Buscar

Juiz Rafael de Menezes Resumo Direito Civil I Parte Geral

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

03/02/2019 Juiz Rafael de Menezes
http://rafaeldemenezes.adv.br/aula/parte-geral/parte-geral-resumo-da-parte-geral-do-codigo-civil/ 1/13
Parte Geral  Profº Rafael de Menezes
Prof. Rafael de Menezes
Caros alunos, este início é bem resumido, apenas para deixar um registro da parte geral do CC, por que
Civil I é matéria que tenho pouca oportunidade de ministrar.
Parte Geral do Novo Código Civil
Ubi societas, ibi jus, e vice-versa; quem forma a sociedade são as pessoas, por isso o CC, que é a
constituição do cidadão, começa tratando das pessoas.
1 – DAS PESSOAS: os animais e as coisas podem ser objeto de direito, mas apenas as pessoas são sujeitos
de direito. Mesmo quando uma lei ambiental protege a fauna, ela visa na verdade ao próprio homem e seu
Parte Geral – Resumo da parte geral do Código Civil 
03/02/2019 Juiz Rafael de Menezes
http://rafaeldemenezes.adv.br/aula/parte-geral/parte-geral-resumo-da-parte-geral-do-codigo-civil/ 2/13
q p g , p p
direito a um meio ambiente equilibrado (ver CF, art. 225). As pessoas é que vão se relacionar na sociedade,
precisamos dos outros, é impossível viver sem as outras pessoas para atender nossas necessidades e
satisfazer nossos interesses individuais de saúde, educação, habitação, lazer, etc. Das relações entre as
pessoas, cuida o Direito Civil.
Podem as pessoas ser físicas (art. 1o) ou jurídicas (40):
A) pessoas físicas: são as pessoas naturais, os seres humanos, cuja personalidade começa do nascimento
com vida (2o); personalidade é a aptidão ou capacidade para adquirir direitos e contrair obrigações; todos
têm capacidade de direito (1o), mas o incapaz (arts. 3oe 4o) não tem capacidade de fato, falta-lhe
consciência e vontade, precisando ser assistido e representado (115, 1634,V – pai, tutor e curador); a
incapacidade do menor cessa aos 18 anos ou com a emancipação (p.ú., do 5o) – aquisição da capacidade de
fato;
Ao longo de sua vida o homem se relaciona com outros homens (ex: contratos) e com as coisas (ex:
ocupação, 1263) para satisfazer suas necessidades e formar um patrimônio; este patrimônio é a projeção
econômica da personalidade; mas a personalidade também envolve direitos extrapatrimoniais, que são os
direitos personalíssimos (ex: alimentos, vida, liberdade, imagem, privacidade, honra, nome, nacionalidade,
parentesco – é o direito de “status” das pessoas, arts. 11, 13, 16, 21), cujo valor econômico só surge quando
violados (12); os direitos personalíssimos são exemplificativos, são “numerus apertus” e são todos os
indispensáveis à vida saudável; a personalidade do ser humano termina com a morte, que pode ser
presumida no caso do ausente ou de quem estava em perigo de vida (6o e 7o). Ex de perigo de vida: pessoa
que viajava dentro de avião que caiu no mar, mesmo que não se ache o corpo, se presume que ela morreu e
juiz pode mandar expedir a certidão de óbito.
