diante. Na recuperação a Assembleia é o órgão máximo porque é ela 
que decidirá pela aprovação ou rejeição do plano (momento mais importante do processo de 
recu 
peração). Na falência ela não tem essa atuação tão significativa, mas ela também é possível. 
Já existia o instituto da Assembleia na lei antiga, mas não era usado. 
 
Comitê: é um órgão colegiado de representação dos credores formado por até 4 membros. O 
comitê não é obrigatório. 
 
ASSEMBLEIA 
Atribuições da Assembleia: estão previstas no art. 35 da lei. A principal deliberação na 
recuperação é aprovar o plano de recuperação. Para que haja a votação, é deliberado um 
quórum especial. É a assembleia que vota os membros do comitê. 
Art. 35. A assembléia-geral de credores terá por atribuições deliberar sobre: 
I – na recuperação judicial: 
a) aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado 
pelo devedor; 
b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua 
substituição; 
c) (VETADO) 
A assembleia podia se manifestar sobre a substituição do administrador judicial. Mas como o 
administrador é um órgão do juízo os credores não podem se manifestar quanto a nomeação 
ou substituição do administrador. 
d) o pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4o do art. 52 desta Lei; 
Na assembleia deve-se manifestar sobre o pedido de desistência do devedor. Ou seja, o devedor 
pode desistir do pedido de recuperação se ele obtiver aprovação na assembleia (com maioria 
de votos). 
e) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor; 
O devedor não sai da administração dos seus negócios, só será afastado se houver justa causa. 
Caso o devedor seja afastado por justa causa (art. 64) a lei determina a nomeação de um gestor 
judicial. Esse gestor judicial é eleito pela assembleia de credores que vai assumir a administração 
das do devedor. Esse gestor pode ser um credor; um profissional; pode ser qualquer um. Pode 
ser temporário, pode ser definitivo. Vai depender do caso concreto. 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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f) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores; 
II – na falência: 
a) (VETADO) 
b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua 
substituição; 
c) a adoção de outras modalidades de realização do ativo, na forma do art. 145 desta 
Lei; 
A lei diz como os bens do falido serão vendidos. Se for apresentado ao administrador uma 
proposta diferente das 3 previstas e lei diz que tem que convocar assembleia. 
 
Ex.: Apareceu uma empresa querendo comprar o estabelecimento inteira. Mas, ela não 
quer que faça um leilão, ela quer comprar imediatamente. Pode? R.: Se a assembleia 
aprovar pode. 
 
 
 
Ex.: Apareceu alguém querendo constituir uma sociedade de credores para assumir os 
bens da massa falida e continuar a atividade. Pode? R.: Se a assembleia aprovar pode. 
 
 
d) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores. 
 
A assembleia sempre será convocada pelo juiz. O juiz pode convocar a assembleia nos casos 
previstos na lei. Ex.: o plano foi apresentado, ele tem que chamar a assembleia para 
aprovar/rejeitar. Ou o juiz pode convocar assembleia a pedido do administrador judicial (para 
tratar de qualquer assunto). Também pode o juiz convocar assembleia a pedido do comitê. Ou 
a pedido de credores que representem mínimo 25% dos créditos de uma massa falida. 
 
*OBS.: toda vez que a profa. falar em crédito, ela está falando no valor com base em uma 
apuração que o credor tem a receber. Quando se quer falar em apuração por cabeça a lei fala 
em credores. Credor por cabeça; crédito por valor. 
 
 
Ex.: Eu sou da classe trabalhista e quero convocar uma assembleia. Eu tenho que verificar 
quanto tem de crédito trabalhista. Vamos supor que tenha R$ 100 mil. Então pelo menos 
titulares de R$ 25 mil vão ter que requerer ao juiz a convocação da assembleia. Pode? R.: 
Sim. 
 
 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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Formalidades da Assembleia: a assembleia tem que ser convocada pelo juiz. 
Art. 36 - Ele tem que mandar publicar um edital. Para marcar a assembleia o juiz tem que mandar 
publicar um edital com 15 dias de antecedência. Nesse edital ele sempre menciona a ordem do 
dia, ou seja, a pauta e sempre marca duas datas com intervalo de pelo menos 5 dias. Esse edital 
é afixado na sede do devedor em uma das filiais. É publicado na imprensa e em jornais de grande 
circulação. NÃO VAI COBRAR EM PROVA. 
 
Quem preside a Assembleia? R.: É o administrador judicial. 
 
Vamos supor que na Assembleia vai se discutir a atuação do administrador judicial. Quem vai 
presidir a assembleia neste caso? R.: O maior credor que estiver presente. 
 
Como os credores são representados? R.: O credor pode ir sozinho; pode ir acompanhado por 
advogado >> A lei diz que o advogado tem que entregar a procuração no escritório do 
administrador judicial 24hs antes ou ele deve comunicar o administrador em que fls. está a 
procuração dele nos autos. Quando o processo é físico os autos não vão para a assembleia. A 
Assembleia normalmente acontece num hotel e não no fórum. Quando o processo é eletrônico 
fica mais fácil. A procuração deve ter, preferencialmente, poderes específicos para votar. 
 
O empregado pode ser representado por sindicato? R.: Sim. O sindicato tem que entregar com 
10 dias de antecedência a relação dos empregados que esse sindicato representa. 
 
Instalação da Assembleia: o credor entra e vão ter várias listas. Os credores são divididos em 
classes (art. 41): 
 Classe 1: trabalhistas 
 Classe 2: credores com garantia real 
 Classe 3: quirografários e outros privilegiados 
 Classe 4: credores de ME e EPP 
Ao entrar, o credor vai identificar seu nome na lista e o valor do seu crédito. Assina a lista, senta 
aguarda. Chegou o horário o administrador vai fazer a contagem (a assembleia é bem pontual, 
se atrasar perde). 
 
Para instalar tem que ter mais da metade dos créditos de cada classe. Não instalando vai para a 
segunda convocação. Já na segunda convocação a assembleia ocorre independentemente do 
número de credores presentes. 
 
Regra geral na deliberação: mais da metade doscréditos presentes já é o suficiente para aprovar 
a deliberação (todos juntos independentemente de classe). 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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Temos, portanto, o quórum especial para a aprovação do plano; na eleição do comitê a votação 
é em separado (cada classe elege um representante); aquela forma alternativa de realização do 
ativo a lei exige 2/3 dos créditos (art. 46). 
 
O credor vota pelo valor que consta na relação de credores. Se esse valor mudar no curso do 
processo (em casos de impugnação) não invalida as decisões tomadas na assembleia. 
O juiz não concederá nenhuma medida de urgência para cancelar ou adiar a assembleia. 
 
=========================== 24/02 ======================== 
 Todos faltaram e ela não deu matéria nem chamada 
 
=========================== 02/03 ======================== 
(...continuação...) 
 
Deliberação da Assembleia: se o assunto da Assembleia for: 
 Aprovação do plano de recuperação 
 Constituição do comitê de credores será deliberado por quórum especial 
 Venda alternativa dos bens do falido 
 
COMITÊ 
É um órgão de representação coletiva dos credores e é facultativo. É composto por até 4 
membros. Os membros na assembleia geral. Eles são divididos por classe: 
 Classe 1: trabalhistas 
 Classe 2: credores com garantia real 
 Classe 3: quirografários e outros privilegiados 
 Classe 4: credores de ME e EPP 
Pode ter no mínimo 2 (porque é um órgão colegiado) e no máximo 4 membros. Pode haver uma 
classe que não é representada? R.: Sim, porque é facultativa (geralmente a classe trabalhista 
não quer ter representante). 
 
As decisões são sempre formadas por maioria. Havendo empate quem decide é o administrador 
e na incompatibilidade o juiz decide. 
 
O comitê basicamente fiscaliza o administrador e o devedor. 
 
O comitê também apresenta relatório mensal das atividades do devedor. O comitê tem o dever 
de se manifestar sobre eventual: 
 Endividamento; 
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 Alienação de bens; e 
 Afastamento do devedor. 
O devedor não é responsável por remunerar os membros do comitê. Na prática alguém trabalha 
voluntariamente ou os credores fazem um rateio para pagar. 
 
Os membros do comitê respondem pessoalmente por eventuais prejuízos que eles possam 
causar. Ou prejuízo aos credores ou ao devedor (resp. subjetiva). Havendo divergência ele deve 
faze-la constar em ata para eximir-se da responsabilidade se for o caso (art. 72). 
 
 
b. 3) Verificação e habilitação de créditos 
A verificação do crédito (art. 7°) tem por objeto apurar o passivo do devedor seja recuperação, 
seja na falência. O objetivo é chegar no quadro geral de credores – é um documento que traz a 
consolidação do passivo do devedor. Na recuperação é um pouco mais simples, pois nem todos 
os créditos entram no passivo. 
 
Além disso, o administrador fará o trabalho de verificação dos créditos. Isso equivale a um 
trabalho de auditoria, o administrador tem que conferir se aquele crédito existe, se ele está 
contabilizado. 
 
Tudo começa com uma relação de credores. Essa relação é apresentada pelo devedor e é 
publicada por meio de um edital. Na recuperação essa relação acompanha a petição inicial. Na 
falência o devedor é intimado a apresentar esse documento. 
 
Assim, verifica-se o credor, valor e classificação do crédito. Caso haja divergência cabe ao credor 
individualmente apresentar em 5 dias as suas habilitações ou divergências. O pedido de 
habilitação (art. 9°) é o pedido de inclusão do crédito na relação dos credores. 
 
Divergência é o pedido de retificação do crédito na relação dos credores. O prazo é de 15 dias 
do edital com a relação dos credores. 
 
Essa habilitação é administrativa, ou seja, vai ser direcionada ao administrador e não ao juiz. É 
analisada pelo administrador. 
 
No final dos 15 dias esse documento será entregue para o administrador judicial. O adm. Tem 
45 dias para verificar. No final dos 45 dias o adm. vai publicar um outro edital com a nova 
publicação de credores. Mas essa relação é do administrador judicial. (7°, § 2°, 52, § 2° e 99, pú). 
A partir da publicação começa a contar o prazo de 10 dias para as impugnações – que podem 
ser feitas pelo devedor, ou sócio do devedor, ou qualquer credor, ou comitê ou MP. 
Sendo impugnado o credor vai ser intimado para contestar. Ele tem o prazo de 5 dias para 
contestar. Depois dele, o devedor e o comitê também são intimados para se manifestar em 5 
dias. Depois será intimado o administrador em 5 dias, mas ele tem que apresentar um laudo 
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justificando o porquê optou por incluir ou não o crédito, ou porque ele estava divergente etc. 
NÃO VAI COBRAR EM PROVA. 
 
Cada impugnação recebe uma autuação própria. Todos se manifestaram e agora o juiz vai 
verificar se vai precisar de provas ou não. Desta decisão que julgar a impugnação cabe agravo. 
O art. 17 faz uma ressalva: o agravante pode requerer do relator do agravo ou o efeito 
suspensivo ou uma tutela antecipada para fins de aprovação na assembleia. 
 
Julgadas todas as impugnações o adm. terá 5 dias para elaborar o quadro geral de credores que 
será homologado pelo juiz. Esse é o documento consolidado. 
 
(OAB) Habilitação retardatária (arts. 18 - 19): é aquela habilitação que se dá fora do prazo. É a 
hipótese em que o credor perde o prazo de 15 dias. É muito comum perder. Quais são as 
consequências: 
Na recuperação: 
 O credor perde o direito de voto na assembleia, salvo se for credor trabalhista; 
Na falência: 
 Ele também perde o direito de voto, mas se na data da realização da assembleia o 
crédito dele já estiver processo a habilitação ele vota; 
 Perde o direito aos rateios já realizados. Ou seja, na falência há uma ordem. O 
administrador judicial é que paga os credores de acordo com a ordem fazendo um rateio 
proporcional. 
 
Em ambas as habilitações retardatárias se pagam as custas judiciais (art. 10). Cada Estado possui 
sua regra específica. 
 
Já estando fora do prazo, até que momento posso habilitar? R.: Até o fim do processo de 
recuperação / falência. Ou seja, pode se habilitar enquanto o processo estiver tramitando. 
 
Pegadinha: se a habilitação for apresentada antes da homologação do quadro geral de credores 
o procedimento será o da impugnação. Mas se for apresentada após a homologação o 
procedimento será o comum – ou seja, precisará de uma ação para fazer essa notificação. 
 
O art. 19 prevê a possibilidade de alteração do quadro geral de credores por decisão judicial que 
reconheça a existência de dolo, erro, simulação. Essa ação também segue procedimento 
comum. 
 
Portanto em que situações o quadro geral de credores pode ser revisto: 
 Se houver habilitação retardatária; ou 
 Se for ajuizada essa ação (que deve ser por justa causa). 
 
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=========================== 03/03 ======================== 
c) Recuperação Judicial (arts. 47 -74) 
Há 2 procedimentos na recuperação judicial: 
 COMUM – é o que estudaremos 
 ESPECIAL – para pequenas empresas (ME e EPP) 
 
O art. 47 é muito importante porque no momento em que o juiz vai decidir entre decretar a 
falência ou tentar manter a recuperação, ele se baseará nele: 
 
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de 
crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, 
do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a 
preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. 
Ele diz que o objetivo da recuperação judicial é promover a superação da crise do devedor. A 
ideia é preservar as atividades do devedor. Para que: 
 Manutenção da fonte produtora 
 Manutenção dos empregos dos trabalhadores 
 Preservação dos interesses dos credores 
Esses 3 pontos são a base da recuperação. E segundo o prof. Manoel Justino diz que esses 3 
pontos são colocados na lei nessa ordem justamente porque aí está uma ordem de importância. 
Ou seja, se eu preservo a fonte produtora, logo eu preservo o interesse dos empregados, e por 
conseguinte, eu preservo o interesse dos credores também. 
 
É por isso é que essa é uma grande saída do juiz. Veremos nas próximas aulas o instituto 
chamado cram down. Significa que p. ex; o plano de recuperação foi rejeitado, mas o juiz, 
mesmo assim, pode conceder a recuperação. Quando falta bem pouco para o juiz conseguir 
alcançar o cram down o juiz diz que é melhor manter a fonte produtora do que decretar a 
falência. 
 
E a doutrina chama de dualismo pendular, significa que a recuperação e a falência é como se 
fosse um pêndulo. A ideia é que ela não pode nem ir tanto para o interesse do devedor e nem 
ir para o interesse do credor. Assim, são 2 interesses que se confrontam: o interesse do devedor 
em manter a sua atividade e o do credor em receber o seu dinheiro. 
 
Nenhum desses interesses pode se sobrepor sobre o outro. Deve haver um equilíbrio. 
 
Quem pode pedir recuperação? R.: o devedor. 
 
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Podem pedir recuperação, conforme art. 1° (sociedade empresária, empresário individual e 
EIRELI): 
Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a 
falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como 
devedor. 
Estão excluídos da recuperação (e falência): 
Art. 2o Esta Lei não se aplica a: 
I – empresa pública e sociedade de economia mista; 
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, 
entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à 
saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente 
equiparadas às anteriores. 
No caso do inciso II o Fábio Ulhoa chama de relativamente excluídos, pois eles não podem pedir 
recuperação, mas eventualmente podem ter a falência decretada. 
 
A lei não prevê a possibilidade de litisconsórcio. Litisconsórcio são várias sociedades que 
pertencem ao mesmo grupo econômico e querem pedir recuperação em conjunto. 
 
 Nós temos o grupo econômico de fato e de direito (pão de açúcar) se unem por meio de 
um documento e registram na Junta Comercial e exercem atividades juntas (no 
consórcio é temporário). No grupo de fato não há registro, ou seja, um documento 
instituindo o grupo, mas apenas vínculos societários, ou seja, uma é sócia da outra – 
uma participa da outra. 
 
Qual é o entendimento dos tribunais? R.: Como não há nada na lei, a juris entende que podem 
pedir recuperação juntos. Assim, a juris admite o litisconsórcio ativo – é facultativo pedir em 
conjunto, mas não é proibido. 
 
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do 
pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos 
seguintes requisitos, cumulativamente: 
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em 
julgado, as responsabilidades daí decorrentes; 
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; 
III – não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial 
com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; 
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial 
com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; 
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IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, 
pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. 
§ 1o A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, 
herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente. 
O § 1° traz duas hipóteses de legitimidade extraordinária, ou seja, alguém pede recuperação 
judicial em nome do devedor: 
 Herdeiros, o cônjuge sobrevivente ou o inventariante; e 
 Sócio remanescente. 
Sócio remanescente é o sócio que sobreviveu. Um morreu e o outro sobreviveu. Por que o sócio 
remanescente pediria recuperação em nome próprio? R.: Para uma sociedade pedir 
recuperação judicial os sócios têm que deliberar sobre o assunto; a regra da lei é votação por 
mais da metade do capital social. Então, para pedir recuperação deve haver deliberação por 
mais da metade do capital social. 
 
Ex.: Eu e a Emily somos sócias com 50% do capital cada uma. Eu morri. Existe uma 
discussão com relação aos meus herdeiros se eles vão assumir ou não. Há brigas. A Emily 
está sozinha na administração dos negócios, mas meus herdeiros estão brigando. A Emily 
tem capital suficiente para decidir sobre o pedido de recuperação? R.: Não, porque 
precisa mais da metade. Nessa hipótese, ela poderia em nome dela pedir a recuperação 
judicial da sociedade. 
 
 
 
Ex.: Eu tenho 30% do capital social e a Emily tem 70%. Eu morri. Neste caso, ela não 
precisa pedir recuperação em nome próprio, ela pede em nome da sociedade. 
 
 
Ulhoa tem um posicionamento diferente (só ele entende assim). Ele entende que a expressão 
do sócio remanescente pode ser interpretada como sócio dissidente. O sócio dissidente é aquele 
que não concordou com a recuperação e é minoritário. 
 
 
Ex.: Eu, a Emily e Gandhi somos sócios. Eu tenho 20% do capital. Eu fui voto vencido, pois 
a Emily e o Gandhi não querem pedir recuperação. Então, eu poderia pedir em meu nome 
a recuperação judicial da sociedade. Aí o juiz chamaria os outros sócios para discutir a 
viabilidade ou não da recuperação. 
 
 
Crítica Cinira: ela discorda da posição de Ulhoa porque você vai levar ao judiciário uma questão 
interna. O juiz não tem poder para decidir pela sociedade. 
 
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O art. 48 traz uma lista de condições para que o devedor peça recuperação. Essas condições são 
essenciais, sem elas o devedor não consegue pedir recuperação. 
 
Assim, o devedor deve comprovar que preencheu todas as condições na petição inicial: 
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do 
pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2(dois) anos e que atenda aos 
seguintes requisitos, cumulativamente: 
Só pode pedir recuperação judicial o devedor que exerça regularmente a suas atividades, ou 
seja, deve ser registrado na junta comercial; 
 
Exercer regularmente a atividade há mais de 2 anos; 
 Profissional rural: é o único profissional no Brasil que pode escolher ser empresário ou 
não. Se ele não for empresário sua atividade não será irregular, mas ele não poderá pedir 
recuperação. Mas se ele quiser pedir, ele deve fazer o registro antes do pedido e não 
precisa esperar os 2 anos. Ele pode apresentar uma declaração que ele apresenta a 
Receita a Federal. Não pode registrar depois de pedir recuperação (relator entendeu que 
se autorizasse abriria precedente no caso real acontecido). MAS, a regra é que a sociedade 
simples não pode pedir recuperação. Ela precisa se transformar (registrar). 
 
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em 
julgado, as responsabilidades daí decorrentes; 
Não ser falido, mas se o foi, que tenham sido julgadas extintas as suas obrigações. Assim, se o 
falido se reabilitou, ou seja, suas obrigações já foram extintas e ele voltou a exercer a atividade, 
ele pode poder recuperação? R.: Pode. 
 
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; 
III – não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial 
com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; 
Para ter concessão, tem que ter plano aprovado. A lei que concedendo a recuperação judicial o 
intervalo mínimo para uma nova recuperação é de 5 anos. 
Mas, poderá pedir de novo nas hipóteses a seguir: 
 Na hipótese de pedir recuperação e a petição inicial for indeferida; 
 e 
 No caso de pedir e desistir da recuperação. Obteve a concordância de desistência na 
assembleia poderá pedir de novo. 
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, 
pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. 
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Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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Não ter sido o administrador, sócio ter sido condenado por crime falimentar. Isso vale para o 
empresário individual, se for sociedade vale para o sócio, administrador. 
§ 1o A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, 
herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente. 
 
O art. 51 traz os requisitos da petição inicial: 
 
Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com: 
I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões 
da crise econômico-financeira; 
II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as 
levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância 
da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: 
a) balanço patrimonial; 
b) demonstração de resultados acumulados; 
c) demonstração do resultado desde o último exercício social; 
d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção; 
III – a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de 
fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o 
valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos 
vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente; 
IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, 
salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de 
competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento; 
V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato 
constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores; 
VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores 
do devedor; 
VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais 
aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em 
bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras; 
VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede 
do devedor e naquelas onde possui filial; 
IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure 
como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores 
demandados. 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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§ 1o Os documentos de escrituração contábil e demais relatórios auxiliares, na forma 
e no suporte previstos em lei, permanecerão à disposição do juízo, do administrador judicial 
e, mediante autorização judicial, de qualquer interessado. 
§ 2o Com relação à exigência prevista no inciso II do caput deste artigo, as 
microempresas e empresas de pequeno porte poderão apresentar livros e escrituração 
contábil simplificados nos termos da legislação específica. 
§ 3o O juiz poderá determinar o depósito em cartório dos documentos a que se 
referem os §§ 1o e 2o deste artigo ou de cópia destes. 
No corpo da petição o devedor precisa descrever as causas da sua crise; o porquê dele chegar a 
esse ponto. Depois ele vai dizer qual é a real situação dele hoje. Ele anexa vários documentos: 
 Demonstrações financeiras dos últimos 3 anos; 
 
 Relação de credores com a relação dos créditos sujeitos e não sujeitos porque todos que 
participam tem que saber da real situação da empresa, ou seja, o real tamanho do passivo 
da empresa; 
 OBS.: veremos que não são todos os credores que estão sujeitos aos efeitos da 
recuperação, como p. ex; o crédito tributário fiscal não está sujeito a recuperação. 
 
 Certidões (da Junta Comercial, do Cartório de Protestos etc.); 
 
 Relação de bens do devedor inclusive dos sócios. Na recuperação NÃO TEM 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE, mas essa recuperação pode ser 
convolada/convertida em falência e nela pode haver a desconsideração. 
 
 Relação de todas as ações em que o devedor é parte. 
 