B) pessoas jurídicas: são o conjunto de pessoas físicas e de bens, dotado pelo Estado de personalidade,
para juntar esforços e realizar grandes empreendimentos; a PJ permite ao homem superar seus limites
03/02/2019 Juiz Rafael de Menezes
http://rafaeldemenezes.adv.br/aula/parte-geral/parte-geral-resumo-da-parte-geral-do-codigo-civil/ 3/13
p j ç g p ; p p
físicos e ultrapassar a brevidade de sua vida; como a PF, a PJ também tem um nascimento, registro,
capacidade, domicílio, morte e sucessão (arts. 46 e 52); no séc. XX a PJ desenvolveu-se muito e neste séc
XXI tudo é feito por associações, sociedades e fundações (44); ao contrário da PF, cuja capacidade de regra
é plena, a capacidade da PJ é limitadaa sua finalidade, prevista no estatuto que a criou; as PJ podem ser de
direito público (dir. administrativo, 41 e 42) e de dir. privado, interessando estas ao dir. civil pois
beneficiam particulares;
As associações não tem fins lucrativos (53 CC; 5o XVII CF, ex: partidos políticos, 17 e § 2o, CF), ao
contrário das sociedades que visam ao saudável lucro (981) e que vão interessar ao dir. empresarial; já
a fundação é um patrimônio despersonalizado destinado a um fim altruísta indicado pelo fundador (62 e
p.ú.), fiscalizada pelo Ministério Público (66); diz-se “despersonalizado” pois o gestor da fundação não é
seu sócio, é mero administrador; quando a PJ for usada para lesar terceiros (ex: fraudar credores), o Juiz
deve desconsiderá-la para responsabilizar seus sócios e membros, ou seja, como se o ato fosse praticado
por uma PF (50); atenção que a desconsideração é exceção, precisa atender os requisitos desse art. 50, ou
seja, desvio de finalidade ou confusão patrimonial, comprovado em perícia contábil. Isto porque, via de
regra, a PJ é distinta dos seus membros, apesar de serem eles que a representam e agem por ela. Pensar
diferente, ou seja, responsabilizar os sócios por toda insolvência da empresa, sem atentar para o art. 50,
fragilizaria o empreendedorismo. Quem vai arriscar seu patrimônio num negócio, sabendo que se o
negócio fracassar, todos os bens do empresário serão confiscados? E pela importância das empresas na
sociedade, pela geração de empregos, riqueza e impostos que ela traz, o empreendedorismo precisa ser
protegido pelo Direito.
2 – DOMICÍLIO: toda pessoa tem um lugar onde se concentra sua vida, sua família e seus negócios; o
nomadismo é exceção pois as pessoas sempre se fixam em algum lugar; domicílio é o lugar onde a pessoa
física reside (elemento objetivo) com ânimo definitivo (elemento subjetivo), conforme art. 70 e 74; já a PJ
tem por domicílio o lugar de sua sede (75, IV) prevista em estatuto; domicílio é importante para fins
civis (7o, LICC), processuais (competência), eleitorais e fiscais (tributários); admite-se a pluralidade de
domicílios (72); algumas pessoas têm domicílio fixado por lei (domicílio necessário, 76 e p.ú.).
3 – DOS BENS: são os objetos raros e úteis ao homem que podem ser apropriados (propriedade = é o
direito real mais importante; não é só, a proteção à propriedade é condição de desenvolvimento, pois
03/02/2019 Juiz Rafael de Menezes
http://rafaeldemenezes.adv.br/aula/parte-geral/parte-geral-resumo-da-parte-geral-do-codigo-civil/ 4/13
p ; , p ç p p ç , p
história mostra que neste séc XXI os países socialmente mais justos e economicamente desenvolvidos, são
aqueles que garantiram a propriedade dos seus cidadãos ao longo dos séculos).
Classificação dos bens:
a) incorpóreos (softwares, dir. autoral, fundo de comércio) e corpóreos (a grande maioria), estes sujeitos
à posse e à usucapião; atenção que neste séc XXI os bens incorpóreos tem mais valor que os corpóreos,
basta lembrar o patrimônio de companhias como Apple, Google e Windows. Até o séc XX ouro, terra e
petróleo eram os bens mais preciosos. Agora tecnologia e informação são a riqueza.
b) móveis (podem ser deslocados sem dano, 82), semoventes (seres com movimento próprio, 82) e
imóveis (não podem ser deslocados, 79; sujeitam-se a fins sociais, § 1odo 1.228);
c) fungíveis (são os móveis que podem ser substituídos por outros, 85, ex: dinheiro), consumíveis (se
exaurem com o uso normal, como os alimentos) e infungíveis (individuais como os imóveis e uma obra de
arte);
d) divisíveis (87, imóvel, pois forma coisa autônoma com valor proporcional ao todo) e indivisíveis
(diamante grande, barco, carro)
e) singulares (89, um livro, um boi) e coletivos (90, universalidade de fato= biblioteca, rebanho;
91, universalidade de direito= complexo de rel. jurídicas = patrimônio, herança, massa falida);
f) principais e acessórios (92): o acessório segue o principal (1.209) e pode ser: natural(frutos e
produtos), industrial(derivado do trabalho humano) e civil (juros, aluguel, rendimentos); as pertenças via
de regra não são acessórios, mantendo sua individualidade e autonomia, sem incorporação à coisa
principal; as pertenças são empregadas intencionalmente para exploração, aformoseamento ou
comodidade da coisa principal (ex: som num automóvel,lustre e cortina numa casa, 94).
03/02/2019 Juiz Rafael de Menezes
http://rafaeldemenezes.adv.br/aula/parte-geral/parte-geral-resumo-da-parte-geral-do-codigo-civil/ 5/13
p p ( , , 94)
Benfeitorias: são acessórios industriais, decorrentes do trabalho humano, ou seja, são obras feitas para
conservar, melhorar ou embelezar a coisa principal (96 e 97).
g) públicos (99) e particulares (98), mas há bens que a ninguém pertencem (é a res nulius1263, que
difere da res amissa 1233, que difere da res derelictae 1275, III); outros bens estão fora do
comércio(ex: bens públicos 100, bens abundantes como a energia solar, o ar, a areia da praia, a água do
mar; bens inalienáveis por determinação do dono em favor de terceiros nas doações e testamentos 1911 e
p.ú.; bem de família dos arts. 1.715 e 1.717)
obs: sobre o Bem de Família: são bens protegidos pela lei com a inalienabilidade e impenhorabilidade para
garantir a família com uma moradia – 1.712. É exceção à regra de que o proprietário não pode tornar seus
bens impenhoráveis, já que a garantia do credor é o patrimônio do devedor – 1.715. No CC existe o bem de
família voluntário, que exige um custo para registro (1.714). Já na lei 8.009/90, temos o bem de família
legal, com proteção automática, independente de registro (art. 5o da lei), de modo que o bem de família
voluntário tem pouco uso prático. Crítica: dificulta a obtenção de crédito por quem só tem um imóvel
residencial, privando os maus e bons pagadores de acesso a crédito.
4 – DOS FATOS JURÍDICOS
FJ lato sensu: é todo acontecimento, natural ou humano, voluntário ou não, relevante para o direito (o
direito se origina do fato), em virtude dos quais nascem, subsistem e se extinguem as relações jurídicas.
Os FJ em sentido restrito são o terremoto em zona urbana ou o raio que atinja uma pessoa, exemplos em
que haverá consequências jurídicas: morte, sucessão, seguro, etc.
Os Atos Jurídicos são praticados pelo homem; o AJ restrito não tem intenção de negócio, mas
por acidente, surgem efeitos jurídicos (ex: descobrir um tesouro 1264, plantar por engano em terreno
03/02/2019 Juiz Rafael de Menezes
http://rafaeldemenezes.adv.br/aula/parte-geral/parte-geral-resumo-da-parte-geral-do-codigo-civil/ 6/13
p , g j ( 4, p p g
alheio 1255 – no p.ú. temos a desapropriação particular, tema bastante interessante).
Os Negócios Jurídicos são uma declaração de vontade para produzir efeito jurídico, podendo ser mais
livremente combinados pelas partes do que previamente regulados pela lei (é informal, ex: contratos
verbais do 107,112; os contratos e a propriedade são os dois principais institutos do dir. civil, art. 170 CF),
ou então o contrário (negócio solene, ex: casamento, testamento, alienação de imóvel que exige forma
escrita do 108). O art. 104 traz os elementos do NJ, aos quais se deve acrescentar a legitimidade: limitador
da capacidade em relação a certos negócios jurídicos, ou seja, é o interesse e autorização para agir em
certos casos previstos em lei como o 497 e o 1647.
Finalmente, os atos ilícitos produzem efeitos jurídicos contrários à lei; seu autor será punido
financeiramente se provocou um dano, patrimonial ou moral, a outrem (art 186). Consequência do ato
ilícito é a responsabilidade civil (art 927) que veremos em Civil III, nas Fontes das Obrigações.