Distribuído/protocolado o pedido de recuperação, a lei estabelece duas regras: 
Art. 66. Após a distribuição do pedido de recuperação judicial, o devedor não poderá 
alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo permanente, salvo evidente utilidade 
reconhecida pelo juiz, depois de ouvido o Comitê, com exceção daqueles previamente 
relacionados no plano de recuperação judicial. 
É considerado como ativo permanente tudo aquilo que não é circulante: máquina, móvel etc. O 
devedor pode vender seu maquinário? R.: Não. Ele só pode vender a mercadoria objeto de seu 
ativo circulante, de seu estoque – isso se ele for comerciante. 
 
Em que situação ele poderia vender? R.: Se houver autorização judicial OU se essa venda estiver 
prevista no plano de recuperação. 
 
Após a distribuição o devedor deve mencionar a expressão “em recuperação judicial” em seu 
nome empresarial em todos os documentos, contratos, formulários que emitir (normalmente 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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ele coloca no site). Além do mais, o juiz manda expedir um ofício para a Junta Comercialpara 
que ela faça esse registro. 
 
 
=========================== 09/03 ======================== 
CREDORES SUJEITOS À RECUPERAÇÃO 
No processo de recuperação judicial não há réu. Não tem citação ou intimação (parece bastante 
com o procedimento de jurisdição voluntária). Porém, quem são os interessados? R.: Os 
credores. Eles se sujeitam ao efeito da recuperação, mas não são considerados réus. 
 
O que significa se sujeitar aos efeitos da recuperação? R.: Significa que aquele credor vai ter que 
aguardar o desfecho do processo de recuperação para saber como ele receberá o crédito. Assim, 
a diferença entre credor sujeito e credor não sujeito é essa. 
 
O credor não sujeito tem liberdade para exercer seus direitos em face do devedor, os credores 
sujeitos têm que esperar. 
 
A lei de falências trouxe uma regra geral que está prevista no art. 49: 
Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do 
pedido, ainda que não vencidos. 
O 49 abrange todos e depois ele faz um monte de exceções. Portanto, quem não está na regra 
está na exceção. 
 
“Os créditos existentes”, ou seja, o critério que o legislador trouxe foi o da existência e não o 
critério da exigibilidade. O vencimento gera a exigibilidade do crédito, ou seja, ele só pode ser 
exigido a partir do vencimento. Mas ele existe desde o momento da constituição da obrigação. 
 
Aqui nós temos por base a constituição da obrigação e não a exigibilidade do crédito. O marco 
que o legislador utilizou foi a data da distribuição do pedido. Distribuição é o protocolo da 
petição inicial. Não é a data do deferimento, pois este faz produzir outros efeitos. Os efeitos da 
sujeição é a data da distribuição. 
 
A ideia do legislador é dar um fôlego ao legislador. O que ele deve até hoje para; daqui para 
frente ele tem que andar na linha. Por isso que as vezes o devedor pede recuperação 
desesperadamente porque ele está sendo cobrado. Ex.: Cortaram a luz da indústria e ele corre 
pedir recuperação. Essa conta de luz está sujeita a recuperação? R.: Sim. E aqui existe um 
entendimento de que se o crédito está sujeito a recuperação o credor não pode exercer os seus 
direitos perante o devedor, ou seja, a Eletropaulo não pode cortar a luz, não pode cortar a água, 
telefone. Assim, ele pede a recuperação e entra com uma medida de urgência para o juiz mandar 
ligar a luz. Assim, o direito que o credor tem contra o devedor fica suspenso. MAS, ele ganha um 
fôlego daqui pra trás. Por isso se no mês seguinte ele não pagar a luz, pode cortar normalmente. 
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Aqui há duas situações que ocorrem e não estão previstas expressamente, mas que ocorrem na 
vida real e que tribunais se manifestaram: 
1. Obrigação de prestação continuada: contrato de manutenção de elevador, contrato com 
terceirizada de limpeza, contrato de aluguel de máquinas / imóveis. São contratos por prazos 
indeterminados pagos por mês. 
Como o critério do legislador foi a constituição do crédito e não a sua exigibilidade ¬ ¬ (não 
terminou o raciocínio) ¬¬ quando a lei entrou em vigor a discussão que existia era a seguinte: 
Ex.: eu celebrei um contrato de locação por 5 anos em 2015. Em 2017 pedi recuperação 
judicial. Tinha advogado de devedor defendendo que todo contrato de devedor era sujeito a 
recuperação, ou seja, eu não precisaria pagar aluguel até o fim do contrato. Eu pagaria o 
aluguel nos termos do plano. NÃO FAZ SENTIDO. Se o critério é a constituição e a obrigação 
foi constituída no momento em que o contrato foi celebrado, eu passaria mais 3 anos sem 
pagar aluguel. Ou seja, pelo o aluguel de 5 anos de contrato e coloco no plano. ISSO NÃO 
PREVALECEU. 
Portanto o entendimento no tocante a prestação/execução de obrigação continuada 
adotado pela JURIS é o seguinte critério – estarão sujeitas a recuperação todas obrigações 
vencidas até a data do pedido. 
Assim, até o pedido ele pode renegociar. Daí pra frente é vida nova e ele vai ter que pagar 
em dia. 
 
2. Essa outra situação também foi resolvida pelos tribunais. Aqui o STJ já se manifestou. 
 
Ex.: A amiga da profa. comprou um pacote a vista para a Disney numa agência de turismo. 
A compra foi feita antes do pedido de recuperação da agência. Uma semana antes da 
viagem ela descobriu que a agência tinha entrado em recuperação. Ela descobriu que só 
tinha a passagem e o restante perdeu (hotel, ingresso). 
 
A contratação da viagem aconteceu antes da recuperação. A viagem aconteceu depois e 
ela ajuizou uma ação que foi julgada procedente. Vamos supor que transite em julgado 
com condenação de 20 salários mínimos de dano moral. Esse crédito está dentro ou fora 
da recuperação? R.: Dentro. 
 
Vamos pensar: quando é que o crédito dela estará constituído? A constituição desse 
crédito nasceu na assinatura do contrato OU no transito em julgado da decisão que 
determinou a condenação? 
R.: A profa. sustenta que surge com a condenação porque a contratação foi de uma 
viagem. Eu to discutindo inadimplemento contratual e os danos que isso causou. Então, 
se ele tivesse comprido com a obrigação de fazer (proporcionar a viagem) não haveria 
discussão, mas como a agência foi inadimplente eu preciso de uma condenação. Eu não 
tenho título executivo aqui. Eu preciso da condenação para ter crédito. O crédito dela só 
nasceu com a condenação. 
 
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Ex.: Eu tenho um empregado que trabalhou para o devedor antes da recuperação. Ele 
ajuizou a reclamação trabalhista depois da recuperação e a condenação veio depois da 
recuperação. Está sujeito ou não? R.: A profa. entende que neste caso está sujeito porque 
é oriundo da relação empregatícia. 
 
A mesma coisa: 
 
Ex.: Eu tenho um título executivo anterior ao pedido de recuperação. É óbvio que a 
obrigação é líquida e certa. Acabou. Não tem o que falar. Está sujeito a recuperação. 
 
STJ entende que se considera a data do fato constitutivo do direito em qualquer situação, 
ou seja, estão todos sujeitos. 
 
Mesma na resp. extracontratual: 
 
Ex.: Uma companhia aérea pediu recuperação e cai um avião ANTES DA RECUPERAÇÃO. 
Mesmo que a sentença venha depois, que dia caiu o avião? R.: Antes, então está sujeito. 
 
 
O entendimento tem por fundamento proteger o devedor e evitar que a recuperação seja 
inviabilizada. 
§ 1o Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e 
privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso. 
§ 2o As obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições 
originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos, 
salvo se de modo diverso ficar estabelecido no plano de recuperação judicial. 
 
EXCEÇÕES 
O § 3° traz quatro modalidades de contratos que não se sujeitam a recuperação judicial. O que 
esses quatro contratos têm em comum? R.: Em todos eles há um bem envolvido e o credor tem 
um direito sobre esse bem. 
§ 3o Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens 
móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de 
imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou 
irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato 
de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação 
judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobrea coisa e as condições contratuais, 
observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de 
suspensão a que se refere o § 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do 
estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial. 
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ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA: esse contrato tem por objeto o dinheiro. Ex.: O banco 
empresta um dinheiro para comprar um caminhão. Eu compro o caminhão, mas transfiro a 
propriedade para o banco. Quando eu terminar de pagar a propriedade volta para mim. Assim, 
o credor tem a propriedade resolúvel do bem. 
 
Ex.: Eu sou uma transportadora e comprei um caminhão financiado. Não consegui pagar 
o financiamento do caminhão e pedi recuperação judicial. O banco, que é credor do 
caminhão, precisa esperar a recuperação? R.: Não. Ele faz busca e apreensão do 
caminhão. 
 
*ATENÇÃO: O final do § 3° diz que se o bem objeto do contrato for um bem de capital 
essencial ao exercício da atividade o devedor não poderá ser privado da sua posse pelo 
prazo de 180 dias. 
 
Assim, se o caminhão for essencial a atividade a busca e apreensão do banco não vai se 
efetivar pelo prazo de 180 dias. 
 
 
Vamos ver que esse prazo de 180 dias aparece em vários momentos da lei porque o legislador 
achou que a recuperação estaria resolvida em 180 dias. Veremos que há situação em que ela 
está, mas também veremos diversas situações em que ela não se resolve nesse período. 
 
Assim, deve ser o bem de capital do devedor, ou seja, tudo aquilo que não é circulante. Apesar 
de que os tribunais dão uma interpretação bem extensiva para o bem de capital. Tem decisões 
dizendo que até o estoque seria um bem de capital, mas tecnicamente não é. 
 
ARRENDAMENTO MERCANTIL: é o contrato de leasing. No leasing o devedor aluga o bem e no 
contrato possui uma opção de compra no final do contrato. Se ele quiser comprar, ele paga um 
valor residual (denominado DRG) e compra. Se ele não quiser comprar ele renova o contrato ou 
rescinde. 
 
Ex.: comprei um caminhão no leasing. A compra pode ser feita no início (eu já posso ir 
pagando esse valor residual nas parcelas). Fiz a locação com opção de compra. Pedi 
recuperação e não consegui pagar o leasing. O credor pode pegar o caminhão de volta? 
Ele pode ajuizar a ação, mas não pode privar o devedor da posse se o bem for essencial a 
atividade da empresa. 
 
 
Assim, tanto por alienação quanto por leasing o credor não está sujeito a recuperação, ou seja, 
ele pode exercer o seu direito de propriedade sobre o bem, mas se o bem for essencial ele deve 
aguardar o prazo de 180 dias. 
 
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COMPRA E VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO: é um contrato de compra e venda com a 
cláusula de reserva de domínio. Como era: o bem móvel se transfere com a tradição. Como o 
vendedor faz para reservar a propriedade do bem até que o preço seja pago? Insere a cláusula 
de reserva de domínio no contrato. Se o bem não for pago o credor (que é o vendedor) pode 
executar o contrato pedindo o bem de volta. 
 
Esse credor está sujeito a recuperação? R.: Não porque ele tem direito de propriedade sobre o 
bem. 
 
Se o bem objeto do contrato for essencial ao exercício da atividade o credor tem que esperar os 
180 dias. 
 
COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL: o compromisso é o contrato preliminar: 
 
Ex.: Vou comprar um imóvel, mas não vou pagar à vista. Celebro com o vendedor um 
contrato preliminar, de compromisso. Uma promessa de compra e venda. Vou comprar 
parcelado e não consigo pagar as parcelas. Esse credor está sujeito a recuperação? R.: 
Não, está fora da recuperação. O credor pede a reintegração de posse do imóvel. 
 
Sendo o imóvel essencial ao exercício da atividade, deve o credor aguardar os 180 dias, 
mesmo que ajuíze a ação. 
 
 
Portanto, nessas 4 situações temos a mesma regra – o devedor está inadimplente em uma 
destas modalidades contratuais, o devedor tem o direito sobre o bem que é objeto desse 
contrato. Se o bem for objeto essencial o credor não pode retomar esse bem antes dos 180 dias. 
Estes créditos não estão sujeitos a recuperação. 
 
A ACC (Adiantamento sobre Contrato de Câmbio) também não está sujeita a recuperação: 
 
Ex.: Eu vendo para o meu cliente na China. Necessariamente preciso contratar um banco 
porque meu cliente vai pagar na moeda local e eu preciso receber em real. O banco 
propõe adiantar esse dinheiro que eu tenho para receber se for descontada a taxa do 
banco. Eu recebo o dinheiro hoje. No dia combinado meu cliente não paga. Quem vai 
pagar isso? R.: O devedor. Ele pede recuperação. E agora? R.: Esse crédito está fora da 
recuperação. 
 
 
O crédito de ACC está fora tanto da recuperação quanto da falência (estava fora da concordata). 
Há também entendimento pacífico do STJ mesmo anterior a lei de 2005. 
 O crédito tributário também não está sujeito aos efeitos da recuperação. O art. 187, CTN diz 
que o crédito tributário não se sujeita a concurso de credores, ou seja, não está sujeito nem a 
falência nem a recuperação: 
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Art. 187, CTN. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de 
credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou 
arrolamento. 
 
Como o crédito tributário é indisponível, o devedor não poderia fazer proposta para o credor. 
Então, nesse caso é o credor que deve apresentar as opções de negociação que os empresários 
em recuperação terão direito. Então, a lei já dizia que seria criado uma lei para tratar dos 
créditos fiscais das empresas em recuperação. 
 
Assim, a própria lei de falência, no art. 68 diz que virá uma lei para tratar dos créditos fiscais das 
empresas em recuperação: 
Art. 68. As Fazendas Públicas e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS poderão 
deferir, nos termos da legislação específica, parcelamento de seus créditos, em sede de 
recuperação judicial, de acordo com os parâmetros estabelecidos na Lei no 5.172, de 25 de 
outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. 
 
Lei n. 13.043/2014 – Trata dos tributos federais, mas vem sendo aplicada por Estados e 
Municípios. O art. 43 dessa lei diz que as empresas em recuperação podem parcelar as suas 
dívidas em até 84 meses: 
Art. 43. A Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002, passa a vigorar acrescida do seguinte 
art. 10-A: 
“Art. 10-A. O empresário ou a sociedade empresária que pleitear ou tiver deferido 
o processamento da recuperação judicial, nos termos dos arts. 51, 52 e 70 da Lei no 11.101, 
de 9 de fevereiro de 2005, poderão parcelar seus débitos com a Fazenda Nacional, em 84 
(oitenta e quatro) parcelas mensais e consecutivas, calculadas observando-se os seguintes 
percentuais mínimos, aplicados sobre o valor da dívida consolidada: 
I - da 1a à 12a prestação: 0,666% (seiscentos e sessenta e seis milésimos por cento); 
II - da 13a à 24a prestação: 1% (um por cento); 
III - da 25a à 83a prestação: 1,333% (um inteiro e trezentos e trinta e três milésimos 
por cento); e 
IV - 84a prestação: saldo devedor remanescente. 
§ 1o O disposto neste artigo aplica-se à totalidade dos débitos do empresário ou dasociedade empresária constituídos ou não, inscritos ou não em Dívida Ativa da União, 
mesmo que discutidos judicialmente em ação proposta pelo sujeito passivo ou em fase de 
execução fiscal já ajuizada, ressalvados exclusivamente os débitos incluídos em 
parcelamentos regidos por outras leis. 
§ 2o No caso dos débitos que se encontrarem sob discussão administrativa ou 
judicial, submetidos ou não à causa legal de suspensão de exigibilidade, o sujeito passivo 
deverá comprovar que desistiu expressamente e de forma irrevogável da impugnação ou 
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do recurso interposto, ou da ação judicial, e, cumulativamente, renunciou a quaisquer 
alegações de direito sobre as quais se fundem a ação judicial e o recurso administrativo. 
§ 3o O empresário ou a sociedade empresária poderá, a seu critério, desistir dos 
parcelamentos em curso, independentemente da modalidade, e solicitar que eles sejam 
parcelados nos termos deste artigo. 
§ 4o Além das hipóteses previstas no art. 14-B, é causa de rescisão do parcelamento 
a não concessão da recuperação judicial de que trata o art. 58 da Lei nº 11.101, de 9 de 
fevereiro de 2005, bem como a decretação da falência da pessoa jurídica. 
§ 5o O empresário ou a sociedade empresária poderá ter apenas um parcelamento 
de que trata o caput, cujos débitos constituídos, inscritos ou não em Dívida Ativa da União, 
poderão ser incluídos até a data do pedido de parcelamento. 
§ 6o A concessão do parcelamento não implica a liberação dos bens e direitos do 
devedor ou de seus responsáveis que tenham sido constituídos em garantia dos respectivos 
créditos. 
§ 7o O parcelamento referido no caput observará as demais condições previstas 
nesta Lei, ressalvado o disposto no § 1o do art. 11, no inciso II do § 1o do art. 12, nos incisos 
I, II e VIII do art. 14 e no §2o do art. 14-A.” 
 
Então, o crédito fiscal não entra na recuperação. 
§ 4o Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que se refere 
o inciso II do art. 86 desta Lei. 
 
Créditos com garantia real estão sujeitos a recuperação: hipoteca, penhor e anticresi. O § 5° vai 
falar de uma situação específica: 
§ 5o Tratando-se de crédito garantido por penhor sobre títulos de crédito, direitos 
creditórios, aplicações financeiras ou valores mobiliários, poderão ser substituídas ou 
renovadas as garantias liquidadas ou vencidas durante a recuperação judicial e, enquanto 
não renovadas ou substituídas, o valor eventualmente recebido em pagamento das 
garantias permanecerá em conta vinculada durante o período de suspensão de que trata o 
§ 4o do art. 6o desta Lei. 
 
Penhor sobre títulos de crédito ou direitos creditórios: 
 
 
Ex.: Eu sou devedor e preciso de dinheiro emprestado. O banco me pede uma garantia. 
Eu empenho em garantia os créditos dos recebíveis que eu tenho. Esse crédito está sujeito 
a recuperação? R.: SIM. O banco vai ter que habilitar o seu crédito e esperar. Mas nesse 
tempo que ele está esperando, o que vai acontecer com os recebíveis (títulos que vão 
virar dinheiro) que foram dados em garantia? O que o credor faria numa situação normal? 
Ajuíza uma ação e penhora os créditos para me apropriar desse bem e satisfazer a 
 
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obrigação. Mas, adianta ajuizar essa ação se meu crédito está sujeito? NÃO ADIANTA. 
Então, o dinheiro está lá, o banco recebeu os títulos, o dinheiro está guardado no banco, 
mas o banco nem pode se apropriar desse dinheiro, nem pode pedir a penhora desse 
dinheiro porque o devedor está em recuperação. Essa é a denominada trava bancária. A 
lei diz que o dinheiro dos recebíveis deve ficar numa conta em separado pelo prazo de 
180 dias. 
 
 
Ocorre que os bancos não fazem mais penhor sobre título de crédito. Se o valor for baixo ele até 
faz, mas quando o valor é alto ele faz cessão fiduciária de crédito. Ex.: Ao invés de eu dar um 
móvel/imóvel em garantia do dinheiro eu dou os títulos. Nesse caso o crédito NÃO ESTÁ SUJEITO 
A RECUPERAÇÃO. Essa cessão tem a mesma natureza da alienação fiduciária de bem móvel - o 
STJ já decidiu isso. MAS, o que ocorre quando o dinheiro for liquidado? R.: O banco pega para 
ele o crédito liquidado. Ele usa o crédito para satisfazer a obrigação, pois está fora da 
recuperação. 
 
A partir dessa regra a lei de recuperação passou a ser chamada de “Lei de Recuperação de 
Crédito Bancário” porque está em uma posição privilegiada. 
 
=========================== 10/03 ======================== 
(Ulhoa: fls. 311 - 314) 
Coobrigados: art. 49, § 1º 
Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do 
pedido, ainda que não vencidos. 
§ 1o Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e 
privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso. 
 Os credores conservam os seus direitos contra os avalistas, os fiadores e os demais 
obrigados de regresso. Isso quer dizer que mesmo que o devedor esteja em RJ se no 
contrato há um avalista, um fiador e etc. o credor pode ir atrás dele para cobrar o 
crédito. 
 
 Súmula STJ diz que pode cobrar do avalista. 
 
 Se tiver um avalista, vc pode fazer o que quiser com a sociedade em RJ não consegue 
nada 
 
Obrigações não exigíveis: art. 5º 
Art. 5o Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência: 
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I – as obrigações a título gratuito; 
II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou 
na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor. 
Há dois casos de ações que não podem ser exigidas do devedor, ou seja, o devedor não vai pagar, 
nem dentro nem fora da RJ. 
 Obrigações a título gratuito: a sociedade empresária celebrou um contrato de doação 
com uma instituição de caridade, e entra em RJ a instituição deixa de receber e não pode 
cobrar, pois não tem contraprestação. Se, no exemplo da Graac a empresa passa a usar 
a marca da Graac então há uma contraprestação sendo assim pode cobrar via RJ ou não. 
Se não há contraprestação não entra. 
 
 As despesas que os credores fizerem para tomar parte no processo de RJ. Ex.: Contrato 
um adv. para ir atrás do meu crédito na RJ, posso cobrar isso também do devedor? NÃO. 
Salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor, isso são às custas de 
sucumbência. Credor ajuíza ação contra o devedor, que é condenado a pagar custas e 
honorários, o devedor entra em RJ, esse credor vai se habilitar ao crédito e pode cobrar 
o valor da condenação no outro processo na RJ. 
 
Decisão que defere o Processamento: art. 52 
Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz 
deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato: 
I – nomeará o administrador judicial, observado o disposto no art. 21 desta Lei; 
II – determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o 
devedor exerça suas atividades, exceto para contratação com o Poder Público ou para 
recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, observando o disposto no 
art. 69 desta Lei; 
III – ordenará a suspensão de todasas ações ou execuções contra o devedor, na 
forma do art. 6o desta Lei, permanecendo os respectivos autos no juízo onde se processam, 
ressalvadas as ações previstas nos §§ 1o, 2o e 7o do art. 6o desta Lei e as relativas a créditos 
excetuados na forma dos §§ 3o e 4o do art. 49 desta Lei; 
IV – determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais 
enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de destituição de seus administradores; 
V – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às 
Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver 
estabelecimento. 
§ 1o O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no órgão oficial, que 
conterá: 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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I – o resumo do pedido do devedor e da decisão que defere o processamento da 
recuperação judicial; 
II – a relação nominal de credores, em que se discrimine o valor atualizado e a 
classificação de cada crédito; 
III – a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos, na forma do art. 
7o, § 1o, desta Lei, e para que os credores apresentem objeção ao plano de recuperação 
judicial apresentado pelo devedor nos termos do art. 55 desta Lei. 
§ 2o Deferido o processamento da recuperação judicial, os credores poderão, a 
qualquer tempo, requerer a convocação de assembléia-geral para a constituição do Comitê 
de Credores ou substituição de seus membros, observado o disposto no § 2o do art. 36 desta 
Lei. 
§ 3o No caso do inciso III do caput deste artigo, caberá ao devedor comunicar a 
suspensão aos juízos competentes. 
§ 4o O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação judicial após o 
deferimento de seu processamento, salvo se obtiver aprovação da desistência na 
assembléia-geral de credores. 
Para entrar com a RJ o devedor deve preencher os requisitos dos arts. 48 e 51. Se isso não 
ocorrer: 
 O juiz pode mandar emendar a Petição. Se não der para sanar o vício, e o juiz indeferir 
a PI. Ou o Juiz pode deferir o processamento da RJ; 
 
 Art. 52 diz que estando em termos a PI (documentação em ordem) o juiz deferirá o 
processamento da RJ; 
 
 Há um projeto de lei para incluir uma frase no art. 52 para que os requisitos do art 47 
também estejam presentes. Quer dizer que o juiz só vai deferir o plano se achar que é 
viável (que a atividade é viável), isso quer dizer que o juiz irá analisar o mérito da RJ. O 
que não acontece atualmente. Em SP há alguns juízes que determinam a realização de 
perícia para averiguar se o relato da PI condiz com a realidade. Isso seria uma condição 
da ação, mas isso não está na lei ainda só no projeto; 
 
 Se a PI for indeferida: cabe apelação; 
 
 Se deferir o processamento: a lei de falências não prevê recurso contra a decisão que 
defere processamento. Nos primeiros anos da lei, o entendimento era de que essa 
decisão tinha natureza de despacho. Hoje é decisão interlocutória, e cabe agravo 
(entendimento Jurisprudencial). 
 