5 – ELEMENTOS MODIFICADORES DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
São três os elementos acessórios (não obrigatórios – 104) que subordinam a eficácia do negócio jurídico a
certos acontecimentos determinados pelas partes:
a) condição (121): não afeta a existência mas a execução do negócio, a depender de acontecimento futuro e
incerto (ex: loja que pega roupa da fábrica mas só paga se vender ao consumidor; se não vender, devolve a
roupa ao fabricante); não é condição a cláusula natural do negócio, como pagar o preço na compra e venda;
não se admite condição em certos casos previstos em lei (ex: 1.613, 1.808) ou em outros negócios que, de
modo geral, contrariem os bons costumes (negócios ilícitos e imorais, 104, II); a condição tem duas
espécies: suspensiva(o seu acontecimento faz iniciar os efeitos do negócio, exemplo supra, 125)
e resolutiva (o seu acontecimento faz terminar os efeitos do negócio, 127, ex: ajudar um jovem carente se
estudar);
b) termo: é o dia no qual tem que começar ou extinguir-se a eficácia de um negócio jurídico; no termo o
evento é futuro e certo (ex: daqui a dez meses, quando meu filho fizer 21 anos); na condição o “se”, no
03/02/2019 Juiz Rafael de Menezes
http://rafaeldemenezes.adv.br/aula/parte-geral/parte-geral-resumo-da-parte-geral-do-codigo-civil/ 7/13
( q , q ); ç ,
termo o “quando”; o termo depende do passar do tempo que é imposto pela natureza; prazo é o lapso de
tempo entre a formação do negócio (termo inicial) e a sua eficácia (termo final), art. 132;
c) encargo ou modo: é um ônus imposto a uma liberalidade; só é encontrado nos negócios gratuitos como
doação e legado; é uma simples diminuição da vantagem criada pelo doador ou testador (ex: doação de
uma fazenda com o ônus de construir uma creche; doação de dinheiro à Prefeitura com o ônus de colocar
meu nome numa rua); há um clássico exemplo de encargo na literatura no maravilhoso “Quincas Borba”
de Machado de Assis. O encargo deve ser pequeno para não configurar contraprestação, hipótese em que
não haveria liberalidade, mas troca; assemelha-se à condição, mas o encargo não suspende a aquisição do
direito (136); por outro lado, o encargo não cumprido posteriormente pode revogar a liberalidade (553,
1.938); na dúvida, considera-se encargo.
6 – DOS DEFEITOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
A vontade espontânea é o elemento principal dos negócios jurídicos, e tal vontade deve corresponder ao
desejo da pessoa (art. 112); porém tal vontade pode ser perturbada por algum vício, por algum defeito,
capaz de ensejar a anulação ou até a nulidade do negócio jurídico; tais defeitos são:
a) o erro ou ignorância: é o desconhecimento de um fato que leva o agente a emitir sua vontade de modo
diverso do que a manifestaria se tivesse conhecimento exato daquele fato, conforme art. 139 do CC (exs:
1.557, 441, 1.974); o erro facilmente perceptível não anula o negócio para não trazer grande instabilidade às
relações jurídicas – art. 138: pessoa de diligência normal; o erro importa em verdadeiro prejuízo ao
declarante; a anulação de um NJ por erro deve ser pleiteada em ação ordinária no prazo de quatro anos
(art. 178), valendo o negócio até a sentença. Lamentável que vários devedores aleguem “erro” e
desconhecimento do que assinaram para escapar das obrigações…
b) dolo: enquanto o erro decorre de equívoco da própria pessoa, que se engana sozinha, o dolo é o erro
provocado na pessoa pela outra parte do negócio; o erro é espontâneo e o dolo é provocado; o dolo é a
03/02/2019 Juiz Rafael de Menezes
http://rafaeldemenezes.adv.br/aula/parte-geral/parte-geral-resumo-da-parte-geral-do-codigo-civil/ 8/13
p p p p g ; p p ;
provocação intencional de um erro através de ações maliciosas, ou da própria omissão (147, 773),
prejudicando a parte em benefício do autor do dolo ou de terceiro; no dolo existe vontade de enganar, é o
“dolus malus”, diferente do “dolus bonus”, que é tolerado por ser facilmente perceptível (ex: propaganda
comercial que exalta o produto); o dolo não se presume e precisa ser provado pela parte enganada, que
pode exigir anulação do negócio mais perdas e danos (art. 186); se ambas as partes agiram com dolo, nada
podem pleitear, afinal ninguém pode se beneficiar da própria torpeza (art. 150).
c) coação: quem pratica negócio jurídico sob ameaça moral ou patrimonial, tem a vontade viciada e o
negócio é anulável – 151; se sofre violência física o ato é nulo pois a vontade inexiste (ex: apontar arma –
coação absoluta); a coação é a ameaça injusta e seria capaz de provocar temor – 152; enquanto o dolo
atinge a inteligência da parte, a coação atinge a liberdadeda parte; na violência física (ex: assine o contrato
ou lhe mato), a parte não tem opção, por isso o negócio é nulo; já na ameaça (coação relativa) a parte pode
optar entre realizar o negócio exigido ou sofrer as consequências da ameaça (ex: sofrer calúnia, desonra
por um segredo revelado); não há coação se a ameaça é justa (ex: protestar título vencido, pedir a prisão do
devedor de alimentos) ou decorre de temor reverencial (receio de desgostar amigos e parentes), conforme
art. 153;
d) estado de perigo: é semelhante ao estado de necessidade do Direito Penal; o indivíduo, diante das
circunstâncias, não possui outra alternativa e assume obrigação excessivamente onerosa (156); ex: prestar
elevada caução (cheque) em hospital para internar parente; o Juiz deve manter o negócio reduzindo o valor
da prestação com razoabilidade, por analogia do § 2odo art. 157.
e) lesão: o negócio jurídico pode ser viciado quando há desproporcionalidade nas prestações, afinal um
contrato pressupõe trocas úteis e justas, e ninguém contrata para ter prejuízo (arts. 157, 421, 478); é modo
de proteger a parte economicamente mais fraca dando-lhe superioridade jurídica – dirigismo contratual;
considera-se viciada a vontade de quem age sob necessidade (semelhante à coação, ex: comprar água por
uma fortuna durante uma seca) ou por inexperiência (semelhante ao dolo, ex: médico comprando
fazenda); a lesão enseja a nulidade do negócio em quatro anos (178, II) e o retorno ao estado anterior,
03/02/2019 Juiz Rafael de Menezes
http://rafaeldemenezes.adv.br/aula/parte-geral/parte-geral-resumo-da-parte-geral-do-codigo-civil/ 9/13
); j g q ( 7 , ) ,
salvo na hipótese do § 2odo art. 157;
f) fraude contra os credores: é a diminuição maliciosa do patrimônio para prejudicar credores
antigos(quem contrata com pessoa já insolvente não encontra patrimônio garantidor), pois a garantia do
credor quirografário é o patrimônio do devedor (primitivamente era o próprio corpo do devedor, que podia
ser preso, escravizado ou esquartejado); credor quirografário é o credor sem garantia real (uma hipoteca
ou penhor) ou sem garantia pessoal (um aval ou fiança); o ANIMUS NOCENDI não é relevante pois
presume-se a fraude (presunção absoluta) desde que o devedor esteja insolvente (dívidas superiores aos
bens ativos; não se aplica aos devedores solventes) e efetuou alienação gratuita (doação) ou perdoou
dívidas – art. 158; a alienação onerosa (compra e venda, troca) também é anulável nos termos do art. 159,
quando feita a parente ou amigo; chama-se de “pauliana” a ação que vai anular o negócio e devolver o bem
ao patrimônio do devedor para ser alvo de execução por seus credores; a fraude à execução é diferente, pois
já existe ação judicial em curso, e ocorre nos termos do art. 593 do CPC; o art. 1.813 do CC (renúncia à
herança) também visa coibir fraude contra os credores.
g) simulação: é mais grave do que os demais pois é defeito que enseja a nulidade, e não apenas a
anulabilidade do negócio; há simulação quando em um negócio se verifica intencional divergência entre a
vontade (interna) e a declaração (externa) das partes, a fim de enganar terceiros; ou seja, a simulação é a
declaração enganosa da vontade entre as partes de um negócio para prejudicar terceiros (ex: contrato a
preço vil para não pagar imposto; atestado médico falso; compra e venda aparentando doação para não ser
aquesto, 1.659,I); enquanto no dolo uma parte engana a outra, na simulação ambas as partes enganam
terceiro; na fraude o devedor insolvente realiza negócio verdadeiro para prejudicar credores, na simulação
o negócio é aparente, as partes, insolventes ou não, não têm intenção de praticar tal negócio; o negócio
simulado é nulo e imprescritível (167 e 169) por opção do legislador.