 Pode agravar para discutir as condições do pedido, não se discute a viabilidade 
da RJ. 
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 Na decisão que defere o processamento o juiz tem que tomar algumas providências que 
são os efeitos: quais são: 
 Nomeação do administrador judicial. 
 
 Determina a dispensa da apresentação de certidões negativas: ou seja, se o 
fornecedor dizer que não vai vender pq vc está com tudo em dia vc diz que está 
em RJ e não precisa apresentar as negativações. Se o plano for aprovado o juiz 
noticia o Serasa e manda tirar as restrições. Isso não acontece com o 
deferimento do pedido de RJ. Só está. Dispensado de apresentar as certidões 
negativas. Essa dispensa não vale para contratação com o poder público, sendo 
assim, não consegue participar de licitações. 
 
 O devedor tem que apresentar as contas demonstrativas mensais. O devedor 
apresenta suas contas, o adm. apresenta um relatório sobre as atividades do 
devedor e o comitê tbm. 
 
 Manda publicar um edital para dar ciência aos credores. O edital contém o rol 
de credores, íntegra da decisão e a advertência sobre a contagem do prazo de 
habilitação. 
 
 A partir dessa decisão os credores podem requerer a convocação da Assembleia 
para a constituição do comitê de credores. 
 
=========================== 16/03 ======================== 
O devedor apresentou pedido da recuperação, juiz verificou que preenchia os requisitos e 
deferiu o pedido. 
PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
EFEITOS 
 Suspensão das ações de prescrição (§ 6°) 
 Regra geral (§ 4°) 
 Exceções: 
§ 1° - Reserva § 3° 
§ 2° - Reserva § 3° 
§ 7° - Execuções fiscais não se suspendem, pois não está sujeito a recuperação 
49, § 3° e § 4° 
 Comunicações (§ 6°) 
 Prevenção (§ 8°) 
 
 
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DESISTÊNCIA 
 
Deferindo o pedido de recuperação, quais são os efeitos? R.: Os efeitos da decisão estão 
previstos no art. 52 (faltou falar desse efeito na aula passada): 
Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz 
deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato: 
III – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, na 
forma do art. 6o desta Lei, permanecendo os respectivos autos no juízo onde se processam, 
ressalvadas as ações previstas nos §§ 1o, 2o e 7o do art. 6o desta Lei e as relativas a créditos 
excetuados na forma dos §§ 3o e 4o do art. 49 desta Lei; 
O juiz deferiu o processamento da recuperação. Um dos efeitos que essa decisão possui: todas 
as ações e execuções em que o devedor é réu serão suspensas. As ações e execuções em que o 
devedor é autor prossegue normalmente. 
 
Também ocorre a suspensão da prescrição. Ex.: Qual é o prazo de suspensão da duplicata? R.: 3 
anos. Todos os títulos de crédito têm o prazo de 3 anos. Vamos pensar – a duplicata venceu em 
15/03/2016. Correu 1 ano e 1 dia da prescrição. A prescrição para – suspensão. Quando ele volta 
a correr? No final do processo, porém torcemos que a aprovação do plano tem como 
consequência a novação das obrigações, ou seja, as obrigações serão extintas. Se der tudo 
errado e o juiz decretar a falência (convolação da recuperação em falência). A prescrição vai 
continuar suspensa durante todo o processo de falência. Ela só volta a correr quando a falência 
for encerrada. 
 
Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação 
judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, 
inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. 
Suspensão das ações ocorrerá pelo prazo de 180 dias. Art. 6, § 4°: 
 
§ 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em 
hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado 
do deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do 
prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, 
independentemente de pronunciamento judicial. 
Depois dos 180 dias as ações voltam a correr. Qual é a esperança do legislador? Que o plano 
esteja aprovado em 180 dias. Se oplano estiver aprovados em 180 as ações vão perder objeto. 
 
Se em 180 dias não estiver aprovado a consequência no § 4° é a de as ações voltam a correr 
independentemente de pronunciamento judicial. 
 
§ 5o Aplica-se o disposto no § 2o deste artigo à recuperação judicial durante o período 
de suspensão de que trata o § 4o deste artigo, mas, após o fim da suspensão, as execuções 
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trabalhistas poderão ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja inscrito no 
quadro-geral de credores. 
O § 5° dias que as ações trabalhistas suspendem e após os 180 dias elas voltam a correr. Neste 
caso, eu poderia penhorar bens do devedor? R.: Sim. O prazo de 180 tem por objetivo forçar o 
devedor a não enrolar, por isso é curto. É interesse do devedor que as ações não voltem a correr 
no prazo de 180 dias. 
 
Na vida real nem sempre é plano é aprovado em 180 dias. Nestes caso o STJ entende que haverá 
prorrogação dos 180 dias se o retardamento não puder ser imputado ao devedor. Tem decisões 
que prorrogam até a decisão do plano; que prorrogam por mais 180 dias. 
 
*OBS.: É o devedor que pede prorrogação. 
 
§ 6o Independentemente da verificação periódica perante os cartórios de 
distribuição, as ações que venham a ser propostas contra o devedor deverão ser 
comunicadas ao juízo da falência ou da recuperação judicial: 
I – pelo juiz competente, quando do recebimento da petição inicial; 
II – pelo devedor, imediatamente após a citação. 
 
EXCEÇÕES DA SUSPENÇÃO 
Não são suspensas as ações com a recuperação em andamento na hipótese do § 1°: 
§ 1o Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que 
demandar quantia ilíquida. 
- Ações que versem sobre quantias ilíquidas: ações de conhecimento. Ação que não vai gerar 
nenhuma constrição judicial do devedor. Tem apenas cunho condenatório, constitutivo. 
- Reclamações trabalhistas: ações trabalhistas em fase de conhecimento, pois não vão gerar 
constrição judicial. § 2°: 
§ 2o É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou 
modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza 
trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8o desta Lei, serão processadas 
perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no 
quadro-geral de credores pelo valor determinado em sentença. 
 
Tanto no caso da quantia ilíquida (§ 1°) quanto no caso das reclamações trabalhistas (§ 2°) a lei 
estabelece a regra da reserva. O juiz da recuperação não é competente para julgar sobre 
créditos trabalhistas. Ex.: Um credor trabalhista não concordou com a relação de credores do 
administrador e disse que o crédito dele está errado. O juiz remete essa impugnação para a 
justiça do trabalho – está previsto no próprio trabalho § 2°. O mesmo se dá com as ações de 
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cunho condenatório: ajuizei ação de indenização contra o devedor, a ação vai tramitar na vara 
cível. TEM QUE AJUIZAR NA VARA COMPETENTE. 
 
Essas ações estão tramitando e nelas ainda não há condenação. Mas o credor sabe que o 
devedor está em recuperação. O que o § 3° diz: 
 
§ 3o O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1o e 2o deste artigo poderá 
determinar a reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na 
falência, e, uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria. 
O credor pode requerer ao juízo no qual se processa a ação que estime o valor do seu crédito e 
oficie o juízo da recuperação requerendo a reserva desse valor. *É importante pedir (ele não é 
obrigatório) porque no momento em que o administrador for pagar ele já vai estar ciente da 
reserva. 
 
QUAIS AÇÕES NÃO SUSPENDEM? R.: § 7°: 
§ 7o As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da 
recuperação judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código 
Tributário Nacional e da legislação ordinária específica. 
As execuções fiscais não se suspendem, pois não está sujeito a recuperação. 
 
Há entendimento do STJ de que o juízo que processa a execução fiscal não poderá determinar 
a penhora de bens do devedor sem ouvir antes o juízo da recuperação. Fundamento: Se o juízo 
da execução começar a executar todos os bens do devedor vai inviabilizar a recuperação. Por 
isso tudo que ele for penhora ele avisa o juízo da recuperação. 
 
*OBS.: uma coisa que é importante e que ainda não temos de forma pacífica é com relação aos 
outros credores que não estão sujeitos. Ex.: todas as obrigações assumidas depois do pedido de 
recuperação não estão sujeitas a ela – o devedor comprou de um fornecedor depois. Não pagou 
e o credor ajuizou a execução. Vai haver a penhora. O juízo dessa execução precisa avisar o juízo 
da recuperação? Os devedores falam que SIM, mas a profa. já que um que não; o juiz mandou 
penhorar um apto. porque o posicionamento do STJ até o momento é com relação as execuções 
fiscais; além do mais a profa. já executou muitos créditos não sujeitos a recuperação. 
 
Os créditos previstos no art. 49, §§ 3° e 4°: 
§ 3o Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens 
móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de 
imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou 
irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato 
de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação 
judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, 
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observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de 
suspensão a que se refere o § 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do 
estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial. 
§ 4o Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que se refere 
o inciso II do art. 86 desta Lei. 
Alienação fiduciária, arrendamento mercantil etc. (vimos na aula passada). Portanto, as ações 
que tem por objeto esse crédito não suspendem. E aí vale a obs. que fizemos a semana passada: 
se o bem objeto da garantia for essencial ao exercício da atividade a posse do bem não pode ser 
retomada em 180 dias. A posse, mas a ação pode tramitar, só retomar o bem que não pode. 
 
É o devedor que deve comunicar que ele está em recuperação em cada uma das ações/juízos. 
Além disso, no § 6°, os distribuidores / cartório distribuidor deve comunicar ao juízo da 
recuperação todas as ações que são distribuídas contra o devedor: 
§ 6o Independentemente da verificação periódica perante os cartórios de 
distribuição, as ações que venham a ser propostas contra o devedor deverão ser 
comunicadas ao juízo da falência ou da recuperação judicial: 
I – pelo juiz competente, quando do recebimento da petição inicial; 
II – pelo devedor, imediatamente após a citação. 
O devedor quando for citado também tem a obrigação de comunicar ao juízo da recuperação. 
 
PREVENÇÃO 
A distribuição do pedido de recuperação oude falência torna o juízo prevento para julgar 
qualquer outro pedido de falência (§ 8°): 
§ 8o A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a 
jurisdição para qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao 
mesmo devedor. 
A prevenção aqui ocorre somente entre os pedidos de falência e recuperação. 
 
DESISTÊNCIA 
Deferido o processamento da recuperação, a partir da decisão que defere a recuperação o 
devedor só poderá desistir se obtiver a concordância da Assembleia Geral dos Credores: 
 
Art. 52, § 4o. O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação judicial após 
o deferimento de seu processamento, salvo se obtiver aprovação da desistência na 
assembléia-geral de credores. 
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Ex.: Devedor pediu recuperação. Petição inicial. Entre a distribuição do pedido e o deferimento 
do processamento ele pode desistir a hora que quiser. Depois do deferimento do 
processamento ele só pode desistir se obtiver concordância da Assembleia. 
 
E por que o devedor desistiria? R.: Ou porque ele desistiu da vida e sabe que vai quebrar ou 
porque ele vai pagar todo mundo! 
 
Se a Assembleia aprovar, o juiz homologa a desistência por sentença e o devedor não está mais 
em recuperação. Tudo volta ao normal e os credores podem fazer o que quiser. 
 
Se os credores não aprovarem o pedido de desistência a recuperação continua em sua 
tramitação. 
 
=========================== 17/03 ======================== 
PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
 Conteúdo 
 Prazo 
 Limites 
 Objeções 
 Arts. 53 e 54 
 
Deferido o processamento do pedido de recuperação é o marco inicial para duas coisas que 
ocorrem simultaneamente: 
 
 Essa decisão será publicada por meio de edital. A partir da publicação desse edital 
começa a contar o prazo de 15 dias para as habilitações divergentes sobre as 
informações que o devedor apresenta. 
 
 E começa a contar o prazo para que o devedor apresente o seu plano que é de 60 dias. 
 
Assim, esses dois procedimentos ocorrem simultaneamente e nos mesmos autos. 
 
No tocante ao prazo para aplicar o plano de 60 dias é aplicado o nCPC (no processo de falência 
e recuperação). 
 
O prazo de 60 dias é improrrogável e não há nenhuma decisão que julgue diferente. 
 
Inobservado o prazo de 60 dias haverá a convolação da recuperação em falência. 
 
O plano é a peça mais importante do processo de recuperação porque é por meio dele que o 
devedor vai provar para os credores que a sua atividade é viável. 
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Conteúdo do plano: 
 Demonstração da viabilidade econômica; 
 Descrição pormenorizada dos meios de recuperação; e 
 Laudo econômico financeiro; 
 
É para os credores porque são eles que vão rejeitar ou aprovar o plano. Portanto, o juiz não vai 
analisar se a atividade dele é viável ou não. 
 
Fábio Ulhoa diz que temos os planos “bla bla bla” que são planos que não dizem nada e os 
credores, desinteressados, não fazem uma análise séria e aprovam. Essa é a grande discussão. 
 
O que são os meios de recuperação judicial? 
 
O art. 50 traz um rol exemplificativo, ou seja, uma lista de sugestões de medidas que o devedor 
poderia adotar para se recuperar: dilação de prazos; emissão de novas ações etc. São 16 
sugestões de possíveis saídas para se recuperar (não vamos estudar o art. 50 em aula ¬ ¬ não cai em 
prova): 
Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente 
a cada caso, dentre outros: 
I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações 
vencidas ou vincendas; 
II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de 
subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos 
termos da legislação vigente; 
III – alteração do controle societário; 
IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de 
seus órgãos administrativos; 
V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e 
de poder de veto em relação às matérias que o plano especificar; 
VI – aumento de capital social; 
VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade 
constituída pelos próprios empregados; 
VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante 
acordo ou convenção coletiva; 
IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem 
constituição de garantia própria ou de terceiro; 
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X – constituição de sociedade de credores; 
XI – venda parcial dos bens; 
XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, 
tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, 
aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação 
específica; 
XIII – usufruto da empresa; 
XIV – administração compartilhada; 
XV – emissão de valores mobiliários; 
XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em 
pagamento dos créditos, os ativos do devedor. 
§ 1o Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua 
substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da 
respectiva garantia. 
§ 2o Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será conservada como 
parâmetro de indexação da correspondente obrigação e só poderá ser afastada se o credor 
titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de 
recuperação judicial. 
Quais são os limites para esse plano, ou seja, o que o devedor pode apresentar de proposta? Os 
credores serão divididos em 4 classes: 
 Classe 1 – Trabalhistas 
 Classe 2 – Credores com garantia real 
 Classe 3 – Quirografários 
 Classe 4 – Credores de ME e EPP 
Eles são separados por classe, mas não existe uma ordem para que eles sejam pagos. O que 
existe é um limite para o pagamento dos créditos trabalhista. 
 
O art. 54 traz 2 prazos: o de 30 dias e o de 1 ano: 
Art. 54. O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) 
ano para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de 
acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial. 
 
O prazo de 30 dias é para: 
 Pagamento dos salários atrasados; 
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 Pagamento dos 3 meses anteriores ao pedido de recuperação limitados a 5 salários 
mínimos por empregado. 
 
¬ ¬ Profa. se referiu a um esquema feito em lousa ¬ ¬ da data do pedido de recuperação dos 
últimos 3 meses exclusivamente de natureza salarial tem que ser pago em 30 dias; Quanto cada 
empregado recebe por mês? 5 salários mínimos. Então, se o empregado ganha R$ 1.500,00 ele 
receberá 3 salários de R$ 1.500,00; se o executivo ganha 30 mil reais ele vai ganha 3 salários de 
5 saláriosmínimos cada e o saldo em 1 ano. Todo o resto das verbas trabalhistas em aberto tem 
que ser pago em 1 ano >> o saldo é apenas das verbas trabalhistas. 
 
Existe uma discussão sobre os 30 dias. É 30 dias a partir de quando? Normalmente é 30 dias da 
decisão que conceder a recuperação, ou seja, depois que o plano for aprovado o juiz homologa 
em 30 dias. Mas a lei não diz. 
 
O art. 54 diz: 
 
Art. 54. O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) 
ano para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de 
acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial. 
Parágrafo único. O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta) dias 
para o pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos créditos 
de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores ao pedido de 
recuperação judicial. 
De 2012 para cá o tribunal disse: tem normas na lei de falências que são cogentes, ou seja, não 
admitem disposição das partes. Então, quando a lei diz: “não poderá prever prazo superior” essa 
é uma norma cogente. Assim, qualquer disposição contrária a essa norma é nula. 
 
Portanto, o entendimento recente tem sido – se tem prazo superior a um ano é nulo porque a 
liberdade de contratação entre credor e devedor deve obedecer os limites da lei. 
 
Essa é a única limitação de prazo que a lei dá – esses 2 prazos. 
 
E como fica o restante? R.: Esse é o problema. Na lei de falências o administrador deve seguir 
estritamente a ordem. Na recuperação não existe a ordem. Par conditio creditorum = 
tratamento paritário para os credores. Se um credor precisar mais ele recebe antes. Existe a 
ideia de paridade; eu preciso tratar os desiguais desigualmente. 
 
O doutrinador diz na recuperação o devedor tem que observar o princípio e seguir a ordem que 
ocorre na recuperação, MAS NÃO TEM ORDEM! E também NÃO TEM LIMITE, ou seja, se o 
devedor apresentar uma proposta que aparentemente é absurda está tudo bem! 
 
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Então, até 2012 a regra era: a Assembleia é soberana. Ou seja, se a Assembleia aceitou, tudo 
bem. 
 
Em 2012 tivemos o 1º caso de anulação da Assembleia. Ex.: Cerâmicas Giotoco. Eles faziam uma 
conta que chamavam de fluxo de caixa descontado, pega o que sobrou do ano e divide entre os 
credores. Havia a remissão se não pudessem pagar após 18 anos; O Itaú recorreu ao Judiciário 
e a Assembleia foi anulada por entender que estava viciada. E mandou apresentar outro plano 
em 60 dias. Depois dessa decisão houveram diversas outras iguais. 
 
Mas hoje não se anula a Assembleia, mas declara a nulidade do plano porque o plano é um 
negócio jurídico. É um acordo e por isso tem que estar sujeito as regras civis do negócio jurídico 
e por isso pode haver nulidade de cláusula. São aplicadas todas as regras do Código Civil ao 
plano. Então hoje há milhares de decisões declarando nulidade de cláusulas ou que o plano 
inteiro é nulo. 
 
E aí hoje se tem o seguinte entendimento: o judiciário pode realizar um controle de legalidade 
sobre o plano, mas não pode analisar a viabilidade econômica dele. 
 
Mas, na prática, qual é o limite do controle de legalidade? R.: NÃO SE SABE. O que temos são 
parâmetros que a juris traz. Ex.: plano sem correção monetária se entende que ofende a lei, 
porque a correção monetária é composição do valor de mercado da moeda. Mas isso é com base 
em decisões judiciais. Não tem nada fora disso. 
 
Então, p. ex; - o credor pode abrir mão dos juros? R.: Se entende que sim. Porque juros é plus, 
ou seja, é renunciável. Então vemos, p. ex; planos de 3% de juros ao na ou até sem juros. 
 
Pode ter deságio (desconto)? R.: Pode. 
 
E nos tribunais temos uma divisão: tem os desembargadores que fazem o controle estrito de 
legalidade, ou seja, só vai declarar nulo se tiver norma cogente e se violar lei. E tem uns que 
relativizam, p. ex; o Ricardo Negrão (da Câmara empresaria de SP) tem uma visão de que os 
devedores abusam da recuperação. Ele entende que deságio acima de 50% é abuso de direito. 
É um entendimento dele. Por isso esse assunto é complexo e varia o entendimento para cada 
magistrado. Já o Francisco Moreira (civilista) só declara nulidade se houver previsão legal e não 
com base em princípio. 
 
Ex. de uma situação muito comum: o devedor costuma criar subclasses. O quirografário 
normalmente é fornecedor. Então, eles dividem assim: o quirografário que tem até 10 mil para 
receber – vai receber em 2 anos. O que tem até 50 mil – vai receber em 5 anos. O que tem até 
100 mil – vai receber em 10. Ou o quirografário que continuar fornecendo recebe em 5x e o que 
não continuar fornecendo recebe em 20x. TEM DECISÃO DIZENDO QUE ISSO É PROIBIDO porque 
se está criando subclasses. 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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Mas tudo isso é analisa conforme o caso concreto, pois infelizmente não há um parâmetro a 
seguir. 
 
OUTRA DISCUSSÃO: Esse controle de legalidade pode ser feito de ofício? R.: Essa é uma outra 
discussão. O que vemos é: o credor recorre e o tribunal se manifesta. Em tese o juiz pode pegar 
o plano aprovado e dizer que algum ponto está violando a lei, ou seja, ele mesmo fazer esse 
controle. Mas não temos isso na vida real. O juiz homologa e o credor se quiser recorre. 
 
 
Um outro limite importante com relação a garantia está previsto no art. 50, § 1°: 
 
§ 1o Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua 
substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da 
respectiva garantia. 
Ou seja, credores com garantia real só poderão ter a sua garantia suprimida ou alterada com 
autorização expressa. Ex.: Vinícius é credor hipotecário. No plano diz que credor hipotecário vai 
substituir suas garantias por máquinas porque o imóvel objeto da hipoteca será vendido para 
pagamento dos credores. O Vinícius não foi a Assembleia. De acordo com o art. 50, § 1º, mesmo 
que a Assembleia aprove essa substituição da garantia, essa substituição não produziria efeito 
porque o art. 50, § 1° é norma cogente e ela diz que só pode substituir a garantia com 
autorização expressa do credor. Sempre foi assim. Até um mês atrás o STJ proferiu uma decisão 
dizendo que não. Mas só houve 1 decisão. Ele diz que o que vale é a maioria. Mas esse tipo de 
posicionamento viola esse artigo e é perigosíssimo. 
 
OBJEÇÕES 
O plano foi apresentado nos autos do processo pelo devedor; o juiz manda publicar um 
edital de aviso da entrega do plano. 
 
A objeção é a manifestação dos credores contrária ao plano. 
 
Quem pode impugnar o plano? R.: os credores. 
 
Quem são os credores? R.: quem está na lista. 
 
O devedor tem 60 dias para apresentar o plano. É bem provável que no dia da publicação do 
edital de aviso da entrega do plano nós não tenhamos ainda o quadro geral de credores porque 
o prazo para habilitação é de 15 dias e prazo de verificação pelo administrador é de 45 dias (15+ 
45= 60 dias). Então, é bem provável que quando o plano for apresentado eu tenha só a relação 
dos credores do administrador. 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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Art. 55. Qualquer credor poderá manifestar ao juizsua objeção ao plano de 
recuperação judicial no prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação da relação de 
credores de que trata o § 2o do art. 7o desta Lei. 
Parágrafo único. Caso, na data da publicação da relação de que trata o caput deste 
artigo, não tenha sido publicado o aviso previsto no art. 53, parágrafo único, desta Lei, 
contar-se-á da publicação deste o prazo para as objeções. 
Para que haja objeção eu preciso de 2 editais: o edital previsto no art. 53, PÚ que é o edital de 
aviso do plano e do edital previsto no art. 7°, § 2° que é a relação de credores elaborada pelo 
administrador judicial. 
 
O prazo para objeção é de 30 dias contados da publicação do último desses 2 editais. Tanto faz 
a ordem de publicação. Tendo publicado o último deles, começa os 30 dias. 
 
Qual é o conteúdo dessa objeção? R.: é outro problema, pois a lei não diz. Ex.: O devedor faz 
uma petição dizendo que não concorda com o plano. Isso é objeção? O juiz não analisa a 
objeção. A objeção tem uma utilidade só: se houver objeção o juiz é obrigado a convocar a 
assembleia geral de credores. Se não houver objeção o plano será considerado aprovado. 
 
As objeções acabem sendo discutidas na Assembleia, mas isso não é uma pauta obrigatória. Na 
verdade, o plano pode ser aprovado na Assembleia sem ninguém falar de objeção durante a 
reunião. 
 
Uma objeção já basta para o juiz convocar a Assembleia. E é isso que a Assembleia discute – e 
se apresentar a objeção, mas não fundamentou? O juiz poderia rejeitar liminarmente essa 
objeção. Aparentemente não, porque o legislador não deu a ele o poder de analisar o conteúdo 
da objeção, salvo no caso de objeção intempestiva (vícios processuais). 
 
Importante: as vezes os credores não apresentam suas objeções, pois quando verificam que um 
já apresentou e sabem que já haverá a Assembleia. Todavia, embora 1 objeção seja suficiente 
para convocar a Assembleia, o tribunal vai julgar o recurso e dizer: olha, estão todos indignados 
aqui, mas só apresentaram 3 objeções. Se os credores estiverem tão insatisfeitos eles teriam 
apresentado mais objeções. Então, essa insatisfação dos credores também deve ser manifestada 
por meio das objeções, é importante que o credor apresente mesmo não sendo obrigatório. O 
fato de terem poucas objeções demonstram que os credores estão aceitando. E depois se ele 
recorrer ao tribunal dizendo que o plano é injusto não faz sentido. 
 
Outro ponto importante: a objeção já pode ser usada pelo credor para apontar o que tem de 
nulidade no plano. Então na Assembleia o devedor já vai munido, ou ele faz uma proposta 
alternativa (veremos nas próximas que pode) e se o advogado do credor fizer uma análise boa 
do plano antes de ir para a assembleia ele aponta os pontos de possíveis ilegalidades e aí no 
momento que isso for para o tribunal (se for) p. ex; o credor vai dizer: “olha, eu já tinha 
apresentado objeção sobre isso”. Então, esse é o momento para o credor se arma para um 
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possível futuro recurso entre outros. Além do mais, o devedor já vai para a Assembleia ciente 
das objeções, então, ele já vai para a Assembleia em tese tendo resposta para estes 
questionamentos. 
 
=========================== 23/03 ======================== 
Aprovação do plano de recuperação 
- Sem objeções – aprovação aula passada 
- Com objeções – Assembleia Geral dos Credores (art. 45) 
- Cram down 
Certidões negativas (art. 57) 
Decisão concessiva 
- Recursos 
- Efeitos 
 
(...) 
O devedor também pode sugerir alterações no plano. Então, tanto o devedor como os credores 
podem propor alterações no plano. 
 
A juris tem entendido que dependendo do teor da alteração os credores tem que ter tempo 
hábil para analisar. Assim, se for uma alteração complexa, o ideal é que a Assembleia seja 
remarcada para uma outra data. 
 
Às vezes é necessária mais de uma cessão para terminar o assunto. Mesmo que a Assembleia 
aconteça em várias datas se entende que essa nova cessão é uma cessão da mesma Assembleia, 
ou seja, não se admite a entrada de novos credores. Portanto, é como se a Assembleia fosse 
uma e pudesse ser dividida em várias cessões. 
 
Os credores trabalhistas e os credores de ME e EPP votam só por cabeça, ou seja, votam só pela 
unidade de credores. Ou seja, para haver aprovação pela classe dos credores trabalhistas e ME 
e EPP é preciso ter voto favorável de mais da metade dos credores presentes. 
 
Os credores com garantia real e os quirografários votam por cabeça e por valor. O critério é 
cumulativo. Mais da metade dos credores presentes e mais da metade dos créditos presentes. 
 
O credor que não teve alteração na sua condição de pagamento não pode votar, todos os demais 
votam. O plano deve ser aprovado em todas as classes. 
 
Se uma das classes rejeitar o plano estará rejeitado. 
 
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Se o plano foi rejeitado o juiz convola/converte a recuperação em falência. Essa é a regra geral. 
Mas o 58 traz uma regra chamada de cram down (enfiar goela abaixo) – possibilidade de 
concessão da recuperação judicial mesmo com o plano rejeitado, desde que sejam preenchidos 
os requisitos. 
 
Cuidado: o cram down não é uma forma de aprovação do plano. 
 
Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação judicial 
do devedor cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos do art. 55 desta Lei 
ou tenha sido aprovado pela assembléia-geral de credores na forma do art. 45 desta Lei. 
§ 1o O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não 
obteve aprovação na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma assembléia, tenha 
obtido, de forma cumulativa: 
REQUISITOS 
I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos 
os créditos presentes à assembléia, independentemente de classes; 
II – a aprovação de 2 (duas) das classes de credores nos termos do art. 45 desta Lei 
ou, caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 
1 (uma) delas; 
O art. 58 trata como se houvesse 3 classes, mas agora temos 4 classes. O entendimento que 
tem prevalecido hoje é de se aplicar o 58 como está, ou seja, eu posso ter 2 classes que 
aprovaram e 2 que rejeitaram. 
III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos 
credores, computados na forma dos §§ 1o e 2o do art. 45 desta Lei. 
A classe que rejeitou foi a dos credores trabalhistas/quirografários. De quanto eu preciso? R.: 
Mais de 1/3 dos credores presentes. Ou seja, ao invés de eu pedir metade, eu peço 1/3. 
Aqui também se aplica a mesma regra: se eu tenho 2 classes que rejeitaram, 2 terão de reprovar. 
Ex.: eu só tenho 1 credor com garantia real e ele votou contra. Dá para aplicar a regra do cram 
down? R.: Não, neste caso concede-se a recuperação original. Porque eu não posso deixar o 
futuro do devedor nas mãos de 1 credor. 
§ 2o A recuperação judicial somente poderá ser concedida com base no § 1o deste 
artigo se o plano não implicar tratamento diferenciado entre os credores da classe que o 
houver rejeitado. 
Regra meio subjetiva que não tem muita aplicação prática: o juiz não poderia conceder a 
recuperação pelos requisitos do cram down se a classe que rejeitou tiver sido tratada de forma 
diferente. 
 
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Chegando nos autos da intimação o plano o juiz tem que intimar o devedor para apresentar as 
certidões negativas dos débitos fiscais. Hoje ainda continua se entendendo que estas certidões 
podem ser dispensadas, pois nem todo o empresário consegue o parcelamento, especialmente 
porque é exigido que o devedor renuncie eventuais créditos que ele tem. Assim, a ausência 
dessas certidões não podem inviabilizar a recuperação. Mesmo porque o art. 57 não estabelece 
nenhuma consequência se ele não apresentar. 
Art. 57. Após a juntada aos autos do plano aprovado pela assembléia-geral de 
credores ou decorrido o prazo previsto no art. 55 desta Lei sem objeção de credores, o 
devedor apresentará certidões negativas de débitos tributários nos termos dos arts. 151, 
205, 206 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. 
 
Assim, apresentada ou não as certidões negativas o juiz concede a recuperação judicial. Contra 
essa decisão que concede a recuperação judicial cabe agravo. Qual é a natureza dessa decisão? 
R.: há discussão, mas ela é irrelevante. 
 
EFEITOS DA DECISÃO 
 NOVAÇÃO: os créditos sujeitos a recuperação serão extintos e serão substituídos pelas 
obrigações assumidas no plano aprovado. Assim, as ações que estavam suspensas 
contra o devedor perdem o objeto. O devedor tem que comunicar a aprovação do plano 
em cada uma daquelas ações para que elas sejam extintas. 
 
Art. 59. O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao 
pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, 
observado o disposto no § 1o do art. 50 desta Lei. 
§ 1o A decisão judicial que conceder a recuperação judicial constituirá título 
executivo judicial, nos termos do art. 584, inciso III, do caput da Lei no 5.869, de 11 de janeiro 
de 1973 - Código de Processo Civil. 
§ 2o Contra a decisão que conceder a recuperação judicial caberá agravo, que poderá 
ser interposto por qualquer credor e pelo Ministério Público. 
 
Novação recuperacional X novação civil 
A novação recuperacional do art. 59 é diferente dos efeitos da novação do código civil. 
Na recuperacional, por força do art. 50, § 1°, as garantias não são extintas mesmo não 
havendo novação. Além disso, os credores não perdem os direitos para os coobrigados 
(o coobrigado continua devendo nas mesmas condições). 
 
Ex.: Eu o credor e tenho para receber do devedor e do avalista. No plano de recuperação 
judicial houve um deságio (desconto) de 50%. Então, eu vou receber 50 do devedor em 
10 anos. Novação, o plano é aprovado e acaba. E do avalista? R.: Continuo cobrando. E 
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se o avalista pagar, o que ele faz? R.: Ele se sub-roga no direito do credor e cobra o 
quanto ele pagou. 
 
 Se o plano de recuperação prever a alienação de bens do ativo do devedor essa 
alienação será feita nos autos da recuperação. Quem adquirir esses bens não responde 
na qualidade de sucessor. Ex.: Eu adquiri a fábrica do devedor em Franca. Eu posso 
contratar os mesmos empregados, continuo a atividade e não será ato sucessório nem 
pelas obrigações trabalhistas. 
 
Art. 60. Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação judicial de 
filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, 
observado o disposto no art. 142 desta Lei. 
 
Parágrafo único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá 
sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, 
observado o disposto no § 1o do art. 141 desta Lei. 
 
Esse artigo é um daqueles que é considerado inconstitucional, ou seja, apesar da 
discussão da sucessão especialmente na justiça do trabalho esse entendimento hoje é 
pacífico. 
 
=========================== 24/03 ======================== 
 ATIVIDADE EM SALA 
 
=========================== 30/03 ======================== 
 P1 
=========================== 31/03 ======================== 
 VISTA P1 
=========================== 06/04 ======================== 
(Continuação...) 
 
A decisão que concede a recuperação judicial tem natureza de sentença, sobre ela cabe agravo, 
pela questão dos efeitos – é importante que o agravo não tenha efeito suspensivo para que a 
recuperação judicial possa continuar sendo processada em primeira instância – e também por 
conta da história da remessa dos autos – na época que o processo era físico, se houvesse 
interposição de apelação os autos seriam remetidos ao tribunal e inviabilizaria a continuação da 
recuperação em primeira instância. 
 
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Essa decisão também tem efeito a novação – a partir do momento em que o plano for aprovado 
todas as obrigações sujeitas ao plano estão novadas. Isso significa que aquelas ações que 
estavam suspensas por 180 dias são extintas, pois perdem o objeto. 
 
A partir da decisão concessiva a lei diz que o processo de recuperação tramitará por mais 2 anos. 
Esse período de 2 anos é chamado de supervisão judicial. 
 
CUIDADO! Isso não significa que as obrigações devem ser liquidadas em 2 anos. Significa que 
por 2 anos o judiciário acompanhará o andamento das atividades do devedor e acompanhará o 
cumprimento do plano. 
 
Se decorridos esses 2 anos estiver tudo em ordem (as obrigações tiverem sido cumpridas), o juiz 
vai encerrar a recuperação judicial. 
 
Isso também não significa que os credores estão desamparados, ele também possui um título 
executivo: que é a decisão concessiva. 
 
Durante esses 2 anos o devedor continua na administração dos seus negócios. Essa é a regra. 
 
Excepcionalmente o devedor pode ser destituído da administração do seu negócio. 
 
CUIDADO! Destituição do devedor É DIFERENTE da destituição do administrador judicial. 
 
A destituição do administrador judicial é a hipótese em que o administrador age com desídia, 
não cumpre suas obrigações, é afastado pelo juiz e fica em sua remuneração. Já destituição do 
devedor, estamos falando de uma sociedade (presidente) que era o administrador dela e é 
afastado por ordem judicial; OU o sócio dessa sociedade que é administrador dessa sociedade 
de recuperação é afastado por ordem judicial. 
 
Estamos falando da destituição do administrador do negócio. Pode ser o sócio, como pode ser 
também o executivo. 
 
Isso é exceção. A regra é: o devedor não perde a administração do seu negócio. 
 
Em que hipóteses o devedor pode ser destituído? R.: Há um rol no art. 64 de causas que pode 
alegar a destituição do devedor: 
Art. 64. Durante o procedimento de recuperação judicial, o devedor ou seus 
administradores serão mantidos na condução da atividade empresarial, sob fiscalização do 
Comitê, se houver, e do administrador judicial, salvo se qualquer deles: 
I – houver sido condenado em sentença penal transitada em julgado por crime 
cometido em recuperação judicial ou falência anteriores ou por crime contra o patrimônio, 
a economia popular ou a ordem econômica previstos na legislação vigente; 
 
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II – houver indícios veementes de ter cometido crime previsto nesta Lei; 
 
III – houver agido com dolo, simulação ou fraude contra os interesses de seus 
credores; 
 
IV – houver praticado qualquer das seguintes condutas: 
 
a) efetuar gastos pessoais manifestamente excessivos em relação a sua situação 
patrimonial; 
 
b) efetuar despesas injustificáveis por sua natureza ou vulto, em relação ao capital 
ou gênero do negócio, ao movimento das operações e a outras circunstâncias análogas; 
 
c) descapitalizar injustificadamente a empresa ou realizar operações prejudiciais ao 
seu funcionamento regular; 
 
d) simular ou omitir créditos ao apresentar a relação de que trata o inciso III do caput 
do art. 51 desta Lei, sem relevante razão de direito ou amparo de decisão judicial; 
 
V – negar-se a prestar informações solicitadas pelo administrador judicial ou pelos 
demais membros do Comitê; 
 
VI – tiver seu afastamento previsto no plano de recuperação judicial. 
 
Parágrafo único. Verificada qualquer das hipóteses do caput deste artigo, o juiz 
destituirá o administrador, que será substituído na forma prevista nos atos constitutivos do 
devedor ou do plano de recuperação judicial. 
 
Assim, constatadas uma das hipóteses do art. 64 o devedor será afastado da administração dos 
seus negócios. 
 
Se o juiz determinar o afastamento, quem vai tomar conta das atividades do devedor, ou seja, 
quem administra as atividades do devedor? 
 
R.: 1ª regra – segue o ato constitutivo da sociedade, ou seja, segue a regra imposta no contrato 
ou no estatuto social. Então, vamos pensar que é uma S.A. Eu afastei os membros da diretoria. 
O juiz vai determinar que a sociedade anônima convoque uma Assembleia Geral de acionistas 
para que eles elejam um novo administrador. Ou seja, segue a regra o estatuto. 
 
IMPORTANTE: A substituição do administrador pode estar prevista no próprio plano. Então, 
pode ser que no próprio plano o devedor tenha se comprometido a substituir seus 
administradores OU que os próprios credores tenham pedido isso para ele. Assim, pode ser que 
o próprio plano já traga uma possibilidade de substituição. E aí segue-se a regra do plano, 
conforme art. 64, PÚ: 
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Parágrafo único. Verificada qualquer das hipóteses do caput deste artigo, o juiz 
destituirá o administrador, que será substituído na forma prevista nos atos constitutivos do 
devedor ou do plano de recuperação judicial. 
E aí entramos em um ponto que é controvertido. O art. 65 fala da figura do gestor judicial: 
 
Art. 65. Quando do afastamento do devedor, nas hipóteses previstas no art. 64 desta 
Lei, o juiz convocará a assembléia-geral de credores para deliberar sobre o nome do gestor 
judicial que assumirá a administração das atividades do devedor, aplicando-se-lhe, no que 
couber, todas as normas sobre deveres, impedimentos e remuneração do administrador 
judicial. 
 
§ 1o O administrador judicial exercerá as funções de gestor enquanto a assembléia-
geral não deliberar sobre a escolha deste. 
 
§ 2o Na hipótese de o gestor indicado pela assembléia-geral de credores recusar ou 
estar impedido de aceitar o encargo para gerir os negócios do devedor, o juiz convocará, no 
prazo de 72 (setenta e duas) horas, contado da recusa ou da declaração do impedimento 
nos autos, nova assembléia-geral, aplicado o disposto no § 1o deste artigo. 
 
Quem é o gestor judicial? R.: É uma pessoa nomeada pela Assembleia Geral de Credores que 
administrará as atividades do devedor. 
 
É um ponto “nebuloso” e não temos nem muitos casos para nos basearmos porque a 
jurisprudência é bem escassa. 
 
Aparentemente o 64, PÚ conflita com o 65, pois como vou constituir e eleger? Então, o que a 
doutrina traz é o seguinte: essas duas doutrinas vão coexistir – vou ter um administrador 
nomeado nos termos dos atos constitutivos e um gestor judicial. 
 
Se verificarmos as leis comentadas elas passam por cima e não se aprofundam. Mas os 
posicionamentos são: 
 
 Ulhoa entende que as duas figuras coexistem: fica o administrador – que ele chama de 
estatutário (aquele nomeado nos termos estatuto social) e também paralelamente a isso 
o gestor judicial. E aí o gestor judicial tomaria as decisões administrativas, ou seja, 
conduz a atividade e o administrador estatutário representaria a sociedade. PACÍFICA 
 
 Manoel Justino entende que só haveria o gestor se não fosse possível nomear o 
estatutário. Ex.: não é possível nomear um sócio porque todos os sócios foram 
destituídos. Neste caso teria o gestor. PACÍFICA 
 Há posicionamentos minoritários que diz que o gestor só entraria na hipótese de 
afastamento do empresário individual porque neste caso eu não teria quem 
administrar; o empresário individual é só ele. 
 
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É bem complexo e na vida real há pouquíssimos casos de nomeação de gestor. 
 
Decorridos os 2 anos e se as obrigações tiverem sido cumpridas o juiz encerra a recuperação 
judicial por sentença. 
 
A partir daqui o administrador (não existe mais e não exerce mais nenhuma função) deve prestar 
contas; o juiz manda oficiar a junta comercial e aquela observação que existia no nome do 
devedor deixa de existir. 
 
OBS.: temos um problema sério prático – todas as notícias que vemos em jornais sobre a 
efetividade da recuperação levam em recuperação esse momento. A recuperação é um sucesso 
se ela foi encerrada. Mas lembram das cláusulas de recuperação consideradas nulas? É muito 
comum o devedor dizer assim no plano: “eu vou pagar em 10 anos com carência de 3 anos”, 
mas essa fere o art. 62 que prevê o prazo de 2 anos, ou seja, pode acontecer de o processo de 
recuperação acabar sem o devedor ter pagado nada a ninguém e ele é considerado recuperado. 
 
=========================== 07/04 ======================== 
Descumprimento do plano de Recuperação Judicial 
- Antes do encerramento da RJ (61) 
- Após o encerramento da RJ (62) 
 
Recuperação Judicial especial para ME e EPP 
- Arts. 70 – 72 
- Conceitos (Lei Complementar n. 123/2006) 
- Opção 
- Créditos sujeitos 
- Plano especial 
- Procedimento 
 
A lei traz duas regras sobre descumprimento de plano: o descumprimento do plano antes e 
depois do encerramento da RJ. 
 
Se o descumprimento ocorrer antes do encerramento da recuperação o juiz determinará a 
convolação da recuperação judicial em falência. 
 
Claro que, normalmente, o juiz dá a oportunidade para que o devedor justifique. Ex.: o 
administrador judicial disse nos autos que o devedor não está cumprindo o plano. O juiz notifica 
o devedor para que ele se justifique. Se ele não justificar ocorre a convolação. 
 
O que acontece na vida real (e não há previsão em lei isso que vou falar) é que o devedor em 
vias de descumprir ele apresenta uma petição dizendo que não vai conseguir cumprir e pergunta 
ao juiz se pode apresentar outro plano. A JURIS tem admitido. Ele apresenta o novo plano 
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(aprovado pelos credores) e começa tudo de novo. Por isso que na vida real vemos durar muito 
mais que 2 anos a RJ. 
 
IMPORTANTE: Se haver a convolação, ou seja, o juiz decretou a falência do devedor. Lembra da 
novação? Lembra que eu disse para vocês que a decisão concessiva imita a novação, mas essa 
novação é chamada pela doutrina de novação recuperacional porque ela é uma novação 
diferente da de direito civil. Por que essa novação é diferente da do direito civil? Justamente 
porque aqui ela perde os efeitos. 
 
Assim, havendo a convolação da recuperação em falência a novação perde os seus efeitos. Ex.: 
eu sou credor e tinham 100 pra receber. Aprovamos um plano de pagamento em 10 anos com 
deságio de 50% - novação. Essa minha obrigação de 100 está extinta e foi substituída pela de 50. 
Vamos pensar – o devedor cumpriu o 1º ano do plano e pagou 5 parcelas – convola em falência. 
Quanto vai ter do crédito a ser habilitado na falência? 95% do crédito porque a novação perde 
os efeitos. Ou seja, os credores têm seus direitos reconstituídos >> como o plano era 100 e ele 
pagou 5 eu aplico 95. 
 
No descumprimento após o encerramento – após o juiz proferir sentença encerrando a 
recuperação, essa recuperação não volta mais. Isso significa que cada credor terá um título 
executivo que é a decisão concessiva da recuperação. 
 