7 – DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
A invalidade comporta graus, de acordo com o defeito do negócio jurídico, podendo ser:
03/02/2019 Juiz Rafael de Menezes
http://rafaeldemenezes.adv.br/aula/parte-geral/parte-geral-resumo-da-parte-geral-do-codigo-civil/ 10/13
a) nulo: quando o defeito é mais grave e consiste na falta de um dos elementos essenciais do art. 104,
conforme art. 166; é nulo também quando ocorre simulação (167) ou nos casos dos arts. 489, 548, 549,
1.428, 1.548; a nulidade pode ser apenas de algumas cláusulas (184); a nulidade caracteriza-se por
ser imediata(invalida o negócio desde o nascimento – natimorto, pelo que o Juiz de ofício deve declará-lo
nulo, p.ú., 168), absoluta(qualquer pessoa tem legitimidade para alegá-la, 168), insanável (não tem cura,
não pode ser confirmada pelas partes, 169 e p.ú. 168) e perpétua (não se confirma pela prescrição, pois o
decurso do tempo não convalesce o que nasceu morto, 169)
b) anulável: o defeito é menos grave nas hipóteses do art. 171; estão presentes os elementos essenciais, mas
a vontade foi perturbada, pelo que a parte prejudicada pode pedir sua anulação, se não preferir confirmar o
negócio; a anulabilidade tem as seguintes características, antônimas daquelas do negócio nulo: diferida(=
adiada até a sentença suspender o negócio, anulando-o após provocação da parte, não podendo o Juiz agir
de ofício, 177, 1aparte), relativa (só a parte prejudicada é que tem legitimidade para alegá-la,
177, in fine), sanável (o ato anulável pode ser confirmado expressamente pela parte, 172) e provisória (é a
confirmação tácita do negócio pelo não ajuizamento da ação de anulação no prazo legal dos arts. 178 e 179)
Nulo o negócio, ou anulado o negócio, as partes retornam ao estado anterior (art. 182).
Há ainda negócios inexistentes que não entram no mundo jurídico, são desprezados pelo legislador e são
equiparados aos negócios nulos (ex: casamento celebrado por um prefeito, sentença proferida por um
deputado, lei feita por um juiz).
8 – DOS ATOS ILÍCITOS
Conforme classificação supra dos Fatos Jurídicos (nº 4), os atos ilícitos são praticados pelos homens mas
produzem efeitos jurídicos contrários à lei; seu autor será punido financeiramente se provocou um dano,
03/02/2019 Juiz Rafael de Menezes
http://rafaeldemenezes.adv.br/aula/parte-geral/parte-geral-resumo-da-parte-geral-do-codigo-civil/ 11/13
p j ; p p ,
patrimonial ou moral, a outrém (186).
O AI tem quatro elementos: 1) ação ou omissão de alguém; 2 ) culpa “lato sensu” (abrange o dolo e a culpa
stricto sensu que é a negligência e impridência; a culpa pode ser contratual – 389, ou extracontratual –
927, que é a culpa do AI, também chamada “aquiliana”); 3 ) violação de direito privado (se violar direito
público, pode configurar crime e ensejar duas sanções; 948); 4) dano (patrimonial ou moral; o dano é mais
importante do que a culpa, pois eventualmente existe responsabilidade sem culpa – objetiva, p.ú. 927).
Mais detalhes em responsabilidade civil em Fontes das Obrigações.
Não são atos ilícitos aqueles do art. 188: legítima defesa, exercício regular de um direito e estado de
necessidade.