A decisão concessiva da recuperação é título executivo. Cada credor tem o seu título executivo. 
 
Houve o descumprimento. IMPORTANTE! Encerrou a recuperação não existe mais chance de ter 
a convolação. 
 
E o que o credor faz? R.: Executa individualmente OU pede a falência do devedor. 
 
Quanto ele vai executar, 95% ou 45%? R.: 45% porque com o encerramento da falência a 
novação se consolidou. 
 
Qual é a diferença do pedido de falência para a convolação? R.: a convolação é automática, o 
devedor já é falido, já o pedido de falência (que veremos na próxima aula) é uma fase de 
conhecimento no processo falimentar. 
 
OBS.: A hipótese do art. 61 (2 anos da concessão apresento plano substitutivo) passados 5 anos 
posso pedir recuperação de novo? R.: POSSO. 
 
Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o devedor permanecerá em 
recuperação judicial até que se cumpram todas as obrigações previstas no plano que se 
vencerem até 2 (dois) anos depois da concessão da recuperação judicial. 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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§ 1o Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o descumprimento de 
qualquer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em falência, 
nos termos do art. 73 desta Lei. 
§ 2o Decretada a falência, os credores terão reconstituídos seus direitos e garantias 
nas condições originalmente contratadas, deduzidos os valores eventualmente pagos e 
ressalvados os atos validamente praticados no âmbito da recuperação judicial. 
 
Art. 62. Após o período previsto no art. 61 desta Lei, no caso de descumprimento de 
qualquer obrigação prevista no plano de recuperação judicial, qualquer credor poderá 
requerer a execução específica ou a falência com base no art. 94 desta Lei. 
 
RECUPERAÇÃO ESPECIAL 
Art. 71. O plano especial de recuperação judicial será apresentado no prazo previsto 
no art. 53 desta Lei e limitar-se á às seguintes condições: 
I - abrangerá todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos, 
excetuados os decorrentes de repasse de recursos oficiais, os fiscais e os previstos nos §§ 
3o e 4o do art. 49; 
II - preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais, iguais e 
sucessivas, acrescidas de juros equivalentes à taxa Sistema Especial de Liquidação e de 
Custódia - SELIC, podendo conter ainda a proposta de abatimento do valor das dívidas; 
III – preverá o pagamento da 1a (primeira) parcela no prazo máximo de 180 (cento e 
oitenta) dias, contado da distribuição do pedido de recuperação judicial; 
IV – estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, após ouvido o administrador 
judicial e o Comitê de Credores, para o devedor aumentar despesas ou contratar 
empregados. 
Parágrafo único. O pedido de recuperação judicial com base em plano especial não 
acarreta a suspensão do curso da prescrição nem das ações e execuções por créditos não 
abrangidos pelo plano. 
Art. 72. Caso o devedor de que trata o art. 70 desta Lei opte pelo pedido de 
recuperação judicial com base no plano especial disciplinado nesta Seção, não será 
convocada assembléia-geral de credores para deliberar sobre o plano, e o juiz concederá a 
recuperação judicial se atendidas as demais exigências desta Lei. 
Parágrafo único. O juiz também julgará improcedente o pedido de recuperação 
judicial e decretará a falência do devedor se houver objeções, nos termos do art. 55, de 
credores titulares de mais da metade de qualquer uma das classes de créditos previstos no 
art. 83, computados na forma do art. 45, todos desta Lei. 
É utilizada para ME e EPP e tem sua conceituação no estatuto da microempresa. 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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Quem pode ser ME e EPP? R.: o critério para enquadramento de EPP é o faturamento (receita 
bruta anual – tudo que ele aufere exercendo a atividade) se a receita anual for de até 360 mil 
você é ME. 
 
EPP – 360 até 3 milhões e seiscentos mil >> vai aumentar em Jan/2018 (definida por lei 
complementar). 
 
A nossa lei não fala do microempreendedor individual. Ele pode ter uma receita bruta de até 60 
mil. A lei de falências não fala expressamente dele. 
 
Sou ME e EPP = posso escolher o procedimento comum e o especial. 
 
No plano especial a lei diz que o devedor tem que propor parcelamento em até 36 vezes. A 1ª 
parcela depois de 180 dias, aplicando a taxa Selic. Essa proposta pode ou não conter abatimento. 
Aqui a proposta está pronta. 
 
Os credores podem apresentar objeções no prazo de 30 dias. O que muda no procedimento? R.: 
não existe Assembleia. 
 
Como fica a aprovação do plano? R.: Se houver objeções de credores correspondentes a mais 
da metade dos créditos de cada classe e aí esse número é obtido com a regra do art. 45 (cada 
um vota por cabeça e por valor – regra geral). 
 
Na recuperação comum, teve objeção, o que acontece? R.: Assembleia. Na recuperação 
especial, havendo objeção o juiz vai verificar os credores que apresentaram objeção e o quanto 
eles representam – o cálculo vai ser feito na forma do art. 45. Se representarem mais da metade 
do crédito daquela classe o juiz julga improcedente o pedido e decreta falência. 
 
Há também uma discussão doutrinária sobre se aplicaria ou não o cram down. Em tese não 
porque há regra específica do 62. 
 
c) Recuperação Extrajudicial (arts. 161 - 168) 
- Conceito 
- Créditos sujeitos 
- Condições 
- Plano extrajudicial 
- Procedimento 
O devedor negocia com os credores extrajudicialmente. E leva ao judiciário para homologação. 
A lei traz 2 hipóteses: 162 e 163. Ulhoa chama de obrigação facultativa e homologatória. 
 
O devedor convoca os credores extrajudicialmente. Todos eles concordam. Eu preciso 
homologar esse acordo no judiciário? R.: Não, mas posso homologar se quiser - por isso 
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facultativa. Ex.: não consegui a concordância de todos,mas consegui a concordância de mais de 
3/5 dos créditos – e aqui é por valor e não por cabeça – se o devedor homologar ele submete 
esse plano aos credores que não concordaram – por isso que o Ulhoa chama de obrigatória, ou 
seja, para que os credores dissidentes se sujeitem aos efeitos do plano, esse plano 
necessariamente tem que ser homologado. 
 
Quais são os credores sujeitos a esse plano: todos menos trabalhista e tributários. 
 
A lei trata da possibilidade de se celebrar um acordo extrajudicial pra uma parte de uma classe. 
Eu não preciso notificar todos os quirografários, eu posso notificar só um grupo. Se naquele que 
eu notifiquei eu atingi o quórum, tudo bem. Mas é preciso atingir o quórum dentro do grupo 
convocado. 
 
Quais são as funções? As mesmas do art. 48, não ter recuperação judicial em trâmite e não ter 
obtido concessão de recuperação ou homologação de recuperação extrajudicial a menos de 2 
anos (art. 61). 
 
Procedimento: PI, vão requerer a homologação, a lei traz um rol de documentos que precisa 
apresentar. O juiz recebe e PI e manda publicar o edital com prazo de 30 dias para apresentar 
impugnação (porque eu presumo que esses credores concordaram ou se não concordaram 
foram convocados e discordaram da proposta). Nesse mesmo prazo de 30 dias a lei diz que o 
devedor vai mandar uma carta ao credor (ele não vai perguntar esses detalhes na prova). 
 
IMPORTANTE: O credor vai impugnar o que? R.: A lei (164) restringe a matéria da impugnação: 
não preencheu os requisitos da lei; não preencheu o quórum ou praticou ato de falência ou ato 
passível de revogação. 
 
O juiz homologa ou não homologa. Se ele não homologar, tudo bem, a falência não será 
decretada. A lei diz inclusive que o devedor pode apresentar outro plano extrajudicial e pedir 
homologação de novo. 
 
Aqui não há convolação. 
 
Art. 161. O devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei poderá propor 
e negociar com credores plano de recuperação extrajudicial. 
§ 1o Não se aplica o disposto neste Capítulo a titulares de créditos de natureza 
tributária, derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de trabalho, 
assim como àqueles previstos nos arts. 49, § 3o, e 86, inciso II do caput, desta Lei. 
§ 2o O plano não poderá contemplar o pagamento antecipado de dívidas nem 
tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos. 
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§ 3o O devedor não poderá requerer a homologação de plano extrajudicial, se estiver 
pendente pedido de recuperação judicial ou se houver obtido recuperação judicial ou 
homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há menos de 2 (dois) anos. 
§ 4o O pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial não acarretará 
suspensão de direitos, ações ou execuções, nem a impossibilidade do pedido de decretação 
de falência pelos credores não sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial. 
§ 5o Após a distribuição do pedido de homologação, os credores não poderão desistir 
da adesão ao plano, salvo com a anuência expressa dos demais signatários. 
§ 6o A sentença de homologação do plano de recuperação extrajudicial constituirá 
título executivo judicial, nos termos do art. 584, inciso III do caput, da Lei no 5.869, de 11 de 
janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
 
Art. 162. O devedor poderá requerer a homologação em juízo do plano de 
recuperação extrajudicial, juntando sua justificativa e o documento que contenha seus 
termos e condições, com as assinaturas dos credores que a ele aderiram. 
 
Art. 163. O devedor poderá, também, requerer a homologação de plano de 
recuperação extrajudicial que obriga a todos os credores por ele abrangidos, desde que 
assinado por credores que representem mais de 3/5 (três quintos) de todos os créditos de 
cada espécie por ele abrangidos. 
§ 1o O plano poderá abranger a totalidade de uma ou mais espécies de créditos 
previstos no art. 83, incisos II, IV, V, VI e VIII do caput, desta Lei, ou grupo de credores de 
mesma natureza e sujeito a semelhantes condições de pagamento, e, uma vez homologado, 
obriga a todos os credores das espécies por ele abrangidas, exclusivamente em relação aos 
créditos constituídos até a data do pedido de homologação. 
§ 2o Não serão considerados para fins de apuração do percentual previsto no caput 
deste artigo os créditos não incluídos no plano de recuperação extrajudicial, os quais não 
poderão ter seu valor ou condições originais de pagamento alteradas. 
§ 3o Para fins exclusivos de apuração do percentual previsto no caput deste artigo: 
I – o crédito em moeda estrangeira será convertido para moeda nacional pelo 
câmbio da véspera da data de assinatura do plano; e 
II – não serão computados os créditos detidos pelas pessoas relacionadas no art. 43 
deste artigo. 
§ 4o Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua 
substituição somente serão admitidas mediante a aprovação expressa do credor titular da 
respectiva garantia. 
§ 5o Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial só poderá ser afastada 
se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano 
de recuperação extrajudicial. 
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§ 6o Para a homologação do plano de que trata este artigo, além dos documentos 
previstos no caput do art. 162 desta Lei, o devedor deverá juntar: 
I – exposição da situação patrimonial do devedor; 
II – as demonstrações contábeis relativas ao último exercício social e as levantadas 
especialmente para instruir o pedido, na forma do inciso II do caput do art. 51 desta Lei; e 
III – os documentos que comprovem os poderes dos subscritores para novar ou 
transigir, relação nominal completa dos credores, com a indicação do endereço de cada um, 
a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o 
regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação 
pendente. 
 
Art. 164. Recebido o pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial 
previsto nos arts. 162 e 163 desta Lei, o juiz ordenará a publicação de edital no órgão oficial 
e em jornal de grande circulação nacional ou das localidades da sede e das filiais do devedor, 
convocando todos os credores do devedor para apresentação de suas impugnações ao 
plano de recuperação extrajudicial, observado o § 3o deste artigo. 
§ 1o No prazo do edital, deverá o devedor comprovar o envio de carta a todos os 
credores sujeitos ao plano, domiciliados ou sediados no país, informando a distribuição do 
pedido, as condições do plano e prazo para impugnação. 
§ 2o Os credores terão prazo de 30 (trinta) dias, contado da publicação do edital, para 
impugnarem o plano, juntando a prova de seu crédito. 
§ 3o Para opor-se, em sua manifestação, à homologação do plano, os credores 
somente poderão alegar: 
I – não preenchimento do percentual mínimo previsto no caput do art. 163 desta Lei; 
II – prática de qualquer dos atos previstos no inciso III do art. 94 ou do art. 130 desta 
Lei, ou descumprimento de requisito previsto nesta Lei; 
III – descumprimento de qualquer outra exigência legal. 
§ 4o Sendo apresentada impugnação, será aberto prazo de 5 (cinco) dias para que o 
devedor sobre ela se manifeste. 
§ 5o Decorrido o prazo do § 4o deste artigo, os autos serão conclusos imediatamente 
ao juiz para apreciação de eventuaisimpugnações e decidirá, no prazo de 5 (cinco) dias, 
acerca do plano de recuperação extrajudicial, homologando-o por sentença se entender 
que não implica prática de atos previstos no art. 130 desta Lei e que não há outras 
irregularidades que recomendem sua rejeição. 
§ 6o Havendo prova de simulação de créditos ou vício de representação dos credores 
que subscreverem o plano, a sua homologação será indeferida. 
§ 7o Da sentença cabe apelação sem efeito suspensivo. 
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§ 8o Na hipótese de não homologação do plano o devedor poderá, cumpridas as 
formalidades, apresentar novo pedido de homologação de plano de recuperação 
extrajudicial. 
 
Art. 165. O plano de recuperação extrajudicial produz efeitos após sua homologação 
judicial. 
§ 1o É lícito, contudo, que o plano estabeleça a produção de efeitos anteriores à 
homologação, desde que exclusivamente em relação à modificação do valor ou da forma 
de pagamento dos credores signatários. 
§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo, caso o plano seja posteriormente rejeitado 
pelo juiz, devolve-se aos credores signatários o direito de exigir seus créditos nas condições 
originais, deduzidos os valores efetivamente pagos. 
 
Art. 166. Se o plano de recuperação extrajudicial homologado envolver alienação 
judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua 
realização, observado, no que couber, o disposto no art. 142 desta Lei. 
 
Art. 167. O disposto neste Capítulo não implica impossibilidade de realização de 
outras modalidades de acordo privado entre o devedor e seus credores. 
Dos Crimes em Espécie 
Fraude a Credores 
Art. 168. Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a 
recuperação judicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que 
resulte ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter ou assegurar vantagem 
indevida para si ou para outrem. 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
Aumento da pena 
§ 1o A pena aumenta-se de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), se o agente: 
I – elabora escrituração contábil ou balanço com dados inexatos; 
II – omite, na escrituração contábil ou no balanço, lançamento que deles deveria 
constar, ou altera escrituração ou balanço verdadeiros; 
III – destrói, apaga ou corrompe dados contábeis ou negociais armazenados em 
computador ou sistema informatizado; 
IV – simula a composição do capital social; 
V – destrói, oculta ou inutiliza, total ou parcialmente, os documentos de escrituração 
contábil obrigatórios. 
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Contabilidade paralela 
§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até metade se o devedor manteve ou 
movimentou recursos ou valores paralelamente à contabilidade exigida pela legislação. 
Concurso de pessoas 
§ 3o Nas mesmas penas incidem os contadores, técnicos contábeis, auditores e 
outros profissionais que, de qualquer modo, concorrerem para as condutas criminosas 
descritas neste artigo, na medida de sua culpabilidade. 
Redução ou substituição da pena 
§ 4o Tratando-se de falência de microempresa ou de empresa de pequeno porte, e 
não se constatando prática habitual de condutas fraudulentas por parte do falido, poderá 
o juiz reduzir a pena de reclusão de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) ou substituí-la pelas 
penas restritivas de direitos, pelas de perda de bens e valores ou pelas de prestação de 
serviços à comunidade ou a entidades públicas. 
 
=========================== 13/04 ======================== 
d) Falência (arts. 75 - 160) 
- Conceito 
- Objetivos (75) 
- Pressupostos 
a) Devedor empresário 
b) Insolvência jurídica (presumida ¬¬ art. 94) 
c) Declaração judicial da falência 
 
Uma das modalidades de dissolução judicial da atividade empresarial. Ao contrário do que 
parece a dissolução pela falência é uma dissolução regular. 
 
É considerada uma dissolução irregular, pois falir faz parte do negócio. 
 
Já a dissolução irregular acarreta a desconsideração da personalidade jurídica – 
responsabilidade pessoal do sócio. 
A simples decretação da falência não é motivo para desconsiderar a personalidade jurídica. Pode 
haver desconsideração, mas é a exceção e não a regra. 
 
Por que o Estado trouxe para si o processo de falência? R.: Porque tem por objetivo a liquidação 
do patrimônio do empresário para o pagamento dos credores. 
 
O art. 75 diz que o objetivo da falência é: 
 
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Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa 
a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive 
os intangíveis, da empresa. 
Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da 
economia processual. 
 
Baseados nos princípios da celeridade e da economia processual para se efetivar a falência da 
melhor forma possível. 
 
CLASSIFICAÇÃO DE CRÉDITO 
O processo de falência é chamado de execução concursal pois os credores são pagos de acordo 
com uma ordem de classificação. 
 
Tem por critério a relevância do crédito. Quem precisa mais recebe antes, e por isso que os 
primeiros são os empregados. 
 
O Estado tem interesse porque ele quer garantir que essa ordem será observada. 
 
PRESSUPOSTOS DA FALÊNCIA 
1º pressuposto >> O administrador deve ser empresário – empresário individual, EIRELLI e 
sociedade empresária e companhia aéreas (art. 199). 
 
Não pode falir: Empresa pública, sociedade de economia mista, instituição de plano de saúde 
etc. (art. 2º): 
Art. 2o Esta Lei não se aplica a: 
I – empresa pública e sociedade de economia mista; 
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, 
entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à 
saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente 
equiparadas às anteriores. 
Por isso que o Ulhoa faz a diferenciação entre relativamente e absolutamente excluídas. Essas 
sociedades previstas no inciso II são relativamente excluídas porque temos leis especiais que 
regulam cada uma delas e há aplicação subsidiária da lei de falências. 
 
Ex.: Eu sou credora da Unimed. Eu posso pedir a falência dela? R.: Não, pois ela é operadora de 
plano de saúde. 
 
Ex.: A Banco Central pode decretar a falência de algum banco? R.: Sim, o banco central tem 
permissão de decretar via falência. Recuperação judicial nunca. 
OBS.: Lei n. 6.024/74. 
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2º pressuposto >> Insolvência jurídica: é a insolvência presumida por lei. Insolvência econômica 
é a diferença entre passivo e ativo. Tenho mais obrigações do que patrimônio. Há na lei a 
insolvência presumida, ou seja, não exige-se a prova da insolvência econômica, basta que o 
devedor pratique uma das condutas previstas em lei. Se ele pratica presume-se o estado 
falimentar. 
 
Presumem-sea insolvência: 
 
 IMPONTUALIDADE: o devedor atrasa os pagamentos sem justificar. É crime falimentar. 
A obrigação que não foi paga tem que ser de valor superior a 40 salários mínimos. Há a 
demonstração de uma crise financeira. Deve ter a falência decretada. Pode haver 
situações em que ele não é insolvente, tem patrimônio, mas não tem dinheiro. 
 
 EXECUÇÃO FRUSTRADA: o executor e executado e não garante a execução. O devedor 
foi executado e não garantiu a execução. 
 
 ATOS DE FALÊNCIA: a lei (art. 94) traz uma lista de condutas que configuram o estado 
falimentar. Ex.: abandono do estabelecimento; descumprimento do plano de 
recuperação judicial. 
 
O último pressuposto é a declaração judicial. Falência é sempre judicial, ou seja, foi proferida 
contra ele uma sentença. 
 
Esse processo falimentar é dividido pela doutrina em 3 fases: 
 Pré-falimentar: é a fase do chamado pedido de falência. Verifica que a falência só foi 
requerida; é a fase de conhecimento porque aqui o juiz vai verificar se de fato é caso de 
decretar falência ou não. Se o juiz profere a sentença acaba a atividade. Já é falido. 
 
 Falimentar: com a falência decretada, as atividades são encerradas. 
a) Faz a arrecadação dos bens – constrição judicial (são arrecadados todos os bens do 
falido, é universal diferentemente da penhora – mesmo que sobre bens, depois se 
devolve ao falido); 
b) realização do ativo; e 
c) satisfação dos credores, ou seja, pagamento – que é feito sempre por rateio, divide 
igualmente a todos. 
 
A falência será encerrada quando houver a satisfação de todos os credores ou quando 
não houver mais patrimônio para ser liquidado. Depois haverá sentença de 
encerramento da falência 
 
CUIDADO: encerrar não significa extinguir as obrigações. Significa que não tem mais o 
que liquidar. Mas pode ser que ainda haja passivo para ser pago. 
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 Pós-falimentar: declara a extinção das obrigações do falido. Então, o falido pode 
extinguir a extinção das obrigações. Ele estará reabilitado. Hipótese mais comum – 5 
anos depois da sentença de encerramento; O juiz profere outra sentença declarando a 
extinção das obrigações. Se for tudo pago a sentença de extinção das obrigações será 
na sentença de encerramento (OAB – 2ª fase). 
 
=========================== 14/04 ======================== 
 FERIADO 
 
=========================== 20/04 ======================== 
PEDIDO DE FALÊNCIA 
- Sujeito ativo (97) 
- Sujeito passivo (1°) 
- Fundamentos jurídicos (94) 
a) Impontualidade injustificada (94, I) 
b) Execução frustrada ou tríplice omissão 
c) Atos de falência 
- Procedimentos (95 - 98) 
- Sentença (99 - 101) 
 
PEDIDO DE FALÊNCIA 
É a fase pré-falimentar = Fase de conhecimento do processo de falência. O juiz vai verificar se 
estão presentes ou não os requisitos para decretar a falência. 
 
Quem pode pedir a falência? R.: art. 97 apresenta 4 hipóteses 
 
Autofalência: é a falência requerida pelo próprio devedor. Está prevista nos arts. 105 a 107 da 
lei. A nossa lei falimentar prevê a autofalência como um dever do devedor que julga não 
preencher os requisitos para a recuperação. Ex.: eu sou um devedor, estou em crise e entendo 
eu que não preencho os requisitos para a recuperação. Segundo o 105 eu – devedor – tenho o 
dever de pedir a minha própria falência. 
 
O que ocorre se você não pedir a autofalência? NADA. Alguém pode pedir a falência por você. 
Mas, segundo o 105 a autofalência é um dever. O devedor pede para que o juiz decrete sua 
autofalência. 
 
Como nós vimos a falência é uma forma regular de dissolução da sociedade/atividade 
empresarial. Sendo uma forma regular, o devedor pode pedir a falência justamente para obter 
essa dissolução regular da sua atividade. 
 
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E aí o que a lei traz nos arts. 105 – 107 traz a relação dos documentos que ele vai juntar 
(balanços, relação de credores) e o procedimento que é procedente ou improcedente. 
 
A autofalência só será improcedente, p. ex; se houver uma discussão societária. Ex.: Eu sou uma 
sociedade com 3 sócios e não uma deliberação/vontade concreta desses sócios em pedir a 
autofalência. Se o juiz tem dúvida sobre a vontade dos sócios ele pode julgar improcedente o 
pedido. 
 