Abuso de Direito: é o ato praticado no exercício irregular de um direito, com abuso para terceiros (ex:
fechar a rua num protesto, greve de servidor público que tem estabilidade no cargo, cerca elétrica num
muro de mil volts); o juiz deve analisar a irregularidade, fixar uma indenização e destruir o ato abusivo;
trata-se de regra de harmonia social, pela qual o direito de um termina onde começa o do outro (art. 187)
9 – PRESCRIÇÃO
O passar do tempo é um fato jurídico “stricto sensu” ordinário (vide item 4 supra) de grande importância
pois conduz à prescrição; conceito de prescrição: perda da ação atribuída a um direito, em consequência
do não uso dessa ação durante certo lapso de tempo – 189; a prescrição se justifica porque “dormientibus
non sucurrit jus” e para que relações incertas (ex: posse injusta conduz à usucapião – 1208; pessoas
conservarem recibos de pagamento para sempre; o credor poder para sempre executar o devedor) sejam
resolvidas pelo tempo – estabilidade das relaçõessociais; a prescrição extingue o exercício do direito e não
o direito em si; a prescrição é matéria de ordem pública, muito importante para o ordenamento jurídico, de
modo que só a lei (e não o contrato – 192) pode declarar os direitos que são prescritíveis e por que prazo; a
03/02/2019 Juiz Rafael de Menezes
http://rafaeldemenezes.adv.br/aula/parte-geral/parte-geral-resumo-da-parte-geral-do-codigo-civil/ 12/13
q ( 9 ) p q p p q p ;
prescrição pode ser renunciada por aquele a quem favorece (191, 193 – ex: a dívida está prescrita, mas o
devedor quer pagar ao credor e não alega a prescrição que lhe beneficiaria – obrigação natural 882; o juiz 
pode declarar de ofício com a revogação do art 194.
A prescrição pode não correr por:
a) impedimento: é obstáculo ao início do prazo prescricional (197, 198 I e 199 I e II).
b) suspensão: é a parada do curso do prazo após ter se iniciado ( 198, II e III, 199 III); o tempo decorrido
é integrado no prazo após o reinício, ou seja, aproveita-se o prazo já percorrido, considera-se o tempo
anterior.
c) interrupção: inutiliza-se a prescrição em curso, determinando o reinício da contagem do prazo
prescricional, ou seja, o prazo recomeça todo (202)
Toda ação de regra é prescritível nos prazos dos arts. 205 e 206, mas alguns direitos são imprescritíveis
como os direitos de personalidade: vida, honra, nome, ação de divórcio, investigação de paternidade, pedir
alimentos (§ 2o do 206); os direitos potestativos (só dependem de um para ser exercido), exs: art. 1.320,
despedir empregado, revogar procuração; os bens públicos são também imprescritíveis, ou seja, terceiros
não adquirem pela usucapião – prescrição aquisitiva do art. 102.
10 – DECADÊNCIA
É a perda de um direito pelo decurso do prazo (tempo) fixado para seu exercício, sem que o titular o tivesse
exercido (inércia). Enquanto a prescrição extingue diretamente as ações e indiretamente o direito, a
decadência extingue diretamente o direito. Possui o mesmo efeito da prescrição, pois em qualquer caso
haverá a extinção de um direito, tanto que a doutrina tem dificuldade em diferenciá-las.
03/02/2019 Juiz Rafael de Menezes
http://rafaeldemenezes.adv.br/aula/parte-geral/parte-geral-resumo-da-parte-geral-do-codigo-civil/ 13/13
A decadência não se sujeita à suspensão ou interrupção, apenas ao impedimento do art. 198, I (vide 207 e
208); o prazo decadencial pode ser fixado pela lei ou pelas partes (211), já a prescrição é apenas legal (192);
a decadência fixada pela lei deve ser reconhecida de ofício pelo Juiz (210); a decadência não pode ser
renunciada (209), já a prescrição pode (191); a decadência tem efeito contra todos, já a prescrição não
produz efeitos para as pessoas do art. 197.
Os prazos de decadência estão espalhados pelo Código nos arts. 119,pú, 178, 179, e na parte especial nos
arts. 445, 501, 559, 1.481, 1.532, 1.555, 1.560; todos os prazos da parte especial são de decadência.
FIM DO RESUMO DA PARTE GERAL DO CC

Continue navegando