Quem mais pode pedir falência? 
 
 Cônjuge sobrevivente e os herdeiros. E aqui e a mesma história da recuperação. 
Estamos falando do empresário individual ¬¬ o cônjuge sobrevivente e os herdeiros do 
empresário individual. E aí temos uma curiosidade interessante, se decretada falência 
de um empresário individual falecido o inventário fica suspenso até a falência acabar, 
porque na verdade o processo de inventário é resolvido dentro do processo de falência. 
 
 O sócio – e aqui estou falando de sociedade empresária. O sócio pode pedir a falência 
da própria sociedade? R.: É aquela mesma história da recuperação. Quem é o sócio 
remanescente? Aparentemente parece que o sócio que sobreviveu ao sócio que 
faleceu. Então eu e Tânia somos sócias. Eu morri. A Tânia sozinha não maioria do capital 
social para decidir pedir autofalência, ela pode em nome próprio pedir a falência da 
sociedade. (¬¬ estas hipóteses nunca aconteceram) 
 
 O credor – é a mais importante por mais comum. Qualquer credor pode requerer a 
falência da sociedade. 
 
Existe um entendimento pacífico de que a Fazenda Pública não tem interesse para 
pedir a falência do devedor. Normalmente ela não pede a falência do devedor porque 
o Estado não tem interesse considerando que o Estado não pode tomar essa iniciativa 
de requerer o fim da entidade comercial. 
 
Os bancos – instituições financeiras – tem autorização de pedir falência, mas não 
costumam requerer porque normalmente eles têm o aval do sócio e compensa mais 
executar a sociedade e os sócios juntos. Também porque para a instituição financeira 
não compensa a liquidação. Ela não tem interesse que a atividade para suas atividades, 
ela tem interesse e vê-la trabalhando para precisar do crédito dela. 
O credor deve ser regularmente registrado na JUNTA se exercer atividade empresaria. 
 
Só pode pedir falência quem é empresário? R.: Não. O empregado também pode fazê-
lo, o advogado do credor. Mas se o requerente da falência for empresário, para requerer 
a falência de outra ela de ser regularmente registrado na Junta Comercial. Significa dizer 
que só posso pedir falência de alguém se sou regular. No momento de pedir, devo juntar 
uma certidão da junta comercial expedido em nome do credor, autor para provar isso. 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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Lembra da sociedade em comum? Aquele que despersonificada e não tem registro? 
Essa sociedade não pode requerer a falência de ninguém por que não tem registro (ela 
é irregular). 
 
Se o credor for estrangeiro o juiz arbitrará uma caução. É a mesma regra do CPC. 
Veremos na próxima aula que na lei existe uma regra dizendo que se o credor requerer 
a falência por dolo, ou seja, que o credor agiu de má-fé, o juiz condena do credor a pagar 
indenização do devedor. 
 
Assim, seu eu tenho um devedor estrangeiro que veio pedir a falência de umdevedor 
brasileiro, ele pode pedir. Mas o juiz vai estipular uma caução (depósito em dinheiro) 
para garantir eventual verba de sucumbência e eventual indenização. 
 
Assim, quando o juiz receber a inicial ele fará uma estimativa de uma possível 
indenização, sucumbência e vai determinar que o credor faça o depósito judicial desse 
valor. 
 
IMPORTANTE: Quais são os fundamentos para o pedido de falência? 
 
 Eu disse para vocês na aula passada que um dos pressupostos para o estado falimentar 
é o que a doutrina chama de insolvência jurídica. Insolvência jurídica é a insolvência 
presumida por lei. Ou seja, para a decretação da falência não há necessidade da prova 
da insolvência econômica. 
 
Quando se presume a insolvência? R.: Art. 94: 
 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida 
materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o 
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; 
II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à 
penhora bens suficientes dentro do prazo legal; 
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de 
recuperação judicial: 
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou 
fraudulento para realizar pagamentos; 
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar 
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade 
de seu ativo a terceiro, credor ou não; 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de 
todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; 
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar 
a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; 
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com 
bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; 
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para 
pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local 
de sua sede ou de seu principal estabelecimento; 
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de 
recuperação judicial. 
§ 1o Credores podem reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer o limite mínimo 
para o pedido de falência com base no inciso I do caput deste artigo. 
§ 2o Ainda que líquidos, não legitimam o pedido de falência os créditos que nela não 
se possam reclamar. 
§ 3o Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de falência será instruído 
com os títulos executivos na forma do parágrafo único do art. 9o desta Lei, acompanhados, 
em qualquer caso, dos respectivos instrumentos de protesto para fim falimentar nos termos 
da legislação específica. 
§ 4o Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o pedido de falência será instruído 
com certidão expedida pelo juízo em que se processa a execução. 
§ 5o Na hipótese do inciso III do caput deste artigo, o pedido de falência descreverá 
os fatos que a caracterizam, juntando-se as provas que houver e especificando-se as que 
serão produzidas. 
Quando configuradas uma das 3 hipóteses a seguir: 
 
o IMPONTUALIDADE: art. 94, I. O devedor não paga no vencimento – 
inadimplemento – uma obrigação líquida consubstanciada em título executivo 
que pode ser judicial ou extrajudicial sem relevante razão de direito. É daqui 
que vem o que a doutrina chama de injustificada. 
 
I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida 
materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o 
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; 
 
A prova da impontualidade se faz pelo protesto. Esse título executivo tem que 
ter valor superior 40 salários mínimos. 
 
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Há uma súmula do TJ que diz que a opção entre pedir a falência e executar é 
do credor e por isso acabou o argumento dos advogados que a falência é usada 
como meio de cobrança. 
 
No valor de 40 salários mínimos não inclui juros nem correção. É o valor original 
da obrigação. Além disso, vários credores podem se reunir para formar esse 
montante. 
 
Protesto: eu tenho que ter um título executivo (judicial ou extrajudicial) 
protestado. Esse protesto é o protesto cambial. O que é o protesto cambial? R.: 
é uma notificação extrajudicial do cartório especializando ordenando o 
pagamento em 3 dias, sob pena do registro do protesto. Esse registro é público. 
É lavrado no próprio cartório de protestos e fica no livro. O credor recebe um 
doc. chamado instrumento de protesto que serve para informar a 
impontualidade no caso da falência. O protesto é a única prova de 
impontualidade admitida por lei. Não adianta fazer notificação judicial. 
 
IMPORTANTE: em tese esse protesto não seria necessário porque se a 
obrigação é líquida e exigível a mora já está constituída, mas mesmo assim o 
legislador exigiu o protesto justamente para que não haja dúvida de que o 
devedor teve a oportunidade de pagar e mesmo assim não pagou. 
 
O art. 94 fala em protesto para fim falimentar e surgiu a discussão em fazer ou 
não o protesto para fim falimentar. Há também uma súmula do TJ/SP falando 
que não é preciso o protesto, mas quem classificou essa questão foi a súmula 
361, do STJ - Ela diz que a notificação do protesto para pedido de falência deve 
identificar a pessoa que a recebeu. Com essa súmula se pacificou o 
entendimento de que o protesto especial não é necessário, porém o protesto 
comum deve trazer a identificação da pessoa que recebeu a notificação do 
cartório. Essa súmula é de 2006, então hoje os cartórios fazem direitinho. 
 
IMPORTANTE: quem assina essa notificação não precisa ser o sócio. Pode ser 
qualquer pessoa, pois essa notificação é entregue no estabelecimento do 
devedor e presume-se que a pessoa que recebeu direcionou a pessoa correta. 
 
Muitas vezes o cartório não consegue fazer a notificação porque o credor já 
pode ter mudado de endereço. É importante que o credor peça ao cartório pra 
fazer a notificação do protesto no endereço que consta na Junta Comercial para 
que não haja divergência. O devedor tem que ser notificado para ter essa última 
oportunidade para pagar. 
 
O pedido de falência com base na impontualidade vai ser instruído com os 
títulos e o instrumento de protesto. 
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=========================== 21/04 ======================== 
 FERIADO 
 
=========================== 27/04 ======================== 
 
o EXECUÇÃO FRUSTRADA ou TRÍPLICE OMISSÃO: art. 94, II (bastante usada) 
 
II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não 
nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; 
 
Aqui a dívida pode ser de qualquer valor. Mas é necessário que haja o processo 
de execução anterior, ou seja, por que a doutrina chama de execução frustradaou tríplice omissão? R.: Porque o devedor foi executado e sendo executado não 
pagou, não depositou e não nomeou bens à penhora. 
 
A juris readaptou o inciso II ao novo CPC. Firmou o entendimento pacifico no 
sentido de que o devedor deve ser intimado nos autos da execução para nomear 
bens a penhora nos autos da execução. 
 
Se ele teve a oportunidade de pagar o valor dos autos e não o fez, 
independentemente do valor da dívida a falência pode ser decretada. 
 
Aqui não é exigido um valor mínimo porque ele já teve uma oportunidade na 
execução. 
 
IMPORTANTE: não pode requerer a falência nos autos da execução (nem se for 
extrajudicial ou trabalhista). Assim, a súmula 24, do STJ diz que o credor deve 
requerer uma certidão ao juízo onde se processa a execução e nessa certidão o 
juízo vai dizer que ele foi intimado a pagar e nomear bens penhora e não o fez. 
Com essa certidão o credor vai a justiça especializada (se houver em seu 
território) e apresenta o pedido de falência. 
 
IMPORTANTE: Ex.: suponha que em São Caetano o Juiz Competente para julgar 
é a Vara Cível. Eu tenho uma execução por título extrajudicial (duplicata, 
cheque). Como a competência é a mesma eu poderia requerer a conversão da 
EXECUÇÃO em falência? R.: NÃO, pois os procedimentos são diferentes – 
falência tem natureza de conhecimento e a execução tem natureza de 
execução. Então, há uma incompatibilidade processual aí. Não dá para 
converter, mesmo porque é uma nova ação no pedido. 
 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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o ATOS DE FALÊNCIA: prevista no art. 94, III, traz 7 condutas (alíneas) que 
presumem a insolvência. Basta que o credor pratique uma delas e já caracteriza. 
 
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de 
recuperação judicial: 
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio 
ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; 
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar 
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da 
totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; 
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento 
de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; 
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de 
burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; 
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem 
ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; 
Ex.: faço empréstimo e depois eu dou um bem em garantia para tentar desviar 
o bem da falência. 
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes 
para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu 
domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; 
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de 
recuperação judicial. (Hipótese que mais ocorre) 
Ex.: Se depois dos dois anos da concessão o devedor descumpre enquanto o 
processo de recuperação ainda está em andamento ocorre a convolação e 
ocorre nos mesmos autos. 
Ex.: Passaram-se os dois anos, o processo de recuperação foi encerrado, o 
devedor descumpriu o plano após os dois anos. O devedor pode 
individualmente requerer a falência. Qual é o fundamento da falência neste 
caso? Art. 94, III, ‘g’. 
Essa alínea g só serve para o descumprimento do plano após encerramento da 
recuperação. 
 
Havendo uma destas 3 hipóteses o juiz decreta a insolvência. O devedor será notificado do 
pedido de falência. Ex.: o credor ajuizou o pedido de falência, o devedor é citado, o prazo para 
resposta é de 10 dias. 
 
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IMPORTANTE: existe entendimento pacífico de que se aplica o novo CPC a lei de falências. A 
única discussão que ainda existe é com relação aquela história do 180 dias das suspensão das 
ações; tem entendido de que suspender por 180 dias úteis seria muito difícil, mas for usado 
os dias úteis para a apresentação do plano eu vou ter que suspender por 180 dias úteis porque 
a contagem é toda feita com a aprovação do plano. Os demais prazos se aplica e é bem 
pacífico. 
 
O que o devedor pode fazer nos 10 dias? R.: 
 
Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez) dias. 
 
Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art. 94 desta Lei, 
o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor correspondente ao total do 
crédito, acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese em que 
a falência não será decretada e, caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz 
ordenará o levantamento do valor pelo autor. 
 
- No prazo da defesa o devedor pode pedir recuperação judicial; se ele deixar passar os 10 dias 
e requerer a recuperação ANTES da decretação da falência, ok; 
 
- Realizar o depósito elisivo (98, PÚ): só se admite o depósito se o pedido tiver por fundamento 
a impontualidade ou execução frustrada. Não cabe depósito elisivo na falência. É um depósito 
em dinheiro em uma única parcela do valor da dívida atualizada. Havendo o depósito o juiz 
afasta a falência, desde que seja em dinheiro, valor completo e uma única parcela. Não pode ser 
parcelado, a não ser que seja feito um acordo e o credor aceitou. 
 
Por que só cabe depósito elisivo nas hipóteses do 94, I e II? R.: Porque o fato que caracterizou a 
insolvência nestas hipóteses prejudicou o devedor. Claro que no processo o juiz não tem 
conhecimento da existência de outras dívidas. Como há um interesse individual por parte do 
credor para aquele devedor, a partir do momento que o devedor satisfez a obrigação 
desapareceu o interessa da repercussão da falência. 
 
Mas quando falamos em ato de falência (devedor que abandou o estabelecimento) quem foi 
prejudicado? Foi só o credor que requereu a falência? NÃO, todos foram prejudicados. Então, 
não adianta pagar apenas aquele credor, porque pagar aquele credor não resolve o problema, 
porque o ato atinge a coletividade e não a individualidade do credor que requereu. 
 
- O devedor pode contestar dentro do prazo de defesa. A lei traz um parâmetro para esta 
contestação que está prevista no art. 95: 
 
Art. 95. Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua recuperação 
judicial. 
 
O art. 96 traz um rol de possíveis razões que justificam a impontualidade: 
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Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, não 
será decretada se o requerido provar: 
 
I – falsidade de título; 
 
II – prescrição; 
 
III – nulidade de obrigação ou de título; 
 
IV – pagamento da dívida; o título está pago. 
 
V – qualquer outro fato que extinga (novação) ou suspenda obrigação ou não 
legitime a cobrança de título; 
 
VI – vício em protesto ou em seu instrumento; não identificação da pessoa que 
recebeu a notificação do protesto. 
 
VII – apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação, 
observados os requisitos do art. 51 desta Lei; 
 
VIII – cessação das atividadesempresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de 
falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual não 
prevalecerá contra prova de exercício posterior ao ato registrado. 
 
§ 1o Não será decretada a falência de sociedade anônima após liquidado e partilhado 
seu ativo nem do espólio após 1 (um) ano da morte do devedor. Quase não é aplicada 
essa regra) a sociedade dissolvida regularmente não enseja falência – faz parte do 
risca da atividade. Tem o mesmo fundamento o § 1°. Falência do espólio só pode 
ser requerida em até um ano do falecimento do devedor. 
 
§ 2o As defesas previstas nos incisos I a VI do caput deste artigo não obstam a 
decretação de falência se, ao final, restarem obrigações não atingidas pelas defesas em 
montante que supere o limite previsto naquele dispositivo. Se houver algum problema 
com os títulos. Ex.: eu peço a falência do devedor com base em 5 duplicatas de 20 
mil reais cada. Posso requerer a falência com base no inciso I? R.: Sim, pois 
ultrapassou os 40 salários mínimos exigidos. O devedor apresenta o comprovante 
de pagamento de três títulos. Ou ele argumentou prescrição de três títulos. Ou há 
3 títulos prescritos. Sobraram 2 títulos de 20 mil, quanto dá? 40 mil. A falência vai 
ser decretada mesmo assim? Vai, porque os títulos que não tem problema 
ultrapassam 40 salários mínimos. 
 
Então, se o pedido de falência envolver vários títulos o juiz reconhecer o vício em 
alguns deles, se mesmo assim, ainda restarem títulos superiores a 40 salários 
mínimos a falência será decretada. Se não ultrapassarem o juiz não decreta a 
falência. 
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O art. 96 se refere ao 94, I – impontualidade. Para os pedidos de falência bom base 
nos incisos II e III a lei não trouxe um rol de argumentos, então o devedor vai alegar 
o que ele quiser, ou seja, não há na lei nenhum parâmetro para defesa. 
 
=========================== 28/04 ======================== 
 GREVE – Aula suspensa 
=========================== 04/05 ======================== 
Nós estamos falando do pedido de falência. Vimos que quem pede falência é o próprio devedor, o 
herdeiro do empresário individual, o sócio da sociedade ou o credor (mais comum). O pedido de falência 
será por fundamento: ou a impontualidade justificada, tríplice omissão (execução que não tem sucesso) 
ou algum dos atos de falência. O devedor, sendo citado no pedido de falência pode fazer o depósito – 
pagar; se o pedido de falência tiver por fundamento a execução frustrada ou a impontualidade ele pode 
contestar ou pedir recuperação judicial. Se ele pedir recuperação judicial o pedido de falência fica 
suspenso até o juiz deferir o processamento da recuperação. Se ele fizer o depósito e o juiz entender que 
o credor tem razão o juiz não decreta falência e determina o levantamento do depósito pelo credor ou o 
devedor contesta. Vimos que o art. 96 traz um rol exemplificativo de motivos que o devedor pode alegar 
na contestação para que a falência não seja decretada. É exemplificativo porque cabem na hipótese de 
impontualidade. 
 
HIPÓTESES DE SENTENÇA 
O juiz pode julgar elidida a falência; significa que o devedor realizou o depósito elisivo e o pedido 
era procedente. 
 
1ª hipótese: O credor pediu a falência e o devedor depositou o valor da dívida. Mas ele 
depositou e também contestou por não concordar com a cobrança. O juiz não reconheceu os 
argumentos da contestação e julgou improcedente. Se o pedido é improcedente e não há 
depósito elisivo o juiz deve decretar a falência. Se o pedido é procedente e há depósito elisivo o 
juiz declara elidida/afastada a falência e extingue o processo. 
 
2ª hipótese: se o pedido ser improcedente ou é declarado extinto sem julgamento do mérito. 
Ex. de improcedência são as hipóteses do art. 96 – o título é nulo, prescrito, há vício no protesto. 
 
Nestas duas hipóteses se houver depósito elisivo, ou seja, se o devedor pagou e contestou e o 
pedido for julgado improcedente quem levanta o valor depositado é o próprio devedor. 
 
IMPORTANTE: Na hipótese de improcedência se for configurado o dolo no pedido de falência o 
juiz fixará a indenização em favor do devedor na própria sentença que julgar improcedente. Para 
isso tem que haver comprovação do dolo. Ex.: o credor pediu a falência para denegrir a imagem 
do devedor no mercado. 
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Nestas duas hipóteses o recurso cabível é o de apelação. 
 
3ª hipótese: Se o pedido de falência for procedente e não houver o depósito elisivo o juiz 
decretará a falência. 
 
Decretar falência = acabou a atividade. 
 
Da sentença que decreta falência cabe agravo de instrumento. Por que cabe agravo? R.: É a 
mesma situação da decisão que confere a recuperação judicial; em regra o agravo não tem feito 
suspensivo, então a falência pode ser processada em 1ª instância mesmo com a pendência do 
julgamento do recurso. 
 
A partir da sentença que decreta a falência se inicia a fase falimentar. Ou seja, a partir daqui o 
devedor é falido. 
 
Essa sentença tem natureza constitutiva, pois decreta a falência. 
 
Essa sentença está prevista no art. 99, da 11.101/05. Trata do conteúdo da sentença que decreta 
a falência. 
 
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras 
determinações: 
 
I – conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem 
a esse tempo seus administradores; 
 
Diz na sentença vai ocorrer um relatório onde o juiz vai mencionar os dados do falido e dos seus 
administradores e as causas que levaram a decretação da falência. 
 
II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) 
dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1o (primeiro) 
protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que 
tenham sido cancelados; 
IMPORTANTE: no inc. II – na sentença que decreta falência o juiz fixa o termo legal da falência, 
ou seja, período de tempo que também é chamado pela doutrina de período suspeito anterior 
a decretação da falência fixado pelo juiz na sentença. Todos os atos praticados pelo falido 
durante o termo legal serão objeto de investigação. 
 
Antes do falido ter a sua falência reconhecida pelo juiz, ele p. ex; realizou o pagamento de dívidas 
não vencidas. Ex.: O Vinício é meu amigo e eu devo para ele. Eu falo: “Vinícius, eu vou te pagar 
agora, mesmo que sua obrigação não esteja vencida, porque minha falência está para ser 
decretada e eu quero que você receba primeiro”. Esse ato praticado no termo legal pode ser 
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considerado ineficaz, ou seja, esse pagamento não produz efeitos e o Vinícius vai ter que 
devolver o dinheiro. 
 
Ex.: renúncia a herança. Eu sou empresário individual. Recebi uma herança. Estou com a falência 
para ser decretada, o que eu faço? R.: Renuncio a herança. Esse ato é ineficaz. 
 
Então, a lei estabelece esse período de tempo para estabelecer um limite e dentro desse período 
os atos praticados serão avaliados. Claro que ninguém vai procurar pagamento por pagamento. 
Isso não existe. O que existe na vida prática é de algum credorou administrador judicial que 
toma conhecimento e por isso comunica o fato ao juiz e o juiz vai aplicar a regra que vamos 
estudar. 
 
A lei diz que o prazo máximo é 90 dias para trás. Já o termo inicial nesse prazo pode variar. Está 
descrito no inciso - eu posso ter 3 termos iniciais; esse prazo é retroativo, então é contado para 
trás. O juiz estabelecerá um dos três: 
 
A 1ª hipótese é a sentença que decreta falência. Então, p. ex; 90 dias da sentença que decretar 
a falência. Então, daqui até a decretação da falência os atos praticados pelo falido podem ser 
objeto de investigação. 
 
A 2ª hipótese é a do protesto do título. O protesto caracteriza insolvência. Então, o juiz pode 
determinar que os 90 dias serão contados do protesto. Neste caso aumenta. O juiz entende 90 
dias para trás até a sentença. 
 
A 3ª hipótese é a do pedido de recuperação judicial se for um pedido de recuperação judicial 
que convolou em falência, neste caso o prazo fica maior ainda por que o estado pré-falimentar 
(... não completou o raciocínio ...) a partir do pedido de recuperação judicial o devedor está 
insolvente – 90 dias do pedido de recuperação – e neste caso o termo legal será gigante! Porque 
vai ser desde o dia do pedido de recuperação judicial até a sentença que decreta a falência. 
 
III – ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, relação 
nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos 
respectivos créditos, se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de desobediência; 
 
Na sentença o juiz determinará que o falido apresente a relação de credores 5 dias após 
publicação da sentença. 
 
IV – explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no § 1o 
do art. 7o desta Lei; 
 
Tudo que expliquei sobre habilitação, impugnação se aplica aqui, salva na hipótese de ser uma 
recuperação judicial convolada em falência o credor não precisa habilitar de novo o seu crédito. 
O crédito já estará automaticamente habilitado. 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas 
as hipóteses previstas nos §§ 1o e 2o do art. 6o desta Lei; 
 
Ordenará a suspensão das ações e execuções movidas contra o falido. Igual o que ocorre na 
recuperação judicial. A diferença é que na suspensão da recuperação judicial é por 180 dias e na 
falência a suspensão ocorre até o encerramento do processo. 
 
Todas aquelas exceções que nós estudamos, p. ex; reclamação trabalhista é suspensa? Não, pois 
fala sobre quantia ilíquida. Execução fiscal é suspensa? Não porque o crédito fiscal não está 
sujeito a falência nem a recuperação (todas as exceções do art. 6° se aplicam aqui). 
 
VI – proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido, 
submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados 
os bens cuja venda faça parte das atividades normais do devedor se autorizada a 
continuação provisória nos termos do inciso XI do caput deste artigo; 
 
O devedor perde a disposição de seus bens, ele não pode administrar, negociar, usar em garantia 
etc. Ele perde inclusive a posse, mas não perde a propriedade. 
 
VII – determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das 
partes envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus 
administradores quando requerida com fundamento em provas da prática de crime 
definido nesta Lei; 
 
ATENÇÃO: havendo indício de crime falimentar o juiz pode, na sentença que decretar a falência, 
ordenar a prisão preventiva do falido. Essa prisão não é civil, mas criminal. 
 
VIII – ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência 
no registro do devedor, para que conste a expressão "Falido", a data da decretação da 
falência e a inabilitação de que trata o art. 102 desta Lei; 
 
O devedor será considerado falido. Só existe a figura do falido a partir da sentença. O Juiz manda 
um ofício para a junta comercial dizendo que XPTO é falido. Assim, a junta declarará a sociedade 
como falida. 
 
IX – nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma do 
inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na alínea a do inciso II do 
caput do art. 35 desta Lei; 
 
O Tudo que vimos sobre o administrador judicial na recuperação se aplica na falência. A 
diferença é que na recuperação o administrador só fiscaliza, e na falência o administrador cuida 
dos bens do falido, vende, tem a posse etc. De fato administra o patrimônio do falido. 
 
X – determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras 
entidades para que informem a existência de bens e direitos do falido; 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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O juiz manda ofício para o correio pois as correspondências do falido devem ser entregues ao 
administrador judicial. A partir daí o falido não recebe nenhuma correspondência. O juiz 
também manda ofícios para todas as instituições financeiras da cidade, assim eles bloqueiam 
eventuais contas do devedor etc. Para os cartórios de imóveis, de notas, para o DETRAN, para 
todas as repartições públicas, município/estado/união já que são credores fiscais. Tudo isso para 
dar ampla. 
 
XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido 
com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no 
art. 109 desta Lei; 
 
O inciso XI é combinado com o inciso VI. O que o juiz tem que fazer na sentença? R.: Ele tem 
uma escolha: ou ele manda lacrar o estabelecimento ou a continuação provisória das atividades 
do falido, mas apenas se houver um justo motivo. 
 
XII – determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembléia-geral 
de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a 
manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando 
da decretação da falência; 
 
Então, se os credores requererem e se o juiz entender que é o caso ele pode determinar a 
convocação da Assembleia para a constituição do Comitê. 
 
XIII – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às 
Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver 
estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência. 
 
O MP participa ativamente do processo de falência. É diferente da recuperação. Também haverá 
comunicação por carta às Fazendas Públicas, pois elas também são credoras (embora os créditos 
da Fazenda Pública não estarem sujeitos a Falência). 
 
Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo a íntegra da decisão 
que decreta a falência e a relação de credores. 
 
Quais são os efeitos dessa sentença em relação ao falido e ao seu patrimônio? 
Primeiro, quem é falido? Se a falência for contra o empresário individual ele (pessoa física) será 
falido. Serão arrecadados ao processo de falência todos os bens de sua propriedade, salvo os 
impenhoráveis. 
 
Se for EIRELI, será falida a EIRELI, ou seja, a pessoa jurídica. O titular da EIRELI será falido? R.: 
Não. Falida é só a sociedade. Serão arrecadados os bens da EIRELI. 
 
Se for sociedade empresária, quem é falida é a sociedade empresária. 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com basenas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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Quais são os efeitos dessa sentença em relação ao falido (Empresário Individual, EIRELI e a 
Sociedade)? 
O efeito é a inabilitação do exercício da atividade empresarial – art. 102: 
Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir 
da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o 
disposto no § 1o do art. 181 desta Lei. 
 
Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da 
falência que proceda à respectiva anotação em seu registro. 
 
O sócio de responsabilidade ilimitada (sociedade em nome coletivo, em comandita simples e por 
ações) também será considerado falido. 
 
Se o sócio for de responsabilidade limitada (Ltda., S.A. e EIRELI) o sócio não será falido e 
nenhuma hipótese. 
 
=========================== 05/05 ======================== 
Assim, a falência da sociedade se estende ao sócio de responsabilidade ilimitada. 
 
Se a sociedade tem sócio de responsabilidade limitada os sócios jamais serão considerados 
falidos. 
 
O fato do sócio não ser falido significa que ele não pode responder com seu patrimônio 
particular? R.: Não, ele pode responder com seu patrimônio particular sem ser considerado 
falido porque existe o efeito da habilitação na falência. O falido fica inabilitado para o exercício 
da atividade empresarial. 
 
Mas o sócio de sociedade ilimitada pode ser sócio de outra sociedade? R.: Sim. Pode ser 
empresário individual? R.: Sim, porque ele não sofre o efeito da habilitação. 
Em que hipótese o sócio de responsabilidade limitada pode ser responsabilizado pelas 
obrigações do falido sem adquirir a condição de falido, ou seja, sem ficar inabilitado? R.: 
 
1ª hipótese – desconsideração da personalidade jurídica. Os requisitos para haver a 
desconsideração da personalidade jurídica estão previstos no Código Civil. O Código Civil fala em 
abuso da personalidade jurídica caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão 
patrimonial. Ex.: o juiz, dentro do processo de falência, percebeu que dentre as diversas 
obrigações que compõem a massa falida que não estão relacionadas a atividade empresarial – 
como p. ex; é uma indústria metalúrgica e tem lá conta de hotel, passaram aérea, cruzeiros. Ou 
o juiz constata que os veículos do falido eram usados pelos sócios. O juiz pode, portanto, 
desconsiderar a personalidade jurídica nos autos da falência. 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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2ª hipótese – integralização do capital social. O capital social não está integralizado. A diferença 
é que na limitada os sócios vão ser responsabilizados no limite que falta integralizar – são 
solidariamente responsáveis pela integralização do capital social. Na S.A. é cada um por si; cada 
sócio é responsável pela sua parte. 
 
3ª hipótese – responsabilidade civil por ato doloso ou culposo praticado pelo sócio. O sócio 
praticou um ato e causou prejuízo a sociedade, ele pode responder. 
 
Nestes 3 casos quem propõe as respectivas ações é o administrador judicial. Assim, a 
desconsideração é um incidente que será instaurado a pedido do administrador judicial. 
 
OBSERVAÇÃO: Nessas hipóteses só haverá a inabilitação se o sócio tiver sido condenado por 
crime falimentar. Porque um dos efeitos do crime falimentar é a inabilitação. 
 
Quais são os efeitos da sentença que decreta falência em relação aos credores? 
1° efeito ¬¬ mais importante ¬¬ formação da massa falida. A massa falida é um ente 
despersonalizado formado pelo conjunto de bens do falido – é a chamada massa falida objetiva 
– e formada pelo conjunto de credores do falido – que é a chamada massa falida subjetiva. 
o Temos que fazer uma distinção entre massa falida e falido. Falido é a pessoa (EI, EIRELI ou 
Sociedade). Quem representa o falido em juízo? R.: O seu advogado - Assim, os sócios são sócios 
do falido OU é o próprio falido no caso de ser empresário individual. Quem representa o falido 
em juízo é o seu advogado. Inclusive esse falido pode atuar em juízo, ele pode fiscalizar a 
arrecadação dos bens; o falido pode ser atuante no processo. A partir do momento que a 
falência é decretada é como se surgisse um novo ser que é a massa falida. 
Quem representa a massa falida em juízo? R.: O administrador judicial. Ex.: Tem várias ações 
contra o falido, quem vai representar o falido nessas ações? R.: O administrador judicial porque 
nessas ações vai haver uma alteração no nome. Ao invés de ser XPTO será “Massa Falida da 
XPTO”. Há essa alteração na denominação porque a pessoa do falido não cuida mais do seu 
patrimônio e dos credores, pois passam a integrar a massa falida. 
 
Todos os bens e todos os credores integrarão a massa falida, ou seja, não há execução de bens 
fora do processo de falência. 
 
E não execução por credores do falido fora do processo de falência, salvo em relação a dívidas 
fiscais, pois o crédito fiscal não se sujeita a falência. Então, o único crédito que fica fora da massa 
falida é o crédito fiscal. 
 
Não existe cobrança fora da falência (salvo o crédito fiscal) e não existem bens que não integrem 
a massa falida. 
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1° efeito ¬¬ formação do juízo universal da falência: a decretação da falência faz nascer um 
fenômeno que a doutrina chama de vis atractiva = significa que o juízo falimentar, com a 
decretação da falência, se torna competente para conhecer todas as ações de interesse do falido 
(sem exceção). Por isso que o juízo da falência é chamado de universal, pois ele atrai para si 
todas as ações de interesse do falido. 
 
Ex.: A Emily é autora de uma execução fiscal contra o devedor e o juiz decreta a falência. A Emily 
pode continuar com a execução? R.: Não, pois não vai haver expropriação de bens em razão da 
falência. O juízo da falência atrai para si essa ação. É claro que não há remessa de autos o que 
ocorre é que a ação que a Emily ajuizou fica suspensa e a Emily vai ao juízo da falência habilitar 
o crédito. 
 
Ex.: O Márcio tem uma reclamação trabalhista contra o devedor. O devedor teve a falência 
decretada. A ação trabalhista continua até apurar o crédito. Depois que apurou o crédito, o que 
o Márcio vai fazer? R.: Habilitar na falência. 
 
A Fazenda Pública vai fazer isso? R.: Não, pois ela é exceção. 
 
Ex.: Eu quero propor uma ação contra o falido, onde eu proponho? R.: No juízo da falência. 
 
Ex.: O administrador judicial quer propor ação para desconsiderar a personalidade jurídica, onde 
ele vai propor? R.: No juízo da falência. 
 
Há exceções: 
1. Ações de competência da justiça do trabalho. Ex.: um empregado quer discutir verbas 
trabalhistas. Nos autos da falência ele não vai conseguir. É competente a justiça 
trabalhista. 
 
2. Ações de competência da justiça federal. Ex.: ação do INSS ou do INSS contra o devedor. 
É competente a justiça federal. Ex.: A Caixa Econômica Federal ajuizou uma ação contra 
a massa falida em razão de um contrato. Apurou o crédito. Onde esse crédito vai ser 
debitado? R.: Na falência porque se estiver discutindo execução é sempre na falência 
independentemente da natureza do crédito. 
 
3. Ações em que a massa falida é autora e que não estão reguladas pela lei de falência. Ex.: 
O administrador judicial tem que propor uma ação para compora integralização do 
capital judicial. Essa ação tem relação com a falência? R.: Sim, relação direta, e por isso 
será proposta no juízo falimentar. Ex.: O administrador, em nome da massa falida, tem 
que cobrar um devedor do falido, pois tinha créditos a receber. O administrador judicial 
em nome da massa falida vai cobrar o devedor do falido. Essa é uma ação comum que 
não está regulada na lei de falências. 
 
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Próximo efeito em relação aos credores ¬¬ Vencimento antecipado dos créditos: 
Ex.: eu vendi mercadoria para o falido e o falido tinha que me pagar no dia 30/maio. A falência 
foi decretada em 5/maio. Quando vou poder habilitar o meu crédito? R.: HOJE porque está 
previsto no Código Civil que uma das hipóteses de vencimento antecipado é a decretação da 
falência. Assim, já habilito hoje, porque como não vou receber mesmo não faz sentido esperar 
até 30/maio. 
 
Então, uma das causas de antecipação do vencimento previsto no Código Civil é decretação da 
falência. 
 
IMPORTANTE: o próximo efeito em relação aos credores implica diretamente nisso ¬¬ A 
decretação da falência acarreta a suspensão da fluência dos juros. Ex.: você é estagiário e seu 
chefe pediu para você fazer uma habilitação de crédito de uma falência. Quanto vai ser o valor 
do seu crédito? R.: Na petição de habilitação eu vou dizer que meu cliente tem um crédito para 
receber sob o valor atualizado até a data da decretação da falência porque com a decretação 
da falência ocorre a suspensão da fluência dos juros. 
 
Essa regra tem uma exceção ¬¬ ou seja, não suspende a fluência dos juros se o crédito tiver 
garantia real e se houver recursos suficiente para pagamento dos juros com a venda do bem 
objeto da garantia. Ex.: Eu sou credora hipotecária e a minha obrigação é de 100 mil. Eu tenho 
100 mil para receber. Destes 100 mil, calculando os juros do pagamento eu teria mais 20 mil de 
juros para receber. A casa que era objeto da minha garantia foi vendida no processo de falência 
por 150 mil. Quanto eu recebo? R.: Recebo 120. E se ela foi vendida por 50 mil? R.: Apenas 100 
mil. 
 
=========================== 11/05 ======================== 
Recapitulando ... EFEITOS DA SENTENÇA QUE DECRETA A FALÊNCIA ¬¬ o devedor tem sua falência 
decretada a partir desse momento ele é considerado falido, ou seja, ele perde a disponibilidade sobre 
seus bens, mas não perde a propriedade desses bens. Todos os processos de interesse do falido passam 
a compor a massa falida >> ente jurídico despersonalizado que engloba todos os credores e o patrimônio. 
Todas as ações do falido passam a ser julgadas pelo juízo falimentar e por isso que ele é chamado de juízo 
universal. 
 
Como ficam os contratos que o falido tinha celebrado no momento da decretação da falência? 
O art. 117 e 118 trazem duas regras gerais e o art. 119 e ss trazem regras específicas para os 
demais contratos. 
 
Os arts. 117 e 118 tratam: 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser 
cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do 
passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, 
mediante autorização do Comitê. 
Regra geral: os contratos não se resolvem com a decretação da falência. Ex.: o devedor tinha 
um contrato de prestação de serviços com uma empresa de segurança. A falência foi decretada 
hoje e no dia seguinte o segurança deve ir trabalhar? R.: Sim, porque a decretação da falência 
não acarreta a extinção do contrato. 
 
Exceções: 
 Se o falido por concessionário de serviço público. O art. 195 da lei determina que a falência 
é causa de extinção do contrato de concessão. 
 
 Se houver cláusula resolutiva no contrato. 
 
Quem decide sobre a continuidade do contrato? R.: É sempre o administrador judicial. Então, é 
o administrador judicial que vai decidir pela continuidade ou não do contrato. 
 
Essa decisão vai considerar o melhor interesse da massa falida (continuar ou resolver o 
contrato). 
§ 1o O contratante pode interpelar o administrador judicial, no prazo de até 90 
(noventa) dias, contado da assinatura do termo de sua nomeação, para que, dentro de 10 
(dez) dias, declare se cumpre ou não o contrato. 
§ 2o A declaração negativa ou o silêncio do administrador judicial confere ao 
contraente o direito à indenização, cujo valor, apurado em processo ordinário, constituirá 
crédito quirografário. 
 
Art. 118. O administrador judicial, mediante autorização do Comitê, poderá dar 
cumprimento à contrato unilateral se esse fato reduzir ou evitar o aumento do passivo da 
massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, realizando o 
pagamento da prestação pela qual está obrigada. 
Os arts. 119 ao 126 vão trazer situações especiais para diversas modalidades de contratos. Eu 
vou exemplificar porque é muita coisa, mas é para vocês terem uma ideia geral. 
 
Ex.: contrato de locação – art. 119. O falido era locador. O contrato se resolve? R.: Não. O 
locatário vai continuar pagando aluguel para o administrador judicial. 
 
Ex.: o falido era locatário. O contrato não se resolve. É o administrador judicial quem decide o 
que fazer 
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Ex.: conta corrente em banco se encerram no dia da decretação da falência. 
 
Ex.: mandato. Todos os mandatos outorgados pelo ou para o falido são extintos com a 
decretação da falência, salvo os mandatos judiciais. O advogado do falido vai continuar atuando 
até o administrador judicial decidir o que fazer. 
 
¬¬ Em razão de um caso ocorrido houve uma mudança na lei denominada patrimônio de 
afetação. O que é o patrimônio de afetação? R.: - Ex.: a Cirela entra em crise. Cada 
entendimento que ela faz vira uma sociedade. E a consultora da Cirela é uma sócia da sociedade. 
Isso é o chamado patrimônio de afetação, ela pega uma parte do seu patrimônio, p. ex; o terreno 
onde vai ser construído aquele empreendimento e ela destina para aquele empreendimento. As 
vezes constitui uma SPR (Sociedade de propósito específico) com o propósito específico de fazer 
o empreendimento. Se a Cirela falir, esse patrimônio de afetação entra para a massa falida? R.: 
Não. 
 
Então, o legislador encontrou uma forma de blindar os bens que estariam sujeitos a massa falida. 
 
Em relação ao contrato, o mais importante é que eles não se resolvem e não ser que haja 
cláusula resolutiva e na concessão. E nos contratos em espécie a lei disciplina nos arts. 119 e ss. 
 
DECRETADA A FALÊNCIA - O juiz decreta a falência, o administrador judicial nominado, ele é 
intimado para assinar o termo de compromisso e o 1° ato do administrador após a assinatura 
do termo de compromisso é a arrecadação de bens do falido. 
 
Arrecadação é o ato de constrição judicial realizado a título universal. Significa que todos os bens 
e documentos do falido encontrados pelo administrador serão objeto de uma constrição judicial. 
 
A diferença da arrecadação para a penhora é que a arrecadação é feita a título universal. A 
penhora é feita sobre tantos bens quanto bastem para a satisfação da execução. 
 
Qual é o objeto da arrecadação?R.: Bens e documentos. A arrecadação é feita na sede do falido 
e em todos os seus estabelecimentos. 
 
Ex.: é muito comum o administrador encontrar cheque ou duplicatas a receber. Assim, ele 
deverá ajuizar ação a cada um desses devedores. 
 
Além disso, quanto aos bens, o administrador arrecadará todos os bens encontrados no local. O 
falido pode acompanhar a arrecadação? R.: Sim. 
 
IMPORTANTE: Se o administrador encontrar bens de terceiros durante a arrecadação. Ex.: O 
Rafael celebrou contrato de comodato com a sociedade falida e emprestou para a sociedade 
falida uma máquina. A máquina não é da sociedade falida, mas dele. Ele percebe a 
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movimentação, vai até a sede requerer a máquina de volta. TODAVIA, o administrador vai 
arrecadar a máquina, mesmo sabendo que é de terceiro. 
 
Por quê?! 
 
R.: ¬¬ Isso é importante ¬¬ esse terceiro, que é o proprietário do bem, tem que se valer de um 
incidente que está previsto na lei, que é chamado de pedido de restituição – previsto nos arts. 
85 e ss da lei. 
 
O terceiro tem um bem que foi arrecadado na massa falida e ele o quer de volta. 
 
O pedido de restituição é um incidente utilizado pelo proprietário do bem indevidamente 
arrecadado. 
 
É um incidente que corre em apartado, mas é distribuído por dependência e julgado pelo juízo 
da recuperação. 
 
Quem pode ajuizar o podido de restituição? R.: Há várias hipóteses: 
 Comodante (falido é o comodatário) 
 
 Locador (falido é o locatário) 
 
 Credor de alienação fiduciária (banco) 
 
 Entre outros. 
 
O pedido de restituição só existe em caso de falência. Assim, só poderá pedir restituição o 
proprietário do bem arrecadado. 
 
Além disso, o administrador judicial tem que avaliar esses bens. Assim, compete ao 
administrador judicial realizar a avaliação desses bens. 
 
É o administrador que avalia, mas em casos excepcionais ele pode contratar um técnico através 
de autorização judicial e do comitê. 
 
Feita a avaliação o administrador vai juntar aos autos o auto de arrecadação – documento com 
resumo: inventário (lista de tudo que arrecadou) + laudo de avaliação. 
 
Em tese, quem fica responsável pela guarda desses bens é o próprio administrador. Ele pode 
guardar no próprio estabelecimento do falido ou em outro local. 
 
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O próprio falido ou sócio pode ficar como depositário dos bens. Ex.: Houve a falência de um 
empresário individual. Houve a arrecadação dos bens dele e ele pode ficar como depositário. 
 
REALIZAÇÃO DO ATIVO 
Realização do ativo é a venda dos bens arrecadados. Assim, o administrador deve cobrar todos 
os devedores do falido e tem que vender os bens do falido. A partir de que momento ele pode 
iniciar a venda? R.: A partir da apresentação do auto de arrecadação. 
 
IMPORTANTE: Na lei antiga existia uma regra que o síndico só podia começar a vender os bens 
depois que o quadro geral de credores estivesse homologado. Já a lei 11.101/05 diz que a 
realização do ativo pode ser realizada independentemente do quadro geral de credores. 
 
OBS.: E se os bens forem perecíveis? R.: A lei distingue bens perecíveis e de difícil conservação. 
Esses bens podem ser vendidos antecipadamente. Por isso é obrigação do administrador 
notificar ao juízo sobre a existência de bens perecíveis ou de difícil conservação e pedir 
autorização judicial para que essa venda seja realizada antecipadamente. 
 
Além disso, para os demais bens, enquanto essa venda não acontece a lei autoriza a celebração 
de contratos com os bens do falido – art. 114. Ex.: O administrador judicial pode arrendar um 
bem do falido? R.: Sim, desde haja autorização judicial. O administrador judicial pode alugar o 
maquinário do falido? R.: Pode, desde que haja autorização judicial. 
 
A celebração de contratos tem a finalidade de trazer dinheiro para massa falida. 
 
OBS.: 1. Aquele que contratar com o falido não tem direito de preferência na compra; 2. O bem 
pode ser vendido a qualquer momento. 
 
Os credores podem adjudicar os bens da massa falida, desde que respeitada a ordem de 
preferência. Adjudicar significa que o credor fica com a propriedade do bem em troca do seu 
crédito. 
 
A lei estabelece uma ordem de preferência no tocante a venda dos bens – art. 140 – Alienação 
judicial dos bens. 
É assim, o administrador da empresa tem que tentar vender a empresa em blocos – para 
preservar o princípio da conservação da empresa. Ou seja, quem vai comprar, vai comprar para 
continuar – Só depois que ele começa a dividir essa venda. Assim, o art. 140 possui 4 incisos: 
 
Art. 140. A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas, 
observada a seguinte ordem de preferência: 
I – alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco; 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
Por Thamires Stralhoto com base nas aulas de Falência e Recuperação de Empresas, ministradas pela 
Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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Venda do estabelecimento como um todo. 
II – alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades produtivas 
isoladamente; 
Venda de cada uma das filiais separadamente. 
III – alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do 
devedor; 
Venda de todos os bens do escritório, máquinas da fábrica e etc. 
IV – alienação dos bens individualmente considerados. 
Só depois vende os bens individualmente considerados, salvo nos casos de bens perecíveis. 
 
Modalidades de venda 
As modalidades estão previstas no art. 142. É o juiz que escolhe a modalidade que ele vai utilizar. 
Ele pode tentar o leilão e não dando certo ele tenta o pregão etc. 
Art. 142. O juiz, ouvido o administrador judicial e atendendo à orientação do Comitê, 
se houver, ordenará que se proceda à alienação do ativo em uma das seguintes 
modalidades: 
 I – leilão, por lances orais; 
O leilão é aquele do CPC da execução. É realizado no fórum. A diferença é que no CPC tem a 
regra de respeitar o valor da avaliação, já no leilão da falência o bem pode ser arrematado por 
valor inferior ao da avaliação. 
 II – propostas fechadas; 
O juiz manda publicar um edital e nele irá marcar 2 datas: 1°. O período para a apresentação de 
propostas; 2°. O período para a cessão da abertura dos envelopes – nessa cessão o juiz decide 
para quem irá arrematar o bem. 
 III – pregão. 
Esse pregão não tem nada a ver com o pregão do direito administrativo. Esse pregão é uma 
modalidade híbrida e possui 2 fases: 
 
1ª fase – É das propostas fechadas – todos aqueles que apresentarem propostas de até 90% da 
maior serão convocados para um leilão por lances orais. 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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2ª fase – Se o maior ofertante não comparecer e o bem for arrematado por valor inferior ao da 
sua oferta esse maior ofertante responderá pela diferença. 
 
Os arts. 144 e 145 vão falar de outras modalidades de venda do ativo. Portanto, pode haver 
outras modalidades que não essas 3. Mas, para ocorrer é preciso convocar uma Assembleia de 
Credores para votar sobre esse assunto. Ex.: os empregados queremconstituir uma sociedade 
de credores e adjudicar os bens da massa. O juiz convoca a Assembleia. Mas o art. 145 vai dizer 
que mesmo que a Assembleia não aprove o juiz pode verificar a conveniência de autorizar essa 
modalidade. 
Art. 144. Havendo motivos justificados, o juiz poderá autorizar, mediante 
requerimento fundamentado do administrador judicial ou do Comitê, modalidades de 
alienação judicial diversas das previstas no art. 142 desta Lei. 
Art. 145. O juiz homologará qualquer outra modalidade de realização do ativo, desde 
que aprovada pela assembléia-geral de credores, inclusive com a constituição de sociedade 
de credores ou dos empregados do próprio devedor, com a participação, se necessária, dos 
atuais sócios ou de terceiros. 
§ 1o Aplica-se à sociedade mencionada neste artigo o disposto no art. 141 desta Lei. 
§ 2o No caso de constituição de sociedade formada por empregados do próprio 
devedor, estes poderão utilizar créditos derivados da legislação do trabalho para a aquisição 
ou arrendamento da empresa. 
§ 3o Não sendo aprovada pela assembléia-geral a proposta alternativa para a 
realização do ativo, caberá ao juiz decidir a forma que será adotada, levando em conta a 
manifestação do administrador judicial e do Comitê. 
 
O quórum da Assembleia é de 2/3 (é uma das hipóteses do quórum diferenciado que estudamos), 
mas a lei diz que o juiz pode, mesmo que a assembleia não aprove, aprovar se entender ser mais 
conveniente. 
 
Não há sucessão do arrematante pelas obrigações do falido (art. 141). Isso quer dizer que o 
arrematante recebe esses bens livres de outros. 
 
Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de 
suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata este artigo: 
I – todos os credores, observada a ordem de preferência definida no art. 83 desta 
Lei, sub-rogam-se no produto da realização do ativo; 
Ex.: o estabelecimento foi vendido por 1 mi. O credor tinha como garantia do pagamento da 
obrigação do seu crédito o patrimônio. Ele se sub-roga no produto, ou seja, ele se sub-roga no 
dinheiro que foi arrecadado com a venda do bem. Inclusive os credores com garantia real. 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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Ex.: Então, p. ex; eu sou credora hipotecária (lembra o ex. que eu dei na aula passada?). Eu tenho 
minha casa que é minha garantia. Esse imóvel que é a minha garantia vai ser vendido. A pessoa 
que comprar se sub-roga no dinheiro arrecadado. 
 
Veremos na próxima aula que essa pessoa não fica vinculada aquele dinheiro. Essa ausência de 
sucessão vale também para a obrigação propter rem. Ex.: sou advogada de um condomínio que 
tem 20 salas comerciais de uma sociedade que faliu. Ele tem mais de 100 mil para receber de 
verbas de condomínio e não pode cobrar nada das pessoas que estão arrematando essas salas 
comerciais no processo de falência. Por quê? R.: Mesmo que a obrigação seja propter rem ela 
não é transmitida com o fundamento de preservar a empresa. 
 
Esse artigo foi objeto daquela ADIN que eu contei para vocês que foi julgada em 2011 e foi 
julgada improcedente. Foi julgada constitucional e não há mais discussão quanto a isso. 
 
***OBS.: temos cada vez menos decisões promovendo sucessão no caso de falência. 
 
O arrematante pode ficar com os mesmos empregados, maquinário do falido e não responde 
por nada. A ideia é preservar a atividade. 
II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do 
arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da 
legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho. 
§ 1o O disposto no inciso II do caput deste artigo não se aplica quando o arrematante 
for: 
I – sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido; 
II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consanguíneo ou afim, 
do falido ou de sócio da sociedade falida; ou 
III – identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a sucessão. 
 
Começou a entrar dinheiro na massa falida, ou seja, o administrador começou a captar dinheiro. 
O que ele vai ter que fazer? R.: Pagar, isso porque na falência tudo acontece ao mesmo tempo 
(ele vende e pagar e assim sucessivamente), ele não espera vender tudo para começar a pagar. 
 
Assim, a lei estabelece um sistema complexo para pagamento – e eu trouxe essa tabela para 
resumir todos os artigos que tratam do pagamento. 
 
Como funciona esse pagamento? Eu trouxe aqui 4 grupos. Esses 4 grupos são divididos pela lei: 
 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS NA FALÊNCIA 
1. Créditos urgentes 
2. Pedidos de restituição 
3. Créditos extraconcursais 
4. Créditos concursais 
Existe uma lógica para entender isso, que é: o administrador só passa para a categoria 2 se ele 
liquidar o 1 e assim por diante. Se ele não estiver recursos suficientes para pagar os credores 
que estão na mesma categoria, ele tem que fazer um rateio proporcional. Ele jamais pode pagar 
um credor em detrimento de outro, salvo na hipótese de juros (mas veremos na próxima aula). 
 
Créditos urgentes: há 2 arts. Com um ponto em comum: “tão logo haja disponibilidade no 
caixa”; significa que o administrador judicial deve pagar essas despesas se tiver dinheiro. E entre 
os dois créditos – arts. 150 e 151 – a lei não estabeleceu uma hierarquia. 
 
Na recuperação há 30 dias para pagar (os credores, eventualmente de natureza salarial, dos 3 meses ao 
pedido de recuperação); na falência pagará tão logo haja disponibilidade no caixa. Quanto? R.: 5 
salários mínimos por empregado, 3 meses. E o resto? R.: Vai para a regra geral. Esses valores 
são considerados urgentes, pois é o mínimo para que o empregado garanta sua subsistência. 
Junto com eles, as despesas indispensáveis a administração da falência. 
 Despesas – art. 84, III: “despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e 
distribuição do seu produto (...)”. O administrador judicial vai arrecadar: Ex.: ele tem que 
alugar um carreto para transferir o bem de um lugar para outro. Ele vai publicar o edital 
para fazer o leilão e para isso ele precisa pagar o valor da recuperação judicial. 
 
 Quais dessas despesas são considerados créditos urgentes? R.: As indispensáveis. Quem 
decide se a despesa é indispensável é o administrador. 
 
=========================== 12/05 ======================== 
Pagamento dos credores 
1. Procedimento 
2. Classificação dos créditos 
Encerramento da falência (154 - 156) 
Extinção das obrigações do falido (158 - 159) 
 
Falaremos agora do pagamento dos credores: quem providencia o pagamento? R.: O 
administrador judicial. O art. 149 até o art. 153 traz um procedimento para que esse pagamento 
se realize: 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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Art. 149. Realizadas as restituições, pagos os créditos extraconcursais, na forma do 
art. 84 desta Lei, e consolidado o quadro-geral de credores, as importâncias recebidas com 
a realização do ativo serão destinadas ao pagamento dos credores, atendendo à 
classificação prevista no art. 83 desta Lei, respeitados os demais dispositivos desta Lei e as 
decisões judiciais que determinam reservade importâncias. 
§ 1o Havendo reserva de importâncias, os valores a ela relativos ficarão depositados 
até o julgamento definitivo do crédito e, no caso de não ser este finalmente reconhecido, 
no todo ou em parte, os recursos depositados serão objeto de rateio suplementar entre os 
credores remanescentes. 
§ 2o Os credores que não procederem, no prazo fixado pelo juiz, ao levantamento 
dos valores que lhes couberam em rateio serão intimados a fazê-lo no prazo de 60 
(sessenta) dias, após o qual os recursos serão objeto de rateio suplementar entre os 
credores remanescentes. 
Art. 150. As despesas cujo pagamento antecipado seja indispensável à administração 
da falência, inclusive na hipótese de continuação provisória das atividades previstas no 
inciso XI do caput do art. 99 desta Lei, serão pagas pelo administrador judicial com os 
recursos disponíveis em caixa. 
Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 
(três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos 
por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa. 
Art. 152. Os credores restituirão em dobro as quantias recebidas, acrescidas dos 
juros legais, se ficar evidenciado dolo ou má-fé na constituição do crédito ou da garantia. 
Art. 153. Pagos todos os credores, o saldo, se houver, será entregue ao falido. 
 
O procedimento é bem simples: o administrador judicial controla o dinheiro da massa falida. 
Então, é ele que vai identificar quais credores vão receber em determinado momento. Ele deve 
convocar o credor para comparecer em juízo para receber o seu crédito. 
 
Isso é feito por mandado de levantamento. O credor tem 60 dias para receber o dinheiro, se ele 
não aparecer o dinheiro vai ser objeto de um rateio. 
 
IMPORTANTE: Ex.: Eu era credora trabalhista, eu fui convocada para receber e não fui. Então, o 
meu dinheiro foi objeto de outro rateio. No próximo rateio que existir, eu serei chamada de 
novo? R.: SIM. Ou seja, o fato do credor não ter aparecido não significa que ele perdeu o crédito 
e nem que ele perdeu a ordem. Se eu não aparecer, de novo, haverá novo rateio e no próximo 
rateio eu sou chamada para receber. 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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Nós vimos que a lei estabelece que 2 créditos são considerados urgentes e devem ser pagos tão 
logo haja disponibilidade em caixa. São: salários e despesas indispensáveis a administração da 
massa falida. 
 
Além disso, o art. 149 diz que os créditos decorrentes de pedido de restituição devem ser pagos 
antes dos demais. Em que momento? Vide tabela. 
Os créditos decorrentes de pedido de restituição são: 
Os bens indevidamente arrecadados que já tenham sido vendidos no momento do 
ajuizamento do pedido de restituição. 
O administrador judicial arrecadou bens que não eram do devedor. O proprietário do bem 
ajuizou um pedido de restituição pelo incidente (visto na aula anterior), mas no momento em 
que o juiz recebeu o pedido de restituição, ele foi verificar se aquele bem já tinha sido vendido. 
O juiz vai deferir que a restituição se faça após os urgentes. Assim, em que momento esse 
terceiro que era proprietário do bem que foi indevidamente vendido, receberá esse dinheiro 
que foi arrecadado com a venda do seu bem? R.: Após os urgentes. Ou seja, ele tem uma posição 
privilegiada porque ele vai receber depois dos urgentes. 
O crédito de ACC (Adiantamento a Contrato de Câmbio) não está sujeito a recuperação e nem a 
falência: 
o ACC – contrato bancário que por meio dele é fornecido aos empresários brasileiros 
créditos decorrentes de importação. Ex.: eu vendo para um cliente fora do Brasil. Eu tenho 
um dinheiro para receber dele. O banco me oferece o adiantamento desse dinheiro. Se o 
meu cliente não pagar no vencimento sou eu que devo ao banco. 
O crédito de ACC será pago por meio do pedido de restituição. Mas em que momento o credor 
de ACC recebe? R.: Logo após os créditos urgentes. Isso quer dizer que ACC recebem antes dos 
trabalhistas, eles só não recebem antes dos salários. 
 
Depois de pagar o pedido de restituição eu começo a classificar os créditos. 
 
Os créditos estão classificados nos arts. 83 e 84: 
 
Créditos extraconcursais: são aqueles originados após a decretação da falência ou no curso do 
processo de recuperação judicial. 
 
Créditos concursais: são aqueles originados antes da decretação da falência. 
 
Assim, falência é um concurso de credores, pois são classificados de acordo com sua ordem de 
importância. Quais credores? Aqueles que existiam quando a falência foi decretada. Porém, 
após a falência ser decretada, acontecem outras coisas e essas outras coisas podem gerar 
obrigações para a massa falida. Então, essas obrigações originadas após a decretação da falência 
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Profa. Cinira Melo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no 1º Semestre de 2017. 
 
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são extraconcursais. Eles recebem antes, pois foram originadas em razão da falência ou após a 
decretação da falência. 
 
Então, a lei estabelece. 1° se pagam os extraconcursais e depois os concursais. 
 
IMPORTANTE: cada inciso representa uma ordem. Eu pago 1. Acabei de pagar: vou para o 2. 
Dentro do mesmo inciso há mais uma categoria de credor – entre eles se faz rateio. 
 
Então, quem são os extraconcursais: administrador judicial e empregados que prestaram serviço 
após a decretação da falência. Se ele prestou serviços após a decretação da falência não é justo 
que ele receba antes? Sim, já que a sociedade faliu e ele continuou trabalhando. 
 
Não havendo dinheiro suficiente para pagar todo mundo, faz-se rateio. Só passa para o inciso II 
depois que o I estiver quitado. 
 
Quantias fornecidas a massa pelos credores – Ex.: o administrador judicial precisa contratar um 
transporte para remover um maquinário de um lugar para outro. A massa falida não tem 
dinheiro. O juiz profere um despacho perguntando quem pode ajudar. O Vinícius é um credor 
de bom coração e deposita judicialmente mil reais. Esse valor que ele pagou entra em que 
ordem? R.: Nas quantias fornecidas a massa pelos credores. 
 
Custas judiciais de sucumbência – São as custas judiciais em que o falido foi condenado. 
 
Todas as obrigações assumidas pelo devedor durante a recuperação judicial – Ex.: eu estava 
em recuperação judicial. O meu estado já era pré-falimentar. Vocês contrataram comigo 
durante a recuperação porque vocês queriam me ajudar. Essa contratação que foi feita durante 
o período de recuperação é extraconcursal. Além disso, no mesmo inciso, ou seja, rateio: 
 
Tributo relativos a fatos geradores ocorridos após decretação da falência – Ex.: IPVA de 2016 
– a sociedade faliu em 2016 (concursal); IPVA de 2017 – extraconcursal; IPTU de 2016 – 
concursal; IPTU de 2017 – extraconcursal. Esta regra também se aplica as obrigações propter 
rem, como p. ex; as despesas de condomínio – 2016 é concursal; 2017 é extraconcursal. 
 
Quem são os concursais? Estão dentro do mesmo inciso, logo rateio ¬¬ Crédito trabalhista 
limitados a 150 salários mínimos e decorrente de acidente do trabalho. Esse inciso um também 
foi objeto daquela ADIN que estudamos. 
 
O Estatuto da OAB diz que o crédito decorrente de contrato de honorário é de crédito 
privilegiado, então ele estaria na classe 4. Porém, existem decisões diversas dizendo como o 
advogado também exerce uma atividade profissional pode ser classificado como crédito 
trabalhista. 
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Assim, temos alguns créditos que são equiparados ao trabalhista, mas na hipótese de ocorrerem 
prestação de serviços personalíssimo, ou seja, prestação de serviços pessoal. 
 
( ¬¬ PERGUNTA BOA PROVA ¬¬ ) As leis de trabalho anteriores a falência é concursal; 
posterior a falência é extraconcursal. Por exemplo: o crédito trabalhista é sempre 
concursal? R.: Depende. Se ele for originado após a decretação da falência será 
extraconcursal. 
 
Inciso II: Créditos com garantia real até o limite do bem gravado – Ex.: eu pedi 100 mil 
emprestado para o banco. Dei em garantia a minha casa. A minha casa foi vendida por 80 mil. 
Quanto eu recebo agora? 80 mil. E os 20 mil? Vão lá para baixo (da classificação dos créditos). 
OBS.: se eu vender a casa o dinheiro vai para o bolo, não vem para mim. Pode ser que acabe o 
dinheiro até chegar aqui, mas se chegar aqui terá preferência – recebo até o limite do valor do 
bem com juros. 
 
Inciso III: Credores tributários – neste caso o CTN estabelece uma ordem. 1°. União, 2°. Estados 
e 3°. Municípios. O CTN diz que o crédito tributário não se sujeita a falência e a recuperação. O 
credor fiscal não vai receber antes em nenhuma hipótese fora do processo de falência; ele não 
está obrigado a se habilitar, ele faz a penhora nos autos, o administrador judicial vai fazer o 
registro da penhora nos autos e no momento em que for ser pago o crédito tributário (que é 
esse momento) ele vai receber. 
 
Ou seja, apesar de, em tese, ele não estar sujeito a receber por força do CTN não há pagamento 
para ele nos autos da execução fiscal, mas sim da ordem que a lei estabelece. 
 
Os incisos IV e V são os chamados créditos privilegiados. O crédito privilegiado é aquele que era 
para ser quirografário, mas ele não tem garantia real. Mas o legislador resolveu dar a ele uma 
condição especial: para ser privilegiado deve haver previsão em lei. Ex.: a lei de falências diz que 
se o credor for ME ou EPP ele é privilegiado. Então, toda vez que a legislação disser “que esse é 
um crédito privilegiado” significa que se falir estará dentro dessa classificação. 
 
Inciso VI: credores quirografários – quem não é privilegiado é quirografário. Item ‘d’. Os créditos 
trabalhistas cedidos a terceiros viram quirografários. 
( ¬¬ PERGUNTA BOA PROVA ¬¬ ) Questão de especulação de precatórios. Você tem um 
precatório para receber de 1 milhão de reais. Vai demorar 30 anos. O sujeito fala para 
você: “eu te dou 50 mil e você cede esse precatório para mim”. A pessoa que está em 
desespero aceita. O sujeito paga e em 30 anos ele recebe 1 milhão. É uma forma de 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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ganhar dinheiro. Havia um receio que essa forma de ganhar dinheiro tinha sido aplicada 
aos créditos trabalhistas, porque se você tem 200 mil para receber de uma falência; vem 
alguém e me oferece 20 mil e recebe os 200 mil no meu lugar daqui há alguns anos. 
Poderia ocorrer, mas o legislador fez a pegadinha, o que ele disse: se você ceder o seu 
crédito trabalhista ele deixa de ser trabalhista e passa ser quirografário. 
 
Inciso VII: multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou 
administrativas, inclusive as multas tributárias – Existe uma classe só de multas (contratual, 
administrativa e tributária), então, p. ex; você é credor de um contrato XPTO e lá tem cláusula 
penal. A hora que for habilitar o crédito, habilita todo o crédito na classe dos quirografários e a 
multa não pode ser cobrada, mas deve ser cobrada da classe debaixo. 
 
Inciso VIII: créditos subordinados – são subordinados os sócios, os administradores sem vínculo 
empregatício que são os executivos que não são empregados. Também os contratos que a lei 
classifica como subordinados, ex. há no contrato cláusula classificando o contrato como 
subordinado. 
 
( ¬¬ O QUE VAI CAIR NA PROVA ¬¬ ) Eu não vou pedir decoreba de artigo, eu não sou 
louca! A ideia é que tenhamos uma noção geral do que é concursal e extraconcursal. 
Temos que saber a ordem desses 4 grupos e p. ex; observem que no trabalhista há vários 
momentos para receber; o crédito fiscal há vários momentos que aparece. Saber que o 
crédito fiscal vem depois do crédito com garantia real. E que o quirografário recebe por 
último. 
 
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
 
ENCERRAMENTO FA FALÊNCIA 
Quando a falência será encerrada? R.: Ou quando todos os credores recebem ou quando acaba 
o dinheiro. 
 
Sobrando dinheiro, quem fica com o dinheiro? R.: O FALIDO. 
 
Exaurido o patrimônio, o administrador tem 30 dias para apresentar um relatório final que vai 
especificar o quanto arrecadou, o quanto ele vendeu, por quanto ele vendeu, quem ele pagou, 
quem falta pagar, quem falta pagar. 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 8º Semestre 
 
 
 
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Apresentado o relatório final, o administrador também terá que prestar contas dos recursos que 
ele administrou. 
 
Essas contas são analisadas pelo juiz que irá aprovar ou reprovar. 
 
Estando tudo certo o juiz profere uma sentença de encerramento. Assim, a falência também é 
encerrada por sentença. 
 
O fato do juiz ter encerrado a falência não acarreta a automática extinção das obrigações do 
falido – que é a declaração judicial que permite o reinício das atividades. 
 
A extinção da obrigação põe fim a inabilitação, podendo, portanto, exercer a atividade a partir 
desse momento. 
 
Quais são as hipóteses em que o falido pode extinguir as obrigações do falido, ou seja, o que ele 
precisa fazer para voltar a trabalhar. Nós temos 4 hipóteses do art. 158: 
 
1. O pagamento de todos os credores. IMPORTANTE – se ocorrer isso, na sentença de 
encerramento já vai declarar as extinções das obrigações; 
 
2. O pagamento de pelo menos 50% dos quirografários. Ex.: eu paguei todo mundo que 
estava nesta lista, menos a metade dos quirografários. Após a extinção das metades dos 
créditos dos quirografários com a sentença, o que ocorrerá com a outra metade e as 
multas? R.: Não será pago, porque chegou no máximo que pode. 
 
3. O decurso do prazo dos 5 anos da sentença de encerramento se o falido não for 
condenado por crime falimentar. Ex.: encerrou a falência e não deu para pagar todos. 
Passaram-se 5 anos o falido requer a extinção das obrigações por petição. O juiz manda 
publicar o edital, ninguém se manifestou, extingue. 
 
4. O decurso do prazo de 10 anos da sentença de encerramento se o falido foi condenado 
por crime falimentar. Mesmo ele não tendo pagado ninguém, mesmo assim, o juiz 
extingue as obrigações? Sim >> Isso é decadência, não é prescrição porque é extinção 
da obrigação. 
 
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 ATIVIDADE EM SALA 
 
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